sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 8 - Beijinhos, estou indo dormir com Georg

“Keep your feet on the ground, when your head’s in the clouds”
Eu cantei baixinho a música do meu mp3, Tom não prestava atenção em mim, ele tinha o próprio mp3. Tinha os olhos fechados e movimentava a boca de acordo com a música, ele estava acordado. Seus dreads ainda presos caiam na blusa preta que ele usava, ele não estava mais com o boné. Pela primeira vez eu estava tão perto dele, e ele não estava brigando comigo, nem me seduzindo. Suas feições relaxadas, eu avaliei cada traço sem medo de que ele abrisse os olhos. Era só o Tom agora.
Sua mão batia com os dedos na perna como se estivesse tocando uma guitarra imaginária. Era engraçado, mas eu não senti vontade de sorrir. Sua mão parou de mexer e eu estranhei. Quando voltei a olhar para seu rosto, seus olhos estavam abertos. Eu senti que iria começar a corar e virei o rosto, mas ele puxou meu rosto de volta pelo meu queixo delicadamente.
A essa hora a música já tinha trocado no meu mp3. “I need a superhero, ‘cause I am just a girl, and I have no one who will go, and save me from this world”
Era como se uma corrente de ar me puxasse para mais perto dele. Seu rosto ia se aproximando naturalmente e quando me dei conta, nossos rostos estavam apenas dez centímetros de distancia, eu fitava seus lábios grossos e a droga do piercing que ele mexia com a língua.
Eu costumava adorar aquele piercing, nas fotos do meu notebook.
Por que você ta fazendo isso? – Eu procurei recuperar sanidade mental.
– O que eu estou fazendo, Schäfer?
– Está fingindo que vai me beijar – Eu consegui olhar em seus olhos não muito fechados, eu sou tão pequena que ele olhava para baixo.
– Julia, eu... Já parei de fingir faz tempo – Inclinou o rosto com uma risada suave de forma que pudesse encaixar seus lábios nos meus, e timidamente, roçou seus lábios nos meus.
Eu permaneci imóvel, chocada demais para esboçar qualquer tipo de reação. Tom não foi ele mesmo, não chegou a pressionar os lábios, foi apenas aquilo, um roçar.
– JUS, TOM!
Nós dois nos assustamos e nos separamos rapidamente. Por um momento pensei que alguém estava vendo isso, mas era só a voz de Chel dois bancos a frente do nosso.
– Vocês ouviram? – Eu olhei por cima do banco e vi Chel e Georg apoiados nas costas dos bancos olhando para trás, mas duvido que possam nos ver – Já estamos chegando!
Eu sorri apenas com os lábios, ainda estava em choque.
Logo em seguida a voz da aeromoça soou em três línguas diferentes, pedindo para apertar os cintos que o avião iria pousar em Berlim em alguns minutos.
Eu aumentei o som do mp3 ouvindo agora Nickelback e tentei esquecer a merda do roçar de lábios que parecia que iria ficar na minha mente por um tempo.
– Merda – Eu pronunciei ao me dar conta de que o único pensamento que passava agora pela minha cabeça era a constatação de que sim, os lábios de Tom são incrivelmente hábeis e eu ainda amava aquele piercing.

Descemos do avião pouco tempo depois e não, dessa vez não se esqueceram da minha mala. David parecia saber de tudo. Levou-nos por um caminho diferente dos outros passageiros e chegamos no estacionamento do aeroporto, só aconteceu uma pequena coisa que ninguém esperava.
O carro grande e preto que deveria ser o táxi dos meninos estava do outro lado do estacionamento, atrás de um grupo grande de paparazzis com suas máquinas fotográficas. Até então eles não tinha nos visto, mas um deles gritou:
– BILL E TOM, OLHEM PARA CÁ! – Todos os outros viraram e começaram a correr na nossa direção.
Sem pensar, Tom pegou sua toca e seus óculos escuros e colocou em mim, se posicionando na minha frente para que não tirassem foto de mim. Bill fez o mesmo com Chelsea. David nos puxou pelas mãos e saímos correndo por trás dos carros até o outro lado do estacionamento. Eu gritei:
– MAS E OS GAROTOS? PÁRA DE CORRER DAVID!
– Eu só entendi meu nome, seja o que for que você tenha dito, eles sabem se virar sozinhos. – Respondeu Jost e eu percebi que tinha gritado em outra língua.
Quando chegamos ao táxi, as portas já estavam abertas e nós três entramos.
– James, dê a volta pelo estacionamento e pegue os garotos – David Jost ordenou o taxista que começou a pilotar rapidamente o carro.
Os fotógrafos perceberam o táxi se aproximando e eles abriram espaço, os garotos aproveitaram para entrar no carro e saímos do estacionamento sem ferimentos graves.
Depois de certa distancia, eu comecei a rir sem motivos, quero dizer, tinha um motivo, foi tudo muito rápido e engraçado.
– Deveria parar de rir e agradecer por não ter tropeçado durante a corrida até o táxi – Disse Chel.
– Pois é! Eu nem caí. – Eu sorri.
– Eu que agradeço por não deixar meus óculos caírem no chão, eles são importante – Tom puxou a toca da minha cabeça e pegou os óculos que eu ainda usava.
– Por que fez isso? – Perguntei com um tom mais baixo, mas acho que usei suspense demais, todos os garotos olharam para mim e depois para Tom.
Ele ficou vermelho e combinaria bastante se ele dissesse agora que era apenas para me proteger. O que eu estou pensando? Ele é Tom Kaulitz. David respondeu por Tom quando notou que ele mesmo não o faria.
– Os paparazzis são uma coisa séria. Não vai ser nada agradável se você sair no jornal de Berlim como namorada de um dos garotos. Nem você nem Chelsea.
Eu olhei para as ruas do lado de fora do vidro. Era de se esperar que eu já começasse a turnê causando problemas.
Jost tirou de uma mala preta, dois grandes casacos pretos, óculos escuros e touca. Já era de se esperar que aquilo tudo fosse para nós duas.
Chegamos a um hotel no centro de Berlim em poucos minutos. O Hotel era, bem, grande e alto. Sua portaria estava cheia de seguranças altos e musculosos. Minha primeira reação foi dita em palavras por Chel:
– Minha nossa... – Ela murmurou.
O hotel estava cercado por muitas, - e quando eu digo ‘muitas’ quero dizer muitas mesmo – fãs vestidas de preto, camisas com logos e gritando histéricamente o nome da banda. “Tokio Hotel”
– Elas são – Bill congelou um sorriso gigante em seu rosto – as melhores fãs do mundo!
– Ok, meninos. Já sabem o que fazer. Quando o segurança abrir a porta, vocês descem rapidamente e não precisam dar autógrafos agora. Vão direto para a recepção e me esperem lá que eu vou com as meninas por trás do hotel. – Disse David Jost.
O segurança alto e musculoso abriu a porta e Bill foi o primeiro a descer. As palavras “Tokio Hotel” foram substituídas por gritos finos e histéricos por causa do Bill, eu e Chel rimos.
Mais três seguranças chegaram, um para cada garoto. Depois de Bill, desceram do carro Georg e Gustav. Tom demorou um pouco ajeitando o boné e os dreads, e assim que desceu uma fã próxima pulou da barra de segurança colocada pelo hotel e caiu em cima do Kaulitz mais velho – meus olhos queimaram de raiva e eu senti a mão gelada de defunto de Chelsea se apertar em volta do meu pulso – Tom não caiu, ele segurou a menina e a colocou no chão até outro cara alto colocá-la de volta atrás da barra de segurança.
Chel riu para deixar o ambiente descontraído, mas eu continuei fitando Tom enquanto ele caminhava igual a um pingüim até a entrada do hotel, e depois o carro de James já estava andando e a entrada do hotel desapareceu de vista.
Depois que entrei no hotel pela porta dos fundos com Chel e David, encontrei os garotos na recepção, sentados no sofá de couro branco parecendo entediados.
– Garotos – David tentou falar mais alto do que as gritarias do lado de fora do hotel – Vou fazer o check in, deixa eu adivinhar: Tom e Bill em um quarto, Georg sozinho, Gustav o refúgio do Georg caso Tom queira passar a noite com alguém e vocês meninas, juntas?
– Jost, ér – Bill começou – Eu vou querer um quarto sozinho dessa vez.
– Tudo bem, eu vou ver o que dá para fazer.
Eu e Chel acompanhamos Jost até a recepcionista.
– Eu fiz uma reserva para os garotos, mas aconteceu um imprevisto e vieram mais duas pessoas. Seriam quatro quartos, será que tem mais alguns sobrando?
– Desculpe, senhor Jost, o hotel está cheio de reservas. – A atendente mexeu no computador – Eu só vou ter agora mais um quarto.
David bufou.
– Tudo bem, eles que se resolvam. Pode me dar a chave desses cinco no total?
David pegou sua chave e deu a mim e Chel as outras quatro.
– Vão se resolver com garotos, eu to indo para o meu quarto.
Aproximamos-nos dos garotos balançando as chaves nas mãos para que eles ficassem atentos.
– Então... Rolou um imprevisto, e só temos quatro quartos. – Disse Chel – Pode ficar como planejado, Tom e Bill em um quarto, eu e Jus no outro. Está legal?
– Eu não quero dividir o quarto com o Tom dessa vez! – Bill olhou para o irmão mais velho – Sem ofensas, mas isso já passou dos limites! Eu tenho 17 anos agora.
– Tudo bem, eu concordo. – Tom riu pervertidamente olhando para Chelsea.
– Ok, então se o Georg não se importar, eu divido o quarto com ele e Chel com o Gustav – Eu disse escolhendo o apartamento pelo número das chaves.
– O que? Por que você não divide comigo? – Gustav perguntou.
– Ah meu Deus! Cara, você é meu primo! E eu não tenho mais dez anos. Eu sou uma mulher e vai ser desconfortável dividir quarto com você.
– Mas você vai dividir com um cara que recentemente começou a falar com você e nem te conhece?
– Não exagera Gust. – Georg disse com sua voz suavemente sexy.
– Aqui gente – Eu me virei, Chel acenava para o grupo do debate entre eu, Gustav e Georg. – Eu vou ficar no quarto do Bill, ok? Já está decidido.
Ela pegou uma chave na minha mão e saiu junto com Bill e suas malas para o elevador.
– Certo... Então Tom e Gustav vão ficar sozinhos e eu e Georg ficamos juntos – Eu disse decidida entregando as chaves para os garotos.
– Você nem cogitou a possibilidade de ficar no meu quarto? – Tom perguntou arqueando uma sobrancelha.
– Eu nunca deixaria, conhecendo você do jeito que é. – Disse Gustav.
– Ignorando meu primo super-protetor, sim, eu nem cogitei, porque eu vou acabar matando você em cinco minutos, ou vice-versa, porque nossa relação, Tom, eu não sei se você já percebeu, mas não é das melhores.
Eu dei língua para meu ídolo. Que emocionante.
Georg pegou minha mala em uma mão e a dele na outra mão e saiu carregando até a porta do elevador.
– Qual nosso quarto, Julia?
– Quarto 482, no quarto andar. – Respondi
– Sério que eu vou ficar com o 483 novamente? – Tom perguntou arrastando sua mala até meu lado.
– Sim, por que?
Os meninos riram e eu não entendi a piada.
– Precisamos contar essa para o Bill – Disse Gustie.
– O que foi? – Perguntei novamente.
– Minha querida criatura do pântano – Começou o meu ídolo que deseja perder a cabeça – Você anda meio desinformada, porque o nome do novo álbum do Tokio Hotel é Zimmer 483, e você está entrando no tour do Zimmer 483 pela Europa.
– Ahn... Eu ri, me lembrando da noticia do site do TH Brasil “Nome do próximo álbum cogita chances de ser [em português] Quarto 483...”
O elevador se abriu e todos entraram com as malas. Ficamos em silencio por alguns segundos e eu ri por causa do desconforto.
– Gustav – disse Tom – sua prima tem problemas.
– Georg – eu disse – seu melhor amigo quer perder a cabeça, sofrer lesões por todo o corpo e acordar amanhã com hematomas bem coloridos.
– Eu estou no elevador também.
– Foi você quem começou a brincadeira estúpida. – Retruquei.
– Por que você ri igual á uma idiota!
– Você anda igual á um pingüim!
– Você tem o tamanho de uma criança de cinco anos – Tom começou a andar quando o elevador se abriu e eu fui atrás dele pelo correndo quase gritando com o infeliz.
– Eu tenho 1,60!
– E você acabou de mostrar que se importa com o que eu falo quando parou de me xingar só para debater sua altura. – Ele riu em tom debochado e eu bufei de raiva.
– Cala boca, Kauliz!
– Cala a boca, Schäfer! – Ele retrucou.
– Eu também tenho esse nome... – Começou meu primo.
– Cala a boca, Gustav! – Eu gritei.
– CHEGA DE BRIGA, TÁ LEGAL? – Eu me virei assustada ao ver Georg se descabelar para gritar com a gente. – Tom, caminhe para teu quarto em silêncio. Julia pede desculpas para o Gustav e entra – Ele abriu a porta do quarto 482.
– Desculpa, Gustie – eu apertei suas bochechas gigantes e depois o abracei sussurrando em seu ouvido: - Me diz como você arranjou esse guitarrista idiota, porque ele veio com defeito.
Eu me virei e entrei no quarto de Georg que logo fechou a porta.

Em pouco tempo eu consegui me ajeitar no quarto com Georg. A primeira reação ao entrar, foi rir um do outro. Escrevendo agora no notebook nem parece que é real, mas, meu Deus! Eu estou mesmo entrando em tour com os garotos, indo dormir no quarto do Georg e continuo brigando com o Tom. Bill está paquerando Chel e vice-versa, e Gustav... Bem, Gustav ta caminhando para um futuro melhor.
Eu ri sozinha do meu pequeno parágrafo no diário online.
Jost avisou há pouco tempo que o primeiro show vai ser hoje á noite, os garotos vão sair daqui a alguns minutos para chegarem lá cedo, mas depois o taxista James vai buscar eu e Chel e nos levar para o camarote para assistir também ao show!
Eu mordi com tanta força o lábio inferior e comecei a sentir gosto de sangue. Era o meu primeiro show! O MEU PRIMEIRO SHOW! Abafei um gritinho contra as costas da mão e bebi mais um gole do meu cappuccino do Starbucks do hotel.
E obviamente eu já escolhi minha roupa. Eu não posso perder a, aparentemente, única chance de ir a um show sem usar a blusa do Tokio Hotel. Eu sei, eu sei. Estou perdendo o limite e abusando da sorte. Mas eu vou usar uma blusa por cima, e um casaco porque está frio aqui em Berlim. E eu vou usar meu novo salto alto! Eu também sei que Julia Benjamin e Salto Alto não combinam, mas eu não vou ficar pulando, eu vou ficar parada. Juro.
Senti alguém puxando um fio do meu cabelo e me virei assustada. Já iria começar a gritar, mas me lembrei estar na sala com wi-fi em um hotel de luxo em Berlim, e não arriscaria começar a gritar aqui.
Para minha surpresa, era o Tom. Oh, que surpresa.
– O que você quer?
– Vim me despedir, garota do Brasil.
– Olha só, meu antigo apelido! – Eu fingi surpresa, mas era para soar bem falsa – Vai tarde, Kaulitz.
– Também vou sentir saudades, Schäfer – Ele riu se aproximando do meu rosto.
Ele passou o dedo pelo meu lábio inferior recentemente cortado pelos meus próprios dentes.
– Saiu beijando alguém? – Ele me encarou de uma forma estranha, eu não sei dizer como.
– Não, eu... Não. – Tentei me manter firme, mas eu podia ouvir sua respiração. Achei a melhor opção em empurrar Tom para longe novamente.
– Até mais tarde.
– Faz um favor, deixa Gustav acertar uma de suas baquetas na sua cabeça.
– Essa conversinha toda para não mostrar que vai ficar com saudade de mim, não é?
– Caramba, se você não fosse guitarrista seria comediante – Eu fiz uma risada falsa – Some, Kaulitz!
– Tchau, lindinha.
Eu me virei para acertar meu copo vazio de cappuccino, mas o infeliz já tinha ido embora.

Uma hora e meia um pouco mais tarde, Chel me chamou para ajudá-la a se arrumar no quarto de Bill. Eu já estava pronta, só estava faltando pentear melhor o cabelo e ela ainda estava de toalha.
– O que você acha: jeans e colete ou saia e meia-calça listrada? – Ela perguntou enquanto fazia duas coisas ao mesmo tempo, penteava o cabelo e escovava os dentes.
– Chel, você só vai a um show. Pense que você vai suar, mas vai estar frio e com certeza você vai dar uns pulinhos.
– Você quer dizer jeans, né?
– Não, eu quero dizer: isso tudo é para o Bill.
Chelsea se aproximou puxando a manga da minha jaqueta jeans e apontando para o resto do meu visual, jeans skinny, salto e baby look.
– Só se isso for para o Tom. – Ela disse e nós duas caímos na gargalhada. – Ta, mas agora fala sério, o que eu uso?
– Eu já disse...
– Ai, cala a boca, Julia. Você não é consultora de moda.
– Você pediu a minha ajuda!
– Eu vou usar um short e uma meia-calça com uma camiseta e algum casaco grosso por cima. – Chel terminou de pentear o cabelo e eu peguei a escova.
Meia hora depois nós duas estávamos prontas entrando na cabine do taxi de James. Eu ainda não tinha trocado papo com ele.
– Boa noite, James. Sabe para onde ir? – Eu perguntei.
– Sim senhoritas. Mas antes, eu posso saber qual de vocês é a namorada do senhor Kaulitz?
Nós nos entreolhamos.
– Qual Kaulitz? – Chel perguntou rápido.
– Desculpe-me, o senhor Bill Kaulitz.
Eu soltei uma grande e longa risada.
– Ai meu Deus! A Chel é a namorada do Bill! Quem falou isso?
– Foram os outros senhores. Então se ela é do senhor Bill, você é do senhor Tom?
Foi a vez de Chel rir. Eu dei um tapa no braço dela.
– Ok, sério. Quem falou isso?
– Provavelmente foi o Bill implicando com o irmão – Chel respondeu.
– Deixou o senhor Schäfer muito bravo. – James comentou.
– James, a senhora Tom Kaulitz aqui é a Julia e eu sou a Chelsea. Vamos logo para esse show?
James acelerou o carro e Chel voltou a rir da “senhorita do Tom”. Há há, era a coisa mais engraçada.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog