domingo, 2 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 10 - Quem de nós dois...


 Quem de nós dois Vai dizer que é impossível O amor acontecer...


Quem de nós dois  -  Ana Carolina
 
...


Na segunda-feira  quando cheguei a primeira pessoa que eu vi foi Gustav  e advinhem?
 
-Oi, Janny! – Gus comprimentou-me cheio de dedos, já me pegando e se aproximando indevidamente. Não o culpo, afinal quem deixou a “BRECHA” foi eu. Eu tinha que deixar claro, que a NOSSA noite não tinha passado. DAQUELA Noite!

-Oi, Gus – Eu disse olhando para os lados para ver se Bill já tinha chegado. Não o vi!

-E ai como foi a festa de aniversário da avó do Bill?   -Gustav perguntou ainda insistindo em chegar perto demais e eu tentando, sem magoa-lo,  afastar-me.

-Foi ótima! – Eu disse sorrindo olhando para a entrada do hospital para ver se Bill chegava. Ele estava atrasado. Ele sempre era o primeiro a chegar. Será que ele não viria para a aula?

-Janice, queria ficar e tomar café com você, mas tenho que entregar uns currículos para a Samara! –Quando Gustav estava se afastando eu o chamei.

-Gus,  currículo do que? O hospital esta selecionando? Sabe queria ajudar mais essas crianças, queria doar mais do meu tempo para elas. Conversei com o meu pai e o conveci de contribuir financeiramente, igual o pai do Bill faz. Quero ser útil, será que você poderia colocar o  meu nome em uma dessas vagas para tempo integral ou meio período mesmo. O que vier, é lucro!

-Poxa, Janny que legal! Vou falar com algumas pessoas. Com certeza, vamos encaixar você em alguma vaga e sobre o seu pai, eu soube que ele vai ajudar mensalmente,  já encomendamos alguns  materiais muito importantes para a criançada, graças a contribuição dele.

- É o mínimo que a gente pode fazer. Se Deus nos deu um pouco a mais de condições, porque não ajudar,né? – Sorri para Gustav e finalizei   -Fico esperando a resposta do emprego.

-Vou falar com Samara ainda hoje! –Gustav disse todo animado.- Se depender de mim você já esta dentro.

-Obrigada!  – Eu disse mudando completamente de assunto. -Gustav, você viu o Bill? Ele já chegou?

- Já! Ele estava na sala de braile com a Simone. Olha eles ali! –Gustav disse levantando a mão para comprimentar os dois.

 ...

- Oi, Janice! - Simone cumprimentou Janice de longe.

- Ela já chegou?- Bill perguntou baixo para a mãe.

-Sim, esta conversando com o Gustav.  -Simone comprimentou Gustav também.

-Hum...O Gustav!   –Bill fez uma careta e virou-se de costas para os dois.

- O que foi Bill? O que te deixa tão inseguro em relação a  essa garota?-Simone perguntou para o filho.

-Nada! - Ele simplesmente respondeu.

-Nada? Tem certeza? O que aconteceu no dia da festa da sua avô?  -Simone insistiu.

-Nada! Mãe, nós nos beijamos, mas ela também beijou Gustav e nem por isso esta casada com ele. Hoje em dia uma simples  ficada, não quer dizer que você ama, gosta ou quer namorar, muita coisa mudou. Ela é jovem e quer curtir a vida. Não quer um relacionamento sério. E pelo que sei ela esta envolvida com Gustav. Ele esta gostando dela e  seria muita sacanagem da minha parte eu dar em cima dela sabendo que ele gosta pra valer dela.


- Oi, Simone! – Eu disse, fui em direção a Bill e lhe dei um beijo na bochecha.

- Oie,Tudo bem com você? -Eu perguntei sendo super natural .
 
- Sim, tudo bem!  –Ele também pareceu muito natural. Pelo menos, a cara feia de sábado tinha passado.

-Vamos para a sala de Musicaterapia? Peguei o rádio novamente. Eu trouxe um forrozinho. Vamos assistir Simone? Depois, Bill e eu vamos fazer uma performace a “ LA CALYPSO”.

 
Lógico que era mentira, o Calypso, a performance e o meu sorriso de feliz!


-Não, vou deixar vocês dois ouvindo Calyp..Caly...Bom, eu vou  embora.


Só Simone e eu sorrimos dela com o sotaque todo germânico tentando falar CALYPSO! A mãe de Bill me deu um beijo na bochecha e um na bochecha do Bill e nos deixou sozinho.
Seguimos para sala. E quando estavamos quase entrando,Gustav me chamou feliz.


-Bill, vai entrando que eu já volto! É um minuto! –Eu disse e fui em direção de Gustav.


-Falei com o pessoal e parece que a vaga já é praticamente sua.


-Mentira? Eu não acredito? -Dei um grito e abracei Gustav e agradeci milhões de vezes.


Aquela notícia era fantástica e quem ia amar era o meu pai .Ele não ia encher mais a boca para falar que eu era um peso morto naquela casa. Terminei minha conversa com Gustav, agradecendo mais uma vez  e fui para minha aula com Bill.


- Nossa pelo gritos de euforia lá fora, o papo deve ter sido bem animado.

-Foi ótimo, maravilhoso!  Vamos começar? -Eu estava feliz da vida.

-Vamos!- Ele disse sentando na grande mesa.


Então, olhei para Bill e vi um rosto triste e cabisbaixo . Estava aprendendo com ele decifrar as pessoas. Talvez estava desenvolvendo um dom . E algo me dizia que ele não estava bem.


- Tudo bem? – Eu me aproximei e perguntei.

-Sim! Por que não estaria?  –Ele respondeu com um sorriso meia boca.

- Não sei...Você quer conversar? –Eu disse sentando ao seu lado.

-Não. Eu estou bem! –Ele disse meio desconfortável.
 
Peguei o rádio, coloquei em cima da mesa e o liguei na tomada.

-Hoje, eu trouxe uma música ela se chama “Quem de nós dois”. Vamos trabalhar em cima dela, qualquer dúvida de palavra, eu paro,ok?

Ele balançou a cabeça em afirmativa e começamos a ouvir a música.

Eu e você Não é assim tão complicado Não é difícil perceber...

Quem de nós dois Vai dizer que é impossível O amor acontecer...
 
Sinto dizer que amo mesmo Tá ruim prá disfarçar...
No vão das coisas que a gente disse Não cabe mais sermos somente amigos...

Mas toda vez que eu procuro uma saída Acabo entrando sem querer na tua vida...


-Pára! –Bill quase gritou. –Pára essa música, por favor!


Eu parei a música imediatamente e perguntei :


-Você tem alguma dúvida? - eu questionei

-Muitas!  – ele disse baixo. -  Janice será que poderíamos cancelar a aula de hoje é que eu não estou bem.

- Tá! Tudo bem  quer que eu venha amanhã para...

-Não, não quero atrapalhar a sua vida!   – ele me cortou  ríspido.

- Eu posso vir amanhã sem problemas!

-Não! Não estou com cabeça. Não quero ter aula essa semana. Pode ser? – ele disse friamente levantando-se da mesa.

-Tem certeza? – eu disse me aproximando perigosamente do corpo dele.


Só para constar nos altos, eu estava muito confusa. Muito! Eu tinha decidido ficar longe dele, até para não parecer pegajosa ou para que ele não pensasse que eu era uma oferecida, Porém  meu corpo pensava diferente quer dizer, meu corpo não. O meu coração insistia em me empurrar pra cima dele. Meu coração que acelerava, descompassava e me tirava totalmente o juízo quando eu estava perto dele. E o motivo dele agir assim, era óbvio. Eu, Janice estava completamente apaixonada por Bill Kaulitz.

Pensava nele 24 horas por dia, acordava e dormia pensando nele. E ficar uma semana sem vê-lo para mim seria como colocar uma mordaça, amarrar meus pés e minhas mãos e me deixar em um canto escuro sem ser alimentada até segunda. Era exatamente assim que eu me sentiria , sem ele.


-Não! Não tenho certeza de nada nesse momento. –ele disse contraindo os músculos do rosto quando sentiu minha respiração próxima de seu rosto.


Senti a confusão em seu rosto, senti que ele estava perdido, então me afastei, se um dia fosse acontecer algo entre nós, não seria desse jeito, eu o forçando algo. Lembrei das palavras de Tom no sábado a noite. Eu ia me manter na retaguarda. Até por que EU gostava dele, eu estava afim dele...Já ele, eu não fazia a menor ideia quais eram os seus sentimentos por mim!

O nosso beijo foi maravilhoso, quente e ele ficou, vamos dizer assim...excitado. Nós, ficamos! Mas depois do beijo parece que o encanto evaporou...para ele!
  
Então, fui até o rádio, peguei o cd que estava dentro dele e lhe entreguei.


-Toma! Leva o Cd e tenta estudar. Nesse cd tem a outra música que você gosta do “beija -flor”. Qualquer dúvida você me procura.

- Obrigado! -Bill agradeceu com uma voz mais doce.


A voz mais doce e o rosto menos gélido,então Bill se aproximou e beijou o canto da minha boca bem devagar. Nossa...C ontei até dez em japonês, chinês e holandês para não abraça-lo e beijar sua boca. Eu poderia muito bem me aproveitar e virar o rosto e lhe dar um selinho, mas não o fiz...


Frio na barriga controlado, respondi com uma voz segura:


-Não precisa agradecer. Tchau e até a semana que vem!

-Tchau, até a semana que vem! –Ele ainda estava muito próximo.  –Se cuida,viu? –Ele disse passando o polegar na minha bochecha carinhosamente.

- Você também!  –respondi , ele se virou e saiu pela porta.

Minhas pernas tremiam feito vara verde, meu coração palpitava a 500 batidas por hora e eu não ia lavar minha bochecha até segunda –feira .Até segunda, eu tinha que planejar minha semana com sobre carga de tarefas para ela passar rapidamente.

Peguei o rádio e fui para a reabilitação. Depois de duas horas cheguei na recepção para entregar a chave da sala e perguntei para Lena.


- Bill já foi embora,Lena?


-Já, pegou um táxi fazem duas horas, estava com uma carinha triste. Acho que nunca o vi tão cabisbaixo dessa forma.


- Ele não quis ter aula hoje, disse que não estava bem! –disse lhe entregando o rádio, a chave e os materiais das aulas.

- Hum...Ele deve estar ansioso por causa da cirurgia, Janice! –Lena aproximou e pegando os materiais do balcão e guardando nos armários.

-Cirurgia? Que cirurgia? – Perguntei curiosa.

-Uns médicos importantes da Europa  vão tentar uma cirurgia nova para deficientes visuais, parece que ela traz a visão novamente. Dois rapazes europeus fizeram e a cirurgia foi um sucesso. Por isso todos aqueles exames.Bill será a primeira pessoa a fazer essa operação no Brasil.

A visão novamente?! Visão?!  Bill enxergando!  Meu Deus, eu paralisei por milésimos de segundos e corri para fora do hospital. Peguei minha chaves tentei ainda trêmula abrir a porta, entrei e peguei meu celular e disquei o número dele. Caixa postal!  Desliguei e liguei para o celular de Tom Kaulitz. Eu estava tão feliz com a notícia, eu tinha que falar com ele, perguntar quais seriam as chances dele voltar a enxergar, quando seria a cirurgia e saber por que ele não tinha me dito nada.


- Alô?- a voz masculina atendeu.

-Tom? –Eu perguntei eufórica.

- Sim?


Espera!  O que eu estava fazendo? Que grande burrice eu estava cometendo.Voltei atrás rapidamente.


 -  Tom...Des-desculpa eu ia ligar para uma amiga e sem querer  apertei o seu número aqui na agenda do celular...Desculpa!

-Tudo bem, eu já fiz tanto isso. Não tem problema! –Tom disse sorrindo do outro lado da linha. – Você esta bem?

-Sim! Estou ótima! Depois em outra hora eu te ligo e conversamos mais,ok?


Nos despedimos e joguei meu celular no banco do passageiro e permaneci parada dentro do carro, sem saber o que fazer da minha vida. Por que quando a gente esta apaixonada fazendo as maiores cagadas, pagamos oa maiores micos...Droga!


- Bill! O que esta acontecendo? –Tom desligou o celular e sentou ao lado do irmão. –Eu sou seu irmão mais velho!

- Tom, você também?  –Bill disse levantando e sentando no sofá. - Não esta acontecendo nada!

-Por que esta fazendo isso?  – Tom perguntou mais uma vez.

-Isso o que Tommy?  –Bill sabia o que Tom queria dizer.

-Tratando Janice dessa forma!
 
-Tommy não estou tratando de forma nenhuma, não estou bem para a aula e fim. Não quero falar ou ver ninguém daquele hospital pelo menos por uma semana.

-Você esta sendo infantil! –Tom concluiu levanto-se e dirigindo-se para a cozinha.

-Não, estou sendo infantil! Apenas não quero alimentar falsas esperanças, para depois não cair do cavalo, já cai algumas vezes .você já se esqueceu?

-Não, eu não me esqueci, mas com Janice é diferente! –Tom parou quando ouviu o irmão e virou para responder. - Será que não percebeu que ela não é como as outras?

-Sim, muito diferente. Mas, como já disse para a nossa mãe, a gente apenas se beijou, como ela beijou Gustav também. Ela é apenas carinhosa comigo, como é com Gustav, sinto que ela gosta de mim, como amigo. Sinto que ela se preocupa comigo, mas também como uma grande amiga. Acho que na verdade ela esta afim do Gus, hoje os dois ficaram de conversinha pelos cantos, sorrisos e segredinhos. – ele baixou a cabeça e completou  -Com certeza daqui a pouco eles assumem um lindo romance e serão felizes para sempre, então não quero tocar mais nesse assunto. Janice para mim é apenas uma querida amiga.

Bill finalizou a conversa irritado subiu as escadas que levavam ao segundo andar da casa. Tom viu o irmão subir para o quarto, deitou no sofá , ligou a Tv e pensativo disse para si mesmo:


-A quem você pensa que engana,Bill?


Próximo capítulo:

-Ah,é? Janice almoçou aqui com Gustav?  -Bill perguntou tentando disfarçar a raiva.
   

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 9 - Totalmente fora de controle!


 Vem e ajuda-me a voar
Empresta-me as tuas asas...

Hilf Mir Fliegen - Tokio Hotel


- E como eu sou? –Eu disse me aproximando dele.


- Você deve ser bonita! – Bill disse apreensivo, pois tinha sentido minha aproximação.

Sem pensar em nenhuma consequencia, aproximei-me mais de Bill, segurei suas mãos e disse:

-Não Bill! Eu quero que você me toque. Eu quero que você me sinta...Agora!

Eu levei as duas mãos de Bill até o meu rosto e ele tocou de leve minha testa, meus olhos, meu nariz, quando chegou em meus lábios, eu segurei sua mão direita e beijei cada dedo dele. Eu estava louca, sem noção e totalmente envolvida com o momento.

-Então, o que você vê? – Perguntei soltando sua mão.

- Que você não é pra mim! – Ele disse seguro de si.

- Hãn?  –O balde de água fria veio tão forte e gelada que não absorvi o que Bill tinha falado.

-Foi isso que você ouviu!  –Ele disse ainda duro.  -Percebi que sou um idiota, se algum dia eu achar que você vai se apaixonar por mim, que vai olhar para mim como um rapaz para namorar ou mesmo casar.


Vi Bill se levantar e se aproximar da janela. O segui e aproximei-me dele ainda sem acreditar naquilo tudo que eu estava ouvindo.


- Bill, por que eu não me apaixonaria por você? Por que outras mulheres não se apaixonariam por você?

- Por que sou uma fardo a ser carregado. –Ele disse virando-se para a janela.

- Um fardo? Você só pode estar brincando,né? Bill você é um homem  perfeito!

-Perfeito é o Gustav. –Ele disse sorrindo sarcasticamente.

-Não,  ele não é! –Disse quase aos berros.

-É sim! Ele ouve, enxerga, fala e ninguém tem vergonha de sair com ele na rua.

- Pois eu não acho ele perfeito.

-Esta falando isso para me agradar, eu sei que voc...

-Pra mim você é perfeito. Você é sensivel, carinhoso, amoroso e engraçado. Gustav não sabe nem contar a piada do pintinho rouco. Gustav não é nem um pouco engraçado.Não é iluminado como você. Você pra mim é perfeito. O homem mais perfeito que já conheci em toda minha vida.

Disse aquela frase já em passos rápidos, fui em seu encontro e o beijei. Tava aguada para beijar aquela boca macia, bem desenhada e carnuda. Aquela boca era a melhor boca que eu já tinha beijado na minha vida.

Gemi baixo quando senti o toque de suas mãos em minha cintura. O abracei pelo pescoço e abri caminho em sua boca com minha língua, e quando a minha encontrou com a língua dele, meu corpo entrou em erupção.  Minhas pernas estavam bambas e podia jurar que eu flutuava. Eu sentia que meus pés não estavam no chão e que minha alma não estava dentro do meu corpo.

O beijo foi ficando cada vez mais perigoso e envolvente, então no calor do momento e sem pensar nas consequencias que isso poderia causar, encostei –o na janela, sentado e coloquei uma de suas pernas no meio das minhas, e sentei-me em apenas uma perna dele,  comecei  me roçar de leve, senti que a respiração dele falhava, ele me segurou pelas coxas e precionou sua perna em minha intimidade, enfiei minhas mãos dentro de sua camiseta e passei de leve minhas unhas em seu tórax definido, nós estavamos entrando em um território minado e eu estava pedindo para tudo aquilo explodir logo.

Eu apertava sua nuca e ele minhas coxas, eu apertava suas costas e ele minha cintura, eu mordia seus lábios e ele puxava levemente meus cabelos.  Minha língua passeava pelo seu pescoço enquanto a dele lambia o meu colo, chegando quase perto dos meus seios.

-Esse perfume...Tentação do inferno...  – Ele disse baixo deslizando sua língua do meu colo para dentro da minha boca.

Eu sei que eu estava totalmente errada, sendo precipitada, eu tinha consciência que aquela atitude era insana, mas eu não conseguia me controlar, não conseguia mandar a mensagem para o meu corpo de PARE! Ele estava agindo por instinto, sim...sim...O Selvagem!

 Eu estava totalmente fora de controle...Socorro!

Por mim, eu faria amor com ele ali, na casa da avó, em pé mesmo e não por que eu era fácil, promíscua ou sei lá o que! Eu faria amor com ele por que meu corpo estava queimando como brasa, como chama de um vulcão potente e pronto a explodir. Inexplicável era essa a sensação que a língua, mãos e Bill inteirinho provocava em mim. Não descolavamos mais nossas bocas e respirar, naquela altura do campeonato, já não era mais possível.

Mil desculpas vovozinha do Bill, mas eu faria amor com o seu netinho, na sua casa! Depois, ajoelharia no milho e pediria milhões de desculpas  pelo meu comportamento de menina má...Depois!

Ainda sob efeito alucinógeno, eu coloquei minhas mãos no cós da calça de Bill, tentando abrir o botão de sua calça e acreditem se quiser, o feitiço virou contra a feiticeira.

-Janice...Espera!  –Ele disse baixo segurando minha mão.

-Bill...eu...eu...Desculpa!  –Eu não tinha palavras, eu estava quase o estuprando. Fechei os olhos e a vergonha dominou o meu ser. Mesmo! Acreditem! Nunca fui desse jeito, jamais tomei tal iniciativa, nem para os beijos, quanto mais para o sexo. Então, mais uma vez tentei me descupar.

-Olha, não sei o que aconteceu!

-Tudo bem, Janice!  – Ele disse ainda tentando recuperar o fôlego.

-Bill, eu quero que você...

-Bill? Bill sua avó esta chamando para cantar o “Parabéns”.
  
A batida na porta interrompeu minha explicação. Bill nada respondeu ao seu pai.  Arrumando seus cabelos e suas roupas disse baixo:

-Melhor descermos, tenho certeza que o primeiro pedaço de bolo será para mim. –Bill disse sorrindo tentando quebrar o “iceberg” que tinha se instalado no quarto. – Quer dizer, todo ano ela me dá o seu primeiro pedaço de bolo. Minha mãe conversa com ela para revesar e dar para Tom, mas ela sempre esquece e acaba dando sempre para mim. Tom não fica chateado porque ele recebe todos os anos do meu avô.

Eu não pude deixar de sorrir, ele também sorriu e dirigindo-se para a porta me alertou:
  
-Agora, aguenta os olhares quando estivermos descendo as escadas. Nessas horas que eu até agradeço por não enxergar.

Realmente, Bill era único! Como ele conseguia? Respirei fundo e arrumei-me também, pois estava toda descabelada, mas antes eu pedi:

-Bill, posso te pedir apenas um único favor?

-Depende? Se for dinheiro, não tenho!

-Ah,Bill pára!

-Tá pode pedir? –Ele disse virando em minha direção.

-Promete que vai parar com esse sentimento de inferioridade? Sei que deve ser muito difícil ter uma deficiência, mas existem outras muito piores.

-Qual é a pior? Diga-me qual é a pior deficiência? O que pode ser pior do que não poder ver o mundo em que se vive, não poder ver o azul do céu, não poder ver um desenho animado ou pior não poder ver o rosto da mulher que se ama? Não, você não sabe qual é a pior deficiência, você não sabe como é difícil ser deficiente e sabe por que? Porque você é perfeita!

Bill virou-se e desceu as escadas, eu o segui apenas.

O resto da noite ele ficou totalmente estranho, como se o beijo entre nós não tivesse acontecido, então fiquei de longe observando-o, ele recebendo o primeiro pedaço de bolo da avó, conversando com os familiares e brincando com Carolina.

Na verdade, não sabia o que tinha o afetado, minha ousadia no beijo ou o meu pedido sobre a inferioridade. Quem sabe ele não tinha gostado do beijo ou a química não tinha rolado. Só sei que ele não chegou perto de mim depois que descemos.Ele com certeza estava achando que eu era a garota mais vulgar e fácil da face da terra. Que Vergonha!

Aquilo foi subindo para minha garganta e o bolo se formou. Eu tinha que sair daquela festa rápido ou eu choraria na frente de todos os convidados.

Dirigi-me até a Simone e tentando não piscar para as lágrimas não rolarem, eu me despedi. Ela me deu um abraço e agradeceu. Lógico que ela percebeu que havia acontecido alguma coisa entre Bill e eu. Aproximei-me de Bill que estava brincando no chão com Carolina e disse:
  
-Tchau, Bill!

Ele simplesmente disse um frio e sem graça “Tchau” e nem se quer levantou a cabeça. Saí dali o mais rápido possível, pois o choro veio com toda força.

Entrei no meu carro,  abracei o volante, baixei a cabeça e chorei. Quando eu ainda estava chorando, ouvi minha porta sendo aberta e senti alguém me puxando e me abraçando. Eu estava tão triste que deixei ser abraçada, mesmo sem saber quem era a tal pessoa.

-Eu ouvi toda a conversa no quarto. Eu sei que ele esta errado, mas tente entender como isso tudo é dolorido para ele. –Era Tom que me confortava em seus braços  -Não quero passar a mão na cabeça dele e dizer que ele agiu certo com você essa noite, porém não posso culpa-lo. Eu já percebi que gosta realmente dele, peço que tenha só um pouco de paciência. Se gosta dele vá com calma, Janice!

-Obrigada...  – Foi a única palavra que eu consegui dizer a Tom em soluços.

-Ele ainda esta mais maleável. Entende como foi tudo difícil para ele? Ser motivo de chacota na escola, as pessoas apontando e rindo. Só depois dos dezoito que ele aprendeu a se relacionar, o hospital esta o ajudando muito e acredito que ainda tem muito que ajudar.

-Valeu mesmo,Tom! – Eu agradeci beijando o seu rosto. –Eu também pisei na bola, fiz tudo errado hoje, não posso culpa-lo por essa noite catastrófica.  Acabei assustando-o de certa maneira.
  
-Todos erramos, Janice! Não seja tão severa com você! –Tom finalizou piscando para mim e se afastando do meu carro.

Fechei a porta do carro, dei a partida e segui para minha casa. Chegando em casa, eu estava muito mais calma, graças ao Tom, troquei-me, deitei na cama e adormeci pensando em Bill...Lógico!!

Na segunda-feira  quando cheguei a primeira pessoa que eu vi foi Gustav  e advinhem?

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 8 - Agora!


 Você tem mágica na ponta dos dedos
Isso está transpirando por toda a minha pele
Toda vez que eu me aproximo de você Você me torna tão frágil

 Tudo o que eu preciso é o seu toque...


Magic/Colbie Caillat

 
Quando olhei para o seu rosto, ele estava calmo.  Acariciei seu rosto calmamente, me aproximei de seu rosto lhe dando um selinho em seus lábios entre abertos e cantei uma última estrofe:

- Prendia o choro e aguava o bom do...

Ele se mexeu na cama e cantarolou quase em um sussurro:

-Amor...

 Não resisti e novamente me aproximei e o beijei. Dessa vez ele não se moveu...Havia pegado no sono profundo.
 
Permaneci ali sentada na cama, com a cabeça de Bill no meu colo. Não segurei a emoção e chorei e dessa forma adormeci ainda acariciando seus cabelos negros...

  No outro dia, fui acordada por mãos magras e um olhar questionador...

-Oi, Janice!   -Simone sorriu ao me ver super sem graça.

-Oie!   – Respondi sorrindo, não sabendo ao certo onde enfiar minha cara. – Por favor, ajude-me tirar Bill do meu colo, minhas pernas estão dormentes.

-Porque não pediu para ele dormir no travesseiro? – Ela disse colocando a cabeça de Bill no travesseiro com muito cuidado.

-Não! Não queria acorda-lo!  –Levantei e estiquei o meu corpo, que doía inteiro, mas o importante foi que a dor de Bill não voltou e ele dormiu a noite inteira.

-Como foi a noite?  – Simone perguntou arrumando a mala de Bill.

-Tirando que ele teve um pouco de dor. O resto foi tudo bem. –Ainda batia nas minhas pernas para acordá-las.

-O médico já deu alta. Vamos para casa. –Simone disse feliz.

-Que bom! Fico feliz!

- Hoje é aniversário da avó dele, ele é o xodó dela. Ela vai ficar feliz em vê-lo em casa!

- Todos ficam felizes em vê-lo. Nunca vi alguém ser tão radiante como Bill. Não existe “blackout” quando ele esta presente e sorrindo.

- É, Bill sempre foi assim. Bom, deixa eu acordar o belo adormecido para irmos embora.

-Eu vou embora. Tenho prova hoje e preciso estudar. –Dei um beijo em Simone e pedi.  –Dá um beijo nele por mim.

Peguei minha mala e quando eu estava saindo do quarto. Simone me chamou:

- Janice!

-Oie? -respondi me virando.

- Sábado faremos uma festa  na casa da minha mãe para comemorar  o aniversário dela. Se você quiser ir. Está convidadíssima!

- Ela não vai! Ela já tem um compromisso com o ficante dela.  -Ele disse em alto e bom som.

-Bill, que coisa feia escutando a  conversa alheia.  - Simone disse olhando-o.

- Ué, esta falando aqui perto de mim. Sou cego e não surdo!  -Ele disse sério.

- Não é isso que eu quis dizer, meu filho. Você deveria ter dito que estava acordado. -Simone disse sorrindo para o filho e lhe dando um beijo na bochecha.

-Eu não! Adoro ouvir conversa de mulher. São tão cheias de maldade. –Bill disse agora dando uma risinha de canto de boca.

-Bill? – Simone sorriu e bateu em seu braço de brincadeira.

- Eu vou indo! – Janice disse olhando para Bill. –Tchau Bill!

-Tchau! – Ele disse baixo.


- Janice mais uma vez eu agradeço, nem sei o que seria da mim ontem a noite sem você. -
Simone me abraçou e me deu um beijo na bochecha.

-  Não agradeça! Foi um prazer, nos divertimos tanto não é mesmo, Bill? Jogamos xadrez, truco e  batalha naval.

Bill sorriu e aquele sorriso me arrepiou e novamente me tranformei. Fui até ele, dei-lhe um beijo no rosto e baguncei o cabelo dele de leve. Coisa que nunca tinha feito.

-Se cuida, viu? Segunda nos vemos! –Eu disse virando as costas e saindo do quarto.


Sábado a noite


A noite estava quente, o céu estava cheio de estrelas  e a família toda estava na casa da avó de Bill. Ele estava na grande sala, sentado no sofá de couro preto,  sozinho!

- Bill, como vai? –Sua prima de vinte e dois anos chegou e beijou-lhe a testa carinhosamente.

-Oi, Nathalia!

- Você esta bem? Sua mãe disse dos seus exames hoje. Correu tudo bem?  –Sua prima perguntou e sentou ao seu lado no sofá.

- Os exames foram doídos, porém correu tudo bem e estou a espera dos resultados! E você, como esta? –Bill disse virando na direção da prima.

-Estou bem! – Ela disse forçando um sorriso.

Bill baixou a cabeça e insistiu:

-Esta bem mesmo?

-Sim! –A prima disse levando o copo com fanta a boca.


Bill colocou seu copo de coca na mesa de centro da enorme sala e cuidadosamente secou suas mãos em suas calças,  levou suas mãos no rosto da prima, passando os dedos de leve  em seus olhos, boca e nariz.

-Não, você não esta bem. Você esta triste. O que aconteceu?  –Bill questionou-a.

- Bill, você é único!  –Ela fechou os olhos e tentou não chorar.   -Carlos e eu demos um tempo. Acho que ele tem outra!

-Jura? Que idiota trocar uma garota linda como você por qualquer outra. Definitivamente, ele não é para você. Nenhum homem em sã consciência faria tal burrice.

-Pois é, mas ele trocou! – A prima disse segurando as mãos magras e frias de  Bill entre as suas.

-É, existem coisas inexplicáveis nessa vida. E o amor é uma delas. É bom quando somos correspondidos, mas se torna tão ingrato quando apenas um lado esta focado no coração da pessoa  e o outro lado nem sabe que existimos.

- Oi, moça posso ajudar?  –Nathalia perguntou para a estranha que estava parada na porta da sala que eles estavam conversando.

- Oie! E-eu sou amiga do Bill? –Eu gaguezei, não sabendo ao certo o que dizer depois de ouvir aquela frase sobre AMOR da boca de Bill.

-Janice? – Bill se levantou do sofá sem acreditar que era ela que estava diante dele. - Você veio?


-Eu vim! Por que não era para eu vir? – Eu disse agora divertida, olhei para a prima de Bill que olhava para nós dois sem entender muita coisa.

-Bill, vou ver se alguém precisa da minha ajuda. Com licença, fique a vontade! – A prima se despediu e saiu da sala, acenando para mim.


- Você não tinha um encontro hoje? –Ele quebrou o silêncio.


-Falei com Gustav e cancelamos o nosso encontro. Preferi vir aqui no aniversario da sua avó. Já entreguei meu presente para ela. Ela é encantadora.

-Cancelou? – ele disse ignorando meu elogio para sua avó.  –Cancelou  um encontro com o seu ficante para vir na festa de um aniversário da avó de um amigo cego?

-E o que isso tem a ver? –Eu disse alterando minha voz. -Por que usa esse termo sempre para se definir?

-Por que é o que eu sou...Um Cego! –Ele disse dando de ombros. O que me irritou mais.

- Mas, porque insisti sempre em ficar me lembrando disso? –Eu me aproximei dele paraq ue as pessoas de fora da sala não ouvisse a nossa conversa,Pois a essa hora eu tinha certeza que existia umas dez pessoas nos observando fora da sala. Inclusive, Simone.

-Não fico lembrando, eu só...

-Fica sim,Bill! Usa o “eu sou cego” em frases e situações que não são necessárias. Como se usasse sempre para não se esquecer ou não deixar que as pessoas esquecam da sua deficiência. Pra que isso? Por que?  –Realmente eu queria saber. Mesmo!

Mas, não seria hoje que ele me responderia. Bill baixou a cabeça, então achei melhor finalizar a conversa e mudei totalmente o rumo daquela conversa:

-Como fez aquilo? Como conseguiu perceber que ela estava triste sem olhar para ela?

- Fazia muito tempo que estava ouvindo a nossa conversa? – Bill perguntou sério.

-Sim! – Preferi ser sincera.

- Por que não disse que estava ouvindo?Por que não disse que havia chegado na sala?
- Porque conversa de primos são sempre cheias de maldades. –Eu respondi para quebrar o gelo.


Sorrimos, Bill se aproximou, meu corpo reagiu imediatamente quando senti seu hálito quente em meu rosto. Ô vontade louca que me deu de beijá-lo...


- Siga-me! – Ele disse afastando-se de mim e atravessando a sala onde todos os convidados estavão. Não olhei para cima para encarar ninguém, pois tinha certeza que dezenas de olhos me observava com um belo ponto de interrogação no rosto.


Bill subiu as escadas, entrou em um corredor grande e abriu uma porta. Era o quarto dele na casa da avó. Depois fiquei sabendo que Tom também tinha um quarto exclusivo, na casa da avó. O de Bill era grande e muito lindo. Um tom de azul forte e a cama era enorme com jeito de macia e aconchegante. Juro, que a primeira coisa que me veio a cabeça foi a minha pessoa, nua e saciada, deitada nos braços dele. Um pensamento que veio forte em minha mente...Delícia!


- Tá agora me explica como você conseguiu aquilo lá embaixo. – Iniciei uma conversa rapidamente. Estava tão sem graça dentro daquele quarto e precisava puxar papo para não parecer uma tola.


- Eu não posso enxergar, mas sei muita coisa. Nós, deficientes visuais, usamos muito o toque. Sentimos muita coisa apenas pelo toque de nossas mãos.


Maldito arrepio na espinha. Sabe um botão no cóccix? Toda vez que Bill falava TOQUE, o botão era acionado e aquele arrepio subia do cóccix a nuca em menos de um segundo. Pior, toda vez que eu me arrepiava, minha vergonha ia embora e minha sem vergonhice aparecia de uma forma...digamos...proibida  para menores de dezoito anos!

- E como eu sou? –Eu disse me aproximando dele.

- Você deve ser bonita! – Bill disse apreensivo, pois tinha sentido minha aproximação.

Sem pensar em nenhuma consequencia, aproximei-me mais de Bill, segurei suas mãos e disse:

-Não Bill! Eu quero que você me toque. Eu quero que você me sinta...Agora!

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 7 - Prendia o choro.. Por AMOR!



Dois meses depois ...



Em uma quinta-feira ensolarada pulei da cama muito cedo, quando entrei na cozinha meus pais estavam tomando café, dei o meu melhor bom dia a eles.

-Nossa, para estar nessa felicidade a essa hora da madrugada você deve estar chegando agora de uma noite regada à bebida e a cigarro? – Meu pai me olhou com aquele olhar critico que só um pai consegue ter.  – Eu não disse que não queria você na balada em dia de semana? Isso vai acabar te matando, acabando com os seus estudos e com a sua carreira.

-Pai , Poupe o sermão! – Falei sem deixar que meu pai tirasse o meu bom humor - Não estou chegando da balada. Acabei de acordar e estou indo para o hospital.

-Hospital? -Meu pai olhou para minha mãe desconfiado.  – Hoje não é dia de ir ao hospital.

-Eu sei, mas tenho que resolver algumas coisas perto do hospital e vou dar um oi para o pessoal! Volto antes do almoço!

Dei um beijo no meu pai e na minha mãe, peguei minhas coisas, sai da cozinha, entrei no carro e segui para o hospital.

-Será que isso tem haver com aquele rapaz? – Hélio disse olhando para Jackeline, mal humorado.

-Que rapaz?- Ela se fez de desentendida.

-O rapaz que ela fala 24 horas por dia! Parece que não tem outro assunto dentro dessa casa.-Ele se irritou mais com o descaso da esposa.

-Bill? – Jackeline disse olhando com reprovação. Pois, sabia que Hélio não gostaria de ver a filha envolvida com Bill.

-Sim,o cego! –O pai de Janice disse levantando se da mesa e finalizando a conversa.

 ...

-Oi, Lena! – Cumprimentei quando entrei na recepção do hospital. – O Bill esta dando aula?


-Não! Bill não esta dando aula. –Lena disse levantando os olhos do computador.

-Mas ele vem para o hospital hoje?- Insisti vendo-a parar de digitar e virar a cadeira em minha direção.

- Sim,ele já esta aqui no hospital. Mas, não está como professor. – Ela disse levantando e indo em minha direção e falou baixo. - Hoje ele esta fazendo uns exames complicados e chatos então, ele vai passar o dia e talvez à noite também.

-Jura? Ele não me disse nada! - Meu coração apertou.

-Não espere isso dele.- Ela disse ainda séria.

- Isso o que?- Perguntei já com medo da resposta.

-Não espere que Bill diga sobre sua deficiência, sobre seus exames ou sobre qualquer coisa que faça você ficar com dó dele.

Baixei meus olhos quando ela disse aquilo. Depois que o conheci de verdade.Nunca mais senti pena dele. Nunca o olhei com olhos de piedade. Ele podia confiar em mim. Por que ele não disse dos exames?

- Qual o quarto dele?- Perguntei olhando para Lena.

-Você não pode entrar.Só a família!

-Poxa, Lena! Por favor, eu sou a professora dele, amiga e queria desejar boa sorte. Só isso!

Quase implorei para Lena. Realmente eu queria subir e falar alguma palavra de conforto. Eu precisava muito vê-lo!

- 483! – Lena disse bufando- Promete que não vai ficar zanzando de um lado para outro? Se te pegarem lá em cima eu vou ouvir do chefe.

- Prometo que vou me comportar!

Sorri feliz para Lena, peguei o elevador e subi até o quarto 483 e bati devagar.

-Entre! –Uma voz mandou.

Abri a porta devagar e entrei . Encontrei um homem, uma mulher e um rapaz sentados em um enorme sofá verde.

-Oi? Sou a Janice amiga do Bill. – Disse apresentando-me.

- Olá, Janice! Entre Por favor! – a mulher disse em um português quase incompreendível.- Sou Simone ,mãe dele.Ele nos falou muito de você.

- Falou? Mesmo? – Abri um imenso sorriso e completei em alemão afinal, seria bem melhor nos comunicarmos dessa forma.

-Sim, o sotaque dele está melhor a cada dia.- A mulher disse sorrindo e falando também em alemão.-Mesmo tendo aulas apenas dois meses. Ele treina e estuda muito em casa.

- Ele se esforça muito! Ele é um rapaz de ouro. Percebo que tudo o que ele se propõe a fazer, quer fazer sempre bem feito.  Bill quer sempre fazer o seu melhor.


Não sei por que uma emoção forte tomou conta de mim e meus olhos encheram-se de água. Disfarcei e olhei para o senhor sentado ao lado da mãe do Bill e o cumprimentei também, em alemão.

-Oi, Como vai?

- Oi ,Janice obrigado por tudo que esta fazendo pelo meu filho.

- Imagina!Eu não estou fazendo nada. Na verdade é ele que esta fazendo por mim. Estou aprendendo muito com ele. Ele é um rapaz incrível.Ele é um amigo muito querido!

-Amigo? Tô sentido essa amizade! –O rapaz disse sorrindo.

- Esse é o irmão do Bill. Tom – Simone olhou feio para o rapaz e nos apresentou.

-Olá, vocês se parecem bastante...Sei que são irmãos...mas, as semelhanças são... -Disse estendendo meu braço e recebendo o cumprimento de volta.

-Somos gêmeos! –Ele disse sorrindo e puxando sua mão.

-Gêmeos? Bill nunca me disse que tinha um...

-Olha quem chegou!

A enfermeira entrou junto com outro enfermeiro empurrando a maca e ele estava deitado com os olhos com curativos. Meu coração bateu descompassado ao vê-lo deitado naquela maca. Tão Frágil.Tive uma vontade louca de ir até ele e abraçá-lo!

Os dois enfermeiros o colocaram na cama e depois o ajeitarem, ela virou se para Simone e falou baixo baixo:

- Dona Simone, ele terá muito  enjoo, doerá um pouco os olhos, eles também ficaram um pouco inchados e essa noite ele ficará aqui em observação. O doutor Jost não o liberou. Amanhã cedo ele estará aqui para vê-lo.

-Tudo bem! Eu entendi! –Simone disse aproximando do filho e beijando sua testa.

- Ele esta sonolento. Deixe-o descansar!  Bill não pode ficar agitado. Recomendo que só a senhora fique aqui para o bem dele. –A enfermeira recomendou e nos deixou.

-Mãe, já que ele esta bem, eu preciso ir embora preciso estudar e tenho prova hoje à noite! Qualquer coisa me ligue. –Tom foi até Bill lhe deu um beijo na testa.

- Eu também querida, agora que ele esta bem preciso voltar para a empresa e resolver algumas pendências. Volto à noite para vê-lo. – O pai foi até ele e também o beijou.

Tom e o Gordon se despediram e foram embora .Ficamos somente Simone e eu!  Eu sentei na cadeira perto da porta para não atrapalhar nem Simone, muito menos Bill. Desde que ele chegou não consegui dizer uma única palavra.Talvez se eu tentasse, não aguentaria e acabaria chorando!

-Meu filho, você esta bem? Seus olhos doem? –Simone disse fazendo carinho nos cabelos negros dele.

-Estou bem ,mãe! –ele disse baixo e sonolento. – Queria um suco ou algo para beber, estou morrendo de sede.

-Vou providenciar. - Ela disse beijando as mãos do filho e virando para falar-me.

- Janice, você fica com ele eu vou pedir um suco para ele com a enfermeira.

-Janice? – Ele disse alto, ao mesmo tempo que colocou as mãos na cabeça sentindo uma pontada.

-Bill? Você não pode ficar agitado. –Ela disse preocupada com o filho. – É, esqueci de dizer. Ela esta aqui, meu amor.

-Janice? –Ele me chamou.

-Oie! – Eu disse em português. – Tinha que resolver algumas coisas aqui perto e resolvi passar para falar com alguns pacientes. Disseram-me que você estava fazendo alguns exames e esperei para dar um olá. Fiz mal?

- Eu não sei! – ele disse tão baixo que quase não ouvi.

- Simone se quiser vou pegar o suco para ele e já pego um analgésico para a dor de cabeça.

- Obrigada,querida! - Simone agradeceu.

Fui até o balcão da enfermaria e pedi o suco e o remédio para ele. Quando retornei a porta estava entre aberta e ouvi a voz de Simone.

-Não fale assim,Bill. Ela não esta aqui por dó. Esta por que gosta de você. Tem carinho por você. Ela é um doce. Bem que você falou!

Então, ele disse para a mãe que eu era um doce. Adorei ouvir isso. Como não ouvi mais nada. Bati na porta e entrei e entreguei o suco e o remédio para Simone.

-Está aqui! – Sentei -me na cadeira perto da cama.

Simone deu o suco para ele na boca com o canudinho. Eu olhei aquela cena e meus pensamentos foram tão longe. Como eu desejei ser aquele canudo! Como desejei incontrolavelmente beijar aquela boca. Colocar minha língua dentro daquela boca e...

-Simone, vou um pouco lá fora. Está muito quente aqui dentro. – Disse para Simone.

Depois que coloquei meus pensamentos em ordem. Entrei para o quarto e o vi dormindo.O analgésico foi eficaz. Pois, Bill dormiu a tarde toda. Simone não saia do lado da cama. Sentou-se numa grande poltrona e ali descansou também.

Eu não consegui relaxar, se ele precisasse de algo estaria ao seu lado para ajudá-lo. De repente com o barulho do celular, Simone acordou assustada.

-Oi? Oi Tom...Calma...Fala devagar! Você o que? Tom eu não acredito! Juro que eu não acredito! E agora? A Carolina vai ficar com quem? Ligue para o seu pai e peça para ele ir para casa, só depois que ele chegar você vai para a faculdade. Não deixe Carolina sozinha de jeito nenhum.- Simone desligou o celular e disse nervosa: - Eu não acredito!

-O que foi Simone,esta tudo bem?-Perguntei vendo-a bufar e andar de um lado para o outro no quarto.

- Tom conseguiu brigar com a empregada e ela foi embora. E agora não tem ninguém para ficar com Carolina, a irmãzinha de Bill de dois anos. Era tudo o que eu precisava. Tom e nem Gordon vai saber cuidar dela. Trocar as fraldas. São dois zeros a esquerda.  E as outras duas empregadas eu não confio.Vou ligar para minha irmã e pedir...

- Pode ir. Eu durmo com ele aqui. – Eu disse para Simone.

-Você o que? –Simone virou-se e perguntou.

- Eu cuido dele.E-Eu ouvi a sua conversa com ele. Não vou ficar por dó e sim porque quero o bem dele, de verdade. Vou ficar por que gosto dele.

- Não sei se ele vai gostar de saber que você ficou.  –Simone foi sincera.

- Eu sei... Deixe-me ficar com ele,por favor!  -Implorei.

Simone me olhou, deu um beijo no filho, pegou sua bolsa e foi embora.

Liguei para minha mãe e pedi para o motorista trazer uma mala de roupas para mim. Ele ainda dormia então, quando chegou minha mala tomei meu banho e quando a enfermeira entrou às nove horas da noite eu estava ao lado dele na cama.

- Bill...Bill desculpe meu querido, mas tenho que tirar o curativo. –Ela o chamou baixo para não assustá-lo.

- Tudo bem! – Ouvi ele dizer baixo e ainda muito sonolento.

A enfermeira tirou o curativo e pude ver o formato de seus olhos. Nunca tinha visto o foramto pois, ele sempre estava de óculos escuros.  O rosto de Bill era perfeito. Tudo naquele rosto combina e fazia sentido. As sombracelhas combinavam com o formato dos olhos. Os olhos combinavam com a boca delicada e bem desenhada e a boca combinava com o formato do nariz, que quando eu o conheci jurava que ele tinha operado de tão perfeito que era.

A voz da enfermeira me trouxe para a realidade.

- O efeito do remédio esta acabando não sei como o seu corpo reagirá então, se precisar de alguma coisa peça outro remédio,ok?

- Janice esta aqui ainda,não está? - Meus pêlos se arrepiaram quando ouvi Bill  perguntando. Era o perfume, Dolce&Gabbana

A enfermeira passou por mim e sorriu. Aproximei-me da cama e disse pegando em suas mãos. Ele permanecia sem o curativo. Mas, mantinha os olhos fechados.

- Seu irmão fez a empregada se despedir e sua mãe teve que ir embora às pressas, ela não pode dormir aqui. Amanhã de manhã ela estará aqui. Não se preocupe.

-Eu ficava bem sozinho! Não precisava pedir para você ter ficado. Você tinha a faculdade. Deve ter deixado muitas coisas para estar aqui. Ela não devia ter pedido isso a você!

- E quem disse que ela pediu? Ela não pediu nada!

-Não?-Ele perguntou.

-Não, eu quis ficar e cuidar de você.

Nesse momento ele abriu os olhos e meus lábios tiveram vida própria.

-Meu Deus! Seus Olhos!

- O que tem? O que aconteceu com eles?- Bill disse desesperado.

- Bill, os seus olhos...eles...eles são lindos!  -Gaguejei

Minha garganta fechou e não conseguia respirar. Estava chorando.Como não conseguia falar mais nada, o silêncio predominou no quarto.

- Janice, você esta ai? Você esta bem?  -Ele perguntou

-Sim, eu já volto...

Tive que sair do quarto e fui para o banheiro. Deixei minhas lágrimas rolarem e quando elas cessaram , joguei um pouco de água no meu rosto e me acalmei. Voltei para o quarto ele estava dormindo. Então, sentei na cadeira próxima da cama e fiquei o olhando dormindo.

-O que esta acontecendo comigo? O que é tudo isso que esta dentro do meu peito?-Disse baixo como se eu estivesse perguntando ao meu coração.

Baixei a cabeça e acho que adormeci. Acordei assustada com Bill me chamando aos gritos.

- Janice, eu preciso de um remédio. Urgente! Meus olhos doem, parece que jogaram areia com pimentas neles.

Apertei o botão para chamar a enfermeira, ela veio já com o remédio na mão como se ela soubesse que era exatamente isso que eu ia pedir.

-Calma,Bill a dor já vai passar.Fique Calmo!

A enfermeira medicou-o, acalmou-o e saiu da sala.

-Ain, meu Deus como dói! - Bill dizia e se contorcia na cama. Aquilo me agoniava.

-Você acabou de tomar o medicamento. Daqui a pouco tudo isso passa. -Disse pegando em suas mãos.

-Por que meu Deus ? Por que justo eu? Por que eu? Com tanta gente ruim nesse mundo. Por que justo eu fui ser cego! –Ele gritava e chorava.

-Bill, não fale desse jeito. – Eu segurava sua mão com força e tentava acalmá-lo.

- Não! Eu odeio tudo isso! Odeio esse hospital , esses exames, as pessoas me apontando e tendo dó de mim...Estou tão cansado disso tudo!

Bill parou de gritar e agora apenas chorava. Aquilo cortou meu coração em dois, não resiste e chorei ao ver aquela cena. E reagi de uma maneira que jamais pensei que fosse reagir.O abracei e passei a fazer carinho em seus cabelos.

-Bill, só peço que tente se acalmar e não chore! Por favor, não chore mais!

Quando percebi, ele estava mais calmo e me disse baixo:

-A dor esta indo...

-Shiiiii! Não diga mais nada, feche os olhos e tente dormir. – Eu disse em seu ouvido, ainda abraçada a ele. Então, me acomodei na cama. Coloquei sua cabeça em meu colo e afagando seus cabelos, comecei a cantar para ele:

“Eu protegi o teu nome por amor Em um codinome, Beija-flor Não responda nunca, meu amor Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia Dentro da tua orelha fria Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada Um jeito de não sentir dor Prendia o choro e aguava o bom do amor.

Quando olhei para o seu rosto, ele estava calmo.  Acariciei seu rosto calmamente, me aproximei de seu rosto lhe dando um selinho em seu lábios entre abertos e cantei um último estrofe:

- Prendia o choro e aguava o bom do...

Ele se mexeu na cama e cantarolou quase em um sussurro:

-Amor...

 Não resisti e novamente me aproximei e o beijei. Dessa vez ele não se moveu...Havia pegado no sono profundo.

Permaneci ali sentada na cama, com a cabeça de Bill no meu colo. Não segurei a emoção e chorei e dessa forma adormeci ainda acariciando seus cabelos negros...

No outro dia, fui acordada por mãos magras e um olhar questionador...

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 6 - Sim! Já estou!

Na quarta feira, aquela droga de despertador não funcionou e como meu pai estava fora da cidade, minha mãe também perdeu a hora.Qual a novidade? Cheguei no hospital uma hora atrasada.  Correndo feito uma louca fui até a recepção e perguntei quase sem fôlego para Lena:
  
- Bill onde está? - Lena sorriu e apenas apontou para o jardim.

Em passos largos cheguei até lá. Ele se encontrava sentado no banco sozinho, de óculos escuros, como SEMPRE, com um fone de ouvido e cantava a música “Em um codinome beija-flor” num sotaque ruim.

No primeiro momento tive vontade de rir, mas, quando sua voz foi entrando em meus ouvidos, foi  me emocionando de tal forma que meus olhos chegaram a ficar marejados; fiquei observando-o e quando a música acabou eu não me contive, bati palmas e disse sorrindo.

- Nossa, o seu sotaque está diminuindo...Tô gostando de ver. Adorei essa nova versão meio "brasileira-alemã". Cazuza ficaria muito orgulhoso.

Ele tirou o fone do ouvido sorrindo e me perguntou:

-O que é segredo de liquidificador? Não sabia que liquidificadores tinham segredos.

Eu ri dele. Bill era simplesmente encantador. Como ele conseguia ser assim tão diferente de tudo o que eu já havia conhecido?

- Bill.. Bill só você mesmo! Isso é uma gíria e quer dizer tipo: Uma língua no ouvido?!

- Língua no ouvido? -Bill levantou uma sombracelha apenas e sorriu incrivelmente sexy.

- Sim, segredo de liquidificadorseria uma troca de carícias.

- Hum... Acho que entendi... digo, mais ou menos... Brasileiro tem mania de colocar tudo no duplo sentido.

- Temos esse vício sim. Isso você tem razão. Bom,vamos para a nossa aula? Vamos na sala de braile hoje, pode ser?

-Olá!

Ao ouvir o Olá, eu me virei e pude ver Eleonora parada com uma cara de songa monga olhando para mim e para Bill. Com uma cara de poucos amigos olhei para ela e disse:

- Ellie? O que esta fazendo aqui? Você não tem estágio hoje no consulado inglês?

Ela se aproximou e deu um beijo na bochecha de Bill e com um sorriso que me irritou profundamente disse:

- Hoje eu não tinha estágio.Vim ver o Bill. Tava com saudade!

A frase dela e o abraço que Bill deu em Eleonora, irritou-me de verdade, veio uma vontade de voar no pescoço dela e tirá-la dali aos tapas. Meu sangue ferveu e meu humor acabou nesse momento.
  
-Posso ficar para aula? Fico quieta e juro que não atrapalho.

-Lógico! Fique adorarei a sua presença. - Bill respondeu animado.

-Então,vamos logo!

Eu disse cortando a conversa dos dois, começamos a aula. Nem preciso dizer que a aula foi uma droga. Os dois sorrindo...quer dizer, a boboca da Eleonora ria feito uma idiota, Bill não podia falar um “a” que ela sorria e jogava a cabeça para trás feito uma oferecida.

Ela estava jogando charme para ele.Só que a tapada acho que havia se esquecido que ele não enxergava. Graças a Deus terminou a aula e estávamos indo para o jardim quando encontramos Gustav no meio do caminho. Ele se aproximou sorrindo e me deu um beijo na  bochecha.

-Oi, Janny?-Ele disse com um ar de galanteador.

-Oi, Gus! – Eu disse sorrindo, não estava empolgada. Pensei que fosse tremer dos pés a cabeça quando o visse depois da nossa ficada na boate, mas sentia-me estranha.

-Olá,  amigão!

Gus abraçou Bill e bateu levemente em suas costas, era nítido o respeito e o carinho que Gustav tinha com o Bill. Com Bill também não era diferente. Ele aceitou o abraço e respondeu:

- E aê, Gustav!

- Você sumiu?- Eu disse olhando para Gustav.

- Era minha folga aqui no hospital! Sentiu minha falta? – Ele perguntou sorrindo.

Aquela pergunta foi constrangedora e juro que minha vontade foi sair dali o mais rápido possível. Senti vergonha por Bill ter escutado aquilo. O que ele ia pensar de mim? Que juízo ele faria de mim?

- Sim! - respondi sorrindo muito sem graça.

- Vamos jantar fora hoje? Posso te pegar depois da faculdade. O que acha?

O silêncio era constrangedor, olhei para Bill e disse:

- Meu pai me colocou de castigo e não posso sair durante a semana. Hoje não vai rolar!

- Podemos ir no sábado? Pra mim não tem problema nenhum. Podemos repetir a nossa noite de sábado.

AFFF!! Era tudo o que eu precisava. Juro que me senti uma menina polegar. Agora, sim Bill ia pensar que eu era uma qualquer. Uma verdadeira profana.  Ainda muito sem graça respondi baixo talvez na tentativa de Bill não me ouvir.

- Tudo bem... Você tem meu telefone, me liga, ok?

Quando Gustav virou as costas para entrar no hospital Eleonora lhe chamou.

-Perai,Gustav vou com você . Só vim dar um beijo no Bill e já estou indo embora.

Ela abraçou Bill mais uma vez e os dois seguiram para fora do Hospital.

- Vocês dois são um par? – Bill quebrou o nosso silêncio.

-Quem? – Fiz-me de tola.

-Gustav e você?

-Não! – O não saiu depressa e alto demais. Fazendo algumas pessoas virarem para mim.

- Não? Percebi algo no ar!-Ele insistiu.

-Percebeu errado! - Disse alto e rápido novamente.

-Mesmo? – Ele perguntou.

-Sim! Você percebeu errado. Nós saímos no sábado e nos divertimos. Foi isso.

Menti! Eu simplesmente menti para Bill. Naquela manhã, não estava reconhecendo-me. Por que estava pisando em ovos com Bill?  Por que eu não disse do beijo com Gustav? Por que eu tinha ficado tão brava com Ellie?

Estava meio zonza no banco do jardim, então, levantei-me e olhei para o meu relógio. Foi então que percebi que não tinha ficado apenas uma  hora dando aula para Bill e sim duas horas seguidas. A hora voou e eu nem havia percebido.

-Nossa, já são onze horas, estou muito atrasada. Tenho reabilitação e já se passaram quinze  minutos. Bill, até segunda então, tchau.
  
Sorri para ele e corri para a sala 2. Lá eu tinha a minha espera uma criança de dez anos que tinha caído da laje e afetado um pedaço muito importante do cérebro e estava aprendendo a falar. A mãe assistia do lado o pequeno desenvolvimento da filha. Mas, mesmo muito pequeno,  a mãe aplaudia a filha com um sorriso cheio de esperança.
  
A mãe tinha lágrimas nos olhos a cada palavra dita pela pequena, era como se a filha estivesse aprendendo uma outra língua dificílima..Terminei a reabilitação, e estava indo em direção ao meu carro quando o vi sentando no  banco conversando com algumas crianças. Aproximei-me e ele parou de conversar e disse sorrindo:

- Janice e suas manias de chegar sempre quietinha.

As crianças sorriram. E uma delas se levantou e disse alegremente.


- Ele sempre faz isso. Nós nunca conseguimos o assustar. Ele sempre sente a nossa presença. Tenho certeza que ele finge! Não é cego coisa nenhuma.

 -É... Eu já tive essa impressão também. – Eu olhei para Bill séria e percebi que ele mordia o lábio inferior e depois sorriu das nossas colocações, deixando a mostra os dentes brancos e meio tortinhos,que na verdade mesmo tortinhos eram super charmosos.

Jesus, aquilo fez meu corpo arrepiar até os pêlos da orelha. Eu precisava ir embora, eu estava totalmente descontrolada, devia estar na TPM ou no CIO. Não era possível,tudo o que Bill fazia naquela manhã eu via como um gesto sensual que me arrepiava inteira. Para o meu azar, as mães das crianças apareceram e ficamos os dois sozinhos novamente.



 -Nossa hoje o dia foi super corrido. – brinquei com ele.

- Hoje a hora não passou tão rápida, a senhorita que chegou atrasada.

- Bom, fiquei duas horas te dando aula hoje então eu compensei,né? Estou desculpada?

- Hum...Sim! – Ele disse cruzando os braços no peito.

- Estou indo embora nos vemos na segunda. Tchau!

Quando virei-me para ir embora eu o ouvi.

- Quer almoçar comigo? -  A pergunta fez-me parar e virar-me imediatamente.

- Eu quero...É quer dizer...Vamos, podemos ir no Mc. – tentei disfarçar a
empolgação.

-Não! Sou vegetariano! - Ele disse fazendo uma careta.

-Mas, o hamburg do Mc são feitos de carne de minhocas! Minhocas são animais?
Foi a vez dele sorrir com gosto da minha piada. Ele levantou-se e respondeu.

-Tem um restaurante aqui perto não é vegetariano, mas, tem muitas opções boas para pessoas que não comem os pobres bichinhos.
  -Ótimo! Vamos no meu carro e só por que você falou dos pobres bichinhos, eu fiquei com dó. Vou comer algo sem ser tão sanguíneo.

Ele abriu sua mochila e pegou um boné de dentro dela. Colocou-o! Juro que fiquei ali parada olhando para ele arrumar o cabelo dentro do boné. Sim, a minha boca estava aberta Acreditem salivei sem querer. Bill ficava muito mais lindo de óculos escuros e de boné.

Seguimos até o meu carro. Bill subiu no lado do passageiro e seguimos até o restaurante. Era inacreditável Bill me guiando. Quando chegamos no restaurante minha curiosidade foi maior que a vergonha:

-Como você conseguiu guiar-me até aqui?

- Simples! Venho aqui sempre com meus pais e eles vão falando pontos de referência. Quando você é cego outros sentidos ficam mais aguçados, como a lembrança e o toque.

Quando ele disse "o toque" olhei imediatamente para suas mãos e tive vontade de pegá-las e acariciá-las.

Seus dedos eram finos e cumpridos. As unhas bem feitas  e eram ágeis em tudo o que fazia, imaginei ele colocando as mãos no meu rosto e me acariciando docemente, fechei os olhos e levei um susto quando ele se pronunciou:

  -Janice!

 -Oi! - respondi e percebi que um homem já tinha aberto a minha porta e esperava eu sair para guardar o carro.

  Eu tinha muita curiosidade de perguntar se fazia tempo que ele era deficiente visual, se ele tinha nascido daquela forma. Mas, achava que tudo aquilo o chatearia ou o magoaria.

Entramos no restaurante e óbvio todos os garçons o conheciam e vieram o cumprimentá-lo. Era absurdamente incrível o que ele fazia nos lugares. Tudo se iluminava quando ele surgia ou sorria. Sentamos e pedimos. Quando os pedido vieram mais uma surpresa: Ele comia como se não tivesse nenhum tipo de deficiência. E isso me fez crer que ele era deficiente desde cedo.

Almoçamos, conversamos  e nos divertimos muito. Conversamos sobre muitos assuntos, menos da doença dele.

Quando já tínhamos terminado de almoçar, nos levantamos e  Bill sem querer derrubou a garrafa de coca-cola que estava em cima da mesa que se espatifou no chão. Minha primeira reação foi pegar em sua cintura e tirá-lo de perto dos cacos para ele não se machucar!

- Bill, se afaste você pode se ferir. - Eu estou bem, Janice!

Vi um garçom se aproximar e se agachar para limpar a sujeira.

- Desculpa Daniel,  veja o prejuízo. Eu pago! –Bill disse para o garçom.

- Não precisa se desculpar e nem pagar. Bill, foi um acidente.

Estávamos saindo do restaurante e Bill estava um pouco na minha frente quando ouvi um casal comentando:

-É aquele rapaz cego que vem sempre aqui sempre. Judiação! Tenho uma pena. Tadinho!

Pena? Coitado? Minha vontade era voltar e dizer umas boas verdades para aquela nojenta. Como assim? Bill era a pessoa mais doce, mais sensível, mais encantadora, mais espontânea, mais engraçada que eu conhecia. Não tinha nada de coitado. Nada!

 Eu tinha dó dela que estava sentada com uma "cara de merda" com um marido com "cara de nada" que, com certeza, nem amor mais existia entre eles. Ela parou na porta do restaurante e me assustei com os meus próprios sentimentos. Meu Deus! O que eu estava fazendo? Eu estava a ponto de pular no pescoço daquela mulher pelo Bill. Por ele!


-O que foi, Janice? Hoje você esta tão estranha hoje. Que bicho te mordeu?



Até Bill tinha reparado que eu estava calada e estranha. Então, tentei mudar de assunto.


- Você vai embora ou vai ficar mais no hospital?


Perguntei para ele não respondendo à sua pergunta.


- Vou para o hospital tenho que dar mais umas aulas de musicoterapia.


Abri a porta do carro para ele entrar, Bill subiu e então seguimos para o Hospital. Parei o carro e antes de descer ele perguntou:


- Quer descer e assistir uma aula?

- Não vai dar, tenho prova hoje e nem estudei. Prometo que na próxima eu fico, ok?
  
- Tudo bem! Adorei o almoço, obrigada.

-Temos que almoçar outra vez pois te devo um almoço. Quero pagar da próxima vez.

-Nunca! Jamais deixarei que você pague. Sou um cavalheiro.- Ele sorriu e procurou a maçaneta para abrir a porta e quando a achou e abriu-a eu perguntei:

- Quer que eu te ajude a chegar dentro do hospital?

- Onde você estacionou o carro?-Bill me perguntou.
  
- Perto da árvore que sempre sentamos. É só seguir à direita que você chega na recepção.

-Ok!!

Ele pegou algo dentro da mochila dele e desceu do carro. Então, Bill abriu a bengala e seguiu até a recepção. Sem nenhuma dificuldade. Ela, pela segunda vez não conseguiu ligar o carro, ficou ali parada sem conseguir ir embora só para observá-lo. Quando o viu entrar no hospital ela olhou para o retrovisor e disse:

-Janice, eu estou com medo de você!

Dei a partida e fui para sua casa, chegando em casa, subi as escadas correndo e  fui para o chuveiro tomar um banho bem gelado...Muito gelado!

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 5 - Codinome: Beija-Flor


Pra que usar de tanta educação.
Pra destilar TERCEIRAS INTENÇÕES!

Em um codinome, Beija-Flor  -  Cazuza/Luiz Melodia


Saí da boate e o acompanhei até o seu carro, um Palio quatro portas. Conversamos mais um pouco ali do lado de fora; Gustav abriu a porta do palio e veio em minha direção para beijar-me mais uma vez.

-Estou desculpada pela minha infantilidade na quarta? – Brinquei com ele.

-Totalmente! Adorei a nossa noite!

-Eu também. Podemos repeti-la outras vezes. O que você acha?

-Eu acho delicioso!

Nos beijamos pela última vez e quando ele entrou no carro, disse:

-Tchau Janice, nos vemos segunda no hospital!

-Tá combinado!

Nossa senhora, agora sim aquele castigo tinha ficado com outro sabor...

Na segunda feira de manhã me levantei com a mesma dificuldade. Como era difícil para mim abrir os olhos antes das duas horas da tarde. Tomei o meu  banho e fui para o hospital. Cheguei e perguntei por Bill na recepção.

- Janice, ele esta por ai! Esse menino anda mais do que notícia ruim. – Lena me respondeu divertida.

Então, eu sorri para ela e fui procurá-lo na sala de Braile, onde não estava. Passei a procurar nas salas de fisioterapia e reabilitação. Aproximava-me da sala de musicoterapia, quando comecei a ouvir uma música vinda daquela direção.

Segui a música e quando identifiquei de onde vinha, abri a porta e encontrei Bill sentado no chão com muitas crianças ao seu redor completamente maravilhadas em ouvi-lo cantar e tocar violão. Entrei na sala e tentei não fazer barulho nenhum. Sentei no meio das crianças para assisti-lo também. A voz dele era encantadora, uma mistura de doçura e sensualidade. Bom, A sensualidade é por minha conta...

As crianças pareciam estar hipnotizadas. Olhei para algumas mães jovens presentes na sala e percebi que elas quase babavam. Juro que deu vontade de dar risada em vê-las com a mão no queixo suspirando por ele.

Bill tocou e cantou mais duas músicas antes do médico anunciar que a sessão tinha terminado. O coro de  “AHHHH, não”  foi o mais engraçado...Inclusive o das mães assanhadas. Percebi o sorriso charmoso que Bill abriu ao ouvir as crianças clamando pelo nome dele.

-Calma...calma  segunda-feira tem mais. Não fiquem tristes!

As crianças e as mães começaram a se retirar da sala. Bill levantou, pôs o violão na capa e o encaixou no suporte. Eu fiquei ali o observando; por um segundo eu tive certeza que ele enxergava. De repente ele sorriu e disse:

- Posso ajudar, Janice?

"Medo"! Essa foi à primeira palavra que veio em minha mente.

-Como soube que eu estava aqui? - Perguntei.

-Dolce & Gabbana!  Um dos meus perfumes favoritos no corpo de uma mulher.

Eu não soube explicar porque meus pêlos se arrepiaram quando ele fez tal afirmação. Tentei mudar de assunto rapidamente.

- Você fez um belo trabalho com as crianças!

- Assistiu a sessão inteira? – Ele perguntou.

- Sim, eu assisti ao show inteiro!

- Hum...Então pode pagar o meu cachê! - Sorrimos e mais uma vez percebi aquele sorriso.

-Ok! Vou pagar agora com aulas, trouxe meu rádio! Vamos estudar, mocinho!

Procurei uma tomada, liguei o pequeno aparelho, e então, começamos nossa aula.

Depois de muitas músicas eu disse a ele:


-Vou colocar só mais uma. Essa é a minha preferida entre todas. Ela me toca de uma maneira tão profunda...que às vezes tenho a impressão que meu coração bate na sintonia dela quando ele a ouve. O nome dela é “ Em um codinome,Beija-Flor “


Nós a ouvimos em silêncio. Depois que ouvimos, Bill virou-se para mim e disse:

- Você pode colocar essa música de novo, por favor?

-Sim! Lógico!

Coloco a música novamente e o vejo levantando. Ele estende a mão e pergunta:

- Dança comigo?

-Eu?

-É, você!

-Tá!

Peguei em sua mão, ele me ajudou a levantar, entrelaçou seus dedos finos nos meus, e me abraçou pela cintura. Deixamos uma distância entre os nossos corpos. Fechei os meus olhos e deixei a melodia entrar em minha alma. Mesmo adorando essa música e ouvindo-a constantemente, sempre me emocionava.

Deixei me envolver pela letra dela, pelos braços confortáveis de Bill e pelo seu perfume. Quando a música terminou percebi que estava com a minha cabeça deitada no peito dele. Aquele espaço que havia entre nós tinha desaparecido, estamos com os nossos corpos totalmente colados.

- Obrigado pela dança. – ele disse ainda com minha cabeça em seu peito.

Eu estava completamente envergonhada, levantei minha cabeça de seu tronco sem graça, e apenas respondi:

- De nada!

O olhei e ele sorriu para mim. Um sorriso que inexplicavelmente me arrepiou. Bill sorria de uma forma tão angelical que eu podia afirmar que nunca na minha vida inteira pude ver tal sorriso em lábios de nenhum ser humano.

-Bom, nos vemos na quarta, ok?!

Despeço-me de Bill e ele me acompanha até o jardim. Chegando lá, Bill foi envolvido por quatro crianças que diziam seu nome freneticamente e o abraçavam com carinho. Ele, lógico, ria como sempre. Nunca vi Bill com uma cara triste, zangada ou deprimida.  Naquele dia fui embora cedo, até por que não tinha reabilitação.


Entrei no meu carro e não dei a partida, eu o observa de longe. Aquelas crianças o rodeando e sorrindo com ele, no mínimo ele tinha dito algo engraçado como sempre. Era impossível ficar perto dele e não sorrir. Eu ali parada dentro do carro mesmo longe só de observar aquela linda cena, já sorria!


Dei partida  e fui para minha casa. Cheguei e como de costume , fui dormir e à noite fui para a faculdade.

-E aí Janny, como está o ceguinho?

-O nome dele é Bill, e não ceguinho!!

Disse com desdém para Philip e sai da lanchonete indo para a sala de aula.

-O que deu em você, Janny?

Eleonora chegou e sentou do meu lado.

-Nada!

Respondi sem muita paciência para conversa.

-Por que falou daquele jeito com Philip?

Sem saco, me virei para responder.

- O nome dele é Bill! Custa chamá-lo pelo nome?

- Janny você o chama de ceguinho. Quem deu esse apelido à ele foi você!

-Ain Ellie me deixa, por favor! - Disse sem paciência saindo da sala e indo para o pátio fumar um cigarro.

Ellie tinha razão eu dei esse apelido para ele, eu ria de sua deficiência , se existia alguém errada ali, esse alguém era eu! Um sentimento horrível tomou conta do meu coração.

Fumei meu cigarro e sem saco para a aula fui para casa.

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 4 - As desculpas



- Entendi! Bom, você quer ajuda para ir até o Jardim?

-Não, obrigado!Pode deixar, só prometa se eu cair você não vai rir.

- Lógico que não vou rir. Imagina, eu nunca faria uma coisa dessa. - Ellie disse séria.

Bill sorriu e apenas disse:

 - Eu sei, estava apenas brincando.


Os dois riram e seguiram para o jardim . Estava um sol lindo, o céu estava maravilhoso e os dois sentaram se perto das árvores esperando por Janice, que tinha ido investir em Gustav.


Encontrei -o na lanchonete do hospital.Ele estava sozinho.Aproximei-me e perguntei:

- Gustav, será que eu posso trocar duas palavrinhas com você?

- Sim! – ele foi até um pouco grosso.

-Queria me desculpar com você pela minha atitude na sala de braile. Comportei-me muito mal.

- Tudo bem, Janice! Está desculpada – Ele continuava grosso.

- Mesmo? Eu me sinto tão envergonhada. As minhas desculpas são sinceras.

Eu estava sendo sincera. Estava muito envergonhada. Mas, estava difícil amolecer aquele coração.

- Tudo bem, só não faça mais aquilo, por favor. Sua atitude foi infantil.

Viu o loirinho sorrir e puxar a cadeira para ela sentar.

- Obrigada! – Eu disse meiga e com um sorriso sedutor nos lábios - Vamos beber algo na boate EXTRAVAGANZE no sábado. Você conhece?

- Conheço!  E vou ser sincero .Não tenho dinheiro para entrar nessa boate.

- Imagina, não precisa pagar! O dono é meu amigo é tudo na faixa. Entrada e bebida! Vamos,vai?

Nossa , meu nariz nem cresceu da mentira. Mas,eu queria tanto me aproximar dele que acho que isso nem era tão pecado assim.

- Jura? Então, eu vou sim!

Peguei um cartão em minha bolsa e entreguei para ele.

- Quando estiver chegando você me liga e eu te pego na portaria,ok?

-Fechado!

Levantei da mesa feliz da vida, sem acreditar que sábado eu tinha um super encontro com aquele loiro maravilhoso.

Com um sorriso de orelha a orelha fui me encontrar com Ellie e Bill.

- Janny, pela sua cara de feliz deu tudo certo, né ? – Ellie disse também sorrindo.

-Tudinho! – respondi pegando o cigarro da minha bolsa. – Bill, vamos treinar algumas palavras. Quero te passar uns exercícios. Mas, antes posso fumar?

- Olha Janice sinceramente eu preferia que você não fumasse.

Tarde demais eu já tinha acendido o cigarro.Talvez ele não visse...Quer dizer ele não veria mesmo.

-Esta bem! Não vou acender! – Respondi achando me a esperta.

Bill sorriu e disse:

- Ellie, avisa para a sua amiga que eu não tenho visão mas ainda tenho nariz. E sei que ela está fumando.

Ellie olhou para mim, sorriu e balançou a cabeça negativamente.

-Apaga! – Ellie mexeu a boca sem emitir som para que Bill não percebesse que realmente eu estava fumando.

-Ela...Ela já apagou! – Ellie disse arrancando o cigarro da minha boca e jogando no cinzeiro.

-Obrigado! – Ele apenas disse.

Bill e eu treinamos algumas palavras e quando terminamos com algumas pronúncias. Virei-me e disse para Ellie:

- Ellie, você fica aqui? Tenho uma moça para acompanhar na reabilitação. Você vai esperar ou vai embora?

-Espero!

Fui até a sala dois e encontrei uma moça de 24 anos que em um feriado foi pular na piscina não percebeu que a piscina era rasa e...Já sabem.  Ela estava lá em uma cadeira de rodas e com a fala debilitada. Nessa aula, como era mais complexa, apenas assisti a outra professora mais experiente no assunto fazer a reabilitação. Quando terminei me dirigi até o jardim para encontrar Eleonora.

- Bom, já deu nossa hora . Bill, segunda-feira  vou pedir uma sala porque quero trazer um rádio para estudarmos mais as pronúncias. Tudo bem pra você?

- Pra mim esta ótimo! - Ele respondeu  -  Só peço, por favor, que não traga forró.

Nós três rimos. Bill era muito divertido. Isso me encantava de verdade nele.

- Poxa, Bill adorei te conhecer . Adorei o nosso papo. Posso voltar aqui mais vezes com a Janny?

- Não sei, se você quiser. Vou avisar na recepção que você esta liberada para entrar. Conheço todos aqui faz muito tempo.

-Obrigada.

Ellie deu um beijo em Bill e disse para mim.

- Vamos!

-Tchau, Bill!

Eu me limitei ao um simples tchau de longe mesmo. Eu sempre fui muito amada mas , uma coisa que eu era péssima era com intimidade com as pessoas. Mesmo ficando com vários meninos nas baladas, só limitávamos ao beijo. Não conseguia fazer o carinho , usar minhas mãos para fazer carinho.

-Tchau , Janice! - Bil apenas respondeu.

Saímos do hospital, deixei  Ellie em sua casa e fui direto para a minha . Mais uma vez subi as escadas correndo, tirei minha calça jeans e me joguei na cama e dormi. No sábado à noite, uma hora antes do encontro com Gustav,  tomei um banho de banheira cheia de sais, coloquei a minha melhor lingerie e a minha roupa mais comportada - porém sexy - e fui para a boate. Mas antes nos encontramos na casa de Georg.

- Nossa, está linda em Janice !

- Pára de ser engraçadinho, Philip.

-Onde você vai assim tão sexy?

- Vou na EXTRAVAGANZE ! Quem quiser ir esta convidado!

- Eu vou!

-Eu também!

Apenas Georg e Philip toparam.

-Você não vai, Ellie? - Perguntei para ela bebendo minha coca-cola.

-Não, hoje não to a fim! Quero ir para casa. Bill me indicou um livro, vou comprá-lo ainda hoje  na livraria e vou ler.

-AHHHH, Eleonora faça mil favores,né? Deixar de ir para a balada para ler um livro que o Bill indicou?

- E daí Janny qual o problema?-Ellie falou um pouco brava.

- Faz o que você quiser, eu vou me divertir. Vocês estão com o carro de vocês ou querem uma carona?

Todos estavam de carro então seguimos para a boate.Menos Eleonora que foi para casa ler um livro de romance.





Chegamos à boate e o meu celular tocou; olhei para o visor e não reconheci o telefone, então era óbvio que era Gustav.



-Alô?

- Oi, Janice estou chegando.

-Ok, Gustav estou saindo para te encontrar!

Corri até a bilheteria comprei duas entradas e pedi para Marcos entregar trezentos reais para Junior, o responsável pelo bar, para pagar a minha conta e de Gustav naquela noite.

Não me alegro de ter feito isso, não fiz por maldade, apenas queria ficar na presença de Gustav. Nada demais! Aposto que qualquer uma faria a mesma coisa se estivessem no meu lugar.

- Janice?

-Oi, Gus que bom que você veio.

Fui até ele de cumprimentei –o com um beijo na bochecha. Ele estava muito cheiroso.

- Legal você ter vindo!

- Eu gosto desse tipo de balada.

-Então, você é um dos meus? O primeiro a chegar e o último a sair.Vamos entrar?

Entramos e sentamos junto com a galera.

-Gustav , vamos beber algo e dançar?

-Vamos!

Fomos até o bar pedi duas bebidas ao Junior e fomos dançar. A noite estava ótima e é óbvio que o beijo aconteceu. E foi muito bom. Sabia que isso ia acontecer. Gustav e eu ficamos na pista de dança até as três da manhã. Foi quando ele se aproximou e disse em meu ouvido.

-Janice tenho que ir embora! Amanhã eu trabalho!

Minha vontade era de mandar ele ficar e esquecer aquele hospital. Mas, seria muito ousadia da minha parte e outra não queria mostrar logo de cara que eu estava interessada nele.

-Tudo bem!  Sem problemas! – Eu disse triste.

Sai da boate e o acompanhei até o seu carro, um Palio quatro portas. Conversamos mais um pouco ali do lado de fora. Gustav abriu a porta do palio e veio em minha direção. Beijou-me mais uma vez.

-Estou desculpada pela minha infantilidade na quarta? – Eu brinquei com ele.

-Totalmente! Adorei a nossa noite!

-Eu também. Podemos repeti-la outras vezes.O que você acha?

-Eu acho delicioso!

Nos beijamos pela última vez e quando ele entrou no carro ele disse:

-Tchau Janice, nos vemos segunda no hospital!

-Tá, Combinado!

Nossa senhora, agora sim aquele castigo tinha ficado com outro sabor...

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 3 - Princípe ou sapo?



-E-eu não sabia, desculpe!

Só fiquei menos constrangida quando Bill sorriu de canto e o vi dizer em português com um sotaque terrivelmente mal falado...

-Você estendeu a mão para me cumprimentar e ficou feito tonta com a mão no ar,né? Todos fazem isso!Sinto muito!

Sorri sem graça ao ouvi-lo dizer:

- Sim, a tonta aqui ficou com a mão no ar!

Nós três sorrimos.

- Oi,Janice Tudo bem?

Ele disse num sotaque mal falado que quase não deu para entender.Agora sim ele levantou o seu braço. Eu estendi a minha de novo e nos cumprimentados.

- Como você esta? - Bill perguntou em alemão. Uma língua que eu adorava e falava melhor que o meu português.

- Estou bem. Será um prazer ensinar lhe a minha língua. - Eu disse para ele.

- Bom, já que se conheceram . Estou indo embora! Ah, Janice esqueci de dizer os seus dias de punição são as segundas e quartas , sempre a partir das 8da manhã ,ok?

-Tudo bem! – Disse fazendo uma cara de “Fazer o que,né?”

Doutor Jost olhou para nós e sorriu se afastando.  Bill se sentou e me sentei ao lado de Bill.

-Punição? Sou o seu castigo?

-É...Vamos dizer que sim!

Eu sorri o observando. Ele era muito bonito mesmo!

- E ai Janice. Você já foi para a Alemanha? - Bill disse ainda em alemão.

-Bill, podemos conversar em português.Vamos começar nossa aula agora.Pode ser?

-Claro! - ele sorriu - Você já conhece a Alemanha?

- Sim, Amo o seu país. Já fui para Berlin, Hamburgo, Munique e outras cidades. Conheço a Europa toda praticamente.


 Ficamos sentados conversando sobre muitas coisas. Bill mesmo com o sotaque ruim me deu várias dicas sobre o país dele. Até disse que o dia eu fosse para Alemanha  eu ficaria na casa dele.



-Oi,Bill como vai?

Paramos a conversa, me virei , o loirinho abraçou Bill e olhou para mim com um sorriso muito fofo.

-Gustav, essa é Janice minha nova professora de Português.- Bill disse levantando-se.

-Oi,Janice como vai,prazer em conhecê-la?

Gustav estendeu a mão e eu sem perder tempo apertei a sua muito devagar.

-Oi,Gustav o prazer é todo meu.

Até que aquela punição estava ficando interessante. Aquele loirinho era uma graça. Eu sempre tive tara por loiro.

-Bill, vim avisar que seus pais estão na recepção. Você esta liberado por hoje.

- Beleza Gus, obrigado – Ele virou para mim e disse sorrindo. – Janice, até mais, na quarta continuamos.

- Tudo bem, vou acompanhar vocês. Tenho duas aulas de reabilitação. Eu ainda não estou dispensada.

Despedi-me de Bill e de Gustav e fui para de reabilitação da fala. Depois de duas horas trabalhando com uma senhora que havia sofrido um acidente de automóvel e uma área importantíssima do cérebro dela tinha sido prejudicada .O sistema usado no hospital era o mai avançado.
A médica que me acompanhou na consulta disse que ela voltaria a falar normal sem problemas. Aquilo realmente mexeu comigo. Aquela mulher se esforçando, lutando e demorando quase cinco segundos para falar um simples: Obrigado! E o sorriso que ela abriu depois que conseguiu. Algo Inexplicável.Depois das minhas tarefas cumpridas fui embora para casa.

-Mãe cheguei!

-Oi, minha querida e como foi tudo?- Minha mãe perguntou beijando minha bochecha.

-Ah na verdade eu não queria estar lá.Mas, já que estou, vou fazer o meu melhor para ajudar essas pessoas. –Eu disse pegando uma bolacha trakinas. - Vou subir, vou dormir e pelo amor de Deus não me chame por nada nesse mundo. Não estou para ninguém!

Subi até meu quarto, tirei toda minha roupa e me joguei na minha cama. Dormi o sono dos justos. Tinha feito minha boa ação aquele dia.


Acordei as 18horas tomei um belo banho e fui para faculdade.

-E ai Janny como foi lá o seu castigo?

Philip debochou da minha cara.As vezes eu odiava aquele sarcasmo daquele francês branquelo.

- Vai se ferrar,Phil ! Não é um castigo. É uma troca de favores vamos dizer assim.

- O que você fez de bom lá, Janny?

- Vou ajudar um rapaz cego. Ele é alemão e fala o português pior que tua irmã de cinco anos Georg. – Eu não agüentei e gargalhei. - E depois  fui para a aula de reabilitação. Nada cansativo!

Eu explicava minhas atividades no hospital enquanto comia um lanche natural e um suco de laranja.

- Vem comigo na quarta,Eleonora. Diz que sim? O hospital é lindo. Porém, você olha aquilo tudo e se arrepia inteira. É cada história que ouvimos e presenciamos que a gente se sente um pouco egoísta em dizer, eu tenho PROBLEMAS.

- Janny, vou pensar eu tenho prova amanhã. Não prometo nada.

- Ellie, se eu fosse você eu viria. O carinha que eu ajudo é muito gatinho. Não faz o meu tipo. Agora tem um loirinho. – Janice fechou os olhos e lambeu os lábios. - Nossa é o meu número.
-Olha...Acho que mudei de idéia!

Eleonora brincou e subimos para a sala de aula. No fim da aula, o pessoal convidou-me para ir para a boate. Não pude ir já que estava de castigo por tempo indeterminado. Despedi-me de todos e fui para casa.

**

Quarta-Feira

-Janice, levanta que esta na hora!

Ouvi a voz do meu pai me chamando e tive vontade de chorar. Sério, eu odiava acordar cedo. Não funcionava nesse horário.

- Meu Deus, não acredito! Eu nem fechei os olhos e já tenho que acordar? Deixa eu dormir só mais  cinco minutinhos?

- Não, levanta agora! – Meu pai entrou no meu qaurto e puxou minha coberta. Se eu tivesse um porrete em mãos, eu saberia muito bem como usá-lo naquele momento.

- Afff que saco!

Fui até o banheiro fiz minha higiene pessoal e fui para o hospital.

- Oie, você sabe onde Bill Kaulitz se encontra?


A recepcionista sorriu e informou-me. Naquele lugar todos eram sempre bem humorados. Todos sempre sorrindo e muito cordiais. Tinha muito que aprender naquele lugar.


- Ele esta na sala de Braile. É segunda sala à esquerda.  – Ela me ensinou.

- Falou...Quer dizer muito obrigada! – Sorri e segui em direção do lugar indicado.

Chegando na sala de aprendizado. Eu bati na porta e entrei, tinha quatro pessoas sentadas com livros abertos e passavam os dedos nos livros. Isso era ler em braile! Isso eu sabia, eu tinha estudado no colegial sobre o sistema Braile. Jamais poderia imaginar que esse sistema ia fazer parte da minha vida.

-Oie!

- Oi – Ele me respondeu. Ele estava todo de preto e com óculos escuros. Parecia que ele estava mais bonito que segunda-feira. Sentei-me perto dele e perguntei:

- O que você esta lendo?

- Um amor para recordar!

- Um não conheço. – Lógico que não conhecia, não lia nada. Sempre que tinha que ler na escola ou faculdade pagava muito bem para alguém ler e fazer um mega resumo pra mim.  Uma vergonha eu sei ! Eu não tinha saco para ler nada!

- É muito bonito.Um romance! Não curto muito, mas como já li todos os livros de vampiros da biblioteca.Não me sobrou muita alternativa.

- Não curto muito romance!

- Por quê?

-Por que acho que esse lance de príncipe encantado não existe, esse monte de melação não existe! Como já dizia Cazuza:  “Quem sabe o príncipe virou um chato/Que vive dando no meu saco/Quem sabe a vida é não sonhar

Sorrimos e ele me surpreendeu.

-Lógico que existe,Janice. Cada príncipe tem seu jeito, suas manias e cada mulher têm que moldar o seu príncipe a sua maneira. O seu príncipe pode estar por ai!

-Nem...Mas, fácil eu procurar em um brejo...Um sapo!

Bill sorriu alto e não resisti ao vê-lo sorrir e também deu risada.

-Shiiiiiii! - Ouvimos de uma ruivinha baixinha que estava no fundo da sala.

- Desculpa!!

Eu disse para a ruivinha, E mal me desculpei meu celular toca. E olhei para a ruivinha que xingou algo e saiu da sala.

-Oie! Vou te buscar.

Quando desliguei o celular disse para Bill:

-Bill, você pode esperar um minuto.Eu já volto.

Fui até a recepção do hospital e encontrei-me com Eleonora. Fomos juntas para a sala de Braile.

-Bill, essa é minha amiga Ellie! Ellie esse é o Bill. – Fiz as honras da casa.

Eleonora esperou Bill estender a mão e carinhosamente lhe apertou a mão em comprimento.

-Poxa,Ellie pelo menos você mais esperta que eu. Eu fiquei meia hora com a mão estendida esperando o comprimento dele. Não sabia que ele era cego.Paguei o maior mico!

-Janny! - Fui repreendida por Ellie.

- Bill já terminou aqui? Podemos ir lá fora? Não sei como vocês conseguem ficar nessa sala. Ela é tão escura que chega a ser sombria. Vamos para o jardim que é bem iluminado.

Vi Ellie arregalar os olhos e me dar um tapa na testa.

-Ai...Por que você fez isso?

- Aguentamos essa sala escura e sombria talvez por que sejamos cegos e a luz acessa ou apagada não interfira em nada.Acho que é isso!

Gelei! Por que eu não ficava com a  minha boca fechada?  Diante da minha vergonha eu não consegui segurar uma mania muito feia que eu tinha. A gargalhada saiu de dentro de mim de uma forma constrangedora.

- Janny, pelo amor de Deus . Pára de rir! –Ellie tampou a minha boca.

- Desculpe...é..é ..que...  –  Eu não conseguia falar pois eu estava simplesmente chorando de rir.

- O que esta acontecendo aqui?

O loirinho,o bonitão apareceu na sala de braile muito bravo.

- Nada,Gustav!

Bill se apressou a responder. O loirinho me olhou com um olhar sério e saiu da sala.Que já estava vazia. Pois, na verdade eu tinha expulsado todos da sala com a minha gargalhada.

-Ellie, você pode ir com Bill para o jardim? Eu já venho!

Sai da sala de braile e fui atrás de Gustav . Vi naquela bronca uma maneira de me aproximar dele. Achei-o  na lanchonete do hospital.


-Bill, quero pedir desculpa pela Janice. Ela sempre da esse tipo de risada quando esta nervosa. Não faz por maldade...É tonta mesmo! Desculpa!

-Eu sei, Ellie!Eu sei que ela fez sem malícia.Mas, não precisa se desculpar!  Já estou tão acostumado. As pessoas fazem isso toda hora. Já cansei de ir no supermercado e perguntar para algum funcionário o preço de algum produto e receber como resposta um:  - O preço esta na gôndola! E eu perguntar: O que é uma gôndola? E o funcionário ainda com a cabeça baixa responder com a maior má vontade do mundo: É isso aqui!  E apontar para maldita gôndola! Ou sem querer esbarrar em alguém e ouvir um: Olha por onde anda,tá cego? E eu responder: – Pior que to cego! E constranger a pessoa ao ponto dela vir pedir desculpas! Então,eu optei em usar a bengala. Pelo menos ela me denunciaria e se um dia eu for no mercado e a pessoa dizer : O preço esta na gôndola! Eu dou com a bengalada na cabeça do infeliz ou a enfio no lugar no onde não bate sol!

Ellie não se conteve e da mesma maneira de Janice sorriu com vontade.

-Desculpe ,é que você contando parece tão engraçado...Desculpe..Você é muito engraçado!

Bill sorriu também e completou.

- Hoje eu dou risada também. Houve uma época que eu brigava e xingava. Mas, agora não mais! Faço como a Janice dou risada, até por que se cada preconceito que eu for sofrer eu vou chorar. Não vivo apenas, choro!

- Deve ser muito chato,né?Todos apontando para você!

-Você acaba se acostumando. Quando você é pequeno dói mais. Mas quando você cresce as pessoas ficam menos cruéis...Quer dizer, falam pelas suas costas e não na sua cara como uma criança.

- Entendi! Bom, você quer ajuda para ir até o Jardim?

-Não ,Obrigado!Pode deixar só prometa se eu cair você não vai rir.

- Lógico que não vou rir. Imagina, eu nunca faria uma coisa dessa.

Ellie disse séria. Bill sorriu e apenas disse.

-Eu sei estava apenas brincando.

Os dois riram e seguiram para o jardim . Estava um sol lindo, o céu estava maravilhoso e os dois sentaram se perto das árvores esperando por Janice que tinha ido investir em Gustav.

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 2 - Onde estou? Céu ou Inferno.


Porque anjos caem e nós estamos, e nós estamos
Apenas para amaldiçoar sua alma
Mas é o paraíso quando nos deitamos Na noite...

Down On You   - Tokio Hotel


- Mãe?

- Filha? Meu Deus! Graças a Deus você acordou!

- Onde estou? No céu ou inferno?– Meu corpo todo doía demais.

- Pare de idiotice,garota!Você pegou uma pedra no meio da marginal e como tinha bebido um pouco a mais não conseguiu controlar a direção do carro e bateu na traseira de um outro carro. Por sorte não machucou ninguém!

Ouvi meu pai dizer bravo.


- Hélio, isso são horas de dar bronca nela. Ela esta em uma cama de hospital. Será que dá para ser menos severo.


- Não estou sendo severo só quero que ela perceba que ela quase matou um casal por sua irresponsabilidade. Apenas isso!


Depois que ouvi meu pai dizer aquilo, minha mente apagou novamente e adormeci.

..


Fiquei cinco dias no hospital e quando cheguei em casa meu pai me esperava com mais dois senhores  na verdade eram dois policiais.

- Sente-se Janice esse dois senhores querem falar com você.

- Hélio tem que ser agora?

- Jackeline nem era para ela estar aqui em casa e você sabe muito bem disso... Eu pedi para Janice maneirar nessas saídas depois da faculdade. Eu pedi para ela não beber. Eu avisei que isso ia acontecer e aconteceu. Janice quase tirou a vida de um casal inocente e isso não pode ficar impune.

- Deixa mãe... Deixa eles falarem!

Sentei-me no sofá e olhei para os dois policias esperando o sermão.


- Janice, como seu pai já disse você quase tirou a vida de um casal inocente e como sabemos que você é uma boa moça. De boa família e sabemos que isso não vai voltar acontecer... O seu pai conversou com eles e os convenceu a não dar queixa. Só que o casal disse que só não daria queixa se você prestasse serviços sociais.

-Tive que gastar toda minha lábia com eles por que você sabe muito bem que não posso ver meu nome ou o nome de alguém da minha família envolvido nesse tipo de encrenca.

- Eles podem fazer isso? Obrigar-me a fazer isso?

-Não , mas ou você presta esse serviço ou eles dão queixa e ai pague pelas consequências. Ainda estão sendo legais com você.

Eu olhei para minha mãe e balancei a cabeça.

- Bom...Fazer o que,né? Eu não tenho outra saída!

- Srta. Janice a senhora a partir de segunda feira fará trabalhos comunitários em um hospital.

O policial me entregou um envelope com o endereço e quem eu devia procurar.


 - Na segunda feira a pessoa indicada te dirá o que você terá que fazer.

Os policiais acenaram para os meus pais e foram embora.

Meu pai me olhou e se virou para sair da sala.

-Pai, eu juro para você que eu não bebi foi uma distração, um segundo de...

- Um segundo que quase custou duas vidas.Duas vidas!!  E a partir de hoje mocinha você esta proibida de sair de semana depois da faculdade. Proibida e só não vou tirar o carro por que vou te dar mais uma chance. Por que se isso voltar acontecer eu deixo te prenderem e tem outra coisa, o concerto do carro metade quem vai pagar é a senhorita da sua mesada.

-Mas Pai?

-Sem Pai!  Você já tem 19 anos e já esta na hora de arrumar um emprego. Não é porque te dou tudo do bom e do melhor que você ficar uma mulher sem valores, mimada e fútil. Acabando esse serviço social. Você vai procurar um emprego e estamos conversado!


Não preciso dizer que na segunda feira eu estava lá naquele hospital na hora marcada às 8 horas da manhã. Meu humor estava daquele jeito pois eu não acordava cedo nunca . Sempre estudei a tarde e a minha faculdade era à noite. E como não trabalhava dormia até as duas da tarde todo santo dia. Até porque quase todo santo dia eu ia para a balada. Eu sei...Eu sou uma fútil!

-Oi, Sou Janice Guttemberg e estou procurando o Doutor Jost.

Uma voz me chamou e eu me virei.

-Olá Janice sou o Doutor Jost estava a sua espera.

- Ola, doutor! Estou aqui para ser castigada pelos meus atos impensados.

Dei um sorrisinho amarelo e segui o doutor que adentrou no hospital. Aquele lugar era o  hospital mais conceituados do estado e talvez da América latina.

-Esse Hospital é especial para o Brasil. Aqui são tratados os pacientes com deficiência física. Fazemos tratamento de fisioterapia, audiologia, musicoterapia e equitação terapêutica.


- Sei tipo a APAE?

- Exato! Mas, aqui oferecemos mais infra estrutura pois aqui realizamos exames, existem leitos para internações e fazemos cirurgias. Aquele rapaz é um dos  pacientes  que você vai ajudar.Seu pai nos disse que você faz faculdade de Letras e um de seus  paciente não fala muito bem o português já que ele é alemão. Então, ficará por uma hora com ele ensinando o português. Ele é filho de uma pessoa que colabora financeiramente aqui para o Hospital.Então, estamos trocando favores. Você ficará com Bill por uma hora. Ele também é deficiente.

-Jura?

- É...nem todo o dinheiro do mundo pode reverter essa deficiência. Para você ver que o dinheiro não compra tudo nesse mundo.

Era pra mim essa indireta. Sim, a carapuça serviu,ok!

Paramos perto do jardim e o doutor continuou explicando.


- Depois  que você ficar uma hora com o Bill você ficará por duas horas reeducando crianças com dificuldades na fala. Não se preocupe sempre será monitora por uma pessoa gabaritada no assunto. Não estará sozinha.

Nessa hora dois jovens de cadeira de rodas passaram por nós e acenaram para o doutor.

-Acidente automobilístico. Os dois! As pessoas não percebem que o carro é uma arma e mata e aleija mais que armas de fogo. A polícia manda muitos infratores de trânsito para cá como punição até para terem contato com pessoas que ficaram tetra, paraplégica ou tiveram alguma lesão no cérebro devido aos acidentes de carros. Achamos que aqui é uma lição de vida. Que os voluntários saem com outra cabeça para sentar atrás de um volante. Tenho certeza que você vai aprenderá muita coisa aqui.  Vamos conhecer o seu aluno!

Sorri para o doutor e depois olhei para o meu “pupilo”. De longe não dava para ver muita coisa até por que ele estava sentado e de costas. Com certeza não tinha as duas pernas, coitado!

Aproximamo-nos do rapaz e Jost foi logo dizendo:

- Oi, Bill como vai? Trouxe a sua nova professora!

Ele levantou-se, virou-se e eu pude perceber que ele tinha as duas pernas, os dois braços e as duas mãos ... Na verdade era perfeito. E para falar muito mais a verdade era um GATO. Estava de óculos de sol até por que o sol que fazia em São Paulo era IN-SU-POR-TÁ-VEL .

- Janice esse é o rapaz que você vai ajudar. O nome dele é Bill.

Eu estendi meu braço para cumprimentá-lo e fiquei ali com a minha mão estendia por segundos. Ele não estendeu a mão. Será que na Alemanha eles não sabiam o significado da palavra: Educação.

Jost olhou para minha mão ali estendida no ar e voltou-se para Bill.

- Janice, Bill esta aqui no hospital para aprender algumas coisas para sua dependência cotidiana. Ele é deficiente visual...Ou seja Bill é cego!

Tá! Enfio minha cabeça aonde agora? Baixei meu braço e assumi meu mico, orangotango ou king Kong.

-E-eu não sabia, desculpe!

Só fiquei menos constrangida quando Bill sorriu de canto e o vi dizer em português com um sotaque terrivelmente mal falado...

Postado Por: Grasiele

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