sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 10 - Mudança de Planos: Vou dormir com Tom

Foi só fechar a porta do táxi ao chegarmos ao hotel, e não vimos mais ninguém, isso mesmo, nós não vimos mais ninguém. Gustav deveria ter ido dormir e ele parecia realmente cansado. Georg e aquela menina provavelmente não estavam dormindo, mas eu não quero saber o que eles estavam fazendo, e, Bill e Chel saíram pulando de dois em dois degraus repetindo o refrão de Totgeliebt quinhentas vezes e se trancaram no quarto juntos.
Eu e Tom andamos em silêncio pelo corredor. Eu já estava quase abrindo a porta do quarto de Georg quando Tom puxou minha mão.
– Eu te garanto que você não vai querer abrir essa porta.
– E as minhas coisas? – Eu choraminguei.
– Pode dormir com alguma blusa gigante minha por hoje. – Ele sorriu de lado com a boca entreaberta, mas eu não retribuí por mais que quisesse.
– Eu não vou dormir no seu quarto. Vou conseguir um só para mim nem que eu tenha que bater na atendente!
Eu me virei de volta para o elevador.
– Acho que vou atrás de você, só por precaução. – disse ele.
Eu voltei à entrada do hotel e fui ao balcão da recepcionista.
– Posso ajudá-la?
– Boa noite – era meia-noite no relógio –, eu gostaria de arranjar um quarto. Pode ser qualquer um, em qualquer lugar e de qualquer tamanho.
– Senhorita...
– É só botar na conta do David Jost.
– Senhorita, procure me perdoar, mas não vamos ter um quarto sobrando agora à noite. – Ela disse e eu bufei.
– Ninguém desistiu nem nada? – Ela negou – Eu pago a mais. Dou-te uma viagem para o Brasil, uma ilha bonita e ensolarada do Rio de Janeiro.
A atendente me olhou feio.
– O nosso hotel não aceita subornos. Se a senhorita quiser voltar amanha de manhã...
– Me desculpe o incômodo – Era obvio que o Kaulitz iria se intrometer! -, ela só está fazendo pirraça para não dormir no mesmo quarto que eu.
Eu fiquei rubra! Ele era tão cara-de-pau. E tinha que ver a cara da atendente!
– Sr. Kaulitz! Oh, eu não sabia que ela estava com o senhor. Eu vou arranjar um quarto agora mesmo.
– Mas eu falei: DAVID – JOST! – Eu disse mais alto e a mulher me ignorou como se eu fosse um distribuidor de panfletos nas esquinas da minha cidade.
– Não! Não é necessário. – Tom interrompeu a pesquisa de quartos da mulher – Ela não precisa realmente. Espero que tenha uma boa noite.
O Kaulitz passou um braço pela minha cintura e me tirou do chão, saiu andando em direção ao elevador mais rápido e obviamente eu comecei a reclamar.
– Me solta, seu infeliz! Você quer morrer? ME SOLTA AGORA! Eu vou falar tudo com o Gustav!
– Grande coisa.
– Vou falar com o Bill também!
– Bill é meu irmão mais novo, se você não sabe.
– VOU FALAR COM GEORG! VOU FALAR COM A TUA MÃE, EU VOU ANUNCIAR MUNDIALMENTE!
Tom me colocou no chão assim que as portas do elevador se fecharam. Eu bati com as mãos fechadas no peito dele, e ele as segurou.
– Olha, você pode usar uma camiseta velha minha, eu não vou me importar. Se quiser tomar um banho demorado de banheira eu também não ligo.
– É um perigo dormir no quarto com você – eu disse.
Tom fez uma cara decepcionada.
– Não, é não. Seja o que for que você tenha lido sobre mim, é falso.
Ele soltou minhas mãos e se virou para encarar a porta do elevador que tinha acabado de abrir. Ele saiu e eu o segui pelo corredor até o quarto quatrocentos e oitenta e três, que número grande, credo.
Eu entrei no quarto atrás de Tom, que pegou na sua mala em cima da cama uma blusa e jogou para mim – nossa, que quarto grande.
– Vai ser engraçado te ver dormir no sofá – eu disse encarando a cama de casal.
Tom riu sarcástico.
– Você está em que planeta? Eu que acabei de fazer um show, tocando uma guitarra sem parar por mais de uma hora!, acha mesmo que sou eu quem vai dormir no sofá?
– Sim, eu acho.
Ele fez uma careta.
– Eu não vou.
Ele se trancou no banheiro antes que eu formulasse uma resposta. Sentei-me na beirada da cama e olhei para os lados avaliando o quarto. Tinha uma mala vermelha e preta no canto perto da porta... Espera, era a minha mala!
Eu abri e conferi minhas coisas. Ela estava ali, tudo ali. Georg deveria ter deixado ali antes de se trancar com a vagabunda. Ok, eu não posso julgá-la antes de conhecê-la. Vagabunda, vagabunda, vagabunda, vagabunda.
Procurei meu pijama e notei que tinha me esquecido de trazer o pijama de frio. Que babaca sou eu para esquecer o mais importante? Peguei o de calor e liguei o aquecedor.
Tom saiu do banheiro logo depois com uma calça preta muito larga que deixava a barra da sua Box escrita Calvin Klein. Eu não queria ter visto isso. Mentira, eu queria sim. E ele estava sem camisa. Eu virei o rosto que começou a esquentar e entrei no banheiro.
Como tinha dito o Kaulitz, não iria se importar que eu tomasse um banho de banheira demorado, mas depois de uns dez minutos me banhando na minha própria sujeira, eu me levantei e tomei uma ducha e lavei o cabelo.
Coloquei meu top preto para dormir com uma blusa baby look da mesma cor por cima, mas achei que seria estranho demais – se eu estivesse em casa tudo bem, mas não aqui sozinha com Tom Kaulitz – então coloquei um moletom cinza do Mickey Mouse por cima que caía o ombro esquerdo. Coloquei um short justo cinza claro.
Eu saí do banheiro sem chinelo e o clima do quarto estava muito mais quente por causa do aquecedor, eu fiquei arrepiada, e notei o garoto olhando pervertidamente para o meu pijama.
– Pára de me olhar assim, Kaulitz!
Ele virou a cabeça para o outro lado e se deitou na cama.
– Foi mal.
Eu olhei para o sofá com um edredom e uma almofada e ri sarcástica. Subi em cima da cama entrando debaixo das cobertas e rolei até bater no ombro do Tom, e depois eu o empurrei até ele cair no chão.
– SCHÄFER!
– Shiu, não grita, Tom. Eles podem estar dormindo.
– Estamos cercados por um quarto com Bill e Chel, e o outro com Georg e a namorada, pode acreditar, a última coisa que eles vão fazer é dormir.
Eu fechei os olhos ignorando Tom, quando senti duas mãos passarem por baixo no meu corpo e me puxarem para fora da cama. Ele me pegou no colo e me colocou no sofá. Eu me levantei rapidamente e antes que ele chegasse à cama, eu pulei em cima dele.
Assim, caímos os dois na cama de casal. E eu não fiquei por baixo dessa vez.
– Vai embora da cama, Kaulitz!
– Eu não vou, vai você. Eu to com sono e estou cansado, preciso descansar mais que você.
– Você não é nada cavaleiro não é? Está em todos os lugares que você usa e abusa das mulheres, eu sei que você precisa estar descansado, mas eu fico cansada mais rápida e preciso de mais horas de repouso do que você! E você não ta nem aí.
Tom me encarou próximo sem expressar emoção. Eu esperei pela sua reação. Ele se levantou da cama arrastando o travesseiro e se jogou no sofá.
Eu não vou sentir pena, eu não vou sentir pena, eu não vou...!
Apaguei a luz e me cobri até a cabeça com o edredom da cama. Bastou apenas fechar os olhos para a tortura começar.
"Ele me puxou para perto novamente, em um selinho como se pedisse permissão para um beijo" Eu levei minha mão até minha boca quente por causa da temperatura "E sem parar para pensar, começamos um beijo calmo. "A lembrança do beijo estava perturbando minha cabeça "Sua língua hábil explorava calmamente minha boca, como se estivesse muito confortável" "Eu coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço e senti que ele estava muito quente, e molhado" Eu arfei, a temperatura quente do quarto começou a me deixar com dor de cabeça.
Tirei o edredom de cima da cabeça e respirei o ar mais fresco. Olhei para o sofá onde Tom parecia já dormir.
– Kaulitz? – Eu falei baixinho – Kaulitz! – Aumentei o tom de voz, mas ele não reagiu. Eu me levantei enrolada no edredom e fui até o sofá. – Kaulitz.
Falei perto ao seu ouvido, então ele se virou bruscamente e disse:
– Eu já te ouvi.
– Tom! – Eu levei um pequeno susto – Caramba, pára com isso.
– E você se entregou.
– O que?
– Acabou de confirmar de que quando está distraída me chama pelo nome, não pelo sobrenome. Você se entrega.
– Não é isso...
– Ou seja, você se obriga a me chamar de Kaulitz o tempo todo. – Ele colocou a cara no travesseiro. – O que é tão importante que te fez me acordar?
– Deixa prá lá! – Eu me levantei e caminhei de volta para a cama, mas Tom foi rápido, sentou-se no sofá e me puxou pela mão me fazendo me sentar ao seu lado.
– É o hábito de ser mal-educado com você, foi mal. Estou vendo que você está se sentindo mal e não preciso te dar mais motivos para isso.
Eu me senti um pouco melhor por ele ter notado que eu estava com um problema.
– Volta para a cama, é bom que você acorde melhor amanhã. – Eu disse lentamente.
– Não, Schäfer! Você está certa. Eu não poderia mostrar para o mundo e a internet agora que não sou um mulherengo de antes, mas eu posso começar a mostrar a você, que eu sou um pouco melhor que isso.
– Para que me provar? Eu sou só a prima do seu melhor amigo. Vai se deitar, você acabou de sair de um show. Eu não consigo segurar uma guitarra imaginária nem por cinco minutos. – Eu ri sem graça, sério, eu não consigo, cansa.
– Não que eu realmente queira te provar, mas vai me fazer melhor se eu dormir aqui e você descansar lá.
– Não vai, não! – Eu empurrei suas costas, mas ele não saiu do lugar – Deita lá agora e vai dormir!
– Tem noção de que estamos discutindo para ver quem vai dormir no melhor lugar, e o pior, um está mandando o outro? – Ele começou a sorrir e eu também.
– Eu e você somos cheios de contradições.
Nós somos cheios de contradições – Ele corrigiu – Seu professor de alemão não te ensinou a encurtar as frases?
Eu dei língua.
– Schäfer, dorme na cama. Se você ainda estiver com isso na cabeça, amanhã eu durmo lá.
Ele falou de forma tão suave que eu voltei para a cama sem questionar. Mas fechar os olhos não iria levar tanto tempo até que as imagens voltassem.
– Kaulitz... – eu resmunguei.
– Oi? – sua voz estava abafada.
– Foi um erro. – Eu falei – Estou me sentindo mal, foi um erro te beijar. Eu não devia. Era uma pequena chance de parar de brigar com você e eu estraguei te deixando com um fardo pesado demais.
– Que fardo?
– De ficar comigo por pena.
– Schäfer, acorda. Você está dormindo? Eu não fiquei com você por pena e fui eu quem te beijou primeiro!
– Você só me viu mal, e achou que isso iria me fazer melhor. – Eu tentei falar calmamente, mas estava começando a ficar com raiva, e sabe o que vem depois? Lágrimas. Sempre na frente dele.
– Não foi por isso! Eu não sou esse tipo de monstro. Eu fiquei com você porque eu quis! Porque eu tive vontade! Benjamin, será que você não poderia passar um ou dois dias sem se estressar com cada coisa que eu faço? Será que não poderíamos passar um fim de semana bem um com o outro?
– Que graça. Vamos passar um fim de semana juntinhos e depois vamos voltar a nos odiar como antes? – Eu me virei e vi que Tom estava sentado no sofá me encarando. Seu edredom escorregou de forma suave e deixou a mostra seu corpo.
– Você leva mesmo a sério esse negocio ódio? Nós não nos odiamos!
– Ok, você não me odeia, Kaulitz.
Ele se levantou e veio caminhando até a cama. Subiu em cima de mim passando uma perna para o outro lado e se abaixou até poder encostar seu corpo no meu.
– Você me odeia, Julia? – Ele perguntou perto do meu rosto.
– Odeio. – eu fechei os olhos.
– Então fala olhando nos meus olhos.
– Que coisa infantil, Kaulitz. Eu já disse uma vez.
– Julia Benjamin – Eu abri os olhos – se você realmente me odeia, fala olhando nos meus olhos, eu preciso saber.
– T-Tom eu te... Pára com isso! Sai de cima de mim! – Eu disse mais alto.
Ele segurou meus pulsos um de cada lado da minha cabeça.
– É só falar. Eu prometo não me aproximar de você nunca mais, eu te solto, para sempre. – Eu fechei os olhos com força e senti que as lágrimas começaram a escorrer – Você não quer falar, é isso?
Eu preciso te odiar – eu sussurrei.
– Por quê?
– Para não pensar na porcaria daquele beijo. – Eu estava chorando, e em toda minha vida, essa foi a frase que saiu melhor entre os soluços. Porque eu não estava mentindo, eu realmente sentia aquilo.
Movimentei meus pulsos e Tom os soltou, mas imediatamente ele me abraçou forte em cima da cama. “Não chore, pequena” Eu o ouvi sussurrar em meus cabelos.
– Me faça esquecer. Toda vez que fecho os olhos...
Tom fez com que eu olhasse em seus olhos e se aproximou, antes que eu pudesse virar o rosto, ele selou os lábios. Eu tentei me soltar, mas ele estava em cima de mim, e foi meio difícil, então eu decidi aceitar. Sua língua contornou o formato dos meus lábios e eu permiti que ela entrasse, ele iniciou um beijo um pouco mais acelerado.
Ele passou a mão por trás das minhas costas e se levantou sentando na cama, mas me puxando junto com ele e depois levou as duas mãos para minha cintura, enquanto as minhas já estavam em volta de seu pescoço mexendo nos dreads. Tom fez com que eu me sentasse em seu colo com uma perna de cada lado. Enquanto eu não raciocinava, tudo bem.
Assim que as mãos de Tom passaram da minha cintura para as costas eu notei que nossas respirações estavam aceleradas demais, mas só recuperei a sanidade mental quando senti a ponta do seu dedo encostar-se à minha pele, ele estava tentando levantar minha blusa. Eu o empurrei pelo peito, mas como ele é mil vezes mais pesado, eu empurrei a mim mesma, e caí de costas no travesseiro.
– Tom, Tom – Eu avisei assim que ele se curvou para voltar a me beijar – É melhor pararmos por aqui.
Ele respirou fundo e olhou para os lados, assim que me fitou novamente, disse:
– Me desculpe! – Beijou meu rosto como um estalo – Eu... Eu não sei onde estava com a cabeça.
Eu sei onde, pensei. Colada na minha.
Eu imaginei que ele tivesse se dado conta de que eu sou a prima mais nova do Gustav só agora.
Enrolei-me no edredom e senti os braços de Tom me envolver, tirei o edredom do rosto e ele tinha os olhos fechados com o rosto um pouco acima do meu. Aconcheguei meu rosto rente ao seu pescoço e fiquei um pouco tonta.
– Vamos ficar assim, tudo bem? – Ouvi sua voz baixa.
– Tudo bem...
Eu fechei os olhos, e adormeci embriagada com o perfume exótico que o corpo de Tom emanava naturalmente e também com o movimento carinhoso que ele passava os dedos pelo meu cabelo.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 9 - Não Combinado

James estacionou o carro atrás do estádio onde começaria agora o show. Pegou dois crachás no banco do acompanhante e nos entregou.
– As senhoritas vão precisar disso para entrar. Já podem ir, divirtam-se.
Saímos do carro, Chel despediu-se de James, seu novo amigo “tchau, Jay”
– Você leu seu crachá? – ela perguntou
Olhei meu cartão. Nele estava escrito “Júlia B. Schäfer, VIP, Camarote especial” e logo abaixo uma assinatura estranha, mas que eu logo reconheci depois que comparei o cartão de Chel com o meu.
– Por que essa cara de quem viu um fantasma?
– Ta vendo? Conviver contigo não é fácil. – respondi brincando.
– Muito engraçado. O que foi? O que tem seu crachá?
– Essa assinatura – apontei para o cartão com meu nome – é do Tom. Eu conheço, já vi um autografo dele. E a sua é do Bill.
Ela corou, mas eu não conseguia assimilar alguma coisa que explicasse o porquê de Tom ter assinado meu crachá VIP. Estava escrito Schäfer, era mais comum que meu primo assinasse, não?
Passamos por dois seguranças barrando uma entrada estreita e metálica atrás do estádio. Eles conferiram nossos cartões e lançaram sorrisos maldosos para mim e Chelsea. Logo que entramos, nos deparamos com um corredor cheio de eco, escuro e frio. Atravessamos até chegar a uma sala mil vezes mais iluminada, com um perfume estranho no ar... Perfume dos Kaulitz.
E do outro lado da sala, Gustav e Georg estavam sentados olhando para o nada. Estavam arrumados para o show, Gustav com suas baquetas tocando uma bateria imaginária e Georg com seu baixo soltando algumas notas. Eu acenei.
– Vocês chegaram! – disse Georg parecendo mais entusiasmado do que o normal.
Eu me aproximei para abraçar Gustav, e mesmo sem a intenção, Georg me puxou para um abraço, eu tenho certeza de que fiquei vermelha.
– Então... Cadê os outros dois? – Chel perguntou tentado não dar uma de descarada.
– Eles entraram primeiro. Tom faz um solo agudo no escuro, e aí aparece um holofote iluminando-o e depois aparece Bill. Aí nós dois entramos. – Gustav não parecia estar decepcionado, isso parecia ser normal.
– Por ali – Georg apontou uma porta no fundo da sala – vocês entram no camarote. Vão logo ou vão perder o solo inteiro.
Eu puxei Chelsea e corremos para o camarote. Assim que abri a porta, pude ouvir o solo alto de guitarra que eu reconhecia, perfeitamente bem tocado pelo meu Tom, quero dizer, pelo meu guitarrista favorito, me forcei a pensar.

Fiquei em pé parada em frente ao vidro quase o show inteiro. Chel também não estava tão diferente, estava eufórica para dizer a verdade, colando o rosto no vidro como se tentasse alcançar o vocalista, Bill, que cantava emanando muito sentimento.
Estão todos ali, eu pensei, meu primeiro show! Eu nunca, nunca imaginei algo igual.
As músicas passavam e eu sabia cantar, evidentemente, e não parava para respirar até que Bill fizesse o mesmo. Lágrimas escorriam pelos meus olhos.
– Das ist der letzte Tag?, ist das der letzte Regen bei dir oben auf dem Dach, Ist das der letzte Segen?, Und unsere letzte Nacht.
(Este é o último dia? É esta a última chuva com você no telhado, é esta a última bênção?, e a nossa última noite)
Chel cutucou meu braço e essa foi a primeira e única vez nesse show que eu deixei de cantar um pedaço da letra. Culpa da minha melhor amiga.
– Você não acha que é perigoso cantar, caso um deles veja você cantando aqui do camarote? – Ela gritou para deixar sua voz acima das caixas de som.
– Eles não podem me ver aqui – ou pelo menos isso eu esperava.
Mas eu me vi em dúvida comigo mesma quando na música Wo Sind Eure Hände – a única que eu podia ouvir claramente a voz do Tom – eu me dei conta de que durante os três minutos e bolinhas da música, o guitarrista esteve olhando diretamente para o camarote onde eu e Chel nos encontrávamos como se procurasse algo.
Era a minha música favorita exatamente pelo fato de eu poder ouvir a voz do Tom perfeitamente no refrão cantando “wo sind eure hände”.
E eu ignorei esse detalhe, obviamente, fora mera coincidência. Ele devia ter acabado de se dar conta de que aquele canto tinha um camarote escondido e estava posando para as fotos das supostas fãs dentro dele, mesmo que não existissem supostas fãs, apenas eu e Chel e mais uma ou duas meninas que cantavam desesperadamente.
Resumindo, o show foi maravilhoso. Eu tive que conter o choro nas últimas palavras de Bill ao microfone, e logo depois ele entrou, obviamente indo de volta ao camarim ao lado desse camarote.
Olhei para Chel e disse:
– Parece que chorei uma hora e meia seguida? – perguntei.
– Hmm – Ela riu – parece que você chorou por causa de alguma morte. Você está terrível. Deixa-me ajeitar.
Chel abriu sua bolsinha onde guardava mini-maquiagens para casos desesperados. Enquanto eu estava sendo produzida pela Barbie fantasma, ouvi vozes vindo do camarim dos meninos e prestei atenção:
– O show foi irado! – Ouvi a voz suavemente sexy do Georg.
– Eu estou acabado, mas concordo – Eu sorri ao ouvir a voz cansada e rouca do Tom, Chel me deu um leve tapa na cara e eu voltei a ficar séria.
– Alguém está todo feliz porque uma nanica veio ao show – Novamente era o Georg e sua voz tinha tons diferentes como se ele estivesse caminhando eufórico.
– É mesmo, olha o sorriso! – Irreconhecível voz de Bill após um show, ele estava meio rouco, mas isso passa na manhã seguinte.
– Ah, calem a boca – Tom ficou irritado – Eu nem sabia que a segunda Schäfer estava aí.
– Alguém falou o nome da Júlia aqui? – Eu não acredito. Era a voz do Gustav! Ele também estava na brincadeira. Ouvi a resposta dos outros dois integrantes murmurando um longo “não”.
– Nosso menino está crescendo, Georg! – Disse Bill – Ficou todo nervosinho por que está apaix...
– Vão ao inferno vocês três! Bill, sem querer ofender suas músicas, mas amor é jogada de marketing. Eu não sou do tipo que me... Arg, apaixonar! Isso soa tão ridículo.
Todos riram, e a maquiagem estava pronta. Hora de interromper a conversinha.
Nós abrimos a porta e eu tive tempo o suficiente para reparar na reação de cada um. Gustav sorriu sem olhar para nós duas, ele prestava atenção em duas baquetas em suas mãos. Georg era muito cool para abrir um sorriso grande, então ele sorriu de lado, seu cabelo estava despenteado e isso era sexy, ou seja, combina com sua voz. Tom ficou vermelho. Bill sorriu e acenou para mim, mas segundos depois Chel estava grudada nele, e os dois iniciaram uma empolgante conversa.
Eu me aproximei de Georg que tinha se tornado um grande amigo.
– Como foi o show do camarote? – ele perguntou.
– Alto – nós rimos – muito alto.
– Somos barulhentos mesmo – e não paramos de rir.
– Georg, me diz uma coisa... – eu comecei – esse seu cabelo não se desfaz durante o show?
– Não está vendo o ninho que fica depois de uma hora sem pentear? – Meu Deus! Eu não consegui conversar com ele sem rir.
– Eu acho que sim...
E nesse momento, a garota que esteve o show no mesmo camarim que eu e Chel, se aproximou. Ela era alta, cabelos muito longos e castanhos claros, tinha olhos cor de mel, mas era difícil de ver, pois usava muita maquiagem em volta deles.
– Ge! O show foi incrível! – Sua voz era fina e isso me irritava. Ela passou por mim como se eu não existisse, envolveu o mais velho com os braços e o beijou. Eu fiquei surpresa.
– Já podemos ir ou você vai esperar os outros meninos? – Ela disse depois de limpar a boca.
– Acho que eles podem ir sem mim. Ahn, tchau Jus.
Eu acenei e os dois saíram pelo corredor assombrado. E lá se foi meu quarto, minhas coisas, minha mala com uma suposta namorada de voz finíssima.
Sozinha, eu voltei ao camarote ao lado e me sentei em uma cadeira com meu nome, olhei o estádio se esvaziar.
– E aí, Schäfer, gostou do show? – Me surpreendi ao ver Tom se aproximando.
– Uhum, claro. Foi legal – eu respondi sem deixar de olhar para o vidro, tentando esconder o entusiasmo.
– Que empolgação. Estava tão ruim assim?
– É sério – eu me virei e encarei seus olhos castanhos, e ao fazer isso, senti borboletas no estômago – Foi incrível.
– Ta, por essa eu não esperava. Está dizendo a verdade olhando nos meus olhos! Inédito.
– Grande Kaulitz, isso, me deixa sem graça – voltei a olhar para o vidro.
– Schäfer, não sei se você já percebeu, mas Bill é mais alto que eu – ele já notou que eu não estou para brincadeiras? – Tudo bem, foi mal.
As cenas do show passavam pela minha cabeça, mas os olhos curiosos de Tom procurando por algo no camarote não se desgrudavam da minha mente. Eu sei, em algum lugar aqui dentro, que ele não podia me ver. Isso me intrigava. O que ele estava pensando?
Eu ouvi a respiração pesada do Tom. Ele ia começar a falar em três, dois...
– O que foi? Você está falando devagar, não está me encarando nem brigando comigo.
– Nada importante.
– Se está te deixando estranhamente desanimada é importante. Quer falar alguma coisa?
– Espero que não soe ofensivo, mas você não se importa então para que você quer saber?
– Quem disse que eu não me importo? – Tom se sentou na cadeira ao meu lado.
– Quer parar de responder perguntas com mais perguntas?
– Eu me importaria porque querendo ou não – Tom bufou rindo de si mesmo – você está dentro da minha vida agora, e todos os outros estão sorrindo, porque você não? É um tipo de problema.
Ao ouvir uma frase dessas vindo de Tom Kaulitz, alguém se desespera? Porque meus olhos se encheram de lágrimas e minha voz ficou falha.
– Você está chorando! – Ele notou que eu fiquei vermelha – Fiz de novo.
– N-não, eu estou bem.
Tom era bruto e não iria deixar de ser assim de uma noite para o dia. Ele puxou meu braço e automaticamente, meu corpo foi junto. Ele passou os braços pela minha cintura e meu rosto se encontrava na curva de seu pescoço. Eu fiquei tonta.
– Por que está fazendo isso? – perguntei.
– As pessoas gostam de abraços, não é?
Eu ri.
– Não o abraço. Sendo dessa forma... Comigo.
Tom passou a mão como se medisse a curva das minhas costas, e continuou fazendo isso até se tornar um carinho. Eu respirei fortemente perto de seu pescoço e ele me apertou contra seu corpo.
– Eu... Realmente não sei – ele admitiu.
Fechei os olhos e esperei que as lágrimas secassem. Eu poderia adormecer no colo de Tom, mas isso traria uma estranha imagem para Gustav.
– Julia – eu sorri ao ouvi-lo falando meu nome ao invés de Schäfer – Não fica assim de novo. Eu gosto de te ver irritadinha.
Eu gargalhei rente ao seu pescoço e isso fez os dois corpos se mexerem. Então me afastei levemente.
– Obrigada – sussurrei.
Tom inclinou suavemente o rosto e dessa forma eu podia sentir toquezinhos nos lábios e eu me arrepiei após sentir o gélido piercing tocar meus lábios.
Ai, como eu amava aquele piercing – eu não conseguia reagir e poderia citar mil motivos para isso, mas só um importava realmente: Tom não estava sendo ele mesmo, pelo menos não o Tom que eu conheço.
Por um segundo, pensei que ele tinha voltado ao tomar certa atitude. Ele parou com aquele “roçar” e forçou mais os lábios nos meus como um selinho – eu senti sua respiração quente rente ao meu rosto, isso foi bom – encaixou nossos lábios e depois se afastou, aparentemente, para respirar melhor.
Eu já não estava na minha cadeira, estava sentada no colo do Kaulitz – um risco que eu corria, mas tudo bem. Isso facilitou para que ele subisse sua mão que até agora se encontrava na minha cintura, e a levou até minha nuca. Eu senti arrepios se formarem.
Ele me puxou para perto novamente, em um selinho como se pedisse permissão para um beijo. Sua outra mão agora do outro lado da minha cintura me apertava para um pouco mais perto até meu corpo ficar totalmente colado no dele.
E sem parar para pensar, começamos um beijo calmo. Era, na verdade, tímido. Como se eu pudesse entender o motivo de todo esse tempo Tom estivesse sendo menos “mulherengo” comigo. Minha imagem dele na minha cabeça era que ele já chegava agarrando a vítima. O que não estava completamente errado, ele era assim.
É claro que eu não podia esperar que ele passasse a mão pelo meu rosto de forma carinhosa como se estivesse me acariciando. Não iria acontecer. Era absurdo imaginá-lo fazendo isso.
O Kaulitz não deixava de ser expert em nenhuma circunstancia. Sua língua hábil explorava calmamente minha boca, como se estivesse muito confortável. Só era estranho o fato de não ter aparecido ninguém ainda no camarote para atrapalhar.
Eu coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço e senti que ele estava muito quente, e molhado. Automaticamente, tirei seu boné com uma das minhas mãos, passando levemente pelos dreads e deixei cair no chão, ops. Escorreguei sua faixa preta até que ela caísse também. Eu imagino que ele deve estar pensando que eu vou tirar a roupa dele toda. Eu ri com esse pensamento o que me fez bater meus dentes contra os dele.
Nós rimos juntos e nos separamos ao mesmo tempo. Até eu olhar nos seus olhos. Eu estava beijando meu ídolo. Que tipo de maluca eu sou? Eu não gostava mais dele como uma fã ama um ídolo, o que seria certo. Eu estava gostando de outra forma.
Ouvimos um barulho vindo do lado de fora do camarote, e nos afastamos rapidamente – eu voltei a minha cadeira e ele catou suas coisas no chão. Bill, Chel e Gustav entraram para nos chamar.
– Bill você foi bem pior! – Chel disse com a voz aguda – Jus, o Bill deu uma de você e levou o maior tombo!
– Tadinho. – disse Gustav um pouco mais baixo
– Viemos chamar vocês, James já chegou... O que estavam fazendo? – No final da frase, Bill usou um tom acusador como se nós dois estivéssemos fazendo sexo!
– Que cara de choro é essa, Jus? – Chel perguntou.
Tom fez uma careta, ele iria começar a mentir, mas eu minto melhor e atropelei suas palavras.
– Nós discutimos, foi isso. E eu tive uma crise de espirros porque ele passou um perfume muito gay.
– Mas o perfume era meu! – Bill me olhou feio.
– Um perfume muito forte, eu quis dizer. – Eu bufei de raiva – Vamos embora, galera?
Eles concordaram de uma forma estranha. Foram na frente, eu e Tom ficamos para trás.
Eu dei alguns passos, mas ele não. Quando olhei para trás, Tom segurou meu rosto com uma das mãos e encostou o dele no meu, mas foi rápido. Escorregou sua mão pelo meu braço até encontrar a minha e a segurou delicadamente. Estranhamente, ninguém notou nossa mudança repentina de humor. Gustav estava sempre distraído, Bill e Chel não olhavam para nada a não ser eles mesmos, ninguém teve tempo de reparar que estávamos de mãos dadas até o táxi.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 8 - Beijinhos, estou indo dormir com Georg

“Keep your feet on the ground, when your head’s in the clouds”
Eu cantei baixinho a música do meu mp3, Tom não prestava atenção em mim, ele tinha o próprio mp3. Tinha os olhos fechados e movimentava a boca de acordo com a música, ele estava acordado. Seus dreads ainda presos caiam na blusa preta que ele usava, ele não estava mais com o boné. Pela primeira vez eu estava tão perto dele, e ele não estava brigando comigo, nem me seduzindo. Suas feições relaxadas, eu avaliei cada traço sem medo de que ele abrisse os olhos. Era só o Tom agora.
Sua mão batia com os dedos na perna como se estivesse tocando uma guitarra imaginária. Era engraçado, mas eu não senti vontade de sorrir. Sua mão parou de mexer e eu estranhei. Quando voltei a olhar para seu rosto, seus olhos estavam abertos. Eu senti que iria começar a corar e virei o rosto, mas ele puxou meu rosto de volta pelo meu queixo delicadamente.
A essa hora a música já tinha trocado no meu mp3. “I need a superhero, ‘cause I am just a girl, and I have no one who will go, and save me from this world”
Era como se uma corrente de ar me puxasse para mais perto dele. Seu rosto ia se aproximando naturalmente e quando me dei conta, nossos rostos estavam apenas dez centímetros de distancia, eu fitava seus lábios grossos e a droga do piercing que ele mexia com a língua.
Eu costumava adorar aquele piercing, nas fotos do meu notebook.
Por que você ta fazendo isso? – Eu procurei recuperar sanidade mental.
– O que eu estou fazendo, Schäfer?
– Está fingindo que vai me beijar – Eu consegui olhar em seus olhos não muito fechados, eu sou tão pequena que ele olhava para baixo.
– Julia, eu... Já parei de fingir faz tempo – Inclinou o rosto com uma risada suave de forma que pudesse encaixar seus lábios nos meus, e timidamente, roçou seus lábios nos meus.
Eu permaneci imóvel, chocada demais para esboçar qualquer tipo de reação. Tom não foi ele mesmo, não chegou a pressionar os lábios, foi apenas aquilo, um roçar.
– JUS, TOM!
Nós dois nos assustamos e nos separamos rapidamente. Por um momento pensei que alguém estava vendo isso, mas era só a voz de Chel dois bancos a frente do nosso.
– Vocês ouviram? – Eu olhei por cima do banco e vi Chel e Georg apoiados nas costas dos bancos olhando para trás, mas duvido que possam nos ver – Já estamos chegando!
Eu sorri apenas com os lábios, ainda estava em choque.
Logo em seguida a voz da aeromoça soou em três línguas diferentes, pedindo para apertar os cintos que o avião iria pousar em Berlim em alguns minutos.
Eu aumentei o som do mp3 ouvindo agora Nickelback e tentei esquecer a merda do roçar de lábios que parecia que iria ficar na minha mente por um tempo.
– Merda – Eu pronunciei ao me dar conta de que o único pensamento que passava agora pela minha cabeça era a constatação de que sim, os lábios de Tom são incrivelmente hábeis e eu ainda amava aquele piercing.

Descemos do avião pouco tempo depois e não, dessa vez não se esqueceram da minha mala. David parecia saber de tudo. Levou-nos por um caminho diferente dos outros passageiros e chegamos no estacionamento do aeroporto, só aconteceu uma pequena coisa que ninguém esperava.
O carro grande e preto que deveria ser o táxi dos meninos estava do outro lado do estacionamento, atrás de um grupo grande de paparazzis com suas máquinas fotográficas. Até então eles não tinha nos visto, mas um deles gritou:
– BILL E TOM, OLHEM PARA CÁ! – Todos os outros viraram e começaram a correr na nossa direção.
Sem pensar, Tom pegou sua toca e seus óculos escuros e colocou em mim, se posicionando na minha frente para que não tirassem foto de mim. Bill fez o mesmo com Chelsea. David nos puxou pelas mãos e saímos correndo por trás dos carros até o outro lado do estacionamento. Eu gritei:
– MAS E OS GAROTOS? PÁRA DE CORRER DAVID!
– Eu só entendi meu nome, seja o que for que você tenha dito, eles sabem se virar sozinhos. – Respondeu Jost e eu percebi que tinha gritado em outra língua.
Quando chegamos ao táxi, as portas já estavam abertas e nós três entramos.
– James, dê a volta pelo estacionamento e pegue os garotos – David Jost ordenou o taxista que começou a pilotar rapidamente o carro.
Os fotógrafos perceberam o táxi se aproximando e eles abriram espaço, os garotos aproveitaram para entrar no carro e saímos do estacionamento sem ferimentos graves.
Depois de certa distancia, eu comecei a rir sem motivos, quero dizer, tinha um motivo, foi tudo muito rápido e engraçado.
– Deveria parar de rir e agradecer por não ter tropeçado durante a corrida até o táxi – Disse Chel.
– Pois é! Eu nem caí. – Eu sorri.
– Eu que agradeço por não deixar meus óculos caírem no chão, eles são importante – Tom puxou a toca da minha cabeça e pegou os óculos que eu ainda usava.
– Por que fez isso? – Perguntei com um tom mais baixo, mas acho que usei suspense demais, todos os garotos olharam para mim e depois para Tom.
Ele ficou vermelho e combinaria bastante se ele dissesse agora que era apenas para me proteger. O que eu estou pensando? Ele é Tom Kaulitz. David respondeu por Tom quando notou que ele mesmo não o faria.
– Os paparazzis são uma coisa séria. Não vai ser nada agradável se você sair no jornal de Berlim como namorada de um dos garotos. Nem você nem Chelsea.
Eu olhei para as ruas do lado de fora do vidro. Era de se esperar que eu já começasse a turnê causando problemas.
Jost tirou de uma mala preta, dois grandes casacos pretos, óculos escuros e touca. Já era de se esperar que aquilo tudo fosse para nós duas.
Chegamos a um hotel no centro de Berlim em poucos minutos. O Hotel era, bem, grande e alto. Sua portaria estava cheia de seguranças altos e musculosos. Minha primeira reação foi dita em palavras por Chel:
– Minha nossa... – Ela murmurou.
O hotel estava cercado por muitas, - e quando eu digo ‘muitas’ quero dizer muitas mesmo – fãs vestidas de preto, camisas com logos e gritando histéricamente o nome da banda. “Tokio Hotel”
– Elas são – Bill congelou um sorriso gigante em seu rosto – as melhores fãs do mundo!
– Ok, meninos. Já sabem o que fazer. Quando o segurança abrir a porta, vocês descem rapidamente e não precisam dar autógrafos agora. Vão direto para a recepção e me esperem lá que eu vou com as meninas por trás do hotel. – Disse David Jost.
O segurança alto e musculoso abriu a porta e Bill foi o primeiro a descer. As palavras “Tokio Hotel” foram substituídas por gritos finos e histéricos por causa do Bill, eu e Chel rimos.
Mais três seguranças chegaram, um para cada garoto. Depois de Bill, desceram do carro Georg e Gustav. Tom demorou um pouco ajeitando o boné e os dreads, e assim que desceu uma fã próxima pulou da barra de segurança colocada pelo hotel e caiu em cima do Kaulitz mais velho – meus olhos queimaram de raiva e eu senti a mão gelada de defunto de Chelsea se apertar em volta do meu pulso – Tom não caiu, ele segurou a menina e a colocou no chão até outro cara alto colocá-la de volta atrás da barra de segurança.
Chel riu para deixar o ambiente descontraído, mas eu continuei fitando Tom enquanto ele caminhava igual a um pingüim até a entrada do hotel, e depois o carro de James já estava andando e a entrada do hotel desapareceu de vista.
Depois que entrei no hotel pela porta dos fundos com Chel e David, encontrei os garotos na recepção, sentados no sofá de couro branco parecendo entediados.
– Garotos – David tentou falar mais alto do que as gritarias do lado de fora do hotel – Vou fazer o check in, deixa eu adivinhar: Tom e Bill em um quarto, Georg sozinho, Gustav o refúgio do Georg caso Tom queira passar a noite com alguém e vocês meninas, juntas?
– Jost, ér – Bill começou – Eu vou querer um quarto sozinho dessa vez.
– Tudo bem, eu vou ver o que dá para fazer.
Eu e Chel acompanhamos Jost até a recepcionista.
– Eu fiz uma reserva para os garotos, mas aconteceu um imprevisto e vieram mais duas pessoas. Seriam quatro quartos, será que tem mais alguns sobrando?
– Desculpe, senhor Jost, o hotel está cheio de reservas. – A atendente mexeu no computador – Eu só vou ter agora mais um quarto.
David bufou.
– Tudo bem, eles que se resolvam. Pode me dar a chave desses cinco no total?
David pegou sua chave e deu a mim e Chel as outras quatro.
– Vão se resolver com garotos, eu to indo para o meu quarto.
Aproximamos-nos dos garotos balançando as chaves nas mãos para que eles ficassem atentos.
– Então... Rolou um imprevisto, e só temos quatro quartos. – Disse Chel – Pode ficar como planejado, Tom e Bill em um quarto, eu e Jus no outro. Está legal?
– Eu não quero dividir o quarto com o Tom dessa vez! – Bill olhou para o irmão mais velho – Sem ofensas, mas isso já passou dos limites! Eu tenho 17 anos agora.
– Tudo bem, eu concordo. – Tom riu pervertidamente olhando para Chelsea.
– Ok, então se o Georg não se importar, eu divido o quarto com ele e Chel com o Gustav – Eu disse escolhendo o apartamento pelo número das chaves.
– O que? Por que você não divide comigo? – Gustav perguntou.
– Ah meu Deus! Cara, você é meu primo! E eu não tenho mais dez anos. Eu sou uma mulher e vai ser desconfortável dividir quarto com você.
– Mas você vai dividir com um cara que recentemente começou a falar com você e nem te conhece?
– Não exagera Gust. – Georg disse com sua voz suavemente sexy.
– Aqui gente – Eu me virei, Chel acenava para o grupo do debate entre eu, Gustav e Georg. – Eu vou ficar no quarto do Bill, ok? Já está decidido.
Ela pegou uma chave na minha mão e saiu junto com Bill e suas malas para o elevador.
– Certo... Então Tom e Gustav vão ficar sozinhos e eu e Georg ficamos juntos – Eu disse decidida entregando as chaves para os garotos.
– Você nem cogitou a possibilidade de ficar no meu quarto? – Tom perguntou arqueando uma sobrancelha.
– Eu nunca deixaria, conhecendo você do jeito que é. – Disse Gustav.
– Ignorando meu primo super-protetor, sim, eu nem cogitei, porque eu vou acabar matando você em cinco minutos, ou vice-versa, porque nossa relação, Tom, eu não sei se você já percebeu, mas não é das melhores.
Eu dei língua para meu ídolo. Que emocionante.
Georg pegou minha mala em uma mão e a dele na outra mão e saiu carregando até a porta do elevador.
– Qual nosso quarto, Julia?
– Quarto 482, no quarto andar. – Respondi
– Sério que eu vou ficar com o 483 novamente? – Tom perguntou arrastando sua mala até meu lado.
– Sim, por que?
Os meninos riram e eu não entendi a piada.
– Precisamos contar essa para o Bill – Disse Gustie.
– O que foi? – Perguntei novamente.
– Minha querida criatura do pântano – Começou o meu ídolo que deseja perder a cabeça – Você anda meio desinformada, porque o nome do novo álbum do Tokio Hotel é Zimmer 483, e você está entrando no tour do Zimmer 483 pela Europa.
– Ahn... Eu ri, me lembrando da noticia do site do TH Brasil “Nome do próximo álbum cogita chances de ser [em português] Quarto 483...”
O elevador se abriu e todos entraram com as malas. Ficamos em silencio por alguns segundos e eu ri por causa do desconforto.
– Gustav – disse Tom – sua prima tem problemas.
– Georg – eu disse – seu melhor amigo quer perder a cabeça, sofrer lesões por todo o corpo e acordar amanhã com hematomas bem coloridos.
– Eu estou no elevador também.
– Foi você quem começou a brincadeira estúpida. – Retruquei.
– Por que você ri igual á uma idiota!
– Você anda igual á um pingüim!
– Você tem o tamanho de uma criança de cinco anos – Tom começou a andar quando o elevador se abriu e eu fui atrás dele pelo correndo quase gritando com o infeliz.
– Eu tenho 1,60!
– E você acabou de mostrar que se importa com o que eu falo quando parou de me xingar só para debater sua altura. – Ele riu em tom debochado e eu bufei de raiva.
– Cala boca, Kauliz!
– Cala a boca, Schäfer! – Ele retrucou.
– Eu também tenho esse nome... – Começou meu primo.
– Cala a boca, Gustav! – Eu gritei.
– CHEGA DE BRIGA, TÁ LEGAL? – Eu me virei assustada ao ver Georg se descabelar para gritar com a gente. – Tom, caminhe para teu quarto em silêncio. Julia pede desculpas para o Gustav e entra – Ele abriu a porta do quarto 482.
– Desculpa, Gustie – eu apertei suas bochechas gigantes e depois o abracei sussurrando em seu ouvido: - Me diz como você arranjou esse guitarrista idiota, porque ele veio com defeito.
Eu me virei e entrei no quarto de Georg que logo fechou a porta.

Em pouco tempo eu consegui me ajeitar no quarto com Georg. A primeira reação ao entrar, foi rir um do outro. Escrevendo agora no notebook nem parece que é real, mas, meu Deus! Eu estou mesmo entrando em tour com os garotos, indo dormir no quarto do Georg e continuo brigando com o Tom. Bill está paquerando Chel e vice-versa, e Gustav... Bem, Gustav ta caminhando para um futuro melhor.
Eu ri sozinha do meu pequeno parágrafo no diário online.
Jost avisou há pouco tempo que o primeiro show vai ser hoje á noite, os garotos vão sair daqui a alguns minutos para chegarem lá cedo, mas depois o taxista James vai buscar eu e Chel e nos levar para o camarote para assistir também ao show!
Eu mordi com tanta força o lábio inferior e comecei a sentir gosto de sangue. Era o meu primeiro show! O MEU PRIMEIRO SHOW! Abafei um gritinho contra as costas da mão e bebi mais um gole do meu cappuccino do Starbucks do hotel.
E obviamente eu já escolhi minha roupa. Eu não posso perder a, aparentemente, única chance de ir a um show sem usar a blusa do Tokio Hotel. Eu sei, eu sei. Estou perdendo o limite e abusando da sorte. Mas eu vou usar uma blusa por cima, e um casaco porque está frio aqui em Berlim. E eu vou usar meu novo salto alto! Eu também sei que Julia Benjamin e Salto Alto não combinam, mas eu não vou ficar pulando, eu vou ficar parada. Juro.
Senti alguém puxando um fio do meu cabelo e me virei assustada. Já iria começar a gritar, mas me lembrei estar na sala com wi-fi em um hotel de luxo em Berlim, e não arriscaria começar a gritar aqui.
Para minha surpresa, era o Tom. Oh, que surpresa.
– O que você quer?
– Vim me despedir, garota do Brasil.
– Olha só, meu antigo apelido! – Eu fingi surpresa, mas era para soar bem falsa – Vai tarde, Kaulitz.
– Também vou sentir saudades, Schäfer – Ele riu se aproximando do meu rosto.
Ele passou o dedo pelo meu lábio inferior recentemente cortado pelos meus próprios dentes.
– Saiu beijando alguém? – Ele me encarou de uma forma estranha, eu não sei dizer como.
– Não, eu... Não. – Tentei me manter firme, mas eu podia ouvir sua respiração. Achei a melhor opção em empurrar Tom para longe novamente.
– Até mais tarde.
– Faz um favor, deixa Gustav acertar uma de suas baquetas na sua cabeça.
– Essa conversinha toda para não mostrar que vai ficar com saudade de mim, não é?
– Caramba, se você não fosse guitarrista seria comediante – Eu fiz uma risada falsa – Some, Kaulitz!
– Tchau, lindinha.
Eu me virei para acertar meu copo vazio de cappuccino, mas o infeliz já tinha ido embora.

Uma hora e meia um pouco mais tarde, Chel me chamou para ajudá-la a se arrumar no quarto de Bill. Eu já estava pronta, só estava faltando pentear melhor o cabelo e ela ainda estava de toalha.
– O que você acha: jeans e colete ou saia e meia-calça listrada? – Ela perguntou enquanto fazia duas coisas ao mesmo tempo, penteava o cabelo e escovava os dentes.
– Chel, você só vai a um show. Pense que você vai suar, mas vai estar frio e com certeza você vai dar uns pulinhos.
– Você quer dizer jeans, né?
– Não, eu quero dizer: isso tudo é para o Bill.
Chelsea se aproximou puxando a manga da minha jaqueta jeans e apontando para o resto do meu visual, jeans skinny, salto e baby look.
– Só se isso for para o Tom. – Ela disse e nós duas caímos na gargalhada. – Ta, mas agora fala sério, o que eu uso?
– Eu já disse...
– Ai, cala a boca, Julia. Você não é consultora de moda.
– Você pediu a minha ajuda!
– Eu vou usar um short e uma meia-calça com uma camiseta e algum casaco grosso por cima. – Chel terminou de pentear o cabelo e eu peguei a escova.
Meia hora depois nós duas estávamos prontas entrando na cabine do taxi de James. Eu ainda não tinha trocado papo com ele.
– Boa noite, James. Sabe para onde ir? – Eu perguntei.
– Sim senhoritas. Mas antes, eu posso saber qual de vocês é a namorada do senhor Kaulitz?
Nós nos entreolhamos.
– Qual Kaulitz? – Chel perguntou rápido.
– Desculpe-me, o senhor Bill Kaulitz.
Eu soltei uma grande e longa risada.
– Ai meu Deus! A Chel é a namorada do Bill! Quem falou isso?
– Foram os outros senhores. Então se ela é do senhor Bill, você é do senhor Tom?
Foi a vez de Chel rir. Eu dei um tapa no braço dela.
– Ok, sério. Quem falou isso?
– Provavelmente foi o Bill implicando com o irmão – Chel respondeu.
– Deixou o senhor Schäfer muito bravo. – James comentou.
– James, a senhora Tom Kaulitz aqui é a Julia e eu sou a Chelsea. Vamos logo para esse show?
James acelerou o carro e Chel voltou a rir da “senhorita do Tom”. Há há, era a coisa mais engraçada.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 7 - Estonteante

"Os últimos dias foram cheios. Ficar com os garotos realmente não é uma tarefa fácil. Todos os dias se tem algo para fazer, mas nesses últimos dias eu venho ficado com Chel aqui no apartamento mesmo ou na casa dela. Eu e Tom não parávamos de brigar, até aquele dia quando Jost chegou com aquela notícia"...
Eu estava escrevendo no meu fichário quando alguém bateu na porta. Abaixei a tela do meu notebook e mandei entrar. Gustav abriu um pouco a porta.
– Jus, eu sei que é difícil, e você não sabe como é para mim. Eu disse para seus pais que iria tomar conta de você, mas isso foi imprevisível. Pensávamos que o álbum chegaria antes disso e eu não quero que você volte para o Brasil tão cedo.
Eu sorri sem vontade. Chel passou a mão pelo meu cabelo delicadamente.
– Não tenho opções não é? Os shows vão começar e eu não vou conseguir acompanhar a turnê de vocês.
Pois é, a turnê estava chegando antes de o álbum ser lançado. E com a turnê, vem viagem que parece ser interminável, tortura com um ônibus de apenas um banheiro, festas e mais festas, paparazzis e tudo mais. Eu deveria voltar para o Brasil já, e esperar o álbum chegar até as lojas, e talvez nunca ter a chance de assistir a um show.
– Na verdade, tem sim. - Gustav e Chel disseram juntos e depois caíram na gargalhada.
– Você pode ficar... - Começou Gustie.
– Comigo! - Chel terminou.
Eu sorri, mas Chel sabia bem que a minha questão não era ficar na Alemanha ou não. Eu a encarei, e ela entendeu.
– Erm... Gust, você pode nos dar licença? Eu tenho um assunto para conversar com a Julia e...
– Tudo bem, tudo bem. Estou saindo. - Gustav fechou a porta rapidamente rindo.
Chel foi atrás da porta e fechou com chave e depois começou a falar em português comigo.
– Eu sei que você quer ficar com ele...
– Eles - Eu a corrigi.
– Tanto faz. Mas veja só, se ficar comigo, daqui a um tempo eles vão voltar, e se fizerem um show em Magdeburgo você poderá assistir.
Mas eu não queria que fosse assim, eu, obviamente, queria algo mais impossível de acontecer.
– Eu não poderia ir à turnê com eles? - Ela fez uma careta - Eu já sei impossível.
– Só se você acreditar que é. - Ela piscou um olho abrindo a porta e gritando: - BILL!
– Que diabos você vai fazer?
– Dá licença, eu gosto muito dele, ué. – E saiu.
Abri o fichário e o notebook novamente. Comecei a escrever.
”... os meninos iriam começar amanhã a turnê do novo álbum chamado zimmer 483. Eu tenho duas opções, ficar com Chel ou voltar ao Brasil. Seria até uma boa, lembrando que eu só vim para cá para estar com Chelsea, mas eu me apeguei demais aos garotos. Acho que não vivo mais sem eles.”
Eu fechei o fichário sem mais vontade de escrever. A cama de Chel já estava arrumada, ela poderia ir dormir quando bem entendesse. Coloquei o notebook de lado, e me cobri para dormir. O bom foi que a inconsciência chegou rápido, mas eu estava mesmo dormindo?
Talvez eu não estivesse dormindo, porque sentia os minutos se arrastando e Chel ainda não estava deitada. A porta se abriu e eu esperei que ela começasse a falar sem se preocupar que eu estivesse ou não dormindo. Mas isso não aconteceu.
Ouvi aqueles passos largos e abri lentamente os olhos. Eu não tinha a melhor visão sem lentes de contato, já disse isso. Eu podia ver borrões, e o quarto escuro dificultava mais ainda.
– Eu sei que estou sendo estúpido por isso. Se você estiver acordada, provavelmente vai me matar amanhã, mas eu simplesmente não conseguiria fazer isso... Se você não estivesse inconsciente. Então é melhor que esteja.
Ao ouvir aquela voz, senti um arrepio percorrer minha espinha. Eu não precisava mais tentar enxergar para saber quem era. Fechei os olhos e apenas avaliei a situação com meus ouvidos. Ouvi o som dos pés batendo na madeira quando se aproximava, e depois o estalo dos joelhos dele quando se abaixou, e depois o som da sua respiração perto do meu rosto...
– Eu só posso ter problemas como ela mesma disse... Ela é muito...!
Ele não completou a frase, mas logo em seguida tocou a ponta dos dedos em minha bochecha. Eu iria começar a sorrir e precisei levar a coberta acima do meu nariz para que ele não percebesse isso, e com certeza achou que era um gesto inconsciente meu.
– Que merda eu estou fazendo? – Disse o Kaulitz mais velho para si mesmo – Se ela acorda e me pega no quarto dela... – Eu ouvi sua risada baixa e pervertida e repetiu: - Me pega no quarto dela... Caramba, eu preciso parar de ter esses pensamentos para cima dela.
Ele falava sozinho, e parecia não notar estar fazendo carinho no meu cabelo despenteado. Eu acho que vou dormir, ele faz carinho tão bem.
Eu pensei em arriscar e falar com ele. Não parei para pensar duas vezes.
– Tom...? – Se liga na técnica, eu disse “Tom” e não “Kaulitz”.
Não vi sua reação, mas ele demorou para responder.
– Shiu, dorme de novo, ok? – E ele riu – Espera, você está sonhando.
– O que você está fazendo aqui? – Perguntei fazendo voz de sono.
– Eu vim te ver, porque amanhã eu vou embora – Novamente riu – Cara, como eu sou cara-de-pau.
– Mas eu pensei que você não gostasse muito de mim – Arrisquei tirar minhas duvidas fingindo estar sonhando. Com certeza, iria rir disso no futuro. Que o Kaulitz nunca, NUNCA, saiba disso.
– Você se tornou parte da minha família, querendo ou não, estou tendo essas reações contrárias por você.

Eu sorri embaixo do edredom e Tom não pode ver.
– Volta a dormir, Julia – Meu sorriso se alargou quando ele disse meu nome.
– Uhum – murmurei.
Eu estava esperando que ele fosse embora, mas levei um pequeno susto, e sem querer abri os olhos, mas ele não viu. Tom encostou os lábios nos meus e fez força como se realmente quisesse me beijar. Eu fechei os olhos antes que ele abrisse os dele. Depois eu ouvi a porta bater, e Tom tinha ido embora. Eu dormi sem esperar que Chel voltasse, sentindo o carinho no meu cabelo como se ele ainda estivesse lá.

–/-

Naquela manhã, eu abri os olhos um pouco eufórica. A noite anterior martelava até em meus sonhos. Será que foi real? Eu pensava.
Mas, espera... Ele tinha dito que iria embora logo pela manhã!
Eu me levantei pulando da cama sem nem me preocupar com cabelo e pijama. Abri a porta fazendo barulho e atravessei correndo o corredor vazio. Eu só esperava que não fosse tarde demais.
Sim, é claro que alguém tinha que entrar no meu caminho e como eu sou a senhora equilíbrio, caí em cima desse ser humano, mas me seguraram antes de chegar ao chão, porque minha sorte né...
Eu nem me preocupei em saber quem tinha me segurado. Desde que fosse realmente Bill na minha frente, ninguém iria embora sem o cantor.
– BILL! Você ainda está aqui! – Eu tentei esticar meus braços para tocá-lo, mas me dei conta de que estavam presos, e também de que Georg me segurava antes de chegar ao chão. Ele me colocou em pé e checou meu equilíbrio. – Estou bem, cara.
– Eu espero – Georg disse baixo e a voz de Bill passou por cima dele.
– Sim, estou, Jus. Todos estamos, ou parte de todos.
Eu fechei a cara.
– Parte? – Bill na minha frente, Georg do meu lado e Gustav no sofá, sim, ele não estava lá.
– O Tom já foi para o estúdio do David resolver algumas coisas da turnê. Acho que foi checar alguma brecha para a próxima semana quando você e Chel voltarem para Magdeburgo para você voltar ao Brasil. – Respondeu rápido Bill.
Só mais uma semana com eles... Com eles? Epa! Eles vão entrar em turnê... Eu perdi segundo pensando.
– Bill... – Eu comecei, mas sabe como é ele não pára de falar.
– Julia! Você pensou que iríamos embora sem te falar que...
– É, pensei Bill. Eu acordei desesperada para vir me despedir. – Eu disse.
– Despedir? – Georg disse alto e depois soltou uma curta gargalhada – Julia, você vai com a gente.
Eu olhei para os garotos na sala. Todos sorriam esperando minha reação.
– Tipo, num ônibus, indo de hotel em hotel pela Alemanha com quatro garotos? – Eu perguntei.
– E uma garota, né Jus. – Eu me surpreendi com as mãos geladas de Chel nas minhas costas. Ela passou por trás de mim e ficou ao lado do Bill – Eu também vou.
– Jus, eu disse para seus pais que iria ficar com você, então você vem comigo e os garotos – Gustav disse.
– Mas Chel...?
– Ah vai! Eu precisava me divertir um pouco, e então Bill veio me convidar. É claro que eu aceitei. Vai ser legal. – Chel disse.
– Sim, vai. – Eu sorri confiante. – Vou me arrumar me esperem. Ah – Eu me apoiei nos ombros de Georg – Obrigada, Gê, por não me deixar cair. – Beijei seu rosto.
Voltei correndo para meu quarto, seguida por Chelsea e me imaginei como naqueles filmes, duas meninas sorrindo e correndo. Eu ri do meu próprio pensamento.
– Chel, admite que a culpa disso seja sua! – Eu disse em português porque minhas conversas são secretas e os garotos são bisbilhoteiros.
– Eu juro Jus. Não tenho nada haver. Fui ontem ao quarto de Bill se lembra? Estávamos deitados conversando quando ele perguntou se eu gostaria de começar a turnê com eles, mas claro, ele disse que voltaríamos nós duas na semana que vem, porque você vai voltar ao Brasil e eu perguntei de volta se você iria e ele disse que era obvio porque você é a estrela principal nisso tudo, mas tudo bem para mim...
–Tá, tá. Já entendi. Meu Deus, garota! Você não pára de falar igual ao Bill!
– JUS!
– QUE FOI? – Não, ela me gritou como se tivesse visto um fantasma.
– Você – Chelsea fez uma cara safada do tipo quando você está pensando besteira – vai ficar coladinha com o Tom!
Eu quase bati naquele demônio branco e loiro da minha melhor amiga. Evidentemente, não pude evitar sorrir de lado, só de pensar em estar com o Tom, brigando ou não, eu sorria que nem boba.
Eu amava a forma que ele dizia Schäfer gritando, ou até mesmo Benjamin quando Gustav estava por perto. Tem alguma coisa nos seus lábios que se posicionam para dizer meu nome, isso me deixa eufórica e nem posso pensar no piercing...
– Ju, Jus, Julia... JULIA! – Chel me tirou do transe.
E eu estive esse tempo todo parada na frente da porta do meu quarto sem fazer nada, é, foi realmente estranho.
– Você estava pensando no Tom, que eu sei. – A loira abriu a porta do meu quarto e me puxou para dentro, porque já tinha começado a falar em alemão novamente.
– Chel, você só pensa nisso? Já passou pela sua cabeça que eu possa estar pensando nos meus pais no Brasil sozinhos sem mim, ou talvez como será minha viagem na semana que vem?
– É já pensei, mas quando você pensa no Tom é diferente, dá para perceber.
– Hallo?
– Minha pequena Jus... Quando você está pensando no Tom você não tem foco no olhar, deixa a boca um pouco aberta – eu levei a mão até a boca – Sim, ela fica entreaberta, e não posso esquecer-me de citar que você fica vermelha.
– Ok,eu já entendi. É eu estava pensando no Tom.
Chel continuou falando alguma coisa, mas eu parei de prestar atenção e comecei a me concentrar em arrumar a mala. Tirei algumas coisas sem necessidades e deixei a camisa do Tokio Hotel, porque eu sou Jus e gosto de chegar perto do limite e me safar, dependendo da minha sorte. Acho que lá no fundo eu estava com vontade de contar, só não podia porque eu sabia da conseqüência.
Todos os garotos e Chel já estavam prontos na sala, estavam apenas me esperando. Descemos todos juntos e como no dia do estúdio, um carro preto nos esperava na garagem no apartamento. Entramos todos no carro.
– Agora vamos para um aeroporto pegar o próximo vôo para Berlim, capital da Alemanha, onde começará nossa turnê. – Disse Bill.
– E nós temos um taxista que nos leva para todos os lugares. É só ligar e ele fica lá em baixo no hotel te esperando – disse Georg
– Eu gosto do James – Gustav falou pela primeira vez que entramos no carro.
– Ai que medo – E uma coisa dessas, só a Chel poderia ter dito – O nome do taxista é de mordomo assassino dos filmes de terror.
– E o James Bond? – Bill perguntou.
– Aí é outra história. – disse Chel ficando vermelha e todos riram.
Os dias com os meninos me fez descobrir mil e uma coisa sobre eles, que eu não imaginava. Georg não é tão calmo quanto parece. Uma vez ele estava jogando guitar hero com o Tom e eu peguei por engano seu refrigerante na mesa. Eu ainda me lembro de dormir com dor de ouvido.
“- PÁRA O JOGO. PÁRA! JULIAAAAAAA MEU REFRIGERANTE, CARAMBA. TIRE AS PATAS SUA COISINHA MINÚSCULA, ESSE É MEU, MEU MEEEEU.”
Georg deu um chilique. É claro que depois veio pedir desculpas, mas foi engraçado ver o Listing se descabelando por uma lata de refrigerante próxima a minha boca. Depois disso ele perdeu no jogo, é claro.
A cada dia eu me impressionava mais, e meu amor pela banda não diminuía. Só aumentava a esperança de ver um show, ganhar um autógrafo e tirar uma foto. Essas coisas que uma fã normal faria não uma fã que dorme na mesma casa desses extraterrestres, que não anda de salto alto, tropeça com os próprios pés, tem uma disputa cerrada com Georg e seus refrigerantes e arruma uma terceira guerra mundial em plena Alemanha com seu guitarrista favorito.
O carro preto chegou ao apartamento onde estava localizado o estúdio de David Jost. Ele e Tom esperavam na portaria e Tom estava irreconhecível debaixo de touca, óculos e camisolas pretas. Os dois entraram no carro cumprimentando o pessoal.
– Hey, garotos! Chelsea; pequena-criatura-do-pântano. – Disse Tom se sentando do meu lado.
– Oi Kauli- Espera, ele me chamou de criatura do pântano – Ah, cala a boca, sua anta duplamente maior.
– Qual é! É o melhor apelido que eu já inventei.
– Kaulitz, se você quer me dar um apelido, pára em um só. Já contou quantos apelidos você me deu?
– Ei suas crianças – Georg chamou atenção – Já vão começar? Dá para esperar até o avião?
– O- O que? – Eu perguntei.
– Não sabia? Meu número é 27 e o seu é 28 – Tom riu sarcástico.
Eu retribuí com um sorriso seco e me calei para o resto do trajeto até o aeroporto.
Então seria assim? Um Tom Kaulitz calminho durante a noite e irônico durante o dia? Eu senti raiva de mim mesma por acreditar nas palavras daquela anta. Mas, por mais que eu pense assim algum momento, o sorriso angelical nada anjo dele sempre volta a aparecer na minha mente. Arg, como eu sinto ódio do Tom Kaulitz às vezes! Ele é tão... Errado, cheio de defeitos, chato. Muito chato.
Chegamos ao aeroporto em cima da hora do vôo. Eu e Chel precisamos nos distanciar dos meninos por causa dos paparazzis e fomos buscar cafés na StarBucks. Em um lugar longe dos paparazzis, os meninos esperavam na escada do avião para pegarem seus copos. Subimos juntos e ficou assim: Georg e Chelsea nos bancos 31 e 32, Bill e Gustav nos bancos 33 e 34.
– Parece que todos ficaram lá para frente e a gente aqui atrás. – Tom comentou fazendo o favor de carregar minha bagagem, porque eu nunca deixo que eles coloquem lá embaixo.
Normalmente (ou pelo menos nos vídeos que eu assisti) Tom e Bill se sentam juntos. Eu não sabia explicar o porquê de nos últimos dias, Tom tem ficado tão perto de mim por coincidência... Ou talvez nem seja tanta.
Olhei para os dois bancos que pareciam ser super-confortáveis da primeira classe com controle de televisão e fones de ouvido. Eu segui o olhar do Tom, e ele estava se corroendo de vontade de se sentar na janela. Acontece que tivemos a mesma idéia, na mesma hora. Rolou confusão.
Eu e Tom nos atiramos para o banco perto da janela. Mas eu fiz isso primeiro, ou seja, a anta do Kaulitz caiu em cima de mim! Meu Deus, como ele pesa! Eu respirei fundo antes de gritar com a voz abafada e precisei respirar o perfume estonteante do garoto. Nossa como eu adoro cair agora.
– KAULITZ SAI DE CIMA DE MIM AGORA!
Ele apoiou o braço no banco ainda em cima de mim e eu senti seus músculos se contraindo contra o meu corpo, que situação tensa. Ele afastou o rosto para ficar com ele bem de frente para o meu. Encarou-me sem reação por um instante e respondeu:
– Eu quero o banco da janela. Arrasta seu corpo para longe do meu banco.
Seu hálito contra meu rosto me deixou tonta. Eu já estava fechando os olhos quando me dei conta de que não podia reagir, não ainda.
– Bem que eu queria, mas você está em cima de mim. – respondi.
O rosto dele se aproximou, ele fechou os olhos com a proximidade como se fosse me beijar. Eu empurrei a barriga dele de alguma forma, porque segundos atrás minhas mãos estavam presas embaixo da minha mala que ele tinha deixado cair em cima de mim, também. O Kaulitz mais velho caiu entre o espaço do nosso banco e o banco da frente. Ele xingou baixinho e eu sorri, vencendo a pequena guerra dos bancos.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 6 - Alérgica

Eu não conseguia abrir os olhos e raciocinar, estava vegetando no colo de alguém, e era difícil até de entender os barulhos a minha volta. Só podia sentir os braços quentes e fortes em volta de mim.
– Ela vai ficar bem, ela vai ficar bem. - O ser ficava repetindo, e depois de tantas vezes percebi que a pessoa se referia a mim.
Eu adormeci novamente de cansaço, talvez por esforço de estar acordada, e então só consegui abrir os olhos horas depois.
Podia ver meu quarto com clareza, as três paredes brancas e atrás da minha cama a parede escura. Senti minha garganta arder e tentei me levantar, mas nesse mesmo momento alguém me empurrou de voltar para a cama.
Chelsea tinha sombras escuras abaixo dos olhos e o cabelo loiro estava preso em um coque malfeito. Eu ia falar algo, mas ela me interrompeu.
– A senhorita quer me dizer por que diabos comeu um salgadinho de camarão?
Eu fiquei confusa e ela notou.
– Julia, você sabia o sabor do salgado que comeu lá no estúdio do mixer?
– N-não... - minha voz falhou.
– Pois bem, era de camarão! - Ela disse como se fosse minha mãe, só que em alemão que era mais comum para ela.
Acho que Chel já deveria saber sobre minha alergia á camarão agora.
– Você tem noção de que sufoco eu passei sozinha com os meninos lá no estúdio? Não viu a briga que Tom teve com David Jost!
Eu fiquei surpresa.
– Pode me explicar o que aconteceu sem gritar e me deixar sentar na cama pelo menos? - Pedi rouca com muita sede.
Ela respirou fundo como se tivesse se dado conta de que estava falando alto, deve ter se sentido mal. Eu me sentei na cama passando a mão pela garganta. Não estava inchada, mas estava com gosto de vômito.
– Você desmaiou no elevador, e Georg te pegou no colo. Gustav ficou desesperado apertando o botão do térreo, e quando chegamos lá em baixo você estava deitada no sofá como se estivesse morta. - Ela levantou os braços gesticulando terror - Eu não sei descrever a cara do Tom! Ficamos discutindo para entender o motivo, mas eu fui rápida e disse que você comeu um salgadinho e Gustav disse que você só tem alergia a camarão, aí minha querida, Tom subiu correndo as escadas e viu o salgadinho de camarão, então ele começou uma discursão com David.
– Por quê? - Eu perguntei interrompendo-a.
– Porque ele e Bill são vegetarianos e não precisam de nenhum tipo de carne no estúdio, como Georg e Gustav os acompanham. Claro que ele não estava certo, mas era seu único argumento. Quando ele se cansou de discutir, desceu ainda nervoso e pegou você no colo. Voltamos para casa e ele só te deixou em paz quando deu meia-noite e Bill insistiu que ele fosse dormir.
Eu olhei para a janela. Estava escuro.
– Chelsea! Quando tempo eu fiquei desacordada? - Me levantei da cama me esquivando de Chel para que não voltasse para lá.
Enquanto ela respondia cautelosamente, eu fui andando para o banheiro. Meu rosto era o pior, eu poderia até quebrar o espelho.
– Eu cansei de contar as horas, Jus. Você abria os olhos o tempo todo, e Tom achava que você estava acordada, mas você voltava a fecha-los.
Fechei a porta do banheiro deixando Chelsea do lado de fora e entrei no banho. Fui o menos rápida possível. Escovei os dentes duas vezes, mas a queimação na garganta continuava. Chel já tinha separado meu pijama em cima da cama.
Já estava me sentindo melhor quando terminei de me arrumar. Eu saí do quarto e Chel estava na cozinha. Fui direto para a geladeira beber água, e então estava me sentindo como antes de ter uma reação alérgica, só que com fome.
– Quer alguma coisa? - Chel perguntou sem muita certeza de que fosse aquilo que ela queria dizer - Bem, eu não deveria deixar você comer coisas, apenas liquido, mas você sabe como eu sou.
Eu sorri e peguei em um fruteiro escondido uma maçã. Eu achei estranho ter maçã ali, mas era a fruta favorita do Tom.
Me sentei no banquinho, eu e Chel conversamos por mais ou menos uma hora. Depois ela disse que estava com sono e eu disse que os edredons se escondiam na parte de cima do armário. Ela voltou para o quarto e eu fiquei sozinha na cozinha.
Não estava com sono, tinha coisas para pensar, como por exemplo, "Por que o Kaulitz arranjou uma briga com Jost sem argumentos?"
Era bobagem, é só não tinha notado o sabor do salgadinho, e, aliás, nem todos são vegetarianos, eles têm todo o direito de comer camarão. E mais, "Por que Tom ficou o tempo todo comigo enquanto eu estava desmaiada?" Outra bobagem! Ele não era o Tom Kaulitz, aquele que teve aquela briga gigante comigo, e costuma me ignorar e me dar foras? Eu estava confusa demais.
Levei um susto quando ouvi o barulho de porta batendo. Devia ser só Chel, mas eu olhei para a porta da sala e vi um vulto passando para o corredor.
Não, por favor, não. – Resmunguei para mim mesma.
Se minha linda sorte estivesse em alta, poderia ser qualquer menino, bem provável que fosse Bill, ou Georg ou mesmo o Gustav com aquele sono pesado. É, eu costumo brincar com minha sorte como se fosse objeto.
Me levantei do banquinho e fui atrás do ser, pisando de leve no piso de madeira. Alguém me segurou pelos braços e me girou em menos de dois segundos. Eu iria gritar, se ele não colocasse a mão na minha boca.
Ele se certificou de que eu não iria mais gritar e tirou a mão da minha boca levando ela para meu outro braço, assim, não tinha saída. E a minha reação?
– Seu imbecil! - Eu o xinguei. - Queria me dar um susto?
– Não, eu só queria saber se você estava bem.
Tom não desviou os olhos dos meus nem um segundo, e também não sorriu. Ele só continuou me segurando pelos braços. Eu fiquei sem fala, mas o Kaulitz tinha que fazer algo para estragar o momento que eu comecei estragando.
– Eu não quero acordar amanhã e não ter ninguém para zoar, xingar, implicar...
– Tá bom, eu já entendi. - Bufei, e eu que pensei que ele tinha mudado - Eu estou bem. Chel me permitiu comer algo, já tomei banho só não estou com sono.
– Nem eu...
– Ah, pode parar, Kaulitz! Eu estou sabendo que você não dorme há séculos. - Eu me mexi inquieta com a intenção de que ele percebesse que ainda não tinha me soltado.
E ele não percebeu, continuou conversando como se eu nem tivesse me mexido.
– Devo estar só ansioso para a próxima turnê, você sabe.
Não, eu não sei!
– Pois é. Agora você pode me soltar? - Jogar com indiretas não adianta, não é? Precisa jogar álcool, gasolina e fósforo.
Tom olhou para as próprias mãos e sorriu pervertidamente. Em menos de segundo, eu já estava em seu colo querendo gritar. Ele me segurou com força e eu quase não pude me mexer.
O Kaulitz mais velho correu pelo corredor até o próprio quarto e entrou fechando a porta.
Regra n°2 - Nunca, jamais, entre no quarto do Tom Kaulitz.
– Eu não posso entrar aqui, seu idiota! - Disse depois que a porta foi fechada.
Ele me colocou no chão e eu fiquei virada para porta com a intenção de não olhar para ele. O quarto ficou silencioso, até eu me virar e ver que Tom estava deitado no meio em sua imensa cama de casal já debaixo das cobertas e virado de costas para mim.
– Kaulitz, eu estou começando a ter certeza de que você tem problemas mentais. Me trouxe para seu quarto e virou de costas para dormir.
– Eu não vou dormir, sua chata. - Ele resmungou debaixo das cobertas.
– Mas você precisa dormir!
– Então me faça dormir. Eu simplesmente não consigo.
Eu fiquei quieta alguns segundos para pensar.
– Você quer que eu te coloque para dormir do tipo, mamãe e filhinho? - Disse com um tom engraçado.
Tom bufou, tirou o edredom da cabeça e disse:
– Vem aqui. - E deu um tapinha na cama, gesticulando para que eu me senta-se.
Eu caminhei hesitante até a cama do garoto, e quando estava próximo, ele me puxou pelo braço e eu caí na cama.
– Faça qualquer coisa, converse me pergunte algo, se quiser dormir também vale.
Eu me ajeitei desconfortável ao lado de Tom.
– Chel me disse que você esteve do meu lado quando eu desmaiei.
– E?
– Eu quero saber por quê.
Tom ficou quieto por alguns longos segundos e eu comecei a achar que ele não iria me responder, quando ele disse:
– Você não me odeia, não é? E foi carinhosa com o Bill, poderia ser comigo também. Eu já notei que você não tem recaídas, então comecei a levantar a bandeira branca primeiro.
Eu tive vontade de rir.
– Ah, Kaulitz, você não serve para isso. Você é um chato de qualquer forma.
Ele bufou percebendo que eu sou irritante mesmo.
– E por que você brigou com Jost sabendo que estava errado?
– Eu só estava chateado por você ter tido uma reação alérgica. Me senti culpado por você está lá e me lembrou de uma vez que eu dei maçã para o Bill. Ele comeu e foi parar no hospital.
– Não é sua culpa se eu comi camarão nem se eu estava lá no estúdio. - Eu tive pena do Tom.
– Mas se eu não estivesse paquerando a ruivinha, você não teria uma crise de ciúme e não teria entrado no estúdio sem o Bill e a Chel ficaria de olho em você.
Eu me irritei. Me levantei na cama indo em direção a porta.
– Ok, esquece a parte do ciúme, vamos fingir que você não teve essa crise. - Ele falou calmo como se soubesse de que se falasse daquela forma, eu iria voltar.
– Eu não tenho ciúmes de você, Kaulitz.
– Sabia que existe outro Kaulitz na casa, Schäfer? - Ele continuava calmo demais.
– Sabia que existe outro Schäfer na casa, Tom kaulitz? - Eu retruquei.
– Então agora você me chama de Tom e eu te chamo de Benjamin.
– Você gravou meus nomes? - Eu falei alto demais e ele sussurrou "Shiu".
Ele não me respondeu. Quando eu me aproximei da cama, Tom tinha os olhos fechados então eu notei que nas últimas frases ele andava sussurrando. Ele estava dormindo.
Os olhos delicadamente fechados, suas expressões relaxadas, os dreads soltos caiam em volta de seu rosto. Tom parecia um anjo de olhos fechados.
Eu voltei em passos leves e fechei a porta do quarto de Tom sem fazer barulho. Assim que me virei, Chel me encarava no escuro de braços cruzados.
– Se você não for para a cama em cinco segundos, eu conto o que eu vi para o Gustav.
– C-como?
– UM.
Eu entrei no meu quarto e me joguei na cama rindo.
– O que você estava fazendo no quarto do Tom? - Chel perguntou com um sorriso pervertido no rosto fechando a porta do quarto.
– Ele me levou para lá - Isso só aumentou o sorriso dela - Quero dizer, você sabe, Tom não anda dormindo, e ele me pediu para que eu ficasse lá conversando com ele, até que ele dormisse novamente.
– Hm, é que eu preciso de um relatório completo para o Gustav amanhã.
Eu apontei o dedo para ela.
– Se você contar, eu vou embora da Alemanha!
Seu sorriso diminuiu. Ela se deitou na cama improvisada ao lado da minha e tirou debaixo do travesseiro meu notebook.
– Ei, o que você está fazendo? - Perguntei.
– Lendo seus relatos sobre o Tokio Hotel, sabe. Eu quero saber mais sobre o Bill... E a banda, claro.
– Mas tem senha!
– É Tom Kaulitz, foi fácil. - Ela riu - Gostei do seu wallpaper. Se Tom visse a foto dele sem camisa aqui, ele te mata.
Meu celular fez barulho de tirar foto. Chel se assustou e olhou para mim séria.
– E o que Bill faria se visse sua foto olhando para as fotos dele no notebook? - Eu mostrei a foto e ela fechou as páginas desligando o notebook de cara amarrada.
– Você é uma ótima negociadora, minha Jus. - Ela apagou a luz e eu fechei os olhos para alcançar o sono.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 5 - No estúdio do Mixer

– Eu só não consigo acreditar como você me fez chegar até aqui. – Chel reclamava enquanto eu a empurrava para dentro da limusine preta dentro da garagem do prédio.
– Ah, qual é. Vai ser legal. – Eu disse baixinho enquanto me sentava ao lado dela no canto.
Consegui me arrumar em menos de quinze minutos, então eu e Chel fomos as primeiras a descer. Logo chegou Gustav, Tom e Bill, e por último Georg. Eu me perguntava como Bill era tão rápido em se arrumar sendo que ele tinha tanta coisa para fazer só na parte superior do corpo.
Eu coloquei um jeans claro, uma blusa azul e um sobretudo branco por cima – sem esquecer da minha pulseira preta de metal da sorte. Chel me ajudou a trançar de lado meu cabelo enquanto eu escolhia uma cardy boot. Passei o lápis de olho e um batom claro.
Bem, eu devo dizer que o caminho até o estúdio de gravação foi divertido. Como não abusar do português se eu estava em frente aos alemães com minha amiga que fala minha língua?
Olhei para Chelsea e disse em português:
– Vamos brincar de falar em português para irritar esses meninos. – Ela sorriu malvadamente para mim, enquanto eu observava os meninos nos fitarem como se fossemos malucas.
– Bem que eu não queria ficar em silencio durante o caminho, e se for para falar, por que não em uma língua que eles não possam entender?
Nós rimos. E Bill foi o primeiro a cair na isca.
– Será que vocês podem falar numa língua que possamos entender? – Ele perguntou.
– Mas aí não teria graça. – Chel respondeu mais rápido.
– Eu sou curioso! – Bill reclamou tentando não sorrir. Foi lindo.
– Ei, garotos. Querem aprender um pouco de português? – Eu perguntei, e bem, a resposta foi meio obvia.
Tivemos algo que fazer enquanto chegávamos até o estúdio de gravação. Georg foi o mais enrolado para falar algumas palavras básicas como Olá, Eu sou, Eu tenho, Obrigado e Tchau.
Entramos no estúdio que era outro prédio. Estou começando a achar que o Tokio Hotel anda de prédio em prédio.
– Eu sou Bill Kaulitz, eu tenho dezessete anos. – Bill falava consigo mesmo enquanto entrava no elevador. – Falei certo?
Chel afirmou com a cabeça. Eles estavam desenvolvendo uma ótima química, eu notei.
Eu tive que ficar para trás, porque o elevador era pequeno e o peso dos instrumentos mais Bill, Chelsea e Gustav chegava ao limite. Entrei no outro elevador com Tom segurando sua guitarra favorita e Georg com seu baixo. Eu fiquei calada.
– Você parece um pouco retardada falando em português. – comentou Tom.
– É – disse Georg. Eu o encarei estranhamente, pois nunca havia ultrapassado o “bom dia” com ele – É diferente da Chelsea. Ela fala mais devagar as mesmas palavras que você.
Eu sorri.
– Eu costumo ser assim. – disse.
– Não, mas você parece uma retardada! – Tom tornou a repetir.
– E você parece um retardado só na forma de andar igual á um pingüim, por que né, você é um idiota, Kaulitz!
Já íamos começar a brigar quando Georg falou um pouco mais alto dentro do elevador.
– Pronto, chegamos, ah, oi Gustav!
Eu fiz uma careta e saí do elevador em passos rápidos para perto de Chelsea. Ela sussurrou em português:
– Outra briga com seu marido?
Eu dei um leve tapa no ombro dela e ela teve um ataque de gargalhadas.
Cada um dos meninos entrava na cabine para gravar sua parte na nova musica do Tom, reden.
Eu e Chel ficamos no sofá conversando e assistindo os meninos gravarem. Georg pediu para que fosse o primeiro, e depois Gustav e Tom.
Tom errou quase todas as notas e parecia não fazer esforço para acertá-las, ele nem mesmo olhava para o violão. Fitava o vidro escuro da cabine para a sala de mixer como se tentasse enxergar alguma coisa.
Bill usou o microfone para gritar com Tom:
– Dá para se concentrar?! – Perguntou irritado.
Tom parou de tocar e respondeu na mesma altura.
– Estou concentrado!
– Ah, claro. E por isso não acerta nenhuma nota.
Tom estava prestes a explodir quando David se intrometeu.
– Vocês dois. Parem. Bill, deixa o seu irmão se concentrar, por que não vai dar uma volta com as garotas que estão morrendo de tédio no sofá?
Eu vi Tom se mexer inquieto na cadeira. Com grande resistência, eu e Chel arrastamos Bill para fora da sala do mixer, descemos o elevador e ficamos na sala de recepção onde tinha um pequeno bar.
Bill pediu apenas uma água, enquanto eu e Chel abusávamos da boa sorte e pedimos dois refrigerantes.
– Eu não entendo vocês. – Chel comentou entre um gole e outro. – É comum ele errar as notas assim?
– Não. Ele é geralmente muito bom. – Bill respondeu – Ele está estranho hoje. Eu entrei no quarto dele de manhã e ele tinha ficado a noite toda acordado tocando violão.
– Ele não dormiu? – Eu deixei minha voz sair preocupada demais – Digo, talvez seja por isso que ele não está tocando bem.
– Mas para ele isso é normal. – Bill não pareceu notar nada de estranho, mas Chel me olhou como se esfregasse na minha cara que ela sabe meu segredo. – Eu só não quero ficar brigado com ele.
– Por que você não leva um café para ele? Talvez ele se sinta melhor. – Chel deu uma idéia.
Nesse momento, Bill olhou para Chel de uma forma carinhosa. Eu me levantei bem devagar e avisei baixinho que eu mesma iria levar o café para o Tom. Peguei um café comum e subi no elevador deixando Bill e Chelsea no maior clima na mesinha do bar.
Quando cheguei ao andar do estúdio, o elevador abriu revelando Tom do outro lado apertando furiosamente o botão.
– E-eu trouxe um café para você, porque Bill disse que você não tinha dormido direito então devia estar estressado e…
Tom pegou o café da minha mão e entrou no elevador apertando o térreo novamente e fechando as portas antes que eu saísse.
Eu ri de nervosismo.
– Vai me trancar aqui?
– Não, estamos indo para o térreo, não está vendo?
Parece que ele continuava o ignorante de sempre. Eu cruzei os braços, mas logo me surpreendi quando ele diminuiu os dois passos que nos distanciavam e ficou cara a cara comigo. Não, não vai acontecer de novo.
– Você tranca a porta do seu quarto durante a noite.
Eu acenei positivamente com um olhar de duvida.
– Tem medo que alguém entre?
– Não, mas… Por que está me perguntando isso? Você tentou entrar no meu quarto?
Tom balançou a cabeça negativamente, mas duvido que aquela era a resposta. Ele se afastou quando a porta se abriu e saiu andando em direção a mesa onde Bill e Chel estavam.
– David está te chamando para gravar. – Ele disse ao Bill.
Assim que Bill e Chel se levantaram, Tom se jogou no sofá do bar. Minha vontade de ficar ao lado dele ainda não era maior do que a de assistir Bill em uma gravação.
Bill e Chel na porta do elevador, Tom no sofá e eu no meio sem saber para onde ir. Eu já estava seguindo os dois lá no elevador quando de relance vi uma menina ruiva se aproximar de Tom e se sentar ao lado dele. O elevador já ia se fechar, mas eu coloquei a mão na frente antes que se fechasse depois de que eu vi aquilo.
A ruiva usava uma saia com uma meia-calça por baixo, naquele momento, ela passou a mão pela borda da saia puxando-a levemente, e obviamente o olhar de Tom foi redirecionado as pernas da menina.
Eu saí do elevador em disparada na direção dos dois. Só quando Tom me viu aproximar ele parou de olhar para as pernas da ruiva, e então ficou olhando de mim para a menina.
– Tom – Eu disse com uma voz mais charmosa – Eu ia te perguntar quando você me interrompeu no elevador, se hoje à noite vamos sair para algum lugar, sei lá, para comemorar o álbum terminado?
Eu sorri internamente quando a menina me olhou como se eu estivesse interrompendo algo, bem, era minha idéia.
Tom me olhou em duvida evidente.
– Vamos subir e a gente pode falar com os outros. – Puxei Tom pela mão e foi incrível a facilidade de trazê-lo comigo, ele de repente pareceu tão leve – Vem.
Arrastei Tom para as escadas e só quando a ruiva desapareceu da minha visão eu soltei a mão dele.
– O que foi isso? – Ele perguntou, mas antes que eu respondesse, ele se respondeu com um pouquinho de raiva – Você acabou com a minha chance de ficar com a ruiva!
– Você nem sabia o nome dela…
– E você acha que eu ligo para isso? Minha primeira ruiva! Benjamin você precisa aprender algumas coisas sobre Tom Kaulitz. – Ele disse me empurrando no ombro.
Eu me escorei no corrimão antes que caísse da escada. O Kaulitz mais velho subiu rápido demais para eu alcançar, mas quando cheguei, pude aproveitar o restinho de ouvir Bill cantando Reden.
Bill cantou com uma voz invejável a qualquer um, era simplesmente incrível para mim, ouvi-lo cantando sem musica.
Fui à mesa de salgadinhos escondia em um canto e peguei algum para tirar um pouco o gosto do refrigerante, tinha um gosto estranho.
Quando ele saiu da cabine, bati palmas de leve e sorri.
– Obrigado – ele respondeu em português e eu abri um grande sorriso sendo acompanhada por Chelsea. – Vocês gostaram mesmo?
– Não – respondi séria, mas não agüentei por mais de dois segundos e gargalhei – Claro, foi lindo.
– Você é uma ótima atriz – Bill disse sarcástico, mas sorrindo gentilmente e passou o braço no meu pescoço e no de Chel.
– Já me disseram isso hoje, e você é um ótimo cantor. De verdade – E como era verdade.
Tom passou por nós e como se deixasse um rastro de mal-humor, disse:
– Ok, já podem parar com a melação.
Eu engasguei e Chel riu.
– O que deu nele? – Georg apareceu atrás de nós segurando seu baixo.
– Não sei, ele está estranho assim desde manhã. – Bill respondeu.
– Vai que ele perdeu alguma garota – Gustav sugeriu – Isso nunca acontece e ele nunca fica tão mal-humorado assim.
– Hah? – Perguntei fingindo estar confusa – Não, acho que não é por isso. Ele só deve ter levado um susto com ketchup na cara.
Eu falei mais baixo a ultima parte, mas Bill ouviu e me encarou estranhamente. Então eu me lembrei que ele devia saber das coisas. Saí do abraço do Bill e entrei no elevador com Gustav, Georg e os instrumentos.
Quando me dei conta, meu coração estava acelerado e minha respiração fora do comum. Encostei-me na porta do elevador, um pouco tonta e comecei a ouvir pessoas sussurrando. Os Gês deviam conversar bem baixo em alemão, mas aí a voz deles começou a aumentar de volume, e quando eu olhei para os dois, moviam as bocas como se realmente falassem alto e comigo.
– Julia, você está bem? – Ouvi Gustav dizer mais alto.
– Eu acho que não, Gust… – Disse Georg.
Levei a mão ao rosto e minha temperatura estava alta, meus joelhos cederam, mas antes de atingir ao chão alguém me segurou e eu apaguei.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 4 - O Backing Vocal

Eu fiquei no meu quarto pelo resto do dia, e não duvido que Tom também esteja trancado no quarto dele. Mesmo quando os garotos chegaram, eu não saí de lá.
Alguém bateu na porta.
– Jus? – Era Gustav. Eu olhei no relógio de cabeceira, era tarde. – O Ge queria dar uma volta e acabamos parando em um bar, mas o Bill me contou que você ficou a tarde toda no quarto.
Silencio. Eu não respondi, não havia o que responder.
– Aconteceu alguma coisa? – Segundos depois ele bate com o punho na porta – O Tom fez alguma coisa?
Agora eu poderia mentir de duas formas, ficando quieta e dizendo que não aconteceu nada. Mas eu fui lenta demais.
– Eu vou falar com ele.
Levantei-me rapidamente da cama e abri um pouco a porta, a tempo de puxar o punho de Gustav antes que ele batesse na porta da frente.
– Gustie, não aconteceu nada. – Eu tentei sorrir – O hambúrguer me fez um pouco mal e eu quis ficar no quarto.
Em geral, é fácil mentir para Gustav.
– Tudo bem, mas quando acontecer algo você me conta, certo? – Ele falou como se esperasse que algo fosse acontecer.
Antes que eu pudesse responder, a porta da frente se abriu, mas não foi Tom quem saiu, foi Bill. Ele fechou a porta e passou por trás do Gustav me encarando como se soubesse de algo, depois entrou em seu quarto.
– Certo – eu respondi e sem deixar que ele falasse mais alguma coisa, fechei a porta do quarto.

Eu não ouvia mais barulhos fora do quarto, pareciam que todos estavam dormindo. Tomei um banho e coloquei meu pijama, mas não estava mais com tanto sono, porque fiquei a tarde toda dormindo e acordando.
Revirei-me várias vezes no escuro do meu quarto, mas o sono não queria vir! Eu me sentei na cama bufando, então ouvi um barulho do lado de fora do quarto e depois um eco de violão como se alguém tivesse batido um violão na parede. Eu me levantei da cama e fui até a porta do quarto bem a tempo de ouvir a pessoa xingando.
Depois de alguns segundos, os passos no corredor acusaram que a pessoa estava se afastando para o corredor. Eu abri a porta lentamente, porque minha curiosidade é incrível.
O corredor estava escuro para variar, mas depois a luz do abajur da sala se acendeu e eu segui o garoto até a porta da sala. Eu pude ver apenas sua silhueta, porque a luz não era suficiente e ele estava de costas, mas com um cabelo cheio de dreadlocks como aquela, só podia ser o primeiro Kaulitz.
Já estava voltando ao meu quarto quando ele começou a tocar o violão. Um ritmo forte, e muito aconchegante, mas eu não posso começar a citar as notas, até porque eu nem sei tocar violão. E então começou a cantar, com a voz um pouco rouca que ele tem, mas era de certa forma, sexy.
Keiner weiß wie's dir geht (Ninguém sabe como você está) Keiner da der dich versteht (Ninguém lá entende você) Der Tag war dunkel und allein (O dia estava escuro e solitário) Du schreibst Hilfe mit deinem Blut (Você escreve socorro com seu sangue) Obwohl es immer wieder wehtut (Embora isso sempre lhe machuque de novo) Du machst die Augen auf und alles bleibt gleich (Você abre seus olhos e tudo permanece igual)
Eu resolvi me sentar no chão do corredor e ouvir Tom tocando seu violão perfeitamente bem, e ainda cantando. Quantas fãs estariam rindo descontroladamente ouvindo Tom imitar o Bill.
Ich will nicht stör'n und ich will auch nicht (Eu não quero incomodar e eu também não quero) Zu lange bleiben (Ficar por muito tempo) Ich bin nur hier um dir zu sagen (Eu só estou aqui para te dizer)
Prestei atenção na letra, era nova, eu nunca tinha ouvido, mas era linda, quero dizer, tinha muito o estilo do Bill. E quando ele parou de tocar, eu pensei que tinha ouvido o som da minha respiração, mas então continuou, e aquele devia ser o refrão.
Ich bin da, wenn du willst (Eu estou lá, quando você quiser) Schau dich um dann siehst du mich (Olhe em volta, então você me verá) Ganz egal wo du bist (Não importa onde você está) Wenn du nach mir greifst dann halt ich dich (Se você me alcançar então segurarei você)
Eu já sabia o nome dessa musica. Era An Deiner Seite. Bill precisou voltar à gravadora hoje de manhã para regravá-la, e ali estava Tom cantando-a não exatamente para mim, mas eu estava ouvindo.
Ich will nicht stör'n und ich will auch nicht (Eu não quero incomodar e eu também não quero) Zu lange bleiben (Ficar por muito tempo) Ich bin nur hier um dir zu sagen (Eu só estou aqui para te dizer) Du bist nicht alleine (Você não está sozinho) Ich bin an deiner Seite (Eu estou ao seu lado)
Para meu azar, eu apoiei meu braço no joelho sem desviar os olhos de Tom, e acabei batendo com o braço no chão de madeira, fazendo barulho e chamando a atenção de Tom para mim. Ele fez uma careta.
– Julia.
Eu agradeci mentalmente por estar escuro e ele não poder me ver corando. O que eu respondo?
– Oi – olhei para os lados em busca de alguma coisa que servisse de desculpa por eu estar aqui – Oi Tom.
– Você estava me espionando. – Ele disse isso como se tivesse certeza, eu já iria protestar desesperadamente, mas ele falou primeiro – Não basta se derreter por um abraço, ficar paradinha esperando pelo beijo, ainda precisa vir me espionar durante a noite.
Eu fiquei roxa, não só vermelha, eu fiquei roxa.
– Você é idiota? – Falei alto demais e ele me olhou sério – Não sei de onde tirou esse negocio do abraço, e foi você quem me deu um selinho! Eu estava deitada sem sono e ouvi um barulho, então vim até aqui e vi você cantando sei lá o que.
Agora foi a vez de o Kaulitz baixar a guarda e ficar sem resposta. Eu tive vontade de rir, é uma das poucas coisas que eu sei guardar a vontade.
– E agora você fica caladinho porque sabe que eu estou certa, não é, Kaulitz?
– Agora que você viu quem era, já pode voltar para seu quarto. – Ele disse, e se virou de costas novamente, sem tocar nada no violão.
Eu continuei parada, como se esperasse que ele me dissesse algo mais, ou pedisse desculpas, mas não há o que se esperar do Tom. Na internet parece que ele é previsível demais, mas conviver com ele é mais complicado, você não sabe o que esperar.
– Eu ainda não ouvi seus passos.
Eu me senti expulsa, mas voltei ao quarto sem chorar. Tranquei a porta com chave e me deitei na cama. O sono finalmente tinha voltado, mas eu permaneci vegetando entre o sono e a sanidade por mais tempo, até ouvir alguém tentando abrir minha porta, mas não foi motivo para que eu me levantasse, pois estava trancada. Desistiram de tentar abrir e eu adormeci finalmente.

Hoje eu fui acordada. Meu celular tocava alto embaixo do meu travesseiro, era o som da Chelsea.
– Alô? – Eu murmurei.
Chelsea começou a falar desesperadamente em alemão, e eu não entendia uma única palavra.
– Começa de novo, por favor. – Eu tinha toda a paciência com Chelsea.
Julia! Pode fazer o favor de autorizar minha entrada no prédio? Esse porteiro não quer me deixar entrar, dizendo que eu sou uma fã maluca, e disse que se eu colocasse o pé dentro ele chamaria a polícia.
– Chel, que prédio?
DOS SEUS AMOREZINHOS, ORA!
– Espera… Você está aqui embaixo? – Eu me levantei passando a mão no cabelo.
É, eu estou. Também estou te esperando abrir a porta! – E ela desligou na minha cara.
Prendi o cabelo em um coque mal feito enquanto corria pelo corredor ainda de pijama. Quando cheguei à porta, percebi que todos já estavam acordados, e olhando para mim. Gustav estava vermelho.
– Bom dia! Espero que não se importem, mas uma amiga está lá embaixo e pediu para eu autorizar a entrada. – Falei abrindo a porta do apartamento.
– Espero que não se importe, mas você não vai descer com esse pijama curto! – Gustav falou no seu tom de voz normal, mas severo.
Regra nº 1 – Não use roupas curtas.
Eu sorri de forma sarcástica para Gustav.
– Que pena, mas eu não posso demorar, senão Chelsea me frita viva, priminho. – Eu saí correndo pelo apartamento, mas tive tempo de ouvir a voz de Georg um pouco mais alta que o normal.
“Tom, para onde você vai?” E segundos antes de entrar no elevador eu vejo um Tom Kaulitz sem camisa na porta. Ele jogou a camisa gigante para mim e a porta do elevador fechou antes que eu pudesse agradecer.
Os Kaulitz já eram muito grandes, e Tom usava camisas várias vezes maiores do que ele, logo aquela camisa vestiu como uma camisola em mim. Uma camisola do meu pai.
Passei pelos seguranças e vi o porteiro discutindo com Chelsea com um telefone nas mãos como se fosse ligar para a polícia.
– Hey! – Acenei para Chelsea. Ela acenou de voltar e o porteiro ficou em duvida profunda. – Ela está comigo.
– De onde você veio? – O porteiro me perguntou.
– Eu sou prima do Gustav, cheguei anteontem. – O porteiro pareceu se lembrar de mim. – Pode deixar ela passar.
Chelsea entrou correndo e me abraçou. Tanto tempo que nãos nos víamos, ela estava simplesmente linda. Sempre foi muito parecida com uma legitima alemã, mas também era filha de brasileiro. Olhos claros, cabelos loiros e pele pálida.
– Nossa, Julia! Você quase não cresceu! – Eu dei um tapa na cabeça dela.
– Cresci sim, mas você cresceu mais, Chel. Vamos, eu acabei de acordar com o seu toque irritante, e essa camisa nem é minha.
Chel avaliou a camisa e me olhou desconfiada.
– De qual deles pertence?
– Ao Tom… – Ela me deu um leve soco no braço e eu fiquei vermelha. – Garota você precisa parar de ter pensamentos pervertidos assim.
Eu convenci Chelsea de ir de escada para informar o que ela iria encontrar dentro do apartamento.
– Você conhece o Gustie. Nesses dois últimos dias ele está bem diferente comigo, mas mandão, sei lá. Deve ser por causa dos garotos. E tem o Georg. Até agora minha conversa com ele não passou de “Oi, bom dia”, mas ele é legal. O Bill tem o meu estilo, não pára de falar, ele que escreve as músicas…
– Ah, falar em musica, eu ouvi algumas dos garotos antes de vir. – Ela sorriu - Ouvi Schrei, Durch Den Monsun e Beichte.
– E você gostou? – Ela acenou positivamente. - Então, tem o Tom, que eu já falei bastante para você. Cínico, chato, infantil e o mais importante, implicante. Mas acima de tudo isso, lindo e perfeito.
Chelsea riu.
– Eu ainda acho que você vai se cansar deles, Jus. E eu não disse o que queria se eu ganhasse. Se eu ganhar, você passa a ultima semana lá em casa.
Eu sorri, não era muito complicado e ficar longe dos garotos poderia me fazer bem, mas é claro que eu vou ganhar, e ela vai passar minha ultima semana se arrastando pela casa dos garotos junto comigo.
Já estávamos na porta do apartamento quando eu me lembrei do único detalhe que não poderia falhar.
– Chel… Eles não sabem que eu sou fã do Tokio Hotel.
– E quando você vai contar? – Eu a encarei, como se estivesse estampado na minha cara “nunca!” – Ah, entendi… Por quê?
– Porque Gustie é meu primo, e ele iria começar a me tratar de forma estranha se soubesse não como prima, mas como fã. E todos iriam se afastar de mim e desejar para que eu fosse embora mais rápido.
Entramos no apartamento, e os garotos ainda estavam na sala. Agora Georg e Tom estavam jogando Guitar Hero, Bill e Gustav sentados no sofá olhando para a tela.
– Garotos, essa é Chelsea. – Eu sabia que eles não estavam me ouvindo – Chel, Tom e Georg no Guitar Hero, Gustav você já conhece e Bill no sofá.
O jogo foi pausado por Tom que não estava mais sem blusa. Era estranho ver Tom, o guitarrista e Georg, o baixista na guitarra tentando acertar as notas do jogo. O jogo estava empatado. Uma nota errada e o outro ganhava, porque os dois eram incríveis.
– Não vai querer sua blusa de volta? – perguntei.
– Só depois que a maquina tirar seu cheiro dela – Ele respondeu ironicamente.
– Ah é, meu perfume não se mistura com seu fedor do pântano, Kaulitz.
– Muito engraçado, Schäfer.
Eu empurrei Chelsea pelos ombros para o corredor e quando o som do Guitar Hero invadiu o corredor silencioso, Chel comentou em português:
– Cara, eu não posso acreditar nisso! Como uma fã pode ficar na mesma casa que o ídolo e não fazer nada?! Isso é inacreditável! Você não demonstra NADA quando está com ele. E aquela conversinha lá na sala… Os outros poderiam achar que vocês são irmãos, namorados, qualquer coisa menos ídolo e fã!
– Eu posso ser atriz, não é?
– Concordo.
Novamente o jogo foi pausado, mas o telefone estava tocando. Eu ouvi Bill atender e cutuquei Chel para que ela prestasse atenção na conversa.
– O que? Eu esqueci completamente! Ok, eu vou avisar aos garotos e descemos em quinze minutos. Tchau, Jost. - Alguns segundos de silencio e Bill voltou a falar. – Alguém nesse apartamento sabia que hoje nós vamos gravar em meia-hora a última musica do álbum?
– Mas não foi ontem? – Era a voz de Tom.
– Eu re-gravei An Deiner Seite ontem. Hoje é a vez da musica pervertida do Tom e aí fechamos o álbum.
– Reden? Ela nem é tão pervertida. – Tom comentou.
Eu não ouvi o resto da conversa. Olhei para Chelsea e ela começou a balançar a cabeça negativamente.
– Ah, sim. – Eu disse.
– Não mesmo. Eu vim para ficar aqui e não ir a um estúdio de gravação.
Chelzinha, minha princesa você vai nem que eu tenha que te arrastar junto. – Eu sorri malvadamente.

Postado por: Grasiele

Arquivos do Blog