quarta-feira, 6 de julho de 2011

Angel In Disguise - Capítulo 5

-         Meu?
-         Sim.
-         Então você é um anjo particular?-  Disse fazendo Bill sorrir...como um anjo.
-         A maioria diz anjo da guarda.
-         Isso só pode ser brincadeira. Isso não existe.
-         O que? Anjo?
-         Tudo isso, anjo, demônio, Deus, diabo.
-         Se anjos, ou Deus não existe, o que eu sou então? Você viu com seus próprios olhos.
-         Não sei, eu estava bêbada. – Retruquei tentando desviar o olhar completamente debochada.
-         E quando você não está não é mesmo? -  Perguntou arqueando a sobrancelha.- É por isso que eu estou aqui.
-         Para me deixar sóbria? -  Perguntei levantando a sobrancelha.
-         Não, para fazer você recuperar sua fé.
-         Fé?? Que fé? Em Deus?
-         Sim.
-         Hahahaha, escuta punk, Bill,  anjo, ou seja lá o que você for. Eu não caio nessa.
-         Ele ama você Sara, Ele sabe que seu coração é bom, Ele se importa com você, sabe dos seus esforços, por isso Ele me mandou para te ajudar.

Aquilo me emocionou, mas não foi de felicidade, mas de raiva.

-         Pode mandar um recado pro seu “chefe” então Bill, diga a ela para me esquecer. Diga a Ele que existem dezenas de crianças naquele hospital, doentes precisando de um anjo para salvá-los, eu não preciso de salvação nenhuma, eles precisam. Vai embora e me deixa em paz!-  gritei vendo Bill sério vir até mim. Ele se ajoelhou entre minha perna e me olhou nos olhos.
-         Está vendo? Vê como seu coração é bom? Você quer ajudar aquelas crianças, mas acontece que para elas serem ajudadas eu preciso de você, e preciso de você bem. – Disse com a mão no meu queixo -  Mas eu preciso que você me deixe te ajudar, preciso que você fale com suas palavras, que me aceita como seu guardião.
-         Não,  eu não conheço você, quer dizer.... cara, isso não...por que eu? -  Perguntei confusa.
-         Eu não sei, só obedeço ordens, mas deixe descobrir o porque Sara? Deixe-me te ajudar? Você pode negar, mas sua vida caminha para o fim, acredite, eu vi como acaba e não é o que alguém como você merece. -  Disse me olhando com ternura e havia súplica escrita em seus olhos brilhantes.
-         Ta... eu não acredito, mas se é para acabar logo com essa loucura, seja o que for, só quero que acabe logo, eu aceito você como meu anjo particular, satisfeito?- respondi com medo, não dele, mas daquela situação.
-         Certo, me dê sua mão. -  pediu.
-         Pra quê?
-         Para te mostrar algo.

Dei minha mão que ainda estava doendo e enfaixada depois do ataque e ele colocou a palma da mão fina e delicada sobre a minha e senti cócegas. Ao tirar a mão dele da minha senti um alívio e ele me pediu para mexê-la. Eu mexi e não sentia mais aquela dor incomoda toda vez que dobrava o pulso. O olhei admirada e ele me olhava incógnito, se levantou e estava indo a caminho da porta.
-         Calma, você já vai? -  Perguntei.
-         Já, você disse para eu ir embora.-  respondeu calmo.
-         Você mora onde?
-         Em todo lugar.
-         Em todo lugar fica onde exatamente?
-         Eu não durmo.
-         Não?
-         Não.
-         Mas você fica na rua?
-         Fico.
-         Sozinho?
-         Sim, sozinho, quer dizer, eu observo, aprendi muita coisa...
-         Como o que? -  O interrompi curiosa.
-         Café é bom, fogo dói, faca corta... e dói também.-  Ele disse de uma forma tão ingênua que me fez rir. – Porque está rindo?
-         Você nunca viu nada disso, nunca tinha comido? Vocês passam fome no céu?-  Brinquei sem fazer ele sorrir.
-         Não, não precisamos de comida lá.
-         Certo, você quer comer, ta com fome?
-         Fome é quando a barriga faz barulho certo ? -  me perguntou com olhar confuso.
-         É, normalmente sim. Sua barriga ta fazendo barulho?
-         Um pouco.
-         Então é fome, vem, eu vou fazer algo pra você comer.

Fiz feijoada light, expliquei que era uma comida do meu país e ele disse que feijão era forte, eu ri muito com as caras que ele fazia ao descobrir os gostos das coisas e não conseguia cair à ficha de que ele realmente era um anjo, para qualquer outro ele seria um retardado que achava que tinha poderes, mas eu tinha visto com meus próprios olhos, ele era mesmo um anjo. Ele comeu e repetiu, fiquei impressionada com a capacidade de armazenamento do punk e ao vê-lo levantando e indo embora lembrei de como ele havia descoberto somente as coisas boas até agora. Na hora lembrei de como existem seres humanos maus no mundo, e que alguém poderia se aproveitar da ingenuidade e bondade dele e machucá-lo. Desci as escadas correndo e o gritei quando ele virava a esquina.
-         Ei Bill. – Ele se virou e me olhou curioso.
-         O que foi? Você está se sentindo mal? -  Me perguntou preocupado.
-         Não, eu to bem... é... enfim... você vai ficar onde, quer dizer... Vai dormir na rua?
-         Eu não durmo.
-         Ta, esqueci, é verdade, merda...- bati em minha cabeça me chamando de idiota. – Você não precisa ficar em todo lugar, já que você... – parei e pensei “não acredito que estou fazendo isso”.- já que você é o meu anjo particular, nada mais justo do que você ficar comigo. Além do mais, tem muita gente perigosa na rua e você é um pouco bobo ainda como humano.
-         Obrigado. -  Agradeceu pelo convite, mas fez parecer que tinha agradecido por tê-lo chamado de bobo, o que me fez rir novamente.
-         Você está sorrindo mais. -  Comentou me fazendo parar de rir. -  Já estamos progredindo.
-         É, enfim, você quer ficar no apê? É pequeno, mas é seguro e o sofá é bem confortável, você não dorme, mas não quer dizer que tenha que ficar no chão gelado.
-         Certo, não vou te incomodar?
-         Não, quer dizer, não vou poder andar só de calcinha pela casa, mas enfim, isso é o de menos, tirando o fato de estar hospedando um anjo que quer me salvar da perdição. -  balancei os ombros aguardando sua resposta.
-         Eu aceito.
-         Certo, vem, vou mostrar onde você não vai dormir.-  terminei o chamando e vendo ele caminhar atrás de mim e em seguida ficando ao meu lado, e segurando meu braço ao atravessar a rua. O olhei e um carro passou a toda velocidade dois segundos depois dele segurar meu braço. Eu ri e ele apenas soltou meu braço sem me olhar e subimos.

Mostrei o banheiro, onde ele deveria tomar banho, expliquei pra que servia o shampoo e o condicionador, dei uma toalha e roupas, roupas de quem eu não sabia, mas eram masculinas e estavam limpas. Forrei o sofá com alguns lençóis e coloquei dois travesseiros.

-         Você pode...ai meu Deus! -  falei ao vê-lo saindo nu do banheiro. – Pega a toalha, a tolha que você se enxuga e cobre a parte de baixo do seu corpo, por tudo que é mais sagrado! -  falei tapando meus olhos com o travesseiro, sem nem saber porque estava fazendo aquilo.
-         Pronto. O que eu fiz de errado?
-         Bill, quando você for tomar banho, você SEMPRE tem que sair com a toalha nessa parte. -  Disse mostrando a parte inferior do corpo dele e sem conseguir desviar o olhar da tal parte.
-         Por que? – Me perguntou ingênuo pegando a toalha e finalmente tampando sua intimidade.
-         Ai não, eu tenho um anjo que não sabe nem o que é um piu-piu.
-         Piu-piu? Não aquele desenho...
-         Éhh, é uma coisa que você tem ai, pendurado, porém você não pode sair falando ou mostrando ta bom, você tem que guardar ele, usar só pra fazer xixi, sabe o que é xixi? -  Estava me sentindo uma retardada, ou melhor uma babá ensinando o que é xixi para um bebê.
-         Claro que sei, quando a gente bebe, tudo que é líquido sai por aqui. Mas o nome que me falaram é diferente.
-         Bom, tem vários nomes, mas não acho bom agente conversar sobre isso, o importante é você cobrir toda vez que tomar banho e sair do banheiro, combinado.
-         Ta bom.
-         Olha, preparei sua cama, você pode pegar o que você quiser na geladeira, eu vou dormir porque estou morta de sono.
-         Boa noite. – Disse vestindo a camiseta do Aerosmith e pegando uma calça de moletom que tinha dado a ele.
-         Boa noite, durma com os anjos.-  brinquei entrando no quarto e fechando a porta.

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