sábado, 21 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 31 - Delire, sufoque.

Tom Kaulitz
Já não tinha mais forças para tocar guitarra, quase não sentia meus dedos, mas estar ali, sobre o palco com toda aquela multidão de fãs gritando precisava ter muita adrenalina e isso ainda me fazia sorrir.
Sorrir ao pensar que um dia desses, ela queria estar ali no meio, gritando meu nome e talvez até segurando um cartaz gigante para me fazer olhar para ela. Por causa daquela menina, eu olhei nos olhos de cada fã que tinham seus rostos mirados em mim e abri o meu maior sorriso, ouvindo Bill agradecer quinhentas vezes até sairmos do palco.
A equipe técnica recolheu minha guitarra e eu quase desmaiei naquele corredor, mas eu tinha Georg para me apoiar.
– Meu cabide. – Eu gargalhei.
– Você está bêbado de cansaço e tem forças para zoar comigo. – Georg revirou os olhos.
– Sempre. – Eu respondi sorrindo.
A luz do camarim machucou meus olhos e eu os fechei, deixando Georg me guiar até o sofá do meu tamanho e me jogar lá. Eu levei as mãos ao rosto e devo ter cochilado, apesar de ouvir o que acontecia em volta.
Bill pediu à nova assistente, agora em serviço, para cancelar o encontro de cinco minutos com as fãs e se jogou no outro sofá ao meu lado, gemendo de dor e massageando a garganta também. Ele reclamava de várias coisas como minha vó fazia depois de... Depois de fazer qualquer coisa que não a agradasse, agora sei de quem ele puxou.
Não ouvi o silencioso Gustav, e nem o vi, pois tinha fechado os olhos, mas me lembrei que ele sempre ligava para Jamie – agora que havia acordado do coma – e Franciska depois dos shows, também dizia um ‘boa noite’ para Julia de vez em quando, mas nessas horas eu preferia sair de vista. E além disso, ele estava meio chateado comigo. Já explico.
E Georg, que havia deixado de lado a fama de pegador, trotava pelo camarim ainda com forças para se mexer. Ele é louco.
Há um mês e meio, quando briguei com a Benjamin pela última vez por causa da puta da Hilary, decidi deixar de lado o meu lado santinho que eu havia adotado apenas para ficar com a garota que eu realmente queria. Assim, posso dizer que agora tinha voltado a ser o sexgott que a Alemanha esperava de mim.
Tinha até mudado o cabelo e minhas roupas subiram um número. Agora usava trancinhas negras que Bill havia me pressionado a pintar o cabelo.
Me levantei do sofá e achei Hilary na sala ao lado, conversando com alguns meninos da equipe técnica. Eu me aproximei dela.
– Não vai ter fãs hoje? – Perguntei com uma carinha safada. Hilary sorriu de forma perversa.
– Que pena. – Disse Hilary – Não vai ter.
Já sabia das minhas intenções. Eu voltei ao corredor um pouco para baixo, amanhã teria um vôo de volta para Alemanha e isso me deixava tenso, e ficava com raiva por antecipação por amanhã, os meninos que organizaram, um jantar com suas respectivas namoradas. Eu era o único que estava sem acompanhante e teria que me juntar a eles.
David chegou com o ônibus e em poucos minutos já estávamos indo em direção aos quartos do hotel, lotado pelas fãs que ficavam esperando uma oportunidade de falar com um de nós. Subi para o meu quarto rapidamente e encostei a porta, sem fechá–la de chave. Tirei a blusa quente e encostei minha cabeça no vidro da janela, avaliando a paisagem para uma rua cheia de prédios altos e pouco tumultuada agora de noite.
Segundos depois, sentia mãos frias subirem pelas minhas costas e os lábios melados de algum tipo de gloss depositaram um beijo que me fez arrepiar. Virei–me para Hilary, que logo atacou minha boca daquele jeito feroz e rude que eu nada gostava nela. Eu não gostava de Hilary. Eu gostava de fazer sexo com ela.
– Você, de novo, não! – Eu murmurei.
– Tomi – Ela gemeu de forma manhosa.
Me xinguei por estar acompanhando–a nos beijos quentes que trocávamos. Ajudei–a a tirar o casaco branco que usava por cima de uma roupa simples e muito incomum para ela; um vestido muito soltinho de alcinhas da cor rosa e sapatilhas. A Hilary que eu conhecia usava vestes justas e salto alto.
Andei com ela até a cama e ela se deitou fazendo uma cara safada e abrindo as pernas, me deixando ter a visão da sua lingerie vermelha.
Juro que tentei resistir, mas não consegui quando a vadia começou a abrir lentamente o fecho frontal do seu vestido, mostrando também que seu sutiã combinava com a calcinha de renda.
– Quer sexo, Hil? – Eu perguntei e ela me respondeu acenando sim com a cabeça.
Eu quase podia ver seu sexo se não fosse aquele fino tecido e quase transparente. Eu puxei a calcinha, que escorregou para longe. Sem esperar, abaixei minhas calças com facilidade pelo tamanho que usava. Penetrei Hilary sem antes me preocupar com camisinhas. Ela gemeu baixinho e pediu por mais, como se aquilo não fosse nada.
Inclinei–me sobre ela, passando o braço por suas costas e subindo um pouco o corpo da garota na cama de casal. Dei algumas estocadas fortes, a cama, e ela, se balançavam tanto que até seus gemidos saiam entrecortados.
Eu não estava ali para dar prazer àquela menina que eu tinha total repulsa, eu queria terminar logo com aquilo que ela me forçou a começar.
Não devia estar fazendo aquilo, era o meu único pensamento.
Passei minhas duas mãos por debaixo do seu vestido que já estava um pouco erguido com a intenção de chegar até seus seios, mas antes, notei com um sobressalto que havia um relevo em sua barriga, com aqueles formatos de quando uma mulher está grávida. Levantei seu vestido e havia mesmo aquele relevo, eu me afastei de seu corpo e ela notou aquilo.
– O que é isso? – Perguntei.
– Estou engordando nos últimos dias, mas vamos falar disso depois, certo? – Ela disse.
– Você parece grávida. – Eu concluo.
– Se estivesse grávida, não estaria aqui. Estaria com o pai do meu filho, anda logo com isso, droga!
Confiando naquelas palavras, voltei às estocadas fortes e em segundos, Hilary quase gritava. Tapei sua boca com minha mão e com a outra, segurei em seu seio esquerdo, incentivando–me mais.

Terminei a noite com Hilary, que se vestiu rápido enquanto eu enfiava a cara no travesseiro, cansado. Já estava quase dormindo quando sinto suas mãos acariciarem novamente minhas costas.
– Vai se sentir melhor. – Sussurrou.
– Não queria ter feito isso.
– Sei disso, mas não vá negar que você adora fazer sexo comigo, Tomi, de qualquer forma, amanhã encontrará quem espera. – Disse a última parte com certo desgosto nas palavras.
Eu fiquei calado até perceber de quem se tratava, mas Hilary já estava quase na porta do quarto.
– Benjamin? – Perguntei, incrédulo.
– É; quem mais eu faria de tudo para fazer você ficar com peso na consciência sabendo que dormiu comigo e tem desejo por ela? – Hilary riu, desgraça.
E fechou a porta do quarto. Eu senti raiva, muita raiva. Esfreguei o travesseiro na minha cara, queria que o sono tomasse meus sentidos e nunca mais ter de acordar para olhar para a cara daquela vagabunda, assistente do produtor.
(...)

Alguém batia insistentemente na porra da minha porta, me fazendo levantar mais cedo do que eu planejava. Rastejei até lá e a abri, dando de cara com Bill e um David mal–humorado.
– Olá gente fina. – Eu balancei a cabeça com sono.
Bill puxou três fios da minha trança e eu grunhi, xingando o gêmeo.
– Tom, sabe que horas tem? – Fez uma pergunta retórica – São duas da tarde! Retira sua alma da cama e vá se arrumar, porque o avião, chega em meia hora e se você não estiver pronto eu te aponto minha arma calibre...
– Ok, maninho! Com a ameaça de morte eu vou longe. – Disse, deixando a porta aberta e comecei a procurar roupas na minha mala – Com o apoio de vocês, eu já posso comprar um caixão.
Agora havia me aperfeiçoado em roupas gordas e não vestia mais sempre bonés, precisei deixá–los de lado para usar as tranças, mas de vez em quando usava um ou outro, menor dos que eu sempre usava, pois minha cabeça tinha ficado bem menos volumosa. Passei a faixa preta para diminuir o tamanho exagerado da minha testa e vesti um jeans gigante, uma camisa vermelha com alguma coisa escrita com meus habituais tênis. Nunca iria me livrar deles. Minutos depois, Bill puxava a borda da minha camisa enquanto eu escovava os dentes.
– Porra, Bill, me deixa!
– Isso parece estresse após sexo ruim. – Bill comentou e eu olhei para o teto, meu irmão arregalou os olhos – Outra? Eu cancelei o encontro com as fãs justamente para você não transar... Espera, Hilary? Oh!
Bill encenou drama, colocando a mão na testa e outra na cintura. Ele balançou a cabeça, fazendo seus cabelos agora muito grandes com algumas madeixas de dreadlocks brancos, balançarem.
– Você não presta, Tom!
Então nós saímos do quarto, eu carregava minha mala, mas Bill tinha pessoas para fazer isso por ele. O ônibus nos deixou no aeroporto da França. Nada para fazer, me sentei no chão ao lado de Georg que jogava algum joguinho no celular e eu torci para que ele perdesse, Georg me deu um soco quando perdeu.
Com a cabeça apoiada nos joelho, vi Hilary andando de um lado para o outro, usando sapatilhas vermelhas e outro daqueles vestidos soltos que ela estava começando a pegar mania de usar. Pensei na sua barriga, como estava grande para o padrão de beleza que Hilary sempre seguiu, magérrima. Gustav estava passando por ela quando de repente ela quase desmaiou nos braços do baterista. Eu arqueei a sobrancelha. Mas que raios estavam acontecendo com aquela menina?
O avião não atrasou e eu me sentei ao lado de Bill; Georg e Gustav se sentaram do outro lado e na cadeira da frente, David e Hilary. Os outros produtores estavam espalhados pelo avião. Dormi a viagem para não ver a altitude, pois por mais que pareça estranho, eu tinha medo de viajar de aviões. Só não senti medo uma vez, quando Julia estava do meu lado, mesmo depois de uma briga de lugares, eu me sentia mais confortável com ela.
Chegar em casa foi um alívio. Olhei com pena de quem iria arrumar aquela bagunça que tínhamos deixado. No corredor, paralisei entre a porta da Julia e a minha. Ficávamos um de frente para o outro, quando ela morava aqui. Adentrei meu quarto e me joguei na cama, sem sono.
Logo, alguém vem e me perturba.
– Se arrume para o jantar! – Georg gritou.
– Vá se danar. – Eu resmunguei.
– Não estamos mais agüentando esse seu humor, Tom! – Bill gritou – É melhor que fique bem para jantar com as meninas.
– Vai ser um saco, me deixa em casa!
– Julia vai estar lá. – Georg disse baixinho e Gustav acertou um tapa no braço dele.
– Jamie também, ah... – Começou o loiro – Tom, sei que você não está mais com a Jus, e já vou avisando que se você tiver mais um tipo de relação suspeita com a Jamie, eu te castro!
Eu me aproximo e digo “Hey, tem uma folha no seu cabelo”, “Ahá, relação suspeita”. Gargalhei pelo pensamento e os meninos me olharam torto.
– Tom e as meninas Schäfer. – Georg resmungou com um sorriso pervertido no rosto.
Pela segunda e cansativa vez no dia, me arrumei depois de tomar um banho gelado – parece que meu chuveiro queimou –, vestindo jeans escuros, uma camiseta preta que era mais ou menos do tamanho exato para mim e um casaco bem grande que também tinha capuz. Troquei de anel do piercing, colocando um preto que era meio aberto.
E para completar, ainda me fizeram dirigir o meu carro, arrastando todo mundo junto para o restaurante de comida italiana, chamado Veronika, em algum lugar no centro mais agitado de Magdeburg.
Foi uma surpresa para todos que havia fotógrafos lá e eu logo pus óculos escuros. Os seguranças do restaurante abriram a porta para mim e os meninos que foram na frente e fomos acompanhados até a mesa reservada, bem no centro do restaurante. Olhando para os lados, vi alguns artistas de algumas bandas alemãs e atores de novelas, além de modelos famosas em jantares com seus empresários.
– Que surpresa. – Disse Bill, acenando para fotógrafos.
– Não sabíamos que esse restaurante era tão popular assim. – Georg afirmou.
– Isso é um covil dos famosos – Disse Gustav.
– Não sabia nem que esse restaurante existia... – A anterior frase inspirativa foi dita por mim, senhor Kaulitz, cem por cento entediado.
As meninas ainda não estavam lá, então todos os meninos ficaram eufóricos para quando elas chegassem. Eu revirava os olhos e bufava o tempo inteiro.
Mal eu sabia que esse meu tédio iria durar pouco tempo.

Julia Benjamin
– Se apressa, Julia! – Chelsea grunhiu, muito estressada por estarmos todas atrasadas.
– Calminha, princesa, estou fazendo a trança na Creepy Bones. – Jamie deu língua para Chelsea, que retribuiu.
Naquela momento, eu estava sentada na beira da minha cama, calçando o lindo salto alto bege escuro enquanto Jamie estava sentada atrás de mim, fazendo uma trança, um penteado informal que se encaixaria perfeitamente com minhas roupas.
Eu usava o vestido que havia comprado com Chel há uma semana no shopping. Era marrom e parecia ser todo de rendas, juntinho ao corpo delineando minhas curvas descia apenas até a metade das minhas coxas e tinha mangas que iam até a metade dos meus braços. Chelsea fez minha maquiagem dourada e marrom, então as meninas, Agnes e Anne, me ajudaram com acessórios acobreados como o anel de cabeça de coruja da Agnes e as pulseiras dessas cores da Anne. A maquiagem muito escura em volta dos meus grandes olhos de coruja, negros como a noite sem lua, merecia apenas um brilho labial transparente.
Iríamos nós cinco ao jantar com os quatro garotos do Tokio Hotel, e eu não cansava de me obrigar a respirar profundamente para aliviar o embrulho psicológico no estômago, da pressão de encontrar Tom novamente. E o pior, não podia, nem queria, contar para as meninas que estava tensa com aquilo. Aliás, me deixava com raiva só de imaginar que eu poderia ainda estar apaixonada por um astro do rock que fazia questão de querer não me dar a mínima atenção. Era o que eu imaginava que ele iria fazer.
– Prontinha. – Jamie falou, me dando dois tapas no meu bumbum quando eu me levantei.
– Posso tirar uma foto? – Anne mostrou sua câmera profissional e todas acenaram positivamente – Vai para o álbum de fotos que estou montando da minha nova vida em Magdeburg.
Posicionamos–nos junto com Anne que ajustou a câmera para cinco segundos e quando o flash disparou, me senti vermelha por estar indo em um jantar com as namoradas dos meninos, sendo “quase” ex de um deles – e a irmã do Gustav, a legítima, Jamie Schäfer.
Jamie, a garota das mechas azuis e cor de rosa, vestia um vestido tomara–que–caia que tinha a saia preta com uma pequena armação e o corset que marcava sua cintura era rosa ofuscante, da forma que ela sempre gostava, usando meia–calça arrastão e botinhas. Ela deixava o cabelo solto, que caia de forma desordenada nas costas e descia até a cintura.
Chel usava uma saia de cintura alta laranja que juntava suas pernas, uma blusa branca de alças por baixo com um decote grande e um bolero bege com as mangas até a metade dos braços. Acompanhados por um salto bege e uma bolsa amarela. Estava sorridente hoje e seus cabelos estava presos em um coque cor de rosa, a cor das suas novas mechas californianas que ela havia feito.
Anne era a coisa mais linda e simples namorada de um astro do rock. Usava um vestido azul de mangas curtas com um cintinho fino vermelho na cintura, com um all star que deixava seu look bem adolescente. Os cabelos castanhos com algumas ondas aqui e ali estavam soltos. Agnes, a namorada linda e loira do Gustav, usava um vestido preto e coladinho ao corpo que fazia contraste com seu cabelo loiro tão grande e solto. Agnes tinha um estilo roqueiro, pois era fã do Tokio, usavas correntes prateadas e anéis reluzentes, além de uma maquiagem forte em volta dos olhos.
– Agora, vaaaaaamos cambada! – Chelsea começou a frase em alemão e terminou com o substantivo em português que não existia em alemão. Apenas eu, ela e Jamie rimos da piada. Apesar de Jamie ser alemã e não falar nem cinco por cento do português, eu e Chel vivíamos com essa gíria perto dela, até que um dia ela perguntou e nós explicamos.
Demoramos alguns minutos explicando a gíria em português para Agnes e Anne, mas já estávamos no carro enquanto eu e Jamie escolhíamos o CD que colocaríamos para ouvir na viagem. Anne estava dirigindo, ela era a única que tinha carteira.
Segundos depois, iniciou–se aquele ritmo contagiante da música e todas – eu repito, todas – no carro gritaram ao mesmo tempo no refrão:
SCREAM!
Rimos após isso. Eu me imaginava de longe, cinco meninas malucas, dentro de um carro, cantado a música da banda favorita, indo encontrar a mesma em um restaurante muito, muito caro da cidade que para falar a verdade, foi a Chelsea que escolheu – disse ela que era por causa de uma brincadeira que a dona fazia com os pratos dos clientes – e enfiou a responsabilidade em Bill para reservar uma mesa para as nove pessoas.
Anne parou o carro em frente ao Veronika, o restaurante italiano que Chel havia escolhido. Prendi a respiração pela quantidade de fotógrafos que havia agora, e imaginei que os meninos já haviam chegado. Chelsea, a desocupada, distribuiu óculos escuros para as meninas antes que o segurança que conduzia o carro para o estacionamento, abrisse a porta do passageiro e me revelasse aos flashes.
Fui obrigada a colocar o salto para fora e ouvi alguns dos fotógrafos gritarem o meu nome, ou seja, eles já me conheciam. Abaixei a cabeça e segui em direção à recepção do Veronika, sentindo as meninas se grudarem a mim, como se eu fosse a luz e elas, as mariposas. Estavam acenando e sorrindo e eu me perguntei por que chamavam atenção. A porta de vidro escuro foi aberta por outro segurança que me deu a mão para entrar, já que eu mal mexia as minhas pernas por causa do vestido curto, agradeci naturalmente, tentando fazer minha voz soar despreocupada.
– As senhoritas têm reserva? – O homem de terno perguntou. Chelsea se adiantou a falar.
– A mesa do Kaulitz. – Disse, cheia de pose a Hölt.
– Peço que me acompanhem. – Disse o carinha de terno, que foi à frente pelo restaurante.
Estiquei o pescoço quando vi um homem – eu imagino, pois já vi aquela silhueta – muito alto se levantar da mesa e vir em nossa direção, acompanhado pelos outros. Acontece que esse homem tinha cabelos longos e escorridos, com algumas madeixas brancas de dreadlocks finos. Me surpreendi ao ver que era Bill, vestido formalmente, mas usando um casaco de couro descolado. Sua maquiagem era sempre impecável. Ele abraçou Chelsea e depositou um selinho nos lábios dela antes de vir falar comigo.
– Jus!
– Bill! O que fez no seu cabelo? – Eu arregalei os olhos, me separando do abraço para vê–lo melhor, ele sorriu, balançando o cabelo. – Olha, ficou ótimo!
Ele agradeceu, mas antes que começasse a contar história como sempre faz e não pára de falar, um certo ursinho de pelúcia agora com os cabelos pintados de preto e usando uns óculos com armação preta o empurrou e abriu os braços para mim.
– Schäfer! – Disse.
– Schäfer! – Eu retruquei rindo, e o abracei. Alguém cutucou meu ombro, me fez afastar e essa mesma pessoa disse “Schäfer!” novamente, fazendo Gustav quase ter um infarto para abraçar a irmã mais nova.
Foram beijos e abraços entre todos, os casais se apertavam com forcinha e eu e Jamie assistimos, até que resolverem ir em direção à mesa. Por mais que eu estivesse interagindo com outros, eu só procurava pelo Kaulitz. Estava esperando que ele fosse ali, me abraçar de saudade. Mas quando me virei para a mesa, notei que era o único que continuava sentado.
Arregalei os olhos e devo ter congelado por segundos, como aquele modo de defesa dos lagartos. Aquele era o... Tom? Ele também ergueu os olhos e a primeira coisa que viu foi a mim, e ficou um tempinho vidrado. Não sei se trocávamos olhares tipo “É, acabou e eu estou te vendo novamente”, ou se estávamos os dois muito impressionados com as mudanças do outro.
Dreadlocks de um loiro escuro muito bonito foram substituídos por tranças negras que batiam na altura do pescoço. Sua testa, obviamente, estava muito grande, mas seu rosto maduro combinava com isso. Eu não sabia explicar, depois de tanto tempo acostumada com aquele visual, não sabia dizer se havia gostado ou não – achar que ele tinha ficado mais sexy conta? Os olhos castanhos continuavam penetrantes e a pele de um branco de porcelana, impecável. Lábios pareciam mais grossos e o piercing era novo.
Achei que minha mente estava trabalhando mais devagar agora. Delirei.
Jamie me cutucou.
Irritante.

Tom Kaulitz
Eu estava entretido com aqueles guardanapos de pano que eram sempre dobrados de forma que faziam esculturas e eu tentava refazer a escultura que havia desfeito quando notei que todos os meninos se erguiam da mesa e quase corriam em direção à porta.
É, elas tinham chegado.
Preferi fingir que não estava vendo ninguém e abaixei os olhos, não fingiria por muito tempo, eu sabia disso, mas não queria dar de cara tão rápido com a Benjamin.
Cantarolava em mente uma musiquinha chata da rádio que eu deveria ter ouvido em algum lugar, que era um tipo de pop e uma menina com uma voz muito irritante cantava sobre ser a dona do mundo. Perdi a letra. Instintivamente, ergui o olhar para o que havia na minha frente, que não era nenhum tipo de objeto tedioso que iria me fazer abaixar os olhos novamente. Na verdade, era alguém que me faria ficar preso para sempre se pudesse e me mudaria de todas as formas.
Talvez a única que pudesse me mudar.
Ao lado de uma menina loira com mechas azuis e cor de rosa usando um vestido um tanto exagerado para um jantar – que eu reconheci como a menina crescida chamada Jamie –, Julia Schäfer pousava um olhar vidrado em mim, e não desconfio que estivesse tão diferente dela assim que a vi.
Não sabia dizer se era sua mudança invisível que ficava oculta pelo seu rosto que parecia mais maduro a deixava mais velha, mais sexy do que já era, ou o vestido curto que parecia me provocar e fazer olhar para suas pernas como se eu já não tivesse feito isso antes e não me cansava de olhar.
Talvez meu queixo tenha caído. Sufoquei e me inclinei para tossir, engasgado com, argh, a beleza dela.

Postado por: Grasiele

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