quarta-feira, 6 de julho de 2011

Angel In Disguise - Capítulo 10

"Chamando todos os Anjos
Eu preciso de você perto do chão
Eu sinto sua falta querida
Você pode ouvir-me da sua nuvem?
Toda minha vida
Eu tenho esperado alguem para amar
toda minha vida
Eu tenho esperado alguma coisa para amar"




- Preciso ir.
- Precisa ir pra onde? -  Perguntou com certo medo pela tom de voz séria de Bill.
- É a Vitória. -  Disse olhando Sara que arregalou os olhos e sentiu um aperto no coração ao ouvir o nome da menina.


Sara pulou da cama ao ouvir o nome de Vitória junto com o tom de voz preocupado de Bill.

- O que tem ela?! -  Sara olhava Bill que arrumava o cabelo e ia em direção a sala. -  Me responde o que tem ela? -  Sara vestia a blusa sem sutiã algum e pegava uma jaqueta de couro no sofá, prendendo o cabelo num rabo de cavalo e procurando as chaves do apartamento, seguindo Bill até a porta.
Bill não havia respondido as perguntas de Sara, estava completamente concentrado e antes que pudesse fechar a porta para sair sentiu a mão de Sara segurar seu braço.

- Você não pode ir junto Sara. -  Bill disse calmo.
- Como não? Tá louco? Claro que eu vou! Você não quer me dizer o que ela tem.
- Eu também não sei, mas você tem que ficar aqui... é uma ordem minha. -  Bill ainda soava calmo e mesmo dizendo que era uma ordem, os seus olhos pediam que ela o obedecesse com gentileza.

O olhar de Bill fez com que Sara parasse na hora, e ela tirou as mãos do braço de Bill e com raiva daquele olhar ela observou Bill se virar e fechar a porta atrás dele, a deixando sozinha no apartamento.



2 horas haviam se passado e Sara estava grudada no telefone, esperando que Bill ligasse dando notícias.

- Mas que droga. E se aquele burro daquele punk não souber fazer ligação? -  Sara perguntava para si mesma tirando o resto de esmalte preto que havia em sua unha do dedo polegar. -  Quer saber? Foda-se, ele não é meu pai, eu vou até lá. -  Disse decidida e pegando o molho de chave e batendo a porta.



Ao chegar ao hospital Sara foi direto na recepção e antes que pudesse se anunciar viu a enfermeira negra e simpática que ela conheceu quando esteve lá.

- Oi, você lembra de mim? Eu perguntei de uma menininha, eu estava com a cara toda machucada e sem maquiagem? -  Perguntou aflita segurando no braço da enfermeira que assustada pela forma brusca que foi abordada apenas lhe respondeu sim com um aceno de cabeça. -  Então, o nome dela é Vitória e...
-Sim minha querida, ela acabou de sair da cirurgia.
- C... cirurgia? -  A voz de Sara ficou falha e ela sentiu seus olhos arderem com lágrimas que surgiram sem avisar. -  O que aconteceu?
- Querida, eu sinto muito, mas não estou autorizada a dar informações sobre o estado da menina, os familiares estão na sala de espera, se vo... -  Sara não esperou que a enfermeira terminasse e andou a passos largos até a tal sala e chegando lá viu Bill sentado ao lado da mãe de Vitória.

- O que você está fazendo aqui Sara? -  Bill perguntou com a voz calma, mas sua testa estava levemente franzida. -  Não disse que era para você...
- Onde está a Vitória? -  Sara perguntava sem conseguir agüentar e começar a chorar compulsivamente. -  Como ela está!? -  Tentou secar em vão o rosto que logo se molhou novamente.

A mãe de Vitória que estava cabisbaixa levantou o olhar ao ouvir uma voz perguntar sobre sua filha e ao ver Sara ela se levantou.

- Desculpa, mas de onde você conhece minha filha?

- É... eu sou amiga dela... quer dizer, e... eu a conheci aqui no hospital. -  Sara finalmente se controlou. -  A senhora é mãe dela?
- Sim.
- Me desculpa, meu nome é Sara, por favo senhora...
- Verônica...
- Senhora Verônica, eu tenho um carinho enorme pela sua filha, ela foi como uma luz que entrou em mim no dia que vim para esse hospital horroroso, por favor, me diz como ela está?
- Ela não está bem Sara, os rins pararam de funcionar e ela precisa de uma transfusão de sangue, fora o transplante de rim. -  Verônica enxugava a lágrima e Sara soltou uma respiração, inconformada e sentou-se ao lado de Verônica.

Sara abraçou a mãe da menina e olhou por trás de seu ombro e viu Bill a olhando.

- E você?! -  Sara perguntou nervosa. -  Ta fazendo o que aqui? Faz alguma coisa! -  Sara levantou observando Bill que a olhava com o olhar paciente.
- Calma, ele é o Bill, ele está ajudando a minha filha a...
- Ajudando em quê??!! Só estou vendo você parado me olhando com essa maldita cara de débil mental!! Pra quê você serve afinal??!!! – Sara olhava Bill com fúria.
- Sara... -  Bill se levantou para acalmá-la.
- Não toca em mim, me deixa em paz! -  Sara saiu da sala indo para fora do hospital e procurando desesperadamente por um cigarro. -  Mas que merdaaaaaa!!! -  Chutou uma caia com lixo que estava na calçada e olhou para o céu. – Você quer me torturar não é? Você quer me mostrar que eu não mereço ninguém, e quem chega perto de mim morre, não é?!! -  Sara continuava gritando olhando para o céu. -  Primeiro a minha avó, depois minha irmã, e agora a Vitória, pelo mesmo motivo!! E você me manda aquele ordinário para me ajudar??!!!! EU não quero que você me ajude, ta me ouvindo??!!!! -  Sara caiu de joelhos e com as mãos no rosto chorava e soluçava. -  Por favor... não me ajuda, eu não quero sua ajuda, por favor, ajuda ela, eu não peço mais nada pra mim e eu faço o que Você quiser, ninguém mais pode ajudar, ninguém pode fazer mais nada, só Você Deus, por favor... -  Sara continuava chorando e a dor em seu peito era insuportável, ela gritava e apertava seu peito, voltando os olhos completamente lavados em lágrimas para o céu e viu Bill parado na escada, muito próximo a ela, a olhando sério e completamente piedoso. -  Ele não sabe Bill, Ele não sabe que eu quero de coração, porque ele não me ouve? Porque Ele não me ajuda? -  Sara olhava para Bill que desceu as escadas devagar e ficou de joelhos, e frente para Sara, limpou suas lágrimas.
- Ele sabe agora. -  Disse passando os dois polegares sobre a bochecha molhada de Sara que ainda soluçava. -  Vem, vamos pra casa. -  Bill a levantou e segurando em seu ombro a levou para casa.


Bill estava dormindo no sofá e Sara não conseguia dormir, lembranças da avó, e a morte de sua irmãzinha a atormentavam, e agora ver Vitória exatamente na mesma situação, ela foi até a cozinha e pegou um copo d’água quando estranhou... Bill estava dormindo no sofá? Como assim dormindo? Ele disse que não dormia.

- Bill? -  Sara o cutucou com receio e ele mal se mexeu. -  Bill, ta acordado? -  Cutucou novamente e se afastou com medo, e quando voltava a para o quarto, pronta para ligar para uma ambulância ouvir Bill falar.

- Mãe, eu sei, eu estou bem, ele está cuidando bem de mim, eu só preciso pegar minha mochila e já te encontro... fala pro pai que mandei um beijo. -  Bill disse ainda dormindo e em seguida acordou assustado. – Mãe!


Sara estava com os olhos arregalados e paralisada olhando Bill que levantou do sofá num pulo e sentou suando. Ao vê-la ali perguntou:

- Você está bem Sara? Parece assustada. -  Perguntou como se não soubesse o que acabara de acontecer.

- Mas que merd... O que você acabou de dizer?
- Se você está se sentindo bem?
- Não! Você gritou sua mãe. Quem é sua mãe?
- Ahn? -  Bill não entendia a pergunta de Sara.
- Você disse que não dormia, e você estava dormindo agora, e teve um pesadelo, e você estava falando com a sua mãe.
- Que estranho, eu estava assistindo televisão, só isso.
- Eu que o diga, se você acha estranho, e você é um anjo, imagina eu... você não lembra o que você falou? -  Sara se aproximou de Bill, com um pouco de medo e sentou ao seu lado. -  Ah já sei, seu recipiente, não foi você, foi ele! -  Sara sorriu orgulhosa pela sua descoberta.
- Sara, eu não posso...
- Eu não posso falar sobre meu recipiente, eu sei punk, mas quem está falando sou eu. Acho que ele está vivo, não está? Senão você não teria falado isso. To certa ou to errada?
- Sara.
- Ah é, você não pode me falar. Mas eu sei que é isso.

Ambos ficaram em silêncio e Sara se pegou observando os olhos amendoados de Bill que a olhava curioso. Ela desceu os olhos para os lábios vermelhos e a pele branca de Bill pedia seu toque.

- Meu Deus. – Sara suspirou o olhando hipnotizada.
- O que foi?
- Você existe mesmo... quer dizer... o recipiente, ele é isso tudo mesmo, cara, eu não acredito.

Bill sorriu e olhou para o corpo do recipiente.

- Eu soube escolher. -  Sorriu novamente e olhou para Sara que tirou o sorriso e respirou fundo.
- Mas ele sem você... quer dizer... não é a mesma coisa... e quando você for embora? -  Sara cutucava os dedos evitando olhar para Bill.
- Quando eu for eu vou continuar cuidando de você lá de cima.
- Mas eu não quero... quero que você fique comigo pra sempre. -  Sara deixou uma lágrima cair.
- Por quê? – Bill perguntou ingênuo.
- Porque eu amo você.

Angel In Disguise - Capítulo 9

Estou me sentindo estranho, parece que minha barriga está pegando fogo. Não pode ser fome, quando é fome ela só dói. Não sei se como alguma coisa, quem sabe a dor passa, mas a Sara me pediu para ficar aqui com ela então... acho que eu agüento.





- Que horas são? -  Sara estava um pouco sonolenta e seu cabelo estava praticamente seco.

- 4h47. -  Bill respondeu com uma cara um pouco desconfortável.



Sara estava com o rosto muito próximo do queixo de Bill e olhou para cima para olhá-lo, pois o incomodo que ele sentia estava em sua voz, e fez Sara estranhar. Ela inclinou a cabeça para cima e automaticamente Bill olhou para baixo.



- O que foi? – Perguntou sem receber resposta.



Bill ficou olhando a face de Sara sem entender o que estava acontecendo com ele, sua testa franziu e em seguida ele colocou a mão no peito ainda olhando para Sara perguntou.



- Tem algo errado comigo Sara. -  Bill soou preocupado.

- O que foi? – Perguntou preocupada ainda encostada nele, ela ainda estava com a voz fraca, mas estava parcialmente recuperada.

- Não sei, nunca senti isso, estava com uma dor na barriga, mas não é igual quando sinto fome,estava queimando e agora ta acontecendo alguma coisa aqui. -  Disse apertando peito. -  Ta acelerado, parece que vai explodir, o que significa quando fica assim? -  Perguntou ingênuo e Sara o olhou diferente, ela sorria por dentro, mas o sorriso não apareceu em sua face.

Ela ficou olhando para Bill com ternura e ela mesma sentiu seu coração acelerar. Bill não entendia o que estava acontecendo, e não receber a resposta de Sara o deixava mais nervoso, sua mão começou a suar e Sara tirou a cabeça do colo de Bill e o olhou profundamente, acariciando o rosto de Bill que fechou os olhos ao sentir o toque de Sara.

Sara beijou a bochecha de Bill que abriu os olhos no mesmo momento e olhou novamente nos olhos de Sara.

Bill sorriu com o gesto e como se o corpo de seu recipiente estivesse no controle, ele acariciou o rosto de Sara, imitando o mesmo gesto dela e em seguida beijou sua bochecha, mas permaneceu com sua bochecha colada na dela após beijá-la e Sara sentiu um gemido de dor vindo de Bill.



- O que foi? -  sussurrou entorpecida pelo cheiro amadeirado e pelo contato com a pele aveludada do anjo.

- Ta doendo mais. -  Sua voz estava rouca e baixa.

Sara se afastou e olhou para Bill, segurando seu rosto com as duas mãos o olhando profundamente nos olhos.

- Não precisa ter medo, não é nada demais, vai passar. -  Sorriu carinhosamente e ajeitou uma mecha teimosa que cobria um dos olhos amendoados de Bill.

- Você sabe como faz para passar? -  Perguntou curioso ainda com a testa franzida.

- Sei. – Disse lambendo os lábios e se aproximando de Bill, ainda segurando seu rosto com suas mãos colou seus lábios nos dele, sentindo Bill contrair seu corpo e fechar os olhos lentamente, sentindo algo queimar em seu corpo e ao mesmo tempo que seu coração acelerava um alívio tomava conta dele, o fazendo relaxar os músculos e sentir a mão de Sara guiá-lo para sua cintura. Bill obedeceu de olhos fechados, agora recebendo a visita da língua quente de Sara, pedindo caminho para acariciar a sua e ao sentir a língua de Sara Bill se assustou e parou.

- O que foi? -  Sara perguntou irritadiça pela interrupção, mas logo soltou um sorriso divertido ao ver a cara de susto de Bill a encarando com olhos arregalados. -  Calma, isso é normal, não machuca. Você vai acompanhar o ritmo da minha língua junto com a sua, não precisa ficar com medo.

- Eu não estou com medo... só achei... diferente. -  Disse ainda curioso, mas não assustado como antes.

- Certo, quer fazer de novo? Ou quer parar? -  Disse franzindo a testa pedindo em sua mente que ele dissesse que queria fazer de novo e a noite inteira, ela havia adorado o gosto de Bill e ela estava aproveitando a ingenuidade do anjo para matar sua curiosidade.

- Eu acho que posso fazer de novo. -  Disse respirando fundo, imitando o gesto que Sara havia feito, segurando o rosto dela com as duas mãos e se arrumando na cama para se aproximar ao máximo dela, lambeu os lábios exatamente como Sara havia feito e ela apenas sorria com os olhos brilhantes até que um gesto que ela não havia feito a fez tremer e ficar séria. Bill a olhou profundamente nos olhos e acariciou os lábios de Sara com o dedo polegar e se aproximou até que seus lábios molhados e quentes encostassem nos dela. Bill então pediu passagem com sua língua e Sara correspondeu sugando a língua de Bill antes de entrelaçar sua língua na dele, em uma valsa calma e carinhosa. Sara acariciou o braço de Bill, subindo do antebraço até os bíceps rígidos que se apertavam enquanto Bill segurava a face de Sara.

Uma onda quente emanou no corpo de Sara e pela primeira vez ela se sentiu completamente insegura no que fazia, o beijo do Bill a deixara mole e ela se segurava em seus braços para não amolecer ainda mais. Bill parecia perceber a fragilidade de Sara e desceu suas mãos de seu rosto para a cintura dela, a segurando com os dois braços e a apertando com força contra seu corpo.

- Você está bem? -  Perguntou quebrando o beijo e olhando para Sara que mais uma vez surpresa com o rompimento repentino ainda de olhos fechados e meio mole respondeu:

-  Estou bem sim. -  abriu os olhos entrelaçando os braços em volta do pescoço de Bill. -  Você aprende bem rápido. – Disse com a voz baixa e completamente hipnotizada pelos olhos do anjo.

- Eu disse que aprendia rápido. -  Disse soltando o sorriso ingênuo e infantil que fez Sara sentir o frio na espinha e beijá-lo de surpresa.

O beijo foi mais selvagem dessa vez, e Sara comandava os movimentos com desejo, e Bill apenas a seguia ainda segurando em sua fina cintura de violão. Sara subiu no colo de Bill que estava sentado na ponta da cama num gesto insano e voltou a  apertar os braços de Bill e partiu o beijo em seus lábios, fazendo um caminho pela bochecha de Bill, descendo para seu pescoço e lhe deu um leve beijo seguido de uma chupada leve e sentiu Bill apertá-la mais e soltar um gemido. Sara sabia o porquê, Bill estava excitado e ele a apertava como se estivesse com medo, como se algo estivesse errado com ele.

Sara voltou a beijá-lo e com suas mãos tirou as mãos de Bill de sua cintura e se afastou, tirando a blusa que vestia e jogando para o outro lado da cama. Olhou para Bill que estava com medo, ofegante e não conseguia parar de observar cada fragmento da parte de cima do corpo descoberto de Sara. Ele fez com as mãos involuntariamente, como se fosse tocá-la, mas afastou como se estivesse querendo tocar em algo proibido e Sara o barrou, segurando suas duas mãos e depositando juntamente com as suas sobre seus seios fartos, ainda cobertos pelo sutiã. Bill olhava diretamente nos olhos de Sara que guiava as mãos de Bill, colocando-as agora por dentro do sutiã. Quando Bill sentiu a maciez e a rigidez dos mamilos de Sara respirou falho, a olhando com pavor nos olhos em seguida olhando para sua parte íntima, se sentindo inconfortável com o volume ali apresentado e Sara tirou o sutiã voltando para o colo de Bill acariciando sua barriga, e fazendo um gesto como se fosse tirar a camisa  dele quando sentiu algo na calça de Bill tremer. Bill deu um pulo ainda com Sara em seu colo, o fazendo sair do transe e barrar os braços de Sara que acariciavam seu abdômen.

- O... o... -  Disse afastando Sara de seu corpo, a ajeitando delicadamente na cama e colocando a mão no bolso de sua calça preta. -  Eh.. eu... eu esqueci... o nome... disso aqui... – Bill ainda respirava falho e sua mão tremia junto com aparelho em suas mãos.

- C.. celular. – Sara também estava ofegante e ao receber um olhar sério de Bill para seu corpo, ela se cobriu com o lençol, sentindo vergonha do olhar crítico que ele lhe dera e afastando seu olhar do dele.

- É... celu... lar. -  Fez uma pausa para respirar, com a voz completamente séria, atendeu o telefone. -  Halo?



Bill balançava a cabeça e não falava nada além de “aham” e Sara não sabia o que pensar, o olhar repreensivo que Bill lhe deu após o celular tocar a deixou confusa, mas ela ainda sentia o cheiro dele grudado no corpo dela e ela sentia calafrios sozinha quando despertou ao ouvir Bill desligando o celular e se levantando da cama:



- Preciso ir.

- Precisa ir pra onde? -  Perguntou com certo medo pela tom de voz séria de Bill.

- É a Vitória. -  Disse olhando Sara que arregalou os olhos e sentiu um aperto no coração ao ouvir o nome da menina.

Angel In Disguise - Capítulo 8

Entrei na multidão e comecei a dançar como louca. Martelava a frase de Ethan dizendo que iria se casar, e eu rebolava cada vez mais. Dois rapazes vieram em minha direção e dançaram colados junto comigo e eu apenas seguia o movimento dos rapazes que estavam loucos ao me ver completamente possuída, liberta dançando até o chão. Beijei um deles e em seguida me virei para beijar o outro. Um deles me deu uma bebida e me pediu para abrir a boca, eu abri e ele colocou uma bala em minha boca e sorri, em seguida tomando metade da garrafa de cerveja e voltando a abraçar o moreno que havia beijado primeiro. O efeito da bala e da cerveja já tinham começado, e eu ria sozinha, via tudo girando e tudo muito psicodélico, estava voando, estava me sentindo leve, sem o peso das palavras do Ethan ecoando em meu ouvido, sem as palavras do meu pai me chamando de inútil, sem cliente revoltados com meu atendimento, estava oco, estava vazia, estava livre.
O outro rapaz, de cabelos aparentemente castanhos, não percebi direito por causa das luzes da boate, me puxou pela mão e me levou para fora do estabelecimento, seu amigo saiu logo atrás e fomos para um esquina. Nos amassamos ali, um deles tirou uma camisinha do bolso e já desabotoou a calça vindo em minha direção enquanto eu estava encostada de costas para o moreno que beijava meu pescoço com vontade. A pegação não parava e tudo ainda girava. Foi tudo rápido e não senti nada, apenas ouvia gemidos de sonoridades diferentes e sentia minha pele sendo sugava e apertada até que os gemidos pararam, e os apertos também. Ainda sonsa olhei a minha volta e não tinha mais ninguém, os dois rapazes tinham saído e resolvi voltar para a boate, mas estava sem calcinha. Chegando à boate não me importei em dizer que tinha saído para Damon, que só me olhava de longe, e voltei para o balcão, bebendo uma dose de tequila e ficaria ali, viajando até que a noite acabasse.
A noite acabou e estava acabada, ainda estava bêbada e drogada. Não me despedi de ninguém, peguei minha bolsa e fui embora, a pé novamente.
Atravessei a avenida e havia um grupo de moleques me chamando, eu conhecia um eles, era um traficantezinho que me vendia erva de vez em quando e resolvi ir até ele. Chegando lá eles perguntaram se queria algo, e disse que estava sem dinheiro, eles insistiram e eu gritei que estava sem dinheiro, um deles puxou minha bolsa e eu gritei mais alto o chamando de viado. Os outros dois tiraram um sarro do amigo e ele abriu a porta de um caminhão frigorífico e me jogou lá dentro sem que eu tivesse força para revidar, ele tentou pegar minha bolsa e com medo que eles tentassem me matar, fechei a porta do caminhão por dentro e tranquei. Eles batiam com força, gritando que eu iria morrer congelada ali dentro e que era bem feito para mim, e alguém deve ter passado por ali porque ouvi passos deles correndo.
Eu estava congelando, e aquele cheiro de carne crua estava me dando náuseas. Não pude evitar de vomitar e começar a passar mal pelo frio e pelo excesso de bebida. Fui tentar a abrir a porta, pois não ouvia mais os gritos dos moleques, mas não consegui, empurrei novamente e ela não abria, minha mão doía com aquela maçaneta congelada e escorregava devido ao gelo. Fui ficando fraca e encostei minha cabeça na porta, fui escorregando até chegar ao chão e fiquei ali, esperando a morte fria me buscar, meus olhos piscavam, eu via tudo escuro e vi somente um flash de luz e a imagem de Bill apareceu em minha cabeça.
- Bill. – Disse fraca, vendo minha visão ficar turva e apagar.




- Rescue Me -
http://www.youtube.com/watch?v=OYYhW_hWgx4&feature=related




Bill estava sentado tomando café e assistindo pica-pau quando sentiu algo estranho.

-         Sara! -  Se levantou rapidamente pegando seu casaco e saindo como louco sem trancar a porta.

Bill procurava Sara por todos os cantos, ele conseguia sentir sua presença quase desaparecendo em algum lugar próximo a boate onde trabalhava, ele temia por ser tarde e corria como louco, sem se importar com frio que fazia aquela noite.
Ele parou na esquina de um cruzamento e olhava para todos os lados daquelas ruas pouco iluminadas até avistar uma van branca no fundo da rua, ele observou por dois segundo e correu em direção a ela. Quando chegou bateu na porta traseira da van gritando.

-         Sara!! Sara!! -  batia com força sem obter resposta.  Bill pegou uma pedra e um pedaço de madeira para abrir a porta, sem sucesso. Entrou em desespero e levou as mãos a cabeça sem poder fazer nada. – Eu não queria fazer isso. -  Disse olhando para suas mãos e em seguida a encostando sobre a maçaneta da van. Olhou para os lados para ver se não vinha ninguém, fechou os olhos, se concentrou com as mãos fechadas sobre a maçaneta e ouviu estalo. A porta estava destravada,  Bill abriu desesperado e sentiu algo forçando a porta pelo lado de dentro, empurrou devagar pois sabia que era Sara. A pegou nos braços e ela estava branca e dura e seus lábios estavam num tom azul com roxo. Ele tirou o casaco e a enrolou nele, a pegando mole no colo e correndo pela ruas até chegar no apartamento dela.

Bill abriu a porta com dificuldade e foi direto para o banheiro. A deitou na banheira e ligou o chuveiro no quente. Tirou o casaco e a roupa de Sara a deixando somente de lingerie e com o desespero se jogou dentro da banheira e começou a tirar sua camiseta e sua calça. Grudou seu corpo no dela enquanto a água quente caia sobre eles e arrumava seu cabelo para trás. Passava água sobre seu rosto e a chamava com súplica.

-         Sara, acorda, por favor. – Deu leves tapas em sua bochecha e a mergulhou na banheira que já estava parcialmente cheia. Bill deitou-se junto com ela e não parava de esfregar o corpo de Sara que mexeu a mão e logo ele voltou a olhá-la, pedindo que ela acorda-se.
-         Anda, acorda.
-         B...Bill? -  A voz de Sara estava fraca, mas aquela voz havia feito Bill respirar fundo de alivio e a abraçar com força.

Sara abriu os olhos devagar, e ao sentir o calor do corpo de Bill e ao ouvir sua voz se sentiu amada, se sentiu segura, mesmo com dificuldade levantou os braços e abraçou Bill pela cintura.

-         Não me deixa, por favor, eu não quero ficar sozinha.
-         Eu não vou a lugar nenhum, eu vou ficar aqui com você, você não está sozinha.


E ali eles ficaram até que Sara recuperasse a cor. Bill a levantou e a secou com uma toalha. A deitou na cama ainda semi nua, um pouco úmida e pegou todos os cobertores que tinham no guarda roupa, a cobriu dos pés a cabeça e secou o seu cabelo o deixando quase seco. Arrumou o travesseiro.

-         Eu já volto, vou fazer algo quente pra você tomar. -  Disse indo para cozinha completamente molhado.
-         Café. -  Sara disse vendo Bill se virar para olhá-la e soltou um sorriso para seu anjo.

Bill se secou rapidamente enquanto a água esquentava e vestiu uma calça de moletom somente. Preparou o café quente e levou para Sara. Chegando ao quarto ela estava dormindo e ele apenas deixou o café na cabeceira e se virou para ir para a sala quando sentiu sua mão sendo segura por uma mão delicada e fria.

-         Fica aqui. – Pediu num sussurro tão amedrontado que fez Bill fechar os olhos. 
-         Ta bom. -  Disse deitando sobre o cobertor.

Sara se enrolou no braço de Bill e deitou em seu tórax, Bill não sabia como reagir, apenas acariciou o cabelo de Sara e cheirou seu cabelo involuntariamente, não pode evitar de sentir uma sensação estranha na barriga e pensou que estava com fome. Mas teria que ficar ali, pois Sara havia pedido. Arrumou a colcha mais grossa sobre de Sara e ficou ali, ao lado dela durante a toda a noite.


*Bill*


Estou me sentindo estranho, parece que minha barriga está pegando fogo. Não pode ser fome, quando é fome ela só dói. Não sei se como alguma coisa, quem sabe a dor passa, mas a Sara me pediu para ficar aqui com ela então... acho que eu agüento.

Angel In Disguise - Capítulo 7

Ethan


O dia foi cheio, Bill me ajudou na lanchonete e fazia tudo com um sorriso no rosto. Disse a Lourdes que ele era meu primo que tinha vindo da Alemanha para fazer intercâmbio. Ela perguntou como eu tinha primo na Alemanha se eu era brasileira? A Lourdes era esperta, mas eu era mais e logo dei a desculpa que uma tia morava lá e acabou casando com alemão e teve o Bill, e como ela não havia lembrado da cara dele no dia em ele apareceu pela primeira vez ela não só caiu na minha desculpa, como caiu de amores por Bill que tratou Lou com o maior carinho, a admirou por ser uma pessoa de fé, e os dois começaram a conversar sobre promessa e bíblia, Lou era uma católica super devota, tudo para ela tinha Deus, Jesus e a virgem, os dois riam e se ajudavam na cozinha e aquilo me deixou profundamente irritada por algum motivo desconhecido. Terminei o trabalho na lanchonete e voltamos para casa.

-         Eu vou dormir um pouco, se quiser sair, fique a vontade, eu vou para a boate mais tarde, então... está dispensado. -  Disse fechando a porta do meu quarto.


Bill pensando


Ela parece um pouco incomodada comigo, não acho que será fácil, mas não está sendo tão difícil quanto me disseram que seria.
Ela definitivamente não gostou de mim, talvez o recipiente não tenha lhe agradado. Minha garganta está muito seca, não sei se é por causa do café, talvez precise beber mais água.
Vou tomar banho, e não posso esquecer de colocar a toalha no piu-piu.


Bill entrou no banho, deixava a água escorrer e passava a mão sobre as partes do corpo, se conhecendo, conhecendo a maciez do corpo do seu recipiente. Ele bebia a água do chuveiro e olhava com atenção as gotinhas que caíam do chuveiro, ele observava tudo, o sabonete, leu toda a instrução e composição do shampoo e do condicionador, tudo aquilo era fascinante pra ele. Saiu do banho, lembrando do que Sara havia dito sobre a toalha e sua parte íntima e se trocou ali mesmo. Secou os cabelos negros e o penteou para trás.



                                                      ~***~~***~


Estava sonhando com minha avó, no dia que ela fez 80 anos. Foi à última vez que eu a vi. Ela estava com seu vestido laranja floral, sentada em uma cadeira na sacada da casinha dela em Jundiaí. Ela me contava histórias da minha mãe, como minha mãe fugiu de casa para se casar com meu pai, que era filho de deputado, rico e cheio de poder, e minha mãe era uma menina sonhadora do interior. Eu tinha 10 anos quando isso ocorreu, mas no sonho eu estava com a  idade que tenho hoje, mas estava vestida com a mesma roupa, um vestidinho rodado, cor creme com uma fita branca na cintura e uma faixa também branca no cabelo liso e com as pontas loiras. No sonho a minha avó falava que eu tinha mudado muito, depois que meus pais se separaram, minha mãe casou com outro, meu pai também vivia cheio de namoradas, umas tinham a minha idade, e ela me pedia que eu ficasse calma, e que não estragasse a minha vida por causa deles, e que eu não desistisse de ter um amor, uma família só porque a minha não deu certo. Eu chorava no sonho, eu raramente chorava com vontade, a última vez foi quando meu pai disse que estava se separando da minha mãe, e que tudo era culpa minha. Minha avó segurava meu rosto e dizia que ficaria tudo bem, porque eu estava em boas mãos, e que se ela sentia minha falta, mas que cuidava de mim lá de cima, me beijou a  testa e disse que o bolo estava queimando, levantou-se rapidamente e entrou na casa, e não saiu mais. E foi aí que acordei, levando um susto ao abrir os olhos e ver Bill na minha frente, prestando atenção enquanto eu dormia.

-         Não faz isso!! Você quase me mata de susto... de novo!- Me levantei assustada com as mãos sobre o rosto.
-         Me perdoa? – pediu arrependido.
-         Não... droga,  desculpa, é que eu ainda não me acostumei com tudo isso, e eu acabei de sonhar com a  minha avó. Ela disse que eu estava em boas mãos, Será que ela estava falando de você? -  estava sentada na cama e me abracei ao travesseiro, olhando para Bill pensativa.
-         Não sei.
-         Que horas são, por favor?
-         22h. -  Disse olhando para o relógio que ficava ao lado da minha cama.
-         Ai droga, to tão cansada.
-         Você não precisa ir pra boate se não quiser.
-         Ahhh engraçadinho, ta jogando verde né? Sabe que boate é o antro de perdição, por isso ta falando isso, quer começar a sua missão já né? – Disse sorrindo.- esse é irmão desse, sou loira, mas não sou burra. – falei debochada.
-         Eu gosto da cor do seu cabelo. -  Elogiou observando meu cabelo e me fazendo ficar com vergonha pelo comentário. O que era estranho, pois eu jamais senti vergonha de algum homem, muito pelo contrário, se o Damon... quer dizer, o Damon, ou os homens com quem eu costumo sair não falam do meu cabelo, eles falam que minha bunda é gostosa, que eu tenho os seios lindos, mas que gostam do meu cabelo? Nunca, talvez por isso eu tenha ficado envergonhada pelo elogio do punk.
-         Bom... er... eu vou me trocar, tenho que ir trabalhar... de novo. -  Disse pulando da cama e indo até meu guarda roupa. Não me importei muito e para falar a verdade resolvi fazer um teste. Virei de costas e me troquei ali mesmo, na frente do punk, a porta do guarda roupa estava cobrindo meu corpo quase todo, mas ele podia ver minha sombra e partes, como perna e braço surgindo enquanto eu me esticava para me vestir. Fechei a porta e ele ainda estava lá sentado, olhando nada, me olhou de cima a baixo e sorriu.
-         Você está muito bonita com essa roupa. –Elogiou me olhando nos olhos agora.
-         Obrigada, se você tivesse um pouco mais de vivência nesse mundo, você falaria que estou parecendo uma stripper. – Comentei dessa forma, pois eu estava com uma micro saia branca, e um top prateado. -  Vou arrumar o cabelo e me maquiar.

É incrível, mas Bill me maquiou. Fez a maquiagem que ele fez nele, quer dizer, eu perguntei e pelo que pareceu, o recipiente dele é que se veste assim mesmo, então ele “herdou” o dom de maquiador do recipiente que até então não sabia se estava vivo, morto ou dormindo dentro daquele corpo. A maquiagem ficou perfeita e arrumei meu cabelo, deixei ele preso num rabo de cavalo alto e alguns cachos nas pontas, coloquei várias pulseiras prateadas, passei um gloss transparente e me despedi de Bill que disse que ficaria assistindo tv.
-         To indo Bill, até mais tarde.
-         Até mais.



Fui andando até a boate que ficava perto de onde eu morava, atenta a qualquer movimento, depois do que havia acontecido com aqueles marginais, não poderia dar mole, ainda mais do jeito que estava vestida.
Trabalhei como louca, a boate estava cheia, pois era sexta-feira. Tocava a música Just Dance da Lady Gaga quando apareceu no balcão pedindo um Martini com duas cerejas, aquele que mais me fez sofrer de paixão. Ethan. Ele era o homem dos meus sonhos. O conheci quando cheguei aqui, ele estudava na NYU e eu trabalhava de garçonete em uma cafeteria próxima ao campus. Ele ia todo dia para conversar comigo. Ele era o típico sonho americano, loiro, alto, ombros largos, olhos profundos e azuis. Depois de quase dois meses só pedindo café e me perguntando como falava alguma coisa em português ele teve coragem de me pedir para sair com ele. E foi tudo muito clichê, cinema, pegação, meu apartamento e  sexo. Mas não tinha sido só sexo pra mim, ele era tão diferente, não me tratava como uma brasileira fácil, ele era carinhoso, me tratava como um princesa. Mas tudo veio abaixo quando conheci a família dele, que mesmo me tratando com cordialidade num jantar de ação de graças, fizeram o favor de armar uma cena, fizeram ele acreditar que queria usá-lo para ter uma carreira, para ter um sossego, e ele acreditou. Éramos muito diferentes socialmente, e por mais que parecesse perfeito, aquilo começou a destruir nosso relacionamento, e foi aí que retomei a minha vida rebelde, a mesma que queria ter deixado no Brasil. O namoro não durou nem um ano, ele terminou comigo dizendo que iria estudar em Londres, reapareceu três meses depois noivo de uma riquinha nerd e meu mundo acabou. Meu mundo sempre acabava quando eu o via, mas como não demonstrava, ele fazia o favor de aparecer todo feliz para me atormentar.

-         Oi Sarinha. – Disse sorrindo.-  Sabia que te encontraria aqui.
-         Por que será né? Minha vida não vai sair daqui mesmo.- retruquei já colocando os drinks sobre o balcão.
-         Quanto é?
-         Essa é por minha conta.
-         E aí como você está?
-         Estou ótima, obrigada e você?
-         Vim comemorar.
-         Jura?- Fingi estar interessada no por que.
-         Vou me casar amanhã, acredita nisso?
-         Acredito, você nasceu para ser um homem de família.
-         E você, ainda nessa vida de deixar todos os homens caindo de amores por você e você não dando bola para nenhum deles?
-         Aham.
-         Você realmente é doida, mas eu sei que essa frieza toda é só charme, um dia você vai encontrar um cara legal, vai se apaixonar e sossegar. – Bebeu um gole do drink.
-         Não, não quero mais...-  Fiz uma pausa levantando o balcão. – O cara legal que eu queria vai sossegar amanhã.-  Desabafei saindo dali, me segurando para não desabar e entrando na multidão, sem olhar para trás, sem olhar para Ethan.

Angel In Disguise - Capítulo 6

-         Que sonho estranho.-  Me espreguicei abrindo a maior bocarra num bocejo preguiçoso. – Que cheiro é esse? -  Respirei ao sentir um cheiro de café.- Ué, não chamei o Damon para vir pra cá.- Comentei comigo mesma, me levantando da cama, ou melhor, me arrastando para fora dela e indo para a cozinha.

Ao abrir a porta levei um susto.

-         Bom dia.-  Bill sorriu largamente colocando duas xícaras sobre a minúscula mesa de vidro. -  Eu fiz café.- Disse agora observando minha cara de “Não estou entendendo nada”. -  Esqueceu de mim? -  Perguntou levantando a sobrancelha.
-         Não, quer dizer... eu pensei que ontem tivesse sido um sonho, mas parece que não. – Disse fazendo uma cara indiferente e indo até a cozinha.- O cheiro ta bom pelo menos, você aprendeu a fazer café?
-         Eu gosto muito de café. -  Disse animado sorrindo de novo.
-         Nunca vi alguém tão feliz por causa de café, mas enfim, no céu não deve ter café né? -  Disse indo me sentar e Bill veio em minha direção e afastou a cadeira para que eu pudesse sentar. -  Obrigada.-  Agradeci o olhando enquanto ele ia até a cafeteira.
-         Eu não sei se ficou bom, mas fiz umas coisas que já comi também, panqueca o nome, eu vi que tinha a massa pronta na geladeira e fiz conforme as instruções. – Disse olhando o prato cheio de panquecas.-  Na embalagem estava falando que era aconselhável servir com mel ou chantilly, então eu fui comprar os dois. – Disse colocando o chantilly e em seguida o mel sobre a mesa.

Eu fiquei parada olhando para o prato de panquecas, elas estavam perfeitas.

-         Que injustiça... – Pensei alto, agora olhando para ele soltando sorriso aberto e inconformado. -  Eu sempre tentei fazer essas malditas panquecas, e as filhas da mãe nunca saíam assim, sempre ficavam murchas ou queimavam. Fala a verdade, você fez alguma mandinga angelical pra deixar elas assim perfeitas não fez não? -  perguntei o fitando com olhar duvidoso.
-         Eu só fiz o que estava indicado na embalagem. -  Respondeu dando ombros e fazendo bico de peixe.
-         Certo, você está há o que... dois dias na Terra? E sabe fazer panquecas e café perfeitamente, e eu nasci aqui e não sei fritar um ovo. – Disse comendo um pedaço da panqueca e não pude evitar de soltar um “hmmmmm que delícia”, pois aquilo estava o paraíso... ironicamente. -  Você não vai comer? -  Perguntei com a boca cheia, não conseguia parar de comer as panquecas.
-         Não, eu não preciso me alimentar muito. -  Disse puxando uma cadeira e sentando.
-         Mas, então você fez café só pra mim?
-         Sim.
-         Não precisava.
-         Precisava, se não fizesse você não teria o que comer.
-         Eu como na lanchonete, não precisava perder seu tempo comigo. -  As garfadas nas panquecas eram cada vez maiores, fazendo parecer que eu estava morrendo de fome, mas era pura gula, pois aquilo estava bom demais.
-         Eu estou aqui justamente para perder meu tempo com você, esqueceu? -  Disse com os cotovelos sobre a mesa e as mãos sobre o queixo. Ele era muito bonito sem maquiagem.
-         É né.  -  Disse balançando a cabeça enquanto tomava um gole de café. – Meu Deus! Esse é o melhor café que eu já tomei, e olha que eu recebo mil elogios pelo meu café, mas o seu... é muito melhor. -  O olhei rapidamente e voltei a dar outro gole no café.- Bom, já que vamos passar um tempo juntos, acho que você precisa me dar algumas explicações. – Terminei afastando o prato de panquecas e o café.
-         Quais? -  me perguntou agora encostando na cadeira e cruzando os braços.
-         Primeiro, desde quando você desceu?- perguntei apontando para o teto.
-         Três dias.
-         Hmm, e esse corpo não é seu, ou é?
-         Não, não é meu.
-         De quem é? – Franzi a testa curiosa.
-         Não posso falar sobre isso. – Desconversou me olhando fixamente.
-         Como não? Você possuiu o corpo de alguém, como não pode falar sobre isso? É segredo celestial?
-         Sim, é. Eu posso responder suas perguntas, qualquer uma, mas nenhuma relacionada ao meu recipiente.
-         Seu... recipiente? É assim que vocês nos chamam? De recipiente?
-         Exato.
-         Ta ok. Quanto tempo você tem para ficar aqui na Terra?
-         Vai depender de você, o tempo é indeterminado, porém se eu conseguir alcançar meu objetivo amanhã, eu volto amanhã.
-         E o seu objetivo é o que especificamente?
-         Fazer com que você recupere sua fé, e pare de se destruir.
-         Seu objetivo é me levar para igreja e me converter então?
-         Não, você não entendeu. Não é algo que envolva uma religião, fé e religião não são a mesma coisa, você perdeu, ou melhor, esqueceu da sua fé, e eu preciso que você a recupere, só isso.
-         Não vai ser fácil, já estou avisando. Eu acredito em coisas boas, só não acho que seu Deus ajude em alguma coisa. Minha vida é uma merda, mas eu vejo coisas muito piores. Se supostamente somos filhos de Deus, que tipo pai deixa um filho morrer de fome? De sede? Que Deus é esse que deixa pedófilos e traficantes vivinhos e saudáveis e crianças puras,cheias de vontade de viver, como a Vitória, doentes com os dias contados para morrer? -  Fiz uma pausa para olhar a face de Bill que estava séria, e ele prestava atenção em cada sílaba que saía da minha boca. -  Não meu amigo, vai ser MUITO difícil você me provar que existe um Deus que se importa conosco. Se ele existe ele só se preocupa com o umbigo dele.
-         Você está certa.-  Disse calmo e sua resposta me fez ficar espantada. – Você tem razão em se questionar, mas isso é fruto do livre arbítrio. Deus não nos manipula como fantoches, Ele deu a liberdade de escolha para o ser humano, e as doenças e a maldade são fruto das escolhas feitas pelos homens. Enfim, nós teremos tempo, eu estou aqui para lhe ensinar, e não para lhe forçar, é algo que tem ocorrer naturalmente, e de certa forma eu também estou aqui para aprender com você. -  terminou se levantando e pegando as coisas da mesa para guardar. -  Você precisa de mais alguma coisa?
-         Não... não preciso, obrigada.-  Ainda estava pensativa e surpresa pela reação dele ao meu desabafo, ele parecia tão seguro de que iria me mudar, e não parecia estar com pressa. -  Bom eu preciso ir, a Lourdes deve estar me esperando já. Você pode ficar aqui se quiser.
-         Não, eu quero ir com você, posso? -  Pediu colocando as louças na pia.
-         Ta bom, mas lá é tão chato, você vai ficar entediado.
-         Não, não vou.
-         Você que sabe, mas se troca antes, eu vou me trocar e já venho.-  Me levantei da mesa e fui para meu quarto, coloquei uma calça jeans clara, um top preto, um cachecol lilás e um casaco de lã preto. Sai do quarto ele estava todo de preto e com seu sobretudo de couro, o cabelo estava intacto, para cima e avante. Deus como aquele punk era lindo!
-         Vamos? -  Perguntei o olhando de cima a baixo.
-         Vamos. -  Respondeu como uma criança animada para ir ao parquinho.

Angel In Disguise - Capítulo 5

-         Meu?
-         Sim.
-         Então você é um anjo particular?-  Disse fazendo Bill sorrir...como um anjo.
-         A maioria diz anjo da guarda.
-         Isso só pode ser brincadeira. Isso não existe.
-         O que? Anjo?
-         Tudo isso, anjo, demônio, Deus, diabo.
-         Se anjos, ou Deus não existe, o que eu sou então? Você viu com seus próprios olhos.
-         Não sei, eu estava bêbada. – Retruquei tentando desviar o olhar completamente debochada.
-         E quando você não está não é mesmo? -  Perguntou arqueando a sobrancelha.- É por isso que eu estou aqui.
-         Para me deixar sóbria? -  Perguntei levantando a sobrancelha.
-         Não, para fazer você recuperar sua fé.
-         Fé?? Que fé? Em Deus?
-         Sim.
-         Hahahaha, escuta punk, Bill,  anjo, ou seja lá o que você for. Eu não caio nessa.
-         Ele ama você Sara, Ele sabe que seu coração é bom, Ele se importa com você, sabe dos seus esforços, por isso Ele me mandou para te ajudar.

Aquilo me emocionou, mas não foi de felicidade, mas de raiva.

-         Pode mandar um recado pro seu “chefe” então Bill, diga a ela para me esquecer. Diga a Ele que existem dezenas de crianças naquele hospital, doentes precisando de um anjo para salvá-los, eu não preciso de salvação nenhuma, eles precisam. Vai embora e me deixa em paz!-  gritei vendo Bill sério vir até mim. Ele se ajoelhou entre minha perna e me olhou nos olhos.
-         Está vendo? Vê como seu coração é bom? Você quer ajudar aquelas crianças, mas acontece que para elas serem ajudadas eu preciso de você, e preciso de você bem. – Disse com a mão no meu queixo -  Mas eu preciso que você me deixe te ajudar, preciso que você fale com suas palavras, que me aceita como seu guardião.
-         Não,  eu não conheço você, quer dizer.... cara, isso não...por que eu? -  Perguntei confusa.
-         Eu não sei, só obedeço ordens, mas deixe descobrir o porque Sara? Deixe-me te ajudar? Você pode negar, mas sua vida caminha para o fim, acredite, eu vi como acaba e não é o que alguém como você merece. -  Disse me olhando com ternura e havia súplica escrita em seus olhos brilhantes.
-         Ta... eu não acredito, mas se é para acabar logo com essa loucura, seja o que for, só quero que acabe logo, eu aceito você como meu anjo particular, satisfeito?- respondi com medo, não dele, mas daquela situação.
-         Certo, me dê sua mão. -  pediu.
-         Pra quê?
-         Para te mostrar algo.

Dei minha mão que ainda estava doendo e enfaixada depois do ataque e ele colocou a palma da mão fina e delicada sobre a minha e senti cócegas. Ao tirar a mão dele da minha senti um alívio e ele me pediu para mexê-la. Eu mexi e não sentia mais aquela dor incomoda toda vez que dobrava o pulso. O olhei admirada e ele me olhava incógnito, se levantou e estava indo a caminho da porta.
-         Calma, você já vai? -  Perguntei.
-         Já, você disse para eu ir embora.-  respondeu calmo.
-         Você mora onde?
-         Em todo lugar.
-         Em todo lugar fica onde exatamente?
-         Eu não durmo.
-         Não?
-         Não.
-         Mas você fica na rua?
-         Fico.
-         Sozinho?
-         Sim, sozinho, quer dizer, eu observo, aprendi muita coisa...
-         Como o que? -  O interrompi curiosa.
-         Café é bom, fogo dói, faca corta... e dói também.-  Ele disse de uma forma tão ingênua que me fez rir. – Porque está rindo?
-         Você nunca viu nada disso, nunca tinha comido? Vocês passam fome no céu?-  Brinquei sem fazer ele sorrir.
-         Não, não precisamos de comida lá.
-         Certo, você quer comer, ta com fome?
-         Fome é quando a barriga faz barulho certo ? -  me perguntou com olhar confuso.
-         É, normalmente sim. Sua barriga ta fazendo barulho?
-         Um pouco.
-         Então é fome, vem, eu vou fazer algo pra você comer.

Fiz feijoada light, expliquei que era uma comida do meu país e ele disse que feijão era forte, eu ri muito com as caras que ele fazia ao descobrir os gostos das coisas e não conseguia cair à ficha de que ele realmente era um anjo, para qualquer outro ele seria um retardado que achava que tinha poderes, mas eu tinha visto com meus próprios olhos, ele era mesmo um anjo. Ele comeu e repetiu, fiquei impressionada com a capacidade de armazenamento do punk e ao vê-lo levantando e indo embora lembrei de como ele havia descoberto somente as coisas boas até agora. Na hora lembrei de como existem seres humanos maus no mundo, e que alguém poderia se aproveitar da ingenuidade e bondade dele e machucá-lo. Desci as escadas correndo e o gritei quando ele virava a esquina.
-         Ei Bill. – Ele se virou e me olhou curioso.
-         O que foi? Você está se sentindo mal? -  Me perguntou preocupado.
-         Não, eu to bem... é... enfim... você vai ficar onde, quer dizer... Vai dormir na rua?
-         Eu não durmo.
-         Ta, esqueci, é verdade, merda...- bati em minha cabeça me chamando de idiota. – Você não precisa ficar em todo lugar, já que você... – parei e pensei “não acredito que estou fazendo isso”.- já que você é o meu anjo particular, nada mais justo do que você ficar comigo. Além do mais, tem muita gente perigosa na rua e você é um pouco bobo ainda como humano.
-         Obrigado. -  Agradeceu pelo convite, mas fez parecer que tinha agradecido por tê-lo chamado de bobo, o que me fez rir novamente.
-         Você está sorrindo mais. -  Comentou me fazendo parar de rir. -  Já estamos progredindo.
-         É, enfim, você quer ficar no apê? É pequeno, mas é seguro e o sofá é bem confortável, você não dorme, mas não quer dizer que tenha que ficar no chão gelado.
-         Certo, não vou te incomodar?
-         Não, quer dizer, não vou poder andar só de calcinha pela casa, mas enfim, isso é o de menos, tirando o fato de estar hospedando um anjo que quer me salvar da perdição. -  balancei os ombros aguardando sua resposta.
-         Eu aceito.
-         Certo, vem, vou mostrar onde você não vai dormir.-  terminei o chamando e vendo ele caminhar atrás de mim e em seguida ficando ao meu lado, e segurando meu braço ao atravessar a rua. O olhei e um carro passou a toda velocidade dois segundos depois dele segurar meu braço. Eu ri e ele apenas soltou meu braço sem me olhar e subimos.

Mostrei o banheiro, onde ele deveria tomar banho, expliquei pra que servia o shampoo e o condicionador, dei uma toalha e roupas, roupas de quem eu não sabia, mas eram masculinas e estavam limpas. Forrei o sofá com alguns lençóis e coloquei dois travesseiros.

-         Você pode...ai meu Deus! -  falei ao vê-lo saindo nu do banheiro. – Pega a toalha, a tolha que você se enxuga e cobre a parte de baixo do seu corpo, por tudo que é mais sagrado! -  falei tapando meus olhos com o travesseiro, sem nem saber porque estava fazendo aquilo.
-         Pronto. O que eu fiz de errado?
-         Bill, quando você for tomar banho, você SEMPRE tem que sair com a toalha nessa parte. -  Disse mostrando a parte inferior do corpo dele e sem conseguir desviar o olhar da tal parte.
-         Por que? – Me perguntou ingênuo pegando a toalha e finalmente tampando sua intimidade.
-         Ai não, eu tenho um anjo que não sabe nem o que é um piu-piu.
-         Piu-piu? Não aquele desenho...
-         Éhh, é uma coisa que você tem ai, pendurado, porém você não pode sair falando ou mostrando ta bom, você tem que guardar ele, usar só pra fazer xixi, sabe o que é xixi? -  Estava me sentindo uma retardada, ou melhor uma babá ensinando o que é xixi para um bebê.
-         Claro que sei, quando a gente bebe, tudo que é líquido sai por aqui. Mas o nome que me falaram é diferente.
-         Bom, tem vários nomes, mas não acho bom agente conversar sobre isso, o importante é você cobrir toda vez que tomar banho e sair do banheiro, combinado.
-         Ta bom.
-         Olha, preparei sua cama, você pode pegar o que você quiser na geladeira, eu vou dormir porque estou morta de sono.
-         Boa noite. – Disse vestindo a camiseta do Aerosmith e pegando uma calça de moletom que tinha dado a ele.
-         Boa noite, durma com os anjos.-  brinquei entrando no quarto e fechando a porta.

Angel In Disguise - Capítulo 4

Damon




Acordei bem melhor, acordei com a enfermeira loira chata e alta abrindo a cortina do quarto.
Eu odiava ser acordada, eu sempre acordei sozinha.
Levantei e a primeira coisa que veio em minha cabeça foi Vitória e Punk, ou melhor... Bill. O que foi a noite anterior? Um sonho?
Levantei-me e fui direto para o tal quarto das crianças. Chegando lá não tinha ninguém.

-         Você está procurando alguém querida? -  A enfermeira legal, uma negra forte com sorriso branco pegou em meu ombro e olhou junto para o interior do quarto vazio.
-         A Vitória. – Disse ainda olhando para o interior do quarto. -  Ela existe? -  Perguntei um pouco aérea, ouvindo uma risada gostosa da enfermeira que não entendeu o porque da minha pergunta e respondeu.
-         Elas estão na sala de brinquedos. Fica no final daquele corredor, a princesinha está lá também. -  Respondeu indicando com a mão onde ficava a sala.

Encontrei-me com o médico no caminho e ele resolveu me liberar, acabei pedindo para ficar um pouco, só até falar com Vitória. Ele me permitiu e continuei caminhando até ouvir umas vozes de crianças cantando uma música em inglês e uma voz masculina, mais grave e completamente afinada ao som do piano.
Chegue à porta e a cena me paralisou. Era ele... o Punk, o Bill, sentado no piano, tocando e cantando aquela música alegre junto com as crianças. Ele estava de costas e percebi que era ele pelas vestes escuras e o cabelo quilométrico. Uma das crianças, de bata rosa com corações se virou e chamou meu nome enquanto eu estava paralisada, olhando para a figura no piano.

-         Oi tia Sara. -  A voz me despertou e senti algo me apertando pela cintura.
-         Oi linda.- Disse a abraçando e dando um beijo em sua cabeça. Ele se virou e me olhou profundamente, parando de tocar o piano.
-         Palmas para o Bill.-  Disse uma das enfermeiras que acompanhava as crianças.

Tinham três enfermeiras e elas estavam babando no punk, ele se levantou e agradeceu, as crianças gritavam o nome dele e ele saiu distribuindo apertos de mão e leves abraços nos pequenos que queriam tocar seu cabelo e ficavam impressionados com seu estilo.

-         Olha Bill, a Sara está aqui.- Vitória ainda abraçada em minha cintura olhou para Bill que acenou com a cabeça. -  Ela ta dodói também.- Disse espontânea. -  Ela caiu da e bateu o olho, você vai cuidar dela? – Perguntou me soltando e me deixando sem reação.
-         Sim, eu vou sim.-  Disse passando a mão sobre a cabeça de Vitória e me olhando fixamente ao dizer que iria cuidar de mim. -  Se ela permitir.
-         Você vai deixar né tia Sara?- A menina perguntou me olhando e Bill e eu apenas nos encarávamos. -  Né tia? -  Perguntou novamente ao não obter uma resposta minha.
-         Sim querida, ele vai.-  Nem sabia o que estava respondendo, apenas encarava o Punk que retribuía o olhar.

Saí da salinha incomodada, me vesti e sai do hospital correndo. Sendo barrada por Bill quando tentava entrar no táxi.

-         Você não se despediu dela. -  Disse calmo parando a porta do táxi.
-         Me deixa em paz. -  Disse nervosa forçando a porta para fechar.
-         Ela é só uma criança.
-         E você é um idiota por querer usar uma criança para se aproximar de mim.
-         Sara, eu só quero te ajudar.
-         Você quer me ajudar mesmo?
-         Quero, só posso te ajudar se você me permitir, se sair da sua boca a permissão.
-         Então aqui está minha permissão. SUMA da minha frente, eu mal te conheço, não quero sua ajuda, ta ok? Fui clara o bastante?  Tchau! – falei autoritária vendo Bill fazer uma cara de desapontado e soltar a porta, ela acabou batendo com força e o taxista indiano disse duas palavras, provavelmente me falou mal por ter deixado a porta bater, e saiu para o destino que tinha indicado... minha casa.



Passaram-se duas semanas e eu não consegui dormir direito essas duas semanas que passaram, trabalhava como zumbi na lanchonete e na boate, só ficava ligada porque tinha meu “combustível”. A boate estava vazia, o pessoal da limpeza estava terminando de arrumar a bagunça e eu estava indo até a chapelaria para pegar minha bolsa e ir para casa.
Encontrei Damon no vestiário e eu já sabia o que ele queria, sexo. Ele sempre me esperava no vestiário quando queria, era o sinal dele.

-         Você está melhor hoje.- Afirmou me olhando de cima a baixo. -  Ta pronta pra continuar a noite?- Me perguntou com um sorriso malicioso.
Damon era o típico cara que toda mulher que ir para cama. Ele sabe o que faz nela e não é típico cafajeste que some no dia seguinte. Ele não liga no seu celular e te fala juras de amor, mas pelo menos faz o melhor café da manhã e leva na cama pra comer, ainda pede mais depois do café e termina levando a mulher na porta de casa... a não ser quando ela casada, aí, ele paga o táxi. Moreno, alto, inteligente, rico e sedutor, tudo o que uma mulher quer, no entanto ele não quer uma mulher, e sim todas.
-         É estou melhor, valeu por me dar uns dias de folga.-  Agradeci sorrindo e soltando o cabelo.
-         Vem aqui.-  pediu esticando a mão.-  Quero sentir seu corpo.
-         Hoje não dá Damon.
-         Ta me traindo? -  Perguntou sorrindo.
-         Estou, com meu travesseiro.
-         Jura? Ele é mais gostoso que eu? – Sorriu mais largamente ainda com a mão esticada.
-         Não, não é. Mas eu estou cansada.
-         Desde quando você está cansada para uma boa noite de sexo?
-         Desde que fui atacada por três babacas enquanto saía daqui.
-         Desculpa... comentário infeliz o meu. É que te vendo com essa roupa, saudade do seu corpo, saudade do seu cheiro, dessa sua boquinha deliciosa.
-         Ta Damon, pára... to ficando...
-         Excitada? Essa é a intenção.-  Disse balançando a cabeça, me fazendo ir até ele e beijá-lo com excitação. Os beijos com ele eram sempre assim, cheios de tesão, porém rápidos.

Fomos rapidamente para seu carro e entre faróis nos beijávamos loucamente, sedentos um pelo corpo do outro, com uma garrafa de vinho na mão, bebíamos no gargalo dávamos amassos até que ouvimos um barulho, Damon havia atropelado alguém.

-         Meu Deus Damon! – Disse desesperada com as duas mãos na boca.
-         Caralho, não acredito. Fique aqui!! Não sai do carro.-  Ordenou, mas não obedeci. Saí do carro e fui direto para a parte da frente, enquanto Damon havia olhado a parte traseira, vi o corpo no chão e o virei morrendo de medo, e ao ver quem era gritei desesperada.
-         BILL! -  Gritei e seu rosto estava com um machucado enorme na testa e ele começava a acordar. -  Ai não, você está bem? Fala comigo, você está bem? – Perguntei vendo o machucado na face dele se curar. O soltei e cai de bunda no asfalto de tão assustada. Damon havia escutado meu grito e veio imediatamente a meu encontro.
-         Você conhece ele?
-         Não..é..conheço...o que foi....quem...o que é você?? -  Perguntei completamente descontrolada enquanto ele se levantava.
-         Cara, você está bem?? Acho melhor te levar pro hospital.
-         Acabei de voltar de lá, eu estou bem, obrigado.
-         Como assim? Não ta sentindo nada? A batida foi forte...- Damon estava com as mãos na cabeça e ao mesmo que respirava de nervoso, respirava aliviado por ver Bill inteiro ali.
-         Eu estou bem.
-         Você quer uma carona pra casa? -  Damon perguntou.
-         NÃO!! – Respondi me levantando.-  Ele não quer, ele ta bem e vai pra casa dele.
-         Sara, a gente atropelou o seu amigo, quase matamos ele e você quer deixar ele aqui pra ir sozinho, a pé pra casa dele? -  Damon estava mais sóbrio que eu e me olhava estranho.
-         Não tem probl.... -  Bill não terminou a frase, cambaleou e desmaiou, sendo seguro por Damon.

Aquilo estava sendo um inferno, um tormento. Levamos Bill para meu apartamento, afinal ele havia desmaiado e não queria saber de Damon interrogando Bill, ainda mais depois da cena que tinha visto, EU tinha perguntas para aquela coisa deitada em meu sofá.
Estava de joelhos sobre ele e olhava sua face, ele era perfeito, tinha os traços faciais perfeitos, nariz, boca, olhos, orelha, tudo simetricamente perfeito. Olhei a testa onde havia um corte que havia se curado sozinho e o toquei para verificar se tinha alguma coisa ali. Sua pele era macia como veludo e apenas o toquei com a ponta dos dedos, e recebi seu par de olhos castanhos, num tom chocolate com mel me olhando fixamente, como um tigre. Afastei minha mão e meu corpo e sentei no outro sofá em questão de segundos e ele continuou me olhando.

-         Eu to com medo, pára de me olhar assim. -  Falei juntando minhas pernas perto do corpo em posição fetal.
-         Não precisa ter medo, eu não vou te machucar Sara.
-         Quem é você?
-         Eu sou o Bill.
-         Não, você sabe do que eu to falando. Você sabe meu nome inteiro, e não me fale que viu no meu crachá porque nele só tem meu primeiro nome. Você não é daqui e você conhece a Vitória e as crianças do hospital, e agora... eu...quer dizer, aquela batida... ninguém sairia inteiro de uma batida daquela, e você, sua testa... curou sozinha. -  Fiz uma pausa o vendo completamente calmo me olhando com ternura.
-         A pergunta certa não é quem sou eu... é isso que você esta penando não é?- Me perguntou me fazendo balanças a cabeça em positivo. -  Você quer saber...
-         O que é você? -  Perguntei fechando os olhos pensando no pior.
-         Um anjo.-  Respondeu na maior naturalidade.
-         Um anjo? Um anjo do que? Da morte, da paz, das roupas góticas? Que tipo de anjo?-  perguntei cruzando as pernas e o olhando ainda assustada, porém mais curiosa do que assustada.
-         O anjo da Sara. -  Respondeu com a voz calma e lenta.

Angel In Disguise - Capítulo 3

Eu não estava completamente destruída, mas também não estava inteira. O médico queria que passasse a noite no hospital e eu não queria de maneira nenhuma, tinha trauma de hospitais, só o cheiro daqueles remédios me dava náuseas. Implorei para que o médico me liberasse, mas foi em vão. Tive que ficar em observação e ainda por cima falar com policias que queriam saber do ataque e se eu queria prestar queixa contra os bandidos. Disse que não, até porque pediriam os exames que com certeza constataram o uso de álcool e drogas, então achei melhor ficar quieta e deixar as feridas sararem com ajuda de uma boa garrafa de uísque. Mas não naquela noite, pois teria que ficar naquele maldito hospital.
As meninas da boate me ligaram e eu avisei que teria que ficar de observação, elas ficaram preocupadas, ou fingiram muito bem e disseram que avisariam o Damon que eu ficaria ausente por alguns dias. Liguei para a única pessoa que eu tinha alguma ligação, Lou, ela ficou desesperada e falava em espanhol, as únicas coisas que entendia eram ‘Dios’ e “La virgem”. Lou insistiu em me visitar e ficou espantada ao ver meu rosto completamente machucado, meu olho direito roxo, meu pulso esquerdo enfaixado e minha boca cortada, fora os arranhões e hematomas da queda. Ela ficou um pouco comigo e disse que ficaria, mas como havia polícia no local e ela era ilegal, achei melhor que ela fosse mesmo para casa.
Era noite de novo e eu estava assistindo absolutamente nada na TV, pois não estava prestando atenção em nada, estava um pouco sonolenta pelos remédios e sentia frio, decidi sair um pouco e levei o soro junto comigo. Aquela seria minha peregrinação hospitalar noturna. Olhei para os lados e o corredor estava deserto, cheguei ao final do corredor e vi uma sala enorme, ao lado dela tinha uma plaquinha minúscula, com letras mais minúsculas ainda, escrito “Tratamento infantil”. Ao ler a plaquinha em voz baixa olhei para o vidro e pude ver várias caminhas e corpinhos respirando em cima delas. Olhei para os lados e abri a porta, entrei no quarto e comecei a observar cada corpo dormindo ali, pareciam anjinhos, todos de branco e dormindo um sono profundo, a maioria deles estavam carecas e eu passeava com cuidado para não fazer barulho. Vi uma das crianças descoberta e fui até ela para cobrí-la, era uma menina de aproximadamente cinco anos, percebi pela boneca de cabelos louros que estava sendo esmagada pelos braçinhos frágeis e brancos daquele anjo. Sorri e senti um aperto no coração ao ver furos na mãozinha da pequenina, balancei a cabeça negativamente, sem conseguir me conformar em como poderia acontecer isso com um ser inocente como aquela menina. Uma lágrima estava presa, mas não saiu e eu me levantei pronta para voltar para meu quarto, escutando uma voz fraca e cansada.
-         Oi tia.-  Disse a menina que estava com a boneca
-         Oi anjinho, desculpa, te acordei?
-         Não, você ta dodói? – perguntou sussurrando depois de limpar os olhos e ver meu olho roxo que ficou mais evidente devido a luz da lua que refletia dentro do quarto.
-         Aham, a tia caiu e bateu o rosto no chão.
-         Sabe tia? Eu também estou dodói, minha barriga dói muito e até sai sangue da minha boca.- Disse com uma ingenuidade que me cortou o coração.- Mas a minha mãe falou que daqui a pouco eu saro e quando eu sair vou comprar um cabelo igual ao da minha boneca.- Terminou otimista e me mostrando a boneca.
-         É meu amor, você vai sim, você vai ficar linda com o cabelo da sua boneca, vai ficar uma princesa.- Disse acariciando sua carequinha.- Eu vou indo ta bom? Vou deixar você dormindo.
-         Amanhã você volta?
-         Não sei, volto sim... como é seu nome?
-         Vitória, e o seu tia?
-         Sara.
-         Tia?- Perguntou piscando os olhos de tanto sono.- Você manda oi pra ele? – A menina parecia não saber o que falava.
-         Pra ele quem?
-         Pro Bill.-  Falou com a voz quase inaudível apontando para a porta do quarto e eu apenas a vi deitando novamente na cama e dormindo profundamente.

Saí do quarto triste pelas crianças e respirei fundo para voltar pro meu quarto. Abri a porta lentamente e ao entrar e ascender à luz levei um susto.
-         Meu Deus do céu!! – Falei colocando a mão no coração e o sentindo sair pela boca.
-         Desculpa.- Disse o punk realmente ressentido por ter me assustado.
-         O que você quer aqui assombração?? – Perguntei ainda ofegante pelo susto. -Já sei, você a morte não é? Por isso te vi ontem de manhã no café e por isso você apareceu hoje à tarde? Você quer me levar né? Mas saiba você morte desgraçada que EU NÃO VOU. Tenho muito o que viv...
-         Se destruir ainda, não é?- Me interrompeu colocando palavras na minha boca. Disse calmo escorado perto da janela com as longas pernas finas esticadas e os braços cruzados perto do tórax.
-         Então é verdade... você não é real? É um fantasma?
-         Não, não sou um fantasma, não sou a morte, muito pelo contrário, eu estou aqui para ajudar você a salvar a sua vida... e sim, eu sou real Sara.
-         É merda nenhuma! Esse maldito soro dos infernos que me deram, deu efeito alucinógeno.- resmunguei balançando o soro.
-         Você não tomou soro ontem de manhã quando me viu, embora você tenha cheirado aquela droga na cozinha e no banheiro, na sua casa, no bar todos os dias...
-         Então você é um psicopata que me segue, o que foi? Transei com você e disse que foi uma merda, e agora você quer me torturar psicologicamente? – Fiz uma pausa colocando a mão na boca.-  Peraí...- Fiz outra pausa.- Foi você que mandou aqueles caras me atacar não foi?
-         Não, eu já disse que eu te achei...
-         Não achou coisa nenhuma! Os policias disseram que uma velha de cabelo azul me achou e chamou a polícia, e você não tem nada de velha e muito menos tem o cabelo azul.-  Disse de braços cruzados interrogando o par de olhos castanhos brilhantes cobertos pela maquiagem negra e um sorriso largo e indescritível brotar na face do Punk quando o comparei com uma velha.
-         Eu preciso ir Sara, e você precisa dormir, uma das enfermeiras virá te ver daqui a 5 minutos, eles não podem me ver aqui.
-         Ta, então vai, eu quero ver você sair andando por aquela porta, só assim vou acreditar que você existe.-  Disse indo até a porta e abrindo. -  Anda.- Ordenei olhando fixamente na figura que se mexeu e caminhou lentamente até a porta olhando em meus olhos.
Andou em silêncio até chegou a passar pela porta e voltou para me perguntar.

-         Você não tem um recado de alguém para me dar?-  Perguntou com a sobrancelha levantada.
-         Recado de quem? – Perguntei sem paciência.
-         Da Vitória.- Respondeu calmo.  Fiquei sem reação, abri a boca para responder, mas as palavras não saíam.
-         Bi...
-         Bill, eu me chamo Bill. – Terminou balançando positivamente a cabeça e me dando as costas, sumindo lentamente pela luz do corredor.

Angel In Disguise - Capítulo 2

Mais um dia tinha acabado na lanchonete, estava tudo limpinho, fechei as portas, me despedi de Lourdes, a minha baixinha mexicana com corpinho de botijão de gás e fui andando para meu apertamento, como sempre.
Era aproximadamente umas 20h, e hoje eu entraria na boate as 23, ou seja, 3 horas para o segundo turno. Caminhava pela calçada ouvindo meu Ipod, e tive aquela sensação horrível de estar sendo seguida. Olhei para traz e pausei a música, mas não havia ninguém atrás de mim, não naquele beco deserto pelo qual estava passando. Na avenida principal, milhares de pessoas passavam sem parar e o trânsito estava infernal como o de São Paulo. Botei  o fone no ouvido novamente e voltei a caminhar, mas agora senti algo pelos telhados e olhei para cima, voltei a olhar para trás e nada, um frio percorreu minha espinha e sabia que era o sinal para que eu corresse. Corri como louca até chegar ao meu prédio, abri a porta principal rapidamente e subi correndo. Ao chegar respirei fundo e fui direito pro banheiro. Fiquei as três horas na banheira e percebi que estava atrasada para a boate. Me arrumei rapidamente. Um micro short preto, um top decotado também preto, muitas correntes no pescoço, brincos de argola, maquiagem preta nos olhos, cabelos soltos e propositalmente bagunçados. Estava toda rockeira, toda...

-         Punk. -  falei olhando-me no espelho e na hora lembrando da cena bizarra na lanchonete. -  Acho que aquilo foi um sonho, acho que foi durante um cochilo, só pode.
                                      

Chegando à boate levei uma bronca do Damon, o dono, mas como sempre eram broncas leves, já que ele sabia que poderia recompensá-lo “daquela forma” pelo atraso.
A noite foi agitada, muita bebida, muita gente jovem e alegre, muito beijo na boca e até sexo nos cantinhos da boate e mais uma madrugada de muita agitação havia acabado. E eu também estava acabada de cansaço. Me despedi das meninas e iria sozinha pra casa, estava cansada demais para uma after party.
Saí pelos fundos, naqueles becos escuros que diziam “passe por aqui e seja assassinada”, ascendi um cigarro, e peguei uma mini garrafa de vodka que estava na minha bolsa e fui andando, pensando no meu dia até que no final daquele beco surgiram 3 homens, que me deixaram passar mas ficaram mexendo, eu apenas ignorei, sendo xingada por eles, eu já estava meio drogada e apenas fingi que não era comigo, não consegui sequer sentir medo. Mas após atravessar a rua e ver aqueles homens de novo, mas com bastões de ferro vindo em minha direção, me xingando, meu coração acelerou e queria correr, mas meus pés não saiam do chão.

-         Nos ignora e agora quer correr boneca. Vem aqui vem? -  Disse um dos homens, completamente bêbado.
-         É, a loirinha é gostosa e se acha, e uma vadia como todas as outras que trabalham naquele puteiro. -  O outro disse soltando uma risada em seguida, puxando minha bolsa e me fazendo cair no chão.
-         Me solta, eu não te fiz nada seu idiota.
-         Olhaaa, ainda é birrenta.
-         Vai se foder, seu gordo tarado, não consegue mulher por isso quer forçar né? Seu broxa!! -  gritei com a voz embriagada e arrumando a blusa que estava com um alça caída no ombro.
-         Ahh é, eu vou te mostrar o broxa sua vadia. -  Gritou arrancando minha blusa e me dando um soco, me fazendo virar a cabeça e segurar meu rosto, já sentindo o gosto do sangue na boca.

O outro pegou o bastão e bateu em minha barriga enquanto tentava levantar e o outro puxava minhas pernas enquanto eu me debatia freneticamente gritando como louca. Quando um dos nojentos estava quase tirando minha roupa completamente, um dos homens gritou.

-         Um carro da polícia, vamos!!
-         Isso é para você aprender a não falar o que não deve vaca! -  terminou me batendo no rosto com o bastão e o outro me chutando novamente e roubando minha carteira.


Estava vendo uma luz, uma luz de lanterna. Minha vista estava embaçada e mal conseguia ver alguma forma, somente uma luz forte que estava ajudando a minha dor de cabeça piorar. Abri os olhos totalmente, mas ainda vendo tudo turvo vi uma mancha negra em minha frente e tudo muito claro ao redor.

-         Sara? – Uma voz calma e doce me chamou.
-         Já morri? -  Disse fechando e abrindo os olhos para ver se minha vista melhorava esperando para ver se já tinha chegado no céu... bom, no meu caso seria o inferno.
-         Não. – Eu reconheci aquela voz, eu já tinha escutado antes, era suave e  gostosa.
-         P...PUNK!? -  Perguntei me levantando rápido, gemendo de dor por todo o corpo. -  Você me seguiu? -  Eu estava espantada. – Isso é um sonho, ta acontecendo de novo, onde eu estou?!- Estava confusa e minha cabeça doía, olhei em volta e vi o que parecia um quarto de hospital, e não estava com minhas roupas, coloquei minhas mãos no rosto, sentindo feridas nele e gemendo de dor ao sentir minha mão tocá-las e apertei meus olhos, na esperança de quando eu abrisse de novo, aquele pesadelo tivesse acabado e eu estivesse em casa. Mas não, abri os olhos e aquela figura assustadora estava na minha frente.- N... não... não é possível.
-         Calma, não é o que você está pensando, eu não estou te seguindo, acontece que ontem eu estava em um clube próximo e voltando de táxi eu vi uns caras correndo do carro da polícia e um deles deixou a sua carteira cair, eu peguei e quando vi sua identidade corri e te vi lá desmaiada, e aqui estamos nós. – O rapaz me explicou calmo e preocupado.
-         Legal da sua parte Punk, mas eu não engulo essa. Eu conheço todo mundo que freqüenta aquelas boates, e nunca vi você lá.
-         Eu sou novo na cidade.
-         Percebi, você tem sotaque, de onde você é? E o que você quer comigo? De onde você me conhece para saber meu nome?- O  enchi de perguntas e antes que ele pudesse me responder, coisa que eu sabia que ele não faria,  me assustei com o barulho da porta, era uma das enfermeiras que entrou no quarto séria, sorrindo ao me ver de olhos abertos.
-         Olá querida, você se sente melhor?- Perguntou sincera.
-         Não, não ficarei enquanto esse...- e calei ao apontar para a cadeira onde estava o punk.- Ué! Cadê ele?-  Perguntei olhando para a cadeira vazia e a porta aberta.
-         Ele quem? – Perguntou a enfermeira me olhando estranho.
-         O punk... um cara alto de preto e cabelo moicano? Você o viu?- Perguntei implorando para que ela dissesse que sim e confirmasse que eu não estava ficando louca.
-         Não, não vi.- Respondeu olhando para uma ficha e voltando para me perguntar sobre o que tinha ocorrido.

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