quarta-feira, 18 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 22 - Quase "adeus"

Ela usa salto e ela sempre cai. Não a deixe pensar que é uma sabe-tudo. Tudo que ela faz errado parece tão certo... – A Rocket To The Moon

Toc, toc.
Minha cabeça latejou, eu estava sendo acordada com batidas na porta, só não esperava que fosse da mesma forma como naquele dia que eu atrasei o show. Abri os olhos, e sem vontade de levantar, tirei o lençol das pernas e congelei. Eu resmunguei.
Voltei a me enrolar nas cobertas e me levantei como um zumbi até a porta, a abri com os olhos fechados.
– São meio-dia, você não vai levantar? – Ouvi a voz conhecida e abri um pouco os olhos.
O rosto branquinho e levemente corado esboçava um sorriso torto, a cabeça um pouco inclinada de forma que eu só podia fitar seus olhos por cima dos cílios. Ele não usava boné, seus dreads estavam presos. Usava uma gigante camisa branca e uma calça de moletom comum. Eu corei ligeiramente ao perceber que demorei alguns segundos olhando para suas roupas.
A casa estava silenciosa.
– Por que a casa está silenciosa? – Eu perguntei, ou acho que perguntei, mas a minha voz saiu arrastada.
– Gustav saiu com Agnes no parque, Bill e Chelsea foram ao shopping e Georg foi a algum lugar... – Ele disse – Hilary está dormindo – Ele terminou com um sorriso provocativo.
– Henry? – Eu perguntei, levando em conta que Chel não deixaria Henry em casa sozinho.
– Parece que teve um compromisso com a família – Ele alterou a voz, e eu não prestei atenção no que isso significava.
Fechei os olhos e encostei a cabeça no batente da porta esperando que ele me avaliasse e notasse que eu estava morrendo de cansaço. Então, do nada, eu sentia sua mão na minha cintura. Eu conhecia seu toque. E quando abri os olhos, seus lábios estavam colados na minha bochecha. Passaram-se uns dois segundos e ele se afastou e parecia tentar conter um sorriso que teimava em se esboçar.
– Boa tarde, Julia – Ele disse já se virando – Vou fazer macarrão para o almoço.
Eu ouvi direito? Tom vai cozinhar? Eu deixei escapar um risinho e voltei para meu quarto. Fechei a porta e quando me dei conta do que tinha acontecido, escorreguei até me sentar no chão. Quero dizer, eu já havia provado seus lábios varias vezes, mas depois de tudo que aconteceu, um beijo no rosto não era de se imaginar.
Apressei-me em me arrumar. Coloquei um short de pano marrom, uma blusinha branca de alças e cardy boots. Penteei os cabelos e fiz minha higiene matinal, logo depois saí do quarto, a casa ainda estava silenciosa. E como eu não ouvia nem gemidos nem estalos de beijos, imaginei que Hilary ainda estivesse deitada na cama, ou seja, rolou alguma coisa para ela ficar tão cansada... Ai que nojento.
Passei pela sala e me sentei no sofá, observando Tom em frente ao fogão abandonado. Ele resmungava alguma coisa e eu levava a mão à boca para não rir.
– Ai! Droga de água quente! – Ele resmungou alto – Que merda eu faço agora?
Eu dei um pulo do sofá e me aproximei de Tom. Ele tinha queimado o dedo e agora colocava o dedo debaixo d’água, soltou a panela no fogo, mas ela estava mal-colocada e iria cair no chão, e iria derrubar água quente em nós dois. Eu me estendi e segurei a panela antes que caísse. Tom me olhou de olhos arregalados e depois riu.
– Parece que você e os meninos precisam de uma empregada – Eu comentei.
Ajeitei a panela no fogo e notei que já estava fervendo, adicionei o macarrão e dei umas quebradinhas até ele se encaixar todo na panela e mexi um pouco. Senti o olhar de Tom sobre mim, isso me causava arrepios. Tampei a panela e me virei e, sim, ele estava olhando para mim.
– Obrigado.
Eu fiquei meio hesitante, mas puxei a mão dele para analisar a queimada, que no final, nem era tão grande. Ele devia ter só tomado um susto.
– Acho que vi uma pomadinha para isso no meu banheiro, já volto. – Eu disse.
Corri – mantendo minhas pernas longes uma da outra para não correr o risco de cair, peguei a pomada e voltei em menos de um minuto.
– O que te deu, hein? – Eu disse – Você prefere pedir comida.
– Gordon me disse que macarrão era fácil de fazer. Só não me disse como.
Eu peguei a embalagem do macarrão em cima da pia e mostrei o verso onde tinha as instruções.
– Isso se chama instruções, e todo mundo lê antes de fazer algum tipo de comida – Eu apontei – Eu vou te ensinar a fazer o meu molho favorito para macarrão. Agora pegue a coca-cola na geladeira e coloque em um copo, e depois pegue cinco latinhas de sardinha. Vou pegar azeite e os outros ingredientes.
Ele fez o que eu mandei, logo depois me entregou o copo de coca-cola e colocou as sardinhas em cima do mármore.
– Para que o refrigerante? – Ele perguntou.
– Para eu tomar, ué. Estou morrendo de fome.
Tom me olhou com uma cara incrédula, mas ou mesmo tempo, divertida como se achasse graça por ter sido usado. Tomou o copo das minhas mãos e bebeu metade do copo, eu ri e bati de leve no ombro dele, puxando novamente o refrigerante para mim.
Coloquei as sardinhas em cima de uma tábua e ergui uma faca para Tom, oferecendo as sardinhas para ele cortar. Tom se aproximou com um olhar interrogativo e quebrou a sardinha que já era fácil de quebrar ao meio.
– Ajuda?
Eu ri, peguei a faca e mostrei como se fazia.
– Corte a sardinha assim – Mostrei –, depois retira a espinha, pica em alguns pedacinhos comestíveis e... Voilà. Joga na outra panela com alho e azeita.
Tom se aproximou e tentou fazer o mesmo, mas quebrou a sardinha ao meio novamente. Para não desperdiçar, eu segurei a faca por cima da sua mão – intencionalmente, porque eu estaria tocando nele –, e mostrei como reaproveitar a sardinha quebrada, tirando a espinha e picando em pedacinho.
Tom sorriu e eu retribuí, o deixando terminar de cortar.

E depois que o macarrão já estava pronto em uma travessa dentro do microondas para não esfriar, obriguei Tom a lavar os pratos enquanto eu observava e o ensinava a lavar. Pelo amor dos deuses, ele não sabe fazer nada relacionado à casa.
Sentei-me na bancada, enquanto conversava com Tom.
– Qual número que eu calço? – Tom perguntou.
– Espera, essa eu sei! 42 não é? Eu li em um site...
– Nome do meu pai e por que eu não moro com ele.
– Jorge Kaulitz... Ele se separou da sua mãe quando você tinha seis ou sete anos.
– Certo. Cantor favorito?
– Samy Deluxe, rapper alemão.
– Eu sei qual é o meu cantor favorito – Tom riu – E o seu?
Eu corei.
– Hm, Tokio Hotel? – Eu gargalhei – Ah, espera. Bill Kaulitz. Conhece?
– Não, imagina. Meu irmão sabia?
– Ah não brinca – Eu imitei seu tom sarcástico.
– Comidas favoritas, minhas.
– Pizza, hambúrguer e chicletes. – Eu respondi.
– Bebidas?
– Red Bull e coca-cola. – Eu respondi – Kaulitz, eu sei bastante coisa...
– Estou vendo – Tom riu – Julia.
– Oi?
Tom desligou a torneira e se virou.
– Tudo bem ser fã. – Ele disse e eu estremeci, desviando o olhar – Nós não nos importamos.
– É que... Parece estranho.
E quando me dei conta, ele virou a colher na água, fazendo um jato ser lançado na minha blusa branca.
– Ah! – Eu exclamei – Kaulitz! Seu chato!
Eu saí da bancada e acertei alguns tapas nele, que ele desviou facilmente, tão fácil que me deixou de queixo caído.
– Para uma brasileira, você é péssima em capoeira.
– Não sou boa em capoeira, nunca fui, eu odeio na verdade – Eu disse – E você não gosta de cerveja como as propagandas alemãs lá no Brasil.
– Ah, eu odeio cerveja. Isso passa lá? – Tom gargalhou.
– Passa, também tem propagandas das empresas de carros comparando os alemães com os brasileiros. É péssima, para falar a verdade.
E quando eu me dei conta, eu estava de costas para a pia, e Tom tinha os dois braços me cercando, se aproximava cada vez mais.
– Kaulitz...
– Tom – Ele me corrigiu.
Tom – Eu repeti – Se afasta.
– O quê? – Ele analisou a distância que nos separava, e deu uns passos para trás – Ahn.
– Eu... Érr... Eu vou-
Eu apontei para a sala enquanto gaguejava quando meu celular deu o ar da graça e começou a tocar. Eu sorri internamente, peguei o celular e corri para a sala, próxima à janela.
Jus? – Era Henry – Como você está, linda?
– Ah, oi, Henry – Eu respondi – Bem, bem. E você? Por que não está aqui?
Estou melhor agora. Meus pais me chamaram de volta para Magdeburgo porque eles estavam decidindo um assunto e eu teria que estar presente. – Sua voz estava meio vacilante.
– Mas você vai voltar?
Ér, não para Leipzig.
– O quê? Você vai para onde?
Jus, as aulas no Brasil já vão começar e minha família vai voltar para casa. Eu preciso ir junto.
Um flashback do calendário passou pela minha cabeça. Espera, que dia é hoje? Já é quase fevereiro! Ah, não.
Julia, você está aí?
– Sim, sim. Henry, eu acho que também vou voltar para o Brasil.
Então a gente se vê na escola – Seu tom de voz mudou para algo mais alegre – Preciso desligar, linda. Até alguns dias, beijos.
– Tchau, Henry – Desliguei o celular.
Abri o calendário no celular e arfei. Não, não, não. Não pode ser! Os dias passaram voando! Eu nem aproveitei! Meu vôo já estava marcado para voltar ao Brasil... Para amanhã!
Eu caminhei lentamente até a porta da cozinha quando vi uma cena bem peculiar. Tom estava encostado na parede de olhos fechados, enquanto Hilary se apoiava em seu corpo, com uma mão em seu ombro e a outra por baixo da sua camisa gigante. Tom segurava Hilary pela barra do short extremamente curto que ela usava.
Desgraça irônica da minha situação. Minha barriga revirou, eu acho que vou morrer só de olhar aquela ceninha. Eles ainda não tinham me visto, então eu dei a volta e corri para longe da cozinha a fim de fazer barulho para eles notarem que ainda existe uma alma viva dentro da casa.
E o pior, aquela droga daquela ceninha esfregou na minha cara o quão estúpida eu fui ontem à tarde depois da briga com Tom.
“Eu fechei os olhos, gemi e levei minhas mãos á boca quando quase deixei escapar outro nome que não se encaixava nada com aquela situação.
Quando me dei conta de que até aqui, prestes a fazer sexo com Henry eu fico pensando em Tom. Que nojo de mim mesma.
Empurrei levemente Henry. Até que ele se deitou no chão e eu me levantei em um pulo e corri até o banheiro para me enrolar em um roupão. Henry me seguiu confuso.
– O que foi, linda?
– Henry, eu acho qu-que...
– Tudo bem, eu imaginei isso – Henry beijou minha testa e me abraçou – Você não está pronta, não é?
– É – Era bem mais fácil concordar do que dizer ‘Não, Henry. Eu não quero fazer isso com você’.
– Vem – Ele me conduziu até minha cama, eu me deitei e ele se deitou ao meu lado fazendo um carinho nos meus fios de cabelo.
Grande vadia eu estava sendo. O que Henry está fazendo aqui? Eu gosto do Tom, e não dele.”
– Julia? – Ouvi a voz de Hilary e me virei – Boa tarde.
– Ah, oi Hilary – Eu passei a mão pelos fios de cabelo – Sim, boa tarde. Você está com fome? Kaulitz fez macarrão.
Hilary riu, eu senti que aquilo tinha quebrado o clima.
– Estou sim.
– Não fui eu quem fiz, a maior parte foi Julia – Tom beijou o rosto de Hilary enquanto passava com a travessa de macarrão até a mesa.
– Não, Kaulitz. Eu só ajudei.
Hilary continuou rindo. Por que essa vaca continua rindo?
– É tão engraçado como você o chama pelo sobrenome – Ela respondeu minhas perguntas mentais.
Eu balancei a cabeça e sentei-me à mesa, colocando um pouco de macarrão para mim. Os dois se sentaram lado a lado. Nossa, como minha barriga está revirando. Isso é tortura.
Eu agradeci aos céus quando a comida no meu prato terminou, me levantei da mesa fingindo estar em outro planeta, adentrei a cozinha e lavei meu prato. E segundos depois, a porta da frente se abre. Bill, Chel, Gustav e Agnes adentraram a casa, gargalhando devido alguma piada que eu perdi porque dormi demais e fui obrigada a ficar trancafiada em uma casa com um casal nojento.
– Oi garotas e Tom – Bill e o resto nos cumprimentou – Trouxemos milkshakes, menos pro Georg.
– Oba, eu adoro milkshake – Eu me aproximei.
– O seu é de morango, porque eu sei que você gosta disso – Chel tirou do saco plástico um copo grande com o shake de morango, passou por mim e deu um tapinha no meu bumbum. – O meu é de banana. Bill, esse é o seu de frutas vermelhas sem maçã.
– Obrigada, meu amor – Bill agradeceu a namorada.
Eu observei ele beijar o rosto dela, depois fitei Gustav e Agnes abraçados, e na mesa Hilary e Tom sentados lado a lado. Impressão minha ou eu estou de vela? Eca, eu vou voltar pro Georg. Assim que ele chegar. Não.
– Tom, trouxemos de morango para você também – Chelsea colocou o copo do lado dele. Que irônica coincidência – Hilary de baunilha... Gust de pistache e Agnes de chocolate.
Então nos sentamos todos nos sofás gigantes da sala, ligaram a televisão na MTV e eles começaram a conversar sobre coisas aleatórias enquanto eu mexia no notebook em cima das minhas pernas em um canto afastado – ou seja, ficando de vela. Isso já estava me irritando.
Li algumas fanfics que eu estava devendo comentários, principalmente do Tokio Hotel. Eu deixava escapar uns risinhos irônicos quando lia as partes quentes entre Tom e as personagens. Era irônico, porque Tom estava bem aqui do meu lado, quase comendo Hilary.
– Vamos brincar de verdade ou conseqüência.
Santa mãe de Deus, só podia ser quem para falar uma coisa dessas. Chelsea Hölt é claro.
– E Jus, chega perto para você participar também.
– Na-na-ni-na-não. – Eu balancei o indicador acompanhando minha fala – Eu odeio esse jogo.
– Por que, Julia? – Tom perguntou.
– Porque na quinta série ela beijou um menino super gato da oitava que estava brincando – Chelsea respondeu por mim e depois riu – Ops.
– Chel, tem como parar de contar sobre minhas besteiras do Brasil pro Kaulitz? Primeiro “creepy bones” e agora isso. – Ela me respondeu dando língua – Obrigada.
– Brinca, Julia – Hilary sorriu como uma porca, quero dizer, sorriu docemente – Não tem ninguém para você beijar dessa vez.
Obrigada, vadia, por me lembrar que você está com o meu Kaulitz dessa vez. Eu forcei um sorriso.
– Certo, vamos lá.
– Como eu estou morrendo de preguiça de ir pegar a garrafa na cozinha, eu vou escolher o desafiador e a vítima.
– Lá vai bomba – Eu resmunguei.
– Tom e Julia, respectivamente.
– Eu odeio você, princesa.
Eu sabia que não iria dar certo.
– Verdade ou conseqüência? – Tom me perguntou.
– Verdade.
– Qual seu membro favorito da banda? – Tom arqueou a sobrancelha e eu vi do canto do meu olho todos virarem as cabeças para mim, eu devo ter corado.
– Outra verdade – Eu disse.
– Ok, conseqüência. – Tom aumentou o volume da televisão.
Então eu me dei conta que tinham acabado de anunciar a primeira posição no Top 10. Como eu praguejei Tom por isso. Ele sabia que Ready, Set, Go! estava na primeira posição.
– Oh – Eu fingi surpresa – Vocês ganharam o primeiro lugar.
– Sua conseqüência é cantar bem alto para a gente ouvir.
Como eu odeio Tom Kaulitz. Já disse isso? Olhei para ele com uma cara de “você está brincando comigo, só pode”. Ele me devolveu com um rostinho desafiador que eu amo.
We were runnin' through the town, our senses had been drowned, no place we hadn't been before (Nós estávamos correndo pela cidade, nossos sentidos foram afogados, não há lugar que não tínhamos estado antes) – E bem nessa parte do clipe o rosto de Tom aparecia, bem sério e provocante. Eu engasguei e ouvi uma risada.
We learnt to live and then, our freedom came to an end, we have to break down this wall. (Nós aprendemos a viver então, a nossa liberdade chegou ao fim, nós temos que derrubar essa barreira) – Acho que simplesmente toda vez que Tom aparece no clipe eu engasgo. Eu bufei para depois continuar e acompanhar o sussurro de Bill - Too young to live a lie, look into my eyes (Tão jovens para viver uma mentira, olhe nos meus olhos)
Começou o refrão e eu perdi a letra quando fui reparar nos movimentos incríveis que Gustav fazia quando tocava bateria com força, e também contorcia o rostinho lindo. Bill começa a cantar e a câmera se aproxima do seu rosto, agora com a jubinha de leão e todo maquiado. Aparece o Tom com a guitarra, mas é rápido, a câmera acompanha Bill. Eu posso ver o cabelo do Georg se mexendo enquanto ele balança com o baixo. Quando Bill grita “we are one” sua boca fica tão sexy... E depois aparece Tom tocando a guitarra tão bem... Gustav aparece novamente e eu posso ver o piercing na língua do Bill...
– Julia, não baba. Continua cantando.
E adivinha quem foi o palhaço que me fez passar vergonha novamente? Tom Idiota Kaulitz.
– Cala a boca, Kaulitz. Eu estou admirando você no videoclipe – Eu resmunguei e continuei olhando para a tela, ignorando as risadas de fundo.
Os dreads do Tom se mexiam e aquilo era tão incrível, quero dizer, é cabelo, e cabelo se mexe. Mas eram os dreadlocks do Tom Kaulitz. Tem noção de como é perfeito? Bill balança o microfone e depois Tom aparece escalando as paredes com aquela roupa de prisioneiro muito, muito sexy nele. E aí parece que o tempo pára, e o Bill sussurra:
I promise you right now. I'll never let you down (Eu te prometo agora, eu nunca vou te decepcionar) – E depois grita: – Ready, set, go! It’s time to run! (Preparar, apontar, vai! É hora de correr)
E quando eu me dei conta, estava cantando esse tempo todo. Eu sorri. Era cômico ver Tom chegando ao topo por último e ainda parecer tonto no final.
Então eu voltei à realidade e fiquei bem envergonhada, coloquei a almofada no meu rosto e os meninos riram.
– Eu ainda prefiro o Bill cantando – Ouvi Tom gargalhar.
Eu joguei meu copo vazio de milkshake de morango em Tom, que acertou na sua cabeça.
– Ah, fica quieto. Você quem me mandou cantar! – Virei para Bill com uma expressão cômica no rosto – Me desculpa cantar a sua música.
Aí todo mundo gargalhou! Céus! Como eu estou morrendo de vergonha.
(...)

Novo dia. Um dos piores dias da minha vida.
Eu me levantei cedo com despertador e caminhei até o banho. Tomei um banho demorado, também lavei a cabeça. Observei o xampu que eu queria pegar na última prateleira.
– Eu vou me arrepender disso, eu sei que vou – Eu resmunguei.
Pulei. Balancei a mão até bater no xampu. Deu certo, ele caiu na minha mão. Sorte a minha que o condicionador ao lado também caiu. Na minha cabeça.
– Não, não, não! – Eu resmunguei vendo que o condicionador estava escorregando – AI! Gritei quando ele me machucou.
Então ouvi um barulho de alguém tropeçando vindo do meu quarto, aí eu me dei conta de que a porta estava destrancada e entrei em pânico, me abaixei na banheira.
– Julia, você está bem? – Ouvi a voz de Tom do outro lado da porta.
– Aham, o xampu caiu na minha cabe-
Espera, a voz de Tom?
– O que você está fazendo no meu quarto? – Eu perguntei alto.
E tudo ficou silencioso. Eu fiquei com raiva por ele não me responder, mas voltei a tomar meu banho tranquilamente. Vesti minha roupa de viagem que já estava separada. Minha tradicional blusa do Tokio Hotel – clássico, eu deveria sair dali com ela –, jaqueta jeans, saia preta e uma meia-calça, minha pulseira da Jamie, com botas. Acredite ou não, eu estou usando saia. Eu nunca uso saia, mas Bill comprou para mim.
Penteei meu cabelo e passei a maquiagem escura.
Nossa, eu podia me lembrar como se fosse ontem, eu havia acabado de chegar à Alemanha, minha mala atrasou, Tom atendeu ao telefone e nossas brigas começaram ali, Gustav veio me buscar, eu comi pizza, conheci os meninos... Foi tudo tão perfeito.
E agora eu estava indo embora, depois de toda essa aventura.
Arrumei a cama e deixei como estava quando eu havia chegado. Peguei minha mala e cheguei à sala. Vi os garotos jogados no sofá. Os garotos menos Tom, mas Hilary estava ali com Chelsea e Agnes. Senti pena de Georg por ter de ficar de vela quando eu for embora.
Chel deu um pulo do sofá e veio me abraçar.
– Vou sentir tanto sua falta – Ela disse – Vem me visitar em julho, senão eu vou ao Rio te buscar.
– Tudo bem, princesa. Claro que eu venho.
– E não se esquece de mandar a professora de matemática ir ao inferno por mim, eu odeio japonês.
– Não temos aula de japonês, Chelsea.
– Temos sim, com outro nome: ma-te-má-ti-ca.
Eu sorri. E logo depois Georg veio me abraçar.
– Eu gosto muito de você – Ele sussurrou no meu ouvido.
– Pára de medo e me diz que me ama, porque eu também te amo, seu bobão. – Eu retruquei. – Vou sentir sua falta, mas eu prometi voltar em julho.
– Ok, eu te amo, sua baixinha. Vou estar te esperando.
Beijei seu rosto, e depois Bill se inclinou para me abraçar.
– Bill, Bill, Bill – Eu cantarolei – Foi incrível passar um mês com você.
– Ja, Julia. Foi muito divertido, e obrigado por me trazer a Chelsea – Ele riu.
– Agora meu momento fã: não pára de cantar, nunca e nunca. Se você parar eu venho aqui te castrar. E fique bem. Cuida do Tom.
Bill gargalhou, eu amo o som daquela risada.
Não esperei Gustav vir até a mim, eu pulei em cima dele.
– Meu ursinho! Não quero te deixar! Você nunca foi ao Brasil, eu vou estar te esperando lá.
– Minha bebê – Ele disse fazendo biquinho – Eu também não quero que você vá.
– Mas o calor infernal do Rio de Janeiro me espera – Eu ri – Eu amo vocês, muito.
– Vocês vão deixar minha baixinha ir assim, sem nenhuma recordação? – Georg gritou. – Bill, cadê aquelas canetas que você assina as camisas das fãs?
– Boa idéia – Bill sorriu e pegou algumas canetas na bancada da cozinha.
Eu sorri, extremamente feliz. Em pensar que se nunca tivessem descoberto que eu sou uma fã, eu não sairia daqui com autógrafos. Tirei o casaco jeans e os meninos pegaram canetas, escolheram um ponto da minha blusa e assinaram. Eu sorri por cima das cabeças deles, lembrando que eu estava vestindo a blusa do Tokio Hotel.
– Espero que entenda, mas não podemos ir agora com você – Gustav disse – Vamos chamar atenção.
– Tudo bem, cara – Eu disse – Vou de táxi. Cheeeel, vem comigo até lá embaixo.
Descemos de elevador e o porteiro fez o favor de chamar um táxi para mim, eu abracei Chel mais uma vez com força.
– Não acredito que estou indo embora.
– Também não. Não acredito que você vai voltar ao Brasil.
Mas eu não acreditava mais ainda que Tom não estivesse lá para autografar minha camisa e se despedir de mim. Talvez fosse melhor assim, não ter lembranças, como se ele nunca tivesse existido. Eu sofreria menos.
O que é meio impossível, levando em conta de que ele está em todos os lugares, em todas as minhas músicas favoritas.
E um recado para o pessoal que se apaixona: Não façam isso.
Peguei o táxi e cheguei ao aeroporto em menos de dez minutos. Era cedo, o céu estava cheio de nuvens e o aeroporto estava escuro. Peguei a passagem e comprei um copo de café no Starbucks do aeroporto, me sentei alguns minutos esperando o avião.
Então o vôo chegou, a voz alta da atendente soou em três línguas, mandando os passageiros do vôo para o Brasil se direcionarem para o portão 7. Fui caminhando lentamente. A cada passo, uma lembrança com os meninos do Tokio Hotel.
Será que eu os veria novamente? Um dia eles estariam tocando em algum palco do Brasil? Eu estaria lá? E o mais importante: Tom ficaria bem? Eu sentia uma necessidade tão estúpida de ficar ao lado dele, protegê-lo, observá-lo... Beijá-lo.
Passei por um casal com a pele branca, mas bronzeada. Nada alemães. Pareciam até brasileiros, ao lado de um menino extremamente alto. Eles estavam olhando para mim. Eu passei ignorando-os.
– Benjamin, é sério que você vai ir embora sem se despedir de mim?
Oi?

Postado por: Grasiele

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