quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração de Porcelana - Capítulo 12 - To Be Continued


I can't fake it anymore
I'll stay with you
But remember
To be careful what you do
Cause I'm not bulletproof
Bulletproof – Kerli


Continuei com os olhos fechados por mais algum tempo esperando uma reação do meu pai. Um grito, uma agressão até mesmo um levantar e sair, mas nada, ele não fez nada.
Eu estava ali, na cara e na coragem.
Ele não tinha nenhuma reação. Ouvia-se somente o barulho da minha respiração desregulada. Ele poderia já ter saído dali e neste momento, estava ligando para a policia para denunciar seus filhos incestuosos.
Agonizada com a situação, fui abrindo os olhos lentamente e encarei meu pai.
Ele tinha uma expressão digamos que surpresa. Mas por mais difícil que seja para eu acreditar, eu não via raiva em seus olhos.
— Uau... Ehmm... – Ele parecia estar buscando as palavras certas. — Eu acho que sempre desconfiei disso. – Arregalei os olhos enquanto ele continuava a falar calmamente. — Tom sempre te tratou, não sei, diferente. – Deu uma pausa. — Ele sempre foi muito preocupado com você, por incrível que pareça, acho que ele se preocupa com você mais do que eu e sua mãe. – Deu uma risadinha. — Ele sempre foi assim com você, desde pequeno. – Eu me acalmei um pouco, ele estava reagindo bem e isso estava me alegrando. — Acho que no fundo eu sempre soube, mas quis fingir que não. – Respirou fundo.
— Eu nem sei como isso aconteceu. Eu sei que é errado pai, mas... – Ele me interrompeu.
— Não. Não é errado. Nenhum amor é errado. O amor é uma coisa linda, não importa de onde ele nasça. – Agora meus olhos estavam marejados. — Se eu te disser que está sendo fácil, estarei mentindo. Mas eu vou me acostumar e apoiarei vocês. – Um sorriso largo se abriu em meus lábios. Fui até ele e lhe dei um abraço apertado e chorei em seus braços.
Eu estava muito feliz, finalmente tudo estava se acertando.
—Mas temos que tomar cuidado, incesto é crime. – Ele disse quando nos separamos. — E ainda temos que contar a sua mãe. – Minha cabeça deu um estalo.
Minha mãe, não sei se ela reagiria bem como meu pai.
— Calma. – Ele falou percebendo minha expressão preocupada. — Eu ajudarei vocês. – Abriu um largo sorriso.
Retribui o sorriso e o abracei novamente.
— Obrigada, pai. – Disse enquanto estávamos abraçados, dei um beijo em sua bochecha e nos separamos.
— Agora arrume suas malas, iremos para Leipzig. – Assenti quase pulando e fui até meu quarto. Arrumei minhas malas deixando para fora só a roupa que eu usaria e fui tomar um banho rápido.
Depois de pronta, desci com as malas e encontrei meu pai no andar de baixo. Ele já estava pronto e tinha malas ao seu lado.
Ele chamou dois empregados e eles levaram as malas para o carro, entramos no mesmo e fomos em direção ao aeroporto.
~x~
Quando o táxi estacionou em frente a minha casa, sai dele as pressas enquanto o motorista ajudava meu pai com as malas. Tirei as chaves da bolsa e entrei correndo dentro de casa. Pude ver a silhueta da minha mãe na cozinha, eu não me aguentava de saudades. Cheguei por trás dela e a abracei. Ela deu um pulo de susto, mas ao perceber que era eu, deu um grito e me abraçou. Ela me apertava forte e passava suas mãos pelos meus cabelos enquanto chorava. Confesso, eu também estava chorando, que saudades da minha mãe.
— Thammy! – Me separo da minha mãe quando ouço me chamarem da escada.
Volto meu olhar para Tom que estava com um sorriso enorme, em pé no penúltimo degrau da escada.
Fui em sua direção e o abracei. Tom colocou seu rosto na curva do meu pescoço, respirando fundo como ele sempre fazia.
— Eu disse que nos veríamos logo. – Disse em seu ouvido antes de nos separarmos.
Tom, sem aviso prévio, me roubou um beijo. Arregalei os olhos o afastando bruscamente e olhando assustada para a minha mãe.
— Tudo bem, querida. Tom já me contou tudo. Está tudo bem. – Deu uma risadinha enquanto eu olhava assustada para Tom. Lágrimas escorreram pelo meu rosto, abracei Tom novamente só que agora mais forte.
Tom uniu nossas bocas em um beijo lento e cheio de saudades. Nos separamos quando o ar se fez necessário.
Então me lembrei do meu pai, corri para o lado de fora arrancando olhares assustados de Tom.
Quando cheguei do lado de fora, o táxi ainda estava parado e meu pai estava encostado na lataria.
— Vem. – O chamei, ele disse algo com o motorista, pegou minhas malas e entrou.
Minha mãe parou de mexer com a comida quando viu meu pai na porta.
— Jörg. – Ela abriu um sorriso.
A separação deles foi civilizada, por isso se davam bem.
— Como está, Simone? – Retribuiu o sorriso de minha mãe.
Ele já sabia que ela estava namorando, então era só amizade mesmo.
— Tom. – Meu pai chamou meio envergonhado. — Queria falar com você. – Tom me encarou, dei um sorriso afirmando com a cabeça, Tom o chamou para seu quarto e meu pai foi.
— Venha, quero lhe apresentar o Gordon. – Minha mãe me puxou pela mão e me levou para a sala onde estava sentado um homem, que por sinal era bem bonito para a sua idade.
Eu sei, isso soou estranho.
— Gordon, essa é a minha outra filha, Thammy – O homem se levantou com um enorme sorriso no rosto e me deu um abraço.
— É um prazer te conhecer.
— O prazer é meu. – Retribui o sorriso.
Tempos depois, Tom desceu com meu pai, parecia estar tudo acertado. Minha mãe apresentou Jörg para Gordon e não teve essa baboseira de ciúmes, eles se deram super bem.
~x~
Já faz 1 ano que tudo aconteceu e as coisas estão ótimas. Meu pai se mudou para Leipzig numa casa perto da nossa, ele também está namorando, eu e Tom a conhecemos e ela é um amor, de verdade.
Gordon está morando conosco e ensinou a mim e a Tom a tocar guitarra.
E o mais legal, Tom e Bill agora são super amigos. Eu fiz Tom pedir desculpas para Bill e eles depois disso viraram amigos, consequentemente Georg e Gustav também viraram. Agora os quatro são inseparáveis.
Também montaram uma banda chamada Tokio Hotel. Bill canta, Tom toca guitarra, Gustav bateria e Georg baixo.
Eles irão gravar um CD, por isso, foram para os Estados Unidos por um tempo.
No começo Tom quis me levar junto, já que estamos namorando faz um ano também.
Mas eu não achei razão para ir. Agora ele me liga toda a hora.
Eu tenho certeza de que a Tokio Hotel será muito famosa.
Gordon está tentando me convencer a formar uma banda também. Já que Alice toca baixo e temos dois amigos, Peter e Lucas que também tocam instrumentos. Eles juram de pé junto que eu canto bem, mas eu não tenho certeza.
Confesso que eles estão quase me convencendo.
O que será que aconteceria se formássemos uma banda?

Postado por: Grasiele | Fonte: x

Coração de Porcelana - Capítulo 11


What is the reason for this night
is hope found in moments with no light
does strength grow in our greatest fears
God I pray something good will come from this pain
Stay With Me – BarlowGirl


— Isso não é você quem decide. – Jörg respondeu seco para Tom. — Eu vou ligar para Simone para avisar que Tom está voltando e pedir para que Thammy more comigo. – Meus olhos se arregalaram ainda mais enquanto Tom tinha uma expressão furiosa. — Quando eu voltar, não quero mais te ver aqui. – Ele disse para Nildete saindo do quarto logo em seguida.
Ficou um clima mais tenso do que antes quando meu pai saiu do quarto. Nildete estava arrumando suas coisas enquanto Tom estava parado no mesmo lugar, estático me encarando.
Ele devia estar esperando alguma reação minha. Ele queria que eu dissesse para Jörg que não iria morar com ele coisíssima nenhuma e que iria voltar para Leipzig com meu irmão.
Mas eu não faria isso. Veja pelo lado de Jörg, ele acabou de ver seu filho na cama com sua mulher. Ele deve estar sofrendo muito mesmo que não demonstre. Eu não o deixaria sozinho com seu sofrimento nessa casa enorme. Tom que me desculpasse.
Eu também daria um jeito de contar para ele que tudo isso era culpa da Nildete e que Tom foi obrigado a fazer o que fez, só faltava saber como eu faria isso.
Eu já estava ficando incomodada com os olhares de Tom quando meu pai voltou para com o telefone em mãos.
— Thammy, sua mãe quer falar com você. – Me entregou o aparelho. Me sentei no chão mesmo, com as costas encostadas na parede.
— Oi, mãe. – Disse baixo.
— Amor, que saudades. – A voz dela era chorosa.
— Eu também estava. – Fechei os olhos adorando ouvir a voz da minha mãe, calma e suave.
— Então você vai morar com seu pai? – Fungou. — Como Tom encarou isso? – Agora sua voz demonstrava preocupação.
— Ele aceitou numa boa. – Menti olhando para Tom. Ele não estava com uma cara lá muito amigável, mas minha mãe não precisava saber disso.
De repente, Tom saiu de onde estava e veio em passos furiosos em minha direção, tomando o telefone das minhas mãos.
Meu pai já não estava mais no quarto, Nildete também não. Ele deve ter ido acompanha-la até a saída, podia dar uns bofetes nela também.
— MÃE, ELE QUER NOS SEPARAR. – Tom disse assim que pegou o telefone. Ficou em silêncio por alguns segundos. — A DECISÃO NÃO PODE SER DELA. – Ele gritava tão alto que acho que toda a vizinhança ouviu.
— Você sabe, eu-eu...- Ele agora falava mais baixo. — Eu não consigo viver longe dela, me ajuda. – Ele fechou os olhos enquanto pedia a ajuda da minha mãe num sussurro de voz. — Tudo bem. – Veio em minha direção. — Ela quer falar com ele. – Me entregou o telefone.
Fui com o aparelho em mãos até meu pai, que estava sentado no sofá da sala com as mãos sobre a cabeça. Ele estava arrasado.
— Ela quer falar com você. – Dei o telefone para ele, que o pegou, deu um sorriso mínimo e foi para outro cômodo conversar com minha mãe.
Fiquei alguns minutos sentada no sofá olhando para o nada quando ouço barulhos na escada. Volto meu olhar para os degraus e vejo Tom descendo com suas malas em mãos. Ele as colocou no chão e se sentou ao meu lado.
— Você vai voltar comigo, não vai? – Seus olhos tinham uma expressão triste. — Por favor, Thammy. Não se separe de mim de novo. – Pude ver uma lágrima escorrendo por seu rosto. Ele a limpou rapidamente, já que não gostava de chorar na frente dos outros.
— Eu não vou morar com ele. – Disse baixo.
E eu realmente não moraria, eu já sabia o que fazer.
Jörg aparece na sala e encara Tom com um olhar mortal.
— Venha, Ruan te levará até o aeroporto, terá um jatinho esperando você lá. – Ele disse secamente para Tom.
Pois é, até jatinho ele tinha.
Tom se levantou do sofá e me deu um abraço apertado, sussurrei um ‘nos vemos logo’ em seu ouvido e o vi desaparecer pela porta.
Tudo se acertaria, ou melhor, eu acertaria tudo.
Jörg se jogou no sofá ao meu lado, ele tinha um semblante triste.
— Meu próprio filho. – Passou as mãos pela cabeça de novo. O estado dele era de cortar o coração.
Estava na hora de acertar as coisas.
— Pai, Tom não teve culpa. Ele foi obrigado a fazer isso.
— Por favor, Thammy, não defenda seu irmão. – Ele bufou cansado.
— Não estou defendendo-o. Nildete, ela...- Respirei fundo antes de continuar. — Ela me bateu, contei para Tom e ele veio para cá, ela viu uma coisa e chantageou o Tom o obrigando a fazer aquilo. – Disse rapidamente.
— Ela te bateu? – Agora ele me encarava surpreso. — Está falando sério, Thammy? – Balancei a cabeça afirmando. — Em que lugar da casa ela fez isso? – Agora ele parecia ansioso.
— Na primeira vez na sala, depois no escritório, acho. Por quê? – Eu estava curiosa, não sabia onde ele estava querendo chegar.
— Venha comigo. – Ele falou se levantando.
O segui como ele pediu até uma salinha que eu nunca imaginaria que existia naquela casa.
— Fui assaltado uma vez, então implantei câmeras de segurança por todo o segundo andar. Só precisamos achar a gravação. – Isso era bom, significava que ele acreditava em mim.
Levou até uns minutos até que ele achasse a gravação. Ao ver as imagens, um sorriso enorme surgiu em meu rosto, agora ele teria a certeza de que eu falava a verdade.
Mas ao contrário de mim, meu pai arregalou os olhos observando atentamente as imagens das surras que Nildete me deu.
— Eu não acredito que ela fez isso. – Ele não tirava os olhos das imagens. — Ela parecia tão, tão...- Deu uma pausa. — Tão boa. Como eu fui e enganar dessa maneira. – Bufou triste. — Mas então, a culpa não foi de Tom. – Ele deu mais uma pausa. — O que foi que ela viu para chantagea-lo? – Pronto, ele tinha chegado ao ponto mais delicado da história.
O amor além do fraternal que eu e Tom sentíamos um pelo outro.
— Ela... – Respirei fundo criando coragem. — Ela viu a gente se beijando. – Fechei os olhos. — Tom e eu nos amamos pai... Nos amamos mais que dois irmãos deveriam se amar. – Eu continuei com os olhos fechados.
Eu estava esperando uma cadeirada, um tapa, um puxão de cabelo, qualquer coisa.
Eu estava dando a minha cara para bater.
Chega de esconder e me envergonhar do amor que eu sentia por Tom, estava mais do que na hora de assumir.
Agora, era esperar as consequências.

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 10


I'm breathing Cause I know that
You'll always be there
And when you feel like falling
Soon I'll be there
I'll always be there
Dragonfly – Kerli

Eu fiquei lá, estática olhando para a porta. Meu corpo não obedecia aos meus comandos. Eu queria ir para aquele quarto e não deixar que Tom fizesse aquilo, mas eu simplesmente, não conseguia. Eu só fiquei sentada na cama, feito uma estátua.
Quando eu pensei que não poderia ficar pior, Nildete começou gemer.
Eu sei que ela estava fazendo para provocar, para me deixar com raiva. Mas o que ela estava conseguindo era me machucar.
Meu coração foi apertando, como se tivesse ficando pequeno, pequeno, pequeno. A única coisa que eu consegui fazer foi deitar de lado com a cabeça virada para a porta, e chorar.
Chorar. Isso era o que eu mais fazia nesses últimos dias.
Eu perdi a noção do tempo. Eu não sabia se estava deitada naquela cama há minutos, horas ou dias. Eu só estava deitada, completamente vazia. Eu nem se quer me mexia.
Os gemidos cessaram e eu ouvi barulho de porta batendo, mas nem com isso eu movi um músculo. Mas que diabos estava acontecendo comigo? Era como se eu estivesse dormindo acordada.
Que ironia.
Tudo parecia passar em um segundo. Tom apareceu na porta, ele estava com outra roupa e com as tranças um pouco úmidas.
Ao ver Tom na porta, ‘acordei’ e me sentei na cama.
Ele me encarava com as costas encostadas no canto da porta e um olhar triste.
Era a minha vez de fazer algo por ele. Mesmo que pouco. Queria mostrar que sempre estaria lá por ele e para ele.
O chamei com a mão e encostei minhas costas na cabeceira da cama. Tom veio rápido deitou a cabeça no meu colo.
Comecei a passar a mão pelas suas tranças e às vezes tocava em seu rosto. Ele fechou os olhos e abraçou minhas pernas.
Tom parecia um bebezinho deitado daquele jeito. Fiz carinho nele até ele adormecer.
Aquela posição está desconfortável para mim e eu estava com uma tremenda fome. Então eu tentei tirar a cabeça dele do meu colo, mas quando eu estava quase conseguindo ele acordou. Mas, acordou mais ou menos sabe? Quando a pessoa acorda, mas nem percebe que acordou.
— Thammy. – Ele disse com os olhos fechados, completamente sonolento.
Eu nem precisei responder, já que ele dormiu de novo.
Desci as escadas e fui para a cozinha.
Pedi para Rita arrumar comida para mim e me sentei.
Minha vida está muito sem sentido esses últimos dias. Se você me perguntar que dia é hoje ou que horas são, eu com certeza não conseguirei te responder.
Eu só fico dentro de casa, chorando. Já estou cansada disso.
Eu estava perdida nos meus pensamentos, quando escuto o maldito barulho do salto alto daquela vadia.
— Thammy, querida. – Falou sarcasticamente. — Acho que você iria gostar de saber que seu irmão é muito gostoso. – Deu um sorriso malicioso enquanto se escorava no balcão da cozinha.
— Olha aqui sua filha da p... – Fui interrompida por meu pai chegando à cozinha.
Pelo menos ele estava em casa, assim Nildete daria um pouco de sossego.
— Ah, que bom que vocês estão se entendendo. – Ele colocou a pasta em cima da mesa e nos olhou com um sorriso satisfeito.
— Claro, a Thammy é um amor. – Ela disse falsamente chegando perto de mim e passando a mão nos meus cabelos.
Eu forcei um sorriso que mais deve ter parecido uma careta.
— Onde está o Tom, Thammy? – Meu pai perguntou pegando sua mala em cima da mesa.
— Dormindo. – Respondi simplesmente.
— Ok. Eu vou tomar um banho, estou exausto. Tchau meninas. – Deu um beijo no topo da minha cabeça e um na boca da Nildete e sumiu de nossas vistas.
Nildete gargalhou assim que meu pai subiu as escadas e depois saiu da cozinha. Bufei colocando o prato na pia e indo para o meu quarto.
Abri a porta devagar e vi que Tom ainda dormia, eu não queria acorda-lo. Peguei uma roupa do closet e fui para o quarto do Tom. Tomei um banho e me joguei na cama.
Eu dormiria ali no quarto dele mesmo.
Virei de cara para a parede e me entreguei ao sono.
~x~
Senti uma respiração no meu pescoço e assustei me sentando na cama rapidamente.
Olhei para o meu lado e vi Tom que estava com os olhos arregalados. Eu devo ter o assustado.
— Desculpe, me assustei. – Dei um sorriso sem graça e me deitei de novo, agora de frente para ele.
Me acomodei perto do Tom e peguei no sono novamente.
~x~

Tom! – Nildete entrou no quarto acordando a mim e ao meu irmão. — Ah Thammy, que bom que você está aí. – Disse com um sorriso diabólico. Isso significava que meu pai já tinha saído para trabalhar.
— O que você quer? – Tom falou se sentando na cama e coçando os olhos.
— Isso você já sabe, vem. – Ela respondeu para Tom, que me deu um sorriso fraco e foi para o quarto da Nildete. Mas ela ainda estava no quarto me encarando. De repente ela chegou perto de mim e me puxou pelo braço me jogando no quarto dela onde Tom já estava.
— Que merda é essa? – Tom gritou quando me viu dentro do quarto com um olhar assustado.
— Hoje vai ser mais divertido. Thammy assistirá tudo de camarote, não é ótimo? – Deu um sorriso malvado e tirou os sapatos.
Eu ainda estava com os olhos arregalados parada no meio do quarto.
— O QUE? NÃO! VOCÊ ESTÁ LOUCA? ELA NÃO VAI VER NADA! – Tom veio para perto de mim e ameaçou me tirar do quarto. Mas Nildete entrou na frente da porta
— Você não decide nada aqui, Tommy. – Disse ironicamente.
Ela me lançou um olhar que eu não soube distinguir.
Eu estava parada como uma boneca de pano. Não falava nada, não me movia, para onde me levavam eu ia. A única coisa que eu fazia era chorar silenciosamente.
De repente meu estômago começou a revirar, senti um enorme mal estar. Nildete percebeu que eu queria vomitar e saiu da frente da porta.
— Não vai vomitar no meu quarto, desgraçada. Saia! Você fica Tom. – Ela fechou a porta assim que eu saí.

Corri para o banheiro e vomitei tudo o que eu tinha comido pelo menos nas ultimas três semanas. Tudo bem, exagero, mas eu vomitei muito.
Escovei os dentes e me sentei na cama. Mas me assusto quando ouço meu pai gritando do quarto.
Merda! Merda! Merda!
Ele deve ter visto Tom na cama com a Nildete, e ele pensará mal do meu irmão, sendo que a culpa é toda da safada da mulher dele.
Mas o que ele estava fazendo em casa? Ele não tinha ido trabalhar? Por Deus!
Saí correndo do meu quarto e fui para o quarto do meu pai.
Entrei e vi Jörg com os olhos marejados, Nildete cobrindo o corpo com um lençol e Tom com uma cara assutada colocando as calças.

— Você. – Apontou para Nildete. — Fora da minha casa. – Ele disse devagar e com um tom de voz calmo.
— Agora, você. – Apontou para Tom que já estava vestido, em pé do lado da cama. — Meu próprio filho. – Passou as mãos pelos cabelos. — Você vai voltar para Leipzig, sozinho. – Sua serenidade me assustava.
Eu estava assuatada. Preocupada com Tom, nada disso era culpa dele.
Mas peraí, ele disse que Tom voltaria para casa sozinho?
Sozinho = Sem mim.
Eu ficaria aqui?

— Não! – Tom elevou o tom da voz. — Thammy irá comigo.
Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 9


Let the butterflies cry,
Let them cry for you.
You just dry your eyes,
Because the world is wonderful
Buttlerfly Cry - Kerli

Eu não podia acreditar. Eu devo ter ouvido errado.
Ela queria o Tom. O meu Tom?

— Nunca. – Tom respondeu a olhando com desprezo.
A essa altura do campeonato eu já estava sentada na cama com as mãos sobre a cabeça chorando e me mexendo freneticamente.
— Tem certeza, Tom? – Ergueu uma sobrancelha. — Tudo bem, a escolha é sua. – Deu uma pausa. — Mas você vai adorar ver sua irmãzinha na cadeia. – Me olhou. — Ela é tão linda, não é mesmo? Os policiais vão ama-la, literalmente. – Deu uma gargalhada. — Como eu sou muito boazinha. Darei um tempo para você pensar. – Passou a mão pelo rosto do Tom levando outro tapa. — Tchau Thamyzinha. – Deu mais uma gargalhada e saiu do quarto.
— O que vamos fazer Tom? – Olhei em sua direção. Meu rosto estava encharcado e meus olhos deviam estar inchados.
— Thammy. – Veio em minha direção e me abraçou. — Por favor, não chora. Não suporto te ver chorar. – Deitei em seu colo enquanto ele mexia no meu cabelo. — Vai ficar tudo bem.
— Não vai não, Tom. Vamos ser presos. – Coloquei as mãos no rosto enquanto chorava mais.
— Não vamos. – Ele respondeu e olhou para baixo.
Me levantei na mesma hora e o encarei.
— Você não está pensando em... – Minha ficha caiu. — Não, Tom! – Voltei a chorar. — Você não vai se deitar com ela. Nós damos um jeito nisso, por favor, não. – O abracei enquanto chorava mais.
Eu ficaria desidratada.
— Me desculpe. – Ele sussurrou. — É por você. – Deu um beijo na minha bochecha e saiu do quarto.
Me joguei na cama. Chorei tudo ou mais do que podia.
Quando eu já não tinha mais lágrimas. Senti por Tom. Ele estava fazendo isso por nós. Eu não faria nada, Tom pagaria por tudo, tendo que dormir com aquela mulher nojenta.
Se não conseguisse fazê-lo mudar de ideia, precisava apoia-lo, ficar ao seu lado. Era o mínimo que eu podia fazer por ele, que estava se sacrificando por nós. Passei a amar muito mais o Tom depois disso.
Saí do meu quarto e fui até o de Tom, abri a porta devagar e olhei lá dentro. As luzes estavam apagadas por isso eu não via nada direito, só sabia que tinha alguém deitado na cama e não se mexia. Tom provavelmente estava dormindo. Não iria incomoda-lo.
— Thammy. – Tom me chamou enquanto eu fechava a porta devagar. Abri-a de novo.
— Achei que estava dormindo. – Eu sussurrava mesmo sabendo que Tom estava acordado, eu devo ser retardada.
— Vem aqui. – Ele me chamou.
Entrei no quarto e fechei a porta ficando no total breu. Enquanto eu ia em direção à cama, tropecei em alguma coisa e soltei um grunhido.
— Você é muito desastrada. – Tom falou, rindo logo depois.
— Eu sei. – Bufei e me sentei na cama.
— É pra deitar aqui comigo.
— Já está tarde, você deve estar querendo dormir. Falamos-nos amanhã. – Quando ameacei levantar da cama, senti Tom segurar meu pulso.
— Dorme aqui comigo. – Me puxou e me deitou na cama antes mesmo que eu respondesse.
— Tom, você sabe que não precisa fazer aquilo. Nós damos um jeito, sei lá. Se formos presos arrumamos um advogado. – Eu falava rápido e quase sem respirar.
— Não, Thammy. Não vou correr o risco de sermos presos sendo que eu posso evitar. – Tom falava calmo como se tivesse explicando a uma criança o porquê de não poder andar descalço ou de não comer muito doce.
— Eu não quero que faça isso, Tom. – Minha voz saiu tremula. Eu estava começando a chorar.
Tom me abraçou passando a sua mão delicadamente sobre as minhas costas, subindo e descendo.
Mas o que é que eu estava fazendo? Tom que passaria por tudo e eu ainda estava aqui chorando na sua cabeça? Eu sou muito egoísta.
Eu não sei como Tom me aguenta.
Levantei-me bruscamente depois de perceber como eu estava sendo egoísta e fraca.
Fraca por deixar que Tom passar por tudo sozinho, por precisar que ele me defenda. Por fazer ele se preocupar comigo. Fazendo-o parar a vida dele. Eu o fiz sair de Berlim, largar a escola, largar nossa mãe, os amigos dele e até mesmo as vadias com quem ele saía, para vir aqui me defender de uma mulher de 40 anos.
— O que foi, Thammy? – Tom perguntou depois de ver minha reação. — Por que está desse jeito? – Se sentou na cama me observando.
— Tom, a culpa é toda minha. – Eu estava parada na sua frente olhando para o nada.
— O que? Não! Nada disso é culpa sua. – Ele respondeu.
— Não, Tom. Pare de ser amoroso comigo. É tudo culpa minha. – Eu falava desesperadamente. — Se eu não tivesse contado para você que a Nildete tinha feito aquilo, você não viria para cá e nada disso teria acontecido. Eu fiz você deixar tudo para trás. Eu sou uma fraca. – As lágrimas já escorriam rapidamente pelo meu rosto. — Eu apanhei de uma mulher de 40 anos sem conseguir me defender. – Levei minhas mãos ao rosto enxugando as lágrimas.
— Pare com isso, Thammy! O que você está falando? Nada disso é culpa sua. Eu vim porque eu quis. Mamãe está bem, está com Gordon. E os outros não importam. Eu não deixei tudo para trás porque meu tudo estava aqui. Você é meu tudo, Thammy. – Eu continuava na mesma posição, só ouvindo Tom falar. — E você não é fraca. Você é doce, eu amo isso em você. Você não consegue fazer mal as pessoas nem mesmo para se defender ou se vingar, por isso eu estou aqui para te defender e até mesmo te vingar. – Tom me puxou e me colocou no seu colo. Coloquei meus braços em volta do seu pescoço o apertando mais.
— Eu não quero que você diga essas coisas nunca mais. Está bem? -
Eu apenas murmurei um ‘uhum’ enquanto Tom me deitava na cama e se deitava ao meu lado.
— Eu amo você. – Sussurrei
— Eu também amo você. – Ele respondeu antes de cairmos no sono.

~x~
Eu e Tom estávamos no meu quarto depois de tomarmos café, relembrando coisas da nossa infância, quando a porta é escancarada por Nildete.
— Oi amores. – Disse irônica. — Está na hora, Tom. – O encarou. — Te espero no meu quarto. – Ela disse isso e saiu. Como ela poderia dizer essas coisas com essa facilidade?
Tom olhava com ódio para o chão.
— Você não precisa, Tom. – Fechei os olhos sentindo uma lágrima escorrer.
Tom se levantou e veio em minha direção.
— Vai ficar tudo bem. – Deu um beijo estalado na minha bochecha e saiu em direção ao quarto de Nildete.

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 8


You feel so lonely and ragged
You lay here broken and naked
My love is
Just waiting
To clothe you in crimson roses
Whispers In the Dark – Skillet


— Tom volte aqui! – Eu gritava enquanto o seguia.
Como ele conseguia andar tão rápido com aquelas roupas estilo Saco de Batatas e andando como um pinguim?
Enquanto eu corria feito uma doida, escorreguei e caí de bunda. Piso liso é o inimigo dos desastrados. Mas eu tenho um desconto porque estava correndo sobre um piso recém encerado.
O barulho que minha bunda fez se chocando com o chão foi tão alto que Tom parou de andar e olhou para trás.
Agora o desgraçado olha. Tô aqui gritando que nem uma doida, correndo mesmo estando machucada e ele não me escuta.
Levantei nervosa do chão. Ninguém gosta de cair, não é mesmo?
— Quer saber? Vai atrás daquela vadia então! Você não quer saber o que pode acontecer comigo se você for lá e arrumar confusão com ela. Você não pensa se ela vai encher a cabeça do Jörg e quem vai se foder somos nós. – Eu gritava sem me importar se ela ou meu pai estavam em casa. — Eu é que não vou correr atrás de você pra me machucar mais. – Tom me encarava sério. Dei as costas para ele, fui para o meu quarto e bati a porta.
Minha bunda tava doendo. Eu estava correndo a uns 300/km por hora. Sou a jato, tá pensando o que?
Quem eu estou querendo enganar? O motivo das minhas dores é que eu sou sensível demais. Tom sempre foi o gêmeo mais forte.
Me deitei na cama virada para a parede e me cobri até a cabeça. Eu estava pensando no que faria depois que Tom arrumasse confusão com a Nildete e meu pai ficasse sabendo. A merda vai feder.
Enquanto eu pensava em mil e uma maneiras de fugir da Alemanha para escapar da Nildete, senti alguém se deitar ao meu lado e ainda se cobrir.
Eu sei, vocês devem estar achando que é o Tom, não é?
Pois não é, quem estava deitando comigo era a Dona Rita a senhorinha que me chama de uma garota de 17 anos de Dona.
Mentira. Era o Tom mesmo.
— Me desculpe, Thammy. – Ele falou perto do meu ouvido enquanto me abraçava por trás.
Senti sua respiração no meu pescoço e me arrepiei.
— Você vai desistir de falar com ela? – Me virei e fiquei de frente para ele.
— Não. Só vou adiar. Mas não me responsabilizo se vê-la pela casa. – Passou as mãos pelos meus cabelos. Fechei os olhos manhosa. — Eu senti tanto a sua falta. Por favor, nunca mais fuja de mim. Não consigo viver sem você. – Me abraçou.
Como eu senti falta de ficar desse jeito com Tom. Eu me sentia protegida, era uma sensação ótima.
Ainda estávamos abraçados com Tom fazendo carinho na minha cabeça, quando batem na porta. Levantei e fui abri-la.
— Thammy. – Meu pai estava com os olhos arregalados. — É verdade que o Tom está aqui? – Ele parecia ansioso.
Meu pai sempre quis fazer as pazes com o Tom, só que ele não facilitava.
Apenas assenti com a cabeça e abri mais a porta deixando assim que meu pai o visse.
Tom quando o viu, deu um pulo da cama, ficando de pé e o encarando.
Murmurei um ‘pega leve’ para Tom e saí do quarto. Eles precisavam conversar.
Desci as escadas, pretendia ver TV até eles terminarem a conversa.
Sentei no sofá e liguei a TV, nem sei o que estava passando, minha cabeça estava lá em cima na conversa dos dois.
Fiquei uns bons minutos lá em baixo, até que ouço passos na escada. Meu pai vinha na frente com um sorriso no rosto e Tom vinha trás e sua expressão também parecia boa. Acho que eles tinham se entendido. Até que foi rápido. Tom pegou leve, isso é bom. Mas também, meu irmão teve uns bons anos para que a raiva passasse.

— Vou mostrar alguns carros que estão na garagem para o Tom. Quer vir também? – Pois é, meu pai e Tom compartilhavam o mesmo amor por automóveis.
— Quero não. Podem ir. – Dei um sorriso.
Tom passou por mim e deu um beijo no topo da minha cabeça e seguiu com Jörg para fora.
Voltei meu olhar para TV até que sinto meu braço ser puxado com violência. Me assustei quando vi Nildete me levando para uma sala, parecia ser um escritório e batendo a porta.
Esse escritório parecia não ficar muito longe da sala. Se eu gritasse poderiam me ouvir.
— Você chamou seu irmãozinho para vir te defender, não é? – Deu uma risada irônica. — Você é uma vergonha. Acha mesmo que ele vai me impedir de encher essa carinha de porcelana de tapas? – Chegou mais perto e pegou meu braço me sacudindo.
— ME SOLTA! – Eu gritei já com a intenção de que alguém ouvisse e viesse me ajudar.
— Cala a boca, sua desgraçada. – Deu um tapa estalado na minha cara.
Ela já estava com a mão erguida para dar outro, quando a porta é escancarada e Tom aparece.
Sem pensar duas vezes ele foi para cima dela, segurei seu braço. Eu não queria que ele batesse nela, se ele fizesse isso, perderíamos a razão.
Nildete encostou na parede com um olhar assustado. Tom a encarava furiosamente com o dedo indicador apontado em sua cara.
— Escute bem. – Seu tom de voz era assustador. — Se você encostar num fio de cabelo dela de novo. – Deu uma pausa enquanto olhava dentro dos olhos dela. — Eu acabo com você. – Encostou o dedo no rosto dela. — Filha da puta. – Continuou a encarando.
O puxei pelo braço e o arrastei até o meu quarto.
Me sentei na cama enquanto Tom estava andando de um lado para o outro no quarto.
— Obrigada. – Meus olhos já estavam marejados.
Assim que acabei de falar, Tom me deu um abraço tão apertado que acho que quebrei algumas costelas.
— Me desculpe. – Passou as mãos pelos meus cabelos. — Nunca mais vou te deixar sozinha. Eu prometo. – Ele puxava o ar o com força. — Já disse que amo seu cheiro? – Dei uma risada e nos separamos devagar, mas não totalmente.
Estávamos nos encarando com o rosto muito perto. Perigosamente perto. Tom encostou sua testa na minha e colocou sua mão na minha cintura acabando com a distância que nos separava.
Então, Tom encostou seus lábios nos meus. Não tentei resistir. Eu precisava disso. Precisava sentir sua boca na minha.
Logo nossas línguas já brigavam por espaço enquanto Tom me apertava mais contra ele.
— Mas olha só. – Nos separamos bruscamente com os olhos arregalados. Nildete tinha entrado no quarto e visto a cena. — Mas o amor fraternal é lindo, não é mesmo? – Entrou mais para o quarto e fechou a porta. Chegou mais perto do Tom e passou as mãos pelo rosto dele. Mas não por muito tempo já que ele deu um tapa na sua mão. — Ui. – Deu uma risada. — Incesto é crime, sabiam amores? – Se afastou de Tom e ficou de frente para nós dois.
Eu fiquei quieta, mas chorava feito um bebê.
— O que você quer? – Tom perguntou com desprezo.
Nildete sorriu maliciosamente antes de responder.
— Você.

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 7


And I remember
All those crazy things you said
You left them riding through my head
You're always there
You're everywhere
But right now I wish you were here
Avril Lavigne – Wish You Were Here


— Do que você está falando, Tom? – Tentei disfarçar. — Não fizeram nada comigo. – Minha voz ainda era meio tremula, mas eu acho que dava pra enganar.

— Não minta pra mim. – Ele disse com uma voz firme.

Pois é, eu achei errado.

Não queria que Tom ficasse sabendo que eu apanhei de uma mulher de 40 anos. É humilhação demais. Tudo bem que Tom sabe que eu nunca soube brigar, mas eu quero ter dignidade, poxa.

— Não estou mentindo, Tom. – Dei uma tossida. Pois é, toda vez que eu quero disfarçar alguma coisa dou uma tossida. É automático. Será que Tom sabe disso?

— Você tossiu. Está mentindo. Quem foi? – Eu podia mentir de novo, né?
Falar que eu preciso tomar um xaropinho de morango, ou que aquela filha da puta me bateu tanto que meu pulmão quer pular para fora do meu corpo.

Tentei me ajeitar na cama, mas doeu. Soltei um gemido abafado.

— Mas que porra Thammy! – Ele disse nervoso. — Você gemeu. O que aconteceu com você? – Eu estava conseguindo tirar Tom do sério.

— Você vai insistir até a morte, né? – Bufei enquanto Tom pronunciava um ‘Uhum’

— Foi a mulher do Jörg. – Passei minhas mãos sobre as marcas de suas unhas que estavam em um dos meus braços.

— O que ela fez com você? – Ele estava ficando cada vez mais nervoso. — Fale Thammy! Quero ouvir você falando o que ela te fez – Ele gritou.
— Ela me bateu. – Sussurrei na esperança de Tom não ouvir e deixar para lá.
Mas não foi isso que aconteceu.

— Isso não vai ficar assim. – Ele disse e desligou o telefone.

Nildete pediu para eu não contar pro meu pai, mas será que isso servia para o Tom também?

O que o Tom vai fazer? Vai ligar para o Jörg e falar que a mulher dele me bateu?
Se ela ficar sabendo que eu contei para o Tom, pode me bater de novo.
Olha eu com medo de uma mulher tão velha que serviu vinho para Jesus na santa ceia.
Eu odeio não saber brigar. Quando eu voltar para casa vou fazer aulas de Karatê.
Tentei ligar para o Tom para pedir que ele não faça nada, mas ele não atendeu.
Eu não queria que ele me vingasse. Só queria que ele estivesse aqui para me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem.

Eu ia tentar ligar para Tom de novo, mas a minha barriga deu uma roncada monstruosa. Eu que não desceria iria para a cozinha correr o risco de dar de cara com a Nildete.
Cheguei com certa dificuldade á porta do quarto, eu iria pedir a Rita para me trazer um sanduiche ou algo assim.
— RITAAAAAAAAAAAAAAA! – Eu gritei. Se Nildete aparecesse era só dar uma portada na cara dela.
Não demorou muito até que a senhorinha veio correndo até mim. Ela tinha cara de medo, vai ver ela estava achando que eu iria brigar porque ela não me defendeu.
— Você pode me trazer algo para comer? Almoço, janta, sanduiche, qualquer coisa. – Ela apenas balançou a cabeça e desapareceu do meu campo de visão.
Encostei a porta do quarto e fui tomar um banho.
Ao acabar, coloquei uma roupa que cobrisse todo o meu corpo para não correr o risco do meu pai ver.
Nesse meio tempo, Rita já tinha me trazido um sanduiche, um copo de suco e algumas frutas. Comi tudo e me bateu um sono monstruoso.
Olhei para o relógio e eram 08h30min da noite. O sono estava mais forte do que a minha vontade de esperar ficar mais tarde, então me joguei na cama e apaguei.

~x~
Acordei com Rita gritando algo como ‘Você não pode entrar lá, não sei quem você é!’
Estranhei mas não fui lá ver. Lá embaixo tinham um monte de empregados, Rita ficaria bem.
Olhei no relógio, uma e meia da tarde. Como eu dormi. Se tivessem me dopado eu não dormiria tanto.
Sente o exagero.
Levantei da cama e parecia que meu corpo doía mais do que ontem.
Acendi as luzes e puxei a manga da minha blusa. As marcas das unhas dela ainda estavam no meu braço e tinham alguns lugares roxos, por que eu fui ser tão branca?
Me sentei na cama com as mãos na cabeça enquanto os gritos de Rita ficavam mais próximos.
Levantei a cabeça e encarei a porta, parecia que estavam vindo para o meu quarto.
E eu estava certa, por que a porta foi escancarada e a imagem de Tom apareceu.
Dormir demais dá alucinações? Eu acho que dá sim.
Tom veio de Leipzig para Berlim por minha causa?
— Tom? – Murmurei. Meus olhos já estavam marejados e os de Tom também.
— DONA THAMMY! – Rita entrou afobada no meu quarto.
Dona Thammy? Ela me faz sentir como uma velha.
— Me desculpa dona Thammy. Eu não consegui segurar esse menino aí e... – Ela parou de falar e ficou encarando eu e Tom — Puxa, vocês se parecem. – Continuou olhando assustada mas logo parou e voltou a expulsar Tom — Menino, eu vou chamar os seguranças. –
— Rita, Tom é o meu gêmeo. – Comecei a rir da sua cara de espanto.
— Irmão? – Sua boca formava um ‘O’ perfeito. — Por isso vocês são tão parecidos. – A ficha dela caíu. — Ai meu Deus, ele é filho do seu Jörg também? – Agora ela estava deseperada. — Me desculpe Seu Tom, eu não sabia, é que... – E ela disparou a se desculpar mas Tom a interrompeu.
— Tudo bem. – Ele olhou para Rita e sorriu fraco. E ela logo deu um jeito de ir embora deixando eu e Tom sozinhos.
— O que você está fazendo aqui? – Se eu tinha perdido um pouco a vontade de chorar com a confusão de Rita, com certeza essa vontade voltou em dobro agora.
— Você acha que eu deixaria você aqui com essa mulher sabendo que ela encostou em você? – Ele se aproximou e me abraçou.
De repente me senti completa. Um sorriso se abriu em meus lábios enquanto eu apertava mais Tom contra o meu corpo. Queria senti-lo. As lágrimas caíam molhando a blusa dele. Meu coração batia forte e rápido.
Tom veio, veio por mim.
— Eu senti tanto a sua falta. – Falei quando nos separamos.
— Eu também. Você nem sabe o quanto. – Passou os dedos sobre meu rosto e parou em cima de uma marca que Nildete tinha deixado. — Eu vou matar aquela desgraçada. – Fechou as mãos em punho. — Onde mais ela te machucou? – Tom estava muito nervoso, eu estava assustada.
— Tom por favor... – Supliquei.
— Mostre, Thammy! – Ele elevou o Tom de voz.
Devagar eu tirei a blusa de frio ficando só com uma blusa de manga curta por baixo, relevando os machucados e marcas que Nildete deixou.
Tom passou os dedos por todos eles e voltou seu olhar para os meus olhos.
— Ninguém. Nunca mais. Vai encostar um dedo em você. – Ele disse pausadamente com um tom meio psicótico.
Tom se virou rapidamente e saiu do quarto. Corri desesperada atrás dele. Ele estava alterado, não queria nem pensar no que ele faria se encontrasse a Nildete.

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 6


In my head there's only you now
This world falls on me
In this world there's real and make believe
This seems real to me
Let Me Go – 3 Doors Down

— Thammy, como você cresceu. – Meu pai me recebeu com um abraço apertado.
— Oi pai – Sorri fracamente. Eu pensava o tempo todo em Tom. Meu peito apertava.
Uma dor que não era minha, Tom estava sofrendo. Eu estava péssima.
— Vem, vou te apresentar a Nildete. – Me pegou pelo braço e me puxou para dentro da sua enorme casa. Era linda, com a decoração bem moderna. A casa dele dava umas 50 da casa em que eu morava com minha mãe e Tom em Leipzig.
— Amor, ela chegou. – Meu pai gritou olhando em direção à cozinha. Segundos depois pude ouvir barulho de salto alto e vejo a figura de uma mulher, com seus provavelmente, 39, 40 anos. Não sou boa com isso. Ela tinha um corte de cabelo mil vezes melhor que o meu. Ela também tinha uma tatuagem nas costas, escrito umas coisas que eu não fazia ideia do que eram.

Nildete

— Olá, querida. – Ela me deu um abraço e dois beijos na bochecha, igual aquelas mulherzinhas chiques de filmes. — É um prazer te conhecer. Espero que nos demos bem.
Eu apenas sorri enquanto a observada atentamente.
Não sei, ela tinha cara daquelas madrastas malvadas de filmes. Não gostei dela. Mas vai ver é só neura minha.
— Tenho certeza que se darão bem. – Meu pai disse. — Desculpa meu anjo, mais preciso voltar ao escritório, é rápido. — Avisou. — RITA! – Gritou me assustando. Então uma senhora apareceu.
— Sim senhor Kaulitz – Ela tinha a voz suave e transmitia paz.
Que profunda que eu fui.
— Mostre a Thammy o quarto dela. – Deu um beijo na minha bochecha. — Volto logo. – Apenas assenti com a cabeça, queria falar o menos possível. Eu não estava bem.
Nildete saiu da sala sem dizer mais nada e voltou para o buraco da onde ela tinha vindo me deixando sozinha com a senhorinha, acho que ela se chamava Rita.
— Venha comigo senhorita. – Ela subiu as escadas e a seguia devagar carregando duas das minhas quatro malas, as outras estavam lá embaixo, eu pegaria depois.
Ela parou em frente à primeira porta do corredor e a escancarou me dando a visão de um quartolindo e bem maior do que o da casa da minha mãe.

(Quarto da Thammy : http://www.ionline.com.br/wp-content/uploads/2011/10/como-decorar-quarto-feminino.jpg)

Mas eu ainda preferia o meu quartinho em Leipzig. Sabe aquela parada de ‘não há lugar como nosso lar?’ Acreditem, é verdade.
Agradeci a Rita e entrei no quarto deixando minhas malas no canto da parede. Logo apareceu outro empregado trazendo as malas que faltavam, agradeci e as coloquei junto com as outras sem me preocupar em guarda-las no closet.
Eu estava cansada pela viagem de Leipzig à Berlim, então tomei um banho e me joguei na cama.
~x~
Acordei com o toque do celular. Dei um pulo da minha cama e fui até minha bolsa que estava jogada junto com as malas, peguei o aparelho e atendi sem olhar no visor. Não importa quem fosse eu falaria com qualquer pessoa que me lembrasse de casa.
— Alô? – Falei empolgada quase num grito.
— Thammy, por que você saiu daquele jeito da festa criatura? Eu ouvi boatos que o Tom bateu no Bill. Verdade isso? – Alice gritava do outro lado da linha.
Ao tocar no assunto da briga, flashes vieram a minha mente. Bill com a boca sangrando, o olhar de fúria do Tom, ele dizendo que me ama...
— Verdade. Tom deu um soco na boca do Bill. – Respondi me sentando na cama.
— QUE ISSO! VOU AÍ À SUA CASA PRA VOCÊ ME CONTAR TUDO!
— NÃO! ESPERA! – Gritei antes que ela desligasse o telefone.
— O que foi? – Ele agora falava mais baixo.
— Eu não estou em casa. – Respondi com o tom de voz baixo.
Com toda a correria, não avisei a Alice que iria viajar. Ela com certeza vão ficar uma fera.
— Eu vou te encontrar, onde você está?
Respirei fundo antes de responder.
— Estou em Berlim. – Disse de uma vez só.
— VOCÊ ESTÁ ONDE? COMO VOCÊ VAI PARA BERLIM SEM ME AVISAR?! TÁ NA CASA DE QUEM? FAZENDO O QUE? QUERO RESPOSTAS THAMMY. RESPOSTAS!
Alice sabia muito bem como fazer um drama.
—Respira mulher! – Brinquei. — Estou na casa do meu pai. Decidi me afastar um pouco do Tom. – Suspirei triste.
— Ah. – Deu uma pausa. — Se você acha que isso foi o melhor para vocês. – Seu tom de voz era compreensivo.
— Não acho que foi o melhor, foi o necessário. – Uma lágrima já escorria do meu rosto.
— Quanto tempo vai ficar aí?
— Não sei, um ano, talvez. – E mais um suspiro triste foi solto por Alice.
— Vou sentir sua falta. – Sua voz era chorosa.
— Eu também. – Suspirei. — Mas pare com isso. Vamos nos falar todos os dias. – Disse tentando parecer um pouco mais animada.
— Claro! – Alice sim parecia animada. — Mas me diz. Como é sua madrasta? – Deu uma risadinha.
~x~

Hoje faz três meses que estou em Berlim com meu pai.
Falo todos os dias com Alice, minha mãe e meu gêmeo.
Tom me ligou pela primeira vez no segundo dia em que eu estava aqui. Pediu para que eu voltasse algumas vezes, mas depois desistiu. Não tocamos mais no assunto de beijo, nem de briga nem de amor além do fraternal. Conversávamos sobre assuntos aleatórios. Tom sempre me vazia rir. Eu sentia muita falta dele. Falta de vê-lo, de senti-lo, de tudo.
Meu pai estava sendo ótimo. Não trabalhava tanto quanto costuma para ficar comigo. Ele também deixou de sair com Nildete para me fazer companhia. Confesso que ela não gostou nada disso. Ela não fala comigo. Não troca uma palavra. Ela não falaria comigo nem para pedir ajuda se tivesse enfartando.
Meu pai queria me matricular em uma escola por aqui. Mas eu insisti tanto que ele me deixou ficar sem estudar enquanto passo esse tempo aqui.

Eu estava descendo as escadas mexendo no meu Ipod procurando alguma música que preste. Meu pai estava trabalhando e Nildete, perdida pela casa.
Eu não prestava atenção no caminho, aonde tinha chão eu tava andando, até que fui assustada por um barulho de vaso quebrando. Olhei arregalada e vi o vaso chinês que estava todo espatifado no chão.

Barulho de salto alto. Merda.

— Mas que barulho foi... – Ela parou de falar quando viu os pedacinhos do vaso chinês espatifado no chão. Olhou para mim, olhou para vaso, olhou pra mim...
Fodeu!
— MAS QUE MERDA É ESSA! VOCÊ QUEBROU MEU VASO CHINÊS THAMMY! – Pelo menos ela falou comigo, né? Não. — VOCÊ SABE QUANTO CUSTOU, SUA VADIA! –
Ela me chamou de que? Acho que estou com problema de audição, preciso de um Telex. Me chamou de vadia?
— Ei, olha lá como fala comigo. – Dei um passo para frente.
— Olhe você como fala comigo. Desde que você veio para cá foi um inferno. Meu marido não saí mais comigo e só fica com você. Também vive perguntando daquela desgraçada da sua mãe. – Ela se aproximou me olhando com ódio.
— DESGRAÇADA É VOCÊ! MINHA MÃE É MUITO MAIS MULHER DO QUE VOCÊ CONSEGUIRÁ SER UM DIA, SUA MÚMIA! – Puta merda, com tantos nomes ofensivos, eu fui chamar a mulher de Múmia?
Nildete não disse mais nada. Só se ouviu o barulho de tapa ecoando pela sala.
Ela tinha me batido.
E não parou só no tapa. Ela me puxou pelos cabelos me jogando no chão.
Porra, que mulher forte para a idade dela. E como eu nunca soube brigar não tinha como revidar.
Ela puxava meus cabelos, me dava tapas e até mesmo chutes. Eu sentia dor por todo o corpo, meu rosto estava encharcado de lágrimas.
— Dona Nildete, o que está acontecendo? – Rita chegou à sala olhando assustada para a cena.
— SAIA DAQUI RITA! E SE CONTAR PARA JÖRG O QUE VIU, ESTÁ NA RUA, ENTENDEU? – Ela gritou com Rita que balançou a cabeça saindo correndo da sala.
Nem para me ajudar. Velha raquítica.
Nem mesmo meu xingamento por pensamento me fez esquecera dor que consumia meu corpo todo. E olha que eu amava xingar por pensamento
— Agora você tome muito cuidado comigo. E se contar para o seu pai, já sabe. – Me lançou um olhar furioso e saiu da sala.
Me levantei com muita dificuldade e fui para o meu quarto. Deitei na cama para ver se aliviava minhas dores para eu conseguir tomar banho. De repente o celular que estava no meu bolso vibra.
Tom.
— Alô? – Disse tentando normalizar a voz e a respiração.
— Thammy. – Tom estava ofegante. — Eu senti, eu senti. – Deu uma pausa e eu só ouvia sua respiração desregulada. — O que fizeram com você?
Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 5


Ela foi embora.
Não conseguia dizer o por que ela estava indo.
Um dia não passa
Para aqueles que ela deixara para trás
Eles sempre estão perguntando "por quê?"
E os pensamentos consumiam sua mente
Diga pra ela que nós a amamos
Diga pra ela que ela é querida
Diga pra ela por favor, voltar para casa

BarlowGirl She Walked Away


Tom dirigiu feito louco sem dizer uma palavra enquanto eu gritava desesperadamente para descer do carro.
Ele estacionou em frente a nossa casa e me puxou pelo braço, do mesmo jeito que fez na festa. Abriu a porta e me jogou com certa violência no sofá ficando parado de pé na minha frente.

— QUE PORRA VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – Eu gritei o olhando fixamente. As lágrimas desciam rápidas, meu pescoço estava todo molhado por elas. —ME DIZ! – Gritei ao ver que ele não se manifestava só me olhava fixamente com a respiração desregulada.
— Por que você o beijou? – Tom disse devagar e calmo. Isso realmente me assustou.
— ISSO NÃO É DA SUA CONTA, SEU IDIOTA! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA BATER NO BILL E ME TRAZER A FORÇA PARA CASA? – Me levantei ficando parada a sua frente olhando no fundo dos seus olhos.
— VOCÊ ESTÁ DEFENDENDO ELE? – Agora ele gritava descontrolado. — DEFENDENDO AQUELE VIADINHO? – Andava de um lado para o outro sem tirar os olhos de mim.
— NÃO FALE ASSIM DO BILL! VOCÊ SABE QUE EU GOSTO DELE. – Eu estava ficando rouca mas não diminuía o tom de voz.
Tom deu um passo furioso para frente, me assustei e dei um passo para trás caindo no sofá de novo.
— VOCÊ NÃO GOSTA DELE. VOCÊ ME AMA, SABE DISSO.
— PRESTE ATENÇÃO NO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO, TOM. INCESTO É CRIME, VAMOS SER PRESOS. – Minha voz agora saía bem mais baixa mesmo comigo tentando gritar.
— Thammy. – Disse calmo novamente. — Eu amo você. – Limpou uma lágrima minha. — O resto não importa. – Fechou os olhos. — Fica comigo. – Pediu em um sussurro.
Meu corpo todo estremeceu com seu pedido. Não vou dizer que não me senti tentada a aceitar. Todo o meu ser pedia para que eu gritasse Tom e o agarra-se ali mesmo sem me importar se minha mãe estava em casa ou não.
E estava aí o problema, minha mãe. Ela nunca aceitaria um romance meu com Tom e acho que até meu pai — que eu não vejo desde que se casou novamente — não aceitaria e com certeza nos separaria e provavelmente me levaria já que Tom guardava magoa dele.
Jörg, nosso pai, foi embora quando éramos muito pequenos e não se importou de nos ligar muito menos visitar. Mas nas raras vezes que fazia isso era educado e amoroso comigo. Tom se recusava a atender seus telefonemas, ou vê-lo quando nos visitava.
— Tom. – Sussurrei. — Onde está a mãe? – Eu realmente estava preocupada. Ela poderia estar em casa e ver Tom com um joelho apoiado no sofá, o dedão no meu rosto, quase me beijando, não seria legal.
— Saiu com o namorado. – Ele sussurrou também.
Minha mãe namorava o Gordon a mais ou menos 2 meses e nunca trouxe ele aqui em casa para conhecermos. Acho que é por conta do Tom ser super ciumento com ela também e agir como se nossa mãe fosse adolescente que foi apresentar o namorado para o pai casca dura.
— Me deixa sair, por favor. – Eu tentava pensar em coisas completamente sem sentido para não me entregar ao Tom. Tipo, uma bezerra com um aneurisma cerebral, uma vaca marrom que dava Nescau ou o comercial das bonequinhas com cheirinho de fruta que sempre passam na TV.
— Não. – Ele respondeu rapidamente.
Eu tirei força não sei da onde e empurrei Tom, subindo as escadas em disparada e indo para o meu quarto. Tranquei a porta e sentei na cama.
Eu estava fugindo de Tom, fugindo do que eu sentia por ele. É, percebi que Tom tem razão, eu o amo um amor mais que fraternal .
Mas eu não me entregaria a esse amor. Não jogaria toda a família Kaulitz contra mim e Tom, e o mais importante, não seria presa.
E eu já sabia o que faria para não cair em tentação.
~x~
— Tem certeza de que quer fazer isso? – Minha mãe perguntou enquanto passava as mãos pelos meus cabelos.
— Sim, mãe. Não vai ser por muito tempo. – Sorri
— Ai meu amor, vou sentir tantas saudades. – Me abraçou apertando forte.
— Eu vou ligar sempre mãe, e não vou morar lá, vai que a minha madrasta não é legal? – Dei um beijo na sua bochecha. — O táxi já está me esperando, assim que chegar lá te ligo, amo você. – A abracei de novo e senti algumas lágrimas escorrerem. Mas não tinha motivo para choro, afinal, seria por no máximo um ano, eu não moraria lá.
Minha mãe me levou até a porta do táxi e me abraçou, esse era o abraço de despedida, pelo menos por enquanto.
— Tchau bebê, amo você. – Me deu um beijo na bochecha e limpou as lágrimas que escorriam uma atrás da outra.
Entrei no carro e vi a figura da minha mãe, acenando e se afastando cada vez mais, limpei uma lágrima solitária que escorreu e voltei meu olhar para frente.
Eu estava indo para a casa do meu pai, passar uns tempos. Não podia ficar na mesma casa que Tom. Mas eu sentiria muita falta dele, nunca nos separamos desde que nascemos, seria doloroso. Tom com certeza não aceitaria, me impediria de ir, então minha mãe pediu para ele ir no mercado comprar uma coisa sem sentido para eu poder ir.
A desculpa que dei a minha mãe para poder ir ficar uns tempos na casa de Jörg? Que estava com saudades dele, não deixa de ser verdade. Pela sua voz no telefone, acredito que ele ficou feliz com a minha ida para lá. Ele disse também que eu adoraria Nildete, a esposa dele.
O celular toca me despertando dos pensamentos. Podia ser minha mãe querendo ouvir minha voz dizendo que já estava com saudades.
Olhei no visor e estremeci. Era Tom. Pensei em não atender, mas não faria isso com ele. Agora já estou perto do aeroporto, não teria como ele me impedir, acho.
— Alô? – Disse com a voz falha pelo choro que já queria chegar.
— THAMMY, ONDE VOCÊ ESTÁ? – Sua voz era fraca. Meu peito doía, Tom estava chorando. — VOLTE JÁ PARA CASA! QUE IDÉIA É ESSA DE IR PARA A CASA DAQUELE HOMEM? – Ele soluçou.
— Me desculpe, Tom. Não vai ser por muito tempo, prometo. – Fechei os olhos enquanto meu peito apertava mais.
Odiava saber que Tom estava chorando, isso doía. Mais o pior era saber, que o motivo de suas lágrimas, era eu.
— NÃO THAMMY! NÃO! NÃO! NÃO! – Ele atropelava um pouco as palavras e estava ofegante. — Volta para mim, Thammy. Por favor, não vá. Eu amo você. – Ele sussurrou a última parte.
— Desculpe, Tom. Você pode ligar sempre que sentir saudades, tá bem? Eu vou sempre te atender. Amo muito você. Tchau – Desliguei o telefone.
Não aguentaria ouvi-lo pedindo para ficar mais uma vez. Se ele pedisse, eu com certeza desceria desse carro em movimento e correria até ele, o abraçaria o mais forte que pudesse e diria que o amava e que era dele. Somente dele, para sempre.
Mas eu não podia, não era certo. Esse tempo vai fazer bem para ele e para mim também.
Eu fui embora.

"Ela bateu a porta sem dar tchau e sabia que já era hora."

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 4


I'm gonna tell you what I think about you
In that unforgivable way I do
You're an idiot
And I hate your guts
Idiot – Lisa Marie Presley

– Me leva para a casa, Tommy? – Aquela puta da Chantelle falou com aquela voz de diarreia que ela tem.
– Não vai dar, Chantelle. Eu vou com a Thammy. – Me apontou. Eu estava ao lado de Alice assistindo toda a cena de melação ridícula da Chantelle.
Eu sentia que a qualquer momento iria chorar e nem sabia o por que, mas não deixaria Tom me ver chorando.
– Pode deixar, Tom. Vou de carro com a Alice. – Olhei para ela que apenas assentiu com a cabeça.
– Mas... – Tom tentou protestar mas foi interrompido por Chantelle que começou a gritar puxando Tom pelo braço.
Fui em direção ao carro de Alice. As lágrimas escorriam grossas e dolorosas.
Sentei no banco do passageiro e coloquei o sinto. Tentava inutilmente limpar as lágrimas para que Alice não visse. Mas quanto mais limpava mais escorriam.
– Ei! Por que está chorando? – Alice bateu a porta do carro e colocou a mão em meu ombro.
– Eu... Eu não sei. – Minha voz falhava pelo choro. – Droga! Eu não sei, Alice! Só dói. – A abracei. Ela passava as mãos pelos meus cabelos pretos e me consolava.
Depois de me acalmar, Alice me levou para a casa.
– Está tudo bem? – Estacionou o carro em frente a minha casa.
– Tá sim. – Sorri. – Tem espelho aí?
– Aham. – Pegou sua bolsa no banco de trás e tirou um espelho de lá.
Olhei meu rosto. Meus olhos estavam vermelhos e inchados.
– Droga. – Exclamei. – Tom vai perguntar por que eu chorei. – Bufei e devolvi o espelho.
– Vai ter que inventar algo muito bom. – Riu. – Vem se arrumar lá em casa amanhã?
– Sim. Vem me buscar. Tchau – Saí do carro e respirei fundo.
Teria que inventar algo muito bom para Tom. Ou talvez eu nem o visse e poderia tomar um banho e lavar o rosto.
Entrei em casa e subi direto para o meu quarto. Mas encontro Tom sentado na minha cama.
– Por que você estava chorando? – Me encarou.
– E-eu. – Gaguejei. Merda. Ele vai perceber. Dei uma tossida para disfarçar. – Eu estava com dor. – Disse rapidamente.
Eu sei, minto muito mal.
– Mentira. – Ele disse simplesmente.
– Não viaja, menino. Tava com cólica. – Joguei minha mochila num canto do quarto e fui até o guarda roupa.
– Você estava com ciúmes da Chantelle. Por isso chorou. – Seu hálito quente estava no meu pescoço.
Arrepiei até os cabelo do olho.
– Vo-você não sabe de nada. – Que merda é essa de gaguejar Thammy, tem que ir numa fono.
Tom me virou de frente para ele e encostou minhas costas no guarda roupas colocando uma mão em cada lado me prendendo naquela posição.
– Aí é que você se engana. Eu sei de tudo. – Foi chegando mais perto até eu sentir seu hálito na minha cara. – Eu sei o que você sentiu quando eu beijei a Chantelle. – Ele olhava dentro dos meus olhos. – Eu sentir a sua dor. – Encostou sua testa na minha. – Eu senti as suas lágrimas. –
Minha respiração falhava e meu coração batia tão rápido que chegava a doer.
– O fato é que. – Fez uma pausa. – Você me ama... – Pausa dramática de novo. – Como eu te amo. – Sussurrou.
Quando ele terminou a frase, eu já não tinha mais forças para ficar em pé. Eu já não conseguia respirar. Várias correntes elétricas passavam pelo meu corpo.
Tom então encostou seus lábios levemente nos meus iniciando um selinho. Mas logo sua língua já pedia passagem que logo eu concedi. Ele segurou minhas costas e me apertou contra seu corpo. Se eu tinha algum fio de sanidade, arrebentou.
Eu o beijava ferozmente puxando suas tranças.
Sabe a clichê história das borboletas no estômago? Pois é, ela existe mesmo.
Acho que as borboletas estavam num cobate UFC dentro de mim.
Mas eu estava beijando Tom. Meu irmão gêmeo. Isso não era certo além de ser crime.
Me afastei bruscamente de Tom e o empurrei.
– Isso é... – Eu estava ofegante. – É errado, Tom. É crime! – Eu o olhava indignada.
– Eu não me importo. – Ele chegou mais perto mas eu estiquei minha mão o impedindo de se aproximar.
– Por favor. – Supliquei em um sussurro com os olhos fechados. – Vá embora.
Eu continuei de olhos fechados até que ouvi a porta do meu quarto ser fechada. Respirei fundo e voltei a chorar. As lagrimas agora desciam com mais violência do que antes.
Não que eu não tivesse gostado do beijo. Eu gostei. E esse era o problema.
Incesto era crime. Se ficassem sabendo Tom e eu, poderíamos ser presos.
Liguei para Alice e perguntei se podia dormir na sua casa hoje, ela disse que tudo bem já que os pais dela estavam viajando em negócio.
Tomei um banho e coloquei a roupa da festa de amanhã na mochila e saí de casa. Depois ligaria para a minha mãe pra avisar que estava na casa de Alice.

~x~
– Agora me conta o que aconteceu. – Alice falou assim que chegamos em seu quarto. Me sentei na cama e respirei fundo.
– O Tom. – Eu estava criando coragem para falar.
– O Tom...? – Me incentivou a continuar.
– Ele me beijou. – Disse baixinho voltando a chorar.
– ELE O QUE? – Alice se levantou. – THAMMY, ISSO É CRIME! – Ela passava as mãos pelos cabelos em sinal de nervoso.
– Eu sei. Por favor, você precisa me prometer que não vai contar para ninguém. Promete? – Limpei as lágrimas.
– Mas é claro. – Se sentou ao meu lado. – Você gostou?
– Sim. – Abaixei a cabeça. – Ele disse que me ama, Alice. – Sussurrei.
– Ai, que lindo! – Alice fez uma carinha fofa. Rimos
– Você não se importa? – Olhei em seus olhos
– Por que me importaria? – Me encarou confusa.
– Você não gosta do Tom? – Agora quem estava confusa era eu.
– Não. É só desejo. – Fez cara de tarada.
Não aguentei e caí na gargalhada
Alice era a única pessoa que me colocava pra cima e me fazia esquecer todos os problemas.
Rapidamente Alice mudou de assunto e começou a falar da festa da Chantelle. Ela estava tão animada.
Eu ouvia Alice falar sobre a roupa que ela usaria até que o toque do meu celular a interrompeu.
Olhei no visor do celular, Tom.
– Vai atender?
– Aham. Vou pedir para ele avisar minha mãe que eu estou aqui.

– Alô? – Falei receosa.
– Onde você está, Thammy? – Ele parecia nervoso.
– Na casa da Alice, pode avisar a mãe que eu estou aqui? – Eu queria desligar logo. Estava com medo dele toca no assunto do beijo.
– Você quer fugir de mim. Chorou de novo, não foi? – Já falei que essa conexão de gêmeos é uma bosta?
– Avisa a ela por favor, até amanhã na festa. Tchau. – Desliguei rapidamente e me joguei na cama da Alice.
– Olha a folga. – Me deu um tapinha.
Passamos o resto do dia fofocando e vendo filmes, depois já estávamos exaustas e caímos na cama.

~x~

– Anda Aliceeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! – Eu gritava desesperadamente do segundo andar para que Alice descesse logo para irmos a festa.
– To aqui, calma. – Alice desceu as escadas. Ela estava com uma calça jeans uma blusa brilhante e sapatos da mesma cor.

Roupa da Alice

– Tá linda. – A elogiei. Alice deu uma voltinha rindo.
– Você está mais. – Pegou minha mão e me fez dar uma volta. Ela deu até assoviou.

(Roupa da Thammy : http://blog.pinkbiju.com.br/wp-content/uploads/2010/08/LookBalada11.jpg)

– Vamos passar em frente a uma obra antes de ir? Sabe, pros pedreiros levantarem nossa auto estima – Brinquei enquanto entravamos no carro em direção a festa.

~x ~
O som era ensurdecedor e tinha muita gente, acho que não tinha oxigênio suficiente dentro daquela casa para todo mundo.
Alice me puxou para dentro. Tinha várias pessoas dançando. Pisaram no meu pé umas 10 vezes.
– Thammy! – Tom me gritou fazendo Alice me soltar.Ele chegou mais perto até parar na minha frente. – Você está linda. – Segurou minha mão e me fez dar uma voltinha igual Alice fez comigo. Só que com Tom eu corei violentamente.
– TOOOOOOOM! – Chantelle apareceu gritando.Puta que pariu, mas essa menina só sabia gritar? – Vem amor, vamos dançar. – Puxou Tom o levando com ela. Respirei fundo e soltei o ar pela boca decepcionada. Por que ela não vai arrumar um homem pra ela? Droga.
– Vou pegar bebida. – Alice desapareceu no mar de gente.
Agora sou só eu e eu. Resolvi ir para o quintal, lá estava mais vazio. Sentei numa cadeira de sol em frente a piscina e fiquei olhando o céu e involuntariamente, lembrando do beijo de Tom. As reações que seu corpo causava ao meu.
– Thammy. – Assustei quando ouvi me chamarem. Olhei na direção da voz e vi Bill. Ele estava lindo. (Imagine ele como quiser já que eu não achei uma foto descente pra por k.)
– Oi, Bill. – Respondi timidamente.
– Posso me sentar? – Sorriu.
– Claro. – Me ajeitei na cadeira já que eu estava parecendo um homem jogado no sofá.
Ficamos um tempo em silêncio e eu odiava isso, mas faltava assunto.
– Então, está gostando a festa? – Bill tentou puxar assunto.
– Até que tá legal, o problema é a dona dela. – Fiz uma cara de nojo. – Vim mais por causa da Alice. Mas como pagamento ela me largou aqui. – Bufei.
– Quando eu a vi, ela estava aos beijos com o amigo do seu irmão, Georg. – Bill deu uma risada.
– Ah, safada! Me larga pra ficar com homem. – Cruzei os braços na frente do peito.
Bill gargalhou.
E ficamos em silêncio de novo. Mas dessa vez eu o quebraria.
– Eu. – Respirei fundo. – Eu fico nervosa perto de você. – Confessei.
Bill então se aproximou mais.
– Mas não precisa. – Chegou mais perto. – Eu gosto de você. – Colocou a mão no meu rosto de me beijou.
Não senti as mesmas sensações que senti com o beijo do Tom.
Qual é, Thammy?! Você sempre quis beijar o Bill e agora que conseguiu vai ficar pensando no Tom? Acorda garota!
Resolvi me aproveitar da situação e coloquei as mãos na nuca do Bill o trazendo para mais perto.
– THAMMY! – Ouvi a voz do Tom. Me separei bruscamente do Bill enquanto via Tom se aproximando rapidamente com um olhar de fúria.
Ele pegou Bill pela blusa e lhe deu um soco. Bill cambaleou para trás com a mão na boca que sangrava. Ele quis avançar em Tom mais eu entrei no meio dos dois. Meu coração batia a mil por hora.
Gustav apareceu e tirou Bill dali.
– MAS QUE PERDA VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO. – Gritei com Tom dando tapas no seu peito. Mas ele parecia nem sentir. – VOCÊ É LOUCO?! – Eu gritava tanto que quem parecia louca era eu.
As lágrimas já molhavam meu rosto de novo.
Tom me pegou pelo braço com certa violência e me puxou para a saída.
– ME SOLTA! – Gritei.
– NÃO! VAMOS CONVERSAR. – Tom me puxou até o carro da nossa mãe que ele tinha trazido. Me jogou no banco do carona e se sentou no do motorista.
Seus olhos transpassavam raiva. Eu estava com muito medo.

O que Tom faria comigo?

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 3


It's hard to say what it is I see in you,
wonder if I'll always be with you.
Words can’t say , I can't do,
enough to prove, it's all for you.
All For You – Sister Hazel


Acordei faminta por volta das 8 horas da noite. Tom já não estava mais no meu quarto, devia ter ido para o dele.
Desci para a cozinha ver se tinha algo pra comer. Abri a geladeira mas não achei nada que me agradasse.
— Tá com fome é? – Tom chegou apareceu na cozinha.
Você vê uma pessoa abrindo a geladeira e pergunta se ela está com fome. Isso é uma pergunta estúpida que só o Tom poderia fazer. Mas eu não ia dar uma resposta mal educada, talvez ele cozinhasse pra mim.
— Muitaaaaaa. – Disse com a voz arrastada e manhosa fechando a geladeira.

Quem sabe se eu fizesse manha ele cozinhasse para mim.

— Quer que eu faça uma macarronada?

Isso. Com manha se consegue tudo.

— Siiiiiiim! – Dei pulinhos até chegar na sua frente e depositei um beijo em sua bochecha.
Sentei no balcão da cozinha e fiquei observando fazer a macarronada.
~x~
— Delícia. – Disse assim que terminei de comer.
— Claro que está deliciosa, fui eu quem fiz. – Se gabou.
— Menos ,Tom. – Ri colocando o prato na pia. — Obrigada por me alimentar. – Rimos.
Eu amava quando Tom cozinhava para mim. Afinal de contas, era de certa forma, uma demonstração de carinho.

— Olá, crianças. – Minha mãe chegou nos cumprimentando.
— Oi, mãe. – Dissemos em uníssono.
— Adoro quando vocês falam juntos. – Abriu um largo sorriso.
— Eu também gosto. – Falei dando um beijo na sua bochecha. —Vou dormir. Boa noite.

Fui para o meu quarto e me joguei na cama. Mesmo dormindo a tarde toda ainda estava com sono.
~x~

O despertador tirou do meu sono gostoso de novo.
Eu odeio a escola.
Não podíamos já nascer sabendo?

Hoje resolvi acordar o Tom antes de me arrumar.
Entrei no lixão dele e a única coisa que estava arrumada era a cama. Olhei até no meio das montanhas de roupas jogadas no chão, quem sabe ele foi engolido por elas.
Chutei as roupas mas nada de Tom. Olhei no banheiro e nada também.
Procurei no andar debaixo. Nada. Eu estava sozinha em casa já que hoje minha mãe ia mais cedo pro trabalho.
Aonde é que Tom se enfiou? Vai ver ele levou a sério mesmo aquela história de acordar mais cedo e já tá lá na escola. Pena que o tiozinho não abre o portão agora.
Já que Tom não estava fui me arrumar.
Tomei um banho e vesti uma roupa bem simples. A escola é um inferno, não tem porque caprichar.
Peguei minha mochila, uma maçã e meu IPod e fui para a escola.

~x~

— Você viu o Tom por aí? – Perguntei para Alice assim que cheguei na escola.
— Não vi não. Você não vem sempre com ele? – Fez uma expressão confusa.
— É. Mas eu acordei hoje de manhã e ele não estava em casa. Estou começando a ficar preocupada.
— Não fique. Tom já é bem grandinho. Deve estar com alguma garota por aí. – Fez uma expressão triste. — Mas você ficou sabendo da festa que a Chantelle vai dar amanhã? – Na mesma hora sua expressão triste sumiu. Alice adorava festas, pra ela não tinha tristeza que vencia uma boa balada.
— Não. E nem me importo, não faço questão de ser convidada mesmo. – Rimos e fomos para a sala.
~x~

Estavamos comendo na hora do intervalo quando Chantelle, a menina mais metida da escola e a loira aguada que Tom estava agarrando ontem chega na nossa mesa.

— Kaulitz, quero que vá na minha festa amanhã. – Fez aquela cara de nojenta.
— Não quero. Obrigada. – Respondi seca e voltei a comer.
Alice estava com uma expressão perfeita de 'O' enquanto a Chantelle estava com cara de preocupação.
— Olha Kaulitz, seu irmão disse que só iria se você fosse. Então, faça o favor de ir. Quero Tom na minha festa. – Bateu no pé no chão. Era rídiculo uma menina de 17 anos fazendo pirraça.

Eu na festa da Chantelle. Já estava estranhando já que ela me odiava. Só podia ser coisa do Tom.
Aline estava doida para ir nessa festa, então, resolvi fazer a alegria da minha amiga. E quem sabe Bill não estaria lá? Agora o negócio melhorou.
— Só vou, se a Alice puder ir junto. – Ergui uma sombrancelha.
— Sem chance. Aguentar você e essa aberração aí? Não! – Ela praticamente gritou.
Dei uma risada longa. Ela com certeza deixaria. Chantelle arrastava um caminhão pelo Tom.
— Sem Alice, sem Thammy. Sem Thammy, sem Tom. Vamos Alice. – Me levantei e quando me virei Chantelle me gritou o que me fez dar um sorriso vitorioso.
— Você venceu, Kaulitz. – Deu uma rosnadinha e saiu com suas capangas pisando duro.
Eu e Alice rimos da sua saída infantilizada.

— Ai meu Deus! Vamos na festa da Chantelle! – Alice começou a pular. — Obrigada, Thammy! – Me abraçou e pulou abraçada a mim.
— Olha o mico, Alice. – Ela me soltou rindo mas não parou de pular. E com Alice pulando do meu lado voltamos para a sala.

~x~
No final da aula, eu e Alice estavamos no portão enquanto eu procurava meu Ipod na mochila quando ela praticamente grita.

— Ai meu Deus! Thammy! – Me cutucou e apontou para a frente.

Quando olhei na direção que ela apontou, quase caí pra trás. Tom estava parado sorrindo para mim. Mas uma coisa estava diferente.
Ele não tinha mais os dreads!
Deus ouviu minhas preces. Ele tirou aqueles dreads fedidos, oh Glória!
Seu cabelo agora estava cheio de trancinhas. Lindo!

— Tom... Seu cabelo. – Cheguei mais perto e peguei uma trancinha. Minha boca estava aberta.
— Você gostou? – Ele parecia ansioso para a minha resposta.
— Sim. Nossa, tá lindo. – Eu ainda segurava uma trancinha.

O Sorriso do Tom se abriu, como se minha aprovação fosse tudo o que ele esperava.
— TOM! – Chantelle chegou e me deu um empurrão. Cambaleei para trás.
— Vadia. – Murmurei depois de me equilibrar.
— Ei, cuidado com a Thammy aí. – Tom a repreendeu e ameaçou vir para o meu lado, mas ela não deixou se enfiando na frente dele.
— EU A-M-E-I SEU CABELO! OLHA SÓ. – Passou a mão por todos os lados do cabelo de Tom. — TÁ PERFEITO.

Eu só assistia de longe junto com Alice. O Tom fazia umas caras de tédio muito engraçadas.
— VOCÊ VAI NA MINHA FESTA, NÃO VAI? EU JÁ CHAMEI A SUA IRMÃ E ELA DISSE QUE IA. –Ela disparava a falar e falava alto.

— Tudo bem, Chantelle. Nos vemos depois. – Tom tentou sair, mas ela não deixou, de novo.
— Não vai me dar nem um beijinho? – Fez biquinho.

Menina rídicula.

Tom então a beijou.

Uma corrente de raiva misturada com tristeza passou por todo o meu corpo. Seria ciúmes? Poxa, coisa normal. Ele é meu irmão normal senti ciúmes.
Mas sensação de tristeza estava mais forte, tão forte que a raiva já não era sentida mais.
Tom derepente interrompeu o beijo com a Chantelle e me olhou.
As vezes, sentíamos a mesma coisa que o outro.
Provavelmente Tom sentiu minha tristeza.
Meus olhos estavam marejados.

Por que eu estava assim? Não parecia ciúmes de irmã, e sim de... Não! Esquece. Ele é meu irmão. Eu jamais sentiria outro tipo de amor além do fraternal por ele... Não é?

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 2


Something's gotta change
And mend this porcelain heart
Please mend this porcelain heart
Of mine
BarlowGirl – Porcelain Heart

Coloquei meus fones de ouvido e fui viajando nas minhas músicas até Alice me chacoalhar.
— Hora do intervalo. – Alice avisou sorrindo.
Credo. Passou tão rápido igual efeito de droga.
Que comparação Thammy, credo.
Fomos para o refeitório pegamos nossa bandeja e sentamos.
Eu estava distraída mexendo na comida quando Alice me dá um cutucão, levantei o olhar e vi Bill e o amigo dele, Gustav, nos encarando e sorrindo com a bandeja na mão. Acho que agora eu realmente estava babando.
— Oi... Será que podíamos sentar com vocês? – O som da voz do Bill era doce e calmo, hipnotizante.
— Claro. – Alice respondeu já que eu não tive condições nem de falar já que estava secando Bill.
Ele sentou na minha frente e Gustav na frente da Alice. Aí eu comecei a puxar assunto com o Bill pedindo para ele me dar umas dicas de moda e beleza.
Mentira.
Eu ainda estava secando o pobre garoto.
— Tudo bem, Thammy? – Bill perguntou.
Só assim que eu acordei e parei de encará-lo. Que vergonha. Ele deve estar achando que eu estava imaginando ele sem roupa na minha cama. Não que eu estivesse, esquece.
— Tá... tá sim. – Respondi constrangida.
Alice minha salvadora, começou a puxar assunto com eles e a conversa começou a fluir.
Bill era muito divertido. Gustav era mais reservado mas também parecia legal.
Eu estava encarando Bill, agora disfarçadamente, quando alguém puxa a cadeira e se senta ao lado do Bill.
Adivinha quem era?
Tom — filhodamãe — Kaulitz.
Eu não ia xingar a minha mãe né, coitada.
Olhei para ele com cara de ‘’que porra é essa que você pensa que está fazendo? ‘’
Nós tínhamos uma conexão muito forte mesmo brigando muito. Então eu tinha certeza que ele tinha entendido meu olhar, mas simplesmente ignorou.
— Então, sobre o que estavam falando? – Ele perguntou encarando seriamente Bill que estranhou, mas voltou a conversar normalmente.
Nesse instante, eu estava com vontade de estrangula-lo com seus próprios dreads fedidos. Furar seus olhos com um garfo, ou afoga-lo com o suco. Qualquer coisa na minha frente nesse momento se tornaria uma arma.
Antes de cometer o assassinato, resolvi sair da mesma. Me levantei sem olhar para a cara de ninguém.
Fui para o pátio e me sentei num banco mais afastado.
— Você ficou com raiva do Tom, não é? – Alice perguntou se sentando do meu lado.
— É! Ele só fez isso porque sabe que eu tenho uma queda pelo Bill. – Bufei
— Não fique assim. Tom só se preocupa com você, por isso faz isso. Eu queria que ele fizesse isso comigo. – Suspirou apaixonadamente.
Como a Alice podia gostar do Tom? Ele era um galinha não respeitava ninguém e tinha dreads nojentos.
— Alice, você precisa esquecer o Tom. Ele não gosta de compromisso, não quer nada sério. Tom não ama ninguém. – Alertei-a.
Se apaixonar pelo Tom era sofrimento na certa.
— Eu amo você. – Tom disse chegando por trás e me assustando.
— Não é legal escutar a conversa dos outros, sabia? – Disse me levantando e ficando de frente para ele.
— E não é legal falar do irmão pelas costas, sabia? – Ergueu uma sombrancelha.
— Você sabe muito bem o que eu penso sobre você ficar com uma garota por dia e não dar valor a quem realmente gosta de você. – O encarei séria por alguns minutos. Tom ficou em silêncio. Revirei os olhos e dei as costas voltando para a sala.
~x~
O restante das aulas passaram mais rápido ainda. Despedi da Alice e fui à procura de Tom.
Pois é, minha raiva dele já tinha passado. Eu não conseguia ficar muito tempo zangada com ele. Só se for por um motivo muito sério. Tipo, ele comer meus doces. Ai a porra fica séria.
Procurei Tom com o olhar no meio dos alunos mas nada de ver dreads fedidos.
A cabeça mais conhecida que vi, foi a cheia de cabelos mais arrumados que os meus do Georg, melhor amigo do Tom.
Fui ao seu encontro para perguntar sobre meu gêmeo.
— Georg, você viu o Tom? – Parei na sua frente.
— Vi mas... – Coçou a cabeça. — Ele tá meio ocupado, sabe? – Sei. Mulher.
— Onde? – Perguntei séria.
Georg apontou para um beco no canto do pátio. Agradeci e fui de fininho.
Vi Tom agarrado com uma loira aguada. Digamos que Tom tem uma mão bem boba.
Não aguentei e sai de perto sem ser percebida e caindo na gargalhada logo depois.
Tom tava quase engolindo a menina e apalpava também.
Ainda rindo saí da escola e fui caminhando para casa na companhia dos meus fones de ouvido. Tom não poderia reclamar, já que a culpa de eu estar indo embora sozinha é somente dele.
~x~
Estava deitada na minha cama com meus fones de ouvido depois chegar da escola e tomar um banho.
Meus olhos estavam fechados enquanto minha boca e minha cabeça se mexiam acompanhando a música.
Senti um peso a mais no colchão e abri os olhos me deparando com minha versão masculina me encarando. Cheguei mais para trás para que Tom pudesse se ajeitar melhor na cama e assim ele fez. Chegou mais perto e me envolveu em um abraço. Coloquei meu rosto na curva do seu pescoço sentindo seu perfume enquanto ele colocava as mãos nas minhas costas me trazendo para mais perto dele.
Estranhei sua atitude já que Tom não era carinhoso comigo. Mas isso não significa que eu não tenha gostado.
— Não me esperou. – Respirou fundo.
— Eu não ia esperar você tirar o atraso com a loira aguada. Sinto muito. – Dei uma risadinha.
— Você viu? – Seu tom de voz era surpreso.
— Pois é maninho. Você tem pegada viu. – Gargalhei sendo acompanhada por ele.
— Eu sei. Sou o cara. – Se gabou.
Rimos de novo enquanto eu mexia em um dread seu.
— Como você gosta disso? – Levantei um dread que estava na minha mão. — É horrível. – Completei.
— Sério? – Segurou um dread o observando. — Achei que gostasse. – Me olhou.
— Eu não. – Fiz cara de nojo. — Mas é seu cabelo, você faz o que quiser.
O abracei de novo e fechei os olhos com a cabeça encostada em seu peito sentindo sua respiração. Fechei os olhos e fui me entregando ao sono que chegava.

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana - Capítulo 1


— Despertador maldito! – Grito depois de dar um tapa naquele treco que estava fazendo um escândalo avisando que era hora de ir para a escola. Levantei na maior preguiça já sentida por um ser humano até hoje e fui para o banheiro. Enfiei a cara debaixo do chuveiro na tentativa de acordar. Vesti minha roupa e desci para tomar café.
— E aí mãe. – Disse pegando um pedaço de bolo.

Eu amo o bolo de chocolate da minha mãe

— Isso é jeito de dar bom dia, Thammy? – Cruzou os braços sobre o peito.
— Bom dia mãe. – Falei com a boca cheia.
— Não fale de boca cheia, menina. Onde está seu irmão? –
— Sei lá, deve 'tá dormindo. – Dei ombros.
— Vá acorda-lo, vocês tem aula. –
— Me deixa comer mãe, o Tom acorda sozinho. –
Eu sabia que ele não acordava sozinho, mas eu não diria isso, já que queria ficar aqui numa boa saboreando meu bolo.
— Você sabe que ele não acorda. Vá chamá-lo. –

Bufei. Era sempre assim, Tom nunca acordava com o despertador, no máximo dava tapas involuntários nele e dormia denovo.
Subi as escadas indo pro quarto do meu gêmeo vagabundo.
Eu chamei isso de quarto? Tá mais pra chiqueiro. Roupas jogadas pelo chão, restos de comidas e pacotes de camisinhas. Sim, camisinhas. Tom era o típico 'comedor'.
Ele dormia só com uma calça de malha larga. Estava todo jogado de bruços na cama com a boca aberta.
Abri as cortinas tendo uma melhor visão do chiqueiro que o Tom chama de quarto.
— Acorda seu vadio. – Dei um tapa na cabeça dele. Com carinho ele não acorda, então tem que agredir.
— AI GAROTA, TÁ LOCA? – Se sentou na cama em um pulo e começou a massagear aonde eu bati.
— Vá se arrumar, se você não estiver pronto até eu acabar de tomar meu nutritivo café da manhã, irei sem você. –
Assim que acabei de falar, Tom se levantou e foi para o banheiro.
Ele não gosta que eu ande sozinha, seja pra onde for. Ele é super protetor e isso as vezes irrita.
Fui para o meu quarto, peguei minha mochila e voltei para a cozinha.
— Acordou ele? – Minha mãe perguntou.

Fiz um barulho assentindo, já que eu estava com a boca cheia de bolo, denovo.
— Eu já vou. – Disse assim que acabei de mastigar.
— Não vai esperar o Tom? Você sabe que ele não gosta que você vá sem ele. –
— Tom é neorótico. – Dei um beijo na sua bochecha. — Até mais. –
Antes de bater a porta, pude ouvir Tom me gritando histéricamente, ignorei e bati a porta. Coloquei meus fones de ouvido e Three Days Grace começou a tocar. Embalada pelo som da música eu fui andando pelas ruas parcialmentes desertas da Alemanha. Eu me mexia no ritmo da música e ria depois. Quem me visse acharia que eu estava drogada, mas a culpa não é minha se eu não tenho talento pra dançar.
Eu cantava debilmente quando sinto puxarem minha mochila me fazendo ir para trás.
— Me larga Tom. – Tirei um fone de ouvido. — Droga, me solta Tom! – Dei um arranco pro lado e a mão dele saiu da minha mochila. — Cortou meu barato, idiota. –
Emburrei e apertei o passo, mas logo ele já estava me alcançando com seus passos de pinguim.
— Você ia sem mim? – Perguntou.
— Ia. – Respondi seca. –
— Você sabe que eu não gosto. – Seu tom de voz era mais firme.
— Você é pirado. Se acordasse na hora sairia junto comigo, já que faz tanta questão da minha companhia. – Disse sarcástica.

Tom me cansava com suas mania superprotetoras. Qual é o problema de ir sozinha? Tenho 17 anos igual à ele e não 5. Não é só porque eu sou mulher que não sei me cuidar.
— Tudo bem, vou acordar na hora amanhã. – Disse confiante.
— Duvido. – O desafiei e coloquei o outro fone ignorando Tom.

~x~
Depois disso não falei mais com Tom durante todo o percurso.
Chegando na escola fui recebida pela minha melhor amiga, Alice.

— Thammy! – Me abraçou. — Oi Tom. – Sorriu debilmente para ele, que ainda estava ao meu lado.
— Eaí?! – Cumprimentou. — Nós vemos depois. – Se virou e foi em direção aos amigos dele. As vadias iam se oferencendo por aonde ele passava e ele dava um sorriso safado.
Tom é popular, ao contrário de mim.
— Ele é tão lindo. – Suspirou Alice, olhando para Tom.
— Limpa a baba aí. – Ri apontando para o canto da sua boca.
— Não acredito que vocês são gêmeos idênticos. Ele é um gostoso e você... Você é isso. – Jogou a cabeça para trás rindo.
— Idiota. – Ri. — O Tom não é tão bonito assim. Olha aqueles dreads. – Olhei na direção de Tom.
— É sexy. – Fez cara de tarada.
— É fedido. – Ri fazendo cara de nojo.

Eu realmente odiava os dreads do Tom. Tenho vontade de cortá-los enquanto ele dorme. Mas eu não quero morrer aos 17 anos.
— Ei. – Alice me chamou. — Olha quem está vindo aí. –

Olhei na direção que Alice estava olhando e tive a visão mais linda do universo. Bill Trümper.
Ele estava todo de preto com aquele cabelo arrepiado e perfeitamente maquiado.
Infelizmente ele não vinha na minha direção.
— Baba não. – Alice brincou me imitando.
— Ele é perfeito. – Suspirei.

O sinal toca avisando que deveriamos ir para nossas salas. Felizmente eu estudava com Alice.
Fomos para a sala pra assistir a aula mais terrível, Matemática.

Postado por: Grasiele

Coração de Porcelana

Coração de Porcelana. 
Coração ferido mais uma vez. Pedaços quebrados em suas mãos. Por favor, conserte esse coração de porcelana, que é o meu.
                                             
Classificação: +18
Categorias: Tokio Hotel
Gêneros: Romance
Avisos: Incesto
Capítulos: 12
Autora: PsychoBitch

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