quarta-feira, 6 de julho de 2011

Angel In Disguise - Capítulo 10

"Chamando todos os Anjos
Eu preciso de você perto do chão
Eu sinto sua falta querida
Você pode ouvir-me da sua nuvem?
Toda minha vida
Eu tenho esperado alguem para amar
toda minha vida
Eu tenho esperado alguma coisa para amar"




- Preciso ir.
- Precisa ir pra onde? -  Perguntou com certo medo pela tom de voz séria de Bill.
- É a Vitória. -  Disse olhando Sara que arregalou os olhos e sentiu um aperto no coração ao ouvir o nome da menina.


Sara pulou da cama ao ouvir o nome de Vitória junto com o tom de voz preocupado de Bill.

- O que tem ela?! -  Sara olhava Bill que arrumava o cabelo e ia em direção a sala. -  Me responde o que tem ela? -  Sara vestia a blusa sem sutiã algum e pegava uma jaqueta de couro no sofá, prendendo o cabelo num rabo de cavalo e procurando as chaves do apartamento, seguindo Bill até a porta.
Bill não havia respondido as perguntas de Sara, estava completamente concentrado e antes que pudesse fechar a porta para sair sentiu a mão de Sara segurar seu braço.

- Você não pode ir junto Sara. -  Bill disse calmo.
- Como não? Tá louco? Claro que eu vou! Você não quer me dizer o que ela tem.
- Eu também não sei, mas você tem que ficar aqui... é uma ordem minha. -  Bill ainda soava calmo e mesmo dizendo que era uma ordem, os seus olhos pediam que ela o obedecesse com gentileza.

O olhar de Bill fez com que Sara parasse na hora, e ela tirou as mãos do braço de Bill e com raiva daquele olhar ela observou Bill se virar e fechar a porta atrás dele, a deixando sozinha no apartamento.



2 horas haviam se passado e Sara estava grudada no telefone, esperando que Bill ligasse dando notícias.

- Mas que droga. E se aquele burro daquele punk não souber fazer ligação? -  Sara perguntava para si mesma tirando o resto de esmalte preto que havia em sua unha do dedo polegar. -  Quer saber? Foda-se, ele não é meu pai, eu vou até lá. -  Disse decidida e pegando o molho de chave e batendo a porta.



Ao chegar ao hospital Sara foi direto na recepção e antes que pudesse se anunciar viu a enfermeira negra e simpática que ela conheceu quando esteve lá.

- Oi, você lembra de mim? Eu perguntei de uma menininha, eu estava com a cara toda machucada e sem maquiagem? -  Perguntou aflita segurando no braço da enfermeira que assustada pela forma brusca que foi abordada apenas lhe respondeu sim com um aceno de cabeça. -  Então, o nome dela é Vitória e...
-Sim minha querida, ela acabou de sair da cirurgia.
- C... cirurgia? -  A voz de Sara ficou falha e ela sentiu seus olhos arderem com lágrimas que surgiram sem avisar. -  O que aconteceu?
- Querida, eu sinto muito, mas não estou autorizada a dar informações sobre o estado da menina, os familiares estão na sala de espera, se vo... -  Sara não esperou que a enfermeira terminasse e andou a passos largos até a tal sala e chegando lá viu Bill sentado ao lado da mãe de Vitória.

- O que você está fazendo aqui Sara? -  Bill perguntou com a voz calma, mas sua testa estava levemente franzida. -  Não disse que era para você...
- Onde está a Vitória? -  Sara perguntava sem conseguir agüentar e começar a chorar compulsivamente. -  Como ela está!? -  Tentou secar em vão o rosto que logo se molhou novamente.

A mãe de Vitória que estava cabisbaixa levantou o olhar ao ouvir uma voz perguntar sobre sua filha e ao ver Sara ela se levantou.

- Desculpa, mas de onde você conhece minha filha?

- É... eu sou amiga dela... quer dizer, e... eu a conheci aqui no hospital. -  Sara finalmente se controlou. -  A senhora é mãe dela?
- Sim.
- Me desculpa, meu nome é Sara, por favo senhora...
- Verônica...
- Senhora Verônica, eu tenho um carinho enorme pela sua filha, ela foi como uma luz que entrou em mim no dia que vim para esse hospital horroroso, por favor, me diz como ela está?
- Ela não está bem Sara, os rins pararam de funcionar e ela precisa de uma transfusão de sangue, fora o transplante de rim. -  Verônica enxugava a lágrima e Sara soltou uma respiração, inconformada e sentou-se ao lado de Verônica.

Sara abraçou a mãe da menina e olhou por trás de seu ombro e viu Bill a olhando.

- E você?! -  Sara perguntou nervosa. -  Ta fazendo o que aqui? Faz alguma coisa! -  Sara levantou observando Bill que a olhava com o olhar paciente.
- Calma, ele é o Bill, ele está ajudando a minha filha a...
- Ajudando em quê??!! Só estou vendo você parado me olhando com essa maldita cara de débil mental!! Pra quê você serve afinal??!!! – Sara olhava Bill com fúria.
- Sara... -  Bill se levantou para acalmá-la.
- Não toca em mim, me deixa em paz! -  Sara saiu da sala indo para fora do hospital e procurando desesperadamente por um cigarro. -  Mas que merdaaaaaa!!! -  Chutou uma caia com lixo que estava na calçada e olhou para o céu. – Você quer me torturar não é? Você quer me mostrar que eu não mereço ninguém, e quem chega perto de mim morre, não é?!! -  Sara continuava gritando olhando para o céu. -  Primeiro a minha avó, depois minha irmã, e agora a Vitória, pelo mesmo motivo!! E você me manda aquele ordinário para me ajudar??!!!! EU não quero que você me ajude, ta me ouvindo??!!!! -  Sara caiu de joelhos e com as mãos no rosto chorava e soluçava. -  Por favor... não me ajuda, eu não quero sua ajuda, por favor, ajuda ela, eu não peço mais nada pra mim e eu faço o que Você quiser, ninguém mais pode ajudar, ninguém pode fazer mais nada, só Você Deus, por favor... -  Sara continuava chorando e a dor em seu peito era insuportável, ela gritava e apertava seu peito, voltando os olhos completamente lavados em lágrimas para o céu e viu Bill parado na escada, muito próximo a ela, a olhando sério e completamente piedoso. -  Ele não sabe Bill, Ele não sabe que eu quero de coração, porque ele não me ouve? Porque Ele não me ajuda? -  Sara olhava para Bill que desceu as escadas devagar e ficou de joelhos, e frente para Sara, limpou suas lágrimas.
- Ele sabe agora. -  Disse passando os dois polegares sobre a bochecha molhada de Sara que ainda soluçava. -  Vem, vamos pra casa. -  Bill a levantou e segurando em seu ombro a levou para casa.


Bill estava dormindo no sofá e Sara não conseguia dormir, lembranças da avó, e a morte de sua irmãzinha a atormentavam, e agora ver Vitória exatamente na mesma situação, ela foi até a cozinha e pegou um copo d’água quando estranhou... Bill estava dormindo no sofá? Como assim dormindo? Ele disse que não dormia.

- Bill? -  Sara o cutucou com receio e ele mal se mexeu. -  Bill, ta acordado? -  Cutucou novamente e se afastou com medo, e quando voltava a para o quarto, pronta para ligar para uma ambulância ouvir Bill falar.

- Mãe, eu sei, eu estou bem, ele está cuidando bem de mim, eu só preciso pegar minha mochila e já te encontro... fala pro pai que mandei um beijo. -  Bill disse ainda dormindo e em seguida acordou assustado. – Mãe!


Sara estava com os olhos arregalados e paralisada olhando Bill que levantou do sofá num pulo e sentou suando. Ao vê-la ali perguntou:

- Você está bem Sara? Parece assustada. -  Perguntou como se não soubesse o que acabara de acontecer.

- Mas que merd... O que você acabou de dizer?
- Se você está se sentindo bem?
- Não! Você gritou sua mãe. Quem é sua mãe?
- Ahn? -  Bill não entendia a pergunta de Sara.
- Você disse que não dormia, e você estava dormindo agora, e teve um pesadelo, e você estava falando com a sua mãe.
- Que estranho, eu estava assistindo televisão, só isso.
- Eu que o diga, se você acha estranho, e você é um anjo, imagina eu... você não lembra o que você falou? -  Sara se aproximou de Bill, com um pouco de medo e sentou ao seu lado. -  Ah já sei, seu recipiente, não foi você, foi ele! -  Sara sorriu orgulhosa pela sua descoberta.
- Sara, eu não posso...
- Eu não posso falar sobre meu recipiente, eu sei punk, mas quem está falando sou eu. Acho que ele está vivo, não está? Senão você não teria falado isso. To certa ou to errada?
- Sara.
- Ah é, você não pode me falar. Mas eu sei que é isso.

Ambos ficaram em silêncio e Sara se pegou observando os olhos amendoados de Bill que a olhava curioso. Ela desceu os olhos para os lábios vermelhos e a pele branca de Bill pedia seu toque.

- Meu Deus. – Sara suspirou o olhando hipnotizada.
- O que foi?
- Você existe mesmo... quer dizer... o recipiente, ele é isso tudo mesmo, cara, eu não acredito.

Bill sorriu e olhou para o corpo do recipiente.

- Eu soube escolher. -  Sorriu novamente e olhou para Sara que tirou o sorriso e respirou fundo.
- Mas ele sem você... quer dizer... não é a mesma coisa... e quando você for embora? -  Sara cutucava os dedos evitando olhar para Bill.
- Quando eu for eu vou continuar cuidando de você lá de cima.
- Mas eu não quero... quero que você fique comigo pra sempre. -  Sara deixou uma lágrima cair.
- Por quê? – Bill perguntou ingênuo.
- Porque eu amo você.

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