sábado, 21 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 44 - Epílogo - O fichário

Eu fui convidada (mas você pode ler como “obrigada”) à pegar um voo para Los Angeles. Por que? Gustav tagarelou alguma coisa sobre Tom estar em uma crise estúpida de infantilidade por ter terminado com a ex, Ria (uma vaca maluca que eu nunca conheci), e algo ainda mais estranho sobre eu ser a única que poderia mudá-lo, e que a salvação, ele só encontrou depois de ler meu fichário de pensamentos, dois dias antes daquele.
Cheguei ao aeroporto de Los Angeles.
Eu preferia muito mais estar em Magdeburgo do que lá. Era inglês! Quero dizer, eu sabia falar inglês de qualquer maneira, mas eu ainda preferia alemão.
Minha saia subia e descia a cada movimento que eu dava. Por que eu estava usando saia? Também não sei. Busquei minha mala naquela esteira e com uma bota com o salto gigantesco, atravessei todo o aeroporto de Los Angeles. Eu só queria saber o motivo de Tom e Bill estarem morando nesse fim do mundo cheio de atores de Hollywood. Eu acho até que vi Brad Pitt andando ali.
E Gustav e Georg não estariam lá! Eles só chegariam uma semana depois daquele dia, para me encontrarem.
Eu estava bem produzida, com minha costume maquiagem forte, meu cabelo estava melhor hoje do que o normal, caindo de forma ondulada e controlada nos ombros, com uma blusa sem alças preta, várias correntes de prata, uma saia preta e uma bota de cano muito, muito alto.
Eu estava irritada. Estava viajando para um lugar que eu não queria, para não encontrar com pessoas que eu quero ao me referir ao meu primo que não estaria lá, e indo fazer o que eu não sei! Só estava querendo encontrar com Bill, Anne, Georg e Gustav!
Meu celular tocou. Eu não sabia se respondia em português, alemão ou inglês.
– Oi? – Respondi em português.
Cadê você? – Disse a voz do outro lado com sotaque alemão.
Quem é?
Onde você está? O aeroporto está cheio, eu não vejo ninguém, só mulheres altas de saias curtas e Gustav disse que você chegaria há meia hora!
– Eu cheguei! É o Bill?
Nã- Não, merda, é o irmão dele. Você está a fim de repetir a nossa primeira conversa via telefone há três anos atrás?
Era Tom! Eu estava falando com Tom! Eu nem estava reconhecendo a voz dele.
Ah, acho que estou vendo você, nanica. Você não mudou nada. Uhm, bela saia.
Cala a boca!
Eu não o estava vendo! Me virei algumas vezes, até passar um grupo de pessoas e eu vi um cara muito alto, de tranças negras, usando roupas mais justas e um óculos escuro, desligando o celular. Desliguei o meu também e me aproximei rápido o suficiente para minha saia subir cinco vezes e eu abaixá-la quatro. Em segundos, estava na frente de Tom Kaulitz. E seu perfume era o mesmo estonteante que me fazia querer desmaiar. Pena que meu fanatismo pela banda havia acabado.
– Kaulitz.
– Schäfer. – Ele riu sacana. Tirou de uma das mãos uma pasta cheia de folhas e me entregou. Perguntei o que era, até que eu vi como título do meu e-mail. BY YOUR SIDE – O FICHÁRIO. Fiquei surpresa e sorri timidamente.
– Ah, vocês leram mesmo. – Eu ri.
– Mas é claro. Você ameaçou Gustav de morte se não lêssemos. – Ele riu também. – Claro que, ele leu lá na puta que pariu e eu e Bill lemos aqui.
– E o que acharam? Tem várias frases de músicas...
Eu corei.
– Eu particularmente gostei de todas que eu estava envolvido.
Disse Tom, de uma forma galanteadora e escondendo um sorriso que cobria seu rosto todo, sem sucesso.
Abri a página, a primeira, a segunda, a terceira... se me lembrava bem, todas, ele estava incluído. Ele estava em todo lugar, como eu avisei.
– Você está em todas as páginas, em todo lugar. – Revirei os olhos.
– Não me diga, baixinha.
– Ah, vai se ferrar, babaca narcisista. – Eu bufei. Ele continuava com o mesmo ego gigante de sempre.
Tom colocou a mão na minha cintura e beijou meu rosto educadamente como cumprimento, só que foi mais demorando, levando o tempo necessário para me fazer ficar bamba novamente. Era o Tom Kaulitz! Fazia até mesmo pedras ficarem bambas! Pedras!
– Me avisa com antecedência se você for dar a louca e quiser abrir saquinhos de ketchup na minha frente e não aceitar por pura implicância a minha ajuda, novamente.
Arqueei a sobrancelha e ri sarcástica. Tom riu da mesma forma.
Aquilo iria começar tudo de novo? Seria sempre um círculo interminável?
Era só olhar para aquela cara (linda e nada angelical), para saber na mesma hora de que ele realmente queria, tanto como eu, que aquilo se iniciasse novamente. Eu estava bem daquela forma, tudo bem se fosse assim. Essas coisas valiam a pena se fossem ao lado dele. Precisava ser. Ao lado dele.

Fim.

Postado por: Grasiele | Fonte: x

By Your Side - Capítulo 43 - E-mail recebido

A porta daquele quarto de hospital foi, bem cedo pela manhã, aberta pela enfermeira, que antes mesmo de entrar, afirmou que a paciente estaria dormindo de qualquer forma. Monika insistiu em entrar com sua grande caixa que se movimentava em seus braços. Logo que a enfermeira se retirou, Monika se dirigiu ao sofá, onde pôs a caixa. A porta do banheiro se abriu, e Jost estava com uma cara de cansaço e grandes olheiras em volta dos olhos.
– Tom mandou-me trazer um presente para Hilary, quando soube da notícia de que ela foi demitida por causar confusão demais.
Monika riu alegremente. Era uma pessoa muito amigável e fácil de se socializar. Ela simplificava tudo. As piores coisas conseguiam se tornar alegria.
– O Tom mandou um presente por isso?
– Por ela ser a irmã mais nova do melhor amigo dele.
– Ah.
Hilary acordou. A caixa foi aberta e ela tirou com um sorriso de orelha à orelha, de dentro da caixa, um filhote muito pequeno de buldogue, da mesma raça que o buldogue Gregory, mas este era uma fêmea linda que usava um lacinho preto. Os buldogues eram filhos da mesma cadela, e como só haviam dois, Tom deu um para Julia, sua namorada, e outro para Hilary, que ele sabia que iria necessitar muito apoio emocional quando se distanciasse para sempre dele. Isso não modificava o fato de ele ainda não gostar da Hilary.
O troco por Hilary ter causado tantos problemas estava feito. O nome da buldogue fora dado por Monika, fã do Tokio Hotel. A buldogue de Hilary tinha menos de duas semanas de vida, e só atendia pelo nome Julia Schäfer.

Julia

Se passou um ano inteirinho. Eu estava namorando Tom até que ele precisou se mudar para Hamburgo, para onde a equipe técnica do Tokio e o estúdio de gravações se mudaram. Então eu me mudei também! Mudar para a casa dos meninos só foi fácil, porque eu estaria com Gustav, meu primo. Havia terminado a escola em outro colégio, mais privado, depois que o namoro foi divulgado oficialmente por Tom em uma das entrevistas malucas com apresentadores carecas que ele e os meninos tinham e eu necessitava de mais privacidade, pois minha cara já estava em todas as revistas de fofoca – isso foi duro.
Nessa mudança, o álbum Humanoid fora lançado. Chelsea e Bill terminaram depois de algum tempo, mas Georg e Anne continuavam. Ah sim, Anne foi contratada como fotógrafa particular do Tokio Hotel depois que terminou seu curso de fotografia. Georg lhe deu uma máquina profissional e seu hobbie virou fotografar os dois juntos e principalmente eu e Tom nos momentos um pouco mais íntimos. Filha da mãe! Ela tirou boas fotos de Bill se maquiando e Gustav dormindo sem camisa. Ele tinha uma tatuagem de asas nas costas! Eram tão lindas.
Foi um ano conturbado. Muitas brigas inevitáveis (ou não, mas era impossível não brigar), muitos shows ao vivo em casa, porque eu obrigava Bill a cantar de vez em quando, quando eu sentia falta de ouvir a música em acústico, muitas novas páginas do meu fichário de pensamentos. Mais cachorros para fazer companhia ao Gregory – que não gostava do Tom e só respeitava à mim, e muito tempo. Muito tempo para aproveitar tudo isso.
Nada passou tão rápido.
Acho que eu pude aproveitar tudo.
A única coisa que eu senti mais falta quando tudo aquilo acabou, foi de acordar de manhã e ouvir as queixas de cada integrante do Tokio Hotel, expondo sua personalidade real ao reclamar do cabelo, se auto-elogiar em como estava bonito mesmo sem ter dormido muito (indireta do grande ego do Tom), reclamar por falta de doce ou apenas ficar calado enquanto apreciava as pontas duplas do próprio cabelo. Era tudo muito engraçado. E conturbado.
E eu acabei me tornando parte deles!
Uma das últimas notas do meu fichário de pensamentos, foi assim.
O que antes era para ser apenas uns dias na casa do meu primo, se tornou um ano e meio de conturbação, contradição e Tom Kaulitz.
Porque “Tom Kaulitz” é uma coisa. Uma coisa para ser levada em conta. Um estúpido garoto de grande ego, famoso, que marcava qualquer um. Ele parecia até ter um carimbo especial para isso.
Uma vez, eu me despedi de todos. Tom completou a minha camisa do Tokio Hotel com sua assinatura que faltava. Eu abracei todos e demorei um tempo especial no Kaulitz, então eu peguei o táxi e fui embora. Para o aeroporto. E do aeroporto para o Brasil. Estava tudo acabado, aquele sonho que eu tive.
Diz Gustav que não teve menor vontade de espancar Tom por me deixar ir embora. Diz ele. Georg e Bill já me relataram outra coisa.
Eu fui fazer faculdade de relações internacionais, com um apartamento próprio no Rio de Janeiro. Alexandra e Wulf continuaram na Alemanha. Parei um dia inteiro só para ler todas as páginas do me fichário e com a ajuda de Chelsea (que misteriosamente apareceu no Rio de volta), traduzir todas para alemão. Salvei em um documento e mandei para o e-mail de Gustav com a seguinte mensagem:
BY YOUR SIDE – O FICHÁRIO.
Aqui está tudo que aconteceu. Tudo que eu anotei sobre. Está metade da minha vida que durou só um ano e meio. Está você, Bill, Georg, David e principalmente Tom. Tom está em todo lugar. Eu passei um dia convertendo isso para alemão, então faça favor de ler com todo mundo junto ou eu vou aí te espancar com todas as forças do meu esôfago. Eu comprei o novo álbum do Tokio Hotel. Minha música favorita deixou de ser By Your Side para Träumer. “Olhos negros, lábios negros”. Igual à mim.
Deixou de ser “ao seu lado” para “sonhadores”.
Enviei meu fichário de pensamentos. Fechei a tela do computador e preparei um chocolate quente para Chelsea e para mim. Não que estivesse frio. Aqui no Brasil nunca estava frio de verdade. Era mais ou menos uma sauna e eu não vivia sem um short e uma blusa de alça.
Depois de dois anos morando no Brasil (em um apartamento na beira de Copacabana), nós ainda falávamos alemão juntas. E português em grupo. Chelsea deixou de ser rosa para ser adulta. Eu ainda era a mesma merda e rockeira de sempre. Mas agora eu possuía características bem mais velhas.
Em uma bela noite, às três horas manhã, meu celular tocou.
– Mas que merda. – Grunhi.
Atendi o celular rapidamente.
– Quem quer morrer? – Perguntei.
Hallo?
Do outro lado da linha, um cara chamado Schäfer estava tagarelando em alemão e recebeu uns dois “fala devagar” em português, porque a lesada aqui se desacostumou totalmente e não estava entendendo nada.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 42 - Um outro dia conturbado no estúdio

– Amor, acorda.
Era tudo o que eu queria ouvir, em uma manhã cinzenta típica da Alemanha, dormindo como pedra na cama mais perfumada do mundo inteiro na casa do meu primo.
Mas como as coisas costumavam ser mais originais e previsíveis com o Tom Kaulitz, e depois de muito treino, mais românticas. Então eu não ouvi “amor” na frase, foi assim:
– Nanica louca, acorda.
Eu o senti beijar todo o meu rosto com hálito de leão da manhã.
– Naaah. – Eu grunhi contra o seu travesseiro que roubei no meio da noite.
– “Naah” nada! A gente precisa ir pro estúdio gravar novas músicas!
– Só se você me chamar de alguma coisa fofa. – Arrisquei abrir os olhos e vi sua cara de inconformado.
– Não é a minha praia, se quiser, pode ficar aí. – Ele deu de ombros.
Eu voltei a fechar os olhos e comecei a roncar.
– Eu estou brincando, Schäfeeer! – Bufou. – Está bem... Vamos, minha, hã, baixinha?
– Assim está melhor. – Sorri docemente – Mas está frio lá fora. Tem como fazer a banda desistir por hoje?
Ele negou rindo. Eu me enrolei no edredom e Tom me puxou para fora da cama, me colocando em seu colo envolta com edredom.
Dormi no seu colo, literalmente.
– Bill, fecha a porta da casa, eu estou com essa coisinha no colo.
Saltei do colo se Tom, com edredom e tudo – caindo de cara no chão – e corri para dentro da casa para me arrumar. Claro que todos vieram atrás de mim, e esperaram vendo televisão. Vesti um moletom meio fino e prendi o cabelo com preguiça de pentear. Óculos de sol mesmo sem sol e uma touca preta, caso haja fotógrafos.
Depois da última confusão na França, terminamos as tão esperadas férias do Tokio Hotel. Chelsea estava em casa, Anne em casa e eu... eu estava praticamente morando com os meninos. Levei uma mala que se encontrava no quarto do Tom, e passava os dias lá, de férias na escola. A vadia da Hilary grávida do meu namorado? Ainda não teve um fim, ela estava constantemente nos lugares que estávamos. Ainda era assistente de David, e mesmo se não fosse, Tom precisava “supervisionar” a Hil.
Saí do quarto de Tom, ainda terminando de pentear o cabelo. Ele se aproximou colocando a mão na minha cintura e sussurrou:
– Esse perfume é meu.
– Ahh! – Me surpreendi com sua capacidade de ser menos do que insensível.
– Depois do estúdio, vou te levar para um lugar especial.
– Devo trocar de roupa? – Escondi a emoção forte de “ir para um lugar especial”.
– Vai do jeito que quiser.
Deu de ombros.
Revirei os olhos.
– Homens. – Suspirei. – Então vou nua.
– Eu vou adorar, mas você vai sentir frio. – Ele riu.
Agora eu trocaria a frase “homens” por “Kaulitz”, porque isso era uma coisa típica SÓ dele.
Tom pegou sua guitarra e fez um tipo de drama, agarrando-se à ela e beijando-a. Eu dei alguns passos até abraçar Georg e deixei a sala grudada com ele, como troco. Era sempre assim. Qualquer “troco” envolvia Georg, ou Bill, quando Anne estivesse ocupando a opção número 2.
Chegamos ao estúdio onde David nos esperava com Hilary ao lado, e sua grande barriga estranha, com um ar doentio. Eu vi David perguntar para Hilary quinhentas vezes se ela estava bem, e ela respondia que sim.
Ocorreu tudo bem no estúdio. Os meninos levaram quase oito horas para gravarem quatro músicas – que eu, particularmente achei incríveis e lindas até tocadas de forma errada –, que foram Träumer, Humanoid, Komm e Für Immer Jetzt.
As notícias do nosso telejornal de hoje informam que Bill ficou vermelho de raiva quando David exigiu mais músicas ou iria comprar de algum compositor (e Bill odiava se sentir pior que alguém, como por exemplo, se rebaixar a aceitar música dos outros porque está sem imaginação), Tom se distraiu nos ensaios e foi ele quem causou atraso, Georg necessita comprar mais reparador de pontas e o chocolate do Gus é importado de uma fábrica de chocolate BRASILEIRA de Minas Gerais!
E eu estava de saco cheio, com fome, de braços cruzados no sofá que me come por inteira porque afunda quando alguém senta.
Tom me notou emburrada.
– Fala criatura rabugenta. – Brincou ele, descruzando meus braços e me puxando. Eu fiz força para baixo.
– Estou com fome e provavelmente na TPM. – Bufei.
– Calma, Julia. – Ele sorriu e tentou me beijar. Eu virei o rosto. – Ok, vamos sair para comer. Galera, eu estou indo.
Provavelmente ele mudou de idéia tão rápido porque queria não estar brigado comigo essa noite – pois sabia que não teríamos sexo na semana seguinte inteira.
Eles se viraram de cara feia.
– O que? Ainda temos mais duas músicas para gravarmos, Tom! – David reclamou de sua saída inesperada. – Hilary, quais são as músicas mesmo?
– Não têm mais, sem um guitarrista. Eu vou sair para comer, tem uma coisa louca aqui morrendo de fome.
– Tom! – Bill reclamou.
– Posso ir com eles? Eu estou morrendo de fome. – Georg disse.
– Claro que pode, Ge. – Afirmei tentando ser gentil com alguém por cima da minha raiva mortal de todos por causa da minha fome.
– Hilary? – David repetiu. – Meninos, cadê a Hilary?
Olhamos em volta.
– Ela estava sentada no sofá há poucos. – Disse Gustav.
– É, eu a vi. – Confirmei, rabugenta.
– Cara, você na TPM é o demônio. – Tom riu.
– Ela é o demônio sempre. – Bill retrucou.
– Eu vou procurar a Hilary. – Disse David. – Podem ir almoçar, meninos, no primeiro andar do prédio tem um restaurante.
Enquanto David ia procurar a vadia que não havia motivos para achar, era bem melhor que tomasse um chá de sumiço, descemos todos para o primeiro andar e almoçamos juntos.
A janela aberta ventava em cima de mim, e eu ficava arrepiada de cinco em cinco segundos. Pode parecer estranho, mas foi um dos momentos mais bonitos que passei com Tom, naquele restaurante. Eu fiquei arrepiada e me encostei dele. Ao perceber isso, passou seu casaco gigante para mim. Era grande e guardava calor, além de perfume. Foi muito fofo. E eu o permiti um selinho. Já não estava igual a mulher raivosa.
Subimos de volta. Todo mundo estava pesado. Eu só queria me deitar e dormir pra sempre igual Tom sempre fazia até alguém acordá-lo.
David apareceu na sala em que estávamos todos morrendo de sono.
– Pessoal, eu não achei a Hilary, e já liguei para o número dela mil vezes! – Alertou David.
De início, ficamos em silêncio com aquela cara de “tá, o que você quer que a gente faça?”.
– Cara, já entendi, ela é supremamente odiada por vocês, mas, hm, ela está grávida e pode estar passando mal! Tom, o filho é seu, cara! Se preocupa!
Eu fechei a cara. Odiava quando David e Hilary jogavam em cima de Tom a responsabilidade de procurar ser paciente e pai. Nos levantamos ainda com lerdeza e começamos a procurá-la. O primeiro lugar onde eu procurei foi dentro do frigobar. Não achei a Hilary, mas achei uma barra de chocolate.
Andei sem procurar. Me diga, que vontade VOCÊ teria em procurar alguém que você odeia? Nenhuma. Resolvi ir ao banheiro para fingir que ainda estava procurando. Abri a porta e a encontrei. Que surpresa.
– Puta que pariu. – Eu sussurrei para aquela “visão”. – Gente, encontrei a Hilary!
Nos últimos dias, Hilary só usava vestido. Neste dia, seu vestido estava pitado de vermelho da cintura para baixo. Ela estava sangrando horrores.

(...)

Eu estava dormindo com o casaco de Tom por cima do meu ombro, encostada em Georg. Tom não estava ali. Ele estava dentro do quarto do hospital com David e Hilary, internada. E o médico.
Depois de encontrar a vadia no chão do banheiro com uma poça de sangue em volta do seu corpo – quem dera se ela estivesse morta – David correu para levá-la ao médico. Claro que estava todo mundo, menos eu, preocupados em que ela tivesse perdido o bebê, ou a coisa que tinha dentro da barriga.
Eu sei que estou sendo fria e insensível.
Mas não era um dos meus melhores dias. Tenha paciência comigo também!
Acordei com o barulho que a porta do quarto fez quando se abriu. Abri os olhos e Tom caminhou com uma cara de quem escondia um sorriso gigante tipo o Coringa.
Me levantei e o abracei.
– Tudo bem? – Perguntei à ele. Não queria saber a resposta se a mesma fosse que tudo estava normal, pois ela ainda tinha a coisa que suga nutrientes e acaba com seu corpo.
– Bem? – Ele riu – Ótimo.
Nessas horas que eu sinto vontade de estar grávida de Tom só para que ele falasse esse “ótimo” para o NOSSO filho.
– Hm, e a coisa?
– Nunca existiu. – Tom gargalhou.
Isso fez Ge, Gus e Bill prestarem atenção na conversa, todos, inclusive eu, com aquela cara de “huh?” que Tom sempre fazia quando perguntávamos a tabuada de oito.
– O que? – Perguntamos todos ao mesmo tempo.
– Eu não entendo porra nenhuma do que aquele médico disse, mas...
– Ela estava fingindo? Impossível, não? Havia até uma barriga! – Bill começou a falar.
– Vão me deixar contar ou vão sugerir coisas e NUNCA descobrir? – Tom riu. Ficamos em silêncio. – Duas palavras chaves: gravidez psicológica.
Minha boca abriu e fechou várias vezes.
– De acordo com o psiquiatra que teve uma consulta breve com a Hilary, isso tudo aconteceu pela ideia de querer nos distanciar, Julia, e aí passou pela cabeça dela sobre engravidar.
“Seu subconsciente absorveu a informação e a fez pensar estar grávida, ela acabou aparentando, mas nunca houve um único bebê nela.”
Nós ficamos em um silencio para absorver e eu fui a primeira a começar a rir.
Tom beijou minha testa.
– Julia, nada vai nos separar. – Ele sussurrou – Só se for nós mesmos.
– Eu espero. – Sussurrei de volta. – Porque dessa forma eu tenho certeza de que vamos voltar; levando em conta de que nos separamos a cada dia e voltamos a estar juntos no seguinte.
– E, ah, a Hilary quer falar com você.
Olhei em seus olhos e eles me mandaram entrar no quarto.
Estava vazio a não ser pela presença do cadáver da Hilary deitada na maca, branca e fria que nem mármore.
Eu não sabia o que falar, e aí resmunguei qualquer coisa.
– E aí, tudo bem? – Foi o que saiu.
Hilary bufou.
– Julia, não precisa fingir estar de bem comigo agora, ou forçar ser gentil. Eu entendo que foi uma grande confusão o que eu causei.
– É. – Concordei quase em silêncio. Ainda bem que ela sabe.
Ela estava com uma cara doentia, e sua barriga havia voltado ao tamanho normal.
– Isso mexeu com todo mundo... eles se preocuparam comigo desnecessariamente só porque eu fiquei louca por um instante e obcecada com a ideia de tirar Tom de você... por ciúmes.
Eu cruzei os braços e suspirei. É, eu estava ficando sem paciência. Eu queria jogar na cara dela que ela me fez mal, me fez brigar com o Tom, me desentender com ele, pensar que por um momento poderíamos terminar por causa dela e depois pensar que eu teria um enteado que de vez em quando iria chorar de noite e me irritar porque não seria meu filho, só dele! E que no final das contas, ela seria a vadia de plano de fundo que entrou na história, causou confusão e virou minha amiga para fechar o conto de fadas do Tokio Hotel!
Nada disso.
Não seria assim.
Eu soltei um riso debochado e ela me estranhou.
– Hilary... Você é uma puta que me fez perder o Tom umas vezes e o tempo inteiro desejou nos separar. – Continuei – O que você está passando agora, perdendo uma coisa que nunca nem existiu, mas te prejudicou por causa da sua loucura interna e sua infantilidade em não perceber desde o início que o Kaulitz e eu nos gostávamos... Eu não gostaria que ninguém passasse por isso.
Ela abriu um sorrisinho. Mas eu não havia terminado.
– Não gostaria que ninguém além de você passasse por isso. – E então fechou o rosto. – É horrível de doloroso, eu sei. Mas você simplesmente mereceu.
– Garota, eu estou pedindo desculpas por ter feito aquelas coisas.
– Mas dá pra ver na sua cara que você ainda morre de desejos pelo Tom! – Retruquei.
– Sim, mas... – Ela começou a soluçar. – Sim, ainda o amo! Mas ele é o Tom! Como não amá-lo?!
– Eu me faço essa pergunta todo dia. – Suspirei e me deixei rir.
– Mesmo assim, eu vou ficar longe. Eu vou esquecê-lo, me virar para conseguir essa proeza impossível, esses dias nunca mais vão se passar pela minha cabeça.
– Eu... espero. Mas para quem tem um ego gigante, é meio difícil superar, porque superar começa com aceitar a derrota e se conformar que da próxima vez fará melhor. Como eu disse, é difícil para quem tem ego grande. Aprendi isso convivendo com os meninos. Todos eles têm egos muito grandes.
Ficamos em silêncio. Eu me balancei e fui em direção à porta, mas antes de sair, Hilary voltou a falar baixinho.
– Você é uma pessoa grande, Julia.
– Não literalmente. – Sorri.
– É, não tão grande, mas... você tem uma cabeça muito adulta para sua idade. Você entende e se conforma com coisas muito certas. Foi impossível tentar ser você. Me virei como louca para que o Tom me aguentasse por algumas semanas, quando a gente namorava.
Soltei uma exclamação alta.
– Tentou ser eu? – Perguntei retoricamente.
– Tentei ser meio rabugenta, meio delicada, meio rockeira, meio graciosa.
– Nossa Hilary... – Eu deixei escapar um sorriso – Obrigada. Digo... pelos elogios. A parte do... delicada e graciosa.
Ficamos em silêncio por muito tempo.
– Tchau Hilary. – Falei baixo.
– Tchau Julia. – Ela respondeu.
Fechei a porta, mas antes de caminhar de volta para os meninos, comecei a pensar demais.
Foi uma boa experiência em conhecê-la, uma pena foi que estivéssemos gostando do mesmo cara. Mas acho que se não fosse ela, muitas brigas não teriam acontecido entre eu e Tom. Digo, não haveria muitos obstáculos no nosso caminho. Isso foi importante. Mas de qualquer forma, eu não iria perdoar a vadia no final das contas. Não é nessa história em que isso acontece. E eu não sou normal e clichê.
Tom estava de costas, conversando com Bill e Georg. Eu me aproximei com minha incrível habilidade de me locomover sem fazer barulho e chamar atenção e passei meus braços por seus ombros – tentando não enforcá-lo, porque eu era baixa demais para fazer isso sem dificuldade.
– Oi. – Eu disse baixo. – Vamos pra casa? Se você falar em gravar músicas agora de noite, eu pulo da janela.
– Vamos... não! Ah droga, eu esqueci!
Ele se afastou de mim bruscamente e pegou o celular no bolso com urgência.
– Esqueceu o que? – Perguntei algumas vezes repetidas em que ele ficava resmungando e não respondia, discando o número no celular. – Tom, o que foi?
– Cala a boca! Eu sou uma espécie humana complexa para vocês mulheres que não entendem que eu necessito fazer uma coisa de cada vez! – Me respondeu. Eu ri. Ele só é intelectual quando quer alguma coisa.
– Alô, Monika?
Me virei de volta para ele e abri a boca soltando uma exclamação alta. Ele estava ligando para uma MULHER bem na minha frente?! Era óbvio demais para qualquer tipo de coisa que pudesse me enfurecer, então tentei me acalmar.
– Ah, caralho, obrigado, estou te devendo essa! Valeu por esperar, eu já estou indo! Ele está bem? Ok, eu paguei muito caro por esse puto. – Ele riu. Eu fiquei pálida mais uma vez e os meninos estavam se mijando de rir.
– Tom Kaulitz, o que significa isso?! – Grunhi, vermelha.
Tom desligou o celular e enfiou no bolso da calça larga de qualquer forma.
– Vem! Nós precisamos correr.
Tom me puxou pelo pulso e eu não tive tempo nem de dar tchau para meu primo e os meninos. Em um piscar de olhos, estávamos no carro em alta velocidade por uma Magdeburgo de noite, com as pistas quase limpas. Não paramos em nenhum sinal, até que ele estacionou em frente a uma loja veterinária. Do outro lado da rua tinha um puteiro em funcionamento e uma fila de pessoas com roupas curtas para entrar.
– Tom, ou você me explica o que está acontecendo e por que estamos indo para um puteiro alemão, ou eu vou pegar um táxi e volto para o Brasil!
Tom riu.
– Para o Brasil? De táxi? – Continuou rindo – Julia, quem disse que a gente está indo para um puteiro?! Que mente, garota.
Tirou um chaveiro do bolso e abriu a porta da frente da loja veterinária. Eu estranhei aquilo, mas o segui. Quero dizer, por que ele tem chaves de uma loja de aniamis? Ele ascendeu a luz, eu entrei e fechou a porta de novo. Sem precisar mais do chaveiro, jogou em cima do balcão e me puxou para a outra porta, que ele abriu.
A sala estava já acesa e havia uma mulher com a pele escura, agachada no chão com aquelas roupas brancas. Ela deveria ser a doutora daquela clínica e loja. Ela era linda, parecia mais velha, tinha um sorriso gigante e simpático.
– Ah, Tom! Olá Julia, é um prazer te conhecer.
Tom se virou para mim.
– Nanica, essa é Monika. – Tom esclareceu.
Eu ainda quero saber por que eu estou aqui conhecendo essa mulher!
– E esse é o Gregory. – Monika disse, tirando daquelas gaiolas gigantes para cachorros, um pequeno buldogue de raça limpa.
– Ah, que lindo. – Sorri sem me mover.
Eu vim aqui para conhecer um cachorro?
Ficamos em silêncio. Eles esperavam que eu fizesse o que? Tom se aproximou do meu ouvido.
E o Gregory é seu. Eu paguei muito caro por ele, mas acho que é um bom presente de namoro, já que eu não te comprei nenhuma aliança ou qualquer coisa.
– Oh! – Eu fiquei pálida e soltei várias exclamações altas.
Me virei para Tom e o abracei muito forte. Monika e ele riam. O buldogue Gregory latiu baixinho. Me abaixei para segurar Gregory, o que demorou um pouco. A veterinária me deu algumas dicas de como cuidar do buldogue.
Em minutos brincando com Tom e o cachorrinho, eu vi que já estava muito tarde. Tom me mandou escolher os acessórios. Ele disse que eu tinha a loja inteira para eu procurar. Eu particularmente adorava ficar vagando por lojas de animais. Tinha um perfume tão bom!
Saímos de lá um pouco mais tarde com o Gregory no meu colo no carro.
Estávamos pegando o caminho para casa, só que Tom dirigiu mais devagar dessa vez.
– Tom, eu amei o buldogue! Me pergunto por que vocês colocaram um nome tão parecido com o do Georg, mas tudo bem, eu adorei Gregory.
– Na verdade, o nome do buldogue é Tom Gregory Hagen Wolfgang. – Ele riu. – A Monika é fã do Tokio Hotel, e ela gosta muito de baixistas.
– Ah. Esclarece muita coisa em ter o sobrenome do Gus, do Georg e o seu nome.
– Vamos adicionar Kaulitz para ter duas homenagens à mim, que sou mais importante que tudo, e uma ao Bill, senão ele vai ficar muito puto com o buldogue.
Ele tem um grande ego. Sorri de lado.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 41 - Eu te amo misturado com chuva

Ele seria um péssimo pai.
Ele não sabia nem ser um ser humano direito. Eu ri sozinha.
Arrumei as roupas que estavam espalhadas no quarto, as minhas roupas e as de Tom, que ele havia jogado de qualquer forma quando eu o mandei arrumar e ele me ignorou completamente como sempre fazia.
Terminei de arrumá-las em silêncio. Ao mesmo tempo em que carregava o mp4, coloquei algumas músicas para ouvir, agora estava passando My Chemical Romance, Helena. Eu entrei no banheiro com meu lápis de olho e fiz uma maquiagem forte. Pensei em Bill. Vesti uma meia-calça cheia de rasgões com uma blusa sem manga preta de uma banda de rock. Não era Tokio Hotel. Pulseiras de prata, troquei o piercing para uma joia prateada também.
Saí do quarto. Eu estava me sentindo como antes, depois de me arrumar por um longo tempo e sair na rua apenas para caminhar e de vez em quando esbarrar com alguém que fosse da minha escola e me chamasse de “Gótica” ou qualquer coisa parecida. Aqui, eles não iriam me chamar assim. Mas era como se eu voltasse a ser a Creepy Bones de antes.
Esbarrei com alguém no corredor.
– Desculpe-me. – Sussurrei, até ver quem era. Aquela vadia nojenta me olhou com importância. Só se for na bunda dela. – Ah.
– Ele disse que ia pensar. – Disse Hilary.
– O difícil vai ser isso acontecer. – Revirei os olhos.
– Ele vai pensar em te largar e ficar comigo para criar o nosso bebê.
– Essa palavra é repugnante, Hilary.
Ela sorriu de forma cínica.
– Eu estava pensando nos nomes... – Ela continuou sorrindo, inclinou a cabeça para trás e acariciou a barriga – Se for um menino, acho que colocaria Tom, ou Thomas, para diferenciar. Miguel, Wulf, Henri... Mas se fosse uma menina, acho que colocaria Julie, porque Julia com A é repugnante. Me lembra pessoas nojentas.
– Vai pensar na puta que pariu.
Eu ergui o dedo do meio e passei por Hilary, esbarrando em seu ombro. Ela, ao invés de reclamar ou fazer alguma coisa nojenta, apenas gargalhou alto.
Eu deveria estar sendo ruim, mas eu não ligava muito para isso.
Peguei o elevador e depois o salão, corri para a piscina Leste. Eu não sei por que estava correndo. Eu não tinha direção nenhuma. A piscina estava fechada. Já estava escurecendo.
A música Helena estava na minha cabeça naquele momento, mas aí eu comecei a murmurar By Your Side, e depois troquei para Final Day. Eu não gostava da versão inglesa, porque não tinha a minha parte favorita “É essa a última chuva com você no telhado?” naquela versão. Eu me perguntei por quê estava cantando em inglês se eu sabia perfeitamente a música em alemão.
Olhei para o céu. Começou a chuviscar.
– Ah, não começa! – Murmurei. – Agora eu vou ter que trocar para Running through the monsoon, beyond the world, to the end of time, where the rain won’t hurt...
Eu não gostava muito de Monsoon. Nem da versão em alemão. Ri novamente, para mim mesma.
– Eu pensei que estava procurando uma menina chamada Julia, e não meu irmão gêmeo vestido para um show.
Me virei. Tom caminhava como um pinguim na minha direção. Eu continuei cantando.
I know, I have to find you now, can hear your name, I don’t know how. – Cantarolei baixinho, ele escutou e riu.
– Olha, aquilo que aconteceu… - Começou. Eu ergui a mão para que ele parasse.
– Eu não quero saber. Você... namorou com a Hilary também. Agora, parabéns, você vai ser pai.
Me virei de costas para Tom. Eu estava no topo da escada para a piscina, ainda debaixo do teto do hotel, mas a chuva caía quase em mim. Eu queria que parasse de chover, porque era verão, e se chovesse mais forte, corria o risco de começar a trovejar, eu não era a maior fã de trovões, e Tom já sabia disso. Dei alguns passos para o lado, para longe da escada, e me sentei no chão com os pés balançando na descida.
Parte dessa encenação foi porque Tom estava me observando.
Ele se aproximou, colocando-se do meu lado, mas ainda de pé.
– Você está chateada? – Perguntou.
– Estou confusa. – Respondi – Eu quero dizer... Isso vai mudar alguma coisa? Isso me obriga a pensar no futuro, e eu simplesmente não quero. Eu não quero pensar na possibilidade de ficar longe de você no futuro, porque alguma coisa pode nos separar.
Tom riu.
– Não ria, Tom! – Eu falei baixinho, quase rindo também.
– Todos eles – começou – todos os nossos amigos estão torcendo para que fiquemos juntos. Bem, você não quer pensar no futuro? Não vamos, olhe, aquilo ainda não nasceu, hoje é dia... eu nem sei que dia é hoje, mas estamos juntos agora.
– Não chame seu bebê de aquilo.
– Nem sei se vai ter um bebê ou não.
– Você vai matar a Hilary? – Arqueei a sobrancelha.
– Não, porque eu seria preso, a fama do Tokio iria ficar manchada e na prisão não tem mulhe... digo, você.
Ele riu, e eu ri ainda mais alto pelas “mulheres”.
– E, eu ainda sou um adolescente, a Hilary é uma vadia, ainda penso na possibilidade de usar algum dinheiro para suborná-la à abortar.
– Você pensa como uma criança! Como se as coisas fossem tão simples. – Disse. – Você... precisa ficar com ela.
Tom irritou-se.
– Preciso ficar com você.
– Eu não estou grávida.
– Posso resolver isso.
Rimos descontraidamente.
And when I lose myself, I’ll think of you. – Completei o que se passava na minha cabeça.
– Por que está cantando Monsoon?
– Porque está chovendo. – Respondi.
Ele deu alguns passos até ficar atrás de mim e se sentou no chão, passando cada perna de um lado meu, e seus braços envolveram minha cintura. O ar havia ficado frio. Ele beijou meu pescoço e eu inclinei a cabeça sorrindo.
Together we’ll be running somewhere new, and nothing can hold me back from you. – Cantou Tom, baixinho no meu ouvido.
– Não, eu já passei dessa parte, já estou em I’m fighting all this power...
– Você continua implicando comigo.
– É.
– Eu gosto de Monsoon. – Disse ele.
– Eu não gosto muito
– Por que você está cantando Monsoon?
Eu sorri, e ele ficou sem resposta. Poxa, estava chovendo. Nada me alegrava mais cantar Monsoon enquanto chovia. Ainda mais se eu estivesse correndo.
– A minha parte favorita é I just came here to say to you, I’m by your side, just for a little while. – Disse ele.
– Mas, Tom… Isso não é Monsoon.
– Ah eu sei. Mas agora a gente altera a música, porque além de estar chovendo, eu estou do seu lado.
– Uhm, você merece um prêmio, pela primeira vez, desde que me conheceu, acompanhou o ritmo do meu pensamento.
Danke Schön.
Ele entrelaçou nossas mãos ao mesmo tempo em que se inclinou para beijar meu rosto em um estalinho. Eu olhei em seus olhos.
– Julia, eu te amo.
Ele disse, e as palavras se misturaram com o silêncio. Abracei o silêncio, como ele estava fazendo. Sorri, e fiquei vermelha. Era a primeira vez que ele dizia aquelas palavras para mim. Eu não tinha motivos para não acreditar.
Ele se inclinou para me beijar. Me beijou docemente, como havia começado a fazer de uns tempos para cá. Esse beijo tinha um toque de “eu te amo” misturado com chuva, músicas fofas, perfume masculino, abraços e Tokio Hotel.
Começou a chover mais forte, e os pingos de chuva conseguiram chegar até meu rosto, me molhando. Também foi um beijo mais molhado do que os outros. Acabou mais rápido. Tom riu e passou a mãos pelas gotas de chuva no meu rosto.
– Você não está chorando, não é emocionante o suficiente para você chorar? – Ele perguntou rindo.
Eu balancei a cabeça.
– Ér, não. – Passei a mão pelo meu rosto onde a maquiagem deve ter escorrido, mas estava tudo certo. Ficou um silêncio por segundos que pareceram minutos. Eu estava esperando.
– Esse visual é maneiro.
– Obrigada. – Agradeci – Eu também te amo.
– Pensei que nunca fosse dizer isso.
Nós rimos juntos e eu me virei com dificuldade para algum lugar que eu não corresse o sério risco de cair como eu sempre fazia, passei as mãos em volta de seu pescoço e o beijei novamente.

Até ficarmos completamente molhados, não demorou muito. Subimos juntos até meu quarto e começamos a nos trocar. Ele estava lá do outro lado do quarto de frente para mim. Eu tirei a blusa e escolhi outra de manga, também da cor preta. Tom me olhou com aquele sorriso sacana e se aproximou. Nota: ele já estava sem camisa, e aquela visão dele vindo para cima de mim com AQUELE sorriso, já estava nos meus sonhos mais pervertidos.
Até conseguir me abraçar e começar com aqueles beijos que traçavam uma trilha, demorou, porque eu fiquei o empurrando. Vesti minha blusa, e ele tentou tirá-la.
– Não, Tom! – Brinquei.
– Você fala como se eu fosse um cachorro.
Nem vou comentar que quando eu era menor, tinha um cachorro com o nome Tom, porque sabe, Tom é nome de cachorro.
– Vamos fazer sexo, Julia.
– Eu não faço sexo para resolver meus problemas.
– Larga de ser complexa. – Ele riu – Já resolvemos o problema, agora vamos para o sexo!
Eu ri sarcasticamente e neguei.
– Argh, eu vou te dar um soco.
Eu o encarei com desafio.
– Vem. – Desafiei.
Por um momento, achei que ele fosse mesmo me dar um soco quando ele se inclinou, mas aí ele apenas me jogou por cima de seu ombro.
Brigamos de uma forma mais fofa dessa vez, nada que nos afastasse. E ficamos no quarto pro resto do dia. Eu estava escrevendo no meu fichário, e vendo quantas frases eu havia escrito desde que havia chegado à casa dos meninos. Para recordar aquele dia, eu escrevi mais uma frase. Não seria a última vez que eu escrevia naquele fichário.

Esse beijo tinha um toque de “eu te amo” misturado com chuva, músicas fofas, perfume masculino, abraços e Tokio Hotel.

– O que está escrito aí?
– Está em português.
– Eu sei! O que está escrito?
– Não interessa.
– Julia...
Eu te amo. – Disse na outra língua.
– O que?
– É tipo “vai se ferrar”, em português.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 40 - COMO ASSIM?

– Ai! Quem me empurrou cama abaixo?

Ficou um silêncio enquanto eu, Bill e Chelsea esperavam a reação de Gustav, enquanto o mesmo só avaliava a situação.
– Oh, oi Tom. – Disse Gustav lentamente.
– Hey cara. – Disse Tom, sentando-se na cama e passando a mão pela cabeça. Ele me olhou e piscou um olho, se aproximando de mim e ficando de costas para todos para selar meus lábios com um selinho de manhã.
Gustav estava sorrindo. Ai eu fiquei surpresa.
– Eu mereço saber alguma coisa que parece que o casal tagarela já sabe e eu não? – Perguntou ele rindo.
– Claro, senta aí – disse Tom rindo –, já que isso vai virar invasão de privacidade, pode chamar o Georg, Anne, David, a produção e o hotel inteiro também.

Oba, mais uma pessoa já estava sabendo do suposto namoro entre o Tom e eu. Para a surpresa de todo mundo, Gus não reagiu mal por saber que Tom dormiu no meu quarto.
– Por que será que a reação dele foi essa? – Perguntei lentamente para Tom.
– Eu tinha dito para ele, anteontem, que estava decidido a pegar você para mim.
– É... como se eu fosse um objeto.
Ele me beijou, me impossibilitando de terminar de me arrumar. Eu estava novamente me vestindo com um biquíni por baixo de uma roupa normal para passear, depois de décadas para convencer Chelsea e Bill a ir a um restaurante, e não à praia.
Me irritei profundamente com as peças de roupa e joguei para longe de mim, ouvindo Tom rir. Gritei com ele, dizendo que eu estava estressada. Ele fez um bico.
Eu me acalmei. Ele abriu os braços e eu fui ao encontro de um abraço quente e musculoso, se camisa, que beijou a minha testa várias vezes e depois pediu um beijo.
– Me beija?
Eu o beijei, como sempre fazia, com toda a minha vontade e disposição. Mais disposição para beijar Tom do que para vestir minhas peças de roupa.

Alguns minutos depois, descemos de elevador com Gus, Bill e Chelsea. Encontramos Georg e Anne bem depois na sala de música e foi um momento muito fofinho ver Georg tocando violão para Anne. Ele estava tocando Viva La Vida, do Coldplay, e ela estava cantando.
Nós chegamos ao último refrão.
– Ah, agora que a banda está completa, vamos tocar alguma música do Tokio. – Disse Anne.
Bill foi o primeiro a fazer uma careta.
– Porra, eu canto repetidamente minhas músicas o tempo inteiro, toca qualquer coisa menos Tokio Hotel.
Bem, eles decidiram por começar uma playlist do Nickelback, uma das bandas favoritas do Gustav, mas quando cansaram, eu ouvi de fundo, um guitarrista com trancinhas na cabeça tocando no violão, By Your Side, sem cantar. Olhava para mim. Eu me lembrei da primeira ou segunda noite que passei na casa dos meninos em Magdeburgo, quando eu flagrei Tom cantando Na Deiner Seite. Sorri para ele.
– Hoje a Jus e o Tom estão quietos demais. – Comentou uma vozinha linda que a gente reconhece por Georg.
– Eu que o diga. – Gus sorriu.
Eu me estiquei no sofá e coloquei os pés em cima de Anne que estava sentada do meu lado. Abriram a porta de vidro e nos viramos para ver quem era. Quem está vivo sempre aparece, David e Hilary... Hilary estava...?
Ela estava usando uma blusa larga que mesmo assim denunciava que ela estava com uma grande barriga.
Eu preferi pensar que ela estava gorda mesmo.
– Tom – Disse David – Podemos falar com você?
Tom ficou com uma cara meio surpresa e receosa, olhou para cada um de nós antes de se levantar e largar o violão.
– O que é? Por que ela também precisa falar comigo?
– É sobre você e ela. – David disse sério como se o repreendesse.
– Eu não tenho nada mais com Hilary, pode ir embora.
Tom se virou e se jogou no sofá, encarando as pessoas na porta de vidro.
– Tudo bem se você quiser que eu jogue na sua cara e da sua namoradinha que eu estou grávida! – Disse Hilary, bem alto.

Tom

Todos eles ficaram pálidos, bem, inclusive eu.
Eu tinha uma suposição para o que Hilary tinha dito. Tentei arriscar.
– E o que eu tenho haver com a sua gravidez?
– Nada além do fato de que você será pai. – Hilary voltou a falar alto, quase como se gritasse.
– COMO ASSIM?
Eu grunhi.
Isso não podia acontecer.

Julia estava era a que mais estava pálida. Olhava para um ponto fixo em qualquer lugar no chão.

– Eu vou ser titio? Bill quebrou o silêncio.
Eu me levantei e andei em passos pesados até Hilary e David, fechando a porta de vidro para conversas a sós com Hilary e David.
– Hilary, mas que porra é essa? Você ficou psicótica?!
– Diga o que quiser, Tom, você será o pai do meu filho.
– Você não está grávida! – Eu gritei.
Ela ergueu um pouco a blusa e me mostrou o tamanho da sua barriga. Se aquilo fosse verdade, deveria ter uns quatro meses.
– Eu posso falar bem alto para qualquer um aqui ouvir que você me engravidou em uma daquelas vezes que a gente não se protegeu!
Eu fiquei em silêncio, olhando para a cara dela, Jost colocou a mão no meu ombro com uma cara arrastada.
– Esse bebê não vai interferir na banda, Tom, eu já conversei com a Hilary e...
– Esse bebê nada, Jost! Isso não vai existir! Hilary, quanto você quer para fazer um aborto?
Ela gritou.
– Eu nunca faria isso, Tom! – Hilary tentou me acertar com uma bofetada, eu segurei seu braço no meio do ato – Eu não vou abortar o nosso bebê, e isso pode não afetar a banda, mas você vai precisar ficar comigo agora.
Eu sorri de forma cínica.
– É isso? Você estava planejando isso para não me deixar ficar com a Julia, se for isso, vai tirar seu cavalinho da chuva, porque isso não vai acontecer! Grávida ou não, eu não vou ficar com você.
– E você não vai ser um pai presente? Igual ao que seu pai fez com você?
– Deixa meu pai fora disso, Hilary. – Eu grunhi. – Se quiser seguir com esse... isso...
Eu fiquei sem fala. O que eu poderia dizer? Eu não poderia simplesmente dizer que não iria cumprir com responsabilidade se eu fosse realmente o pai e ela estivesse realmente grávida.
– Eu... – Comecei. Mas eu estava sem armas. Como aquela frase, “de mãos atadas”. – Eu vou pensar sobre isso.
Hilary sorriu. Tentou se aproximar de mim e colocar sua mão no meu rosto, mas eu a afastei. Me virei para a porta de vidro da sala de música. Todos estavam com os rostos apoiados nas mãos e os cotovelos nas pernas, conversam silenciosamente com Julia. Me virei de volta para Hilary e Jost.
– Vão embora. – Falei.
– Como assim? – Perguntou Jost.
– Vá, só... – Bufei alto – Só saiam daqui. Agora.
Eu devo ter sido rude, esperei eles se afastarem para abrir a porta de vidro fazendo algum barulho proposital, mas nenhum deles se virou para olhar para mim. Eu andei alguns passos e chamei.
– Julia.
Chamei baixo, mas tenho certeza de que ela escutou. Ninguém ligou para que eu estivesse dizendo seu nome, e não seu sobrenome.
Ela se levantou do sofá, trocamos olhares, ela correu porta afora, fechando a porta de vidro com tanta força que poderia até ter quebrado.
Suspirei.
– É melhor eu não ir atrás agora né?
– Você – Gustav disse, bem alto, como se me repreendesse – senta nessa porra desse sofá e deixa a minha prima.
Obedeci. Que moral eu tinha agora para não obedecer ao primo mais velho da minha namorada? Nenhuma, eu engravidei uma vadia.
– Por enquanto. – Disse alguém.
– É. – Gustav concordou para minha surpresa. – Depois você vai atrás dela, e faça aquele papel clichê daquelas novelas mexicanas.
– Por que vocês meninas não falam nada?! – Eu perguntei. – Você sempre tagarela nas horas erradas, Chelsea.
– Eu estou pensando na possibilidade de engravidar... – Comentou Chelsea. Bill olhou para ela como se pensasse “se você não estiver brincando eu te mato”. – Eu estou brincando, Bill!
Que bom, porque eu não gosto de crianças.
Ah droga.
– Você só está um pouquinho fodido. – Disse Georg.
– É, cala a boca, já deu a “hora” de esperar para falar com a Julia?
– Já. – Gus respondeu.
Me levantei com a maior rapidez. Corri porta afora para procurar a nanica.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 39 - Os sobrenomes pelos nomes

Eu fiquei sem fala, com a boca entreaberta e os olhos piscando mais rápidos do que o normal. Tom riu da minha cara, e ficou rindo enquanto eu trocava de pensamento rapidamente.
Quero dizer, aceito, sei lá. Ele praticamente ordenou que eu o namorasse, então eu tinha o direto de responder?
Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Parecia que estava pelo menos. Segurou minha mão, entrelaçando os dedos, e me ajudou a sair da água, seguindo o caminho na beira da água gelada, passeando pela areia. Passou o braço em volta da minha cintura.
– No que isso implica? – Eu perguntei.
– Me beijar, sair comigo, contar para o meu irmão, dormir comigo... – Ele pensou um segundo – Sim, com certeza dormir comigo.
E riu pervertidamente.
– Eu tenho o direito de negar também? – Perguntei.
– Claro que não.
– Então já estamos... namorando?
– Ah.
E com isso, ele me puxou lentamente pelo queixo e me beijou. Finalizou com estalinhos.

– É bem cômica a visão de você em um cavalo branco.
Foi a única coisa que eu consegui emitir pelos lábios.
– Você estava me imaginado num cavalo branco? – Ele perguntou.
– É sabe... – Eu sorri envergonhada – Cavalos brancos são românticos.
– E que tal uma banheira cheia de espumas? – Sorriu.

– Você estava planejando isso, obviamente.
– Claro. – Brincou ele
Silêncio...
– Diz que está louca por mim também? – Perguntou ele.
Eu respirei fundo e soprei em sua cara.
– Eu estou definitivamente louca por você desde que ouvi seu primeiro solo na primeira música do álbum Schrei.
– E você lembra qual música?
– Não. – Sorri de lado – Mas eu sei que gosto de você desde então. Eu me impressiono com guitarristas, violonistas e baixistas.
– Georg entra nesse meio?
– Ah sim, entra.
– Mas eu sou melhor com certeza.
– Exibido.
Ele me beijou docemente ao alcançar meus lábios com os dentes.
– Está frio. – Eu disse, quando senti um vento frio me gelar, já molhada. Tom passou o braço da minha cintura para meus ombros e me puxou mais para ele, me esquentando.
– Precisamos mesmo contar pro Bill? – Perguntei.
Ele me olhou com aquela cara de “óbvio” e eu sorri envergonhada.

(...)

Não foi uma surpresa contar para o Bill. Ele e Chelsea, no momento, estavam abraçados no corredor, nós nos aproximamos e eles nos viram. A primeira coisa que Chel disse foi algo sobre deixar para brigarmos mais tarde e não naquele corredor silencioso assim que dissemos que tínhamos algo para discutir.
– Ahn, Chel, não é nenhuma briga. – Sorri, ao olhar para Tom.
Ele estendeu a mão e eu entrelacei a minha com a dele. Os olhos de Chelsea brilharam. Bill apenas riu.
– Isso estava demorando para acontecer. – Disse ele.
– Ah espera espera! Me expliquem essa história direito! – Ela chiou – O que ta acontecendo aqui?! Vocês estão nesse maior clima romance... Vão casar? A Jus está grávida do Tom?
(n/a: também?!?!?! Kakakakaka brincadeira)
– Cruzes, Chelsea! – Eu e Tom dissemos ao mesmo tempo. – Não, cara, nós só estamos namorando.
A boca dela se abriu em círculo.
– Isso é sério? – Perguntou retoricamente – Oh meu Deus!
E eu calei Chelsea mais uma vez naquele dia e nem precisei desligar o telefone na cara dela. Ela simplesmente ficou muda, deu saltos, bateu palmas, se encheu de lágrimas e correu para nos abraçar. Chamou Bill também.
– Biiiiill vem cá, vamos abraçar todo mundo junto.
Aí, terminou o abraço, e ela voltou a tagarelar.
– Me conta, foi ele quem pediu ou vocês se decidiram juntos? Onde ele pediu? Ele te deu presentinhos? Brincos, colares, anéis? Rolou sexo? Digaaaa!
Ela falou tudo isso em português. Deixou os meninos de boca aberta.
– Bem... – Comecei rindo e tornei a falar em alemão – Eu fui praticamente obrigada a aceitar né.
Tom fechou a cara, e eu ri. Voltei ao português.
– Foi na praia há vinte minutos, e não rolou nada além de frio e areia na minha cara.
– Cruzes você Julia Schäfer, só sabe tornar a coisa feia, creepy maluca. Vamos imaginar em outro ponto de vista, vocês estavam na água, foi super romântico quando ele te abraçou por causa do frio e quando beijou a sua boca e aí vocês saíram de lá com o pensamento em entrar em uma banheira no quarto quente de vocês para um banho juntos e...
– Shut your mouth up!
Eu gargalhei junto com ela.
Chelsea foi em direção à Bill de braços abertos e eles se abraçaram fofamente, os dois olhando para o casal abandonado no corredor. Eu fui abrir a porta do meu quarto, conversando com Bill e Chelsea enquanto Tom foi pegar suas roupas para dormir comigo, assim que ele voltou, me segurou pela cintura comigo de costas para ele.
– Aí Jus, eu estava lendo as noticias que Paramore iria fazer um show no Brasil, mas eu me lembrei que agora você mora na Alemanha também, mas sabe aquela nossa amiga que gostava...?
– Tchau Bill, tchau papagaio.
– Tchau Tom, e tchau cunhada nanica. – Bill respondeu com o mesmo trocadilho.
Disse Tom, me encaminhando para o quarto. Eu ri. Ele fechou a porta com o pé e tirou a minha blusa por cima da minha cabeça com as mãos que seguravam minha cintura. Se aproximou com a boca aberta e aquele hálito quente com um leve perfume de Absolut, o que me fez imaginar o porquê de ele estar levemente alto.
– Kaulitz, você bebeu. – Eu disse.
– Bebi a mesma quantidade que você dessa vez e, uhm, já está na hora de parar de me chamar assim, huh?
Disse, enquanto colocava a boca no meu pescoço e passava os braços pela minha cintura.
– É... – Eu concordei, me virando para ele – É verdade.
Se um dia eu me casasse com ele, na hora de dizer ao padre (se houver um padre, porque tanto eu como ele somos ateus) “aceito Tom Kaulitz...” eu diria “aceito o Kaulitz idiota...”.
Nos beijamos por alguns minutos, sem nenhum pervertimento além da mão boba de Tom, até que eu parei de beijá-lo e disse que precisava tomar um banho por causa da praia.
Oh, o que eu fui falar.
– Banho, é? – Sorriu ele de forma sacana.
– Sim, banho... – Parei de falar ao olhar para sua cara – Ah Tom, você é maluco.
– Vamos lá ser malucos.
Disse ele, ao pegar minha mão e me conduzir ao banheiro.
– Espera, eu preciso pegar minha toalha e minha nécessaire...
– Cala a boca, Julia.
Paramos dentro do chuveiro, ainda vestidos, quando ele ligou a água, que começou a cair gelada e eu dei um curto gritinho e ele me abraçou debaixo do chuveiro rindo. A água começou a esquentar. Eu estava abraçada à Tom, olhando para o chuveiro. A água esquentou demais. Eu estava prestes a deixá-la mais fria, mas Tom segurou minha mão e colocou em seu ombro ao invés da torneira.
– Mas...?
Comecei. Ele me interrompeu.
– Água quente me deixa excitado facilmente – Disse ele no meu ouvindo.
Já estávamos molhados né.


Entre os beijos e o contato contra a parede do banheiro, o ajudei a tirar a roupa pesada e molhada, começando pela camiseta mais fácil e depois a bermuda e ainda tinha uma sunga, que eu não achei que fosse encontrar por debaixo do short...
Ele quebrou o beijo, imbecil, para tirar a porcaria da parte de cima do biquíni, que alguém tinha dado um nó cego, porque era tomara-que-caia e não podia cair enquanto eu era jogada na água gelada.
E conseguimos tirar todas aquelas peças, que ficaram jogadas no chão do box, enquanto voltamos a nos beijar com um afobamento gigante.
Eu sou atrapalhada, nunca neguem isso.
Ergui os braços e esbarrei no shampoo que ficava no alto, ele caiu na minha cabeça, mas trouxe junto o condicionador que bateu em Tom, ele riu, e depois fingiu voz de bravo.
– Porra Julia até no banho você consegue derrubar tudo! – Brincou ele.
E veio com os dentes em direção ao meu pescoço, eu me contorci e o empurrei pelo rosto, mas ele mordeu minha mão. Beijou minha testa, meu nariz, minha boca e brincou comigo. De jogar água, claro.
Não, não houve nenhuma brincadeira erótica naquele banho, apesar de eu notar que ele estava bem excitado mesmo assim, eu só o fiz brincar. Ele segurou o shampoo.
– Quanto você usa disso? – Perguntou.
– Só uma mão serve, meu cabelo está meio curto.
– Ah claro, no meio das costas, é meio curto. – Brincou.
Ele despejou praticamente meio pote de shampoo no meu cabelo. Eu briguei com ele, bati em seu braço, e ele terminou por me ajudar a me dar banho, e eu não precisava daquela ajuda.

Fechei o chuveiro e estava indo pegar a toalha. Tom me parou. Estendeu a mão para fora do box e pegou em cima do sanitário no meio de suas roupas um preservativo.
Eu olhei com uma cara surpresa para ele.
– Eu acabei de tomar banho. – Disse.
– Eu também. – E se virou para mim – Mas eu ainda estou duro.
– Você tem um palavreado tão lindo.
Eu ri.
– Sendo assim, vou ligar o chuveiro novamente.
– No quente, por favor. – Disse ele.
Eu liguei, ele me segurou pela cintura, deixou o preservativo de lado, ficou de joelhos no box e passou uma das minhas pernas por cima de seu ombro. Eu sorri, mas ele não pode ver o meu sorriso.
Sua boca foi de encontro a minha intima.
Eu me agarrei às suas tranças, ofegante com os minutos.
Soltei sons grutuais pela boca, contraindo o abdômen a cada segundo.
Céus, água quente também me excita facilmente!

Ao longo dos minutos, eu gritava de prazer, com as mãos escorregando no vidro embaçado do box. Podia se ver as mãos de Tom por cima das minhas. Me acompanhando de forma menos escandalosa.

(...)

Ouvi palmas, lá do fundo da minha consciência enquanto eu dormia nos braços de um guitarrista meio musculoso.
– Acorda, nanica!
Abri os olhos. Ah seria fofo se fosse Tom! Como seria.
Mas infelizmente, era uma loira chata sentada na minha cama. Cocei os olhos e me virei para ela. Eu estava de pijama! Ainda bem que me lembrei de me vestir antes de dormir.
– Cara, o que você está fazendo aqui tão cedo? – Perguntei.
– A porta aberta me convidou para entrar. Esse daí não acorda mesmo, não é?
Ela apontou para Tom, dormindo do meu lado.
Eu coloquei a cabeça no seu ombro.
– Não, e não é você quem vai acordar. Sai daqui, Chelsea.
– Agora que eu trouxe meu ajudante para acordar o familiar?
Abri os olhos e tentei enxergar mais longe (eu estava sem lentes), vendo um Bill sentado na poltrona do outro lado do quarto.
– Mas que porra é essa? Invasão? Tchau vocês dois, me deixem dormir! – Grunhi, mas baixinho para não sequer tirá-lo do vigésimo sono para o décimo nono. Claro que era complicadinho acordar o Kaulitz. Digo, o Tom.
– Não, Jus, levanta aí, vamos à praia!
– De novo? A gente foi ontem, e anteontem! Desse jeito eu vou ficar negra!
– Você não se queima direito nem se passar bronzeador.
– Me deixa em paaaz!

De repente, na porta, ouvi uma voz familiar.
– Julia? Você está aí? A porta está aberta.
Era Gustav.
– Estamos aqui sim, Gus! – Gritou Chelsea.
Que bom que pelo menos Bill é inteligente. Que pulou da poltrona até a cama e tampou a boca de Chelsea com os olhos em alerta para o irmão adormecido. Eu acho que Gustav fritaria Tom vivo se o visse na minha cama sem camisa.
Empurrei Tom para fora da cama. Ele acordou no meio disso, tipo um segundo antes de bater com a cara no chão e grunhir alto sobre isso.
Gustav entrou no quarto e me viu sentada na cama, com Chelsea e Bill em cima dela. Ele acenou e eu acenei de volta.
– Eu juro que ouvi a voz do Tom. – Disse Gus.
– Fui eu Gus, como você pode me confundir com aquele cara? – Falou Bill – A Chel pisou no meu pé.
Eu estava meio preocupada com o Tom e sua cara no chão do lado da cama. Chelsea tinha sua boca coberta por Bill, e eu ainda estava com os lençóis em cima de mim, esfregando o rosto e tentando pentear o cabelo com as mãos.
– Ai! Quem me empurrou cama abaixo?
Ele apareceu com aquela cabeça e a testa gigante para fora da cama. E Gustav o viu. Para mim, aquilo só iria se resultar em uma coisa: Fo-deu!

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 38 - Namora comigo

Eu estava me sentindo como uma plantação de cactos com as pálpebras coladas e um cansaço desgastante me puxando para a cama. Primeiro, demorei uns cinco minutos só para abrir os olhos, o melhor era ter que acordar a hora que eu bem entendesse, porque eu estava de férias e... Na França. Mas foi só olhar para o relógio para eu me despertar.
Era onze horas, e eu nem tinha ido dormir tão tarde, costumava sempre acordar cedo por costume. Olhei para o corpo que descansava como pedra que está longe de sofrer um processo de erosão, o Kaulitz como se estivesse morto. Eu tampei a minha boca para não rir, era sacanagem ser acordado mais cedo por Chelsea depois de uma noite cansativa daquelas e... uh, que noite!
De repente, eu senti como se uma explosão ocorresse em mim agora. Eu havia dormido com o Tom! Pela primeira vez! E foi surreal! Ele sabia me excitar, e a forma que ele falava era desgastante, somado com o contato físico que eu tive com seu corpo... Eu fiquei corada para a parede só de lembrar.
Sentei–me na cama e me dei conta de que não poderia entrar no banheiro arrastando o lençol e deixá–lo totalmente nu em cima da cama sem mais nem menos, iria acordar e achar que foi estuprado. Corri para o banheiro da forma que eu estava. Nua, com os cabelos bagunçados e bem, bem tonta. Fechei a porta de vidro (o que isso adiantava?) e liguei o chuveiro para que caísse água na banheira, em poucos minutos eu entrei e tomei um banho bem mais rápido do que costume e ainda lavei o cabelo. Depois de me secar, troquei para o roupão e com a toalha na cabeça, ainda nem era onze e meia em ponto, e eu estava morrendo de fome.
A porta de vidro ficou embaçada, então quando eu a abri, vi Tom deitado com a cabeça nos braços e olhando para o teto. Ele me notou e abriu um sorriso que mostrava os dentes, eu acho que fiquei corada.
Bon jour, Benjamin. – Disse ele em um francês péssimo. – Admito que é a melhor coisa que eu sei falar nessa louca língua que as pessoas julgam a mais bonita.
Eu gargalhei.
– Vejo que você é péssimo em francês, mas eu também não sei uma palavra. Bom dia, Kaulitz! – Eu falei em português.
– Isso é uma disputa de línguas? Good morning.
Guten tag. – Eu sorri e adentrei o quarto passando pela cama e chegando à minha mala. Procurei algumas peças de roupa, separando roupas íntimas e tentando achar o short e a blusa menos provocante que Chelsea havia colocado ali. Revirei os olhos. Pra que tanta seda? Tanta renda? Eu não estou indo pra um desfile da Victoria’s Secrets, na verdade eu nem seria convidada pelo meu tamanho.
O Kaulitz me puxou para trás pela barra do roupão sem se levantar da cama, então ele se sentou e escorregou os ombros do roupão para que o roupão caísse de mim, me deixando nua! Eu soltei um gritinho aguda e passei os braços pelos meus seios, mas quando me virei, ele já estava vestindo o meu roupão, e fora da cama, indo em direção ao banheiro.
– Ah então é assim, Kaulitz?
– Sabe, eu tenho receio de que você fique com medo quando me ver a luz do dia.
– Por que é muito pequeno? – Eu ri.
– Porque é muito grande.
– Babaca egocêntrico.
Eu me vesti rapidamente e penteei o cabelo, envolvendo–o novamente na toalha, pois estava muito molhado. Tom saiu do banheiro com a toalha na cintura e com um sorriso sacana.
– Aproveita que você não está fazendo nada, pede o café da manhã. – Eu ordenei.
– Com quem você está aprendendo a ser tão dura e mandona? – Ele gargalhou.
O telefone começou a tocar, eu me inclinei para atender e a primeira coisa que ouvi foi a voz irritante e aguda de Chelsea. Desliguei o telefone na mesma hora e Tom não precisou perguntar nada, pois fora ele quem desligou o telefone as últimas trinta vezes que Chelsea ligou mais cedo. O café da manhã bateu na porta alguns minutos depois e Tom já estava vestido.
– Vou atender a porta – Disse ele.
– Não! Acho melhor não.
Fui até a porta e atendi o garçom que chegava com um carrinho de comida, eu assinei a prancheta e ele se afastou, mas logo que eu estava fechando a porta, vi uma sapatilha rosa se colocar na frente no mesmo segundo e Chelsea gritou meu nome com raiva.
Oh meu Deus! Eu senti desespero. Tom estava no quarto, a cama estava totalmente bagunçada como se tivesse passado um catrina e meu pijama junto com roupas íntimas ainda estava espalhadas no chão. Infelizmente, eu me conformei em contar tudo depois que ela me imprensou contra a porta e adentrou o quarto, ficando ali comigo naquele corredor inicial.
– Senhorita Benjamin Schäfer! – Ela chiou – Por que raios você não atendeu a droga do telefone aquelas cinqüenta vezes que eu chamei? Você sabia que era eu, admite, safada.
– Admito, mas eu tenho que te falar...
– Você está maluca?! Agora tenho certeza que você pira: Tom Kaulitz sumiu do quarto! Ele não deixou pista alguma, o Bill e os meninos já abriram a porta do quarto dele, que por acaso, ele deixou aberta e viu o guarda–roupa e o leão de Nárnia por lá!
Chelsea ficou quieta, mas com os olhos arregalados. Eu soltei uma gargalhada alta e provocante, mais agoniada. Enquanto eu olhava para dentro do quarto com medo que Tom aparecesse. Eu ainda podia mentir!
– Ah jura? Ele sumiu. Hoho, que notícia. – Falei alto.
– Você não está nem um pouco aflita? Está todo mundo atrás daquele infeliz e você dormindo.
– Os mandem sossegar, Kaulitz deve estar em algum puteiro francês comendo biscates.
Chelsea teve vontade de rir, mas parou no meio da gargalhada.
– O que deu em você? Você não fala “Kaulitz” quando se refere à ele, mas falando comigo ou com Anne. Você só chama–o de Kaulitz na frente dele.
– Você repara demais em pequenos detalhes, Hölt. – Revirei os olhos e tentei disfarçar rindo.
– Você pediu café da manhã no quarto! Você está com febre, Jus? Está com probleminhas, esse tipo de coisa, você nunca faz! Gostava de descer pra tomar café comigo. Ei, que marcas de sangue são essas na sua boca?
– Já terminou? Ich Bin cagando e andando para o Kaulitz. – Eu pulei o assunto das marcas.
– Misturando alemão com português quando a gíria não existe em outro país, ninguém faz melhor que você. Okay, estamos esperando você. Coloque um biquíni e leve protetor solar, creepy bones.
– Aham aham, tchau.
E eu fechei a porta em sua cara, adentrando totalmente o quarto e mirando Tom saindo do banheiro, que logo começou a rir e eu também.
Kaulitz deve estar em algum puteiro francês comendo biscates? – Tom me olhou com um sorriso cínico na cara e quando se aproximou, colocou as mãos na minha cintura enquanto eu cruzei os braços. – Você é safada, heim.
Eu avancei com urgência para seus lábios, que retribuiu com um beijo quente e provocante. Kaulitz desceu rapidamente suas mãos para o meu bumbum e me puxou contra ele, prensando sua cintura na minha. Eu gostava de beijá–lo, me aquecia e me deixava tonta rapidamente, tão tonta que ele precisava me segurar bem. Ele se encostou à parede e tentou me erguer em seu colo sem quebrar o beijo, o que nos fez morder os lábios e rir, mas voltamos a nos beijar enquanto eu tentava me manter segura com os braços em volta de seu pescoço e as pernas cruzadas em sua cintura.
– Não estou com tanta força, Benjamin, eu ainda nem comi... – Falou ele entre os beijos.
– Nem eu. – Respondi urgentemente para voltar a atacar sua boca.
Eu juro que estava sentindo alguma coisa se excitar, sorri entre o beijo que ele pausou para “apresentar” isso.
– Ta vendo? Olha só o que você já faz comigo de manhã!
Ele se balançou, mas só bastou um pouquinho para que eu soltasse um grito agudo e caísse de seu colo, levando–o junto comigo e esbarrando no carrinho do café da manhã, que só não tombou porque ele foi rápido e o segurou. Nós começamos a rir olhando um para a cara do outro, meio que envergonhados.
– Okay, acho melhor nós só comermos o café da manhã.
Ele se sentou na cama e eu na estante vazia. Acabamos por comer todo o café da manhã (que era farto) em segundos, e eu só consegui comer alguns croassaints, enquanto Tom devorava tudo que via pela frente e engolia em menos de um segundo.
– Kaulitz, não precisa sair comendo tão rápido, eles vão continuar te procurando em lugar nenhum, mas não vão chamar a polícia francesa!
– Não é isso, eu estou com fome! E Bill sabe que eu estou aqui.
– WAS? – Eu quase gritei – O que?
O Kaulitz gargalhou de boca cheia. Quebrando todo o clima romântico que eu estava sentindo por ele, beijos.
– Eu sinto que o Bill não esteja aflito, então ele deve sentir que eu estou bem. – Disse ele – Coisa de gêmeos.
– Imagina se houvessem duas de mim.
– Eu poderia pegar as duas. – Piscou para mim com um sorriso safado – Você me deixar te trair com a sua irmã gêmea?
– Claro, mas como você e Bill, ela seria uma patricinha que curte rosa e ouve música sertaneja e funk, totalmente diferente de mim. Você não iria sentir nenhum tesão por ela.
Tom gargalhou.
– O que é sertanejo?
– É alguma coisa parecida com música de cowboy. Só que no Brasil, equivale à roça e o interior. E é horrível.
Eu pisquei duas vezes e fofamente.
– Você iria me preferir, porque eu curto preto e gosto de rock. Ela não gostaria do Tokio e chamaria seu irmão de menina.
Tom fez uma careta muito feia e nós ficamos rindo.
– Ah e se eu não tivesse um irmão gêmeo – Disse Tom –, o “eu” seria uma mistura de Bill e eu. Blusas justas e calças largas, que curte Samy Deluxe e Green Day ao mesmo tempo. E a gente não teria um nariz tão grande quanto o do Bill, teria o meu nariz.
– Cruzes, Kaulitz! O nariz do Bill é lindo, eu uso blusas justas e calças largas, curto Green Day e Samy Deluxe ao mesmo tempo okay? E prefiro que vocês sejam dois.
– Então deixamos as coisas da forma que estão. Você é só uma, e é mais fácil até porque, eu não precisaria dividir uma cópia sua com ninguém. – Ele se inclinou sobre o carrinho de café da manhã e me deu um selinho, se levantando da cama. Eu iria perguntar por que ele havia se levantado, mas descobri ao olhar que o carrinho de café da manhã já estava vazio.
Troquei rapidamente as roupas íntimas por um outro biquíni e saímos do quarto, vasculhando o corredor para ver se não havia ninguém espionando, ele foi se trocar em seu quarto no andar de cima e descemos de escada juntos. (Escadas, porque os membros da banda são preguiçosos demais pra usarem–nas, então usariam o elevador e não seriamos vistos.)
Foi surpreendentemente estranho quando senti que a mão mais áspera que a minha de tanto tocar guitarra do Kaulitz tentava se entrelaçar, e eu permiti inconscientemente, enquanto andávamos um do lado do outro pela recepção. Era tão diferente que eu quase podia sentir até as paredes lançando olhares duvidosos para cima de nós dois.
– Eles devem estar na piscina Leste, a Chelsea deve ter empurrado os meninos pra lá – Eu disse, puxando Tom pela mão que nos unia para o arco do lado Leste.
– Acho que eles devem estar me procurando no lado Oeste, onde fica o elevador para a sala de música, Benjamin, o Bill sabe que eu gosto de ficar tocando alguma coisa de vez em quando.
Ele me puxou para o outro lado.
– Acontece que você não estava fazendo isso, não é? Então vamos procurá–los na piscina...
– Mas eles devem estar pra cá!
Eu puxei Tom de um lado e ele me puxou de outro, sem soltar as mãos. Sabia que ele era bem mais forte e estava conseguindo me arrastar, então eu puxei com mais força e o senhor Kaulitz fez o favor de me soltar, me fazendo voar longe e cair no chão. Ele correu até a mim, gargalhando é claro. Obrigada pelo tombo.
– Kaulitz, du saukerl! – Eu praguejei – Seu bastardo!
Ele me ajudou a levantar e beijou minha testa, ainda rindo e pertinho de mim, para que eu sentisse seu perfume e voltasse a segurar em suas mãos.
– Isso é porque você ta sempre brigando comigo. E fazendo a gente discutir.
– É culpa sua.
– É culpa sua, Benjamin!

Foi como se um silêncio que durasse minutos estivesse envolvido para logo depois se ouvir um grito tão alto que encheu o salão e me fez saltar para trás.
– GENTE, OLHA O TOM KAULITZ ALI! JUUUS VOCÊ ACHOU O TOM!
Ah não, não era o fã histérica, era uma menina loira e alta, macabra que gostava de me dar sustos e parecia um fantasma. E que nunca para de falar. Ela e todos os outros, reunidos, com os olhos brilhantes por acharem o Tom, e eu. Eles vieram quase correndo aos tropeços e começaram a bombardear o Kaulitz com perguntas de onde ele estava. E o que eu estava fazendo com ele.
– A Schäfer... – Ele se enrolou e ficou vermelho.

Ele ficou com uma mancha linda de vermelho em suas bochechas e olhou para mim precisando de ajuda para mentir.

– A triste realidade é que eu encontrei o arschloch do Kaulitz que me deu um encontrão e me jogou no chão. – Eu fiz cara de raivinha e a Anne foi a primeira a vir toda de braços abertos pra mim falando que ele é mesmo um babaca por me jogar no chão.
Só que na verdade o que ela falou no meu ouvido foi bem diferente do que falou alto: – Eu sei que não é isso. – E minha farsa não durou muito, Tom começou a discutir sobre eu ser muito baixa e não conseguir me olhar lá de cima. E voltamos a discutir. Mas rindo histericamente por dentro, porque não havia acontecido nada disso.

Rodamos pelo hotel cinco estrelas, Wonderwall. Eu gostei mais da sala de jogos, passando quase uma hora no videogame Super Mario Bros com Gus e Georg, e vendo o Kaulitz se corroer de vontade de pedir para jogar comigo, mas com aquela força invisível que tinha que o fazer ficar longe de mim.
Acabamos por decidir ir à praia mais tarde, fora do hotel. Kiosk Beach. Era uma praia próxima com a areia fina e o mar azul, com ondas fortes e vários quiosques espalhados pela orla. Devo dizer que achei a maior graça chegar numa praia com a maior parte da população que habitava, alta, loira, com um bronzeado bacana e tomando sol à vontade. Logo eu, baixa, morena e branquela de tal forma que pegar sol era trágico para mim.
Eu fiz uma careta e soltei um muxoxo.
– EU ADORO PRAIA! – Chel soltou um grito em alemão, começando a tirar o short e a blusa e jogando em cima de Anne, correndo para a areia.
– Céus! – Eu murmurei – Eu odeio praia.
Os meninos me olharam interrogativos.
– Não estudo muito geografia, mas jurava que o Brasil, principalmente de onde você veio, tem belas praias. – Georg falou baixinho.
– E tem, mas só por isso eu deveria amar e vim de lá com um bronzeado de invejar aprendizes de cocotas?
Eu calei os meninos e só observava enquanto Anne e os outros tiravam as peças de roupa e se jogava na água, deixando todas as peças comigo. Kaulitz e Gus foram os mais caras de pau de ainda piscarem pra mim enquanto colocavam suas roupas nos meus braços. Eu estiquei minha toalha na areia nojenta e grudadora–de–pés, colocando as roupas de lado. Passei o protetor solar até minha cara ficar branca, coloquei os óculos escuros e me deitei de barriga para baixo na toalha, enterrando o rosto na toalha. Aquilo renderia uma queimadura de segundo grau nas minhas costas, porque eu não sabia passar protetor ali atrás.
Mas as coisas começaram a se movimentar depois que Chelsea voltou do mar jogando água em mim, eu a praguejei das piores formas em português e alemão e me levantei para jogá–la na areia com um empurra bem forte. Ela ficou roxa de tanto rir e me puxou junto, mas eu segurei o pulso de Anne e a alemã sem querer entrou naquela briga que não entendia uma palavra sequer que era jogada de uma brasileira para a outra.
Acabou que os meninos do Tokio se juntaram para todos vierem para cima de mim e me agarrarem. E foi tudo muito engraçado porque Gus me segurava do tronco para cima, Bill segurou uma das pernas e Georg a outra... Enquanto Tom ficou de fora e com o olhar interrogativo, se aproximando apenas para colocar o dedo na minha barriga e fazer cócegas enquanto eu gritava de rir. Ele correram para a água e contaram até três.
– EINS! – Gritou Bill, iniciando a contagem.
– ZWEI! DREI! AGORA!
Isso que é amizade. Lindo.
E os viadinhos do Tokio Hotel me jogaram na água congelante da França, logo eu que havia me esquentado no sol por um tempo e depois fui jogava naquele frio. Eles estavam quase que implorando para que eu pegasse um resfriado. Por sorte, eu tenho ótimos anticorpos. Tudo graças ao Brasil. O Brasil e seu ar empoeirado que faz um estrangeiro da Europa engasgar só de respirar. Nossa, que orgulho.
– GOTTVERDAMMT! – Eu gritei, tirando água dos olhos e bufando de raiva assim que consegui chegar à superfície da água salgada da praia. – MALDITOS!
– Hoje a Jus ta com uma boca suja.
Ainda precisei ouvir a Anne comentando aquilo.
Nem vou comentar que eu tentei caçá–los dentro d’água um de cada vez, mas eles tinham pernas longas e se afastavam rapidamente de mim, sobrando apenas Tom e seu sorriso cínico para eu acertar uma surra que deixou marca em seu braço... hm... musculoso.
E ao sair da água com os cabelos negros atrapalhando a minha visão e totalmente embolados com aquela água nojenta grudando na minha pele e sentindo os calafrios se formarem por causa do vento que foi necessário passar por mim e me deixar arrepiada, ouvi mais as meninas comentando.
– Olha só, igual à Samara de O Chamado! – Chelsea estava rolando de rir.
– Bestas. – Eu cuspi água salgada da boca e passei pelas meninas fazendo caretas de nojo quando a areia grudava nos meus pezinhos.

***
Depois de ficarmos quase umas cinco horas na praia, estava ficando escuro e observei que quando ficava mais tarde, eles começam a fazer um luau à noite, então eu saí da reta dos franceses sociais que se divertiam e me sentei na bancada do quiosque local junto com as meninas e parte dos meninos. Tom e Georg faziam questão de ficar na água quando ficava escuro, eles diziam que era mais legal. Mas não acho nada legal ficar congelando lá dentro.
Eu estava dividindo um copo de caipifruit com Absolut Vodka com Chelsea, porque nenhuma de nós gostávamos tanto disso, quando começou a tocar na rádio, Hot N’ Cold, da Katy Perry. Era a música mais pop dos últimos tempos e o tempo inteiro passava na rádio, eu já sabia até cantar.
You – Começamos juntas rindo – change your mind, like a girl, changes clothes. Yeah you, PMS, like a bitch, I would know. (Você muda de ideia como garotas mudam de roupas, sim, você, TPM como uma vadia, eu deveria saber).
– Essa música tem super a ver com você e o Tom Kaulitz, Jus. – Chelsea comentou.
Eu revirei os olhos e me dei conta de que mexer a cabeça estava me deixando tonta. Que champanhe mais forte.
– Vocês não parem de delirar! Eu e o Kaulitz não temos nada a ver.
– Por que eu concordo totalmente com a Chel? – Disse Bill.
– Porque você é um puto que está namorando esse fantasma aí.
‘Cuz you’re hot, then you’re cold. You’re yes then you’re no. You’re in and you’re out, you’re up and you’re down! – Eu cantarolei um pouco mais alto do que o normal, e me imaginava se estava bêbada o suficiente a ponto de estar sendo escandalosa.
E eu estava, pois Gus colocou a mão na minha boca com aquele sorrisinho lindo e corado, fazia-o quando suas bochechas sorriam tanto que chegavam a encostar-se à armação dos seus óculos. Ele me puxou para trás ao mesmo tempo, me fazendo me sentar em seu colo.
– Olha só essa parte da música: You don’t really want to stay, no, but you don’t really want to go, no. (Você realmente não quer ficar, mas você realmente não quer ir) – Cantarolou Chelsea – É EXATAMENTE o que acontece entre a Julia e o Tom!
– Eu concordo. – Disse Bill.
– Cale a boca, Kaulitz. – Eu falei brincando.
– Não me confunda com meu irmão, você só chama ELE de Kaulitz.
– É tudo falta de sexo, como a minha amiga brasileira Bruna sempre diz.
Chelsea revirou os olhos, sorrindo.
Was? – Eu perguntei retoricamente – Como é?
– Eu ouvir falar em sexo?
Eu me virei lentamente só para ver um Tom Kaulitz sem camisa, molhado, com um sorriso pervertido no rosto. Mesmo depois de dormir com ele, eu ainda me impressiono com essas coisas. Como não me impressionar?
– É. – Eu fuzilei os olhos de Tom – Ela estava falando que eu to precisando de sexo.
Tom prendeu a risada.
Ah, jura? – Ele sibilou.
– Chelsea, você está praticamente me oferecendo sexo. – Eu disse.
– Para vocês ficarem menos irritados um com o outro. Uma coisinha sem compromissos. – Chelsea continuou tagarelando como se aquilo fosse a coisa mais simples do mundo.
– Pior! Você está me oferecendo a fazer sexo com o babaca do Kaulitz.
Anne bateu com a mão na testa. Eu estava morrendo de vontade de rir. E Tom também.
– Okay, foi uma ótima proposta, Chelsea. – Disse Tom, envergonhado.
– Mas eu só faria isso se estivesse compromissada com o Kaulitz. O que nunca vai acontecer, eu nunca vou namorar um idiota como ele. – Eu disse.
– O idiota vai voltar para a água. – Falou Tom, se virando e voltando para o mar.
– Vou na água junto com o idiota.
E eu fui atrás dele, correndo um pouquinho para ficar no seu alcance. Ao nos distanciarmos bastante do quiosque, eu e Tom começamos a rir. Gargalhamos alto e mais alto. Ele deu as costas para mim e eu dei um impulso da areia, agarrando-me às suas costas enquanto ele passava as mãos por baixo das minhas coxas, para me segurar. Isso não deixava de ser excitante. Deitei a cabeça no seu ombro.
– O idiota acha que nós precisamos de mais sexo? – Eu perguntei.
– O idiota sempre acha isso. – Nós rimos.
Esse mundo babaca torna sexo uma coisa muito suja. Eu simplesmente não consigo imaginar como sexo pode ser alguma coisa além de romântica e linda.
Estávamos de costas, então não seria problema me inclinar e morder sua orelha, beijando seu pescoço e sentindo seu corpo se arrepiar.
– Eu vejo que o idiota está se arrepiando com minhas mordidas.
– Continue, por favor.
Sussurrou o Kaulitz com a voz arrastada.
Entramos na água e eu sabia que a neblina da noite havia nos tapado lá dentro, pois eu nem conseguia mais ver o quiosque, Tom me colocou na água gelada ao mesmo tempo em que eu me agarrava ao seu corpo, me arrepiando com as duas temperaturas diferentes.
Ele colocou as mãos no meu rosto e me puxou para beijá-lo. Enroscou as mãos em volta do meu corpo e brincamos com as línguas e a respiração se acelerava. Isso não me cansava de repetir. Entrelaçamos nossos dedos, mas não por muito tempo. Eu queria tocar seu corpo, e ele queria tocar o meu. Eu me abaixei, obrigando-o a abaixar-se também para acompanhar minha boca, e afundamos na água gelada, molhando meu cabelo e suas tranças. Ele se sentou na areia, coberto por água até o pescoço e eu me sentei em seu colo, passando o braço por sua cintura. O Kaulitz beijou minha testa repetidas vezes.
– Nós estamos em um circuito interminável. – Eu comentei. – Repetidas vezes, brigamos e voltamos a ficar juntos. Machucamos um ao outro.
– Eu sei disso.
Ele disse como se tivesse receio da próxima coisa que iria nos separar.
Juntou nossas mãos.
Eu me aproximei para beijá-lo, mas ele negou, virando o rosto.
– Por que você não quer me beijar? – Perguntei brava.
– Porque pela primeira vez, Tom Kaulitz, o idiota, quer algo sério com alguém que ele é louco por.
Sorriu convencido.
Eu ergui os olhos. Como é?
– Não me faça repetir. – Ele soltou uma risada gostosa de ouvir. Inclinou-se para beijar em meus lábios e se afastou só um pouquinho, mantendo nossos narizes próximos. – Namora comigo, Julia.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 37 - Perdendo a linha

– E ele sabe disso?
– Não! E eu só vou contar, quando chegar a hora certa.
– Quando o bebê nascer, você diz. – Jost riu ironicamente. – Eu não quero perder meu guitarrista por causa de um bebê.
– Eu não sei o que fazer, David.
Jost suspirou e segurou as duas mãos de Hilary.
**

Julia Benjamin
– Eu odeio me banhar na própria sujeira. – Comentei olhando para os potes de sais minerais que Chelsea tirava da minha mala que ela havia organizado e colocando em cima do sanitário.
– Mas é bom tomar banho de banheira de vez em quando. – Ela falou – E aqui estão algumas esponjas de banho que você vai querer usar, e trate–se de se depilar novamente.
– O que? Eu fiz isso ontem para colocar o biquíni hoje!
– Mas os pêlos crescem, Jus.
Revirei os olhos. Para que tudo isso. Eu nem falaria isso alto, pois ela já me respondeu “Para o Tooooo...”’ fez suspense em seguida “toookio hotel, você achou mesmo que eu falaria Tom?”
Eu liguei a água para que caísse na banheira, passando a mão na água quente e comecei a reclamar sobre a água ser quente demais, a banheira era gelada demais, eu iria ficar gripada e morrer na França porque ninguém falava francês para me levar em um médico. Enquanto Chelsea fazia caretas, eu observei que Anne me olhava com a cara lá embaixo.
– Quando vocês quiserem falar em alemão, avisem. – Disse ela.
– Ops – Eu sorri – Sabe de uma coisa, você deveria aprender português.
– Tem acentos. – Falou Anne, negando totalmente aprender português.
– Sabe que alemão também têm. – Eu comentei.
– Okay, Jus, estamos indo. – Disse Chel, beijando minha bochecha enquanto me abraçava – Não se esqueça de fechar a porta depois que sairmos.
Eu acenei positivamente e adentrei o banheiro que tinha a porta de vidro para o quarto. Enrolando no espelho é a melhor coisa que eu faço.
Links, rechts, oben, unten. Ich komm nirgendwo an. Ich höre tausend Diagnosen, jaja, schon klar, egal. – Eu estava cantarolando uma das minhas músicas favoritas do Tokio, Wo Sind Eure Hände, enquanto observava a água encher na banheira e sentada ao lado da mesma, despejando sais minerais e vendo a água fazer bolhas arco–íris.
Eu estava cantarolando baixinho a música quando sinto dedos grossos erguendo um pouquinho da minha blusa e encostando na minha pele. Isso me despertou, pois eu fiquei arrepiada instantaneamente e soltei uma exclamação alta, me virando. O pote de sais minerais escorregou das minhas mãos assim que eu me virei e foi direto na cara do sujeito que estava atrás de mim, que era Tom.
Mas o que ele estava fazendo ali?
Tom se afastou com a mão aonde o pote tinha lhe acertado e eu comecei a rir sem motivo, me levantando e indo em sua direção.
– Foda, Benjamin!
– Mas o que...? – Eu gargalhei – Desculpe–me, mas o que você está fazendo aqui?
– Eu vim ver se você está bem! Você estava agachada na banheira... Podia estar passando mal.
Okay, sua resposta não combinava com o que tinha feito segundos atrás, colocando a mão debaixo da minha blusa. Repeti algumas vezes outros pedidos de desculpas, e a todos eles, Tom aceitava, logo ele começou a rir também.
– Certo. – Disse um tempo depois – Eu estou indo agora.
– Tchau.
Sem cerimônias, nada disso combinava comigo e com ele, ele saiu e fechou a porta e eu voltei ao banheiro, tirando rapidamente a roupa e entrando no banho.
Meu banho foi bem demorado. A cada cinco segundos eu tentava me afundar mais fundo debaixo d’água.
Eu me lembrei que quando era mais nova e chamada de “creepy bones”, era porque eu não costumava ser apaixonada por ninguém. Só pela minha banda favorita, e agora, eu imaginava que só não era mais chamada assim direto porque estava definitivamente apaixonada. Eu sentia euforia quando estava perto do Kaulitz, e quando longe, vontade de ficar mais perto. E quanto mais me alfinetava com ele, mais eu ficava eufórica. Eu fiquei mais doce do que era, eu conseguia não dormir direito à noite e mentir perfeitamente mal de que ele não me alterava. Eu consegui cair mais vezes e ficar tonta mais rápido.
Só que apesar de tudo isso, de ele estar sempre perto, eu não conseguia estar junto dele de verdade. Eu sentia extrema raiva de Hilary e ciúme de qualquer coisa com vida, seios e bundas que se aproximava de Tom. E o Kaulitz é o único quem eu não consigo de forma alguma, entender o que está pensando só de olhar.
Mas novamente, eu conseguia me lembrar como era gostar de alguém de verdade, e era de Tom que eu gostava. Como isso pode acontecer? Ri alto, e minha risada teve eco no banheiro.
Havia acabado de tomar banho, coloquei uma das camisolas de seda que Chel havia colocado na minha bagagem, com roupas íntimas, e tentei secar o cabelo com só a toalha, o que não teve resultado, eu o deixei solto e molhado mesmo. Eu olhava para a cama e não sentia sono, mas olhava para qualquer outra coisa e não havia nada para fazer. Peguei meu fichário mesmo não tendo nada para escrever, e só reler o que já tinha escrito; e o mp3, trocando de música algumas vezes até chegar a playlist do OneRepublic, em uma das minhas músicas favoritas, Secrets.
Eu ouvi a porta do quarto se abrir, mas devido à pilastra, não conseguia ver quem estava entrando, ela se fechou e ouvi o barulho da chave também. O Kaulitz apareceu passando pela pilastra e vindo em direção a minha cama, com os olhos pervertidos em mim.
– É ótimo que ainda esteja acordada. – Disse ele.
Eu não sei o que ele estava fazendo ali, trancando a minha porta e me olhando daquela forma, mas tenho certeza de que não é para me desejar uma boa noite.
– Isso é estranho e... comprometedor. – Eu falei baixinho, mas parece que ele ouviu.
– Por que não se compromete comigo, Benjamin? – E sorriu de lado de tal forma pervertida. Tom passou a língua pelo piercing e veio até a mim.
Eu usava apenas um fone de ouvido, mas estava totalmente enrolada com os fios do mp3. O Kaulitz segurou com as pontas dos dedos minha camisola, me puxando da cama até ele. Eu podia resistir, ou empurrá–lo, mas eu simplesmente observei. Foram movimentos calmos e ele me segurou pela cintura com delicadeza.
– Eu não agüento mais tentar te beijar e ser interrompido, seja por um elevador ou duas amigas suas enjoadas brincado de esconde-esconde, ta legal? Cara, ta insuportável, eu pensei que fosse agüentar, porque você deve estar certa, nós nunca ficamos juntos, não combinamos, mas quer saber? Fo-da-se.
Eu ri.
– Posso te beijar, tipo, agora?
Tom inclinou a cabeça, preparado para encaixar seus lábios nos meus. Eu acenei que sim timidamente e nervosa pela proximidade, com as mãos espalmadas em seu peito. Então ele me beijou gentilmente, da forma que eu nunca tinha sentido, que não combinava nada com ele, mas ele o fez perfeitamente. Era como um novo Tom.
Franzi o nariz, o perfume dele era forte demais.
Ele segurou meus pulsos e se afastou, olhando pervertidamente para o comprimento da camisola como se quisesse ver além, mas depois olhou para meu rosto envergonhado.
– Eu não sabia que Chelsea iria colocar roupas tão provocantes.
– O que? – Arregalei os olhos – Como você sabia disso?
– Posso dizer que eu e os meninos pedimos um favor para ela.
Soltei uma exclamação alta e livrei meus pulsos para que pudesse acertar o braço do Kaulitz com um tapa, ele riu alto também. O Kaulitz me segurou pelas pernas e eu soltei um gritinho surpreso segurando em seu ombro, logo, ele me deitou na cama, elevando meus braços para cima da minha cabeça e soltando meu cabelo do coque frouxo que eu havia feito. Sussurrei: – O que você está fazendo aqui, Kaulitz?
– Você estava indo tomar banho e eu sei como você é uma demorada e lerda.
– Obrigada. – Respondi irônica pela última parte – Você não respondeu.
– É uma coisa pervertida. – Afirmou ele enquanto passava a língua pelo piercing.
– Que indireta.
Beijei o canto dos seus lábios lentamente. Ele não resistiria a nenhuma provocação desse tipo.
Toquei a ponta dos meus dedos no contorno do seu rosto e o puxei para minha boca. A mão que o apoiava estava perto do meu rosto e eu senti o dedão acariciando o espaço entre o meu queixo e a minha orelha como um carinho enquanto tentava iniciar um beijo, pedindo passagem com sua língua, que eu abri facilmente para que ele me beijasse. O órgão quente e macio explorando a minha boca me fazia ficar alegre. Ainda ouvia a música Secrets no finalzinho com apenas um fone e sentia os fios em volta do meu corpo me incomodando.
Eu não queria esquecer nem um momento enquanto o beijava.
Deixava o beijar ficar tão intenso quanto ele quisesse enquanto explorava a extensão de sua camisa com as minhas mãos e procurava de longe a barra para erguê–la um pouco e tocar seu abdômen que se contraía. Eu cruzei as pernas para que não sobrasse nenhum espaço entre mim e ele, entre o meu sexo e o delo ainda por cima da calça jeans. Pude sentir o quão desejada eu era.
Quando ele quebrou o beijo e desceu para o pescoço, senti–o beijando–me lentamente enquanto se deixava respirar e soltar o ar quente contra a minha pele. Suas mãos hábeis desceram apenas para erguer minha camisola e colocá–la de lado, arrancando o meu único fone e também desconectando–o do mp3, fazendo com que a música tocasse alto para o ambiente. Tom riu baixo pelo feito e eu fiquei um pouco mais corada. Eu fiz o mesmo com sua blusa gorda, trocando olhares mudos e sem quebrar o contato íntimo. Eu sentia desejo como se já pudesse sentir seu membro excitado contra minha íntima, louco de desejo para que fosse libertado da calça.
A música se alterou para outra música do OneRepublic, mais agitada, All The Right Moves, que me fazia querer mudar de ritmo e adiantar as coisas naquele contato que estávamos tendo.
Uma de suas mãos estava acariciando a minha barriga e seu olhar estava direcionado nela, eu resolvi acompanhar para ver como ela descia e chegava até a barra da minha calcinha e a invadia lentamente. Arregalei os olhos de surpresa e só de sentir sua mão indo naquela direção, senti vontade de arfar e olhei em seus olhos concentrados no meu corpo. Eu me inclinei para trás ainda deitada na cama quando seus dedos alcançaram meu íntimo, iniciando uma masturbação lenta no meu clitóris. Fechei os olhos e soltei um gemido baixinho seguido por uma única palavra que servia como frase: – ... mais...
Ele seguiu com a masturbação mais rápida e mais forte. Eu podia conter os gemidos, mas eu não queria, porque notei que cada vez que deixava escapar mais um, Kaulitz me lançava um sorriso pervertido e aumentava a velocidade e a força. Ele desceu o dedo para a minha entrada e voltou a brincou. A surpresa me fez contrair o abdômen e aproximando meu rosto do seu, ele tirou a mão da minha calcinha e segurou minha cintura, iniciando outro daqueles beijos de tirar o meu fôlego.
Enquanto isso, suas mãos forçavam para que eu envolvesse sua cintura com as minhas pernas mais forte, naquele pequeno espaço entre seu peio e os meus seios, suas mãos (e as minhas) corriam livre pela extensão do meu corpo, passando por cima do sutiã e contornando o aro do mesmo. Tom desceu a boca para o meu pescoço, meu busto e para o fecho frontal. Ele avaliou por alguns segundos antes de tirar meu sutiã e deixá–lo de lado na cama.
Não vou conseguir esquecer aquela cara safada e malandra que olhava para meus dois seios como se eu fosse um sundae de baunilha em um dia chamuscante.
Ele segurou meus seios com as mãos enquanto distribuía beijos pelo meu pescoço e massageava brutalmente o que ele segurava. Eu não podia fazer nada além de gemer e segurar em seus ombros.
Kaulitz se aproximou do meu pescoço, mordiscando o lóbulo da minha orelha e sussurrando coisas safadas que me faziam rir e negar, e cada vez que eu negava, ele me mordia e puxava meu lábio inferior, enfiava a língua na minha boca como se fosse me devorar e apertava ainda mais forte os meus seios.
Apesar de pervertido, eu achava aquele contato íntimo perfeito. E quase romântico.
Desci uma mão para a barra de sua calça e desabotoei rapidamente, sentindo o Kaulitz se movimentando com força contra mim, eu sentia estocadas contra meu sexo ainda coberto, que me deixava cada vez mais excitada.
Sua ereção era visível. Ele abocanhou meu ombro e chupou meu pescoço algumas vezes enquanto eu abaixava sua calça sem dificuldade. Ele estava agora só de boxer, e eu estava só de calcinha. Ele parou o trabalho brutal no meu pescoço e sussurrou com a voz rouca: – Você se sente louca por mim?
Eu estava um pouco tonta para pensar. O perfume era ainda mais forte. Eu sussurrei: – Seu babaca.
Ouvi seus risos perversos.
– Eu me sinto louco por você.
A música se alterou para Oasis, Wonderwall.
Eu sorri e ele retribuiu o sorriso. Tom voltou a atacar meu pescoço. Eu estava ficando extremamente agoniada e com suas mãos próximas à minha cintura. Me contorcia e isso fazia o Kaulitz rir enquanto beijava agressivamente.
Ele quebrou todo o contato, descendo.
Com um pouco de dificuldade, eu me sentei para acompanhar seu rosto, vendo Tom se aproximar das minhas pernas e abri–las sem quebrar o olhar apaixonado que prendia o meu rosto no dele. Se levantou para se encaixar naquela curva e tirou minha calcinha sem cerimônia. O Kaulitz perverso me deu as mãos entrelaçando os dedos e desceu, distribuindo beijos, pela minha barriga até minha íntima, que ele beijava calmamente. Minha barriga se contraía me dando espasmos de prazer. Eu gemia um pouco mais alto agora, soltando curtos e agudos gritos baixos e não conseguia mais respirar sem ofegar.
You’re my wonderwall.
Ele parou de me beijar intimamente subindo os beijos até o quadril e me olhou feroz com seu típico sorriso sacana. Se livrou da sua boxer que já estava o incomodando, colocou um preservativo. Cada segundo extremamente excitada me fazia grunhir baixinho pela espera, então ele se inclinou para ficar em cima de mim, selou meus lábios por alguns segundos e foi até o meu ouvido.
Mas não disse exatamente nada. Ele apenas beijou gentilmente meu pescoço.
E tomou meus lábios enquanto afastava as minhas pernas o máximo possível. Tom colocou a cabeça na curva do meu pescoço, respirando ofegante, e eu senti seu membro encostar–se na minha entrada e ser forçado para dentro lentamente.
Demorou minutos. E gritos. E prazer.
Eram só suspiros. A respiração ofegante, meu suor começava a escorrer como o dele. O contato não se quebrava e os gemidos... eram incontroláveis.
Um prazer inacreditável que eu não havia experimentado antes. E pôs mais força nas estocadas, movendo–se freneticamente em cima de mim. Ele beijava meu rosto a cada segundo, respirando rente ao meu ouvido.
Ele me olhava estranho, carinhosamente e sensível e trocávamos selinhos vez ou outra e mais palavras desconectas. Ele gemia meu sobrenome e eu gemia o dele, com gritos altos quando eu me contraía.
Eu sentia uma queimação no ventre e a pulsação dentro de mim me avisava que tudo já estava chegando ao fim. Ou só ao começo, eu pensei. Kaulitz levou sua mão até ao meu clitóris, me ajudando a chegar ao ápice mais rapidamente.
Um gemido de alívio e satisfação preencheu o quarto quando o Kaulitz chegou ao orgasmo, mas meu grito deliberadamente alto cobriu o barulho quando eu cheguei ao orgasmo. Meu corpo ficou tenso e relaxou no momento seguinte, o mesmo aconteceu com Tom, mas ele tentou não cair em cima de mim, deitando–se ao meu lado e buscando forças não sei de onde para abrir o lençol e passá–lo por cima de nós dois.
A música no mp3 trocou mais uma vez, e eu nem me dei conta de quantas músicas já haviam passado durante todo aquele tempo. Entrando na playlist Tokio Hotel.
– Como essa porra ainda não acabou a bateria? – Eu comentei baixinho e envergonhada. Ele não deveria saber que eu tinha músicas deles ali.
Tom gargalhou alto (não sei se foi pelo detalhe da música, ou por eu ter xingado o mp3), passou o braço para a minha cintura e me puxou para perto dele até que eu me deitasse em seu ombro e ele beijou minha testa.
A bendita música que tocava agora era Der Letzte Tag, mas Bill ainda não havia começado a cantar, então eu não sabia se era a versão do videoclipe ou a versão de Schrei, com a voz infantil.
– Cara, essa música é velha, hein. – Tom murmurou rindo contra a minha nuca e eu ri também.
– Desligue essa coisa.
E ele desligou o mp3, voltou para a cama e se cobriu ao meu lado. Não tive muito tempo para pensar no que havia acontecido, eu estava exausta e fechei os olhos, enquanto ele fazia carinho no meu rosto e ajeitava fios de cabelo aqui e ali.
– Vai ser muito clichê se eu disser que essa foi a melhor noite da minha vida? – Perguntou Tom.
– Bem... – Levando em conta de que você diz isso para todas as suas vadias, eu pensei – Vai sim.
– Sendo assim, essa não é a melhor noite, nada supera o dia em que a gente se casou.
Eu parei por alguns segundos.
– Kaulitz, a gente nunca se casou.
– Por isso que o melhor dia da minha vida ainda está por vir.
– É repugnante a idéia de casar com você. Isso não serve para mim e nem combina contigo.
– É mesmo?
Ele ficou sem resposta, eu estava rindo.
– Agora ficou mais fácil de acreditar que eu só quero você, e você e mais você? – Tom perguntou baixinho como um sussurro perto do meu ouvido.
– Na verdade, ficou mais fácil de ver como você é um pervertido, maníaco por sexo e louco de entrar aqui no meio da noite.
Ele soltou uma risadinha sínica e mordiscou minha orelha.
– Me desculpe por perder a linha – Ele falou – com você.
Eu senti sua mão debaixo do lençol percorrer meu ombro, meus seios, todo o meu tronco e acariciar minha coxa enquanto ele não quebrava o olhar em mim. Algo me dizia que ele estava querendo mais alguma coisa, quando sua mão conduziu a minha até seu membro, eu deixei escapar uma exclamação alta por ele estar excitado novamente, e isso o fez rir.
– Venha. – Disse o Kaulitz, enquanto puxava a minha coxa para que eu me sentasse em cima dele e no início eu neguei. – Ou você acha que eu vou me aliviar sozinho? Sobe logo, Benjamin.
Eu gargalhei, passando a perna por cima dele e me sentando um pouco mais a frente. Tom tentou se encaixar em mim, mas eu neguei com a cabeça e um sorriso safado em meu rosto, sentado–me em cima de seu membro, mas sem que ele estivesse dentro de mim, torturando, vamos dizer, só um pouquinho o Kaulitz e sua vontade de transar. Ele gemeu alto de dor e com raiva por eu ter feito aquilo, e apertou fortemente minhas coxas.
Eu coloquei as mãos espalmadas em seu abdômen super definido enquanto o Kaulitz gemia loucamente e apertava ainda mais a minha coxa. Eu mordi o lábio inferior, rebolar sem tê–lo dentro de mim também estava me deixando excitada. Ele mirou seus olhos no meu rosto e grunhiu:
– Você... Ahhhh! Pare morder seu lábio com essa cara pervertida...
Okay, vou arrancar minha cara fora.
Ele ergueu a mão para me tocar, pois a outra agarrava o lençol que cobria a cama de forma agoniante. Eu entrelacei sua mão na minha e me inclinei, saindo de cima.
– Onde você guarda os preservativos? – Eu perguntei baixinho, tentando me levantar para buscar, mas Tom estava muito agoniado e me segurou fortemente pela cintura, grunhindo comigo:
– Eu não agüento mais! Esqueça a droga dos preservativos e senta logo!
Eu gargalhei pela forma que ele estava falando.
Posicionei-me no meio da sua cintura com as mãos nas suas para me apoiar e todos os suspiros e gemidos desconecto voltaram a encher o quarto, com duas pessoas, mas apenas uma respiração ofegante, a nossa.
Era impossível maldar uma coisa tão incrível.
A queimação no ventre voltou. Cruzei minhas pernas em volta da sua cintura quando ele se sentou na cama e meus braços em volta de seu pescoço enquanto ele me abraçava e chegava a minha boca sedento para iniciar um beijo ainda mais excitante e mais movimentado. Eu mordi seu lábio várias vezes e ele também mordeu o meu com ferocidade enquanto eu puxava suas tranças pela queimação no colo.
Ei – Tom quebrou o beijo e chamou a minha atenção – Agora você...ah, acredita?
Eu não conseguia me concentrar em formar alguma frase agora.
Eu cheguei ao orgasmo mais rápido e mordi o lábio de Tom, puxando um pouco para evitar gemer tão alto, e ele chegou lá logo depois, revidando e mordendo o meu com a mesma força. Eu já estava mole em seus braços, descansando a cabeça em seu ombro e respirando em seu pescoço, totalmente ligada à ele, mas ainda tive forças para terminar aquele beijo com selinhos mais doces do que a arte brutal que eu fiz em seu lábio inferior. Ele saiu de dentro de mim, me ajudando a me deitar no travesseiro e se deitando ao meu lado depois.
– Oops – Eu falei quando ele tocou seu próprio lábio e tirou algumas gostas de sangue vermelho que eu havia provocado.
– Se olha no espelho também, Benjamin.
Passei a mão pelo meu lábio inferior e vi que também sangrava um pouco, nós dois rimos. Me aproximei para selar seus lábios (sentindo um gosto suportável de sangue) e sussurrei um “acredito” no seu ouvido.
– Okay, agora eu estou cansado. – Ele murmurou rindo, eu concordei com a cabeça perto de seu pescoço. – Vou ligar o ar, tudo bem? Ficou um pouquinho quente.
– Um pouquinho? – Eu sorri.
Nós dois estávamos muito melados de suor.
Mas eu não me levantaria pra um banho agora nem por um decreto. Tampouco ele.
Ele ligou o ar e em pouco tempo, o quarto estava fresquinho, mesmo grudada ao calor humano do Kaulitz. Nós dois adormecemos depois de algumas poucas frases que trocamos. No dia seguinte, o telefone do quarto tocou muito cedo, e provavelmente era Chelsea. Ele tirou o telefone do gancho e colocou no lugar com um barulho alto, dando–me o prazer de mandar Chelsea calar a boca bem cedinho. E voltamos a dormir.

Postado por: Grasiele

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