segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 20 - Make it happen - Part. II

(Contado pelo Tom)

– Não to fazendo nada. – peguei a bandeja. – E pode sair da minha frente, por favor? – ele me deu espaço, e me retirei.

Então este foi o exato momento em que descobri que as mulheres são completamente malucas. Impossível desvendar o que se passa em suas terríveis mentes. Também descobri que por trás de um rostinho bonito e delicado, há incontáveis mistérios, e que a dona dessa tal face estava me fazendo querer desvendá-la a cada segundo que passava.

Eu poderia estar com raiva por não ter obtido sucesso na minha tentativa de ajeitar as coisas com a Savannah, mas na verdade eu me sentia como um... Acho que dá pra chamar de caçador. E não irei descansar enquanto não conseguir o que tanto desejo.

Quando ela se retirou da cozinha, eu quis dar um murro na mesa. Mas me lembrei claramente das palavras do Bill em minha mente. E por falar nele, o próprio apareceu ali.

– Tá fazendo o quê? – perguntou-me.
– Nada. – respondi.
– Ih, eu esqueci de dizer que a carta com a autorização do visto de permanência da Savannah, já chegou.
– Porque não disse isso antes? – fiquei feliz e irritado, ao mesmo tempo.
– Já disse que esqueci.
– E cadê a carta?
– Acho que a guardei em algum lugar.
– Você acha?
– O quê que foi? Tá estressado? Irei me lembrar de onde a coloquei, e depois te entrego. – ele foi à direção da sala.

Subi pro meu quarto, e fechei a porta. Peguei meu violão, me sentei na cama, e comecei a tocar. Mas meus pensamentos estavam tão ocupados com outras coisas, que nem as notas musicais eu conseguia acertar. Decidi colocar o violão num canto, e fui dar uma volta de carro.

–--
(Contado pela Savannah)
Deixei a bandeja com o lanche pro meu pai, lá no quarto dele. Depois fui correndo até a beira da piscina, onde todos estavam.

– Georg, eu posso roubar a Beca por alguns minutinhos? – perguntei.
– Claro. – respondeu.

Beca e eu fomos até meu quarto, onde tranquei a porta e nos sentamos na cama, uma de frente para outra.

– O que foi? – pergunta ela, ansiosa.
– Preciso te contar uma coisa.
– Diz logo! – respirei fundo, e fechei os olhos.
– O Tom me beijou. – ela gritou, e me assustei.
– Repete?
– O Tom...
– Eu entendi, eu entendi! – me interrompeu. – E como foi?
– Normal. – ela tirou aquele largo sorriso dos lábios, e me olhou como se dissesse “ah tá, foi normal.”
– Você beijou Tom Kaulitz, e diz que foi normal?
– Ué...
– Nada! – ela estava mais feliz que eu? – Vocês estão ficando?
– NÃO! – gritei por impulso. – Foi só um beijo.
– Mas você gostou?
– Até que ele não beija tão mal.
– Ah vá, não me diga?! Sério mesmo? – foi irônica.
– Sua boba.

Pelo menos consegui contar isso pra alguém, já que estava entalado na minha garganta, pedindo pra sair. Aproveitei pra lhe contar sobre a mini conversa que tive que ele lá na cozinha, e sim, a Beca ficou ainda mais louca.

– Eu falei, não falei? – disse ela. – Eu sabia que o Tom tava gostando de você.
– Um beijo não significa nada.
– Nos tempos de hoje, minha filha, um beijo pode significar muita coisa.
– E além do mais, ele ainda deve tá de rolo com a Megan.
– Quem disse? O Tom não quer ver aquela dali nem pintada de ouro.
– Será?
– Se eu fosse você, aproveitaria.
– Não. – gaguejei. – Não posso.
– Porque não?
– Fiz uma promessa, e tenho que cumprir.
– Que promessa? – eu ia responder. – Não vai me dizer que você vai querer casar virgem?! – perguntou incrédula. – Nem minha avó casou virgem!
– Não foi esse tipo de promessa.
– Então...?
– Prometi que viria até aqui pra cuidar do meu pai, e não pra ficar me apaixonando por alguém. Não posso ficar com o Tom.
– Mas o seu pai já está sendo bem cuidado, e amanhã fará a cirurgia.
– Eu sei, e depois ele vai precisar ainda mais de mim.
– Vai levar essa promessa a sério mesmo?
– Acho que sim.

HORAS MAIS TARDE...
A noite estava quente como o dia, o céu completamente tumultuado de estrelas, e a lua cheia. Eu havia terminado de tomar um banho, e estava prestes a entrar debaixo do chuveiro novamente, de tanto calor. Pra ficar confortável e fresca, coloquei um short curtinho e uma blusa de tecido leve. Fui até a varanda do quarto, e me sentei numa das cadeiras. A brisa que o vento trazia era tão boa, que minha vontade era de levar o colchão lá pra fora e dormir ali mesmo.

A maioria do pessoal havia saído, então a casa estava silenciosa. Era a noite perfeita pra colocar os pensamentos em seus devidos lugares. Na manhã seguinte seria a cirurgia do meu pai, e aquilo me deixava um tanto nervosa só de saber que ele teria de passar por algo tão delicado. E se alguma coisa der errado? Me fiz essa pergunta milhares de vezes. Mas de uma coisa eu tinha certeza, se eu continuasse sentada, coisas piores passariam pela minha mente.

Resolvi ir até a beira da piscina. Me sentei, e pus os pés dentro da água. Via meu próprio reflexo, e logo mais coisas começaram a surgir em minha cabeça. O Scotty veio me fazer companhia, e se deitou ao meu lado. Fiquei acariciando seus pêlos macios.

–--
(Contado pelo Tom)

Sei que eu não deveria ter feito isso, mas a Megan insistiu tanto, que acabei saindo com ela novamente. Não foi o melhor “encontro” que já tive, mas serviu pra eu esquecer temporariamente algumas coisas. Quando cheguei em casa, a Rute veio logo avisar que não tinha ninguém em casa. Apenas o pai da Savannah, que aquela altura, já deveria estar dormindo.

– A... A Savannah também saiu? – perguntei.
– Provavelmente. – respondeu. – Vai precisar de mim pra mais alguma coisa?
– Não, obrigado.
– É melhor falar logo, porque se eu me deitar, não vai ter santo pra me tirar daquela cama!
– Pode ir. – disse, rindo. – Sei me virar sozinho.
– Espero que saiba mesmo. – foi se retirando. – Um garoto dessa idade que não sabe nem lavar um copo.

Vê se pode uma coisa dessas? Estou quieto na minha, e a pessoa fica me xingando sem eu ter feito nada! E ainda fica dizendo que não sei lavar copo! Mas enfim, depois que a Rute foi pro quarto, fiquei mais alguns minutos na cozinha. Caminhei em direção a porta de vidro que dava acesso à área da piscina, e escutei vozes. Primeiro pensei que estava ficando doido, a segunda opção é que algum ladrão teria invadido a propriedade, e por último, vi que era apenas a Savannah. Ela conversava com o Scotty. Essa garota é doida. Fiquei observando-a durante um tempo, e pude notar seu carinho pelo cachorro. Abri a porta, e comecei a me aproximar. Assim que me viu, a Savannah se levantou.

– Não vai se retirar só porque eu cheguei, não é? – perguntei.
– Está um pouco tarde. – respondeu.
– E a noite está perfeita para ser desperdiçada. – coloquei as mãos nos bolsos. Olhei em direção à lua. – Já viu como a lua está bonita?
– Nem havia reparado. – disse, enquanto olhava.
– Savannah... – ela me olhou. – Queria te pedir desculpas. Eu não deveria ter feito aquilo. Mas não vou mentir, e dizer que não queria ter feito, porque eu quis.
– Tudo bem.
– Não, não está tudo bem! Se estivesse bem, nós dois estaríamos conversando normalmente.
– E não estamos conversando agora?
– Agora. Mas antes...
– Antes é passado, Tom. – me interrompeu. – E não tem que se desculpar por nada. – fez uma pausa, deu um meio sorriso. – Boa noite. – se retirou.

–--
(Contado pelo Bill)
Quando cheguei em casa com a Bella, tudo estava muito silencioso. A maioria das luzes apagadas. Subimos as escadas, deixei a Bella em seu quarto, e ia pro meu. Passei em frente ao quarto do Tom, e a porta estava meio aberta. A luz ainda estava acesa. Como meu sono ainda não havia aparecido, fui conversar com meu irmão. Ele estava sentado em sua cama, e me sentei ao seu lado.

– Já resolveu as coisas com a Savannah? – perguntei.
– Como sabe sobre isso?
– Noticias correm rápido.
– Nunca mais conto nada pra Bella.
– Anda, me fala loco como estão as coisas?
– Acho que finalmente estão melhorando. Conversamos há alguns minutos, e desta vez ela não tentou fugir.
– Que bom.

Apesar de ainda – tentar – esconder seus sentimentos, está mais que provado que o Tom gosta da Savannah. Ele não consegue esconder ou disfarçar as coisas muito bem, e isso me deixa um tanto preocupado. Pelo que conheço do meu irmão, ele não irá descansar até alcançar seus objetivos.

Depois que fiquei um tempo ali conversando com o Tom, fui pro meu quarto. No corredor, encontrei a Savannah, que trazia um copo de água.

– Oi Bill. – diz ela, com um sorriso.
– Savannah, eu estava mesmo precisando falar com você. Será que tem um minuto?
– Claro.
– Vamos até a biblioteca.

Entramos na biblioteca, e fechei a porta, só para o caso de alguém querer escutar. Nos sentamos no sofá, um de frente para o outro, e ela me olhava sem entender muito bem, mas iria me escutar.

– Vou direto ao assunto. – me ajeitei no assento. – Você e o Tom ainda estão brigados?
– Na verdade, nós nunca brigamos. – respondeu, e colocou o copo na mesinha de centro.
– E porque estão sem se falar?
– Ele...
– Te beijou. Eu já sei dessa história. Só não entendo o motivo dessa distância. – ela ficou um tanto sem graça, e abaixou um pouco a cabeça.
– Eu acho que... Que vou confiar em você.
– Como assim?
– Bom, no meu último relacionamento, depositei todas as minhas fichas. Praticamente mudei quem eu era pra agradar pessoas. Só que... – seus olhos se encheram de lágrimas. – Eu nunca faço nada certo, então deu tudo errado. Eu... Eu estraguei tudo.
– E o que isso tem a ver com o Tom?
– Ele não merece alguém como eu.
– Porque tá dizendo isso?
– Porque eu me conheço, e não daria certo. Já cometi muitos erros, e já magoei muitas pessoas. – suspirou. – Não quero que o Tom faça parte dessa lista.
– Você foi tão má assim?
– Não é questão de ser má. – colocou uma mecha do cabelo, atrás da orelha. – O problema é que eu sempre me apaixono pelas pessoas erradas.
– Está apaixonada pelo Tom?

Ficou calada, e aquilo foi o bastante.

– Não sou daqui, Bill. – disse. – E eu com certeza acabaria magoando ele.
– Está falando da distância que possivelmente separaria vocês dois?
– É. – ajeitou novamente o cabelo. – Por isso estou evitando o Tom. Se eu ficar perto dele, não vou conseguir me controlar.
– Savannah... Vou ser sincero com você. A maioria das garotas com quem o Tom já teve algum tipo de relacionamento, não despertaram absolutamente nada nele. Elas eram como... Como um passa tempo, entende?
– Um-hum.
– Além de irmãos, somos muito amigos, e ele nunca me disse nada sobre sentir alguma coisa por alguma delas. E depois que você apareceu... Aquele Tom que pouquíssimos conheciam, mudou. Não digo que deixou de ser quem era, apenas passou a mostrar o verdadeiro Tom que vive dentro dele. E tudo graças a uma estrangeira que veio a procura de uma ajuda pro pai. – ela deu um leve sorriso. – Até eu, que estou acostumado a vê-lo falando de garotas a todo instante, achei estranho quando ele começou a esboçar ciúmes de você.
– Ciúmes?
– É isso ai. Pela primeira vez, uma garota conseguiu fazer o meu irmão mulherengo, se apaixonar de verdade. E ela não precisou mostrar os peitos, pra chamar sua atenção. Ela mostrou o que há de mais simples: que a embalagem não é o mais importante. E na minha opinião, distância não significa nada, quando alguém significa tudo.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 19 - Make it happen - Part. I

(Contado pela Bella)

Estávamos praticamente todos reunidos em torno da mesa, para o café da manhã. Apenas a Savannah ainda não havia descido, mas também não demorou muito para que isso acontecesse. A primeira coisa que ela fez ao entrar na cozinha, foi olhar na direção do Tom. Ele estava sentado no lugar de sempre, e a cadeira ao lado era a única vazia. O jeito como ela o olhava, era estranho. Savannah ficou parada por poucos segundos, e logo se pronunciou.

– Bella, pode trocar de lugar comigo? – pergunta ela.

Todos obviamente pararam o que estavam fazendo, e ficaram olhando pra ela, sem entender muito bem. O Tom abaixou as vistas, e voltou a tomar seu suco.

– Trocar de lugar? – me fiz de desentendida. – Porque não se senta ao lado do Tom?
– É que hoje to com vontade de me sentar ao lado do Bill. – respondeu.
– Aham. – me levantei, e fui me sentar ao lado do Tom.

Durante todo o café da manhã o Tom olhava pra Savannah, que sempre desviava o olhar. Eu não era a única a perceber que havia algo errado entre os dois, só não sabia dizer o quê. Pra completar, um silêncio gigantesco tomava conta daquela cozinha. E esse negócio de um ficar olhando pro outro, e aquele outro desviar o olhar, não estava dando certo. Meus nervos estavam começando a me incomodar.

– Tá legal, dá pra vocês falarem o que está acontecendo aqui? – perguntei, olhando pra todo mundo.
– Como assim? – diz Georg.
– Que clima é esse?! – disse. – Nunca tive um café da manhã tão chato quanto o de hoje! E esse silêncio? Porque ninguém tá falando nada?!
– Talvez seja porque não temos assunto. – diz Gustav.
– E desde quando vocês não têm assunto? – disse.

Naquele mesmo instante, a Savannah pediu licença e se retirou do local. E todos os olhares se voltaram para o Tom.

– O que foi? – diz ele. – Não fiquem me olhando assim, porque não tenho nada a dizer!
– Vocês brigaram? – pergunta Gustav.
– Não. – respondeu.
– E porque estão agindo assim? – pergunta Georg.
– Perguntem a ela. – Tom se levantou, e saiu pela porta da cozinha que dá acesso a área da piscina.

–--
(Contado pelo Tom)

As coisas realmente pareceram ter mudado entre mim e a Savannah, e tudo por minha culpa! Se eu não tivesse feito aquilo, estaríamos conversando normalmente. Mas sempre que eu tentava me aproximar de alguma maneira, ela dava um jeitinho de acabar com a minha festa.

– Savannah, tô indo até a pista de skate. – disse. – Quer ir junto?
– Acho que não. – respondeu. – Prefiro ficar aqui com a Beca.

Raramente conversávamos, e isso estava começando a me deixar louco. Se eu chegava perto, imediatamente ela se afastava. Nem me olhando nos olhos ela estava mais. Eu já não sabia mais o que fazer, pra contornar toda aquela situação.

Naquela tarde de quarta-feira, fui até o aeroporto para receber o pai dela que estava chegando. A única maneira de convencê-la a ir comigo, era se a Beca fosse junto. As duas se sentaram no banco de trás do carro e foram conversando durante todo o percurso. Enquanto isso, eu me sentia como se fosse o motorista das duas.

Quando chegamos ao aeroporto, não demorou muito tempo até o pai dela aparecer. Savannah correu para abraçá-lo, e os dois choraram nesse reencontro. De volta pra casa, eu novamente fui de motorista. Desta vez a Beca foi no banco do carona, deixando-os no banco de trás.

Assim que entramos pela porta da sala, o pessoal veio logo cumprimentar o pai dela. E para minha surpresa, a Beth também estava lá. Nos sentamos no sofá, e pra azar geral da nação, a namorada do Bill se sentou ao lado do pai da Savannah. Ficamos com muito medo que ela pudesse descobrir tudo.

– Você é irmão da Simone? – pergunta Beth.
– Quem é Simone? – pergunta o pai da Savannah. Pra disfarçar, eu cai na gargalhada.
– Tio, você é tão engraçado. – disse, ainda rindo. Ele me olhou sem entender nada.
– O meu pai está um pouco cansado da viagem. – disse Savannah. – É melhor eu levá-lo para descansar.
– Deixe que eu te ajudo. – me ofereci.
– Não precisa. Faço isso sozinha.

Depois que a Beth foi embora, os nervos foram aliviados. Ali na sala, o pessoal ainda queria saber o que estava acontecendo entre mim e a Savannah, e como eu não iria contar nada, fui pra cozinha. Abri a geladeira e peguei a jarra de suco, depois abri um dos armários e peguei um copo. Me sentei a mesa, e preenchi o copo com o liquido. A Bella apareceu caladinha, se sentou na minha frente e ficou me olhando.

– Fala logo o que você quer. – disse.
– O que está acontecendo entre você e a Savannah?
– Nada.
– É óbvio que tem alguma coisa, pra vocês dois não estarem se falando. – fez uma pausa. – Me conta o que foi.

Demorei um pouco a responder, pois não sabia se deveria ou não contar. Mas por fim acabei optando pela primeira opção.

– Eu a beijei. – respondei. – E depois disso tudo ficou assim.
– Ou seja, você está a fim de uma garota que parece não querer nada contigo?
– Não estou a fim dela!
– E eu não nasci ontem, Tom. Está escrito na sua testa e com letras maiúsculas.
– Nossa, está tão claro assim?
– Um-hum. E pela primeira vez uma garota parece ter conseguido laçar de vez o seu coração.
– Do que adianta, se ela não quer nada comigo?
– Então você vai ficar parado, apenas esperando que algo aconteça?
– Já tentei me reaproximar.
– Escuta aqui, Tom Kaulitz! – ela bateu na mesa, e se levantou. – Você foi homem pra beijar a garota, e agora vai ter que ser homem o suficiente pra ir atrás dela!
– Se o Bill te ver batendo nessa mesa...
– Não muda de assunto! – me interrompeu, quase gritando. – É melhor começar a pensar em alguma coisa, porque um dia a Savannah pode ir embora, e você vai ficar com o terrível peso na consciência por não ter feito nada – ela se retira.

–--
(Contado pela Savannah)

Reencontra o meu pai, foi a melhor coisa que já poderia ter acontecido. A felicidade estava estampada na minha cara, e dificilmente alguém deixaria de perceber. O levei até o quarto de hospedes, e ele ficou maravilhado com tudo que estava vendo. Ele se sentou na cama, e parecia estar com os pensamentos bem distantes. Me sentei ao seu lado.

– Está se sentindo bem, papai? – perguntei.
– Sim. – respondeu, e me olhou. – Mas... Como veio parar neste lugar?
– Ih, isso é uma longa história.
– Acho que tenho tempo para ouvir.

Pelo que eu conhecia do meu pai, sabia que ele não me deixaria sair daquele quarto sem contar como tudo realmente aconteceu.

– Então... Você agora está casada com aquele garoto que mais parece uma mulher? – parecia surpreso.
– Um-hum.
– E vocês já...
– Não! – quase gritei. – Ele tem namorada, e esse casamento é uma mentira.
– E porque não se casou com o outro que tem cara de homem?
– Pai!
– To mentindo?
– O mais importante aqui não é o casamento, e sim a sua cirurgia. Está preparado, não está?
– Sim. – segurou minha mão. – Se a sua mãe estivesse aqui – seus olhos estavam cheios de lágrimas. -, ela ficaria muito orgulhosa.
– Não vamos falar da mamãe. – uma lágrima escorreu pelo seu rosto, e eu a enxuguei. – Bom, agora te deixarei descansando, porque a sua cirurgia é amanhã de manhã. Daqui a pouco trarei um lanchinho pro senhor.

Lhe dei um beijo no rosto, e sai do quarto. Passei pelo corredor, enquanto passava em frente ao quarto do Georg, ouvi uns barulhos estranhos. Pra ser mais precisa, eram gemidos. Aqueles danadinhos estavam aprontando em plena luz do dia, e sem nenhuma vergonha na cara, para fazerem menos barulho.

Fui até a cozinha, e a Rute estava terminando de preparar algo para o Bill, a Bella, o Gustav e o Tom, que estavam lá na beira da piscina. Quando ela saiu, aproveitei que estava sozinha, e resolvi fazer alguma coisa pro meu pai. O silêncio ali dentro estava tão bom, e eu estava tão concentrada no que fazia, que qualquer barulho possivelmente me faria levar um enorme susto. Comecei a arrumar as coisas numa bandeja, e der repente vejo minha vida passar diante dos meus olhos. Um susto daqueles que eu já mais havia levado, e que nenhum inimigo mereceria levar também. Aquela voz inconfundível que me perguntou:

– É impressão minha, ou está fugindo de mim? – me virei rapidamente.
– Nossa, que susto! – coloquei a mão no coração.
– Desculpa. – Tom se aproximou. – Mas... Porque tá fugindo?
– Não estou fugindo. – me virei e peguei a bandeja. – Com licença, tenho que levar isso pro meu pai.
– Tem um minuto para podermos conversar?
– Não temos nada pra conversar, Tom.
– Claro que temos! – ele tomou a bandeja das minhas mãos e a colocou em cima da mesa novamente. – Você não vai levar nada pra ninguém agora! – falou, me encarando. – Só sairá daqui quando acertarmos tudo!
– O que deu em você?!
– Eu quem deveria estar fazendo essa pergunta! Você não fala mais comigo, me ignora, e ainda finge que nada aconteceu ou está acontecendo.
– Do que está falando?
– De nós dois.

Por acaso existe nós dois? Tá, confesso que senti vontade de perguntar isso, mas não tive coragem.

– Nós dois? – me fiz de desentendida.
– Não vem com essa de que não está entendendo, porque você sabe muito bem do que estou falando!
– Só sei que você é maluco – tentei pegar a bandeja, mas ele não deixou. -, e o meu pai está esperando por mim.
– Porque ta fazendo isso?
– Não to fazendo nada. – peguei a bandeja. – E pode sair da minha frente, por favor? – ele me deu espaço, e me retirei. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 18 - First Kiss.

Você tem um jeito com palavras
Você me faz sorrir mesmo quando sofro
Não tem jeito de medir o quanto vale seu amor
Eu não acredito no jeito que você consegue me atingir
 
(Contado pela Savannah)

Mais uma daquelas tardes ensolaradas, que te fazem ter vontade de cair na piscina, e aproveitar. Não dava pra conversar com a Beca, porque ela e o Georg se trancaram dentro do quarto, a tarde inteira. A Bella foi visitar um familiar que estava em algum lugar. Bill resolveu fazer as pazes com a Beth, e a levou pra jantar. Fiquei sentada numa espreguiçadeira, enquanto o Gustav ficava em outra. A conversa teve que fluir, de um jeito ou de outro.

– Todo mundo namorando, e só a gente aqui... – ele se lamentava.
– Pra você vê como o mundo é cruel, não é?
– No seu caso tem jeito, mas o meu.
– Porque o meu caso tem jeito?
– Ah, você é bonita. – eu ri.
– E você é idiota! Deixa de bobagem, porque a qualquer hora vai aparecer uma garota bem legal pra ficar contigo.
– Duvido.
– Acho que vou dar uma volta. – me levantei. – Se eu continuar aqui, é bem capaz que esse seu pessimismo passe pra mim.

Dei algumas voltas pela casa, acompanhada pelo Scotty. Resolvi ir dar uma olhada nas “minhas” plantinhas. Queria saber como elas estavam, e se cresciam saldáveis. Fiquei encantada e surpresa, ao mesmo tempo. As rosas estavam incrivelmente lindas! O jardim nem parecia o mesmo, e de alguma forma, não era. Decidi dividir a minha felicidade com alguém. E quem melhor do que o Tom, que sempre esteve ao meu lado? Sai a procura dele, e a Rute disse que ele estava na academia.

Não, desta vez não verei o Tom malhando. A Bella não está em casa pra me salvar de qualquer coisa. Mas quem disse que consegui resistir? Cai na terrível tentação. E eu também não queria ficar com aquela alegria só pra mim. Não sou egoísta, tá? Cheguei em frente a academia, coloquei a mão na maçaneta, e recuei. Savannah, se controle e não faça isso. A voz da consciência me dizia. Fui teimosa, e abri a porta. O Tom já havia parado de malhar, e estava apenas enxugando o suor do rosto, com uma toalhinha branca.

– Veio malhar? – pergunta ele.
– Não. – tentei não olhar muito pra ele. – Só queria te chamar pra ver uma coisa.
– Que coisa?
– É surpresa. – olhava pra qualquer lugar, menos pra ele.
– Tá tudo bem?
– Um-hum. Vou ficar te esperando lá na sala, tá?
– Ok.

Sai dali, antes que eu conseguisse fazer alguma besteira. Meu Deus, como é que alguém consegue resistir? Ele tem razão em ficar se achando. Desci as escadas, e fiquei sentada no sofá, esperando por ele. Tom demorou uns quinze minutos, pois tinha tomado banho e derramado o vidro de perfume em si. O cheiro não estava forte, mas dava pra sentir a quilômetros de distância.

– O que quer me mostrar? – ele chegou.
– Vem comigo.

Durante nossa pequena caminhada, fui lhe adiantando o assunto.

– Aqui na casa havia um jardim que estava meio acabado, e que precisava muito de um trato. – disse. – Então me candidatei, e arrumei tudo.
– Recriou o velho jardim? – parecia surpreso.
– Sim.
– Você arruma a cama, lava a louça, ajuda a Rute na limpeza, e ainda cuida do jardim que parecia não ter solução. Fora as coisas que não chegam ao meu conhecimento. – fez uma breve pausa. – Me deixa assustado, sabia?
– Porque te deixo assustado?
– Por ser tão certinha!
– Tem razão. Talvez seja muito egoísmo ser tão boa assim. – ele riu.
– Vou começar a pensar que não sou bom o suficiente pra você.
– Bobagem.
– Até parece que não tem defeitos! – eu ri.
– Tenho vários.
– Quais? – ele parou, e por “conseqüência” também parei e ficamos de frente um pro outro.
– Eu... – pensei um pouco. – Eu xingo.
– Não, você não faz isso. Eu nunca vi.
– É que... Fica tudo em minha mente.
– Diga um.
– Não posso! São muito feios. – voltamos a andar. – Acredite, eu tenho defeitos, Tom.

Chegamos ao pequeno jardim, e ele gostou do que viu.

– Fez isso tudo sozinha, ou contratou alguém?
– A Rute me ajudou em algumas coisas. – respondi.
– Ficou bem bonito. Isso é a sua cara, sabia?
– É um elogio?
– Sim.

Ficamos calados. Como ele me encarava com aquele meio sorriso, ia me deixando sem graça a cada segundo. Notei pela primeira vez como aquele piercing no lábio o fazia ficar tão sedutor. Também notei que ele sempre coloca as mãos nos bolsos quando estamos calados. Porque as palavras somem quando mais precisamos, hein?

– A... A Megan te procurou ontem. – finalmente falei.
– O que ela queria?
– Não sei.
– Será que essa garota não vai largar do meu pé? – pareceu estar com raiva. – Será que vou ter que falar mais grosso?!
– Nossa, Tom. Falando assim, até...
– Te assusta? – me interrompeu.

Não, ele não conseguiria me assustar nem que quisesse.

– Você não me assusta. – disse, enquanto ele me olhava nos olhos. – E nem me coloca medo algum. – me aproximei, para lhe mostrar que eu estava falando a verdade.
– Você me assusta. – quase sussurrou. – E às vezes sinto medo.

Tom fez o “favor” de se aproximar um pouco mais. Senti meu coração pulsar mais forte e minha respiração começou a ficar diferente.

–--
(Contado pelo Tom)

Vou confessar que a minha vontade era de beijá-la naquele mesmo instante, mas tive medo que ela pudesse recuar, ou até mesmo não gostar. Minha mente viajava enquanto me perdia no fundo dos seus olhos brilhantes e expressivos. Senti como se meu coração tivesse levado não uma flechada, mas sim um tiro. Criei coragem, e me aproximei o bastante para ter certeza que ela não recuaria. Com a mão direita, passei em seu rosto. Seus olhos se fecharam ao sentir meu toque. Encostei meus lábios nos seus, que eram delicados e macios. Em seguida, enlacei sua cintura e a puxei para mais perto, colando seu corpo no meu. Estávamos tão colados, que deu até pra sentir seu coração acelerado.

Der repente a Savannah se afastou. Não entendi muito bem aquela sua reação. Ela me olhava, como que dizendo que eu não deveria ter feito aquilo. Depois, saiu correndo em direção a casa. Fiquei ali, parado com a sensação de que tinha feito a coisa certa. Eu sabia que aquela atitude de beijá-la não foi em vão. Deveria haver alguma explicação, e a única que vinha em minha mente era que eu estava me apaixonando por ela.

– Rute, você viu a Savannah? – perguntei, ao entrar na cozinha.
– Ela passou por aqui, mas não sei pra onde foi. – respondeu.
– Droga! – dei um leve murro na mesa.
– Tá querendo quebrar é? – me repreendeu. – O que você fez com ela?
– Nada, eu não fiz nada.

Subi pro quarto, fechei a porta, me sentei na cama e fiquei pensando na possivel besteira que eu havia feito. Se ela não gostou do beijo, eu teria que encontrar uma forma de me desculpar.

–--
(Contado pelo Bill)

Eu mal havia chegado em casa, e já estava ouvindo reclamações da Rute. Ela parecia estar com raiva de alguma coisa que o Tom aprontou.

– É melhor você ir dar uma olhada no seu irmão – disse ela, apontando pra escada. -, antes que ele comece a quebrar as coisas.
– O que foi que o Tom aprontou desta vez?
– Não sei. Só sei que ele entrou na cozinha procurando pela Savannah, e deu um murro na mesa, que eu pensei que teria quebrado.
– Eles brigaram?
– Já disse que não sei! – caminhei em direção a escada. – Ah, e chegou essa carta pra ele! – voltei, e peguei a carta.

Minha curiosidade falou bem mais alta, e acabei abrindo o envelope. Após algumas investigações, o juiz finalmente havia concedido o visto de permanência da Savannah. Agora ela poderia ficar aqui, sem preocupações.

– Tom? – abri a porta do quarto, e ele estava sentado na cama. – A Rute disse que você tava estranho. – me aproximei. – Aconteceu alguma coisa?
– Acho que fiz uma besteira. – respondeu, com a cabeça baixa.
– É, a Rute me contou que você tentou quebrar a mesa com um murro. – me sentei ao seu lado. – Cara, não pode sair quebrando as coisas assim. Tá pensando que dinheiro se encontra no chão?
– O quê? Não, eu não tava falando nesse tipo de besteira.
– Então...?
– Você... Disse que eu saberia o que fazer pra tentar descobrir se gostava ou não da Savannah. – fez uma pausa e me olhou. – E eu fiz.
– O que você fez? – comecei a ficar assustado.
– Eu a beijei.
– Sério? – me aliviei. – E como foi?
– Não sei explicar.
– Um-hum.
– Mas você tinha razão. Tinha toda razão.
– Tinha? – não estava entendendo.
– Eu... – suspirou. – Eu acho que estou gostando mesmo dela.
– Isso é bom.
– Ou não, porque após o beijo, ela correu.
– Talvez ela tenha sido pega de surpresa. Agora tem que ter um pouco de calma, e esperar pra ver o que vai acontecer. – me levantei. – E da próxima vez que quiser dar um murro em qualquer coisa, bata em si mesmo! – sai do quarto.

Que o Tom estava apaixonado pela Savannah, isso praticamente todo mundo já sabia. Só restava ele assumir. A minha sorte é que ele confia em mim, e conseguiu confessar. E também devo confessar que fiquei feliz. Não imaginava que uma garota como a Savannah pudesse conquistar o Tom. Eu posso até estar errado, ou o Tom pode até estar enganado sobre seus sentimentos, mas espero que tudo seja verdade, e que ele tome um jeito na vida. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 17 - Are just excuses to be able to stay near you.

Eu acho que senti meu coração pular uma batida
Eu estou parado aqui e mal posso respirar
Você me tem
Você me tem

O jeito que você pega minha mão é tão doce
E aquele seu sorriso desajeitado
Me derruba

Oh eu não consigo me satisfazer
Eu sou uma estopa e preciso me preencher
A sensação é tão boa, deve ser amor
É tudo que eu sonhei
Eu desisto, me entrego. Deixo ir em frente.
Vamos começar
Pois não importa o que eu faça
Meu coração está preenchido com você

(Contado pela Savannah)

Acordei com o canto dos passarinhos. Na verdade, uma das empregadas havia entrado no quarto e aberto a cortina, fazendo os raios solares penetrarem o local. Simpaticamente, perguntou se eu queria me levantar para fazer minha higiene matinal. Respondi que sim, então ela chamou outra empregada, e as duas me ajudaram a chegar ao banheiro. Um banco fora colocado na direção onde a água do chuveiro cairia. Cobri a bota ortopédica com um plástico, e tirei a roupa. Fiquei de calcinha e soutien, e tomei o banho assim.

Elas me ajudaram da melhor maneira possivel, e fiquei satisfeita. Também aproveitei e fiz minha higiene bucal. Meu tornozelo havia melhorado bastante, então eu tiraria a bota na próxima segunda-feira. Isso estava sendo uma tortura. Todo mundo fazia as coisas pra mim, e me sentia uma rainha. Se eu sentisse cede ou fome, a Rute dava um jeitinho, ou então o Tom, que não desgrudava de mim. Sua preocupação às vezes me fazia ficar com raiva. De meia em meia hora, ele aparecia no quarto pra perguntar se estava tudo bem, ou se eu precisava de algo.

– Tom, estou ótima! – disse, ficando com raiva. – Não precisa ficar vindo aqui a todo instante.
– Tem certeza que está mesmo bem? – ele se aproxima da cama. – Não sente mais dor no tornozelo?
– Já disse que estou bem. Você não enjoa da minha cara não?
– Só estou preocupado.
– Segunda-feira tirarei isso, então não tem que se preocupar.

Ao mesmo tempo em que aquela preocupação me parecia boba, também me fazia pensar que ele realmente se importava comigo. E quando não aparecia pra me ver, eu sentia falta. O Tom era o único que fazia palhaçadas, pra tentar me fazer esquecer que eu teria de ficar uma semana na cama. Era um dos poucos, que mesmo me vendo naquela situação, continuou com a idéia de que me ensinaria a tocar violão. E como eu não tinha nada pra fazer, aceitei. Ele não é um dos melhores professores, mas ensina bem e sempre me diverte.

– Não, coloca o dedo assim. – dizia ele.
– Tá certo?
– Agora está. – sorriu.

Com uma aluna aplicada como eu, era fácil de dar aula. Às vezes me batia aquela preguiça, mas quem disse que ele me aliviava? No inicio, meu pulso e os meus dedos doíam tanto, que cheguei a pensar que perderia um deles. Aos poucos fui me acostumando. Me acostumei tanto com aquelas aulas diárias que o Tom me dava, que quando ele tinha algum compromisso com a banda, eu pedia pra Beca pegar o violão dele, e ficava tentando tocar lá no quarto.

A Beca era outra que também não desgrudava. Me deixava sempre antenada no mundo das fofocas. Não havia um dia se quer, que ela não chegasse com uma novidade, ou alguma resenha.

– A Megan veio procurar pelo Tom hoje. – disse Beca.
– E porque está me contando isso?
– Achei que gostaria de saber.
– Obrigada, mas não tenho nada a ver com a vida amorosa dos dois.
– Tem sim. Me disseram que você é um dos principais motivos dele não querer reatar o namoro.

Dá pra acreditar nisso? Eles já estão achando isso, sem o Tom e eu termos alguma coisa, imagine se tivéssemos? Será que é verdade? Pensei. Enfim, não pode ser verdade. Eu teria notado qualquer coisa!

– Com licença, meninas. – diz Tom, batendo de leve na porta, que já estava aberta. – Posso entrar?
– Claro. – diz Beca.
– Savannah – ele se aproxima. -, eu conversei com o médico que fará a cirurgia do seu pai, e achei melhor adiar.
– Por quê? – fiquei surpresa.
– Hoje é sexta-feira, e se a cirurgia for no sábado, você não poderá ficar ao lado do seu pai, porque está com o tornozelo imobilizado. – justificou. – Remarquei para quarta-feira, assim dará tempo de tirar essa bota. – Beca me olhou, e sorriu.
– Mas eu já tinha ligado pra ele. – disse.
– Não tem problema, ligarei novamente, e avisarei.
– Tá legal. – disse, um tanto desanimada.
– Sei que você está ansiosa pra essa cirurgia acontecer logo – segurou minha mão esquerda. -, mas será bom pros dois.
– Um-hum.

Bastou o tempo do Tom se retirar do quarto, pra Beca dizer:

– Reparou em como ele te olhava?
– Não. – respondi.
– Como não?! Como não?! – parecia desesperada.
– Hei! – quase gritei. – Se controla, tá? – nós duas rimos. – Ele me olha, da mesma maneira que olha pra você e pra qualquer outra pessoa.
– Se eu não tivesse namorando o Georg, e o Tom me olhasse desse jeito, eu com certeza pegaria ele.
– O quê?
– Aproveite as oportunidades que a vida está lhe oferecendo! Não deixe esse bofe passar!

Maluca! A Beca é completamente maluca! Tá vendo coisas onde não tem. Ou será que tem? Será que sou tão sonsa assim a ponto de não perceber nada? Não, isso só pode ser imaginação dela mesmo.

DOMINGO À TARDE...
O Tom não estava em casa, e como eu não me agüentava de ansiedade, pedi ao Bill que me levasse até o médico, para que pudesse tirar aquela bota. Ele não queria me levar, pois tinha medo que o Tom pudesse brigar, ou falar qualquer coisa. Mas a minha insistência foi tanta, que ele acabou ficando sem solução.

– O Tom vai me matar. – disse Bill, enquanto dirigia.
– Vai nada. – respondi.
– To até vendo a reação dele. Vai falar um monte de coisa.
– Pode deixar, que converso com ele depois.

O próprio médico disse que eu já poderia tirar aquela bota, que foi apenas uma torção. Nada grave. Me senti tão aliviada e feliz, ao colocar o pé naquele chão frio, que me fez até arrepiar. Tirei mais um raio-x pra saber se não havia nada de errado mesmo, e depois que tudo estava bem, fui embora.

Bill me deixou em casa, e disse que iria se encontrar com a Beth. Não sei por que ele me disse isso, não me deve satisfações. Quando entrei, notei que a casa estava silenciosa demais. Perguntei a Rute, onde todos estavam.

– Saíram. – respondeu. – Apenas o Tom está em casa.
– Ah é?
– Ele está lá na biblioteca.

Não sabia muito bem onde era a biblioteca, então a Rute me explicou como eu chegaria até lá, e fui. Abri a porta devagar, e o Tom estava tocando piano. Sim, o lugar era tão grande, que tinha até um piano! Não me perguntem o nome da música, porque não saberia dizer. Fechei a porta com o máximo de cuidado possivel, para não atrapalhá-lo.

– Bela música. – disse, após ele terminar.
– Há quanto tempo está ai?
– Não muito. – me aproximei. – Quer dizer que além de tocar guitarra e violão, também toca piano?
– Eu tento.
– Como é modesto. – olhou pro meu pé.
– Não tiraria a bota só amanhã?
– Fiquei ansiosa, e o Bill acabou me levando ao médico.
– Bill, sempre se adiantando.
– Não foi culpa dele, eu que insisti. E além do mais, você não estava em casa.
– Se eu estivesse, não tiraria isso hoje! – dei a volta no piano.
– Porque é assim comigo?
– Assim como?
– Tão protetor.
– Não sei. Eu sou assim?
– Um-hum. – me sentei ao seu lado. – E me protege muito.
– Isto é uma reclamação?
– De maneira alguma! – coloquei uma mecha do meu cabelo, atrás da orelha. – Eu até gosto.
– Significa que posso continuar?
– Pode.

O que estava acontecendo? O quê é isso? Tá doida? Fumou foi? Notei algumas folhas de papel, e um lápis em cima do piano. Ele só poderia estar compondo, e eu com a minha curiosidade, atrapalhamos.

– Estava compondo? – perguntei, pegando uma daquelas folhas.
– Não. – suspirou. – Só estava tocando mesmo.
– Você é praticamente um nerd dos instrumentos, hein? – nós rimos.
– Acho... Acho que dá pra me chamar assim. E você, está tocando alguma coisa no violão?
– Eu disse que não tinha jeito – coloquei a folha no lugar. -, então está sendo um pouco difícil pra mim. Mas estou me esforçando.
– Continue treinando, e em poucos dias já estará tocando legal. – até parece. – Quer aprender algo de piano?
– Por acaso quer me transformar numa nerd também?
– Não. – fez uma pausa, e me encarou. – Na verdade, são só desculpas pra poder ficar mais próximo de você.

Tá legal, eu não sabia se aquilo era verdade, ou se não passava de uma brincadeira. Só sei que meu coração acelerou, acelerou muito, e fiquei sem graça. Aposto que minhas bochechas ficaram vermelhas, e ele percebeu.

– Pode tocar de novo? – gaguejei um pouco. Ele deu um meio sorriso.

Logo Tom começou a tocar, e me explicou algumas coisas. Se entendi? Claro que não. Nem metade do que havia dito. Eu só conseguia prestar atenção no seu jeito.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 16 - You're smart, and will know how doing.

(Contado pelo Tom)
Enquanto percorríamos o caminho de volta pra casa, o silêncio era predominante dentro do carro, e isso logo se tornou incômodo. Ao mesmo tempo em que tínhamos certa “intimidade” para conversar, naquele momento eu não sabia o que dizer. Era como se as palavras tivessem fugido completamente da minha mente. Resolvi ligar o som, e estava passando uma música estranha e sem sentido. Fui mudando as estações, e prestando atenção na estrada. Depois de procurar um pouco, finalmente encontrei algo que preste. A rádio tocava “She Will Be Loved” do Maroon 5.

– Oh, meu Deus! – disse Savannah. – Eu adoro essa música!

Não demorou muito pro refrão chegar, e a Savannah começar a cantar. E ela canta bem. Muito bem. Sua voz é diferente, mas encantadora. Não sabia desse seu talento. Na verdade, acho que não sei de muita coisa. Der repente ela parou.

– Porque parou? – perguntei. – Continue.
– Não quero te torturar com a minha voz.
– E quem disse que é tortura? – olhei pra ela. – Sua voz é bonita e agradável.
– Mentiroso.
– É sério. – voltei a olhar pra estrada. - Você deveria investir nisso.

O Sol já estava se pondo lá no horizonte, e a paisagem era incrível. Nós queríamos chegar mais rápido em casa, então peguei um atalho. De uma hora pra outra o carro começou a dar sinais de que pararia.

– Droga! – disse.
– O que foi?
– A gasolina tá acabando.
– Acabamos de passar por um posto. Porque não parou pra abastecer?
– Não notei que o tanque estava ficando vazio. – o carro parou.
– Perfeito. Agora ficaremos aqui parados no meio da estrada, a não ser que você vá andando até o posto. – ela tirou o cinto de segurança.
– Nem pensar! – fiz o mesmo. – Não vou te deixar aqui sozinha.
– Ainda não anoiteceu, e se o carro ficar travado, não deve ser tão perigoso assim. – ela olha pela janela. – Só não podemos ficar aqui.
– Esquece! – a olhei nos olhos. – Não te deixaria sozinha, nem que eu estivesse louco. Principalmente com o tornozelo machucado.

–--
(Contado pela Savannah)
Tá, eu confesso que gostei de ouvir aquilo. Achei fofo, e me senti segura. Sua última frase fez brotar um sorriso em meus lábios. Em pouco tempo ficou tudo escuro, e a única iluminação vinha de dentro do carro, que estava silencioso como antes. Meu bumbum estava ficando dormente, o estômago dava sinais de fome, e eu queria esticar um pouco as pernas, tava cansada de ficar sentada.

– Cadê seu celular? – perguntei.
– Nem adianta. – disse ele. – Acabou a bateria.
– Não sei por que, mas acho que isso não foi por acaso.
– Tá pensando que planejei tudo?
– Talvez.
– Que motivos eu teria pra fazer isso?

Do jeito que ele é meio doido, não duvido que tenha mesmo planejado essa falta de gasolina e o descarregamento do celular. Tivemos que ficar presos na estrada, até que uma viatura se aproximou. Um policial se aproximou e bateu na janela do motorista, e o Tom abaixou o mesmo.

– O que fazem parados há essa hora, nessa estrada? – pergunta o policial, olhando pra nós dois.
– Acabou a gasolina do carro e a bateria do meu celular descarregou. – responde ele.
– Querem uma carona até em casa?
– Claro! – respondi.

O Tom saiu primeiro, e depois me ajudou. O carro ficaria ali no meio da estrada, até que o reboque aparecesse. Mais alguns minutos dentro da viatura, e chegamos em casa. Agradecemos aos policiais que foram simpáticos, e eles nos disseram para usarmos camisinha. Não entendi o que quiseram dizer com isso – mentira -, mas enfim...

Quando entramos na sala, o pessoal estava todo reunido ali, vendo televisão. A Bella foi a primeira a se levantar, e veio falar com a gente.

– Vocês demoraram, hein? – diz ela. – E o que houve com seu pé?
– Torci o tornozelo. – respondi.
– Como? – pergunta Gustav.
– Andando de skate. – disse.
– E quem foi o idiota que lhe deu um skate? – pergunta Bella, olhando pro Tom.
– Mas ela sabe andar, e manda muito bem! – Tom se defendeu.
– É melhor a levarmos pro quarto. – diz Beca.
–--
(Contado pelo Tom)

As meninas foram cuidadosas, e subiram as escadas com a Savannah. Me sentei ao lado do Bill, que não parava de me olhar. Em seguida o Gustav e o Georg também fizeram o mesmo. Achei estranho, e fui pra cozinha. Preparei um lanche, e fui levar lá no quarto da Savannah, que já estava sentada em sua cama, com a perna em cima de uma almofada.

– Trouxe um lanchinho. – disse, adentrando o quarto.
– Obrigada. – diz ela.
– Bom, nós vamos ver o que os meninos estão fazendo. – diz Beca, puxando a Bella.

Coloquei a bandeja ao lado da Savannah, para que pudesse ficar mais fácil dela pegar o lanche. Puxei a cadeira da escrivaninha, e me sentei ao lado da cama.

– Como está se sentindo?
– Por enquanto estou bem.
– Olha, pra você não precisar ter o trabalho de descer as escadas toda vez que sentir fome, pode me chamar, e lhe trarei o que for preciso.
– Já faz muito por mim, Tom. – ela sorri. – E não conseguirei ficar muito tempo nessa cama.
– Vai conseguir sim! Tem que se recuperar logo, para podermos sair novamente. – fiz uma pausa. - Vou... Vou lhe deixar descansar. – me levantei, coloquei a cadeira no lugar, e já ia saindo.
– Tom! – me virei. – Obrigada.

Assenti com a cabeça, e me retirei. Fui pro quarto, e depois pro banheiro. Tomei um banho um tanto demorado, pois estava precisando relaxar um pouco. Sai do banheiro, com uma toalha branca na cintura. Escolhi algumas roupas no closet, e me vesti.

–--
(Contado pelo Bill)
Quando o Georg contou que o Tom havia comprado um skate pra Savannah, e que os dois haviam saído juntos, algumas das suspeitas que eu tinha, começaram a aumentar. Ele é meio orgulhoso, e não vai admitir nada, até que algo realmente aconteça. Se as dúvidas e suspeitas fossem só minhas, mas a maioria do pessoal também acha isso.

– Já perceberam como o Tom é cuidadoso com a Savannah? – pergunta Bella.
– Tem razão. – disse. – Ele nunca foi assim com ninguém.
– Será que ele tá gostando dela? – diz Georg.
– Acho bem difícil. – diz Gustav. – O negócio do Tom é só diversão. Porque se interessaria pela Savannah?
– As pessoas mudam. – diz Beca.
– Tom é um caso perdido. – disse Georg.
– Ô Bill, porque você não conversa com ele, e tenta arrancar alguma confissão? – Bella sugeriu.

Aquela não era uma má idéia, mas se tratando de Tom Kaulitz, dificilmente eu conseguiria. Mas não custa nada tentar. Me levantei, e fui até seu quarto. Bati na porta e entrei.

– Tá fazendo o quê? – me joguei na cama.
– Nada. – respondeu, indo ao banheiro.
– Vai sair?
– Não. – pareceu ter derramado o vidro de perfume.
– Tá tomando banho de perfume é?
– O que você quer, hein? – retornou ao quarto.
– Vim te ver.
– Sei. – ele se sentou na cama. – Fala logo!

Eu não sabia como iniciar aquela conversa, por isso, fiquei algum tempo calado, e ele me olhava ansioso pra saber o motivo da minha “visita”.

– To esperando. – diz ele.
– Você sabe que... Pode confiar em mim, não é?
– Sim.
– Então quero que seja sincero comigo, e me conte a verdade.
– Que verdade?
– Sente alguma coisa pela Savannah?

Sua resposta não veio em seguida, e tirei minhas próprias conclusões.

– Eu sabia. – me sentei.
– Não! – respondeu.
– Tem certeza?
– Eu não sei. – gaguejou. – Gosto de conversar com ela, mas... Não sei se realmente sinto algo.
– Confie em mim. – ele suspirou.
– “Nunca” – riscou as aspas no ar. – gostei de ninguém, e talvez não saiba definir isso agora.
– Deveria tentar descobrir.
– Como? – pareceu interessado.
– Você é inteligente, e vai saber como fazer.

Me retirei do quarto, o deixando pensativo. Conhecendo o Tom como o conheço, sei que ele fará alguma coisa. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 15 - Truce.

Ele é só um garoto, eu sou só uma garota
Posso tornar isso ainda mais óbvio?
Nós estamos apaixonados
Você não ouviu como nós abalamos o mundo um do outro?

(Contado pela Savannah)

Estava ansiosa pro final de semana chegar o mais rápido possivel. Queria reencontrar o meu pai, saber como tinha passado esses dias sem mim, ouvir suas loucuras, sentir aquele abraço apertado que só ele sabe dar... Mas ainda era terça-feira, e as horas pareciam não querer passar. Enquanto pensava na possibilidade de começar a roer as minhas unhas, o Tom ficava com seus pensamentos maquiavélicos contra mim. Como eu sabia que ele poderia aprontar qualquer coisa, a qualquer momento, já estava preparada.

Era hora do café da manhã, todos reunidos em torno da mesa - como de costume -, a conversa rolava solta, os meninos faziam palhaçada. Resumindo, estavam todos relaxados, ou melhor, largados. Eu estava sentada ao lado do Tom, que naquele dia me tratava da melhor maneira possivel. Ele está sendo bonzinho demais, pro meu gosto. Mas entrarei no seu jogo. Pensava, enquanto lhe passava aquele sorriso falso. A empregada estava de folga – finalmente -, então deveríamos nos virar para fazer qualquer coisa.

– Vou pegar mais suco de laranja na geladeira. – disse. – Alguém quer?
– Pode deixar que eu pego pra você. – diz Tom. Todos se entreolharam.
– Obrigada, mas posso fazer isso sozinha.
– Que nada. – ele se levanta – Eu já estava indo lá mesmo.

Tá legal. Já que está insistindo tanto, não é? Continuei sentada, e olhei pra Bella. Ela também tinha certeza que ele aprontaria. A campainha tocou, e o Georg se levantou todo feliz, e foi atender. Estranho, muito estranho. Desde quando esses meninos gostam de atender a porta? O Tom colocou dois copos de suco ali na mesa, o meu e o da Bella. Em seguida pôs o dele e o do Bill. E com a cara mais sínica que eu poderia ter, disse:

– Quer trocar os copos? – perguntei a ele.
– Por quê? – perguntou, desconfiado.
– To apaixonada por você, e acho isso romântico. – Bella, Bill e Gustav, começaram a rir.
– Está se declarando pra mim?
– Ah, já estava na hora, não acha? Nos conhecemos há tanto tempo, e passamos por tantas coisas juntos.
– Prefiro ficar com o meu copo.
– Não seja tão frio, e troque comigo. – fiz as trocas, contra sua vontade.

Georg aparece com uma garota ao seu lado, e aquele enorme sorriso que ia de orelha a orelha.

– Pessoal – diz ele. -, está é a Rebeca, minha namorada.
– Um minuto de silêncio pra essa alma que está perdida e não sabe em que enrascada está entrando, por namorar o Georg. – diz Gustav.
– Ah, não deve ser tão ruim assim. – diz Bella.

Obviamente nós fomos educados e a cumprimentamos. O Tom aproveitou o momento em que abracei a Rebeca, e destrocou os copos. Porque será que ele acha que eu não vi? Todos já estavam de volta à mesa, e agora com mais uma pra completar o “time”.

– Querido, porque destrocou nossos copos? – fui sínica novamente.
– Não fiz nada. – diz Tom.
– Achou mesmo que eu não vi? – emburrado, ele fez a troca. – Agora beba.
– O quê? – todos em silêncio, esperando algo.
– Tá surdo? – perguntei. – Beba o suco.
– Perdi a sede.
– Se você não beber, começarei a pensar que tem algo ai dentro.
– Não tem nada. – começava a ficar nervoso.
– Então beba e me dê essa prova.

Sua mão estava tremendo, mas ele bebeu tudo. No fundo, até que senti um pouco de pena. Que garoto mais burro! Precisava ser tão simpático comigo, antes de aprontar? Ele se levantou, e foi correndo pro banheiro. É mesmo necessário dizer o que tinha dentro do suco?

– Como sabia que ele colocaria algo dentro da sua bebida? – pergunta Gustav.
– Pra começar, o Tom estava sendo legal demais. E vocês são preguiçosos o suficiente pra eu saber que não se levantariam para pegar qualquer coisa. – respondi.
– Já disse que quero morrer sendo sua amiga? – diz Bella.
– O Tom foi muito burro. – disse Bill.
– Concordo. – diz Georg. – Ele não sabe fazer as coisas direito. Deveria pensar antes, e depois agir.

MAIS TARDE...
A namorada do Georg é muito engraçada, e um tanto maluca, mas é bem divertida e simples. Às vezes fico imaginando se ela sabe mesmo que o namorado é baixista de uma banda famosa. Ela age tão naturalmente, e tem cara de tarada. Mal começamos a conversar, e já parecíamos tipo... Amigas de infância. Acho que era disso que eu estava precisando. Alguém pra poder conversar.

Bella teve que sair pra visitar alguém, o Gustav se enfiou dentro do quarto, Bill ficou assistindo filme, Georg e Tom pegaram o carro e saíram juntos. Rebeca e eu fomos até área da piscina, e ficamos sentadas nas espreguiçadeiras.

– O Georg me contou que você é casada com o Bill. – diz ela. – Mas parecia tão distante dele.
– Esse casamento é uma mentira. – respondi. – Isso só está servindo pra eu conseguir meu visto de permanência.
– Então você não gosta do Bill?
– Não. – eu ri. – Ele é uma pessoa bem legal, e tem namorada.
– Se não tivesse, você assumiria gostar dele?
– Não! No momento não posso pensar em gostar de alguém. Tenho coisas mais importantes a me preocupar.

E eu realmente tinha mesmo, o meu pai era a principal delas. Pensar em qualquer tipo de relacionamento, me deixava com uma pontinha de culpa. Sei lá, acho que devo cuidar dele primeiro, e depois de mim. Só ficarei tranqüila, quando essa cirurgia acabar, e o médico dizer que foi um sucesso.

MINUTOS DEPOIS...

A casa estava silenciosa, e o Bill continuava assistindo filme. Rebeca e eu, nos juntamos a ele. Como havíamos pegado o filme pela metade, não entendi nada, e seria uma surpresa se tivesse entendido. O Georg chegou, e disse que o Tom estava lá fora, e queria falar comigo. Será que está aprontando de novo? Me levantei e fui. Ele estava encostado ao seu carro, e com um skate em mãos.

– Encontrei isso caído ali no portão de entrada. – diz ele. – Tomei a liberdade de abrir o cartãozinho, e é pra você.
– Você não fez isso?! – sorri.
– Foi sem querer.
– To falando do skate. – me aproximei.
– Ah, você falou que queria um.
– Você é doido ou o quê?
– Ou o quê. – nós rimos. – Conheço uma pista muito louca, tá a fim de ir?
– Um-hum.

Entramos no carro, e não demorou muito até chegarmos a tal pista. Havia vários skatistas, e todos eles eram realmente bons. Cada manobra me deixava de boca aberta. Vi até um garotinho que aparentava ter seis anos. Ele arrebentava.

– Disse que sabia andar, agora vai ter que provar. – disse Tom.
– E você?
– Prefiro ficar só olhando.

–--
(Contado pelo Tom)

E não é que ela sabia mesmo andar de skate? Fiquei surpreso, e o mais incrível, ela era a única garota no meio de tantos marmanjos. Aquele bando de homens praticamente babando em cada manobra que ela fazia. Tive que aplaudi-la, como muitos fizeram.

– Ah, não precisa ficar aplaudindo. – disse ela. – Sei que sou boa nisso.
– Modesta, hein? – nós rimos.

Um garotinho veio correndo até nós, em suas mãos havia papel e caneta.

– Me dá um autógrafo? – pergunta ele.
– Claro! – disse todo feliz, e pegando a caneta.
– Você não! – ele toma a caneta de minha mão. – Quero um autógrafo dela.

Foi a primeira vez que me senti “normal”. Ninguém ali daquela pista de skate sabia quem eu era. Deveria me sentir mal por isso, mas fiquei feliz. Savannah foi dar mais uma voltinha, enquanto eu ficava conversando com um rapaz que estava ali por perto. Tudo ia perfeitamente bem, até alguém cair. Olhei de relance pra pista, e notei que era ela. Meu primeiro instinto foi correr até lá, pra tentar socorrê-la. Na queda, a Savannah torceu o tornozelo. Sei que a dor deveria estar sendo terrível, pois seus olhos estavam marejados de lágrimas.

– Calma. – lhe disse. – Te levarei pro hospital.
– Com cuidado. – ela chorava um pouco. – Está doendo muito!

A peguei no colo, e a levei até meu carro. No meio daquele desespero, nem voltei pra pegar o skate. Só sei que dei partida, e tentei chegar o mais rápido possivel, no hospital mais próximo. Não era o melhor hospital, mas tinha um bom atendimento. E como a Savannah tinha apenas torcido o tornozelo, ela teria que ficar usando uma daquelas botas ortopédicas imobilizadoras, por mais ou menos uma semana. Se fosse preciso, usaria mais tempo.

Paguei a consulta e tudo necessário... Me senti um tanto mal, ao vê-la sair daquela sala, usando a bota e muletas. De certa forma, a culpa foi minha. Se eu não tivesse levado aquele skate, nada disso teria acontecido.

DENTRO DO CARRO, EM FRENTE AO HOSPITAL...

– Ficaremos aqui parados? – pergunta ela.
– Me desculpa. – disse, com a cabeça baixa e sem olhá-la.
– Pelo quê?
– Não deveria ter te dado aquele skate. – a olhei.
– Você não está se culpando, não é?
– Mas a culpa foi minha!
– Não, você não teve nada a ver com isso! O erro foi meu.
– Se eu não tivesse comprado aquele maldito skate, você não estaria assim agora. – ela sorriu.
– Se você não tivesse comprado, eu não teria me divertido tanto.

Ficamos em silêncio.

– O que acha que pararmos com essa nossa “guerrinha” infantil, e agirmos como adultos? – diz ela.
– Está pedindo trégua?
– Um-hum. – fez uma pausa. – Não gosto de ter que planejar coisas contra você, e muito menos vê-lo se dar mal sempre.
– Também não gosto de fazer isso com você.
– Então... Acabou?
– Sim. – dei um meio sorriso.

Girei a chave, e dei partida novamente. Fomos pra casa. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 14 - I'm ready to face anything that comes from Tom.

(Contado pelo Bill)
Sim, achei que o Tom ficou com um pouquinho de raiva por eu ter levado a Savannah para procurar o médico, em seu lugar. Não era minha intenção causar isto, mas se fiz, acho que devo pedir desculpas.

Bati na porta do seu quarto, em seguida abri a mesma. Olhei, e ele estava sentado em sua cama, tocando violão.

– Posso entrar? – perguntei, já entrando.
– Já está dentro. – diz ele, sem me olhar.
– Você... Ficou com raiva por eu ter saído com a Savannah? – me sentei numa poltrona.
– Não faria sentido algum, eu ter ciúmes. – me olhou.
– Não disse ciúmes. – fiquei desconfiado.
– Disse sim.
– Eu sei o que falei, e com certeza não foi ciúmes.
– Deve ter saído quando você nem percebeu.
– Está com ciúmes?
– Claro que não! – colocou o violão de lado. – Porque eu teria ciúmes?
– Às pessoas sentem isso, quando gostam de outras.
– Mal conheço a Savannah. – ele se deita. – Não fiquei com ciúmes, e nem com raiva.
– Mas pareceu.
– Que droga! – ele gritou, e se sentou. – Já disse que não fiquei, e pronto! É tão difícil entender, ou quer que eu soletre?
– Calma! Se você está dizendo, acreditarei.
– Obrigado.

O deixei sozinho, e fui até a sala. A Bella estava conversando com a Savannah, e deveria ser algo engraçado, por que as duas riam. A campainha tocou, a empregada foi atender, e a Beth apareceu. As risadas das meninas cessaram, e logo elas deram um jeitinho de escapulir.

– Sentiu minha falta? – pergunta Beth, vindo me abraçar.
– Muita. – respondi, e lhe dei um selinho.
– Desculpa por não ter vindo antes, é que as filmagens estavam chegando ao fim. – segurou em minha mão, e nos sentamos no sofá.
– Sem problemas.
– Tenho uma novidade. – ela sorria.
– Qual?
– Fui chamada pra fazer outro teste.
– Que legal. – fiquei feliz por ela. – Boa sorte.

A alegria estava estampada em seu rosto. Sei que pode parecer estranho, mas a Beth já não está mais fazendo tanta falta quanto fazia no inicio do nosso namoro. Pra mim, tanto faz ela estar ou não perto.

– O papai perguntou novamente quando marcaremos a data do casamento.
– Casamento?! – perguntei, surpreso.
– Porque a surpresa? Já deveríamos estar falando sobre isso, não acha?
– Não! Quero dizer... Não sei.
– Estamos juntos há dois anos, e você ainda tem dúvidas?
– É que... – fiquei sem jeito. – Beth, ainda somos jovens e temos muita coisa pra aproveitar.
– Quero aproveitar minha vida, ao seu lado.

O quê que eu digo? Se ela descobrir que estou casado com a Savannah, ficará chateada, e é bem capaz de sair espalhando isso pela mídia.

– Olha... Eu acho que deveríamos esperar um pouco mais.
– Bill Kaulitz, você está tentando me enrolar? – ela me encarava.
– Só quero que as coisas aconteçam com calma.
– Estou esperando há dois anos! Não dá pra ter mais calma!
– Beth, não posso me casar forçado!
– Então quando você resolver alguma coisa, me liga.

Ela se levantou, pegou sua bolsa e foi embora. Continuei ali sentado, até que o Georg apareceu.

– O que foi? – pergunta ele, se sentando no outro sofá, e comendo batata frita.
– A Beth quer se casar. – disse.
– Sério? E você?
– Eu o quê?
– Você também quer se casar? – ele riu. – Ou melhor, você quer se casar de novo?
– Idiota. – lhe joguei uma almofada. – Tô falando sério! Ela quer se casar, mas eu não!
– Porque não diz isso a ela?
– E magoá-la? Até parece que você não a conhece.
– Esperai. – ele parou de comer. – Há algumas semanas atrás, você queria se casar com ela. Mudou de idéia por quê?
– Acho que pensei melhor.
– Sei. – voltou a comer. – Aposto que tem outra garota na jogada, não é?
– Não tem garota nenhuma! Eu que não quero me casar cedo, e ter que conviver com a Beth “pro resto da vida”
– Divórcio existe pra salvar as pessoas.
– Pessoas me conhecem por saberem que acredito no verdadeiro amor. O que elas diriam, se eu me casasse e pouco tempo depois aparecesse divorciado?
– E daí? A vida é sua!
– Concordo, mas não é bem desse jeito que as coisas devem acontecer. Disse que iria me casar, mas só quando realmente encontrasse a pessoa certa. E a Beth não é essa pessoa.

Pois é, por mais tempo que eu tenha passado ao lado da Beth, ela ainda não parecia ser a garota certa pra mim. Pelo menos até agora não demonstrou ser essa garota.

–--
(Contado pela Savannah)

O relógio marcava mais ou menos 15h32, quando resolvi conhecer um pouco melhor os cômodos daquela casa. Como de “costume”, o Scotty me acompanhava. Não sei, mas acho que esse cachorro tá apaixonado, só pode. Aonde vou, ele vai atrás. Isso às vezes me dá agonia.

Passávamos por um daqueles corredores, e nos deparamos com a academia. O teto e as paredes eram de vidro, pra dar iluminação natural a local. Quem estava malhando? Tom Kaulitz, com sua regata branca, e suada. Aqueles braços fortes levantando peso, e fazendo com que o suor descesse por seu rosto. Alguém ai me empresta um lenço de papel, pra eu poder enxugar a baba?

Por mais que eu quisesse desviar os meus olhos daquilo que mais parecia uma miragem, não estava conseguindo. Era mais forte do que eu, era como um ímã. Foi ai que a Bella me assustou com a sua aparição repentina com aquele quase sussurro em meu ouvido, e me “salvou”.

– Você precisa vê-lo nadando. – disse ela, e me virei assustada.
– Nossa! Que susto. – ela riu.
– Desculpa. Você estava concentrada, não é? – foi irônica.
– Concentrada em quê?
– Em admirar o Tom.
– Eu... – gaguejava. – Não estava admirando.
– Um-hum. Mais um segundo, e a baba começaria a escorrer.

Fiquei sem graça.

– É muito bom ficar olhando-o. Mas é melhor ainda, sentir o cheiro. É incrível como ele consegue ficar cheiroso mesmo após malhar.
– Você... Já fez isso?
– Algumas vezes. – ela sorriu.

Bella se retirou, e continuei parada. Sinceramente, achei meio nojento ela dizer que sentiu o cheiro do suor dele. Mas... Bateu um pouquinho de curiosidade. Ah, sou um ser humano! Sou fraca!

– Savannah? – me virei. – Tá fazendo o quê aqui? – pergunta Tom.
– Estava dando umas voltas. – respondi.
– Sei.
– O quê é? Eu não estava vendo você malhar, se é isso que tá pensando! – ele riu.
– Bem, eu não estava pensando. Mas depois que você falou...
– Convencido! – o interrompi. – Porque eu perderia meu tempo, olhando você? Tenho coisas mais importantes pra olhar.

Segui o meu caminho pelo corredor.

–--
(Contado pelo Tom)
E depois as pessoas ainda dizem que eu sou maluco. Mas aposto que a Savannah estava mesmo me olhando. Quem resiste a esse corpinho sarado? Até eu me invejo, ao me olhar no espelho – exagerei. Enfim, fui pro meu quarto, pra tomar um banho, e depois me juntar com o pessoal. Fiz o mesmo processo de sempre. Separei minha roupa em cima da cama, tomei o banho direitinho, passei o desodorante, me arrumei, passei perfume, e desci até a sala.

Me sentei ao lado do Bill. A Bella estava num outro sofá, novamente lendo seu livro. Gustav e Georg estavam sentados no chão, jogando vídeo game. E a Savannah não se encontrava ali naquele “bolo”.

Em pouco tempo, senti uma leve agonia, como se algum inseto tivesse acabado de me picar. Dei uma básica coçada, o que não adiantou. O incomodo foi ficando cada vez pior.

– O que foi, Tom. – pergunta Bill. – Tá com algum problema ai?
– Não sei. – respondi, enquanto coçava a perna.
– Pára de se coçar, garoto! – disse Bella. – Isso está me induzindo a fazer o mesmo. – ela coçou o braço.
– Não consigo! – continuei coçando.

A Savannah apareceu, e se sentou no braço do sofá que a Bella estava.

– Está com alergia, Tom? – pergunta ela.
– Acho que sim. Mas não sei do quê. – a coceira continuava, cada vez mais.
– Talvez alguém tenha colocado, por engano ou propositalmente, pó de mico nas suas roupas. – disse ela, na maior naturalidade.
– O quê? – cocei o pescoço. – Você não... – os meninos começaram a rir.
– Ops! – ela colocou a mão na boca. – Acho que fui eu.

Me levantei correndo, e fui novamente pro banheiro, pra tentar impedir aquela coceira, com um novo banho.

–--
(Contado pela Savannah)
– Colocou mesmo o pó de mico nas roupas dele? – pergunta Georg.
– Sim. – respondi, e fui me sentar ao lado do Bill.
– Cara, eu quero morrer sendo seu amigo. – disse Gustav.
– Não fale assim. – disse. – Só fiz isso, porque ele começou.
– E... Sobrou um pouquinho desse pó ainda? – pergunta Bill.
– Se quiser aprontar pra alguém, é melhor que compre um pra você. Não quero me meter em mais confusões. O Tom é o suficiente pra mim.
– Agora sim essa “guerrinha” de vocês ficará mais séria. – diz Bella.
– Estou pronta pra enfrentar qualquer coisa que venha do Tom. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 13 - If this jealousy, it can be?

(Contado pela Savannah)
Quando os meninos terminaram de assistir o filme, foi cada qual pro seu quarto. A coitadinha da empregada, teve de ir limpar toda a sala de cinema, sozinha. Fiquei com pena dela, e me ofereci para ajudá-la.

– Senhorita, se os patrões a vêem fazendo isso, eles vão reclamar tanto.
– Não to nem ai pro que os meninos vão falar. – disse, pegando a vassoura de sua mão. – E já disse pra não me chamar de senhorita.

Ficamos algumas poucas horas deixando tudo nos conformes. Aproveitamos pra conversar, e pude conhecê-la um pouco mais. Descobri que a Rute não é simplesmente uma empregada, mas é também mãe de três garotas. Ela é uma mulher com vários sonhos que não foram realizados, e isso a faz ter força de vontade para que um dia, eles se realizem.

– Tenha uma boa noite. – diz Rute.
– Obrigada. – respondi. – Você também.

Fui pro quarto, e fechei a porta. Estava um tanto cansada, e com preguiça de ir tomar banho. Mas criei coragem, e relaxei por alguns minutos na banheira com aquela água quentinha. Vesti um pijama verde claro, e me sentei na cama. Peguei o livro que estava na mesinha de cabeceira, e comecei a ler. Ouço baterem na porta, e tive que me levantar pra ir ver quem era.

– Estava dormindo? – pergunta Tom.
– Não.
– Você... Está bem?

Achei meio estranho esse negócio dele ter vindo até aqui só pra perguntar se eu estava bem.

– Sim. – disse. – Por quê?
– Nada. – um sorrisinho leve surgiu em seus lábios. – Só queria saber.
– Um-hum.
– Então... Boa noite.
– Pra você também.

Ele ia se retirando, e eu estava pronta pra fechar a porta. Mas o Tom volta.

– Na verdade... Eu queria saber por que você estava chorando. Fiquei... Preocupado.
– Estou bem. Não precisa se preocupar, mas... Obrigada.
– Tem certeza que está bem mesmo?
– Tenho. – fiz uma pausa. – E não fique pensando que essa sua preocupação irá aliviar alguma coisa, porque eu não esqueci o que você fez com a minha blusa. – ele riu.
– Vou ficar esperando pela sua vingança.
– É bom mesmo.

Mais uma vez me desejou boa noite, e se retirou. Fechei a porta, e fiquei escorada na mesma. Comecei a rir. Caminhei em direção à cama, e me deitei. Apaguei o abajur, e nem notei quando peguei no sono.

Acordei na manhã seguinte, com a bela melodia dos passarinhos. Estava meio frio, e aquilo me fazia ter vontade de ficar ali na cama, enrolada no cobertor. Me espreguicei, e me levantei. Fui até a varanda, e respirei o ar puro. Depois voltei, e fui pro banheiro, onde fiz toda minha higiene matinal.

Coloquei uma roupa confortável e bem quentinha. Desci pro café da manhã, e não havia muita gente lá na cozinha, apenas o Bill, Gustav e Bella. Os outros dois eu não sabia onde estavam.

– Bom dia. – disse.
– Bom dia. – responderam em uníssono.

Me sentei ao lado do Gustav, e a Rute logo veio me servir. Não demorou muito até uma conversa surgir.

– Onde está o Georg, hein? – pergunta Bella.
– Acho que ele saiu com alguém. – responde Gustav.
– Será alguma garota? – diz Bill.
– Não faço idéia. – diz Gustav. – Mas é bem provável.
– O que vão fazer hoje? – diz Bella.
– O meu dia está completamente livre. – disse Bill, tomando um pouco do seu suco.
– Vou dar umas voltas pela cidade, e aproveitar pra visitar alguns antigos amigos. – disse Gustav.
– E você, Savannah? – pergunta Bill.
– Eu... Não farei nada.

Após terminarmos o café da manhã, fui até a área da piscina, e me sentei numa das espreguiçadeiras. Essa casa fica muito silenciosa sem a presença do Tom, e confesso que ele faz falta. Como eu não queria ficar muito tempo ali sentada, resolvi dar umas voltas pela propriedade. Chamei o Scotty, e ele veio comigo. Caminhamos por vários lugares, e acabei encontrando um pequeno jardim.

– Nossa, como vocês estão feinhas, hein? – me agachei, para observar melhor.

Quase todas as flores estavam mortas. Uma ou outra lutava pela sobrevivência, a terra estava muito seca. Resumindo, aquilo estava aos poucos, perdendo seu charme e vida. Scotty pareceu também ter ficado triste com aquela cena, e descarregou sua urina na terra.

– Pelo menos tá tentando ajudar, não é? – disse a ele.

Eu queria fazer alguma coisa por aquele jardim, e essa era mais uma coisa que eu havia colocado em mente. Não iria descansar, enquanto não visse todas aquelas flores vivas e lindas, novamente. De volta à casa, me sentei no sofá da sala, e fiquei pensando na vida.

– Como está se sentindo? – pergunta Bill, se sentado ao meu lado.
– Melhor que ontem. – lhe respondi, sorrindo.
– Que bom. – retribuiu ao meu sorriso. – E deve continuar assim.
– Farei o possivel.
– É... Eu sei que você faria isso com o Tom, mas ele não está aqui, então... O que acha de sairmos pra procurar um médico pro seu pai?

Não sabia que o Bill era assim. Se eu fosse esperar pelo Tom, talvez não conseguisse um médico por tão cedo.

– Tá legal. – disse. – Mas você não vai sair com a Beth?
– Ela está ocupada demais, com alguns compromissos. – respondeu. – E não quero ficar em casa, olhando pro teto.

Subi até o quarto, e me troquei. Em seguida, encontrei o Bill lá na garagem, passando um paninho branco no capô de seu luxuoso carro. Fiquei até meio sem graça por entrar no mesmo. O carro era tão bonito e bem conservado, que até tinha cheirinho de novo.

Rodamos por várias ruas de LA. Passamos em diversas clinicas, e pelo que me parecia, eram boas o suficiente para realizar a cirurgia do meu pai. Apesar de não ter tanta “intimidade” com o Bill, ele está sendo um bom amigo.

–--
(Contado pelo Tom)
O Bill havia me dito que a Savannah tinha chorado, e como ela não quis me dizer o motivo, deduzi que fosse pelo seu pai. Assim que acordei, fiz minha higiene matinal, e mal tomei o café da manhã. Peguei a chave do carro, e iniciei a busca por um médico. Não contei nada pra ela, e nem a chamei para vir junto, pois ainda estava dormindo, e não quis incomodá-la.

Fiquei quatro horas e meia, procurando o tal médico. Não sou muito bom nesse tipo de coisa, então tive que pedir a ajuda de um amigo.

– Não posso te dizer pra quem é esse médico. – disse. – Mas é caso de vida ou morte!
– Tem a ver com os meninos da banda?
– Não. – respondi. – Não tem nada a ver com ninguém da minha família. Esse médico é pro pai de uma amiga.
– Sei. Amiga.
– Vai me ajudar ou não?

Consegui o telefone e endereço da melhor clinica de Los Angeles. Fui até lá, e conversei com um dos melhores médicos. Ele me explicou várias coisas, que não entendi metade. Só sei que deixei tudo certo. A cirurgia do pai da Savannah, seria realizada no próximo fim de semana. Eu só teria que avisá-la.

Cheguei em casa, e encontrei a Bella, sentada no sofá da sala, lendo um livro qualquer. Me sentei numa poltrona, ou melhor, me esparramei. Estava cansado demais.

– Por onde andou? – pergunta ela, fechando seu livro, e o colocando ao seu lado.
– Fui resolver algumas coisas. – respondi.
– Que coisas?
– Deixa de ser curiosa, garota. Isso não é da sua conta. – ela riu. – Onde está todo mundo?
– Gustav está no quarto. O Georg saiu com alguém, e até agora não voltou. O Bill saiu com a Savannah.

Acho que não ouvi direito.

– O Bill... Saiu com a Savannah? – me ajeitei no assento.
– Sim. – diz Bella. – E também já faz algum tempinho. – ela olha pro relógio de pulso.
– Sabe pra onde eles foram?
– Se eu não me engano, eles foram atrás de... Acho que de um médico.
– Um médio?!
– Um-hum.

Fiquei calado por alguns instantes. Pensei que ela estivesse atrás da minha ajuda, e não a do Bill.

– Bom, vou tomar um banho. – me levantei.
– Tá precisando mesmo. – diz Bella.
– Olha só quem fala.

Subi pro quarto, e tomei aquele banho. Depois desci até a cozinha, pra fazer um lanche. O Bill e a Savannah chegaram, alguns minutos depois. Os dois entraram na cozinha, rindo. Pareciam ter se divertido muito.

– Estavam passeando? – perguntei.
– Fomos procurar um médico pro pai da Savannah. – diz Bill, se sentando à minha frente.
– Que bom. – disse.
– Não vai ficar com raiva, não é? – pergunta Savannah, se sentando na cadeira ao lado.
– Claro que não. – respondi. – Até porque – me levantei. -, eu também sai à procura de um médico, e a cirurgia do seu pai já está marcada pra semana que vem. – me retirei.

A Savannah veio atrás de mim.

– Está brincando comigo, não é? – pergunta ela, com um enorme sorriso nos lábios.
– Não, não é brincadeira. – disse. – Conversei com um médico, e ele disse que fará a cirurgia.
– Mas... Eu deveria... Estar junto. Pra saber como ficaria...
– A parte financeira? – a interrompi.
– É.
– Vou arcar com todas as despesas necessárias pro seu pai ficar bem. – chegamos à área da piscina.
– O quê? – pareceu surpresa. – Não! Não, Tom. Isso não tá certo.
– Porque não?
– Por que... Porque é a minha obrigação fazer isso. – fiquei de frente pra ela.
– Savannah... Eu não sei se fiz uma promessa, ou qualquer coisa do tipo. Mas eu disse que te ajudaria. Só estou cumprindo com a minha palavra.
– Você não poderia ter feito isso. – fez uma breve pausa. – Já estou dando trabalho, em morar aqui.
– Não é trabalho algum.
– Obrigada. – seus olhos estavam cheios de lágrimas. – Eu sei que isso é muito pouco, mas é o que posso fazer no momento.
– Deixe de bobagem.

Porque eu ficaria com raiva por ela ter ido com o Bill? Se a Savannah combinou comigo, e resolveu mudar de idéia, não tenho porque ter raiva. E além do mais, acho que eles devem se conhecer melhor mesmo. Não vou me importar com isso, até parece. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 12 - I miss you.

(Contado pela Savannah)

Bem, o Tom havia dito que não foi ele. Então quem foi? Minhas roupas não podem ter desaparecido assim, do nada! Mas se eu descobrir que foi mesmo ele, ah eu vou me vingar. Aonde já se viu, dar um sumiço na roupa dos outros, e ficar por isso mesmo?

Coloquei uma roupa bem confortável, e desci até a sala. Todos estavam na área da piscina, conversando. Fui me juntar a eles, e me sentei ao lado da Bella, numa espreguiçadeira. Ela estava usando um short jeans, e um biquíni rosa de bolinhas brancas. Georg estava numa espreguiçadeira ao lado, deitado. O Bill e Gustav se encontravam sentados à beira da piscina, com os pés dentro da mesma. Apenas o Tom não estava ali.

– Já fez as pazes com o Tom? – pergunta Bella.
– Um-hum. – respondi. – Mas acho que será temporariamente.
– Por quê? – pergunta Georg.
– Ele deve estar planejando alguma coisa. – disse.
– O Tom não é tão vingativo assim. – diz Bill.
– Mas é melhor eu ficar prevenida pra qualquer coisa.

Naquele instante, o Scotty veio até mim, para que eu pudesse acariciar seus pêlos. O cachorro estava usando uma blusa na cor azul. Achei tão fofo.

– Quem colocou essa roupa no Scotty? – pergunta Gustav.
– Deve ter sido o Tom. – responde Bella. – Ele é o único que meche nesse cachorro.

Deve ter sido quem? Porque será que estou com uma pequena pulga atrás da orelha?

– Engraçado. – disse.
– O quê é engraçado? – pergunta Bill.
– Eu acho que já vi essa blusa em algum lugar. – respondi.

Miserável! Filho da mãe! Cretino! Mentiroso! Vou acabar com a raça do Tom! Pensei. Me levantei furiosa, e fui a procura dele. Rodei a casa praticamente inteira, procurei em quase todos os cômodos, e o encontrei na biblioteca.

– E ai, tudo bem? – diz ele.
– Não vem com essa pra cima de mim, seu mentiroso! – disse, e me aproximei.
– O quê foi que eu fiz desta vez?
– Vestiu a minha blusa no cachorro?! – quase gritei. Ele começou a rir.
– O Scotty ficou sexy, não acha? – ele se sentou no sofá, e continuou rindo.
– Acho que eu deveria te matar! – Tom se levantou, ficou de frente pra mim, e me encarou.
– Isso, foi por ter feito aquela desgraça no meu rosto. – me olhava nos olhos, e tentava me intimidar. – Se continuar mexendo comigo, será bem pior.
– Está me ameaçando, Kaulitz? – ele cruzou os braços.
– Entenda como quiser.
– Devo entender que essa “briga” – risquei as aspas no ar. -, está começando agora.
– Perfeito, porque estou louco para me divertir. – deu um meio sorriso.
– Quer um conselho? – fiz uma pausa. – Da próxima vez que quiser aprontar qualquer coisa pra cima de mim, peça ajuda. Você realmente não é bom nesse tipo de coisa.
– Quer apostar que sou?
– Não preciso apostar nada. Suas atitudes falam por você. – ele riu.
– Que vença o melhor.
– Isso não é um jogo, mas te ensinarei a NUNCA mexer no guarda-roupa de uma garota.

Lhe dei as costas, e retornei à piscina. Bill já havia tirado a minha blusa do Scotty, e pediu à empregada que lavasse. Novamente me sentei ao lado da Bella, minha mente só conseguia pensar em uma maneira para dar uma boa lição no Tom.

– Savannah? – Bella estalava os dedos. – Hello? Tem alguém ai?!
– Desculpa. – disse. – Estava distraída.
– No que pensava? – pergunta Georg.
– Nada de interessante. – respondi.

Por enquanto não é interessante, mas não demorarei muito a encontrar uma solução.

–--
(Contado pelo Bill)
Já era noite, quando estávamos todos reunidos ali na sala de cinema, assistindo a um filme de terror. Havia muita pipoca, refrigerante, algumas guloseimas, e o tão famoso brigadeiro de panela da Savannah. Georg, Gustav e Bella, estavam sentados na fileira de trás. Os três sempre sentam juntos, para nos tirar atenção. Savannah estava entre mim e o Tom. Dava pra notar claramente o quão tímida ela estava, mas tentava disfarçar, e fazia isso muito bem.

A Bella começou a jogar pipoca, e obviamente revidávamos. Se me perguntarem qualquer coisa sobre o filme, não saberei responder. Não consegui prestar atenção, graças à guerra de pipoca. Num momento, a Savannah se levantou, e saiu da sala. Continuamos ali, nos divertindo.

– Coitada da Rute. – disse Gustav. – Ela vai ter o maior trabalho pra limpar essa sala.
– Ela está sendo paga pra isso. – disse Tom.
– Deixa de ser tão mal, garoto! – diz Bella, lhe jogando várias pipocas na cara.
– Cadê a Savannah? – pergunta Georg.

Ninguém sabia, e ninguém se ofereceu para ir procurá-la.

– Manda o Bill. –disse Bella.
– Porque eu?
– Você é o marido dela. – diz Georg. – Vai logo!

Me levantei, insatisfeito, e sai da sala.

– Isso não é justo. – dizia a mim mesmo. – O Tom é mais amigo dela do que eu! Ele quem deveria procurá-la!

A procurei, mas não estava conseguindo encontrar. Mais um minuto que se passasse, e ela não aparecesse, eu iria desistir. Foi quando passei em frente a uma das varandas, e a vi. Savannah estava sentada no chão, abraçava suas próprias pernas, e parecia estar chorando. Abri a porta de vidro, e ela imediatamente enxugou o rosto e se levantou.

– Está tudo bem? – perguntei.
– Um-hum. – respondeu, e mais uma vez passou a mão no rosto.
– Estava chorando?
– Não.
– Então o vento passou e caiu um cisco no seu olho? – fui irônico, e ela ficou calada. – Olha, eu sei que não somos tão próximos assim, mas... – coloquei as mãos nos bolsos. – Se quiser ou precisar, pode desabafar.

Ela continuou calada. Em seguida fez uma carinha de choro, e escondeu o rosto com as mãos. Eu não sabia o motivo daquelas lágrimas, e talvez nem devesse saber. Só sei que algo dentro de mim, me dizia para abraçá-la. Me aproximei com um pouco de receio, e a abracei. Savannah continuou chorando, e me abraçou forte.

– Vai me contar porque estava chorando? – perguntei, após nos afastarmos.
– Estou preocupada com meu pai. – disse ela.
– É normal sentir saudades e preocupações de pessoas que amamos. – mais uma vez coloquei as mãos nos bolsos. – Ele deve estar bem.
– Este é o problema! Não sei se ele está mesmo bem.
– Se você ficar pensando que as coisas estão ruins, elas realmente ficarão ruins. Deveria tentar tirar isso da mente, e se divertir um pouco.
– Não consigo. – colocou uma mecha de seu cabelo, atrás da orelha. – Já tentei me distrair, mas toda vez que imagino que ele pode entrar na sala de cirurgia e não voltar mais... – recomeçou a chorar.
– Isso não irá acontecer. – ergui seu queixo, e a olhei nos olhos. – Ficará tudo bem.

–--
(Contado pelo Tom)
Os dois estavam demorando tanto, que acabei indo atrás deles. No meio do caminho, encontrei o Scotty, que me acompanhou.

– Onde será que esses dois se meteram, hein? – me perguntava.

Não demorei muito tempo para achá-los, e os encontrei abraçados. Eu não queria interromper aquele momento, mas precisava. E se a Beth descobre que o Bill anda abraçando outra garota que não seja ela, a coisa vai ficar feia. Como a porta da varanda estava aberta, pigarreei para que pudessem notar minha presença. Eles se afastaram.

– Você demorou, e a Bella pediu que eu viesse te procurar. – disse ao Bill.
– Já estávamos indo. – diz ele.

Savannah passa por mim, e quando o Bill também iria fazer isso, o segurei pelo braço.

– Sabe que se a Beth visse você abraçando-a, ela ficaria furiosa com você, não é?
– A Savannah estava chorando. – ele se desvencilha. – E eu só quis dar um apoio.
– Porque ela chorava?
– Não sei. Pergunte a ela.

Ele se retirou. Se a Savannah saiu da sala de cinema para que ninguém a visse chorar, o quê que o Bill tinha de “dar apoio”?

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 11 - I'll keep an eye on you!

(Contado pela 3º pessoa)

Na tarde daquele mesmo dia, Savannah sentiu fome, e foi até a cozinha. A empregada estava sentada numa das cadeiras, lendo uma revista.

– A senhorita deseja algo?
– Gostaria que não me chamasse de senhorita, mas de Savannah. – fez uma pausa. – Poderia me ajudar a fazer brigadeiro?
– Brigadeiro? – a empregada coloca a revista em cima da mesma, e se levanta. – Gosta de comer doces?
– Adoro. E sou um tanto viciada em brigadeiro, entende?
– Sim. – as duas riem.

A simpática empregada foi até a dispensa e pegou todos os ingredientes necessários para fazer o brigadeiro. Retornou à cozinha, e em pouco tempo já estava preparando o mesmo.

– Não deveria estragar a sua dieta, comendo doces. – diz a empregada.
– Dieta? – Savannah ri. – Não, eu não sou do tipo que faz dietas. Muito pelo contrário, a coisa que mais gosto de fazer, é comer.
– Então você malha pra ter esse corpinho?
– Que nada. Não engordo de pura ruindade, pelo menos é o que o meu pai diz.
– Gostei de você, sabia?
– Ah, obrigada. – Savannah coloca uma mecha do seu cabelo, atrás da orelha.

O cheirinho do brigadeiro já estava tomando conta da cozinha, e não demoraria muito para alcançar outros cômodos da casa.

– Que cheirinho bom é esse? – pergunta Bella, chegando à cozinha.
– Brigadeiro. – responde Savannah.
– Opa! Brigadeiro é comigo mesmo. – as três riem.

Com cuidado, a panela é colocada em cima de um pano que estava sobre a mesa. A empregada pega duas colheres e entrega as meninas, que não hesitam em comer o doce, ainda quente.

– O que estão comendo? – pergunta Bill.
– Brigadeiro. – responde Bella, com a boca cheia.
– Também quero. – ele pega uma colher, e se junta a elas.

Logo Georg e Gustav aparecem, e juntam suas colheres as dos outros. Todos comiam, conversavam, e riam.

– Alguém pode me dizer de quem foi a brilhante idéia de pintar a cara do Tom? – diz Bella.
– Foi a Savannah. – diz Gustav.
– Mas só fiz isso, porque vocês insistiram muito. – diz Savannah.
– Quero morrer sua amiga, tá? – Bella brinca.
– Ih Savannah, você tá ferrada. – diz Georg. – Pra ser amiga da Bella, tem que ser muito forte.
– Cale a boca!
– É verdade. – diz Bill. – Não é nada fácil ser amigo da Bella.
– Não dê ouvidos ao que eles falam. São todos invejosos!
– Porque teríamos inveja de você? – diz Gustav. – Até parece.

A cada minuto que passava, eles iam ficando cada vez mais amigos, e a Savannah já não estava mais se sentindo como um peixinho fora d’água. Ela puxava a maioria dos assuntos, e conversava, como se já os conhecesse há muito tempo.

– Do quê estão rindo? – pergunta Tom. – Me contem, pra eu rir também.
– Até que enfim o nosso garoto transformista apareceu. – diz Bella.
– Há, engraçadinha. – diz Tom.
– Por falar em transformista, cadê a Beth? – pergunta Georg, e todos riem.
– Não fale assim dela. – Bill a defendeu.

Pela bagunça estar concentrada ali na cozinha, ninguém ouviu quando a campainha tocou. A coitada da empregada, que tentava terminar de ler sua revista, teve que ir ver quem era. Instantes depois, ela aparece acompanhada por alguém, e isso foi o bastante para todos ficarem calados.

– Poderíamos conversar, Tom? – pergunta Megan.
– Estou ouvindo. – diz ele.
– É uma conversa particular.
– Estamos comendo, e não sairemos daqui agora. – diz Gustav.
– Por favor, Tom. – Megan insiste.
– Tá legal.

Antes de se retirar da cozinha, Tom olha pra Savannah, que desvia seu olhar, e puxa um assunto qualquer com o Georg.

xxx
Tom e Megan entram na biblioteca, e ele tranca a porta, só para o caso de alguém querer entrar ali.

– Já estamos sozinhos, então pode falar. – diz ele.
– Você e aquela garota se casaram mesmo, não é?
– Não. – ele caminha em direção ao sofá, e se senta.
– E o que ela faz aqui?
– Depois que você fez aquele escândalo, o Bill acabou se casando em meu lugar. – Megan se senta ao lado dele.
– A Beth sabe disso?
– Ela nem precisa saber. E espero que você não se atreva a contar nada.
– Não falarei nada. Mas não vim aqui pra isso. – fez uma pausa rápida. – Eu só queria saber... Porque você não me procurou mais?
– Não estava a fim. - ele estava um tanto sério.
– Também não atendeu mais às minhas ligações. Fiquei preocupada.
– Ficou preocupada à toa, porque estou muito bem.
– Porque está falando assim comigo?
– Você não quer que eu seja sincero, quer?
– Quero.
– Depois não reclame, por eu ter sido grosso.
– Ok.
– Você foi uma idiota, fazendo todo aquele barraco. – Megan ficou surpresa ao ouvir aquelas palavras. – A Savannah só queria se casar, pra ajudar o pai, e você estragou.
– Vai brigar comigo, por eu querer defender o que é meu?
– Não sou um objeto, então não me chame de seu! – ele se levanta. – E quer saber mais? Eu NUNCA fui apaixonado por você, e nem sei o que tinha na cabeça, pra ficar esse tempo todo ao seu lado.
– Não fale assim. – ela também se levanta. – A gente se gosta!
– Você pode até gostar de mim, mas eu... Não sinto absolutamente nada por você. – ele a olha nos olhos. – Isso deve deixar as coisas bem claras, não é?
– Está terminando comigo?
– Sim. – respondeu tranquilamente.
– Está fazendo isso por causa dela, não é?
– Estou fazendo por mim mesmo!
– Vai se arrepender disso! – ela aumenta a voz.
– Diminua seu tom de voz, que não sou nenhum dos seus empregados! E é melhor procurar logo seu rumo, e ir embora!

Tom se retira da biblioteca, deixando a ex-namorada furiosa, magoada, e com uma enorme vontade de se vingar de alguém.

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(Contado pela Savannah)
Eu estava passando pelo corredor que dava acesso ao quarto, quando a namorada do Tom saiu de dentro de um daqueles cômodos, e esbarrou em mim.

– Desculpa. – disse.

Sua expressão ficou séria, e ela não respondeu nada, simplesmente seguiu seu caminho. Continuei andando, e passei em frente ao quarto do Tom. A porta estava aberta. Iria seguir em frente, mas voltei. Ele estava sentado na cama, com os cotovelos apoiados no joelho, e as mãos na cabeça. Dei uma leve batidinha na porta, que foi o suficiente pra ele me olhar.

– Está tudo bem? – perguntei.
– Vai ficar. – respondeu.
– Brigou com a namorada, não é? – entrei.
– Terminei com ela.

Fiquei um pouco surpresa, e talvez até um pouco triste.

– Mas... Por quê?
– Não tava dando certo.
– Sinto muito. – me sentei ao seu lado.
– Foi bem melhor assim. Já não estava mais agüentando ouvir a voz da Megan.
– Não ficou nem um pouquinho triste?
– Não.

Nossa! Que tipo de garoto é você, hein? Por acaso não tem sentimentos? No seu lugar, eu estaria arrasada! Mesmo sabendo que era a melhor coisa a fazer, mas um término nem sempre é bom.

Não sei o que falar quando esse tipo de coisa acontece, então resolvi deixá-lo sozinho. Fui pro meu quarto, pois estava precisando de um banho quentinho e relaxante. Separei algumas peças de roupa. Fui pro banheiro, tranquei a porta, abri as torneiras da banheira, e enquanto a água caia, eu prendia o cabelo e tirava a roupa.

Aquele banho realmente me fez relaxar. Retornei ao quarto, quinze minutos depois e notei algo um tanto estranho.

– Cadê minhas roupas?

Procurei em todos os lugares possíveis daquele quarto, e não encontrei nada. Até debaixo da cama eu olhei.

– Eu tô ficando doida, só pode! Tenho certeza que separei as roupas e as coloquei aqui em cima! – apontei pra cama.

Foi ai que me lembrei...

– Não. – dei uma leve risada. – Ele não teria coragem de fazer isso.

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(Contado pelo Tom)
Eu estava sentado na cama, tocando violão, quando a porta do quarto é aberta bruscamente. Cheguei a me assustar com isso.

– Onde estão as minhas roupas? – pergunta Savannah, um tanto brava, e usando apenas uma toalha branca para cobrir seu corpo ainda molhado.
– Ficou doida? – coloquei o violão em cima da cama e me levantei. – Porque eu deveria saber?
– Não se faça de idiota! – ela se aproximou. – Confessa que entrou no quarto e pegou as roupas que estavam em cima da cama!
– Como é que vou confessar algo que não fiz? Eu nem saí daqui!

Ela ficou calada por alguns instantes.

– Essa é a sua vingança, não é? – ela me olhava nos olhos.
– Que vingança?
– O que vai fazer com as minhas roupas? Onde elas estão?
– Ah não, você acreditou mesmo quando falei que iria me vingar?
– E não era verdade?
– Claro que não. – eu ri. – Acha que eu teria coragem de fazer isso?
– Acho.
– Esperai! O quê que eu iria fazer com as suas roupas?
– É bom que você não tenha pegado mesmo...
– Ou o quê? – a interrompi. – Vai tirar a toalha e tentar me seduzir?
– Além de vingativo, é tarado? – nós rimos.
– É melhor você ir pro seu quarto e colocar uma roupa, antes que essa toalha caia, e dê a maior confusão.
– Vou ficar de olho em você, viu?!

Savannah saiu, e eu me sentei na cama novamente. Comecei a rir. Até parece que eu teria o trabalho de ir ao quarto dela só pra pegar algumas peças de roupa, e me vingar por ela ter pintado meu rosto.

Postado por: Grasiele

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