(Contado pela Laura)
Se eu não me engano, era manhã de terça-feira. Estava no escritório, editando as últimas matérias que faria parte da revista. Ouço baterem na porta, em seguida a mesma é aberta.
- O que você quer, Mandy? – perguntei, brava. – Não vê que estou ocupada?
- Ih, pelo visto está de mau humor, não é?
- Não te interessa! – respondi.
- Sim, você está de mau humor. – ela se aproximou da minha mesa. – A reunião com o pessoal da revista, está marcada para daqui meia hora. Por favor, não se atrase!
- É só isso?
- Um-hum.
- Então saia!
Confesso que eu estava mesmo sendo muito grossa com ela, e tudo isso tinha um motivo, ou melhor, um nome: Kate. O que mais eu poderia fazer para ela acreditar em mim? Tudo que eu disse até agora, era verdade. Mas porque ela não acredita? É tão difícil assim?
Continuei ali trabalhando, quando o olho pro relógio e noto que a hora passou voando. Larguei tudo ali, e fui até a sala de reuniões. O pessoal estava praticamente todo reunido, e se eu tivesse chegado um pouquinho mais tarde, teriam começado sem mim. Me sentei no lugar de sempre, e logo começaram as apresentações sobre algo que eu não fazia idéia. Aquilo era uma tortura, pois eu não estava prestando atenção em absolutamente nada! Meus pensamentos tentavam encontrar a melhor maneira de convencer a Kate que eu estava certa. Se é de uma prova que ela precisa, acharei, nem que para isso eu tenha que matar alguém!
- Você gostou, Laura? – pergunta Bruno.
- Gostou de quê?
- Dessa proposta.
- Tanto faz. – respondi.
Todos estavam calados, e me olhando.
- Olha, me desculpem. – me levantei. – Este não é o meu melhor dia, e preciso resolver algo urgentemente. – já ia me retirar.
- Mas e a reunião? – Mandy grita.
- Resolvam qualquer coisa! – respondi. – Confio em vocês!
Fui correndo até minha sala, peguei minha bolsa e as chaves do carro. Esperei o elevador, que parecia não querer chegar. Fiquei apertando o botão várias vezes, até que em um momento as portas se abriram. Entrei, e fui até a garagem. Sai correndo entre os carros, até encontrar o meu. Acelerei, e sai a procura da Kate.
Quinze minutos depois, estacionei em frente ao condomínio. Quando estava pronta para abrir a porta do carro, a vejo pelo retrovisor, chegando de mãos dadas com o Bill e o Brian. Os três sorriam, e pareciam estar muito felizes. No mesmo instante, desisti de tudo. Abri minha bolsa, peguei meu celular, e liguei pro Tom.
- Alô?
- Estou aqui em baixo, dentro do carro. – disse. – Desça agora!
- Aconteceu alguma coisa?
- Você é surdo, garoto? – estava brava.
Desliguei, e fiquei aguardando. Pouquíssimos minutos depois, o Tom aparece. Ele vem correndo até meu carro. Foi só o tempo dele colocar o cinto, pra eu acelerar.
- Agora vai me contar o que aconteceu? – pergunta ele.
- Fique quietinho ai, que depois te explico. – respondi, sem desviar meu olhar da estrada.
- Onde estamos indo? – não respondi. – Laura! – gritou, e olhei pra ele.
- Daqui a pouco te contarei. Custa ter um pouco de calma?
O levei até meu apartamento. Mal abri a porta, e ele já começou a me encher de perguntas.
- Ok, agora me fala! – ele se sentou no sofá da sala.
- O Bill e a Kate estão namorando? – perguntei. Estava de pé na frente dele.
- Me trouxe aqui para perguntar sobre eles?
- Poderia me responder?
- Acho que sim. Eles vivem juntos. – me sentei ao seu lado. – Por quê?
- Nada. – respondi.
- Você gosta dela, não é?
- Não quero falar sobre isso.
- A Kate não te ama! – ele se levantou. – Ela ama o Bill, e você deveria entender!
- O quê que é? Vai brigar comigo, é isso? – me levantei.
- Laura... Eu gosto de você. – ele se aproximou. – Poxa, porque você não esquece a Kate de uma vez?
- Não é tão fácil.
- Seria, se você tentasse.
- Acha que eu não quero? – meus olhos lacrimejaram. – Tudo que eu mais quero agora, é esquecer a Kate e viver a minha vida.
- E... estou incluído nisso?
- Provavelmente.
(Contado pela Kate)
Estava criando coragem para contar ao Bill sobre a compra da casa. Mas tinha medo da reação dele. Aproveitei que a senhora C, milagrosamente decidiu sair com o filho, e fiquei sozinha com o Bill no apartamento.
Ele estava sentado no sofá, assistindo televisão, quando me sentei ao seu lado. Ainda não sabia como iniciar a conversa, e aquilo estava me deixando inquieta.
- Tá querendo me contar alguma coisa, não é? – pergunta ele.
- Como sabe?
- Quando quer contar algo, fica inquieta e mexendo os pés. – sorri. – Anda, conta logo.
- Promete não ficar bravo?
- Então a coisa é séria mesmo?
- Um pouco.
- Tudo bem, estou preparado pra qualquer coisa.
Respirei fundo.
- Comprei um imóvel. – disse, e ele ficou calado. – É um pouco longe daqui, mas o lugar é lindo.
- Está pensando mesmo em se mudar?
- Um-hum.
- Quando?
- Ainda não sei.
- Porque não me avisou que iria comprar uma casa?
- Não queria te ver triste.
- E como acha que estou agora, sabendo que a minha namorada tá pensando em me abandonar.
- Não vou te abandonar. Que drama. – eu ri.
- Não é pra rir não. Isso é sério. – parei de rir na hora.
- Bill – me levantei, e me sentei em seu colo. -, eu nunca te abandonaria. Só se eu estivesse louca!
- Não tem mesmo uma data para a mudança?
- Ainda não. E só farei isso, quando nossa vida estiver resolvida. – ele riu.
- E eu posso saber como ela se resolveria? – me abraçou.
- Bom, depende de você.
- Aham, entendi. – me deu um selinho. – Promete que não fará nada por agora?
- Prometo. – encostei meus lábios nos seus, e um beijinho delicado que só ele sabe dar, surgiu. – Ah, já que você não ficou tão bravo comigo, quero te mostrar a casa. – me levantei.
- Quem disse que não fiquei bravo?- ele se levantou. – Vai ter que ralar pra contornar essa situação, gatinha. – nós rimos.
- Bill – me aproximei dele. -, não me chama de gatinha, que isso não combina com você.
- Eu sei. – ele segurou em minha cintura, e me puxou para perto.
- Não faz isso. – minhas pernas já estavam tremendo.
- Tem medo de não resistir, não é? – ele sussurrou.
- Estou me controlando. – sussurrei de volta. – E se a mãe do Brian chegar, ela me colocará pra fora, e terei de me mudar mais cedo.
- Opa! – ele se afastou. – Então vamos pra outro lugar.
Pegamos o elevador até a garagem, e lá entramos no carro do Bill. Fui sua guia, e lhe mostrei o caminho até o condomínio onde eu havia comprado o imóvel. Não demoramos muito até chegarmos. Me identifiquei na portaria, e o carro seguiu até a casa.
- É aqui. – disse, olhando pela janela.
- Uau! É bem bonita. – ele elogiou.
- Precisa ver por dentro.
Saímos do carro, e caminhamos até a porta. Tirei a chave do bolso, e coloquei na fechadura. Abri a porta, e entrei, o convidando para fazer o mesmo. Bill entrou, e observou o lugar.
- Gostou? – perguntei.
- Sim. – respondeu. – Você tem um bom gosto.
- Vamos conhecer a parte de cima. – segurei em sua mão, e subimos a escada.
Mostrei alguns cômodos, incluindo o quarto principal, que eu nem tinha parado pra reparar no quão grande era.
- Este é o meu cômodo favorito. – disse Bill.
- Como você é danado, hein?
- Já experimentou a cama? – deu um meio sorriso.
- Ainda não. – retribui.
- O que acha de fazermos isso?
- Agora?
- Porque não? – ele se aproximou, e dei um passo para trás.
- Bill, acho que... Não é um pouco cedo pra isso? – ele olhou pro seu relógio de pulso.
- Já se passou um minuto, ou seja, já é tarde. – se aproximou novamente.
- Tô falando sério. – me afastei. – Acho que deveríamos esperar um pouco mais.
- Tudo bem. – ele me abraçou. – Quando se sentir a vontade, estarei aqui.
- Obrigada.
Sei que já fiz isso com o Bill, mas agora a situação é diferente. Naquela noite eu estava bêbada! Não quero transar com ele, e acordar na manhã seguinte sem me lembrar de nada. Quero que seja algo especial. Quero que seja único.
Postado por: Grasiele