quarta-feira, 18 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 30 - A volta das mechas azuis e cor de rosa

Sair de casa. Era tudo que eu precisava depois de tantos dias que pareciam infinitos, indo apenas para escola e voltando a me trancar dentro do quarto. No meio dessa rotina consegui emagrecer três quilos e agora eu pareço muito pálida e feia.
Enfiei o casaco lilás por cima de qualquer coisa, vesti a calça jeans skinny e calcei as primeiras sapatilhas que vi pela frente, cor de rosa para me animar. No espelho do banheiro, vi uma menina muito antiga se maquiando. Era esquelética e assustadora. Era a creepy bones em sua forma original depois de tantos dias ruins. Sorri e disse para mim mesma que iria ficar bem, usando a tesoura gigante para aparar as pontas do meu cabelo sozinha, que já estavam grandes novamente. Passei blush para dar cor ao meu rosto e um pouquinho de lápis de olho para não mostrar que eu andava chorando.
Desci as escadas ouvindo a droga ad gravação de Chelsea no DVD.
DANKESCHON! – Gritou o mais alto com os cabelinhos de leão balançando ao vento do ventilador embaixo dele, no estágio de Berlim.
– Awn! Olha só como ele morde a boca, que coisa mais linda! Meu Bill, meu Bill! – Chelsea pulou do sofá deixando escapar alguns gritinhos de alegria e excitação.
Eu revirei os olhos depois de assistir a fita que Chelsea gravou do último show deles que passou na televisão umas três vezes. Chelsea estava lá, grudando os olhos na televisão.
– Acabou o show! Acabou o show! – Ela disse.
– Vamos pro shopping agora? Vamos pro shopping agora? – Eu repeti de forma irônica e ela riu de mim, sarcástica.
– Mais uma vezinha!
– Nãaao, chega de Tokio Hotel! – Eu gritei.
– Só By Your Side?! – E já foi voltando o DVD para iniciar a música.
Sempre que tocava aquela estúpida música, By Your Side, não se esquecia de citar aquela estúpida frase que parecia jogar na minha cara o que era verdade e o que era mentira.
Tom elevou a mão no ar e gritou:
– Não vou estar longe.
Era uma das maiores mentiras que eu já tinha ouvido.
Revirando os olhos, eu comecei a cantar junto com Bill e Chelsea a droga da música que eu sabia de cor e que quase sempre me fazia chorar quando eu escutava.
Já havia se passado um mês e meio desde que os meninos entraram em turnê e Chelsea dormia aqui constantemente, toda noite eu era obrigada a ouvir sua conversa melosa com Bill no celular antes de dormir com o telefone ligado, eu pego o celular das mãos da bela adormecida e mando o “vai se foder” educadamente para o Kaulitz mais novo, então vou dormir.
No one knows how you feel, no one there would like to see (Ninguém sabe como você se sente, ninguém lá gostaria de ver) The day was dark and full of pain (O dia foi escuro e cheio de dor)
Cantamos os três juntos, eu, Chelsea e a televisão.
Assim que terminou By Your Side eu levei um susto quando dedos desligaram a TV e me fez sobressaltar. Derek tirou também o fio da tomada e cruzou os braços, encarando Chelsea de forma brava.
– Vamos ou não no shopping? Disse, e então saímos as duas em seu carro em direção ao shopping de Magdeburg.
Chegando lá, Derek foi direto para a loja de games quando Chelsea anunciou a palavra “roupas” em voz alta. Parecíamos duas meninas de Sex And The City caminhando pelo shopping de braços dados rindo dos idiotas que passavam nos encarando.
– Sem querer me gabar, minha creepy bones, mas esses marmanjos ferrados ficam só olhando para a gente porque o poder brasileiro domina nas nossas veias e o nosso DNA sagrado e cheio de luz brilha e soa convidativas aos ouvidos dos alemães...
– Ok, chega, princesa. – Eu ri – Já entendi que somos mais bonitas que as sem–sal da Alemanha.
– Mas esses daqui não chegam aos pés do Bill – Chel deu de ombros – Uma menina perfeita precisa ter um menino perfeito.
– UI, diz a menina perfeita! – Eu gargalhei – Egocêntricos vocês, se merecem.
– Eu só posso ser perfeita para fazer você usar essas sapatilhas cor de rosa quando a sua cor inimiga é essa. Tenho super poderes, só se for. – Chelsea disse, convencida.
– Ei, eu estou usando porque... Porque são bonitas!
– Sabe o que é bonito? – Ela apontou com o queixo para a vitrine da loja mais próxima – Aquele vestido marrom piscando para você, ele te quer, creepy bones, vai lá e o vista.
– Aquele vestido deve custar minha vida e metade da sua, Chelsea Hölt. – Eu disse séria, de olhos arregalados para o lindo vestido marrom.
– Dane–se, eu sou namorada do Bill Kaulitz.
– Isso não te faz Deus, você precisa ser o Bill para isso.
– Entra lá e veste, vadia.
– Também te amo.
Entrei na loja sem nem mesmo olhar para seu nome. Logo uma atendente linda e toda maquiada chegou para me atender e eu pedi o vestido marrom da vitrine junto com o meu tamanho. Fui a cabine de provas e me vesti, mas não respondi à Chelsea quando ela perguntou se eu já estava pronta, pois estava surpresa demais admirando o vestido em mim.
Era um tecido de renda marrom com um pano preto por trás, ele tinha mangas que iam até a curva do braço e seu comprimento só ia até metade das minhas coxas. Justo, delineava minhas curvas brasileiras e subia a cada passo que eu andava, me deixando constrangida para o espelho e minha imagem.
Chelsea invadiu minha cabine e me tirou de lá, batendo palmas.
– Me imagine vestindo isso... Para onde eu vou?
– Qualquer lugar! Uma balada, uma festa! – Respondeu – Vamos para qualquer lugar depois que eu comprar aquela saia de cintura alta laranja junto com uma blusa de gola V branca e aqueles casacos empresariais da cor bege.
– Quando?!
– Não importa, Julia, ficou perfeito, compre logo!
Eu revirei os olhos e me virei algumas vezes no espelho, olhando para o meu bumbum para ver se ele ficava grande demais com o vestido. Até que diminuía bastante o tamanho natural, e ficava bonito.
– Acho que está curto... – Eu comentei.
Chelsea me deu um leve tapa na cara, com força suficiente para me fazer arregalar os olhos e quase começar a discutir.
– Compre!
Fiz o que a princesa mandou, afinal de contas, o vestido estava mesmo caindo bem em mim, e enquanto a mulher passava o vestido, Chelsea colocou dois saltos fechados da cor carbono junto e mandou a atendente passar tudo. Saímos as duas daquela loja com sacolas características, sorrindo até o rosto ficar dormente.
Passamos em uma joalheria também para comprar anéis de caveira, corujas e laços. Ela também me obrigou a comprar um novo estojo de maquiagem para combinar com as cores do vestido e eu só ficava imaginando a surra que iria levar depois de ver a conta do cartão de crédito.
Encontramos Derek próximo a loja de milkshakes e compramos alguns, e dessa vez, eu escolhi o meu de ovomaltine.
– Vocês parecem compulsivas – Derek comentou.
– Você parece gay. – Chelsea deu de ombros.
– Eu sou. – Derek deu de ombros, surpreendendo nós duas. Logo ele gargalhou e puxou meu queixo para junto do seu rosto, colando nossos lábios.
Sim, Derek me beijou. Na frente de Chelsea, com aquele gosto cremoso do seu milkshake que ainda derretia em sua boca, uma brincadeira quente de línguas que durou menos de três segundos e que eu correspondi.
– O que foi isso? – Chelsea estava de olhos arregalados – Você era gay há cinco segundos!
– Eu sou bissexual, garotas, entendam.
E sorrindo, piscou para mim, que continuava estática com a boca vermelha depois de ter sido esmagada por Derek.
– Hey, Jus – Derek chamou minha atenção – Sei que você gamou no meu beijo, mas eu já tenho um pretendente, então não vicia ok? – E piscou de brincadeira, eu soquei seu ombro e nós três rimos.
– Não “gamei” em seu beijo, seu idiota! – Eu ri – E sobre o pretendente, quem é? Menina ou menino?
– Menino – Deu de ombros – Pela primeira vez, na verdade, eu costumava gostar mais das meninas. Mas dessa vez, eu gostei dele de cara. Chamado Gab.
Nós duas arregalamos os olhos para Derek, que fez uma cara interrogativa.
– Problemas com o Gab?
– O Gab de matemática avançada que estuda com a Julia? – Chelsea tirou as palavras da minha boca e Derek acenou positivamente.
– É, ele parece gay, você tem boas chances, Derek. É um gatinho.
Pisquei de volta entrando na brincadeira. Meu celular novo tocou, Chelsea começou a cantar no mesmo segundo quando a música do Tokio Hotel soou. Atendi em dois toques até achar o celular dentro da bolsa.
– Alô?
Julia! Até que enfim consegui falar com você, sou eu, Franciska.
Era a voz da minha prima mais velha, Franciska, irmã de Gustav.
– Hey, Fran! Como vai?
Bem... Eufórica! Eu liguei pata te avisar que a Jamie voltou!
Fiquei alguns segundos em silêncio e depois deixei escapar um gritinho agudo de felicidade, a risada de Franciska soou do outro lado da linha do telefone e Chelsea arregalou os olhos, tentando prestar atenção na conversa.
– A Jamie! Não acredito! Quero dizer, sempre acreditei, é só forma de falar, mas eu quero dizer ainda mais, que isso é incrível, ai meu Deus, eu não acredito!
Balancei a cabeça.
– Onde vocês estão? – Eu perguntei.
No hospital ainda, ela só será liberada em uma semana, quando nos certificarmos de que ela está perfeitamente bem.
– Fran, eu vou chegar aí em segundos, não precisa nem contar!
Ah, avisa para o Gustav também, eu sei que ele está em turnê, mas tenta ligar para ele.
– Tudo bem, até mais, prima.
E desliguei o telefone, abracei Chelsea de lado e deixei algumas lágrimas escorrerem, mas logo foram secas por Derek.
– O que há?
– Jamie! Jamie há! Jamie voltou! – Quase gritei para Chel, que deixou um gritinho agudo como o meu escapar – Precisamos ir! Derek, vamos, levantem–se vocês! Vou ligar para o Gustav e podemos ir!
Peguei novamente o celular que eu ainda não havia tirado das mãos e estava prestes a se quebrar de tanta força que eu o apertava, disquei o número rapidamente que já estava gravado na minha cabeça e a atenderam nos primeiros três toques.
Alô?
Disse uma voz conhecida. Eu estranhei. Olhei para o número na tela que já havia detectado o número discado, e para minha surpresa, não estava escrito “Gustav” e sim outro nome, qual o número do celular também estava gravado na minha cabeça.
– Me desculpe, foi engano. – Eu disse rápida e desliguei antes que Tom Kaulitz dissesse mais alguma coisa.
Disquei lentamente o número de celular de Gustav e ele atendeu mais rápido do que Tom, logo começando a me cumprimentar.
– Hey, Gus, você não sabe! A Jamie voltou!
Esperei que ele soltasse uma exclamação de alegria, que logo veio.
Por queeeee, vida cruel, eu não estou em Magdeburg?
Gustav se lamentou de forma engraçada que me fez rir enquanto corria pelo shopping atrás de Derek e Chelsea em direção ao estacionamento.
– Relaxa, você vai poder visitá–la em casa quando ela voltar em uma semana!
Isso é incrível! Mas aqui, Julia, o Tom está perguntando o motivo de você ter ligado para ele e desligado em seguida...
– Longa história – Menti, pois eu estava com ele mesmo na cabeça – Preciso visitar minha prima, tchau Gus.
E desliguei antes de mais nada. Corremos os três para o carro e Derek pisou fundo no acelerador, dirigindo em alta velocidade para o endereço que Chelsea o guiava no banco do carona e eu estava atrás olhando para a pista. Chegamos ao hospital quase aos pulos e eu respirei fundo três vezes para falar de forma calma com a recepcionista.
– J–Jamie Wolfgang Schäfer – Gaguejei de início e a enfermeira me deixou entrar com meus amigos.
Abri a porta do quarto branco de hospital com cheiro de mofo e enjôo. Minha primeira visão foi de uma linda menina quase do meu tamanho, um pouco mais alta, com longos cabelos loiros que escorriam até a cintura com diversas mechas cor de rosa e algumas novas, da cor azul. Ela tinha as feições fininhas que nada combinavam com a família, era esbelta, fina como um palito, mas linda. Ela se olhava no espelho com uma grande tesoura de cortar cabelo. Quando eu entrei, ouvi o corte da tesoura enquanto ela fazia uma franjinha lisa, e logo virou o rosto para mim, os olhos verdes faiscaram e ela correu na minha direção.
– O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI, ESQUELETO NÃO TÃO MAIS ASSUSTADOR?!
Gritou e me abraçou muito forte com uma força que ela não tinha antes. Eu a apertei contra mim, sentindo o perfume dos seus cabelos que eu quase não conhecia mais.
– Jamie! – Choraminguei.
– Juuuus – Ela fez a mesma manha e nos abraçamos balançando uma a outra rodando pelo quarto até que esbarramos no armário do hospital. Ela se afastou e olhou para meu rosto, agora novamente cheio de lágrimas – Francamente, eu sei que estava em coma por meses, mas por que todos que chegam aqui, choram? Eu estou viva, mais do que nunca, cheia de energia sem nenhuma deformidade! Sorriam, seus macabros!
– Sempre o mesmo humor, Jamie, nunca muda! – Eu ri e a abracei novamente – Eu senti sua falta!
– Você está na Alemanha ou eu estou no Brasil? Por que eu juro que estava indo para a França, mas o carro bateu com tanta força que eu acho que dei a volta ao mundo voando longe...
– Pare de brincadeira, sua chata! Estou na Alemanha, na Alemanha! – Repeti – Por você! Estou aqui por você, seguindo meus sonhos, como você mandou.
– Que bom que as coisas continuam em ordem da forma que eu mando quando eu quase–morro. – Deu de ombros – Nova moda: fazer brincadeira o fato de eu ter quase estado morta.
– Você é ridícula! – Eu disse, rindo.
Foi a vez de Chelsea abraçar Jamie. As duas agora pareciam muito, com os cabelos loiros e mechas coloridas que as duas tinham feito. Elas se conheciam, tinham se visto uma ou duas vezes, o suficiente para se tornarem amigas.
– Eu quero que me contem como estão as coisas e cadê o Gustav! – Jamie reclamou.
– Gustav está em turnê, Jamie – Eu disse – Volta em sete dias, conte ansiosamente, pois o Georg virá também.
– Ih, desencanei do Georg, Fran já me contou que ele estava gamado em você, mas agora tem namorada de acordo com a entrevista lá. – Jamie deu de ombros e depois fitou Derek no fundo da sala por segundos, eles trocaram olhares e depois desviou, voltando a falar baixinho: – Quem é?
– Derek, amigo nosso – Chelsea disse – Ele é bi – Completou.
Jamie riu.
– Melhor ainda. – Disse a pervertida que gosta de zoar com a própria quase–morte. – E o Bill?, estou sabendo, Chelzinha.
Chelsea corou e desatou a falar com aquela boca grande que ela tem, falando sem parar igualzinha ao Bill – ela, Jamie e Bill se combinam. Quando forem velhos, vão ser os mais chatos por falar tanto! A menina ficou dez minutos contando sobre ela e o Bill coisas que tinha se esquecido de contar para mim!
Jamie absorvia tudo, e depois me perguntou sobre os peguetes, quando eu respondi que estava indo bem e hoje mesmo tinha beijado o gay ali do canto por demonstração. E como ele beijava bem. O engraçado foi ver Jamie babando nele, e o garoto nem percebia, encostado ao batente da porta conversando com Fran que já sabia de tudo que nós conversávamos.
E foi assim a nossa tarde, ficamos ao lado de Jamie, a senhora Schäfer nos trouxe bolo de chocolate e Jamie comeu escondida, pois sua dieta não permitia. Mais de noite, a enfermeira veio expulsar quem não iria dormir no hospital e o choro entre eu e Jamie foi intenso para a despedida.
– Eu amo você! – Eu disse.
– Amo mais, você sabe!
– Não é verdade, quem veio para a Alemanha te ver e quem queria se mandar para a França? – Eu fui má e joguei da cara, isso a fez resmungar algum palavrão.
– Ainda te amo mais, creepy bones.
E depois de dez minutos nessa mesma coisa, saímos do hospital indo em direção à minha casa. Fui deixada lá com Chelsea que iria dormir novamente em minha casa.
Na hora de dormir, fiquei ouvindo sua conversa com Bill com o meu travesseiro em cima da minha cabeça, tentando ignorar a melosidade dos dois e os gritinhos agudos aleatórios de Chelsea. No final da conversa toda, ela me avisou que os meninos estavam me mandando beijinhos e desligou.
– EU TENHO UMA LINDA NOTÍCIA! – Gritou.
– Fale, amor.
– Já sei onde vai usar o vestido que comprou. – Disse toda alegre.
– Na próxima festa fantasia da Disney? – Arrisquei brincando.
– Só por causa dessa brincadeira, eu não conto!
Virei–me na cama para encará–la quando a curiosidade bateu forte.
– Conta!
– Não conto! Daqui a sete dias você vai usar, é a única coisa que eu digo. – Deu de ombros e se jogou na cama improvisada, apagando a luz do abajur.
– Cheeeeeelsea Hölt!
– Só uma dica: boa noite, Benjamin.
Depois de pensar naquela dica por minutos e já estar quase adormecendo no cheiro de violetas que a minha cama tinha, eu finalmente entendi a droga da dica. Já tinha uma idéia de onde iria usar o vestido com todas as informações que eu tinha, e isso nada me agradava, mas discutir com Chelsea sobre encontrar o Tokio Hotel ainda tão cedo de eu ter brigado com Tom, agora de noite estava fora de cogitação, aliás, eu só queria dormir. Podia discutir amanhã.
– Ah é, boa noite, Jus.
Eu murmurei quase dormindo a primeira palavra que saiu da minha boca – Tom – e ignorei depois mesmo que tenha realmente dito isso, a garota ao lado sabia bem que eu estava sempre, esse tempo todo, pensando nele, e na forma que eu sentia falta dele, era insuportável.
Por isso, o programa de sair para o shopping, participar das festas de chá da mãe de Derek e passear no supermercado com meus pais sempre que podia, para manter minha cabeça ocupada demais, tentando, até o impossível, parar de pensar naquele idiota que eu amava demais. 

 Cem dias me fizeram mais velho desde a última vez que vi seu lindo rosto. Milhares de mentiras me fizeram mais frio e eu não creio que possa te olhar do mesmo jeito. Mas todas as milhas que nos separam elas desaparecem agora, enquanto estou sonhando com seu rosto. Estou aqui sem você, baby, mas você continua em minha mente solitária. Eu penso em você, baby, e sonho com você o tempo todo. Estou aqui sem você, mas você continua comigo nos meus sonhos – 3 Doors Down

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 29 - Todos os movimentos certos

– Acho que você devia ligar para ele.
Olhei de canto de olho para a menina loira que estava sentada na minha penteadeira, pintando a ponta dos cabelos da pior cor possível, rosa. Tinha que ser Chelsea.
– Eu não. – Eu retruquei quase em silêncio enquanto escrevia besteiras no meu fichário.
Essas linhas de relâmpagos significam que nós nunca estamos sozinhos, nunca sozinhos. Então me dei conta de que estava escrevendo partes da música Acidentally In Love, que eu ouvia de fundo vindo do celular sem fone de Chelsea.
– Ele não vai te ligar, se é o que você está esperando. – O garoto de cabelos cacheados e castanhos que estava encostado à porta da varanda, disse um pouco mais alto – Ele sabe que você está chateada. Acho que você devia ligar para ele, como Chel.
– Não vou ligar, Derek, Chelsea. Ele está em uma entrevista!
E do nada eu me pergunto o que Derek está fazendo aqui, e volto a me responder que ele virou meu amigo do nada, tínhamos saído da escola e vindo direto para cá.
– Ainda não começou – Disse a loira com meu notebook nas pernas atualizando sem parar o site onde iria aparecer a entrevista dos meninos ao vivo. Chelsea havia se tornado uma fanática por Tokio Hotel depois de Bill, eu até me impressionava como ela conseguia esses sites antes de mim.
– Ok, calem suas bocas, eu vou ligar!
Peguei meu celular e disquei o número de Tom, qual eu já tinha gravado. O celular tocou algumas vezes e desligou. Abaixei o celular bufando.
– Viu? Está ocupado. – Revirei os olhos.
– Tenta de novo. – Chelsea insistiu.
Eu disquei novamente o número que demorou alguns toques até alguém finalmente atender, acontece que aquela voz não era do Tom. Nem dos garotos.
Alô? – A voz feminina insistiu quando eu não respondi de volta.
– Posso falar com Tom? – Eu perguntei, quase estourando de raiva.
Não está, quero dizer, está ocupado demais. Quem é?
– O que ele está fazendo? – Insisti.
Não importa, que enxerida! – A voz de Hilary latiu no telefone, demorou alguns segundos e uma exclamação passou pela linha, imaginei que agora ela sabia quem estava ligando. – Tooomi, telefone para você.
Não acredito que aquilo foi um apelido. Não acredito que ela, que Hilary atendeu ao telefone. Tom não deveria estar na cidade ao lado? Por que ela atendeu ao telefone dele? E que infernos ele estaria fazendo que eu não possa saber?
Eu consegui ouvir vozes gargalhando do outro lado do telefone. Prestei atenção na conversa tapando o outro ouvido.
– Que é isso, Hil? – Era a voz de Tom – Não quero atender ninguém agora, desligue.
Tem certeza Tomi? Acho que você vai querer atender?
Pare com esse apelido, Hil. Não! Desligue.
Ok, estressadinho, a noite inteira assim, precisa parar com isso. – E voltou–se ao telefone – Aqui, Julia, ele não quer te atender, então até mais.
E o telefone foi desligado. Senti alguma coisa quente escorrer pelo meu rosto, e fui me dar conta um tempo depois que eram lágrimas de raiva e eu continuava na mesma posição com o telefone no ouvido. Joguei o telefone longe e ele se despedaçou.
Derek passou por mim correndo e pegou o telefone do chão, enquanto eu fui abraçada por trás por Chelsea.
– O que houve? Jus? – Ela sussurrou.
– Ela atendeu ao telefone dele, Chel. Ela está lá. Com ele, droga.
– Ela quem? – Derek perguntou, colocando dentro do meu bolso alguma coisa do celular que mais tarde eu descobri que era o chip, a única parte salva do celular.
– Longa história, sente aí e vamos conversar.
Eu não quis me sentar. Me virei para o espelho e limpei as lágrimas. Abri o fichário e peguei algumas fotos deslocadas de Tom lá dentro, joguei dentro da mesinha de cabeceira e fechei com a chave que tinha lá. Fui até a varanda e me apoiei.
Chelsea e Derek não iriam me seguir, eles estavam conversando e Chelsea sabia bem que eu não queria ouvir ninguém agora. Lá embaixo, vi meu pai Wulf cortando a grama, ele olhou para cima e acenou para mim, eu acenei de volta.
– Tudo bem, minha pequena?
Virei o rosto ao ouvir o apelido, mas acenei que estava tudo bem para ele, que voltou a cortar grama.
Agora no celular de Chelsea passava a música Boulevard Of Broken Dreams, do Green Day. Grande trilha sonora que gostava de implicar com as situações da minha estranha vidinha.
A tela do notebook mostrava uma contagem regressiva de dez segundos para a entrevista ser aberta na página da rádio. Enquanto Chelsea pulava para o banco para assistir a entrevista, eu puxei meu casaco mais confortável e as pontas – agora cor de rosa – do cabelo da menina para longe do banco.
– Eu quero tomar um cappuccino! – Avisei, indo em direção ao quarto enquanto ela gritava de dor com o cabelo loiro sendo puxado, Derek não reclamou e veio junto comigo.
– JUS! A entrevista vai começar, poxa! – Chel gritou.
– Princesa, você não ouviu? EU QUERO TOMAR CAPPUCCINO!
– A próxima loja de cappuccino é a quatro quarteirões daqui, é quase no centro. – Derek informou olhando para mim, eu lancei um olhar de informação para ele e ele entendeu que eu queria ficar bem longe da entrevista – Ahh.
– Vamos, Chelsea.
E a garota foi puxada junto comigo para longe do quarto, fechando a tela do notebook. E assim, saímos de casa quase correndo, pois meus passos eram rápidos, mas não grandes por causa das minhas pernas curtas.
Em minutos, chegamos na Starbucks mais próxima e eu escolhi uma mesa bem embaixo da televisão com o intuito que o volume alto que fizesse esquecer o que se passava.
Sentia uma sensação de enjôo, naqueles momentos que uma coisa horrível acontece e você só precisa esquecer e tentar não pensar naquela coisa, mas ela sempre volta para sua cabeça, revirando seu estômago. Eu nem estava com vontade de tomar cappuccino, mas eu queria sair de casa, apenas. A sensação que eu sentia era como se tivesse pedido a uma amiga não muito próxima que pergunte à um garoto se ele gosta de mim, então ela volta com a noticia de que ele não gosta, e você sorri. Por quê? Porque você não quer mostrar a ela que você está acabada. Era quase isso, só que pior.
A garçonete chegou à nossa mesa para atender–nos e Derek fez os pedidos, pedindo também um pedaço de torta de morango para cada um, o que me fez esboçar uma careta para os dois. Poucos minutos depois os pedidos chegaram e Chelsea – que parecia se contorcer olhando para a televisão – disse:
– Poderia mudar de canal, por favor? – Disse a princesa para a atendente.
– Claro, algum específico?
– O canal que transmite aquelas entrevistas da rádio AllStars.
O canal foi mudado, e antes que eu me desse conta do significado daquele pedido, a televisão já transmitia a imagem de um Georg Listing com um microfone na mão, dizendo alguma coisa que eu me esforcei para entender.
... Não precisamos de muito mais do que nós mesmos, mas eu traria comigo nessa turnê a minha namorada. – Deu de ombros e ouvi risadas conhecidas quando a câmera se afastou dele e mirou em cada menino.
Tom, você está calado hoje – A entrevistadora que usava um vestido preto e muito curto disse ao Kaulitz – Como acha que vai ser a turnê? Cheia de fãs como todas as outras?
Risos pervertidos dentro e fora da televisão, porque Chelsea e Derek estavam prestando atenção. Eu bati a testa na mesa de propósito sem despertar atenção.
Hm, movimentada. – Apenas disse, e os meninos riram – Acho que vai ser um pouco desconfortável para mim, dessa vez, e não cheia de fãs. – Uma pausa para um sorrisinho sexy que ele esboçou – Eu posso dizer que estou comprometido, então as fãs que fiquem com os outros aí.
Na mesma hora, Bill, Georg e Gustav negaram e Chelsea parecia que estava prestes a soltar fumaça pelo nariz e orelhas.
Quero dizer, não vai ter meninos do Tokio Hotel disponíveis nessa turnê. – Bill gargalhou, tomando o microfone das mãos de Tom – Todos estamos comprometidos.
Hmm, aquele momento em que suas expectativas baixam até zero por saber que os quatro meninos mais queridos da Alemanha estão comprometidos! – A entrevistadora fez uma pausa dramática e os dois babacas ao meu lado riram.
Cinco minutos depois a entrevista acabou e eu dei graças aos Céus por ter acabado logo e não precisar ouvir nem ver a voz do Tom novamente naquele dia. Eu fui a primeira a sair do Starbucks e fiquei esperando os outros no meio–fio da calçada.
Do outro lado tinha um Pet Shop e eu vi um buldogue na vitrine, bem pequenininho rapando a patinha no vidro. Coloquei o primeiro pé na rua e avancei alguns passos, alguém me chamou atrás de mim, mas eu estava tão distraída com o buldogue que nem ouvi direito. Balançando a cabeça, de um lado da rua, uma caminhonete grande e preta e brilhante que via em velocidade média para uma rua como aquela de Magdeburg, mas era alta o suficiente para me atropelar.
Tentei correr, mas a caminhonete já estava perto demais e fui pega por ela pela minha lateral esquerda. O choque se instalou quase no mesmo instante e eu fui atirada para o outro lado da rua, na calçada. Caí sentada, mas me deitei por causa da dor horrível que parecia corroer–me até os ossos.
– JULIA!
Ouvi a voz de Chelsea e Derek misturadas. Uma buzina soou muito alto perto de mim, portas de carros sendo abertas e fechadas e o barulho começou a se formar em minha volta, eu não ousei a abrir os olhos até que mãos seguraram a minha. Conhecia aquele rosto.
– Julia... Meu Deus! Tom vai me matar! – David Jost disse alto – Você está bem? Consegue me ouvir direito? Posso ligar para a emergência!
– Não, Jost. – Minha voz saiu arrastada – Não liga, não.
– Jus!
Chelsea e Derek abriram espaço e se aproximaram de mim rapidamente me enchendo de perguntas que foram abafadas pela voz de Jost.
– ESTÁ TUDO BEM AQUI, PODEM SAIR! – Jost gritou para as pessoas que se aproximava de mim – Me desculpe, Julia, você atravessou tão de repente e eu não pude frear!
– A caminhonete é sua? Ah, que seja. Eu quero ir para casa.
Tentei me levantar, mas a dor era massacrante. Me apoiei nos cotovelos forçando a dor passar na lateral do meu corpo.
– Julia, precisamos levar você ao hospital mais próximo!
– Não! – Eu quase gritei e com a ajuda de Jost, me levantei.
– Então pelo menos te levarei para casa! Não posso te deixar aqui depois de ter te atropelado. Não aceito não como resposta.
Balancei a cabeça, afirmando o pedido e fui levada no colo para o banco do passageiro de Jost, Chelsea e Derek sentaram–se no banco de trás.
– Você... Você não está com os meninos. – Eu afirmei e David sorriu.
– Mandei minha assistente com eles. – Respondeu a pergunta oculta nas minhas palavras. Jost pegou seu telefone e discou alguns números, logo depois começou a falar – Hey! Nada fora do normal, só liguei para perguntar se você me mataria se eu dissesse que atropelei Julia Schäfer?
Um silêncio se instalou, mas eu ouvi do telefone de Jost, alguma voz grossa gritar “GUSTAV” e logo depois um grito agudo vindo do meu primo. Jost afastou o telefone do rosto e gargalhou.
– Ela está bem! Estou levando a garota para casa agora, como foi a entrevista?
E a conversa seguiu no telefone, logo depois eu dei o meu endereço e fui deixada em casa com Chelsea e Derek.
– Obrigada pela carona, Jost. – Eu agradeci enquanto o abraçava.
– Menina, mesmo estando muito atrasado, eu não te deixaria lá senão os meninos iriam me castrar. – Nós rimos, David se despediu e foi embora.
Minutos depois de se certificarem que eu estava bem, Chelsea e Derek também foram embora e eu fui deixava na cozinha enquanto mamãe fazia o lanche da tarde e papai escolhia uma música para colocar no rádio.
O mais interessante da tarde foi quando Wulf me chamou para dançar a música Secrets do OneRepublic. Como o começo era lento, nos balançávamos lentamente pela sala de forma atrapalhada e engraçada como meu pai tinha quase dois metros como o Bill Kaulitz. Alexandra gargalhava na cozinha enquanto preparava a mesa.

(...)

O sinal do final das aulas do dia bateu e eu me levantei já com a mochila arrumada, junto com Derek e Chelsea ao meu lado. Apesar da minha pressa, passar pela porta da frente foi um sufoco pelos alunos apressados pelo fim de semana, então fui uma das últimas andando pelo corredor quase deserto, duas meninas rockeiras andavam na nossa frente com um pequeno rádio nas mãos, em que ouviam alguma coisa de notícias.
– Viu? Ele está comprometido! Vadia deve ser a menina que está namorando ele. – A primeira disse rapidamente enquanto encostava mais seu ouvido ao rádio.
– Deve ser uma putinha. – Gargalhou – De qualquer forma, Tom deve ter logo se esquecido daquela... Brasileira, não é mesmo? Aquela estranha que ele levou de carro para fora da escola há um mês.
– Deve ter. Não me importa, eu quero o Tom livre.
– Ei! Você costumava preferir o Bill, eu que gosto do Tom!
– Uma coisa concordamos: Tokio Hotel é a melhor banda do mundo!
As duas pularam e soltaram gritinhos agudos enfiando o rádio dentro da bolsa da outra. A menina que disse que gostava do Tom foi quem guardou o rádio, sendo assim, virando–se de costas e me vendo atrás dela.
– Olha só, Jess, é a brasileirinha. – Gargalhou perversamente. – Aquela que o Tom esqueceu.
– Não liga para elas, Jus. – Chelsea sussurrou e tentou passar por elas, mas as criaturas barraram o caminho. Minha veia deveria pulsar de raiva agora. – São só duas crianças fãs dos meninos.
– Como eu? – Gritei para Chelsea.
Sim, eu gritei. Eu estava extremamente nervosa.
– Não, não, Jus! Vamos logo.
– Olha só, a outra brasileirinha quer sair daqui, porque as duas sabem que não tem chances nenhuma com os meninos do Tokio Hotel. – A primeira menina disse.
– Para sua informação, vadia, eu estou namorando o Bill Kaulitz, aquele que você costumava gostar. – Chelsea jogou na cara e eu puxei seu braço para alertá–la de que não podia ter dito isso. – Opa, falei.
Eu revirei os olhos.
– Conta outra, sendo assim eu sou a mulher maravilha. – A menina revirou os olhos e as duas começaram a rir. – Você pode se parecer com a loira do Bill, mas não é, Chelsea Hölt.
– Então aguardem pelas notícias, queridas. – Foi a vez de Chelsea revirar os olhos – E a Julia aqui é do Tom Kaulitz. Já notaram que ela é a prima do Gustav? Julia Benjamin Schä...
– CHEGA CHELSEA – Eu interrompi – Não precisa disso, ninguém precisa saber disso!
– Julia Schäfer? – A menina gargalhou – Eu duvido que você seja ela. De qualquer forma, querida, Tom esqueceu você. Ele está comprometido.
– Ele está comprometido com ela, não percebeu? – Chelsea abriu o bocão novamente.
– Cala a boca, Chel! Vamos sair logo daqui! – Eu ordenei e dessa vez, Chelsea concordou.
Passamos pelas meninas que gargalhavam de nós e eu tentava não ligar para isso, mesmo estando com muita raiva por tudo estar dando errado nos últimos três dias.
De repente, para acabar com a minha manhã, o porteiro apareceu naquele corredor e anunciou:
– Julia Benjamin Schäfer? Seu pai está te esperando no portão.
Eu balancei a cabeça e segui. Antes que pudesse avançar mais de cinco passos, senti que fui puxada pela mochila, me desequilibrei e caí no chão – logo em seguida fui acertada por um soco no rosto.
– VOCÊ É SCHÄFER! – A segunda menina gritou. – VADIA! O MEU TOM KAULITZ! VOCÊ O PEGOU!
Eu gritei em ajuda para Chelsea que empurrou a menina de perto de mim, mas logo também foi acertada por um tapa da primeira garota que gostava do Bill. Nunca imaginei que receberia um soco de uma fã do Tokio Hotel por ter relações com eles.
Deixei a mochila cair no chão e me levantei, usando minha força para empurrar a segunda menina no chão de forma que ela bateu a cabeça, ajudei Chelsea a se levantar e corremos daquele corredor, até a saída da escola, nós duas entramos no carro do meu pai.
– Meninas! Julia, por que seu nariz sangra? – Wulf perguntou.
Eu passei a mão pelo meu nariz, sangrava. Balancei a cabeça e ninguém fez mais perguntas como eu queria. Após deixar Chelsea em casa, eu entrei em silêncio, fechando a porta do quarto e indo tomar um banho.
Estava chorando. Batia a cabeça no box a todo momento por estar desconcentrada no banho, chorando.
Lavei o cabelo e saí do banho com ele pingando e traçando um caminho pelo meu quarto. Coloquei minhas peças de roupa lentamente, uma roupa extremamente comum para ficar em casa com a minha mania de usar um tênis que se molde ao meu pé e que não me faça cair da escada. Vesti um short jeans, uma blusa branca de alças quase transparente que deixava a sombra do meu sutiã aparecendo, o tênis all star verde e sujinho e peguei um suéter preto com um lobo branco desenhado, mas antes de vesti–lo a porta do meu quarto se abriu e mamãe avisou que iria sair para fazer compras junto com Wulf.
Até esqueci–me de vestir o suéter e fiquei passeando pelo quarto com meu fichário cheio de frases que quase todo dia eu escrevia alguma, vinda de uma música ou de algum poeta. Agora escrevia mais uma, da música All The Right Moves.
Todos os amigos certos em todos os lugares certos, então sim, nós seremos derrotados, eles têm todos os movimentos certos em todos os rostos certos, então sim, nós seremos derrotados.
Não havia sentido se uma pessoa normal lesse aquela frase, mas eu estava lendo ela como um passo de dança de uma festa fantasia em uma época medieval, onde todos têm seus pares certos e repetem o mesmo movimento correto na dança. Eu tenho uma imaginação fértil.
Ouvi a campainha tocar.


Nesse momento, me lembrei do suéter e coloquei–o em volta da minha cintura enquanto descia apressadamente as escada com nada além da música do OneRepublic na cabeça.
Caminhei pela sala, abaixei um segundo para pegar um controle jogado no chão e a campainha tocou novamente, eu gritei que já estava indo e paralisei depois de ouvir aquilo:
Lesada.
Girei a maçaneta lentamente e dei de cara com o menino maduro com as feições bem mais velhas do que eu havia conhecido, dreadlocks muito grandes precisando de um corte, roupas gordas e o passo de um pingüim. Mordi meu lábio com força para não chorar e observei que ele mirava minha boca, onde agora uma gota de sangue fresco escorria pelo canto da boca.
– Julia... – Ele começou – Sua boca está sangrando.
Ele colocou os dedos no meu queixo e aproximou sua boca, mas eu virei a cabeça, fechando os olhos.
– O que foi, minha pequena? Eu vim me despedir... Eu vou entrar em turnê hoje.
– Sei disso, pode ir.
Disse forçando que minha voz saísse mais confiante do que minha visão parecia frágil.
– O–o que foi? – Tom gaguejou pela dúvida, mas depois endureceu seu rosto – Benjamin, não é isso que está pensando!
– Você dormiu com aquela vagabunda? – Eu disse baixo.
Tom arregalou os olhos e mesmo que ele não tivesse dito nada, soube que era mentira o que eu estava pensando. Agradeci mentalmente, mas queria saber o que ela estava fazendo lá.
– Que?! Eu sabia que aquilo não iria dar certo! Benjamin, Hilary foi contratada para ser assistente de David! Não pense besteira, eu sabia que isso não iria dar certo...
– Ela te chamou de “Tomi” – Eu revirei os olhos com desdém.
– Não dormi com ela, Benjamin. – Tom disse – Será que posso pelo menos te dar um abraço?
Eu neguei rapidamente e ameacei a fechar a porta.
– Olha, não foi só isso, ela estava brincando e...
– Não foi só isso? Então teve mais? – Eu quase gritei. Coloquei uma mão na cintura e outra na testa, nervosa. Queria sumir, cavar um buraco e desaparecer. Eu tinha agora dois reluzentes chifres na minha cabeça. Corna, minha mente me castiga. – Suma, Kaulitz! Não quero te ver aqui! Cate sua bandinha e vá logo para sua turnê! Você é sujo, Kaulitz! Você não muda, só pensa na sua fama, seu grande ego e sua vidinha de astro onde tudo você ganha e nada conquista. Se quer a Hilary, VÁ EMBORA COM ELA, você não pode me ter enquanto a quiser!
– Benjamin, não faça isso comigo! – Seu olhar era desolado, ele parecia estar prestes a chorar – Por favor, você não está entendendo! Eu não vou conseguir ficar bem sem você! Eu não quero Hilary...
Foi o tempo que ele teve para falar enquanto eu respirava fundo. Olhei para trás de onde ele estava, um ônibus do Tokio Hotel estava parado em frente a minha casa, na porta, David balançava a cabeça com todos os meninos atrás, mas bem na frente, agachada, os cabelos castanhos claros da vadia da Hilary sorria perversamente para mim. Ela usava roupas como uma assistente de empresário, mas isso só me deixava mais irritada por ficar mais atraente para os meninos.
Não agüento mais olhar para sua cara, Tom Kaulitz!
Era verdade, obviamente, eu estava prestes a chorar, mas não deixaria que ele visse isso, por isso, bati a porta na sua cara e me virei correndo para a escada.
Ouvi–o bater na porta, já parecia começar a chorar também. Ao invés de subir as escadas, movi–me até sua lateral, onde uma portinha escondida pelo sofá ocultava um pequeno quarto com uma luz pendurada, debaixo da escada como naquele primeiro filme de Harry Potter.
Sentei–me no chão daquele quartinho com a luz acessa, ouvindo Tom bater na porta e segurando minha vontade de voltar lá.
Julia, eu sei que você não acredita, e sei que você não vai abrir a porta, mas também sei que você está aí. Não vou estar longe, ouviu?
Até que a voz de David o chamou e ele...
They've got all the right moves in all the right faces (Eles têm todos os movimentos certos em todos os rostos certos) So yeah, we're going down (Então, sim, nós seremos derrotados)
They said, everybody knows, everybody knows where we’re going (Eles disseram, todos sabem, todos sabem onde estamos indo) Yeah, we’re going down (Yeah, nós seremos derrotados)
Então Tom Kaulitz parou de bater na minha porta. Não bateu mais. Voltei a chorar.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 28 - Sem concerto

– Near, far, wherever you are, I believe that the heart does go on!
Olhei pelo canto do olho segurando a gargalhada enquanto ouvia Bill Kaulitz cantarolar a música principal do filme Titanic. Titanic, cara, isso é muito velho e irritante. Pior é ouvir Bill Kaulitz cantando essa música. Tem noção de como isso era cômico? Soltei a gargalhada e os outros seres humanos dentro da sala fizeram o mesmo segundos depois.
Bill olhou cada rosto assustado, eu pensei que ele fosse começar a chorar ali mesmo.
– Que? Eu canto tão mal assim? Ok, vou me aposentar. – Ele fez drama.
No canto do sofá eu pensei que David Jost fosse ter um acidente vascular cerebral de tanto que sua cabeça ficou vermelha ao ouvir o cantor da sua banda dizer que iria se aposentar. Isso me fez rir mais ainda, mas as outras pessoas que habitavam a sala começaram a protestar com vários “NEIN” e Bill ficou corado. Imagina só, Bill se aposentando.
Céus! Por favor, que isso nunca aconteça. Quero estar viva em 2065 e com saúde para pular no show do Tokio Hotel gritando bem alto com o Bill, devaneei.
Estava na cozinha – com roupas – depois de ter sido muito zoada por todos naquela casa por terem me visto de lingerie, fazendo o bolo de aniversário caseiro porque aqui todo mundo é imprestável o suficiente para não conseguir ler as instruções atrás e fazer um bolo para o baixista.
– Sabe que eu poderia colocar uma faixa bônus dessa música no nosso estilo no próximo álbum. – Bill pensou alto.
– Eca, mano, essa música é nojenta. – Tom foi o primeiro a rebater.
– Eu gosto de Titanic – Bill deu de ombros. – E a música acompanharia Attention nas faixas bônus.
– Já tem o nome do CD? – Chelsea perguntou.
– Humanoid – Eu ouvi todos os meninos daquela sala responder juntos.
A sala ficou em silêncio por segundos até eu quebrá-lo.
– Fazendo o bolo do Geoooorg, fazendo o bolinho do Geooorg – Eu cantarolei enquanto passava glacê por cima do bolo já pronto.
– Once more, you open the door, and you're here in my heart, and my heart will go on and on…
Bill continuou irritantemente, mas agora ninguém mais o interrompia com medo de perder a banda. Eu repeti a minha mais nova canção, “Bolo do Georg”.
– Fazendo o bolo do Geoorg-
– Essa sim pode morrer de fome se escolher cantar como profissão.
A sala inteira riu de mim, eu corei e lancei um olhar assassino para o dono daquela frase; Tom, óbvio.
– Eu realmente espero agora que sua mão caia e você não possa mais tocar guitarra. – Murmurei e Tom apenas gargalhou se aproximando de mim lentamente.
Ele me agarrou pela lateral do meu corpo e beijou meu rosto rapidamente, sorrindo. Apontei para ele com a colher de madeira, mas estávamos próximos demais e ela bateu na grande testa que ele tem, Tom riu.
– Olha só, pessoal – Eu disse alto para os garotos da sala ouvirem – Aqui está o homem que disse que eu vou morrer de fome. Fazendo o que? Me agarrando.
Eles riram, mas a risada mais alta veio de Gustav – o que me deu medo.
Brincando com Tom, passei glacê na minha bochecha para ver o que ele fazia. No mesmo segundo senti seus lábios apertando com força a região com glacê até tirá-lo dali, sorri. Passei glacê no meu nariz e na minha boca. Vou contar o que aconteceu, por que foi lindo. Tom passou o nariz dele pelo meu por alguns segundos e depois tomou meus lábios com suavidade, iniciando um beijo com gosto de glacê azul.
Ouvi palmas vindas da sala, isso fez Tom se virar junto comigo, ficando de costas para a sala e de frente para a bancada onde eu ainda preparava o bolo. Eu já estava quase ficando sem ar e Tom me apertou mais contra ele, sufoquei. Bati em seu peito e me soltei ofegante, ele apenas riu.
– Fazer o que, eu tenho uma baixinha que não sabe beijar direito – Tom gargalhou implicando comigo.
Corei no mesmo instante, que ofensa! Joguei a colher de pau na pia com um barulho alto e agarrei seus dreads depois de respirar fundo, grudando seus lábios nos meus como uma guerra querendo provar quem era melhor. Isso fez tanto efeito que ele puxou minhas pernas até sua cintura e me ergueu para a bancada, onde eu devo tê-lo beijado por mais de um minuto, com raiva, mas brincando.
– AE VOCÊS SE AGARRANDO NA COZINHA! – Georg gritou e foi o motivo que nos fez acabar com o beijo, os dois muito ofegantes. – Eu quero meu bolo, poxa.
Deixando de agarração, eu terminei de moldar o glacê com as mãos enquanto ouvia Tom sussurrar besteira no meu ouvido – ameaças de morte e filmes de terror à noite, além de tortura e outras coisas que ele iria fazer para mim se eu não dormisse na casa dele naquela noite.
– Amanhã eu tenho escola – Eu disse e o ouvi bufar alto.
– Baixinha e criança. – Ele disse.
– Cala a boca, você também tem!
– Eu estudo com um professor particular, simples e tenho férias a hora que bem entender – Tom deu de ombros.
– Acontece que eu não sou estrela do rock, Kaulitz.
– Eu também não sou ator pornô, Benjamin – Nós rimos.
– O que isso tem haver? – Foi minha pergunta retórica.
Terminei o bolo do Georg. Ao invés de lavar as mãos sujas de glacê, trotei pela sala esfregando glacê na cara dos outros. Primeiro Jost, Bill, Chelsea, Gustav, Agnes, Georg e Anne. Observei como eles se limpavam.
Os casais começaram a estalar as bocas enquanto beijavam-se, e Jost ficou com um bico gigante, porque ali ele era o único desacompanhado – gargalhamos de David Jost.
– Não tem a menor graça. – Jost disse, prendendo o riso de rir de si mesmo.
– Tudo bem, Jost, eu arranjo uma produtora bem gata para você – Tom piscou, os garotos riram da piada.
Não me agradou ouvir a palavra gata saindo da boca de Tom sem ser referida a mim, mas tudo bem, ele é um idiota mesmo.
– Então, pessoal, o bolo está pronto. Vocês cantam parabéns aqui na Alemanha?
Eles, todos, me olharam torto.
– Não somos um bando de macacos, Julia – Gustav disse – Nós temos cultura também, ok?
– Cantamos sim, mas dane-se o parabéns, eu estou com fome – Georg avançou para a cozinha – Afinal de contas, metade do mundo sabe que meu aniversário é hoje, para que comemorar.
Dei de ombros. Fiquei com pena de ver meu bolo feito com amor e carinho – e perversidades no ouvido – ser destroçado pelas bocas famintas daqueles cinco meninos muito, muito perfeitos e das três acompanhantes ali.

Cinco horas mais tarde eu vi os três pares de casais adormecidos de qualquer forma na sala, depois de assistir Velozes e Furiosos. Jost já havia ido embora com seus compromissos, imaginei que apenas eu estivesse acordada.
Me encontrava em uma posição totalmente confortável, sinta ironia. Tom estava esparramado no sofá de olhos fechados, eu estava deitada em cima dele com minhas duas pernas no meio das suas e a cabeça deitada em seu peito. Só para constar que suas mãos me prendiam pelas costas e eu não tinha formas de sair dali sem acordá-lo.
Respirei fundo sem querer, senti que suas mãos começaram a acariciar as curvas das minhas costas, ergui a cabeça e seus olhos estavam abertos fitando a mim. Sorrimos ao mesmo tempo.
– Está na minha hora de ir embora – Eu sussurrei.
– Eu não quero que você vá.
– Eu também não quero que você viaje amanhã para a entrevista na rádio local, mas você precisa de um tempo só para a banda – Eu disse de volta – então eu deixo você ir, vamos nos ver no dia 2 e no dia 3 você entra em turnê.
– Não precisa me contar da minha agenda, Benjamin, eu decorei-a já que Jost não quer me dar de presente uma secretária que preste.
Seu corpo se balançou embaixo do meu enquanto ria.
Eu me levantei rapidamente e ele me deu a mão, saímos do apartamento assim, de mãos dadas. Não paramos um minuto de silêncio dentro do carro, falamos sobre carros – como eu não sabia nada sobre carros e ele sabia bastante coisa -, falamos sobre filmes que ninguém ia ao cinema há tempos e eu nem ligava mais a televisão para isso, falei dos defeitos dele e ele puxou uma setinha acrescentando mais alguns para mim, o que nos fazia rir e continuar reclamando do outro.
Cheguei a casa abraçada com ele. Ouvi mais de três vozes vindo da cozinha, imaginei que meus pais tivessem visita. Mesmo assim continuei ao lado de Tom – ele já era de casa para Wulf e Alexandra.
Sabendo disso, ele me apertou contra seu corpo. Minhas intenções estavam no andar de cima e nós dois caminhávamos para realizá-las. Parei na porta para cumprimentar meus pais, mas gelei ao chegar lá e senti Tom estremecer também.
– Há quanto tempo está aqui? – Eu perguntei.
– Acabei de chegar, mas tempo suficiente para ver o que eu precisava – O garoto de cabelos negros sussurrou com os olhos fuzilando o rosto de Tom.
– Eu... Eu... – Gaguejei.
Eu realmente não tinha o que dizer. Henry estava ali, na minha casa conversando com meus pais. Vendo eu e Tom abraçados. Da última vez que ele saiu daqui, ele saiu contente, esperava me encontrar no Brasil para continuarmos o que mal começamos aqui, uma ligação mais forte que amizade.
Acontece que as coisas mudaram. Muito.
Senti lágrimas nos olhos, não entendia o por quê.
– Sabe, da última vez que eu passei por aqui, você queria esquecer o Tom – Henry disse sem se preocupar com a platéia – Agora, do nada, você já está com ele. Mas ninguém pode fazer nada e nem querer alterar ou te ajudar a esquecê-lo se é você mesma que o deixa entrar na sua vida!
A primeira lágrima escorreu. Tom podia parecer calmo, mas sentia sua respiração pesada do meu lado. Ele deveria estar morrendo de raiva de Henry.
Mas Henry estava certo, eu sempre deixava Tom entrar na minha vida.
– Henry, entenda. – Eu disse forte – Mudou muita coisa, você não viu o que aconteceu, mas...
– Não, Julia. Entenda você.
Henry se levantou da mesa da cozinha apressado e passou por todos nós, saindo da casa. Eu me virei para correr atrás, Tom segurou meu braço e eu fiz força para que ele me soltasse com uma cara incrédula.
Abri a porta da varanda.
– HENRY! – Gritei – O Tom não me tratou como segunda opção, você escolheu Chelsea, mas ela estava ocupada. Então abriu os braços para mim, você sabia que eu gostava de você antes! Ao contrário de você, Tom esteve sempre me escolhendo!
Henry não respondeu, ele sabia que era verdade.
Mesmo quando eu estava beijando Henry, eu sabia dessa possibilidade de ele estar comigo só porque Chelsea não estava. Mas eu não me importava, eu realmente gostava de Henry quando era um ano mais nova.
– Eu voltei não foi? Voltei para ficar com você, porque você não voltou pro Brasil!
Dessa vez eu não tinha o que responder. Sequei as lágrimas.
Henry se virou e entrou em seu carro que até agora eu nem tinha me dado conta de que estava parado ali em frente. Voltei para casa quando ele já havia desaparecido de vista, subi correndo as escadas para o meu quarto e Tom já estava sentado na minha cama. Ele abriu os braços e eu me deitei com a cabeça na curva de seu pescoço de temperatura quente.
– Eu não acredito! – Eu disse baixinho com a voz falha por causa do choro – Eu traí alguém!
– Não foi isso, Benjamin. Você nem estava namorando de verdade com ele.
– Mas eu o traí!
– Não traiu, não. – Tom selou minha boca com força fazendo pressão contra meus dentes, ciúmes, eu deduzi. – Eu não ouvi o que aconteceu, mas agora é só menos um atrapalhando nós dois.
Abri os olhos. Ele estava quase certo, mas eu me importava com Henry ainda e não deixaria que ele falasse assim do meu amigo na minha frente. Tom era egocêntrico demais e só via sua fama e tudo que conquistava com ela, nesse caso, eu.
Me separei dele com brutalidade.
– Saia do meu quarto! – Eu disse.
Tom arregalou os olhos para mim.
– Saia, Tom! – Eu quase gritei.
– Benjamin, eu...
– Não tem Benjamin aqui, Tom, saia do meu quarto.
Sibilei a última frase. Tom contorceu o rosto com raiva e saiu do meu quarto batendo a porta. Seu carro deu a partida quando eu me dei conta de que estava parada mais de cinco minutos no mesmo lugar, só respirando.
Me joguei na minha cama apertando o travesseiro contra o rosto, respirando fundo e tentando conter as lágrimas dos idiotas que passavam pela minha vida e me deixavam no mesmo lugar, cortada ao meio sem concerto.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 27 - Do you wanna

Os dias não se passaram rapidamente, na verdade, foram bem lentos e proveitosos. Quando me dei conta, já não era mais fevereiro e março estava quase acabando – logo chegaria a turnê do Tokio Hotel, no dia 1 os meninos iriam à uma entrevista de rádio na cidade ao lado e no dia 2 já estariam partindo para outro país.
Eu estava tensa com isso, de qualquer forma. Havia conversado com Tom antes que ele me convidasse para ir junto, que dessa vez, eu ficaria na Alemanha esperando ele voltar. Ele discutiu um pouco comigo – ele quebrou um copo e nós tivemos uma briga feia -, mas no final tudo já estava decidido, ele precisava de um tempo só com a banda.

Acordei de madrugada com meu celular tocando debaixo do travesseiro, o toque era Wo Sind Eure Hände, eu atendi antes que Bill começasse a falar mais alto que a bateria da música. Atendi com a voz bêbada de sono.
Te liguei por três motivos – O ser humano disse -, o primeiro é que eu estou com saudade e queria você deitada no quarto ao lado do meu. O segundo é que hoje é aniversário do Georg e nós vamos fazer uma festa em casa para ele. E o terceiro é explicando que o primeiro motivo é só para você não gritar comigo por eu ter te acordado.
Eu olhei no relógio do criado mudo.
– Que porra é essa, Kaulitz? – Eu falei baixo para não acordar ninguém – São cinco horas da manhã, o céu está negro e eu estava no sétimo sono.
Desculpa, minha pequena. – A voz dele soou como se prendesse o riso, ele só podia estar brincando comigo – Que horas eu te busco?
– Vá sentar no colo do capeta, eu quero dormir!
Desliguei o celular e enfiei o rosto no travesseiro, esperando que o sono voltasse. Me dei conta de que mandei o garoto que eu amo sentar no colo do capeta e me senti mal por isso, abri o celular e a luz quase me cegou, digitei rapidamente uma mensagem de texto pedindo desculpas e voltei a dormir.
“Franguinho, eu quero dormir, porra. Desculpe-me pelos palavrões, pode me buscar por volta das 9h. Benjamin”

(...)

Nove horas da manhã o Cadillac preto estava buzinando na porta da minha casa. Terminei de calçar meu oxford florido e desci as escadas, me despedi dos meus pais que estavam na sala vendo qualquer coisa na televisão e corri para a porta, onde Tom me recebeu de braços abertos. Eu passei direto por ele com uma careta e ele me puxou.
– Eu exijo um abraço, Benjamin! – Disse ao envolver minha cintura com seus braços.
Eu o abracei com força e ele encostou seus lábios aos meus por segundos em um selinho quase desesperado por carinho.
Entramos no carro e chegamos em poucos minutos na casa dele, Tom estacionou o carro na garagem do apartamento e nós subimos de elevador. A casa estava vazia, eu imaginei pelo silêncio.
– Onde estão todos? – Perguntei.
– Bill e Gustav foram com as meninas comprarem os ingredientes para fazer bolo depois de procurar na internet – Ele deu de ombros – Georg e Anne saíram para ele comprar seu presente e daqui a pouco uma coisa muito pequena que respira vai fazer o bolo pra gente.
Eu balancei a cabeça em reprovação, ninguém sabia fazer um macarrão naquela cozinha, o fogão estava sempre limpo e ainda tinha vestígios do macarrão que eu ajudei Tom a fazer há muitas semanas atrás.
– E enquanto isso, nós vamos fazer o que? – Eu perguntei com a maior inocência, e Tom me lançou aquele olhar pervertido.
– O que você quiser. – Sua voz estava cheia de malícia, ele colocou a mão na minha cintura para completar meu quadro mental de pervertido.
– Tom Kaulitz! – Eu tentei o repreender com a voz baixa, mas não saiu da forma que eu queria, parecia que eu estava mais implorando para que ele se aproximasse mais, o que foi o que ele fez.

Segurou meu rosto com a mão no meu pescoço e mordeu meu lábio inferior com delicadeza, me puxando pela cintura até que meu corpo encontrasse com o seu em um choque. Espalmei minhas mãos pelo seu peito, percorrendo a extensão até os ombros e a gola da camisa gorda que ele usava. Eu senti sua língua quente contornar meus lábios e inicia um beijo cheio de segundas intenções, enquanto eu era levada pelo corredor familiar até que fui imprensada na porta de seu quarto, ainda fechada.
Contornei os braços em volta de seu pescoço, o resto ele fez por conta própria – me ergueu do chão e adentrou o quarto, encostando a porta. Chegamos os pés da cama e eu voltei a ter os pés no chão, o que facilitou para que a mão de Tom corresse livre por cima das minhas peças de roupa, contornando minhas costas, depois minha cintura e logo em seguida minhas coxas.
Nossas bocas se chocavam com força e nem sempre encontravam uma forma certa de um beijo, o que me fazia desesperada para encaixá-la novamente naqueles lábios grossos com o piercing frio. Senti que ele puxou minhas duas coxas erguendo-as até a altura da sua cintura, eu me ergui em seu colo, me apoiando pelos seus ombros, ele se sentou na beirada da cama e eu fiquei um pouco mais alta do que ele – Tom aproveitou isso como uma forma mais fácil de atacar meu pescoço com os dentes. Joguei a cabeça para trás ainda segurando em seus ombros. Minha chance de respirar soou mais como um gemido baixo, que Tom interpretou de forma pervertida e apertou minha coxa por conta disso.
Seu trabalho no meu pescoço me rendia arrepios e eu sabia que ele podia senti-los, não queria mais aquilo, puxei seus dreads para que sua boca desgrudasse do meu pescoço e eu me aproximei inclinando a cabeça para chegar à sua orelha, onde eu mordisquei o lóbulo e desci para o pescoço, beijando a pele fina que logo se arrepiou com meu toque, eu ri. Ele ignorou meu riso e puxou a barra da minha camisa um pouco para cima, suas mãos quentes subiram pelas minhas costas e deram a volta até minha barriga – ele subia a blusa devagar até que ela já estava acima dos meus seios, eu precisei me separar por segundos para deixar que a blusa fosse retirada.
– Sempre quis tirar sua blusa. – Tom murmurou, enquanto parava de fazer qualquer coisa e descia o olhar pervertidamente pelo meu corpo. Eu corei terrivelmente.
– Você já me viu de sutiã algumas vezes, Kaulitz...
– Eu sempre quis tirar sua blusa. – Ele me fez entender que ele mesmo queria fazer isso. Eu ri e voltei a beijá-lo nos lábios, dessa vez o beijo saiu certinho.
Levei minhas duas mãos até a barra da sua calça gorda e a desabotoei, correndo o zíper para abrir um pouco mais, ele se inclinou na cama e nós rimos juntos quando eu caí em cima dele. Tom inverteu as posições ficando agora por cima de mim e levando suas mãos até meu short, escorregou pelas minhas pernas e agora eu estava em desvantagem em peças de roupas. Tom voltou a se inclinar por cima de mim, mas eu não deixei que fizesse isso e engatinhei pela cama, senti que a cama começou a se mexer e nós rimos novamente.
– O que está fazendo? – Ele perguntou, mas sua pergunta foi respondida quando eu ergui a borda da sua camisa e o fiz tirá-la. Tom fez o resto do trabalho tirando a calça jeans gorda e ficando só de boxe preta.
Eu corei tentando esconder um sorriso – eu não me recordo de tê-lo visto com algo menor que bermudas de piscina. Ele se colocou por cima novamente, mas dessa vez, pressionou sua cintura contra a minha e eu gemi baixinho ao saber que ele estava bem animado enquanto nossos sexos se chocavam. O puxei pelos dreadlocks para que ele voltasse a ter sua boca na minha para iniciar outro beijo quente e cheio de segundas intenções enquanto a mão de Tom explorava meu corpo por baixo do seu.
Em suas costas, minhas mãos faziam desenhos com as unhas, ele se contorcia levemente quando eu fazia isso. Sua boca desceu pelo meu busto e atravessou por cima do fecho frontal do meu sutiã, correndo pela barriga com leves beijinhos que me faziam rir.
A música do The Kooks passou pela minha cabeça bem no refrão que ele cantava “Do you wanna, do you wanna make love with me? I know you wanna, I know you wanna make love with me”.
Nesse momento, Tom nem era mais o meu ídolo. Era o garoto que eu amava, eu não era mais fã dele.
Eu senti seus dentes na minha cintura no lugar do meu osso e isso me fez respirar fundo para manter a cabeça no lugar, ele notou isso, talvez por eu ter me agarrado aos lençóis da cama. Subiu a cabeça ao encontro da minha e selou nossos lábios delicadamente.
– Calma, pequena. – Sussurrou – Se não quiser, tudo bem. Eu não vou te forçar a nada.
– Não é isso – Eu balancei a cabeça – Minha cintura é outro ponto fraco.
Tom sorriu pervertidamente e voltou a morder minha cintura, eu me remexi como se tentasse me livrar de alguém fazendo cócegas e isso fez Tom rir, ele segurou a barra da minha calcinha e puxou levemente.
Ouvi a porta da frente ranger levemente avisando que alguém tinha chegado, eu coloquei a mão por cima da mão de Tom e não permiti que terminasse de tirar minha calcinha, o fiz escutar a voz alta de Georg e uma voz um pouco mais fina de Anne. Eu me sentei na cama e apontei para a porta que estava entreaberta. Tom fechou a porta e encostou-se nela, tentando ouvir a conversa do lado de fora, ele sorriu de lado e me chamou com a mão para que eu me aproximasse.
Ouvi alguns gemidos finos e estalos de beijos, segurei a risada.
Isso é pelo aniversário? – Disse Anne. – Porque sou eu quem está ganhando presente.
– Você pode dividir esse presente comigo, mocinha. – A voz de Georg pareceu abafada.
Segurei a risada olhando para a cara de Tom, roxa, com vontade de rir também.
Dividir sexo com você? – Anne riu, se fazendo de desentendida.
Você vai fazer sozinha? – Os dois riram dessa vez – Só um momento, vou checar se a casa está vazia.
Desgrudei da porta junto com Tom e entrei no banheiro, ele fechou a porta do banheiro e eu soltei uma gargalhada baixinha, Tom colocou a mão por cima da minha boca – eu deveria estar ficando roxa também.
A porta do quarto de Tom se abriu e eu ouvi os passos lentos de Georg, junto com o salto alto de Anne.
– O quarto está vazio, mas eu imagino que aquela seja a blusa do Tom e ali é o short da Julia. – Georg disse.
– Shh! Eles devem estar aqui. – Anne disse preocupada com a voz mais baixa, eu escorreguei pelo azulejo do banheiro tapando a boca.
– Devem estar no banheiro transando.
Eu deixei que a risada escapasse e Tom se abaixou para tapar novamente minha boca, a risada saiu abafada e imaginei que se Georg estivesse ouvindo aquilo acharia mesmo que estávamos fazendo sexo.
Para completar, Tom apontou para a porta sorrindo sacana e depois provocou falsos gemidos com a boca, bateu com o braço na bancada de propósito até que ouvimos risadas do lado de fora do banheiro.
Eu não acredito que Tom estava mesmo fingindo aquilo! Estava morrendo de vontade de gargalhar!
– Vem, Ge, vamos deixar os dois em paz! – Anne disse, o barulho do seu salto foi se distanciando.
Eu sibilei para Tom “pode parar”, mas ele não obedeceu.
Benjaminnnn – Usou meu sobrenome naquele ruído lento e falsamente fingido, eu soltei uma risada.
Dei um tapa no braço de Tom e ele se inclinou para o chão do banheiro rindo também, eu passei uma perna para seu outro lado com a intenção de beijá-lo divertidamente, mas acabei batendo com a cabeça na pia e fiz uma careta. Tom gargalhou mais alto e passou a mão pelo meu cabelo, me inclinando junto de volta ao chão sem me importa com o quão nojento aquilo podia parecer.
Ele me segurou pelas costas e o beijo foi lento e carinhoso em contraste com os últimos beijos cheio de segundas intenções. Senti até que ele colocava o meu cabelo que escorria atrás da orelha. O músculo quente e macio da sua boca se chocava com o meu em uma guerra fria, me fazendo aproveitar cada segundo daquele beijo, emitindo o som de estalos. A falta do ar me fez separar-me dele, que encostou a boca na minha bochecha e sussurrou algumas besteiras que me fizeram rir.
Em pensar que estava abaixo de mim, seminu, o homem que hoje de manhã eu mandei sentar no colo do capeta e um dia desses, eu queria morto por me irritar de forma insuportável.
Se continuássemos entre brigas e beijos, eu imaginava que essa “chama” entre nós continuaria viva por um longo tempo, não iria nos separar.
– Já posso me levantar e colocar minha roupa? – Eu disse entre risos.
– Não, pode ficar aqui e tirar o resto.
Eu revirei os olhos e me levantei com cuidado para não bater com a cabeça novamente na pia do banheiro. Tom seguiu atrás de mim, abri a porta e caminhei pelo quarto para pegar a blusa e o short.
Olhei para a porta que continuava como Georg tinha deixado, aberta. No corredor eu vi Gustav, Agnes, Chelsea e Bill parados me olhando com as sobrancelhas erguidas. Eu corei ligeiramente por estar só de sutiã e calcinha.
– Ok! Agora chega! – Tom exclamou – Podem dar meia-volta.
Ele fez sinal com as mãos para o pessoal parar de olhar para mim e fechou a porta do quarto rindo.
– Que ótimo, agora todo mundo já me viu seminua. – Eu revirei os olhos.
Tom me abraçou.
– Eles só te viram, não te tocaram como só eu faço. – E terminou a frase com um beijo enquanto passava a mão pela extensão do meu tronco.

Postado por: Grasiele

By Your Side - Capítulo 26 - Eu te disse

De longe, eu conseguia ouvir o barulho da chuva ricocheteando contra o vidro do carro de Tom. Estava naquele estado entre o sono e a realidade, eu podia ouvir as coisas, mas não reagir. A festa tinha acabado e eu estava morrendo de cansaço. Tom me colocou no banco traseiro do carro e eu provavelmente dormi algum tempo.
Eu sabia que tinha chegado a casa quando o carro foi estacionado, mas fiquei calada e de olhos fechados esperando que me arrastassem dali, eu estava realmente cansada. Então senti uma respiração quente em cima do meu rosto, abri lentamente os olhos quando o nariz de Tom roçou pela minha bochecha como um carinho. Meu estômago deu um pulo, mas eu não deixei isso transparecer.
– Eu vou precisar te carregar?! – Ele sussurrou.
Isso me fez deixar escapar um riso, eu voltei a fechar os olhos.
Ele beijou meu pescoço e isso me fez arrepiar com a sensação dos seus lábios na minha pele. Puxou levemente meu corpo pela cintura até que pudesse passar os braços a minha volta, então me colocou em seu colo e me tirou do carro.
– Pesadinha você, Benjamin. – Tom riu.
– Você está me chamando de gorda? – Eu disse com a voz sonolenta.
Eu senti seu corpo se balançar embaixo do meu em uma risada nada silenciosa. Resolvi ignorar quando ele me chamou de gorda. Tom pegou a chave da casa azul cor de mar na minha carteira e abriu a porta. Segundos depois eu fui deixada no sofá, ele se sentou ao meu lado me segurando pela cintura, o que me fez cócegas, pois ele segurava no osso.
Tombei a cabeça no seu ombro e me ergui um pouco para alcançar seu queixo, onde eu mordisquei até fazê-lo rir. Levei uma das minhas mãos ao seu rosto em um ponto afastado da boca e próximo ao ouvido, quando ele ria, bem naquele ponto mostrava o formato do maxilar. Eu sempre reparava no formato do rosto dele.
– Seus pais estão dormindo? – Tom perguntou.
– Não, eles viajaram. – Eu dei de ombros e me levantei um pouco tonta – Vou tomar banho. Você vai ficar aqui?
– Estou me perguntando o que eu vou fazer... Ir embora e te deixar sozinha ou carregar você junto comigo.
– Fique aqui – Eu repeti. – Vou tomar banho, não entre no meu quarto, já volto.
Tom deu de ombros com um sorriso maroto brincando na boca.
Peguei meu pijama e minha toalha de banho, fechei minha porta do quarto. Não me enganaria outra vez em deixar entreaberto alguma coisa que guarde meus segredos. Principalmente porque a porta a chave do banheiro do meu quarto estava quebrada.
Não me deixei ser distraída com o espelho e tomei um banho rápido. Tirei a maquiagem; prendi o cabelo em um rabo de cavalo baixo; meu pijama era uma camisola não muito curta de alcinhas vermelhas. Tinha uma vaca desenhada no meio. Eu coloquei meu sutiã sem saber quanto mais tempo iria ficar acordada, mas antes de dormir eu tiraria. Calcei os chinelos e saí do banheiro.
Peguei os travesseiros e os edredons para arrumar a cama de Tom e a minha na sala. Coloquei tudo nos braços e fui em direção à porta, eu vi a maçaneta se mexendo, abafei um risinho. Adicionando adjetivos aos Tom: além de tudo que eu já havia falado, ele também é curioso. Destranquei a porta sem fazer barulho e quando ele a abriu, eu o aguardava do outro lado.
– Oops.
– Gracinha. – Empurrei os travesseiros para cima dele e fechei a porta do quarto atrás de mim, sem deixar que ele entrasse.
– Por que eu não posso mais entrar? Entrei aqui quando você se mudou.
– Porque não. Vamos dormir na sala. Coloque os travesseiros em cima do sofá.
Descemos as escadas e eu arrumei o sofá para dormirmos, também arrumei a cama de baixo para Tom e se ele quisesse brigar pelo sofá eu mandava-o ir se danar.
– Eu posso pegar uma camisa gigante do meu pai – Eu disse – Alguma que ele não use muito.
– Eu aposto que minhas camisas são maiores do que as do seu pai. – Tom riu.
– Cabem nele, mas meu pai é barrigudo, então as camisas dele também cabem em você. Importa-se?
Tom negou, eu subi as escadas para o quarto dos meus pais e peguei uma grande camiseta no fundo da gaveta do guarda-roupa. Quando cheguei ao corredor, a porta do meu quarto estava aberta e a luz acesa. Ah, droga.
Tom observava o teto do meu quarto.
– Você é realmente fanática! Gargalhou.
– Não tem graça, saia daqui.
– Eu gostei, são bonitas. Por que têm algumas só com o Bill?
– Ciúmes, Kaulitz?
Procurei pelo teto e vi alguns pôsteres onde só tinha o Bill. Outros tinham só o Tom, mas era difícil encontrar pôsteres só com o Georg ou só com o Gustav. Em geral, a maioria tinha os quatro naquela mesma ordem; Tom e Bill no meio e os Gs aos lados. Eu senti que estava corando quando ele apontou para uma foto onde tinha ele nas Ilhas Maldivas, ele estava sem camisa.
Sim, eu colava os pôsteres no teto.
– Ok, chega de descobrir meus segredinhos – Eu puxei Tom para fora do quarto, apaguei a luz e fechei a porta. – Tome, coloque essa camisa. Eu vou fazer chocolate quente para dormir. Quer alguma coisa?
– Tem coca-cola?
– Vou buscar.
Tom foi usar o banheiro e eu fiz tudo na cozinha. Deixei um copo com coca-cola na bancada, fiz meu copo de chocolate quente com marshmallows e torradas. Já tinha quase terminado minhas torradas quando senti braços envolverem minha cintura pelas costas. Eu sabia que era Tom, mas levei um susto mesmo assim, levei meu braço para trás e a torrada caiu no rosto de Tom. Eu ri.
– Foda, Benjamin! – Tom me soltou no mesmo momento para tirar a torrada do rosto e limpá-lo. Ele comeu a torrada depois.
– Culpa sua, que adora me assustar.
– Eu te assusto porque gosto de ver você ficando rosa!
Não fico rosa! – Eu pisquei e senti meu rosto começar a ficar vermelho.
– Você está ficando rosa. – Ele colocou o dedo na minha bochecha – Quer ver?
Tom tirou a camisa branca que usava deixando seu corpo bem, hum, definido à mostra. Eu corei ligeiramente e escondi o rosto na toalha da cozinha.
– Chega! – Eu gritei – Você sabe que eu fico vermelha, não precisa ficar tirando a camiseta e se exibindo, seu egocêntrico, convencido e...
– Do que você está falando? – Tom sorriu e levou a camiseta branca até o rosto onde a torrado tinha atingido, limpando o local – Eu só tirei a blusa para me limpar.
Fiquei alguns segundos em silêncio absorvendo a informação de que joguei na cara que ele tem um corpo bonito sem motivo algum. Então eu comecei a rir, ele me acompanhou.

Deitei-me no sofá depois de uma curta guerra de travesseiro com Tom por conta de quem dormiria ali, como eu tinha previsto. Eu me deitei virada para ele. Tom piscou para mim e ergueu apenas um canto dos lábios.
– O que exatamente você quer provocar em mim? – Eu perguntei.
– Isso provoca você? – Piscou mais algumas vezes. – Não sabia que provocava. Provoca a ponto de te irritar?
– Sim!
Piscou mais algumas vezes, seu sorriso se tornou provocativo também.
– Pare de piscar!
– Mas isso provoca! Deixe-me te irritar em paz.
Eu coloquei a almofada na cara dele, ele gargalhou. Depois que tirou a almofada da sua cara, ele me segurou pelo braço e me puxou com violência para a cama de baixo. Eu caí em cima dele, o impacto em cima do seu corpo me machucou e imagino que tenha o machucado também, pois seu rosto se contorceu de dor.
– Não era minha intenção me machucar... – Ele disse com a voz arrastada, isso me fez rir.
Ele passou os braços em volta das minhas costas e beijou meu rosto. Senti sua mão direita descer as minhas costas, apertou levemente meu quadril. Eu fechei os olhos enquanto sentia a ponta dos seus dedos percorrerem o caminho de volta até meus ombros.
– Mas eu realmente não me importo de me machucar se uma pequena criatura cai em cima de mim.
Puxou-me para um beijo, que começou apenas com os lábios encaixados. Meu piercing parecia ter sido colocado em um lugar certo para se encaixar com o dele e eu adorava a sensação dos seus lábios grossos esquentando os meus, abri um pouco minha boca permitindo que o beijo se aprofundasse. O beijo era habilidoso e eu sabia retribuir da forma que ele havia me ensinado em outros beijos, nossas línguas travavam uma guerra lenta e quente. Tom respirou pelo nariz, o ar quente na minha pele fez cócegas e eu ri, fazendo com que nossos dentes se batessem.
– Já notou que quase todos os nossos beijos terminam assim? – Tom disse tentando ficar sério, mas logo deixou a risada soar.
– Estou pronta para tentar um que dê certo agora.
– Tente não rir, ok? – Ele olhou nos meus olhos, eu esperei que ele fechasse seus olhos e se aproximasse.
Outro beijo se iniciou mais quente que o outro. Tom não se preocupava com seu desempenho durante o beijo, eu sentia que era totalmente natural, já eu, segurava a risada no fundo do estômago e contornava seus lábios enquanto sua língua invadia minha boca – ele não permitia que eu o beijasse. Era sempre ele no comando. Eu estava me saindo bem, tentei relaxar e aproveitar mais o beijo, mas já estava ficando sem ar, apertei seu braço e ele entendeu que já podia se afastar. Mordeu meu lábio inferior antes de terminar o beijo. Eu respirei e deixei a risada escapar.
– Eu vou dormir aqui embaixo mesmo? – Arqueei a sobrancelha.
– Vai sim, dormir comigo.
– Certo... Espere um minuto.
Eu entrei debaixo dos edredons tapando minha cabeça e tirei o sutiã por cima da camisola, enfiei o sutiã debaixo das outras cobertas, Tom me puxou de volta para fora do edredom.
– O que foi isso? – Perguntou.
– Só estava tirando o sutiã para dormir.
Ele ficou em silêncio por alguns minutos para absorver as informações e depois fez uma careta do tipo “podia morrer sem saber disso”. Eu ri.
– Ah droga, por que fez isso?
– Porque me incomoda, ué. Qual problema?
– Nada! Só é estranho saber que você vai dormir semi-nua do meu lado e eu vou ficar aqui parado.
Eu bati em seu braço, incrédula.
– Seu pervertido! Que ridículo, Kaulitz!
Eu ameacei a me levantar, mas ele puxou meu braço e me fez deitar novamente; passou uma das pernas para meu outro lado e encostou seu corpo no meu, ainda apoiado pelo braço para não deixar seu peso me machucando.
– Shh, eu prometo ficar quietinho, mas é uma provocação e tanto da sua parte. Cadê aquele sono todo que você estava?
– Sumiu quando eu te beijei – Eu respondi.
– Ok, então ache o sono novamente porque eu estou morrendo de cansaço.
– Se você sair de cima de mim, talvez.
Eu dei um risinho e ele fez uma careta, selou meus lábios pela última vez e rolou, saindo de cima de mim. Eu cobri meu rosto com o edredom e ele puxou o edredom. Eu sussurrei um “Ei!”
– Eu quero ver você dormindo. – Disse.
– Antes disso você já vai estar dormindo.
– Tudo bem, você fica fofa de olhos fechados.
– Vai me impedir de dormir da forma que eu gosto? – Eu perguntei.
– Vou. Durma, pequena.
Eu fechei os olhos e senti novamente seus lábios nos meus, sorri durante o beijo, batemos os dentes.
– Porr, Benjamin! – Ele tentou ficar sério, mas gargalhou.
(...)
Pressionei mais forte o rosto no travesseiro quando me dei conta de que estava acordada, o perfume do travesseiro era diferente de antes, agora era intoxicante de desodorante masculino. Dei-me novamente conta de que não estava deitada no travesseiro e sim no ombro de Tom.
Ergui um pouco a cabeça para checar se ele estava acordado. Ele estava tão acordado quanto um bicho preguiça deitado preguiçosamente em uma árvore. Os dreadlocks soltos se espalhavam pelo travesseiro – que eu deveria estar deitada, mas parece que ele roubou de mim. Eu pressionei os olhos com força.
A noite anterior foi real, tem como acreditar? Não mesmo, mas ele estava bem ali, do meu lado. Então foi real, mas deixa eu me dar conta disso depois.
Levantei-me lentamente tentando não acordá-lo e consegui, ele realmente estava desmaiado. Puxei as roupas de cama do sofá que por fim eu nem usei, joguei tudo em cima da minha cama no andar de cima e busquei roupas para me vestir. Depois de uma procura bem rápida, coloquei um short jeans, camiseta florida e um par de botas da cor bege tipo militar até um pouco acima do tornozelo. Fiz minha higiene matinal no meu banheiro, penteei o cabelo sem prendê-lo e fiz uma leve maquiagem.
Tom ainda estava adormecido quando eu desci as escadas, me sentei no sofá e o observei esperando que acordasse. Claro que se ficasse muito tempo ali eu iria catar alguma coisa mais interessante para fazer, só que vê-lo em silêncio sem nenhuma careta ou sorriso cínico era satisfatório. Estiquei o braço para puxar uma madeixa de dreads, era engraçado tocá-los.
De repente ele abriu os olhos e disse “bu!”. Eu deixei escapar um grito e corei ligeiramente quando ele começou a rir. Fiz uma careta, seu braço me puxou, mas eu resisti antes que caísse na cama de baixo.
– Que idiota, Kaulitz! – Eu disse.
– Você tomou um susto! – Ele continuou rindo – Pára de fazer caretas, foi muito engraçado.
Ele se levantou em um pulo da cama improvisada e me puxou pela barra do meu short jeans para que eu me erguesse do sofá e que ele pudesse encostar seu corpo ao meu em uma falha tentativa de um abraço. Ele me apertou com mais força, o que me causou cócegas, eu gargalhei e ele continuou me apertando e rindo.
– Ok! Ok! Eu te abraço, seu chato! – Eu disse, então ele me soltou e eu passei os braços pelo seu pescoço, fui erguida do chão por alguns segundos.
– Sabe qual a diferença entre seus xingamentos e os meus para você? – Tom perguntou, eu não respondi e ele continuou: - Você diz “seu chato”, e eu digo “minha chata”.
– Você nunca disse minha chata para mim – Eu fiz uma cara óbvia, ele sorriu de lado.
– Você já sabe que é muito chata porque eu faço questão de te lembrar todo dia, mas agora você é minha e eu vou te lembrar com mais freqüência, tudo bem, minha chata? Minha pequena, minha criatura, minha pintora de rodapé, meu fast-food...
– Fast-food? Esse apelido é novo, Kaulitz. – Eu balancei a cabeça e fui em direção a cozinha, Tom me seguiu.
– É! Deixe-me explicar, fast-food não é o tipo de comida que você se alimenta todos os dias, porque te faz passar mal. Mas se você vê alguém comendo, você sente vontade de comer também, por isso ninguém divide um fast-food.
Eu o encarei e inclinei a cabeça um pouco, quase incrédula.
– Eu sou seu fast-food? – Arqueei a sobrancelha – Significa que você não gosta de mim todo dia, porque eu enjôo, mas se outra pessoa estiver comigo, você também me quer? Isso é um pouco egoísta, e estupidamente estranho.
Tom gargalhou e balançou o dedo indicador para mim.
– Não foi isso que eu quis dizer! Olha, ignore a primeira parte, significa que eu quero você todo dia, tudo bem? E não quero dividir com mais ninguém.
Eu tentei não sorrir, mas não deu certo. Senti que tinha ficado um pouco vermelha e Tom encurtou o espaço entre nós para me abraçar novamente. Eu inclinei o rosto para alcançar sua boca, mas ele negou sorrindo.
– Você não queria me beijar antes de escovar os dentes naquele dia, então agüenta, porque minha escova de dente está lá em casa. – Ele riu.
– Foi há quase três semanas! Ah, não, Kaulitz! – Eu fiz outra careta e ele voltou a rir – Não tem graça!
Ele continuou implicando comigo até enquanto tomava café da manhã, que eu preparei um suco de limão para nós dois e ele disse que queria de laranja. Eu o encarei torto e ele sussurrou “Brincadeirinha!”. Trocou de roupa depois do café e entramos os dois no carro em direção á casa dos outros meninos, que deveriam estar preocupados com Tom, mas o malandro desligou o celular e ignorou totalmente o mundo lá fora.
Chegamos em alguns minutos e ele subiu a escada na minha frente porque o elevador estava demorando para chegar. Tom parou à porta quando a voz de Georg o surpreendeu.
– Onde você estava?
Tom riu e respondeu:
– Essa era normalmente uma pergunta do Bill, mas para a informação de vocês, eu estava na casa da Benjamin.
– Você dormiu lá? – Ouvi a voz de Bill, Tom balançou a cabeça como resposta.
– Como é?! Você transou com a minha prima?
Esse foi obviamente Gustav e todos que estavam na sala riram. Tom gargalhava, pois sabia que eu estava atrás dele, ouvindo aquela besteira, e tentava explicar entre risos o que tinha acontecido. Eu passei por ele e todos na sala se calaram vermelhos com surpresa visível. Levei minhas mãos às minhas orelhas e murmurei para Gustav:
– Não consigo acreditar que eu ouvi isso vindo de você. – Eu revirei os olhos e todos voltaram a rir.
Escondi-me na cozinha e puxei a coca-cola da geladeira, coloquei em um copo limpo que achei em algum lugar no meio daquela bagunça de astros do rock. Fiquei observando os meninos conversando entre gargalhadas pelo buraco da parede. Nem Chelsea as outras duas meninas – Agnes e Anne – estavam ali, parece que hoje seria um dia lento sem elas. Eu passei os pés pela bancada e me sentei ali, devaneando enquanto tomava o refrigerante.
– Sabe o que a gente não faz? – Eu despertei a atenção dos meninos na sala para mim. – Quase não fazemos nada juntos. Quero dizer, desde que eu vim para a Alemanha! Só me sentei nesse sofá algumas vezes para assistir vocês jogarem guitar hero! Digo, por que nós cinco nunca fizemos nada interessante?
Bill foi mais rápido ao responder:
– Porque você sempre odiou Tom.
Eu revirei os olhos.
– E daí? Não sei se é possível, mas eu pediria que vocês ignorassem as fãs por um dia e se divertissem fora dessa batcaverna.
– Quem topa ignorar a Julia? – Georg brincou. Eu fiz uma careta para ele. – Mas sério, eu acho que deveríamos sair um pouco. Há quanto tempo não ficamos bêbados juntos?
– Hã, desde ontem, na festa. – Gustav disse como se fosse óbvio.
– Ah! Isso me lembrou um detalhe – Tom correu para o corredor e ficamos todos em silêncio até ele voltar com seu violão – Me lembrou que eu ainda não toquei a nova música no violão depois que tirei a luva. Bill, você se lembra da letra de Attention?
– Claro. Você já tem as notas da guitarra?
– Claro. – Ele repetiu quase com a mesma voz que Bill tinha dito, eu sorri e vi os Gs revirando os olhos. – Essa primeira parte eu imaginei com o som forte do baixo – Ele olhou para Georg que entendeu o que tinha dito -, vou usar o violão agora, tentem imaginar como se fosse mais ou menos assim. Acompanha a melodia, Bill.
Tom começou a dedilhar o violão e o som soou. Fazia algumas pausas de segundo em segundo e depois de várias vezes repetindo a nota, a música ao som do violão começou a fazer sentido. Bill também começou a cantar em inglês uma letra um pouco tosca e dramática, mas a melodia não a deixava clichê, na verdade, a deixava um tanto irônica.
– I love how you hurt me (Eu amo a forma que você me machuca) Oh no! I’ll never let you go (Ah não! Eu nunca vou deixar você ir) Oh no! I hate that I need you so (Ah não! Eu odeio precisar tanto de você) – Bill cantou as duas frases em um sussurro muito sexy, que impressionou tanto a mim quando aos Gs, e depois sua voz ficou mais forte ao refrão – I’ts not what you said, i’ts the way you say it (Não é o que você diz, é o jeito que você diz) I’ts not what you did, i’ts the way you do it (Não é o que você faz, é a forma que faz isso) Sick and tired of needing your affection, I chose to be lonely (Doente e cansado de precisar da sua afeição, eu escolhi ficar sozinho) Than live without your attetion (Do que viver sem sua atenção)
Eu achei o refrão agressivo, de certa forma. Tom havia inventado aquela música? Quando, exatamente? Ela seria para mim...? Balancei os pés no ritmo da música que o violão transmitia, observei que Tom trocou olhares comigo com um sorriso maroto brincando com seus lábios. É, seria para mim.
Mesmo que a música me desse um tapa na cara, eu não deixava de admirar o sussurro extremamente provocativo que Bill cantava Attention, a nova música.
Então a música foi finalizada com curtos aplausos da parte de Gustav e Georg. Tom virou a cabeça para mim.
– Gostou, Benjamin? – Arqueou a sobrancelha.
– Isso é provocação? – Eu sorri.
Ele colocou o violão de lado e se aproximou de mim com um sorriso cínico. Como eu estava na bancada, foi fácil para ele se aproximar demais e colocar as mãos na curva do meu tronco.
– Não sei, isso te irrita? – Perguntou.
– Se eu responder que sim, você vai cantar cada verso dessa música só para me irritar, não é? – Ele balançou a cabeça afirmando.
– Eu nem sinto mais o que escrevi nessa música, então que se dane o que ela significa. – Tom escorregou a ponta do seu nariz pela minha bochecha e o carinho me fez fechar os olhos.
– Sinceramente, eu não quero ver o meu melhor amigo agarrando a minha prima na minha sala de estar – Gustav murmurou usando os dedos para sinalizar as três coisas que ele não queria fazendo os outros rirem, até mesmo eu e Tom.
Tom se afastou, virando-se para os meninos.
– Viu muito ontem à noite, Gustav? – Disse ele.
– Devia ter calado a boca e deixado eles se beijando, sua boca gigante – Bill comentou, me fazendo corar.
– Assim – Gustav começou rindo -, eu estava passando com Agnes e vi vocês olhando para o vidro, aí eu me aproximei e fiquei surpreso, porque, até que enfim vocês se resolveram. Georg, eu e Bill já conversamos seriamente que vocês se gostavam em segredo, e isso já estava irritando!
– Que?! Vocês ficam de segredinho por trás de mim! – Tom exclamou, eu e os meninos rimos. – Que coisa infantil, vocês.
– Infantil foram vocês dois aí – Georg fez questão de apontar de Tom para mim, novamente, eu fiquei rosada.
– Agora mudando de assunto – Eu falei mais alto – Vamos ou não sair?
Todos concordaram – Bill pegou seu celular e ligou para Chelsea, Gustav ligou para Agnes e Georg convidou Anne para sair. Em minutos, já estávamos todos dentro do carro preto em direção ao parque de diversões mais próximo para um dia informal.
Era um fim de semana, por isso o parque estava lotado. Os meninos combinaram de passar despercebidos e tirar rápidas fotos com as fãs que aparecessem, mas teriam seguranças por perto por precaução. Descemos do carro e pela primeira vez ao lado da banda toda eu não senti flashes na minha direção. Muito pelo contrário, ninguém olhava para a gente – só para o Bill, mas porque ele é estranho mesmo.
Tom se grudou em mim e chegamos mais rápido a uma fila para comprar os tickets de alguns brinquedos. Chelsea e Bill se colocaram ao nosso lado e eu aproveitei para falar com a loira fantasma.
– Você que teve essa idéia? Devo admitir que a creepy bones está saindo debaixo da cama e se mostrando “feliz” – Ela riu.
– Nhan, é só que eu não queria ficar em casa mofando hoje.
– Eu queria! – Ela me encarou furiosa – Todas as articulações do meu corpo doem pela festa de ontem... Falar em ontem à noite, todo mundo viu você-e-o-Tom!
Eu corei novamente.
– Eu não posso me deslocar que todo mundo continua enfiando isso na minha cabeça. Que saco!
– Ah, minha querida, eu preciso concordar com Gustav, finalmente vocês se acertaram.
Eu revirei os olhos.
– Quer saber de uma coisa? Nós nos acertamos mesmo.
Eu me virei o suficiente para ficar de frente com Tom, que prestava atenção na nossa conversa com um sorriso estampado no rosto, eu brinquei com o colarinho da sua blusa gigante e fiquei na ponta dos pés para alcançar seus lábios. O resto, ele fez sozinho. Ele poupou meu esforço, me erguendo centímetros pela cintura e eu pude o beijar esfregando na cara de Chelsea e todos os meninos na fila que eu estava mesmo com Tom. Segundos depois ouvi os seis murmurando um “hmm”, que me fez parar de beijá-lo antes que eu finalizasse o beijo batendo meu rosto com o dele rindo – como eu sempre fazia.
Tom passou o braço pela minha cintura e nos dividimos em casais pelo parque de diversão.
– Quero a montanha russa! – Tom gritou para sua voz sobressair os gritos da montanha russa ao nosso lado.
– Mas eu quero o carrinho bate-bate!
– Eu sou mais alto, então vamos à montanha russa.
– Ah, então é isso? Vou colocar um salto da próxima vez. – Nós rimos, mas ele ainda revidou:
– Então o salto vai precisar ter trinta centímetros, e você não vai se manter em pé por cinco segundos sem a ajuda de alguém.
Fiz uma careta e acabei por aceitar a montanha russa, combinando que depois entraríamos no bate-bate, e sim, eu competiria contra ele. O melhor que vencesse.
Até a fila da montanha russa, ele tirou cinco fotos com grupos de fãs. Eu balancei a cabeça com um sorriso no rosto, tentando por em mente que poderia ser eu pedindo um autógrafo. No brinquedo, a cada curva eu apertava mais Tom contra mim – já disse que morro de medo de quedas? Não de altura, não. De quedas sim. Talvez na manhã seguinte eu acorde rouca pelos meus gritos.
Finalmente saímos de lá e Tom começou a me irritar novamente.
– Cara! Você grita muito! – Ele gargalhou, isso me deixou constrangida – Eu achei que fosse ficar surdo, e você estava quase quebrando minhas costelas, dá para acreditar? Sua medrosa! Sua não, minha medrosa. Minha pequena medrosa!
Voltou a rir e me abraçou quando se deu conta de que eu estava envergonhada. Sentamos-nos em carrinhos diferentes e nessa mesma rodada, Georg e Anne entraram em um carrinho juntos.
Eu comecei meu trajeto tentando desviar da castanha maluca que não sabia dirigir! Anne brigava com Georg pelo volante e nessa guerra eles bateram em mim duas vezes, recebendo terríveis palavrões em português. Era divertido observar os dois castanhos de olhos verdes brigando – e se vendo refletidos nos olhos um do outro. Estava na cara que Georg estava apaixonado pela garota.
– AH! – Eu gritei quando um carro vermelho bateu do meu lado, o impacto me deu um susto. Fuzilei Tom com os olhos, ele gargalhou.
Dei a volta em seu carro e bati nele algumas vezes. Os impactos continuavam me dando medo, eu gritava a cada vez que batia.
– Baixinha! Você não dirige nada! – Ele gritou percorrendo o quadrado espaçoso fugindo do meu carro azul.
– Volta aqui, Kaulitz! Medo de ser massacrado por mim?
Pronto, ele se virou na mesma hora e voltou a bater no meu carro com uma pausa de um segundo para o carro andar.
Rimos à toa e desperdiçamos tempo com nada. Era melhor amá-lo agora do que odiá-lo como antes. Valia muito mais a pena ter certeza de que cada um de seus sorrisos delicados era verdadeiro e estavam ali por minha causa.
Tentei desamassar as roupas quando saí do brinquedo e fui surpreendida por Tom, que enlaçou seus braços envolta da minha cintura e inclinou seu corpo com o meu, passando a ponta do seu nariz pelo meu pescoço. Ele me colocou de pé e me fez girar até que eu parasse de frente com as mãos espalmadas no seu tronco.
Se aproximou e beijou meu rosto, eu passei as mãos por trás do seu pescoço e as escorreguei por uma madeixa de dreads – que estavam muito longos.
– Precisa cortar isso daqui – Eu disse, sem permitir que ele chegasse à boca.
– Vou corta. Hoje não. – Frases curtas, ele realmente não queria perder tempo até me beijar novamente.
– Por que hoje não? – Eu perguntei, segurando o riso.
– Porque hoje eu estou com você... – Tentou novamente se aproximar e eu coloquei a mão na sua cara.
– Você esteve comigo ontem.
– Não estive com você ontem, você ficou uma semana longe de mim e dos meninos. Eu estive com você ontem à noite. – Ele respondeu muito rápido e abaixou minha mão para tentar me beijar de novo. – Posso te beijar agora ou você tem mais algumas respostas?
– Isso não é o tipo de coisa que se pede permissão, Kaulitz. – Eu gargalhei. Ele fez uma careta.
– Cala a boca, Benjamin! – Então eu o deixei que chegasse até minha boca e nos beijamos por algum tempo.
Apontei para a barraquinha de algodão doce, ele me levou até lá e comprou dois, um rosa e um azul. Eu puxei o azul de sua mão – nunca fui fã da cor rosa.
– Como fui me esquecer disso. – Falou para si mesmo quando teve que comer o algodão doce rosa.
Nesse momento, os três meninos e as três meninas se aproximaram. Eles riram pela cena cômica do garoto com o doce rosa e a menina com o doce azul.
– Que lindo você, Tommy. – Georg debochou.
– Cara, larga de viadagem perto da minha prima – Disse Gustav, rindo.
– Com esse apoio emocional de vocês eu vou longe – Tom revirou os olhos, sujo no nariz com algodão doce. – Vou até o psicólogo.
O parque tocava uma música animada, que me fazia querer me movimentar. Notei que Chelsea parecia angustiada e começou a tagarelar em seguida:
– Excluindo vocês dois de vela – Ela se referiu à Georg e Anne que se afastaram rindo -, eu quero ir na montanha russa, mas em casais.
Deu pulinhos, típico de Bill. Eu neguei na mesma hora e Tom começou a falar:
– Essa medrosa aqui não volta lá tão cedo – Tom disse e eu apenas concordei apontando para ele.
– Então vamos à rosa gigante – Agnes sugeriu com sua voz fininha – Eu e Gustav estávamos mesmo querendo ir até lá.
– Pois é, vamos, galera. – Gustav puxou o pessoal, mas eu o parei e apontei para Georg e Anne um pouco mais atrás da linha que Chelsea tinha marcado.
Anne tinha lindos cabelos castanhos e parecia uma modelo desajeitada com os dedos sujos de algodão doce rosa, tentando tirar os fios soltos do rosto que grudavam no algodão doce. Nesse momento, Georg sorria docemente para ela e a ajudava a tirar os fios, se aproximando demais. Calaram-se para prestar atenção nos dois castanhos ali atrás.
Trocamos todos olhares quando Anne abaixou o algodão doce e Georg segurou seu rosto para beijá-la. Foi fofo, ali todos tinham certeza de que era o primeiro beijo deles dois. Ela passou os braços com o algodão doce pelo pescoço de Georg e logo o doce encostou-se ao cabelo do castanho. Ele ficaria furioso – isso fez os dois se separarem rindo do beijo, e ficaram vermelhos quando notaram que todos ali estavam olhando.
– Ok, gente, já podem voltar a tomar conta da vida de vocês. – Georg murmurou envergonhado.
Chegamos à roda gigante, Bill e Chelsea entraram na primeira cabine; Gustav e Agnes na segunda; Georg e Anne na terceira, deixando a quarta para mim e Tom. Dentro da nossa cabine eu conseguia ver as três cabines de frente e vigiar todos os casais.
Estávamos chegando ao topo, Tom cutucou meu ombro e me apontou a cabine do seu gêmeo e da minha melhor amiga – assim que eles alcançaram o topo, os dois se beijaram e desceram lentamente para dar espaço à cabine de Gustav e Agnes.
– Eles se beijam. – Eu disse, logo em seguida os dois se abraçaram e se beijaram ao chegarem ao topo da roda gigante. – Eu te disse.
Tom deu de ombros e apontou para a cabine de Georg e Anne.
– Aposto que Georg não vai beijá-la. – Disse Tom.
– Pelo contrário, eu acho que eles se beijam sim. – Eu apostei.
Quando a cabine chegou ao topo, Anne puxou o rosto do baixista e o beijou, eu levantei as mãos em sucesso.
– Eu disse! Deveria ter apostado dinheiro.
– Também ganhei! – Tom retrucou.
– Que?! Você disse que eles não iriam se beijar, não ganhou, não.
– Eu disse que Georg não iria beijá-la, mas foi ela quem o beijou – Ele sorriu convencido.
Eu revirei os olhos, desistindo de discutir com o convencido ao meu lado. Nossa cabine chegou ao topo...
... E parou. Eu olhei para baixo e vi que a fila estava gigante para entrar em novas cabines. O vento frio começou a incomodar e a distância até o chão também.
Até que senti os dedos quentes de Tom encostarem-se à barra do meu short, conseqüentemente encostando na minha pele. Eu virei meu rosto para ele.
– Agora é nossa vez. Aposto que te beijo primeiro. – Ele disse, encurtando o caminho até minha boca e tomando-a com um beijo.
Nesse momento, o vento frio e a distância até o chão não me incomodavam mais, era só o hálito quente e a temperatura que aquecia a lateral do meu corpo, a forma que me beijava delicadamente no início e com ferocidade quando já começávamos a precisar de ar, o sentimento envolvido naquilo tudo.
Ele era quente, e eu fria. Não é uma boa combinação, mas rende arrepios incríveis.
Tom acabou com o beijo depois que a roda começou a descer lentamente, mas não se afastou tanto. Fiquei até incrédula por ele ter terminado um beijo como aquele para dizer uma das coisas mais estúpidas que ele sempre diz.
– Eu te disse.
Revirei os olhos e encurtei o espaço novamente, usando a chance para beijá-lo eu mesma como nunca fiz, ele nunca me deixou beijá-lo. Fui de encontro com a temperatura aconchegante passando o braço pelo seu pescoço.
Ela se move perto, sussurrando para mim “Eu te disse” – The Maine.

Postado por: Grasiele

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