sábado, 9 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 31

Pensei que deveria fazer o que eu fazia sempre. Pegar a chave nos fundos e entrar. Quando passei pela frente, agora só havia o carro dele la. O Audi estacionado.
Contornei o estúdio e fui pelos fundos. Chegando na varanda peguei a chave que ficava na brecha da janela e entrei. La dentro na parte da varanda que era toda coberta e fechada, estava escuro. Eu tirei a chave e joguei em cima da mesa.
Uma luz fraca se acendeu la fora, iluminando muito pouco aqui dentro. Eu olhei pra outra porta e Tom estava parado la de pé.

Mila: Se não quer que nenhuma maluca entre no estúdio, é melhor guardar essa chave.
Falei apontando pra chave que eu acabava de jogar em cima da mesa. Queria que ele entendesse tambem que eu não iria mais precisar dela.
Tom: Você queria falar comigo, não é?
Mila: Sim!
Tom: Fala!

Ele se aproximou de onde eu estava, ficando agora mais perto da luz que vinha de fora. Cruzou os braços e ficou me encarando. Me senti intimidada.

Mila: Eu...eu. Eu e Peter estamos namorando, e...

Eu o encarei esperando por uma reação. Ele só mordeu o lábio mas sua feição não mudou muito.
Mila: E acho que, é melhor a gente se afastar. Acho que já era inevitável.
Tom: Tava trepando com aquele merda quando eu te liguei, não foi? - Eu engoli seco.
Mila: Sim, eu estava.
Ficamos nos olhando por alguns segundos. Eu estava de saia e uma blusa decotada, o que chamou a atenção dele. O que eu mais queria agora era que ele me pegasse com força e me jogasse em qualquer canto e trepasse comigo a noite toda. Fazia tanto tempo desde a nossa ultima vez, que estava sendo difícil me controlar agora, sem demonstrar que eu precisava tanto dele.

Tom: Porque veio me contar que ta com ele? Acha que me deve alguma satisfação? Não sou seu namorado.
Mila: Não foi por isso. Eu...eu vi você na tv com aquela garota..eee, achei que era o melhor a se fazer.
Tom: Ha por isso veio me dizer isso? Ficou com ciumes? - Ele riu.
Mila: Não, não fiquei, não tenho esse direito, como você mesmo disse, você não é meu namorado.

Percebi que durante toda a conversa ele mantinha o punho da mão direita fechado, e que apertava com toda força que tinha. Será que essa indiferença era fingimento? Ou eu não despertava mesmo mais nada nele.

Tom: Ok Mila. Que ele faça bom proveito.
Mila: Bom proveito? Acha que eu sou pra ele o que eu sou pra você?
Tom: Não, concerteza você não é pra ele o que é pra mim. - Ele riu, mas parecia ser um riso forçado, digo até dolorido, de ódio, eu acho.
Mila: Concerteza não. E você aproveitou bem sua viagem até os Estados Unidos. Seguiu meu conselho e logo se derreteu pela Barbie.
Tom: Haha, Barbie. Você é muito infantil.
Mila: Ha, mas é claro que eu sou. Agora você tem uma mulher de verdade pra chamar de sua.
Tom: É, ela é bem gostosa.
Mila: Ok, eu já to indo.

Fui determinada até a porta e puxei com força a maçaneta. Ele quase voou de onde estava pra me impedir de sair.
Tom: Hey hey hey, espera.
Mila: Larga o meu braço.

Ele agora parecia mais sério. Agarrando firme meu braço, me fitou com tanta intensidade que eu rezei pra que ele me beijasse. Eu quase não me segurei e o agarrei pelo pescoço. Ele abriu a boca para respirar melhor, foi quando eu percebi que ele tambem me desejava, tanto quanto eu o desejava naquele momento. Ele queria me segurar ali.
Mila: Me deixa ir. - Falei com a voz baixa.

Ele ainda me olhava confuso, e ainda com a respiração acelerada, soltou meu braço.
Tom: Vai embora.
Antes dele terminar a frase eu já tinha saído pela porta. Depois de me afastar, ouvi ele dar uma muro na porta, foi tão alto que quase me virei pra ver se a porta não havia voado pelo jardim. Não consegui segurar o choro por muito tempo. Meu peito doía tanto que as lágrimas rolavam sem que eu conseguisse segura las. Quase cai de joelhos no meio da rua pra deixar que elas tomassem conta.
Chegando em casa. Minha tia me olhou entrar chorando pela porta. Ela se levantou pra dizer alguma coisa, mas desistiu, ela sabia que eu não falaria nada.
No dia seguinte. Depois de passar a noite amaldiçoando o dia em que ele entrou na minha vida. Fui pra escola tentando ignorar o que tinha acontecido, assim como ele estava ignorando tudo que já tinha acontecido entre nós dois.

Na sala contei a Monica que eu tinha "terminado" com Tom.
Monica: Como assim? Ele ta mesmo namorando aquela americana?
Mila: Não sei Monica. Não é problema meu.
Monica: Como não é problema seu? Ele quase matou o Peter aquela vez na boate, por causa de ciumes, e agora você não tem nada haver com ele estar de rolo com essa americana? Você devia dar na cara dela.
Mila: Mas eu não vou fazer isso mesmo. Ele voltou dos Estados Unidos e não me procurou Monica. E era isso que acabaria acontecendo, ele cansou de mim. Já ta com outra e a gente deveria esquecer esse assunto.
Monica: Ele te esqueceu? Ou ta fazendo isso de birra porque você tava com o Peter quando ele ligou?
Mila: Não sei, porque você não pergunta pra ele.
Monica: Eu não. Mas é ridículo isso. Ta eu nunca disse concerteza que ele era apaixonado por você, mas era o que ele demonstrava. Po, o Bill quem disse isso.
Mila: O que eu sinceramente nunca levei a sério. Eu não acredito que ele esteja apaixonado por mim.
Monica: Talvez o que você entenda por "estar apaixonado" não seja o mesmo que ele.
Mila: Ta bom.
Monica: Sim, você é apaixonada por ele. É sim, não faz cara feia. E no entanto o que você faz? Vive esfregando o Peter na cara dele.
Mila: Mas isso vai mudar, ok. Porque não importa o que eu faça agora. Vou dar uma chance por Peter.
Monica: Ha vai? Tadinho dele.

Eu me virei pra frente aborrecida com a conversa. Caramba, ela nunca foi muito com a cara do Tom, mas defendia ele mais do que eu costumava fazer. Eu nem defendia na verdade.

A primeira pessoa que eu vi quando cheguei em casa foi Peter, do lado de fora da casa dele limpando a bicicleta. Antes de entrar eu fui até la falar com ele. Me sentei ao lado dele na calçada. Tentei parecer simpática, apesar do que ele tinha feito da ultima vez que a gente tinha saído, que nem importava mais.

Mila: E ai?
Peter: E ai! - Ele abriu um enorme sorriso me fazendo rir.
Mila: Eu queria te perguntar uma coisa. Se você tiver afim claro.
Peter: Você me propondo alguma coisa. Nossa, fala logo.
Mila: Quer ficar comigo?

Eu nunca vi o Peter me olhar tão assustado daquela forma. Ele não estava acreditando que eu estava dizendo isso.
Peter: Ficar? Tipo ficar como namorados? Beijar e tudo mais?
Mila: Não calma, não como namorados, mas ficar, sem compromisso. Você entende isso né? Nada de comprometimento demais.
Peter: Ok, eu topo.

Eu sorri pra ele, que logo quis se aproveitar. Me puxou contra ele e me roubou um beijo. Eu retribui, até lhe fiz um carinho no rosto. E me odiei ao abrir o olho para olhar em volta, desejei que Tom estivesse passando com o carro na hora. Eu tinha de parar de pensar nele.

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