quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração de Porcelana - Capítulo 11


What is the reason for this night
is hope found in moments with no light
does strength grow in our greatest fears
God I pray something good will come from this pain
Stay With Me – BarlowGirl


— Isso não é você quem decide. – Jörg respondeu seco para Tom. — Eu vou ligar para Simone para avisar que Tom está voltando e pedir para que Thammy more comigo. – Meus olhos se arregalaram ainda mais enquanto Tom tinha uma expressão furiosa. — Quando eu voltar, não quero mais te ver aqui. – Ele disse para Nildete saindo do quarto logo em seguida.
Ficou um clima mais tenso do que antes quando meu pai saiu do quarto. Nildete estava arrumando suas coisas enquanto Tom estava parado no mesmo lugar, estático me encarando.
Ele devia estar esperando alguma reação minha. Ele queria que eu dissesse para Jörg que não iria morar com ele coisíssima nenhuma e que iria voltar para Leipzig com meu irmão.
Mas eu não faria isso. Veja pelo lado de Jörg, ele acabou de ver seu filho na cama com sua mulher. Ele deve estar sofrendo muito mesmo que não demonstre. Eu não o deixaria sozinho com seu sofrimento nessa casa enorme. Tom que me desculpasse.
Eu também daria um jeito de contar para ele que tudo isso era culpa da Nildete e que Tom foi obrigado a fazer o que fez, só faltava saber como eu faria isso.
Eu já estava ficando incomodada com os olhares de Tom quando meu pai voltou para com o telefone em mãos.
— Thammy, sua mãe quer falar com você. – Me entregou o aparelho. Me sentei no chão mesmo, com as costas encostadas na parede.
— Oi, mãe. – Disse baixo.
— Amor, que saudades. – A voz dela era chorosa.
— Eu também estava. – Fechei os olhos adorando ouvir a voz da minha mãe, calma e suave.
— Então você vai morar com seu pai? – Fungou. — Como Tom encarou isso? – Agora sua voz demonstrava preocupação.
— Ele aceitou numa boa. – Menti olhando para Tom. Ele não estava com uma cara lá muito amigável, mas minha mãe não precisava saber disso.
De repente, Tom saiu de onde estava e veio em passos furiosos em minha direção, tomando o telefone das minhas mãos.
Meu pai já não estava mais no quarto, Nildete também não. Ele deve ter ido acompanha-la até a saída, podia dar uns bofetes nela também.
— MÃE, ELE QUER NOS SEPARAR. – Tom disse assim que pegou o telefone. Ficou em silêncio por alguns segundos. — A DECISÃO NÃO PODE SER DELA. – Ele gritava tão alto que acho que toda a vizinhança ouviu.
— Você sabe, eu-eu...- Ele agora falava mais baixo. — Eu não consigo viver longe dela, me ajuda. – Ele fechou os olhos enquanto pedia a ajuda da minha mãe num sussurro de voz. — Tudo bem. – Veio em minha direção. — Ela quer falar com ele. – Me entregou o telefone.
Fui com o aparelho em mãos até meu pai, que estava sentado no sofá da sala com as mãos sobre a cabeça. Ele estava arrasado.
— Ela quer falar com você. – Dei o telefone para ele, que o pegou, deu um sorriso mínimo e foi para outro cômodo conversar com minha mãe.
Fiquei alguns minutos sentada no sofá olhando para o nada quando ouço barulhos na escada. Volto meu olhar para os degraus e vejo Tom descendo com suas malas em mãos. Ele as colocou no chão e se sentou ao meu lado.
— Você vai voltar comigo, não vai? – Seus olhos tinham uma expressão triste. — Por favor, Thammy. Não se separe de mim de novo. – Pude ver uma lágrima escorrendo por seu rosto. Ele a limpou rapidamente, já que não gostava de chorar na frente dos outros.
— Eu não vou morar com ele. – Disse baixo.
E eu realmente não moraria, eu já sabia o que fazer.
Jörg aparece na sala e encara Tom com um olhar mortal.
— Venha, Ruan te levará até o aeroporto, terá um jatinho esperando você lá. – Ele disse secamente para Tom.
Pois é, até jatinho ele tinha.
Tom se levantou do sofá e me deu um abraço apertado, sussurrei um ‘nos vemos logo’ em seu ouvido e o vi desaparecer pela porta.
Tudo se acertaria, ou melhor, eu acertaria tudo.
Jörg se jogou no sofá ao meu lado, ele tinha um semblante triste.
— Meu próprio filho. – Passou as mãos pela cabeça de novo. O estado dele era de cortar o coração.
Estava na hora de acertar as coisas.
— Pai, Tom não teve culpa. Ele foi obrigado a fazer isso.
— Por favor, Thammy, não defenda seu irmão. – Ele bufou cansado.
— Não estou defendendo-o. Nildete, ela...- Respirei fundo antes de continuar. — Ela me bateu, contei para Tom e ele veio para cá, ela viu uma coisa e chantageou o Tom o obrigando a fazer aquilo. – Disse rapidamente.
— Ela te bateu? – Agora ele me encarava surpreso. — Está falando sério, Thammy? – Balancei a cabeça afirmando. — Em que lugar da casa ela fez isso? – Agora ele parecia ansioso.
— Na primeira vez na sala, depois no escritório, acho. Por quê? – Eu estava curiosa, não sabia onde ele estava querendo chegar.
— Venha comigo. – Ele falou se levantando.
O segui como ele pediu até uma salinha que eu nunca imaginaria que existia naquela casa.
— Fui assaltado uma vez, então implantei câmeras de segurança por todo o segundo andar. Só precisamos achar a gravação. – Isso era bom, significava que ele acreditava em mim.
Levou até uns minutos até que ele achasse a gravação. Ao ver as imagens, um sorriso enorme surgiu em meu rosto, agora ele teria a certeza de que eu falava a verdade.
Mas ao contrário de mim, meu pai arregalou os olhos observando atentamente as imagens das surras que Nildete me deu.
— Eu não acredito que ela fez isso. – Ele não tirava os olhos das imagens. — Ela parecia tão, tão...- Deu uma pausa. — Tão boa. Como eu fui e enganar dessa maneira. – Bufou triste. — Mas então, a culpa não foi de Tom. – Ele deu mais uma pausa. — O que foi que ela viu para chantagea-lo? – Pronto, ele tinha chegado ao ponto mais delicado da história.
O amor além do fraternal que eu e Tom sentíamos um pelo outro.
— Ela... – Respirei fundo criando coragem. — Ela viu a gente se beijando. – Fechei os olhos. — Tom e eu nos amamos pai... Nos amamos mais que dois irmãos deveriam se amar. – Eu continuei com os olhos fechados.
Eu estava esperando uma cadeirada, um tapa, um puxão de cabelo, qualquer coisa.
Eu estava dando a minha cara para bater.
Chega de esconder e me envergonhar do amor que eu sentia por Tom, estava mais do que na hora de assumir.
Agora, era esperar as consequências.

Postado por: Grasiele

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