quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração de Porcelana - Capítulo 5


Ela foi embora.
Não conseguia dizer o por que ela estava indo.
Um dia não passa
Para aqueles que ela deixara para trás
Eles sempre estão perguntando "por quê?"
E os pensamentos consumiam sua mente
Diga pra ela que nós a amamos
Diga pra ela que ela é querida
Diga pra ela por favor, voltar para casa

BarlowGirl She Walked Away


Tom dirigiu feito louco sem dizer uma palavra enquanto eu gritava desesperadamente para descer do carro.
Ele estacionou em frente a nossa casa e me puxou pelo braço, do mesmo jeito que fez na festa. Abriu a porta e me jogou com certa violência no sofá ficando parado de pé na minha frente.

— QUE PORRA VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – Eu gritei o olhando fixamente. As lágrimas desciam rápidas, meu pescoço estava todo molhado por elas. —ME DIZ! – Gritei ao ver que ele não se manifestava só me olhava fixamente com a respiração desregulada.
— Por que você o beijou? – Tom disse devagar e calmo. Isso realmente me assustou.
— ISSO NÃO É DA SUA CONTA, SEU IDIOTA! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA BATER NO BILL E ME TRAZER A FORÇA PARA CASA? – Me levantei ficando parada a sua frente olhando no fundo dos seus olhos.
— VOCÊ ESTÁ DEFENDENDO ELE? – Agora ele gritava descontrolado. — DEFENDENDO AQUELE VIADINHO? – Andava de um lado para o outro sem tirar os olhos de mim.
— NÃO FALE ASSIM DO BILL! VOCÊ SABE QUE EU GOSTO DELE. – Eu estava ficando rouca mas não diminuía o tom de voz.
Tom deu um passo furioso para frente, me assustei e dei um passo para trás caindo no sofá de novo.
— VOCÊ NÃO GOSTA DELE. VOCÊ ME AMA, SABE DISSO.
— PRESTE ATENÇÃO NO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO, TOM. INCESTO É CRIME, VAMOS SER PRESOS. – Minha voz agora saía bem mais baixa mesmo comigo tentando gritar.
— Thammy. – Disse calmo novamente. — Eu amo você. – Limpou uma lágrima minha. — O resto não importa. – Fechou os olhos. — Fica comigo. – Pediu em um sussurro.
Meu corpo todo estremeceu com seu pedido. Não vou dizer que não me senti tentada a aceitar. Todo o meu ser pedia para que eu gritasse Tom e o agarra-se ali mesmo sem me importar se minha mãe estava em casa ou não.
E estava aí o problema, minha mãe. Ela nunca aceitaria um romance meu com Tom e acho que até meu pai — que eu não vejo desde que se casou novamente — não aceitaria e com certeza nos separaria e provavelmente me levaria já que Tom guardava magoa dele.
Jörg, nosso pai, foi embora quando éramos muito pequenos e não se importou de nos ligar muito menos visitar. Mas nas raras vezes que fazia isso era educado e amoroso comigo. Tom se recusava a atender seus telefonemas, ou vê-lo quando nos visitava.
— Tom. – Sussurrei. — Onde está a mãe? – Eu realmente estava preocupada. Ela poderia estar em casa e ver Tom com um joelho apoiado no sofá, o dedão no meu rosto, quase me beijando, não seria legal.
— Saiu com o namorado. – Ele sussurrou também.
Minha mãe namorava o Gordon a mais ou menos 2 meses e nunca trouxe ele aqui em casa para conhecermos. Acho que é por conta do Tom ser super ciumento com ela também e agir como se nossa mãe fosse adolescente que foi apresentar o namorado para o pai casca dura.
— Me deixa sair, por favor. – Eu tentava pensar em coisas completamente sem sentido para não me entregar ao Tom. Tipo, uma bezerra com um aneurisma cerebral, uma vaca marrom que dava Nescau ou o comercial das bonequinhas com cheirinho de fruta que sempre passam na TV.
— Não. – Ele respondeu rapidamente.
Eu tirei força não sei da onde e empurrei Tom, subindo as escadas em disparada e indo para o meu quarto. Tranquei a porta e sentei na cama.
Eu estava fugindo de Tom, fugindo do que eu sentia por ele. É, percebi que Tom tem razão, eu o amo um amor mais que fraternal .
Mas eu não me entregaria a esse amor. Não jogaria toda a família Kaulitz contra mim e Tom, e o mais importante, não seria presa.
E eu já sabia o que faria para não cair em tentação.
~x~
— Tem certeza de que quer fazer isso? – Minha mãe perguntou enquanto passava as mãos pelos meus cabelos.
— Sim, mãe. Não vai ser por muito tempo. – Sorri
— Ai meu amor, vou sentir tantas saudades. – Me abraçou apertando forte.
— Eu vou ligar sempre mãe, e não vou morar lá, vai que a minha madrasta não é legal? – Dei um beijo na sua bochecha. — O táxi já está me esperando, assim que chegar lá te ligo, amo você. – A abracei de novo e senti algumas lágrimas escorrerem. Mas não tinha motivo para choro, afinal, seria por no máximo um ano, eu não moraria lá.
Minha mãe me levou até a porta do táxi e me abraçou, esse era o abraço de despedida, pelo menos por enquanto.
— Tchau bebê, amo você. – Me deu um beijo na bochecha e limpou as lágrimas que escorriam uma atrás da outra.
Entrei no carro e vi a figura da minha mãe, acenando e se afastando cada vez mais, limpei uma lágrima solitária que escorreu e voltei meu olhar para frente.
Eu estava indo para a casa do meu pai, passar uns tempos. Não podia ficar na mesma casa que Tom. Mas eu sentiria muita falta dele, nunca nos separamos desde que nascemos, seria doloroso. Tom com certeza não aceitaria, me impediria de ir, então minha mãe pediu para ele ir no mercado comprar uma coisa sem sentido para eu poder ir.
A desculpa que dei a minha mãe para poder ir ficar uns tempos na casa de Jörg? Que estava com saudades dele, não deixa de ser verdade. Pela sua voz no telefone, acredito que ele ficou feliz com a minha ida para lá. Ele disse também que eu adoraria Nildete, a esposa dele.
O celular toca me despertando dos pensamentos. Podia ser minha mãe querendo ouvir minha voz dizendo que já estava com saudades.
Olhei no visor e estremeci. Era Tom. Pensei em não atender, mas não faria isso com ele. Agora já estou perto do aeroporto, não teria como ele me impedir, acho.
— Alô? – Disse com a voz falha pelo choro que já queria chegar.
— THAMMY, ONDE VOCÊ ESTÁ? – Sua voz era fraca. Meu peito doía, Tom estava chorando. — VOLTE JÁ PARA CASA! QUE IDÉIA É ESSA DE IR PARA A CASA DAQUELE HOMEM? – Ele soluçou.
— Me desculpe, Tom. Não vai ser por muito tempo, prometo. – Fechei os olhos enquanto meu peito apertava mais.
Odiava saber que Tom estava chorando, isso doía. Mais o pior era saber, que o motivo de suas lágrimas, era eu.
— NÃO THAMMY! NÃO! NÃO! NÃO! – Ele atropelava um pouco as palavras e estava ofegante. — Volta para mim, Thammy. Por favor, não vá. Eu amo você. – Ele sussurrou a última parte.
— Desculpe, Tom. Você pode ligar sempre que sentir saudades, tá bem? Eu vou sempre te atender. Amo muito você. Tchau – Desliguei o telefone.
Não aguentaria ouvi-lo pedindo para ficar mais uma vez. Se ele pedisse, eu com certeza desceria desse carro em movimento e correria até ele, o abraçaria o mais forte que pudesse e diria que o amava e que era dele. Somente dele, para sempre.
Mas eu não podia, não era certo. Esse tempo vai fazer bem para ele e para mim também.
Eu fui embora.

"Ela bateu a porta sem dar tchau e sabia que já era hora."

Postado por: Grasiele

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