quarta-feira, 6 de julho de 2011

Angel In Disguise - Capítulo 4

Damon




Acordei bem melhor, acordei com a enfermeira loira chata e alta abrindo a cortina do quarto.
Eu odiava ser acordada, eu sempre acordei sozinha.
Levantei e a primeira coisa que veio em minha cabeça foi Vitória e Punk, ou melhor... Bill. O que foi a noite anterior? Um sonho?
Levantei-me e fui direto para o tal quarto das crianças. Chegando lá não tinha ninguém.

-         Você está procurando alguém querida? -  A enfermeira legal, uma negra forte com sorriso branco pegou em meu ombro e olhou junto para o interior do quarto vazio.
-         A Vitória. – Disse ainda olhando para o interior do quarto. -  Ela existe? -  Perguntei um pouco aérea, ouvindo uma risada gostosa da enfermeira que não entendeu o porque da minha pergunta e respondeu.
-         Elas estão na sala de brinquedos. Fica no final daquele corredor, a princesinha está lá também. -  Respondeu indicando com a mão onde ficava a sala.

Encontrei-me com o médico no caminho e ele resolveu me liberar, acabei pedindo para ficar um pouco, só até falar com Vitória. Ele me permitiu e continuei caminhando até ouvir umas vozes de crianças cantando uma música em inglês e uma voz masculina, mais grave e completamente afinada ao som do piano.
Chegue à porta e a cena me paralisou. Era ele... o Punk, o Bill, sentado no piano, tocando e cantando aquela música alegre junto com as crianças. Ele estava de costas e percebi que era ele pelas vestes escuras e o cabelo quilométrico. Uma das crianças, de bata rosa com corações se virou e chamou meu nome enquanto eu estava paralisada, olhando para a figura no piano.

-         Oi tia Sara. -  A voz me despertou e senti algo me apertando pela cintura.
-         Oi linda.- Disse a abraçando e dando um beijo em sua cabeça. Ele se virou e me olhou profundamente, parando de tocar o piano.
-         Palmas para o Bill.-  Disse uma das enfermeiras que acompanhava as crianças.

Tinham três enfermeiras e elas estavam babando no punk, ele se levantou e agradeceu, as crianças gritavam o nome dele e ele saiu distribuindo apertos de mão e leves abraços nos pequenos que queriam tocar seu cabelo e ficavam impressionados com seu estilo.

-         Olha Bill, a Sara está aqui.- Vitória ainda abraçada em minha cintura olhou para Bill que acenou com a cabeça. -  Ela ta dodói também.- Disse espontânea. -  Ela caiu da e bateu o olho, você vai cuidar dela? – Perguntou me soltando e me deixando sem reação.
-         Sim, eu vou sim.-  Disse passando a mão sobre a cabeça de Vitória e me olhando fixamente ao dizer que iria cuidar de mim. -  Se ela permitir.
-         Você vai deixar né tia Sara?- A menina perguntou me olhando e Bill e eu apenas nos encarávamos. -  Né tia? -  Perguntou novamente ao não obter uma resposta minha.
-         Sim querida, ele vai.-  Nem sabia o que estava respondendo, apenas encarava o Punk que retribuía o olhar.

Saí da salinha incomodada, me vesti e sai do hospital correndo. Sendo barrada por Bill quando tentava entrar no táxi.

-         Você não se despediu dela. -  Disse calmo parando a porta do táxi.
-         Me deixa em paz. -  Disse nervosa forçando a porta para fechar.
-         Ela é só uma criança.
-         E você é um idiota por querer usar uma criança para se aproximar de mim.
-         Sara, eu só quero te ajudar.
-         Você quer me ajudar mesmo?
-         Quero, só posso te ajudar se você me permitir, se sair da sua boca a permissão.
-         Então aqui está minha permissão. SUMA da minha frente, eu mal te conheço, não quero sua ajuda, ta ok? Fui clara o bastante?  Tchau! – falei autoritária vendo Bill fazer uma cara de desapontado e soltar a porta, ela acabou batendo com força e o taxista indiano disse duas palavras, provavelmente me falou mal por ter deixado a porta bater, e saiu para o destino que tinha indicado... minha casa.



Passaram-se duas semanas e eu não consegui dormir direito essas duas semanas que passaram, trabalhava como zumbi na lanchonete e na boate, só ficava ligada porque tinha meu “combustível”. A boate estava vazia, o pessoal da limpeza estava terminando de arrumar a bagunça e eu estava indo até a chapelaria para pegar minha bolsa e ir para casa.
Encontrei Damon no vestiário e eu já sabia o que ele queria, sexo. Ele sempre me esperava no vestiário quando queria, era o sinal dele.

-         Você está melhor hoje.- Afirmou me olhando de cima a baixo. -  Ta pronta pra continuar a noite?- Me perguntou com um sorriso malicioso.
Damon era o típico cara que toda mulher que ir para cama. Ele sabe o que faz nela e não é típico cafajeste que some no dia seguinte. Ele não liga no seu celular e te fala juras de amor, mas pelo menos faz o melhor café da manhã e leva na cama pra comer, ainda pede mais depois do café e termina levando a mulher na porta de casa... a não ser quando ela casada, aí, ele paga o táxi. Moreno, alto, inteligente, rico e sedutor, tudo o que uma mulher quer, no entanto ele não quer uma mulher, e sim todas.
-         É estou melhor, valeu por me dar uns dias de folga.-  Agradeci sorrindo e soltando o cabelo.
-         Vem aqui.-  pediu esticando a mão.-  Quero sentir seu corpo.
-         Hoje não dá Damon.
-         Ta me traindo? -  Perguntou sorrindo.
-         Estou, com meu travesseiro.
-         Jura? Ele é mais gostoso que eu? – Sorriu mais largamente ainda com a mão esticada.
-         Não, não é. Mas eu estou cansada.
-         Desde quando você está cansada para uma boa noite de sexo?
-         Desde que fui atacada por três babacas enquanto saía daqui.
-         Desculpa... comentário infeliz o meu. É que te vendo com essa roupa, saudade do seu corpo, saudade do seu cheiro, dessa sua boquinha deliciosa.
-         Ta Damon, pára... to ficando...
-         Excitada? Essa é a intenção.-  Disse balançando a cabeça, me fazendo ir até ele e beijá-lo com excitação. Os beijos com ele eram sempre assim, cheios de tesão, porém rápidos.

Fomos rapidamente para seu carro e entre faróis nos beijávamos loucamente, sedentos um pelo corpo do outro, com uma garrafa de vinho na mão, bebíamos no gargalo dávamos amassos até que ouvimos um barulho, Damon havia atropelado alguém.

-         Meu Deus Damon! – Disse desesperada com as duas mãos na boca.
-         Caralho, não acredito. Fique aqui!! Não sai do carro.-  Ordenou, mas não obedeci. Saí do carro e fui direto para a parte da frente, enquanto Damon havia olhado a parte traseira, vi o corpo no chão e o virei morrendo de medo, e ao ver quem era gritei desesperada.
-         BILL! -  Gritei e seu rosto estava com um machucado enorme na testa e ele começava a acordar. -  Ai não, você está bem? Fala comigo, você está bem? – Perguntei vendo o machucado na face dele se curar. O soltei e cai de bunda no asfalto de tão assustada. Damon havia escutado meu grito e veio imediatamente a meu encontro.
-         Você conhece ele?
-         Não..é..conheço...o que foi....quem...o que é você?? -  Perguntei completamente descontrolada enquanto ele se levantava.
-         Cara, você está bem?? Acho melhor te levar pro hospital.
-         Acabei de voltar de lá, eu estou bem, obrigado.
-         Como assim? Não ta sentindo nada? A batida foi forte...- Damon estava com as mãos na cabeça e ao mesmo que respirava de nervoso, respirava aliviado por ver Bill inteiro ali.
-         Eu estou bem.
-         Você quer uma carona pra casa? -  Damon perguntou.
-         NÃO!! – Respondi me levantando.-  Ele não quer, ele ta bem e vai pra casa dele.
-         Sara, a gente atropelou o seu amigo, quase matamos ele e você quer deixar ele aqui pra ir sozinho, a pé pra casa dele? -  Damon estava mais sóbrio que eu e me olhava estranho.
-         Não tem probl.... -  Bill não terminou a frase, cambaleou e desmaiou, sendo seguro por Damon.

Aquilo estava sendo um inferno, um tormento. Levamos Bill para meu apartamento, afinal ele havia desmaiado e não queria saber de Damon interrogando Bill, ainda mais depois da cena que tinha visto, EU tinha perguntas para aquela coisa deitada em meu sofá.
Estava de joelhos sobre ele e olhava sua face, ele era perfeito, tinha os traços faciais perfeitos, nariz, boca, olhos, orelha, tudo simetricamente perfeito. Olhei a testa onde havia um corte que havia se curado sozinho e o toquei para verificar se tinha alguma coisa ali. Sua pele era macia como veludo e apenas o toquei com a ponta dos dedos, e recebi seu par de olhos castanhos, num tom chocolate com mel me olhando fixamente, como um tigre. Afastei minha mão e meu corpo e sentei no outro sofá em questão de segundos e ele continuou me olhando.

-         Eu to com medo, pára de me olhar assim. -  Falei juntando minhas pernas perto do corpo em posição fetal.
-         Não precisa ter medo, eu não vou te machucar Sara.
-         Quem é você?
-         Eu sou o Bill.
-         Não, você sabe do que eu to falando. Você sabe meu nome inteiro, e não me fale que viu no meu crachá porque nele só tem meu primeiro nome. Você não é daqui e você conhece a Vitória e as crianças do hospital, e agora... eu...quer dizer, aquela batida... ninguém sairia inteiro de uma batida daquela, e você, sua testa... curou sozinha. -  Fiz uma pausa o vendo completamente calmo me olhando com ternura.
-         A pergunta certa não é quem sou eu... é isso que você esta penando não é?- Me perguntou me fazendo balanças a cabeça em positivo. -  Você quer saber...
-         O que é você? -  Perguntei fechando os olhos pensando no pior.
-         Um anjo.-  Respondeu na maior naturalidade.
-         Um anjo? Um anjo do que? Da morte, da paz, das roupas góticas? Que tipo de anjo?-  perguntei cruzando as pernas e o olhando ainda assustada, porém mais curiosa do que assustada.
-         O anjo da Sara. -  Respondeu com a voz calma e lenta.

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