quinta-feira, 15 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 10 - Ócio, verdade ou conseqüência

A notícia de que eu e o Bill estávamos namorando se espalhou pela escola mais rápido que fogo quando você joga um palito de fósforo sobre gasolina. Todo mundo comentava pelos corredores sobre nós dois e, normalmente, eram comentários maldosos sobre as duas partes. O time de futebol inteiro ficava enchendo a paciência do Bill, perguntando como é que ele tinha coragem de me namorar. As meninas, pelo outro lado, faltavam só me bater, porque o Bill era um dos mais populares entre a ala feminina da escola, e, portanto, tinha várias fãs. Tinha gente que parecia sentir prazer em tentar atrapalhar o namoro. A Scarlett, a Bella, o Tom e até o Georg e o Gustav, que nem estudavam lá, estavam nos protegendo de quem tentava fazer alguma sacanagem. E, falando em sacanagem, meu pai descobriu que eu estava namorando porque alguém foi lá no hospital que ele trabalha e contou tudo. Não consegui descobrir quem foi; Meu pai, para a infelicidade da pessoa, passou uma descompostura e terminou, dizendo que estava feliz por eu estar namorando e que a pessoa deveria achar uma coisa melhor para fazer do que ficar se metendo na vida dos outros e tentar atrapalhar namoro alheio. Nesse dia, meu pai chegou em casa espumando de raiva por causa da pessoa, e não porque eu tinha escondido dele que tinha um namorado. Várias vezes, meu pai foi até minha escola, pedir à diretora que desse um jeito naquela situação, que começava a ficar insustentável. Ela até tentou dar um jeito, mas, não conseguiu. Num dia que nós estávamos todos reunidos na casa do Georg, sentados na beirada da piscina, sem fazer nada e morrendo de tédio, o Georg disse:

– Não sei como é que vocês agüentam essa palhaçada toda calados... Se fosse comigo e com a Scarlett... - Os dois estavam namorando, esqueci de falar. - Eu já teria dado um soco na cara do primeiro engraçadinho que viesse se meter a besta com a gente...

– Georg, violência não resolve nada. - Eu disse. - A gente tem que dar um jeito do povo parar de falar e deixar a gente em paz. Afinal de contas, não matamos ninguém. Só estamos namorando. E até onde eu sei, isso não é considerado um pecado capital...

– Não consigo entender como é que você consegue ter sangue frio nessas horas. - O Tom disse. - Ainda mais você, que era toda esquentadinha...

– Pois é, né? Viu o que o seu irmão está fazendo? - Perguntei. O Bill, que estava sentado na espreguiçadeira, abraçado comigo, me deu um beijo no rosto.

– E se vocês fingissem que não estão mais namorando? - O Gustav sugeriu.

– Mentira tem perna curta. - A Bella disse.

– É? E se a mentira for muito bem contada? - O Gustav arriscou.

– Como assim? - Perguntei.

– E se você fingisse que está namorando o Tom, sem o Bill "saber"? Vocês podiam deixar alguém ver...

– Ah, tá... Daí todo mundo na escola vai cair matando em cima de mim, me chamando de corno... - O Bill reclamou.

– É verdade... Não tinha pensado nisso. - O Gustav respondeu.

– Ainda acho que vocês tinham mais é que ignorar. Se todo mundo está com essa implicância com vocês dois é porque vocês estão dando ouvidos demais às merdas que o povo fica falando. Aí, eles vêem que estão atingindo vocês dois e, por isso, ficam nessa chatice toda. Se vocês simplesmente parassem de dar atenção, eles vão ver que vocês não estão nem aí, vai perder a graça dessa palhaçada toda e, para completar, vão deixar vocês em paz. - A Bella disse.

– E o que te garante que isso vai funcionar? - O Tom perguntou. Deu para perceber o desdém na voz dele.

– A mesma garantia que você tem de que não vai dar certo... - A Bella respondeu. Os dois brigavam tanto que tinha hora que chegava a ficar irritante. E eles eram piores que eu e o Bill, na era dourada...

– Ih... Vai começar tudo de novo... - O Bill falou, com a boca quase encostando na minha orelha. De repente, o arrepio que percorreu meu corpo, só por causa desse comentário dele, foi tão violento que a espreguiçadeira tremeu.

– Bill... Cuidado senão a Kate morre, hein? - O Georg provocou.

O Bill, para responder à provocação, mostrou o dedo do meio e eu bati na coxa dele, que me pediu desculpas.

– Vamos fazer alguma coisa realmente boa? - O Tom perguntou, estirado na beirada da piscina mesmo. Se ele virasse, caía na água. Eu percebi que a Bella estava olhando para ele como se fosse uma daquelas crianças bem traquinas e eu sabia que, na hora que todo mundo desse bobeira, principalmente o Tom, ela ia dar um jeito de jogar ele na água.

– O quê, por exemplo? - O Gustav perguntou.

– Sei lá... Até... Invadir a casa alheia e pular na piscina está valendo... - O Tom disse. Essa era a chance da Bella. Quando o olhar dela cruzou com o meu, fiz um gesto negativo. Ela cruzou os braços, impaciente.

– Ai, que ócio! - A Scarlett resmungou.

– Eu sei muito bem o que fazer para acabar com o seu tédio... - O Georg disse, dando um beijo na nuca da Scarlett. Ela teve a mesma reação que eu e a espreguiçadeira que ela estava tremeu mais ainda. O Bill, aproveitando a oportunidade, provocou:

– Você tem certeza que sou eu quem tenho que tomar cuidado e não matar minha namorada, Georg?

– Ai, Bill... Vai ver se eu estou na esquina, vai... - O Georg respondeu.

– Eu estou começando a ficar agoniada por causa desse tédio. - A Bella reclamou.

– E se a gente jogasse verdade ou conseqüência? - O Tom sugeriu. - Mas ia ser de um jeito diferente...

Todo mundo percebeu a malícia dessa sugestão.

– E a garrafa? - O Gustav perguntou.

– Tem uma vazia... E se precisar, posso pegar outra... - O Georg respondeu.

Logo, todo mundo estava sentado, formando um círculo, jogando verdade ou conseqüência. Isso sem mencionar que, para tentar desinibir os tímidos, tinham algumas garrafas de bebida vazias ou pela metade, e todo mundo estava começando a ficar bêbado. Era a vez do Tom e, como ele saiu com a Bella, perguntou:

– Verdade ou conseqüência, senhorita?

Enquanto ela pensava, o Tom brincou com o piercing que ele tinha na boca. Eu sabia que aquilo ia dar merda...

– Verdade... - A Bella respondeu, quase que imediatamente. Olhei para ela e vi que estava toda assanhada, por causa do álcool. O Tom deu um sorriso malicioso pensou um pouco e perguntou:

– Qual foi a coisa mais... Selvagem que você fez na vida?

A Bella ficou vermelha, mas, respondeu assim mesmo:

– Uma só?
Eu e a Scarlett olhamos para a Bella, surpresas.

– É. - O Tom respondeu, ainda com o sorriso malicioso no rosto.

Ela mordeu o lábio inferior, provocando o Tom, e respondeu, dando um sorrisinho:

– Durante a minha festa de treze anos... Fui com dois amigos, um menino e uma menina, para o meu quarto e... Aconteceu um ménage a trois...

As reações foram diferentes; Eu, Scarlett e o Bill, ficamos de queixo caído. O Georg e o Gustav ficaram em silêncio e o Tom... Dava para ver qual foi a reação dele... O sorriso malicioso do garoto ainda estava lá e eu sabia que, assim que ele tivesse oportunidade... Ia dar o bote em cima da Bella.

Depois que a Bella sorteou o Georg, ele tirou o Bill, que teve que pular na piscina de roupa e tudo e, quando foi a vez dele jogar, eu fui a escolhida. Ele me perguntou:

– Verdade ou conseqüência?

Eu queria pedir conseqüência. Mas, no estado que todo mundo estava, podia ser qualquer coisa. Então, pedi verdade.

– Qual é o seu maior segredo?

Eu hesitei. Sabia que, se eu não respondesse, ele ia me forçar a contar. Então, acabei decidindo contar:

– Eu sou adotada. Meus pais biológicos morreram quando eu era pequena, num acidente de carro e, como o meu pai adotivo é também o meu padrinho, ele me adotou.

Todo mundo ficou em silêncio. O jogo acabou quando todo mundo enjoou e, enquanto os outros estavam assistindo à um filme de terror, eu fiquei sentada na beirada da piscina, observando o meu reflexo sobre a água. O céu estava escuro, já, e quando menos esperei, o Bill me surpreendeu, beijando o meu ombro e sentando do meu lado. Ele perguntou:

– Você está bem?

– Estou. - Respondi. - Era um jogo... Além do mais, eu não acho que tenho que ficar envergonhada por isso...

– Eu concordo com você. E tenho orgulho porque você teve coragem de contar isso...

– É... O álcool ajudou e muito... - Respondi. Ele riu e me disse:

– Sabia que eu até tenho um pouco de inveja de você?

– Por quê?

– Você cresceu longe dos seus pais, sofreu muito e, ainda sim, você é desse jeito, feliz, sempre faz piada de tudo...

– Culpa sua. Se você não tivesse me passado a canseira até eu ceder, eu ainda seria aquele bichinho do mato...

Ele deu aquele sorriso fofo que eu adorava e sempre me deixava de pernas bambas e babando por ele. Coloquei a minha mão sobre o rosto dele, que me disse:

– Fico feliz de ter te passado a canseira...

Eu ri e, antes de me beijar, ele disse:

– Te amo, Kate...

– Também te amo, Bill...

O beijo só foi interrompido porque o Tom passou que nem um buscapé perto de nós e pulou na piscina. Logo, veio a Bella, arrancando a roupa, e, pulou na piscina também. O Georg e a Scarlett foram os próximos e o Gustav ficou só olhando. Eu e o Bill saímos de perto da piscina antes da Bella pular. Perguntei para o Gustav, olhando a farra:

– Só têm tamanho, não é?

– Pior que é mesmo... - Ele respondeu, sorrindo. De repente, o Tom e o Georg saíram da piscina e vieram na nossa direção. O Bill entendeu o que eles iam fazer e disse:

– Nem tentem fazer isso! Já pulei na piscina hoje!

– Pula de novo, não tem problema. - O Tom respondeu, puxando o Bill. - Anda, Gustav... Me ajuda aqui...

O Georg me pegou no colo e já ia me levando para a piscina quando, por sorte, o telefone tocou. Eu saí correndo, assim que ele foi atender e, por sorte, o Bill também conseguiu fugir do Tom. Nós dois corremos para o andar de cima da casa, com o Tom no nosso encalço e, de repente, o Bill me fez entrar em um dos cômodos e trancou a porta. O Tom disse, do outro lado da porta:

– Vocês dois mal perdem por esperar! Na hora que vocês derem mole... Vão tomar um banho de piscina...

Logo em seguida, a voz dele parou e ouvimos ele falando com o Georg, no primeiro andar. O Bill se virou de frente para mim e falou:

– É... Só eu mesmo para te arrastar para o banheiro...

Eu tive que rir. Colocando os meus braços ao redor do pescoço dele, propus:

– E se a gente fugisse daqui e fosse para um outro lugar... Onde a gente não vai correr o risco do Tom jogar a gente na piscina?

Ele pôs as mãos dele sobre a minha cintura e, mordendo o lábio inferior, ele disse:

– É uma boa idéia, sabia? Mas teríamos de ser rápidos...

– Quer se arriscar?

– Por mim... - Ele respondeu. Quando ele destrancou a porta, foi até o quarto do lado e viu que o Georg e o Tom ainda estavam na piscina com as meninas. O Gustav estava conversando no telefone, na sala. Fomos silenciosamente até a porta da frente e, tomando o máximo de cuidado, saímos da casa do Georg e fomos para a casa dele. Quando chegamos lá, a mãe dele perguntou, assim que me viu:

– De onde vocês estão vindo?

– Da casa do Georg. Ele e o Tom queriam nos jogar na piscina e, aproveitamos um minuto de distração e viemos para cá... - O Bill respondeu. Ele me pegou pela cintura e, depois de me dar um beijo no rosto, perguntou se eu queria alguma coisa. Eu disse que queria um copo de água. Ele foi até a cozinha e eu fiquei com a Simone. Ela me perguntou:

– Olha, eu sei que é constrangedor demais, mas, eu queria te perguntar uma coisa...

– Claro... - Respondi.

– Eu estive reparando em vocês dois nas vezes que você veio aqui e... Eu queria saber se... Vocês dois finalmente se acertaram e estão namorando...

Eu tinha que admitir que estava com medo de outra pergunta. Sorri e respondi:

– Estamos. O Bill é... Muito importante para mim...

– Eu já estava desconfiada... - A mãe dele respondeu. - Conheço o Bill e o Tom como a palma da minha mão e sei quando tem alguma coisa acontecendo com um deles ou com os dois. E eu estou feliz que o Bill esteja te namorando... Você nem imagina o quanto ele está feliz por sua causa.

Ele apareceu e, quando perguntou sobre o que a gente estava conversando, a Simone respondeu:

– Estávamos falando das mudanças que o namoro de vocês causaram...

Ele me olhou, surpreso, e eu sorri. A Simone nos deixou sozinhos e ele me perguntou:

– Tá... Como... ?

– Ela é mãe. E mãe sempre sabe de tudo. - Respondi. Ele me olhou, confuso, e eu dei um beijo nele. Eu sabia que a Simone estava sendo sincera. Só não sabia que ela gostava de mim. Era estranho, já que as mães raramente gostam das noras.

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 9 - Rendição

 Tudo aconteceu muito rápido: Num momento, ele estava a mais ou menos, dois metros de mim, meu celular estava na minha mão e nós estávamos batendo boca. Porém, quando percebi, ele tinha se levantado da cama dele, com duas passadas, ele parou na minha frente, tomou o meu celular e, por reflexo, comecei a bater nele, para me devolver o aparelho. Só que, de novo, ele me pegou desprevenida: Eu me vi sendo arrastada por ele, para a cama dele. Eu comecei a me debater, numa tentativa frustrada de escapar  dali, mas, não deu certo. Eu batia, tentava arranhá-lo e gritava:

– Bill... Me deixa ir! Pára com isso senão eu grito!

Ele conseguiu me imobilizar (Ele era magrinho, mas, tinha uma força, apesar de tudo) e parando com a boca a poucos milímetros da minha, perguntou:

– Eu estou curioso... Como é que você vai conseguir gritar, sendo que sua boca vai estar ocupada?

Nessa hora, me bateu um medo tão grande, que eu cheguei a tremer. Já estava pronta para jogar ele no chão quando ele me desarmou da pior maneira possível: Senti que ele passava a boca dele, de uma maneira muito delicada, sobre a minha bochecha. Vira e mexe, ele me dava uns beijos, também. Como ele viu que eu comecei a amolecer, ele foi trilhando um caminho até chegar na minha orelha. Ele mordeu o lóbulo de leve e só aquilo foi o suficiente para me fazer estremecer. Ele percebeu, riu baixinho e me perguntou, sussurrando na minha orelha:

– Kate... Tem certeza que você me odeia tanto assim?

Tentei manter a voz o mais firme possível, mas, no estado que eu estava, foi impossível; Quando fui responder, minha voz era quase um sussurro:

– Tenho.

Desta vez, ele beijou meu pescoço, e, a mão dele que prendia os meus braços, foi para minha cintura. Eu estava começando a respirar mais forte e de um jeito descompassado. E ele, enquanto isso, continuava a traçar a trilha de beijos. Vendo que eu já estava zonza e cedendo cada vez mais, ele me repetiu a pergunta. Desta vez, eu não consegui mentir, ainda mais que ele estava me olhando nos olhos:

– Eu te amo. - Respondi. Desta vez, ele me deu outro beijo, porém, este foi mais intenso; A língua dele explorava cada cantinho da minha boca e, as mãos dele também passeavam pelo meu corpo. Quando ele tirou a camiseta que ele estava usando, por um breve instante, fiquei observando o corpo dele. Logo, ele voltou a me beijar, e, quando me dei conta, a camiseta dele que eu estava usando, estava jogada no chão, do lado da outra, eu estava com a calcinha e o sutiã que eu tinha achado na minha mochila e, que por um milagre dos céus, estava seco, e ele estava usando só a cueca boxer dele. Os dois não agüentavam mais ficar só nas carícias e provocações e, como se ele tivesse lido meus pensamentos, tratou de tirar aquelas três peças de roupas que estavam atrapalhando. Logo depois de ter jogado o resto das roupas para o montinho que estava no chão, a mão dele que estava sobre a minha coxa, passeou mais um pouco e, quando senti o toque dele, estremeci e comecei a gemer baixinho. Quando eu percebi que ele estava dentro de mim, senti uma dor, muito leve, mas, aguda, e sufoquei um gemido. Ele parou na mesma hora, apesar de não estar me machucando, e perguntou:

– Kate... Você...

Eu hesitei. Não sabia qual seria a reação dele. Podia ser que ele me arrancasse da cama e me jogasse na chuva, pelada mesmo. Ou então... Podia ser que ele não importasse...

– Desculpa... Eu devia ter te contado. - Respondi, envergonhada. Eu estava tão... Tímida por causa daquela coisa toda que comecei a chorar. Ele beijou a minha bochecha, exatamente onde tinha uma lágrima minha e disse:

– Tudo bem. E você devia ter me falado mesmo... Eu não estou te machucando, estou?

– Não... Não está. - Respondi. Ele pegou o meu rosto e beijou a minha boca de novo.

Quando ele deitou de frente para mim, depois que tudo acabou, ficou me observando, em silêncio. Eu perguntei:

– No que você está pensando?

– No que vai acontecer daqui para a frente...

– Provavelmente vai continuar do mesmo jeito que foi... Eu te dando esculachos, tentando te afastar de mim... Você me perseguindo que nem uma sombra...

Ele sorriu e perguntou:

– E se fosse de outro jeito?

– Como assim?

– E se... Agora que eu sei que você sente o mesmo que eu sinto por você... Eu te pedisse para namorar comigo?

Fiquei em silêncio, analisando o que ele disse. Antes dele, minhas opiniões sobre namorar um cara que nem ele (Ou qualquer outro) eram de que ele só serve para encher o saco. Nada mais. Porém... Depois desse tempo todo tentando me conquistar e, ainda mais depois do que tinha acabado de acontecer... Eu realmente tinha que mudar meus conceitos a respeito de namorar caras.

– Isso é um pedido de namoro?

– Eu sei que não é a hora e nem o lugar, mas... É.

Olhei para ele e, depois de pensar por um minuto, perguntei:

– Estaria disposto a ir falar com o meu pai?

– Claro. - Ele respondeu.

– Mesmo se ele estiver te esperando armado com uma faca ou revólver?

– Seu pai me conhece, Kate...

– É... Bom... Mesmo que o meu pai não deixe... Eu aceito. - Respondi. Ele sorriu e me beijou. Quando o segundo round ia começar, ouvimos o barulho das portas de um automóvel sendo fechadas e, logo em seguida, as vozes da Simone e do Tom. Num tempo recorde, nos vestimos e, quando o Tom chegou no quarto e me viu, ele olhou para o Bill e perguntou:

– A tarde foi boa?

– Foi... - Respondi. - Hã... Bill... Acho que as minhas roupas já estão secas...

– Ah, sim... Vou lá olhar. - Ele respondeu, saindo do quarto. Eu fiquei sozinha com o Tom, que sacou tudo na mesma hora que ele entrou no quarto e nos viu juntos... Às vezes, o Tom me assustava, de verdade... Mas, ele era um dos que mais queriam que eu e o Bill ficássemos juntos. Aposto que, quando ele soubesse que eu e o Bill estávamos namorando, ia dar um jeito de soltar fogos de artifício, para comemorar...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 8 - Tatuagens e piercings

Era a hora do intervalo lá na escola e, como sempre, um grupo de meninos se juntava e eles iam jogar futebol. Eu, a Scarlett e a Bella sempre nos sentávamos em uma das arquibancadas, de frente para o campinho e assistíamos o jogo. Raramente, tinha alguma outra menina ali. Só que tinha chovido na noite anterior, então, aquelas "tábuas" ainda estavam molhadas. A gente tinha acabado de chegar da lanchonete, com copos cheios de sucos, além dos lanches mesmo. Eu estava na frente, procurando por um lugar seco quando vi que um dos times estava jogando com a camisa do uniforme e o outro, sem camisa. Eu estava olhando para os jogadores do time sem camisa quando vi o Tom entre os jogadores de camisa, indo até o outro lado do campo, indo conversar com alguém do time adversário. Na mesma hora que o Tom me indicou, o Bill se virou e, como eu não vi onde estava pisando, além de estar molhado, tomei aquele tombo. As meninas vieram correndo, me ajudar a levantar e, quando a Bella me perguntou:

– K.T.! Está tudo bem? Você se machucou?

Eu tive consciência de que eu tomei um tombo ridículo, por motivos ainda mais ridículos. Quando percebi isso, comecei a rir, que nem uma louca. E a Scarlett perguntou:

– Vem cá... Você bateu a cabeça, por um acaso?

– Não... Só que olha como e por que eu caí! Cara... Só eu mesmo!

Eu me levantei e, quando virei de costas para as duas, a Bella disse, tirando o próprio casaco e me entregando:

– Toma... Vai por mim... Você vai precisar dele...

– Está falando isso por causa da água? - Perguntei me virando de costas para o campinho. A Scarlett começou a me fazer uns gestos discretos, para que eu me virasse. Como eu não entendi, na hora que eu ia perguntar o que tinha acontecido, ouvi o Bill atrás de mim:

– Kate... Está tudo...

Me virei bem a tempo de ver que ele estava com o olhar baixo, evidentemente, olhando para minha bunda. Safado, eu pensei.

– Bem? Está. Foi só um tombo mesmo...

– Tem certeza? - Ele perguntou.

– Tenho. Pode ir se estapear com os meninos ali, por causa da bola... Vou sobreviver, para te atazanar...

Ele se afastou e a Scarlett se inclinou na minha frente e disse:

– Eu tentei te avisar, mas, sabe por que o Bill estava olhando para sua bunda?

– Por que ele é homem e pensa com a cabeça de baixo? - Perguntei.

– Não. Acontece que, com o tombo... O... Choque foi tão violento, mas, tão violento que todo mundo viu sua calcinha com estampa de sapinho...

– Ai, Scarlett, não brinca comigo! - Implorei. Ela e a Bella me olharam e, rapidamente, eu peguei o casaco da Bella e enrolei no meu quadril. Fomos até o vestiário feminino que tinha ali perto e, quando fui ver o tamanho do rasgo na minha calça, falei:

– Ai, merda! Olha aqui! Minha bunda está toda de fora!
– A gente tentou te avisar que sua calça estava rasgada, que o Bill estava vindo e, mesmo assim, você virou de costas e mostrou os sapinhos para ele... - A Bella disse.

– Nem falo se pode ficar pior, porque eu sei que pode... Na pior das hipóteses, se alguém tiver filmado esse meu... Tombo espetacular e colocar na internet... Vou começar a andar com um saco de papel na cabeça...

– Quer saber de uma coisa? - A Scarlett perguntou. Ela abriu a própria mochila, e tirou um short jeans de lá de dentro. Ela me estendeu o short e eu perguntei:

– Está frio lá fora...

– Ah, é verdade! - Ela respondeu. Logo, ela estava me estendendo uma meia-calça vermelha e grossa. A sorte é que eu sempre usava blusas com cores neutras. E o all star que eu estava usando hoje era preto, que nem a blusa. Quando terminei de me vestir, a Scarlett, que sabia costurar, fez uns arranjos na manga da minha blusa, com o meu consentimento. Quando saímos do vestiário, sentia que todos os olhares estavam sobre mim. Eu tinha me arrumado de um jeito diferente e isso, de um jeito ou de outro, estava atraindo olhares. Quando eu entrei na minha sala, o Bill já estava sentado lá. Eu fui andando até o meu lugar, normalmente e ele me perguntou:

– Kate... Você está bem?

– Estou. - Respondi. - Por quê?

– Você caiu, lembra?

– Ah... É verdade... - Respondi, olhando para ele. Enquanto estava me arrumando no vestiário, choveu. E ele estava com o cabelo molhado ainda. De repente, o pensamento que me surgiu foi "Meu Deus... Quem diria que as gotas de chuva deixariam alguém tão sexy?". Ele percebeu o meu olhar e, me dando conta que eu estava quase babando e de boca aberta, tratei de fechá-la e procurar o meu caderno.

Quando a aula acabou, eu fui para o ponto de ônibus, com a minha sombrinha. Só que, no meio do caminho, a maldita virou com uma lufada do vento e fiquei tomando chuva. Por sorte ou azar, adivinha quem apareceu? Bill, lógico. E ele também estava tomando chuva. Perguntei para ele, quando nós dois ficamos alojados debaixo de um toldo:

– E o Tom?

– Ficou na escola, porque essa semana ele está tendo aulas extras...

– Ah... - Respondi. Como desgraça pouca é bobagem, a chuva aumentou, o toldo estava cheio e, com isso, não agüentou e arrebentou. Resultado: Um banho daqueles. O ônibus chegou em poucos minutos e, quando menos esperei, o Bill me obrigou a ir para a casa dele. Daí, quando a mãe dele chegasse em casa do trabalho, ela poderia me levar. Era abuso, mas, eu era tão amiga do Tom, que ela já tinha acostumado comigo, sempre era simpática comigo e, de vez em quando, tentava me aproximar do Bill. É incrível que mãe sempre sabe de tudo...

Quando chegamos na casa dele, não tinha um único centímetro do nosso corpo que estivesse seco. Ele trancou a porta, depois que eu passei e, depois de jogar a chave num cinzeiro que tinha num aparador do lado da porta, fomos para o andar de cima. Ele me emprestou uma camiseta e um short dele, de novo, e me deu uma toalha, para logo em seguida, me mandar ir tomar banho, literalmente. Eu tinha acabado de sair do banheiro e ele ainda estava tomando o banho dele. Fui para o quarto dele e do Tom e fiquei mexendo na minha mochila, vendo o que tinha se salvado. Eu estava tentando ver se meu celular ainda funcionava quando ele entrou no quarto, usando só uma toalha. Vi que ele tinha uma estrela tatuada mais ou menos, sobre aquele ossinho que tem no quadril, além de uma frase escrita na altura das costelas dele, do lado esquerdo. Quando ele virou de frente, para procurar uma coisa numa cômoda do meu lado, percebi que ele tinha um piercing no mamilo. Me deu um pouco de agonia, não nego. Quando ele achou o que ele estava procurando, fechou a gaveta e, como ele teve de esticar o braço, vi que ele tinha mais uma tatuagem, que era "liberdade 89" em alemão. Na hora que o olhar dele cruzou com o meu, fiquei roxa de vergonha, por estar fazendo aquele exame clínico, e desviei o olhar para o celular na minha mão. Ele saiu do quarto, sorrindo. "Besta", eu pensei. Quando ele reapareceu, estava vestido, com uma camiseta e uma calça, e sentou na cama dele, ficando de frente para mim. Ele me observou, em silêncio, tirar cada coisa que estava dentro da minha mochila, examinar e colocar de volta. Bom... As coisas que não tinham jeito de tirar, ficaram dentro da mochila, senão, eu ia ficar roxa de vergonha. É besteira minha, mas, era melhor assim. Quando eu fechei o zíper e joguei a bolsa (Sim, porque se você for parar para pensar, a mochila é tipo uma bolsa mesmo) no chão. Eu perguntei, quando percebi que ele ainda estava me olhando:

– Eu estou verde-limão, por um acaso?

Era óbvio que ele não entendeu a pergunta, aparentemente sem nexo.

– Não...

– Então... Tem alguma coisa de errado comigo? Alguma coisa que fez você me olhar fixamente nos últimos... Quinze minutos?

– Não. Você está normal...

– Ah... Então, me responde se é pedir muito para que você pare de me fixar desse jeito? Já está incomodando...

– Desculpa... Mas, eu estava pensando numa coisa...

Ai Deus... Eu mereço! - Pensei.

– O quê?

– Lembra de quando a gente teve que fazer aquele trabalho sobre a Megera Domada?

– Preferia não lembrar. Mas, infelizmente, lembro. O que tem ele?

– Você se lembra que a gente veio para cá, de ônibus, não é?

– Lembro... Bill, pára de rodeios e fala logo o que você quer!

– Eu vi a tatuagem que você tem na nuca. - Ele falou rápido.

– E... ? - Perguntei. - Olha só para você... Tem três piercings, não sei quantas tatuagens...

– É, mas, do jeito que você é, achei que você fosse contra tatuagens...

– Eu tenho piercings, também... - Respondi.

– É... Deu para sentir naquele dia, depois da peça...

Meu sangue começou a ferver, só de lembrar. Mas, consegui me manter calma.

– Você tem só essa tatuagem da nuca ou tem mais?

– Não te interessa. - Respondi, finalmente conseguindo ligar o meu telefone.

– Tem sempre que me tratar assim?

– Tenho. E não se faça de rogado, porque você sabe muito bem que eu não te suporto. Se eu aceitei vir para cá, é única e exclusivamente por causa da chuva. - Respondi. Eu podia sentir que ele estava olhando para mim. Mas, não ousei levantar a cabeça para olhá-lo. Foi, quando, do nada, ele fez uma coisa inesperada...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 7 - Provocações

 Quando eu acordei, na segunda-feira, me sentia estranha. Mas era estranha mesmo. Comecei a sentir meu estômago embrulhando. De repente, eu me levantei da cama e saí correndo até o banheiro. Quando meu pai bateu na porta, depois de me ouvir, ele perguntou:

– Catarina? Está tudo bem, filha?

Lavei a minha boca, rapidamente, só com água e destranquei a porta do banheiro, para que eu pudesse conversar com o meu pai.

– Eu não estou bem. - Respondi. - Estou sentindo o meu estômago embrulhado e estou tonta...

– Kate... Ontem você não comeu absolutamente nada... É por isso que você está passando mal... Ficou de estômago vazio durante muito tempo...

– Eu sei, pai... - Respondi, voltando para a cama. Acabei ficando em casa e a Bianca foi para a escola.

          * * *

Contado por Bill

Eu sabia que a Kate não ia nem me olhar na segunda-feira. Mas, como eu disse à ela que estava disposto a lutar por ela, então, nem me importei com o tapa que ela me deu, depois que eu roubei um beijo dela. Porém, eu cheguei na sala de aula e vi que ela não estava lá. E normalmente, ela era uma das primeiras a chegar. Esperei a manhã inteira para que ela chegasse e, quando a última aula terminou, saí da sala e fui atrás da Bianca. Assim que a encontrei, perguntei:

– Bianca... Onde a Kate está?

– Em casa. Acordou indisposta e, por isso, não veio. - Ela respondeu; Fiquei olhando para a Bianca por alguns segundos; Ela nem parecia irmã da Kate. Se por um lado a mais velha tinha os cabelos escuros e os olhos castanho-esverdeados, a Bianca era loira e os olhos eram verde-acinzentados. Isso sem mencionar que o gênio das duas eram diferentes. A Kate era mais quieta, mais séria e vivia metida com livros e outras coisas ligadas à cultura, como teatro. Já a Bianca sempre estava sorrindo, falando à beça e brincando e a única preocupação dela eram roupas e shopping centers.

– Olha, eu não sei o que houve entre vocês, mas... Espera um tempinho e deixa a Kate vir até você. Eu conheço a minha irmã e sei que ela não vai demorar muito para vir conversar. - A Bianca respondeu. - Ela não consegue ficar com raiva de alguém por um longo tempo.

Concordei com a cabeça e fiquei observando a Bianca se afastar. Eu queria seguir o conselho dela, mas, não conseguia. E, como eu tinha feito algumas pesquisas a respeito da Kate, decidi tentar me arriscar.

        * * *

Contado pela Kate

No final das contas, meu pai descobriu que eu estava passando mal daquele jeito porque era de fundo emocional. Também... Se ele tivesse sigo agarrado do jeito que eu fui, garanto que ele estaria na mesma situração.

Quando eu estava inteiramente recuperada, a Scarlett e a Bella foram lá para a minha casa, para podermos ajudar a Bella a fazer um trabalho de História. Estávamos as três, escrevendo um resumo para o trabalho quando ouvimos uma coisa. Achamos que era algum vizinho com o rádio ligado, mas, não era. Passou cinco minutos desde que esse barulho começou e, de repente, a Scarlett, que era a mais curiosa das três, se levantou e foi ver o que era. A doida afastou a cortina e, quando viu o que estava acontecendo, me gritou. Eu fiquei curiosa, mas, era teimosa também, então, continuei a escrever o meu resumo. A Bella foi a segunda a ceder e, ela também me chamou para ir até a janela. De repente, um furacão chamado Bianca entrou no meu quarto e, me puxando da cadeira, falou:

– Kate... Vem ver quem está lá embaixo, fazendo uma serenata...

Não tive escapatória. Ainda mais que as três se juntaram e me puxaram. Estavam, em frente à minha casa, o Bill, o Tom, Georg e o Gustav, em tempo de serem atropelados. Isso sem mencionar que a cantoria do Bill tinha atraído os olhares curiosos dos vizinhos. Meu pai entrou no quarto também e eu falei:

– Eu já volto. Vou lá embaixo.

Todo mundo estava crente que eu ia até o Bill, agradecer a serenata e ainda, dar aquele beijo de língua cinematográfico.

Quando eu joguei água em cima do Bill, mais para espantar ele mesmo, pude ouvir os xingos das minhas amigas e do meu pai, por causa da água. A Bianca, então, decidiu deixar ele entrar. Quando eu percebi o que ela estava fazendo, saí correndo na direção da minha irmã e, no instante que ela ia pegar na maçaneta da porta da frente, dei um pulo enorme e consegui derrubá-la no chão. Meu pai veio correndo, por causa do barulho. Eu estava tentando imobilizar a Bianca, mas, meu pai, naquele tom alto e autoritário, interferiu:

– Catarina! Sai de cima da Bianca agora!

Já conhecendo o meu pai, saí de cima da Bianca e falei:

– Se ele entrar aqui, eu não saio do meu quarto!

– Não vai. - Meu pai disse. Cruzei os braços e me sentei no sofá. Meu pai abriu a porta e fez o Bill entrar. Meu pai disse:

– Desculpa, mas, você sabe que a Catarina tem um gênio não muito fácil...

– Tudo bem. - Ele respondeu. De repente, ele me olhou e fiz questão de fechar a cara para ele.

A Bianca já tinha se levantado e ido para o quarto dela. Meu pai ia buscar toalha e roupas secas para o Bill e, portanto, eu fiquei sozinha com ele, ali.

– Precisava fazer isso mesmo? - Ele me perguntou.

– Eu que te pergunto se precisava realmente vir me matar de vergonha, cantando debaixo da minha janela...

– Achei que você fosse gostar... Mas, pelo visto, você não é nem um pouco romântica...

– Pois é... Não sou. Algum problema?

– Eu te disse que não ia desistir de você...

– Tem certeza? Se eu fosse você, mudaria de idéia.

– Não vou mudar. Sou tão teimoso quanto você.

– OK... Se você prefere ser vencido pelo cansaço... - Respondi. - Agora, se você me dá licença, eu vou terminar o trabalho que eu estava fazendo...

Passei em frente à ele de propósito, só para provocá-lo (Ainda mais que eu estava com uma regata bem colada ao corpo e com um decote bem... Chamativo, além do short do meu pijama, que era curto.). Agora, pra quê eu fui passar na frente dele desse jeito, não sei. De repente, ele pegou o meu braço e me puxou para mais perto dele. Eu já conseguia sentir a respiração dele a poucos milímetros de mim e, se não aconteceu beijo, foi graças ao meu pai. Ele chegou exatamente na hora e o Bill me soltou. Eu subi as escadas e fui para o meu quarto. Agüentei o falatório da Scarlett e da Bella por, no mínimo meia hora até voltarmos a fazer o trabalho.

Algumas semanas se passaram, o Bill ficava me rondando que nem uma mosca ronda um sonho de padaria, eu sempre dava um jeito de afastá-lo (Fosse dando esporro mesmo ou então, quando a situação ficava crítica, apelando para atitudes extremas, como o balde de água), mas, nem assim, ele desistia. Ele bem que tentava, mas, não conseguia me beijar. Eu sempre era salva pelo gongo ou então, conseguia fugir, de alguma maneira. O pior dessa história toda era que quem estava se cansando e quase cedendo, era eu. Já estava ficando de saco cheio dessa história toda. E, para piorar, ele respondia às minhas provocações de um jeito que me deixava sem fala. É que nem no dia que estávamos na aula de química, o professor pediu que nos organizássemos em duplas e tentássemos fazer uma mistura. Eu peguei os tubos de ensaio e começava a misturar alguns elementos e o Bill ficou lá, me atazanando, até que eu perguntei, irritada:

– Vem cá... Você quer fazer essa experiência no meu lugar?

– Não. - Ele respondeu, num tom que eu não consegui entender qual era.

– Então fica quieto e pára de dar palpite errado, senão eu juro que dou um jeito de fazer uma fórmula que vai fazer com o seu amigo aí de baixo encolher...

– Você teria coragem?

– Continua me enchendo a paciência para você ver se eu não tenho...

– Acho meio difícil você conseguir fazer uma fórmula desse tipo...

Suspirei impaciente e, tentando manter a calma, respondi:

– Sabia que, nesse ponto, eu sou obrigada a concordar com você? Deve ser tão pequeno que, se encolher... Você vai ter de fazer xixi sentado...

– E quem te disse que é pequeno? - Ele perguntou, com a maior cara de tarado. Não consegui pensar em mais nada para responder e ele sorriu, de um jeito malicioso. Entendeu agora o que eu quis dizer sobre as provocações que me deixavam sem palavras? E o pior é que ele sempre tinha razão. Quando as provocações eram indiretas bem diretas, ele me fazia perceber que era verdade. E o pior é que eu estava me apaixonando por ele também...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 6 - As surpresas da peça

 Quando os outros atores nos deixaram a sós, na parte que a Catarina conhece o Petrucchio, o Bill estava dizendo as falas dele, normalmente e eu, me virando de costas para ele, olhei para o público e vi meu pai e a Bianca, sorrindo para mim. Dei um sorriso para eles e, logo em seguida, eu disse minha fala e, quando o Bill terminou a fala dele, era a parte do tapa. Eu hesitei brevemente, mas, consegui dar um tapa. E ele ainda me ajudou, virando o rosto na direção certa.

A peça foi tranqüila até a cena do beijo. Eu estava morrendo de nervoso, já, minha gastrite estava quase acabando com meu estômago, mas, mesmo assim, encarei a cena numa boa. Porém... O que eu não contava era que o beijo foi de verdade. Sério. Não foi beijo de língua, mas, deu para perceber, claramente, que "aquilo não estava no script".

Depois que a peça acabou, cada um foi para os camarins (Um para os meninos e outro para as meninas, óbvio), trocar os figurinos pelas roupas e, assim que saí de lá, com minha bolsa sobre o ombro, as duas primeiras pessoas que eu encontrei foram meu pai e a minha irmã. Meu pai estava muito orgulhoso de mim. E a Bianca me deu um abraço. Depois, ela aproveitou que o meu pai foi falar com a diretora da peça, e me perguntou:

– Vem cá... Aquele primeiro beijo estava no script, por um acaso?

– Claro que estava. - Eu respondi.

– Mas o beijo não era para ser tipo um selinho?

– E não foi?

– Não. - Ela respondeu. - Faltou só um pouquinhozinho para aquilo ali ser um beijo de língua.

– Ai, Bianca... Não fala besteira, tá? - Suspirei. A mãe do Bill e do Tom veio me cumprimentar e ela disse, me dando um abraço:

– Parabéns, Kate! Você foi ótima... Nas cenas que você brigava com o Bill... Parecia que era até de verdade...

– É, mas, não eram. - Respondi, sorrindo. - E obrigada.

– Falando nisso... Você viu o Bill? - Ela me perguntou.

– Não...

– Bom, se você o encontrar, avise à ele que eu estou querendo falar com ele, tá?

– Pode deixar.

Ela me deu outro abraço, o Gordon também me elogiou e me deu um abraço. Eu procurei pelo Bill e o Tom, mas, não tinha nenhum sinal deles.

– Procurando por nós? - O Tom disse, de repente, me dando uma cutucada nas costelas.

– Ai, peste! - Eu respondi, dando um tapa no ombro dele. - Assim você vai me matar do coração...

– Mas, o que você queria com a gente? - O Tom me perguntou, me abraçando.

– A sua mãe está procurando o Bill. - Respondi. - Ela foi para aquele lado.

Apontei para a esquerda e ele disse que queria falar comigo depois. Meu pai voltou para perto da gente e cumprimentou o Tom, pensando que ele fosse o Bill. Enquanto apertava a mão do meu pai, o Tom disse, meio sem graça:

– Obrigada, senhor, mas... Na realidade, quem atuou foi o meu irmão, o Bill... E eu sou o Tom.

– Ah... Me desculpe... Mas vocês dois são tão parecidos que eu acabei me confundindo... - Meu pai falou, roxo de vergonha.

– Tudo bem. - O Tom respondeu, sorrindo.

– Hã... Catarina... Vamos?

– Senhor, eu queria te pedir permissão para levar a Catarina à uma comemoração que o povo vai fazer daqui a pouco... Todo caso, eu a levo para a casa...

– Tudo bem. - O meu pai respondeu. A Bianca hesitou e eu falei:

– Pai... A Bianca pode vir também? Tem a garota que fez a outra Bianca e as duas são da mesma idade...

– Bem... Por que não? - Meu pai perguntou, em resposta. Consegui ver os olhos da minha irmã brilhando.

Quando nós estávamos saindo da escola e indo à uma pizzaria, por sugestão de um dos "atores", a Bianca (Minha irmã) e a outra Bianca (Que se chamava Rachel), estavam conversando, e perguntei para a Bianca:

– Você vai com a Rachel e as meninas?

– Vou.

– Tá. - Respondi. - Nos vemos na pizzaria, então?

– Claro, né? - Ela perguntou, em resposta.

Todo mundo arranjou uma carona e, por fim, até o Tom desistiu de ir com a gente e foi com outro carro. Por fim, eu e o Bill fomos no mesmo táxi. A comemoração do sucesso da peça foi uma farra mesmo e, quando fomos fazer um brinde, o colega que fez par da Rachel, disse:

– Um brinde ao nosso sucesso como atores amadores, com exceção da nossa Catarina, que provou ser muito mais que um rostinho bonito e uma garota tão geniosa quanto Catarina Batista... E à própria Catarina e ao Bill, os melhores Catarina e Petrucchio que eu já vi.

Todo mundo brindou e, ficamos na pizzaria até mais ou menos meia-noite. O Tom sumiu e uma das "atrizes" também. Então, o Bill que levou a gente para a casa. A Bianca estava sentada na ponta, eu no meio dela e do Bill. E, por causa do horário, além de ter feito um monte de coisas o dia inteiro, a minha irmã não agüentou e acabou pegando no sono, dentro do táxi, mesmo. Quando o táxi parou na porta da minha casa, eu dei um cutucão na Bianca, que resmungou e eu falei:

– Anda, Bianca... Já chegamos em casa... Nem eu e nem o Bill vamos te carregar...
Por fim, a Bianca saiu do carro e o Bill nos acompanhou até a porta. Quando eu destranquei a porta, a Bianca entrou primeiro e, como eu queria conversar com o Bill, apesar da hora, fechei a porta.

– Posso... Falar com você? Vai ser rápido... Quero só te perguntar uma coisa...

Ele já sabia o que eu queria perguntar. Mas, mesmo assim, ele se sentou no banco de madeira que tinha na varanda da nossa casa, e eu preferi ficar em pé. Ele perguntou:

– Vai querer saber por que eu te beijei, não é?

– Vou. Você não precisava ter me beijado de verdade, na frente de todo mundo...

Ele ficou quieto, me observando por alguns segundos. De repente, ele se levantou e disse, num tom de leve desprezo:

– É... Você tem razão. Não precisava ter te beijado de verdade...

Ele não falou nada. Eu entendi o porquê do silêncio dele e falei:

– Bom... Era só isso. Pode ir para a sua casa.

– Kate... Eu não terminei...

Cruzei os braços e esperei ele continuar, o que não demorou muito:

– Eu sei que você vai me odiar pelo resto da minha vida, mas, vale a pena me arriscar... Eu realmente não precisava ter feito aquilo, mas, se eu fiz, foi por uma razão...

– E que razão é essa? - Perguntei, num tom indiferente.

– Eu te beijei porque eu quis. Desde a primeira vez que eu te vi, sabia que você não era como as outras meninas.

– Lógico que não... Enquanto a maioria das meninas são que nem a Bianca, ou seja, cabeça oca, que só se preocupam com futilidades...

– Está vendo? É por isso que eu... - A voz dele morreu antes de a frase ser completa. Parei por um minuto. Aquilo realmente estava acontecendo?

– Você sabe que... Nós dois... Nunca iria dar certo, não é?

– E a gente tentou fazer alguma coisa, para você ter essa certeza absoluta?
– Não. Mas, eu sei que não vai dar certo. E eu sabia que não deveria ter deixado as coisas chegarem a esse ponto... Sinto muito, mas... Prefiro que cada um siga o seu próprio caminho... - Eu disse, indo até a porta. Porém, ele me agarrou pela cintura, me puxou para mais perto dele e disse:

– Pode espernear e me bater o quanto você quiser... Eu estou apaixonado por você e não tem nada que vai me impedir de ficar com você...

E, quando terminou de dizer isso, ele me beijou. Eu estava sem ação, confesso. Até comecei a corresponder ao beijo, mas, quando vi o que estava acontecendo, empurrei ele para longe de mim e dei um tapa. Em seguida, entrei em casa e fui correndo para o meu quarto. Passei longe da janela, só para não precisar ter de olhar para ele entrando no táxi. Eu estava odiando aquele garoto com todas as minhas forças. E pensar que eu estava até achando ele bonitinho... Ai que raiva!

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 5 - Uma surpresa (des)agradável

Eu e o Bill aproveitamos que eu estava ali e terminamos o trabalho. Ele ficou responsável por ditar e eu ia digitar o que havíamos escrito. Quando ele me ouviu digitando, comentou:

– Não sabia que você conseguia digitar tão rápido...
– Anos de prática na máquina de escrever do meu avô... - Respondi. Ficamos a tarde inteira fazendo aquilo e, na quarta-feira da semana seguinte, quando a professora de literatura veio dar aula, ela disse, naquele tom feliz e irritante de sempre:

– Fofinhos lindinhos e açucarados do meu coração... Eu li cada um dos trabalhos, com muito carinho e eu e a Tanya, que dá aula de teatro, para quem não sabe, me propôs uma coisa.

Eu sentia que aí vinha bomba. E que era relacionada com o meu sonho.

– Ela me sugeriu de fazermos uma peça de teatro baseada no melhor trabalho. Como só teve uma única dupla que conseguiu a pontuação máxima, então, eu decidi usar o trabalho deles.

Pensei comigo, enquanto me afundava na cadeira: "Não fala o meu nome... Não fala o meu nome... Por favor, não fala meu nome!"

– E o melhor trabalho é o da Catarina e do Bill.

A primeira palavra que me veio à mente foi: "Merda!". Eu tinha ficado tão... Desesperada que, quando ouvi, sem querer, falei o palavrão alto o bastante para a professora e o resto da turma, inclusive o Bill, ouvirem. A professora disse:

– Ai, ai, Catarina! Não pode falar palavrão!

Olhei para a professora e falei:

– Desculpe.

– Bom, a professora Tanya pediu para que você e o Bill interpretassem a Catarina Batista e o Petrucchio.

Tinha jeito de ficar pior? Tinha. Eu sabia que ia ter cena de beijo e me odiei por ter feito o trabalho com o máximo de capricho.

– Agora, para o restante da turma... Vocês mesmos vão escolher os personagens e eu queria dizer que vale dez pontos de participação.

Logo, o elenco da peça já estava escolhido e aquela correria infernal ia começar. Seriam vários dias ensaiando, sem mencionar as provas de roupa, construção do cenário e principalmente: A parte que me dava mais medo, ou seja, os beijos.

Em uma tarde, quando estávamos ensaiando a cena que a Catarina conhece o Petrucchio, os dois ficam trocando farpas até não poder mais e, num determinado ponto, ela se estressa e bate nele, por causa das provocações. Para me ajudar a deixar a atuação mais verídica, procurei me lembrar de todas as vezes que o Bill me provocou. E no entanto, quando eu e o Bill estávamos ensaiando essa cena do tapa, fui bater no Bill e, acabei batendo nele de verdade. Ninguém ali, nem eu mesma, estava esperando que o tapa fosse real. Pedi desculpas para ele, que enquanto massageava o rosto, sorriu. Quando o ensaio acabou, o Tom, que estava assistindo tudo da primeira fila do auditório do teatro da escola, fez um sinal para que eu me aproximasse e, aproveitando que o Bill estava distraído, o Tom me disse:

– Fez bem em ter batido nele... O Bill anda insuportável esses dias e realmente estava precisando de um tapa...

Eu ri. E perguntei, não conseguindo esconder a ansiedade e a curiosidade:

– Mas o que você está achando?

– Sinceramente?

– Não... Mentindo. Claro que é sinceramente, né, Tom?

– Vocês dois formam um lindo casal.

– Ai, Tom... Vai tomar banho, vai... - Retruquei. Ele riu e, quando o Bill veio até nós, o Tom disse:

– Hã... Eu vou te esperar lá fora, tudo bem?

O Bill concordou, com um aceno de cabeça, e disse, quando ficamos sozinhos:

– Pelo visto, você andou treinando...

– Naquele dia eu estava sob efeito de álcool e ecstasy. Óbvio que eu não ia ter forças para te bater...

– Então foi... Um troco por eu ter te xingado?

– Não. Só me empolguei mesmo. - Respondi. Nesse instante, senti o meu celular tremendo dentro do bolso traseiro da minha calça jeans e, depois de pegar o aparelho e ver que era a Bianca, que estava desesperada, falei com ele:

– Eu tenho que ir. A gente se fala depois.

– Tá. - Ele respondeu. Percebi que ele estava vindo atrás de mim, só que, ao invés de continuar a me seguir, ele e o Tom tomaram outro rumo.

Os dias foram se passando e, quando fui me dar conta, não tínhamos ensaiado a cena do beijo e, para piorar: Era o dia que iríamos encenar a peça, então, a escola inteira parecia estar ali, junto com as famílias dos "atores". Eu estava espiando todo mundo através de uma brecha da cortina. Eu me sentia terrivelmente ansiosa e, como eu tinha gastrite, estava começando a enjoar. Eu ia aparecer primeiro que o Bill e isso me deixava ainda mais nervosa. A professora de teatro me viu e disse:

– Kate... Vai lá para o camarim e pede para a Eva arrumar sua trança...

Fui andando para o camarim e, depois que a assistente da professora, que era diretora de teatro mesmo, arrumou minha trança, eu estava voltando para o palco, mas, o Bill abriu a porta assim que eu peguei na maçaneta. Como ainda faltava um tempinho para que eu aparecesse, fiquei lá, tentando me acalmar. Só que minha perna começou a tremer compulsivamente e o enjôo piorava a cada segundo. O Bill viu meu nervosismo, pegou um copo de água para mim e disse:

– Calma... Vai dar tudo certo, você vai ver...

– É fácil falar... Não é você quem vai aparecer primeiro e principalmente: Não vai precisar se preocupar com o tapa...

Ele riu e, pegando a minha mão, disse:

– Se é para o bem da humanidade... Pode me bater. Mesmo.

– Ah, tá... E você vai ficar de cara vermelha?

– Não tem problema...

Nesse instante, um dos nossos colegas veio me chamar. O Bill falou:

– Como é que os atores falam?

– Merda.

– Merda, então!

De repente, fui tomada por um impulso e o abracei. Mas foi rápido, já que o nosso colega me chamou e eu tive que ir. Eu sabia que errei em ter abraçado ele daquele jeito. Mas, tinha jeito de resistir ao impulso, ainda mais depois de ele ter me dado permissão para bater nele?

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 4 - A festa - Parte 02

Normalmente, eu já não gostava muito de ir à festas, justamente por causa das confusões. E eu sempre esperava até, pelo menos, meia-noite para ir embora. Só que hoje eu bati meu próprio recorde: Não eram nem nove meia e eu já estava doida para ir embora. Como eu sabia que a Scarlett ia demorar, resolvi afogar as mágoas, quase que literalmente. Um cara tinha "contrabandeado" ecstasy para a festa e, quando ele me ofereceu, não hesitei em pegar. E, como eu já estava mais para lá do que para cá, segurando uma garrafa de vodca, mandei ver mesmo. Uma das últimas coisas que eu tive consciência era de estar em cima de uma mesa, dançando e começando a tirar meu vestido, quando senti que alguém estava me pegando no colo e me tirando dali, à força.

– Me deixa em paz! - Gritei.

– Ah, tá... Se eu te deixar em paz, você fica pelada e... Aí vai vir um bando de urubus em cima de você... - Ouvi a voz do Bill me dizer, bem perto. Percebi que ele estava me carregando nos braços dele.

– Até que não seria má idéia deixar ela fazer um strip-tease... - Ouvi o Tom dizer, um pouco mais afastado.

– Ai, Tom... Não fala merda, não... - O Bill reclamou.

– Bill... Me põe no chão agora! - Eu exigi.

– Não vou não... - Ele respondeu. Senti uma coisa parecida com um solavanco e o Bill retrucou: - Você é pequenininha, mas pesa que é uma maravilha...

– Safado! - Disse, batendo no peito dele. Senti ele rindo e ele disse:

– É essa toda sua força? Achei que fosse mais forte... Que realmente fosse machucar alguém e não fazer cócegas...

– Ai, garoto! Pára de me provocar... Além do mais, eu estou bêbada e misturei ecstasy com vodca...

– Você é maluca... - Ele disse. De repente, percebi que ele estava me colocando dentro de um carro e, logo depois de me colocar no banco de trás, ele entrou e se sentou do meu lado. O Tom foi dirigindo. Ouvi o Tom perguntando:

– O que a gente faz com essa bebum aí? Vamos levar ela lá para a casa?

– Não... Eu tenho que ir para a minha casa, senão meu pai me mata! - Resmunguei.

– Acho que é mais fácil você ser morta por ele porque está nesse estado. E não porque você não foi para a casa... Tom... Vai lá para a casa.

Vi que não ia adiantar discutir, então, fiquei quieta. Assim que chegamos, o Bill me ajudou a sair do carro e me fez apoiar nele quando eu quis andar. O Tom entrou na frente e, enquanto ele foi procurar um colchonete para eu dormir, eu e o Bill ficamos sentados no sofá. Ele percebeu que eu estava caindo sobre o sofá e me segurou. Eu falei:

– Eu estou bem... Não precisa se preocupar...

– Ah, estou vendo o quanto você está bem. - Ele respondeu, me enlaçando pela cintura. - Por que você é sempre tão teimosa, hein?

– É um traço da minha personalidade. Não posso mudar. - Respondi. - Já tentei, mas, como deu para perceber, eu não tive sucesso.

– Por que você fez aquilo?

– Aquilo o quê?

– Tomou vodca com ecstasy?

– Me deu vontade.

Percebi o olhar dele e perguntei, irritada:
– O que foi? Até onde eu bem me lembro, você não é meu pai, irmão e, graças a Deus, não é meu namorado, para ficar com cobrança em cima de mim...

– É, mas, lembrou que eu sou seu colega e que eu posso me preocupar com você?

– Eu dispenso sua preocupação. - Falei, soltando o braço dele da minha cintura. Fui me levantar, mas, de tão bêbada, tropecei nos meus próprios pés e quase caí. E, de novo, senti que ele me segurou.

– Kate... Deixa de ser orgulhosa, pelo menos uma vez?

Justamente quando eu ia dar uma resposta bem mal-criada para ele, que o Tom apareceu, avisando que não tinha achado um colchão e ia abrir mão da cama dele para mim. E, quando eu perguntei onde ele ia dormir, a resposta foi simples:
– Aí no sofá. Não tem problema, porque ele é sofá-cama e já cansei de dormir aí... E eu acho melhor você dar um jeito nela, Bill... Se quiser, faço um café para ela...

– Faz isso, por favor. - O Bill disse. Ele me deu um puxão e começou a me guiar, falando: - Anda... Vamos lá para cima, para você trocar de roupa...

– Não trouxe meu pijama...

– Eu te empresto uma camiseta minha, não tem problema... - Ele respondeu. Vendo que eu não me mexia, ele me pegou no colo e, mesmo com meus protestos, não me pôs no chão. Pelo contrário. Só foi me soltar quando me enfiou dentro do box do banheiro e abriu o chuveiro. Quando senti a água gelada caindo nas minhas costas, comecei a xingá-lo e reclamar. Ele respondeu:

– Vai ficar aí, sim senhora! E pára de gritar que minha mãe e o meu padrasto estão dormindo!

Bufei, que nem um gato e só saí de lá quando ele voltou, com uma camiseta e um short dele. Em seguida, saiu do banheiro, me deixando sozinha, para me arrumar. Assim que estava pronta, fui para o quarto dele, que me deu uma xícara de café e mandou:

– Toma tudo.

A contragosto, tomei um gole e, quando senti o gosto amargo do café na minha boca, quase cuspi. Mas, vendo que eu ia ter de tomar o café, de um jeito ou de outro, bebi tudo o que tinha na xícara. De tão... Desorientada que eu estava, nem percebi que eu deitei na cama dele. E para piorar tudo, ele não falou nada.

Na manhã seguinte, quando acordei, vi que ele ainda estava dormindo, sem camisa e virado para mim. De repente, senti uma dor de cabeça muito forte e me xinguei, em pensamento, por ter me descontrolado daquele jeito na festa ontem. Quando eu resolvi levantar da cama, esta rangeu e o Bill acordou. Ele perguntou, se espreguiçando:  

– E aí? Como você está se sentindo?

– Melhor. - Respondi. - Mas a minha cabeça tá doendo e parece que tá rodando...

– Não mandei exagerar na bebida daquele jeito... - Ele resmungou, se levantando da cama. De repente, percebi uma coisa e perguntei:

– Essa cama... É sua ou do Tom?

– Do Tom.

– Ai meu Deus... - Respondi, me levantando de vez. Como minha pressão era baixa, sempre que eu me levantava depressa demais, me dava uma tontura. E como eu estava de ressaca, a tontura foi poderosa. O Bill levantou rapidinho e me segurou.

– Você está bem?

– Estou. Foi só... Uma tontura porque me levantei rápido demais... - Respondi. Senti que a tontura estava melhorando e pedi para que ele me soltasse. De repente, a mãe do Bill bateu na porta do quarto e perguntou:

– Bill? Você já acordou?

– Já, mãe... - Ele respondeu. - Já estou descendo...

– Ah sim... O café já está pronto. - A mãe dele avisou. Eu me desvencilhei dele, que perguntou:

– Tem certeza que você está bem?

– Estou. Só preciso trocar de roupa, me arrumar e principalmente: Um par de óculos de sol e remédio para dor de cabeça...

Ele sorriu. De algum jeito, essa "salvação" da festa, mexeu comigo. E noite passada, mesmo com a tontura por causa da bebida e do ecstasy, consegui sonhar. E o pior é que eu sonhei com ele e nós dois estávamos nos beijando, num palco de um teatro... Me deu até medo só de lembrar...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 3 - A festa - Parte 01

Quando eu acordei, na manhã seguinte, fui lavar o meu rosto e fiquei observando o meu reflexo no espelho. Eu era uma menina comum, se for parar para pensar. Só minha aparência que era meio (Ou muito, segundo quem me olhava torto) estranha: Meus cabelos eram longos, meio ondulados e escuros, porém, tingi as pontas de vermelho. Os meus olhos eram castanho-esverdeados, amendoados e pequenos. Eu tinha um piercing no nariz (Uma argola) e outro na língua (Inclusive meu pai não sabia da existência dele e o meu piercing do umbigo.). Fiquei olhando para meu rosto; O nariz era pequeno e reto e a boca era levemente carnuda. Fiquei pensando no que a Bianca me disse um dia: Que, se eu tingisse as pontas do cabelo de preto, cortasse um pouco e trocasse a argola do nariz por um brilhantinho, além de fazer "Uma maquiagem mais natural", eu ia ficar ainda mais bonita. Fiquei pensando naquilo durante um bom tempo até que eu me decidi. Era sábado de manhã e meu pai estava em casa. Assim que o vi fazendo o café da manhã, perguntei:

– Você não vai para o hospital hoje?

– Não. Vou dar plantão a noite inteira. - Ele respondeu.

– Pai... - Comecei a dizer. - Eu... Queria te pedir uma coisa...
– O que é, Catarina? - Meu pai perguntou, curioso. Eu disse que não tinha roupas brancas e queria ir no salão, retocar as pontas do cabelo, além de cortar e fazer as unhas. Meu pai me deu o dinheiro e, quando eu liguei para a Scarlett, que era mais... Compreensiva que a Bella, perguntei para ela se ela queria ir ao shopping e no salão comigo. A Scarlett não pensou duas vezes e aceitou. Enquanto escolhíamos a minha roupa, meu celular tocou e eu, aproveitando que a Scarlett estava longe, perguntei para o Georg, que tinha me ligado para me perguntar uma coisa:

– Posso te pedir uma coisa na maior cara-de-pau?

– Pode. - Ele respondeu, num tom simpático.

– Posso levar a Scarlett comigo? - Perguntei. Eu sabia que ele tinha uma queda por ela e vice-versa.

– Scarlett? Não é aquela que tem o cabelo loiro e cacheado?

– Exatamente.

– Pode. - Ele respondeu, depois de um minuto. - Afinal, meninas sempre são bem-vindas nas minhas festas...

Eu ri e, por estar preocupado com a organização da festa, o Georg perguntou se eu realmente ia, falei que sim e ele se despediu de mim. Quando a Scarlett veio me mostrar um vestido branco, tomara-que-caia, com reflexo perolado, eu contei para ela que o Georg tinha deixado ela ir comigo e com o Tom e ela disse:

– Bom... Já que ele deixou eu ir... Vamos ver uma roupa para mim também?

Eu a ajudei a escolher um vestido de algodão com renda. Depois que a gente comprou os vestidos e os sapatos (A Scarlett escolheu uma sandália anabela de tirinhas brancas e eu comprei uma sapatilha branca, com um salto pequeno.), fomos até um salão de beleza. Passamos a tarde inteira lá e, quando chegamos em casa, eu dei graças a Deus que estava chovendo e, por isso, pude colocar o capuz do casaco. Assim que nos ouviu entrando, meu pai disse:

– Vocês demoraram...

– Oi, tio! - A Scarlett disse, rápido, enquanto eu a puxava para o meu quarto.

– Oi, Scarlett... - Ele respondeu. - Catarina!

Eu arrastei a Scarlett até o meu quarto, para que a gente pudesse se arrumar e, mesmo com meu pai insistindo para que abríssemos a porta, eu continuei me arrumando. Quando estávamos prontas, nós demos uma olhada no espelho e as duas garotas refletidas no espelho não se pareciam conosco: A Scarlett tinha tingido o cabelo de vermelho, o que deu mais destaque à pele branca dela (Como se eu não fosse tão branca quanto ela) e aos olhos verdes. Além de tingir, ela tinha feito uma franja, grossa e que cobria as sobrancelhas dela. E eu... Meus cabelos, que antes batiam na cintura, agora estavam um pouco abaixo do ombro e o cabelo estava tipo o da Blair Waldorf, de Gossip Girl. Eu tinha feito, com uma fita comum, um lacinho e ficou parecendo que eu estava usando um arco. A Scarlett disse:

– Sabia que você está a cara da Blair da Gossip Girl? Só te peço para não tramar nada contra mim, tá?  

– Ai, Scarlett... Nem vem... - Eu respondi. Nesse instante, a campainha tocou e eu peguei o meu celular, para ver a hora. A Scarlett disse:

– Conta até cento e vinte, no ritmo do ponteiro dos segundos.
Fiz o que ela falou. Era uma bobagem que a gente tinha. Sempre deixar os garotos esperando um pouco, enquanto a gente contava até um determinado número, junto com o tic-tac do ponteiro de segundos do relógio. Quando eu cheguei no cento e vinte, meu pai bateu na porta do meu quarto e disse:

– Catarina... Tem um rapaz, lá embaixo... Disse que se chama Tom e que veio te buscar para a festa...

– Tá, pai... Já estamos descendo. - Respondi.
Quando chegamos no primeiro andar, o Tom estava sentado no sofá, todo jogado, e, quando nos viu, se levantou e, quando ele me viu, ouvi ele dizendo um "Wow" baixo e eu perguntei:

– E aí? A gente vai ficar aqui a noite inteira ou nós vamos para a festa?

– Hã... Vamos. - Ele respondeu, fechando a boca, depois de perceber que o queixo dele tinha caído.

Quando chegamos à festa, a Scarlett disse, pegando no meu braço e falando no meu ouvido, para que ninguém pudesse ouvir:

– Cara... Olha só os pedaços de mau caminho que estão aqui! É hoje que eu saio daqui com um namorado!

Olhei para a Scarlett, surpresa. Ela era a mais... Anti-casamentos do grupo. Dizia que não ia se casar nunca, já que os homens não prestavam e só serviam para o sexo mesmo.

O Tom me puxava pela mão e passeava pela festa. Ele parou perto do bar e me perguntou:

– Quer alguma coisa?

– Não... Por enquanto não.

Olhei para trás, para perguntar se a Scarlett também queria, mas, a danada sumiu. Dei uma olhada geral na festa, para ver se achava a minha amiga, mas, não consegui. O Tom viu alguma coisa e me disse:

– Aqui... Eu vou ter de ir no banheiro rapidinho, mas, me espera perto da piscina que eu já estou indo lá, tá bom?

– Tá... - Respondi. Fui na direção que ele me indicou (Eu nunca estive na casa do Georg antes) e, quando vi as espreguiçadeiras, fui até elas e me sentei em uma. Não estava agüentando o salto do sapato. Ainda que fosse pequeno, estava me matando. Não demorou e o Bill apareceu. Ele me disse:

– Desculpa, mas tem alguém... Catarina?

Olhei para ele e percebi o quanto ele estava bonito. E ele também estava me olhando. Eu balancei a cabeça, negativamente, tentando afastar o meu pensamento sobre ele estar bonito e ele, encarando essa "balançada de cabeça negativa" como se eu estivesse dizendo que ele podia se sentar. Ele ficou do meu lado e, me observando, perguntou:

– Você está diferente... É impressão minha ou você cortou o cabelo?

Olhei para ele, surpresa; Sabia que, normalmente, homens nem reparavam quando as mulheres cortavam os cabelos. Principalmente ele, que fazia questão de me ignorar sempre que nós nos cruzávamos no corredor da escola ou então, até mesmo na sala de aula.

– Cortei. - Respondi. - Enjoei daquele cabelo comprido e das pontas vermelhas...

– Você ficou mais bonita assim... - Ele respondeu, ainda me olhando.

– Onde é que você está querendo chegar? Bill, nós dois não nos suportamos... E você sabe disso.

– Você sempre recebe elogios tão bem assim?

– Se fosse qualquer outra pessoa... Eu podia até agradecer. Mas, você sempre fica me provocando e me odeia, lembra?

– Eu não te odeio... Só... Gosto de te ver irritada. Você fica ainda mais linda quando fica brava...

Eu tive que rir.

– Tão clichê... - Respondi. - Olha, acho melhor para nós dois se a gente continuar do jeito que está... Tudo bem que nos aproximamos por causa do trabalho, mas, assim que entregarmos a peça para a professora, isso tudo acaba e nossas vidas voltam ao normal. E com licença que eu vou procurar a minha amiga...

Me levantei da espreguiçadeira e fui até a casa, procurar a Scarlett. Assim que eu achei o Tom, perguntei:

– Você viu a Scarlett?

– Vi. Ela estava com o Georg. Agora onde os dois se meteram é outra história... Por quê? Você quer ir embora já?

– Não... Só queria saber onde a Scarlett estava mesmo.

– Ah...

De repente, eu vi o Bill e fui tomada por um impulso. Peguei a mão do Tom e puxei ele para dançar comigo. Fiquei dançando com ele, provocando mesmo, só que o Tom se controlou e, quando eu estava colocando os meus braços ao redor do pescoço dele, o Tom pôs a mão na minha cintura e falou, no meu ouvido:

– Já vou te avisando que, se você está tentando fazer ciúmes no Bill... Não vai funcionar.

– Por que você acha isso?

– Porque ele sabe que eu gosto de você como minha amiga e eu não ia aceitar fazer parte desse seu plano...

Soltei o Tom e saí dali. De repente, uma raiva imensa tomou conta de mim e, quando percebi, estava até tremendo...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 2 - A aula de biologia

No dia seguinte, as duas últimas aulas eram de biologia. Tivemos que agüentar o falatório da professora sobre reprodução humana, incluindo o que acontecia nos corpos dos homens e das mulheres durante todo o processo, além dos engraçadinhos que riram a aula inteira. Ela estava explicando o que acontecia durante o crescimento e, de repente, ela disse:

– Kate e Bill... Poderiam vir aqui na frente, por favor?

Eu estava distraída, rabiscando o cantinho da folha do meu caderno e ele, pelo o que pude perceber, estava desenhando um bonequinho, tipo aqueles de mangás. Quando a professora viu que nenhum dos dois se mexeu um milímetro, ela foi nos buscar pelas mãos. Nós dois estávamos sentados um do lado do outro e fomos praticamente arrastados até a frente da sala. A professora disse:

– Como dá para vocês verem, o corpo dos meninos é diferente do das meninas.

E foi falando a respeito de toda e qualquer transformação que acontecia nessa época. Quando ela foi explicar que a cintura e o quadril das meninas ficava mais
definido, um grupo de meninos assobiou e riram. A professora disse:

– Vocês estão rindo, mas, aposto que, quando vocês saem, vão à festas ou em qualquer outro lugar que vocês costumam ir para se divertirem, a primeira coisa que vocês olham é para a bunda das meninas, não é mesmo?

– Ô professora! É lógico! - Um deles respondeu. - A bunda das meninas é uma das partes mais... Macias e gostosas de se apertar quando a gente tá dando "uns pegas" nelas...

– Obrigada, Joseph, mas, isso era algo que a gente não precisava ouvir. - Ela respondeu. - Mas, continuando...

Quando a professora foi dar uma explicação do que acontecia durante um beijo, por exemplo, ela começou a falar, nos mínimos detalhes:

–... Tanto que, nos meninos, essa... "Animação" é visível.

A turma ficou em silêncio. Vi a cara dos meninos e, quando fui olhar para o meu lado, vi o Bill ficando roxo de vergonha, pelo canto do olho. Por sorte, o sinal tocou e finalmente estávamos liberados daquela aula constrangedora. Eu fui pegar a minha mochila e o Bill me perguntou:

– E aí? Você vai mesmo lá para a minha casa, para a gente poder fazer o trabalho que a professora de literatura pediu?

– Vou. - Respondi, amarrando o meu casaco no quadril. Pus a mochila sobre os ombros e saímos da sala juntos. Assim que vi a Bianca, falei com o Bill:

– Peraí que eu vou só avisar a minha irmã.

Ele esperou e eu disse, assim que a Bianca se virou para me olhar:

– Olha, eu vou fazer um trabalho de literatura na casa de um colega, então, por favor, avisa ao papai que hoje eu vou chegar em casa mais tarde...

– Tá bom. - Ela falou, indiferente. Quando passei perto dela, com o Bill do meu lado, vi a cara de surpresa da minha irmã.

Saímos do prédio onde funcionava a nossa escola e esperamos pelo Tom, sentados na escada, quietos. Já era bastante constrangedor sermos vistos juntos, uma vez que nos odiávamos, e as coisas ficaram ainda piores depois da aula de biologia. O Bill esperou quinze minutos para poder ligar para o Tom e, quando o irmão atendeu, o Bill perguntou:

– Onde é que você se enfiou? Eu estou com a Kate aqui, te esperando para a gente poder ir para a casa...

Eu nem teria prestado atenção na conversa senão fosse por um pequenino detalhe: Ele nunca tinha me chamado assim. Era sempre Catarina.

– É... Eu te falei que a gente ia fazer um trabalho de literatura juntos... Lembra? - O Bill disse, interrompendo meus devaneios. O Tom respondeu alguma coisa e, o Bill, suspirando impaciente, disse que não precisava e que estávamos indo para a casa dele. Logo depois, se despediram um do outro e, pegando a mochila, se levantando e colocando o celular no bolso, o Bill me disse:

– Aquele... Filho de uma...

– Vocês são gêmeos. - Lembrei.

–... Como eu ia dizendo, aquele safado do meu irmão já foi para a casa. A aula dele acabou mais cedo e, como ele não estava com saco, decidiu não esperar por nós...

– Ah... - Foi tudo o que eu consegui responder.

– Bom... Vamos para lá, então?

– Tá. - Respondi. Fomos andando até o ponto de ônibus, em silêncio. Ficamos esperando o ônibus, ainda sem trocar uma única palavra. De repente, eu me lembrei que tinha guardado um pacotinho de alcaçuz dentro da bolsa, durante o intervalo. Tirei a mochila das costas e, tentando me apoiar num pé só, com a mochila sobre a minha coxa, procurei pelo pacotinho de alcaçuz. Quando eu finalmente o encontrei, percebi que o Bill estava me olhando. Ele perguntou:

– O que você está fazendo?

– Não está dando para ver?

– Não... - Ele respondeu. De repente, ele olhou para a frente e viu que o ônibus estava vindo. Deu o sinal e puxou meu braço, para que eu fosse com ele. Depois de pagarmos as passagens, ele procurou um lugar vazio, onde coubessem duas pessoas, só que os únicos lugares disponíveis eram dois bancos, onde uma mulher e um homem, sentavam do lado da janela. A mulher estava sentada na frente e, como o Bill me deixou embarcar primeiro, escolhi este assento. Já ele, teve de sentar atrás, do lado do homem. Eu tirei um livro da mochila e, antes de abri-lo, prendi o cabelo, com um lápis. Senti o olhar do Bill na minha nuca e eu sabia porquê. Mas, não olhei para trás. Me preocupei em ler o meu livro.

Uns quinze minutos depois, chegamos à casa dele. Assim que ele destrancou a porta, me deixou passar primeiro e, quando ele passou, trancou e gritou:

– Tem alguém em casa?

No primeiro instante, não houve resposta. Mas, a mãe dele veio até a sala. Ela me olhou e perguntou:

– Por que você veio depois que o Tom?

– Ele não te falou que a aula acabou mais cedo e não teve paciência de esperar a gente? Ah... Mãe, esta é a Catarina. Catarina, minha mãe, Simone. - Ele respondeu. - Nós vamos fazer um trabalho de literatura.

– Ah, sim... - A mãe dele respondeu, olhando desconfiada para o filho e, logo em seguida, me olhou e sorriu. - Como vai?

– Bem, obrigada. E a senhora? - Perguntei. Eu era geniosa, mas, era educada, também.

– Vou bem, obrigada. Ah, Bill... Uma moça ligou, te procurando... O nome dela é... Isobel ou alguma coisa assim...

– Ah... Depois eu ligo para ela. O Tom está no quarto?

– Está. - A mãe dele respondeu.

– Vem comigo... - Ele disse, pegando a minha mão e me levando até o segundo andar da casa. Quando entramos no quarto dele, o Tom veio logo depois do Bill e, assim que me viu sentada em uma das duas camas, ele veio até mim, pegou meu rosto e deu um daqueles beijos estalados na minha bochecha. Ele perguntou:

– Sabia que você é uma santa?

– Não sou não... - Respondi, sem pensar, enquanto tirava o caderno e meu estojo da mochila.

– Ah, é sim... Tem que ter uma paciência para agüentar meu irmão...

Eu tive que rir. O Bill jogou um travesseiro na nossa direção e acertou em cheio no Tom, que me olhou e disse:

– Tá vendo o que eu quis dizer?

– Tom, por favor? A gente vai fazer um trabalho complicado agora... Se não for pedir muito, você podia... Sei lá... Ajudar a mamãe a descascar cebola ou qualquer outra coisa assim?

– Já que você pediu de maneira tão... Educada...

O Tom, ao passar pelo Bill, devolveu a travesseirada e saiu do quarto. Eu estava procurando as anotações que eu fiz sobre o trabalho e, o Bill me perguntou:

– Gostei da sua rosa...

Levantei a cabeça e olhei para ele, confusa.

– A sua tatuagem da nuca. É de verdade?

– Quer dizer definitiva? É.

Ele levantou as sobrancelhas, como se dissesse que entendeu, e, ficou me observando procurar pelas anotações. Quando achei, dei uma lida rápida no que eu tinha escrito e eu disse:

– Em resumo: Nós temos que escrever uma peça contemporânea usando "A Megera Domada" como base.

– Sério? Desculpa, mas, eu nunca escrevi peça de teatro antes...

– É, mas, eu já. Talvez foi por isso porque a professora me escolheu como sua dupla... - Respondi.

Ficamos revezando entre quem ia escrever o rascunho no caderno, para depois digitarmos o trabalho no computador. Eu estava ditando uma das cenas para ele e estava deitada na cama, depois que ele me deixou deitar aqui. De repente, eu perguntei, quando ele parou de escrever um pouco:

– De quem é essa cama?

– Minha. - Ele respondeu. Eu me sentei rapidamente e ele disse:

– Pode ficar deitada, se quiser... Não tem problema...

– Acho melhor não. E sua mão está doendo... Me dá aí o caderno.

Ele me entregou o caderno e a caneta e eu continuei escrevendo. Quando eu vi que eram sete da noite, no relógio despertador que estava sobre o criado-mudo entre as camas, me levantei de um pulo da cama e comecei a juntar as minhas coisas. O Bill, que tinha ido ao banheiro por um minuto, voltou e, quando me viu, perguntou:

– Onde você vai?

– Para a minha casa. Já está tarde e se eu demorar mais, meu pai vai ter um ataque histérico e começar a ligar para os hospitais, polícias e etc. Segunda-feira, se você puder, a gente continua esse trabalho lá na minha casa, depois da aula...

– Tá. - Ele respondeu.

Antes de eu ir embora, o Tom me chamou e disse:

– Eu queria te avisar que todo mundo vai ter de ir de branco na festa amanhã, tá?
– Ah, tá... Foi até bom que você me avisou... - Respondi.

– Posso te buscar, amanhã?

– Claro... - Respondi. - Bom, deixa eu ir, então... Até amanhã, às oito, né?

– É. - Ele respondeu. Ele tinha me levado até o ponto de ônibus, que já estava se aproximando e eu já tinha dado o sinal. O veículo parou e eu embarquei. Quando cheguei em casa, meu pai perguntou:

– E aí? Fez o trabalho?

– Ainda não terminamos, mas, já fizemos um pouco mais da metade. - Respondi. - Ah, pai... Duas coisas: Esse meu colega vem aqui na segunda-feira depois da aula e amanhã eu vou à uma festa.

A Bianca, para meu azar, ouviu a parte da festa e ficou insistindo, tanto comigo quanto com o meu pai, para que ela fosse também. Para minha sorte, meu pai me perguntou:
– Por um acaso, essa festa é uma daquelas que as pessoas podem ir sem serem convidadas ou...

– Na realidade, o dono da festa é bem... Sistemático quanto à isso. - Respondi, vendo a Bianca ficar de cara fechada. - Além do mais, eu não acho que ele gosta de gente que aparece sem ser convidada...

A Bianca, que normalmente era calma, gritou, de repente, dando um susto no meu pai e em mim:

– CATARINA, EU TE ODEIO!

E saiu da cozinha batendo pé. Meu pai disse:

– Sabia que você é má?

– Eu sei. Mas, a Bianca é nova demais... Se duvidar, ela vai ficar deslocada ali no meio...

– Nova demais? Sua irmã tem quinze anos... E você tem dezessete...

– Tá... Se você prefere deixar sua filhinha se arriscar a ser estuprada por um bêbado, tudo bem... Vai em frente... Mas, depois, não diz que eu não avisei...

Meu pai ficou branco e, por um instante, achei que ele não ia me deixar ir. Mas, por incrível que pareça, ele não voltou atrás na decisão de me deixar ir. E, de novo, aquela sensação sobre a festa apareceu...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 1 - Os opostos realmente se atraem?

Meu nome é Catarina, mas pode me chamar de Kate ou K.T.. Tanto faz.Nasci em Roma, na Itália, mas, por causa do trabalho do meu pai, me mudei com ele e a minha irmã mais nova, Bianca, para Magdeburgo, na Alemanha há três anos. Porém, por mim, eu estaria bem longe, tipo... Na Austrália mesmo. Odeio a cidade, a minha casa, minha escola... Odeio a cidade porque é pequena e raramente tem alguma coisa realmente boa para se fazer aqui. A minha casa porque eu tenho que dividir um único banheiro com a minha irmã. Ela é do tipo que se arruma durante horas e, sendo assim, não posso nem tomar banho, pentear o cabelo e escovar os dentes, sem que eu me atrase uns quinze minutos por causa dela. E odeio a minha escola... Porque simplesmente é o pior lugar do mundo. Todo mundo na escola faz parte de um grupo: São eles os grupos dos atletas, dos populares, dos nerds, dos esquisitos, dos sem-grupos e os excluídos. Eu estou no grupo dos esquisitos excluídos. Lá na escola, todo mundo me chama de "Megera indomada" por causa do meu gênio e principalmente: Porque eu prefiro estar sozinha a ter namorado. Sim, sou feminista e acho que o mundo inteiro está errado, porque os homens são mais favorecidos do que as mulheres.

Porém, para minha sorte, tenho duas amigas que se parecem comigo: Scarlett e Bella. As duas têm as mesmas opiniões e ideais que eu. Talvez por isso que eu virei amiga das duas. Nós três sempre estamos envolvidas em protestos, manifestações, participamos de um clube do livro que sempre acontece nos porões de um bar, fazemos parte do clube de teatro da nossa escola e sempre estamos envolvidas com qualquer movimento que tenha alguma relação com a cultura.

E minha vida ficou pior do que já estava numa manhã de final de inverno, como outra qualquer. Esqueci de ativar o despertador e, por isso, acordei fora da hora. Me arrumei correndo, e, quando saí, já estava atrasada, porque fiquei procurando meu all star. Perdi o ônibus, cheguei na escola e a primeira aula, que era de física, já tinha começado há vinte minutos. Não bastasse tudo aquilo que estava me acontecendo, ainda levei esporro do professor, na frente da turma. Fui para o meu lugar e, no exato instante que sentei na cadeira, esta quebrou e eu caí de bunda no chão. Todo mundo começou a rir e tinha gente até chorando por isso. Depois de trocar minha cadeira, o professor continuou a dar aula. Na hora do intervalo, eu estava reclamando com a Scarlett e a Bella sobre tudo o que tinha me acontecido e perguntei:

– Não dá para ficar pior, dá?

– Na realidade... - A Bella começou a dizer, hesitando. - Dá.

Ela indicou alguém atrás de mim, com o queixo. Olhei para trás e, quando vi quem era, suspirei, impaciente.
– Eu queria te agradecer... - O garoto mais irritante daquela escola, Bill, me disse.

– Pelo o quê? - Perguntei.

– Por ter salvo a aula de física da chatice... Só tive pena foi da cadeira mesmo.

– É? Que bom. Fiz minha boa ação do dia... - Respondi. - Se vocês precisarem de alguém para animar as aulas de física... Se oferece para fazer o papel de palhaço... Aliás... Você nem precisa de treinamento, né?

– Não... Na realidade, eu não vou precisar me oferecer quando você é quem tem doutorado em palhaçadas. - Ele me disse. Se a Bella e a Scarlett não estivessem ali do meu lado, juro que ia voar no pescoço dele.

– Ah, pois é, né? - Respondi. - Mas eu não sou tão boa quanto você...

Ele ia responder quando o sinal tocou, avisando que era para a gente voltar para a sala. A próxima aula era de literatura. E a professora já estava sentada, bonitinha, no lugar dela, esperando o resto da turma entrar. Assim que estava todo mundo nos seus devidos lugares, ela disse:

– Bom dia, meus amores! Bom, hoje eu vou dividir a turma em duplas, porque eu vou passar dois trabalhos para vocês: Um para vocês fazerem aqui e agora e outro, para fazerem na casa do amiguinho. Não é ótimo?

A professora era tão feliz que até dava medo; Pior é que ela se parecia com a noiva do brinquedo assassino, só que sem a maquiagem carregada e a cara de má.

Ela foi dividindo a turma e, quando chegou no meu nome, ela disse, mordendo o lábio enquanto escolhia a minha dupla:

– OK... Kate e... Bill. Vocês dois vão fazer um trabalho em casa sobre... "A megera domada" de William Shakespeare. E aqui na sala... Quero que vocês dois ponham essas cabecinhas lindas para funcionar e façam um poema, ou até mesmo uma crônica, como se fossem a Catarina e o Petrucchio, falando um com o outro. Podem escolher qualquer cena.

Ele pegou a mochila dele e veio se arrastando até a carteira do meu lado, que estava vazia, depois que viu que eu não ia me mexer um milímetro para ir até ele. Quando vi que ele não estava pegando o caderno dele, falei:

– Pode esquecer que eu não vou arrancar uma folha do meu caderno só para te dar... Então, se quiser ganhar o ponto mesmo, faz o favor de abrir essa... Coisa arregaçada que você chama de mochila e tirar aquele tijolão do seu caderno.

Suspirando de um jeito bem impaciente, ele fez o que eu falei. Ele me perguntou:
– Vai ser poesia mesmo?

– Pode ser. - Respondi. - Vai ficar uma porcaria mesmo, então... Tanto faz, desde que a gente ganhe o ponto... Ah, e se você não se importar, a gente podia fazer sobre aquela parte que ela conhece o Petrucchio.

Ele deu de ombros e começou a escrever. Enquanto eu escrevia uma das frases, percebi que ele estava olhando para mim. Fiquei quieta, senão ia arranjar briga. E, quando eu estava em processo de criação, odiava ter de discutir com alguém.

Como tínhamos os dois últimos horários de literatura, a professora aproveitou o primeiro para passar os trabalhos e o segundo seria para todo mundo ler o que escreveu. E nós fomos os terceiros:

– Odeio-te. Com todas as forças do meu ser, odeio-te. Tu me causas asco por ser tão ser tão cheio de si. Preferia mil vezes a morte a me casar contigo. Não vês que não suporto-te? És um grosseirão, teus modos são rústicos e tomar-te como meu esposo seria vergonhoso...

O Bill leu o que ele escreveu e todo mundo ficou quieto. De repente, eu percebi que o que ele tinha escrito era para mim e não para a outra Catarina, fiquei quieta. Parecia que a professora tinha percebido isso também. Tanto que ela não falou nada depois que ele terminou.

Quando o sinal tocou, perguntei para ele:

– E quanto ao outro trabalho?

– No dia que você quiser... Eu posso ir até a sua casa ou você vai para a minha... Você quem decide...

– Tá bom. - Respondi. - Amanhã, depois da aula, na sua casa, pode ser?

– Pode. - Ele respondeu. Não demorou e o irmão gêmeo do Bill, Tom, e mais dois amigos deles apareceram. O Tom, assim que me viu, perguntou:

– Graaaaaaande Catarina! Tudo bem com você?

– Tudo. - Respondi. O Tom era o único da escola inteira que não me tratava de maneira hostil, que nem todo mundo. Pelo contrário; Sempre me tratou muito bem e nós dois estávamos começando a ser amigos.

Os outros dois amigos do Bill e do Tom já tinham terminado a escola, mas, como eu sabia que o Bill já tinha feito o favor de fazer minha caveira com os dois e, em contraponto, o Tom falou muito bem de mim, os dois me cumprimentaram com um aceno de cabeça, cada um e ficaram mais perto do Bill que do Tom, que estava do meu lado. O Tom me perguntou:

– KT... Posso te fazer uma proposta?

– Depende... Qual é o grau de indecência?

– Eu diria que... Um e meio. No máximo dois.

– Proponha, então...

O Bill disse ao Tom que ele, o Georg e o Gustav iam andando e ele que os alcançasse depois. Quando os três estavam longe, o Tom me disse:

– Seguinte... No sábado agora... Mais conhecido como depois de amanhã, vai ter uma festa escabrosa na casa do Georg. Eu perguntei se estava tudo bem se eu te levasse e ele falou que sim, então... O que você me diz?

– Por mim tudo bem. - Respondi. Ele se inclinou na minha direção e deu um beijo na bochecha. Antes de ir atrás do irmão e dos amigos, ele me disse:

– A festa é às oito, não esquece...

– Tá bom. - Respondi. Ele acenou e saiu correndo.

– O que você estava falando com ele? - A Bianca perguntou, atrás de mim.

– Ai, criatura! Se eu morrer do coração, a culpa é sua! - Respondi.

– O que é que você estava falando com o Tom? - Ela insistiu.

– Nada da sua conta. - Respondi. - Anda... Vamos para a casa que eu tenho muita coisa para fazer ainda hoje e, se eu me atrasar, juro que rodo a minha baiana para o seu lado. E desta vez, não vai ter pai que me segure!

Eu, por incrível que pareça, estava com um bom pressentimento a respeito dessa festa. Não sabia porque, mas, sentia que algo bom ia acontecer... Dava até medo. Mas, como eu sou curiosa e dizem que quem não arrisca, não petisca... Comecei a pensar na minha roupa.

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada

A Megera Indomada
Sinopse: Já diz o velho ditado... O amor e o ódio andam juntos...

Classificação: +18
Categorias: Tokio Hotel
Gêneros: Comédia, Romance
Avisos: Álcool, Drogas, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
Capítulos: 19
Autora: PinUp_Girl

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