quarta-feira, 18 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 21 - Temperatura

O garoto que pega a garota, vai para casa onde eles se casam, mas pare a fita. O por do sol continua parecendo falso para mim, parece que o herói não consegue respirar – Mayday Parade

Abri os olhos na manhã seguinte. A claridade que vinha da janela os queimou, eu me levantei, esfregando as mãos no cabelo e no rosto. Precisava sair daquele quarto antes que alguém viesse me procurar e descobrisse que eu não estava no meu próprio quarto.
Atravessei o corredor vazio, ouvi vozes vindas da sala e parei para escutar:
– Estamos quase namorando – Era a voz de Gustav – Foi uma coisa rápida, mas assim, eu me apaixonei e ela sente a mesma coisa. Eu não quero esperar mais. Vou ligar para ela daqui a pouco e vamos sair.
– Beleza. Vou ao supermercado hoje á tarde fazer as compras para essa batcaverna. – Georg disse – Acho que a Jus já deve estar acordada.
– Vai lá chamá-la, já vai bater a hora do almoço.
Eu corri para o quarto e fechei a porta de leve para não fazer barulho. Baguncei a cama com as mãos e depois me tranquei no banheiro. Logo em seguida ouvi batidas na porta do quarto.
– Entraaa. – Eu cantarolei.
– Jus? Está no banheiro? Sou eu, Ge.
– Aham, acabei de levantar, Georg – Eu disse – Depois vou tomar café.
– Tudo bem, só não fica muito tempo sem comer, pois Chel já me avisou sobre o dia em que você chegou a Magdeburgo.
– Ok!
Georg saiu do quarto e eu fiz minha higiene matinal. Lavei o rosto, escovei os dentes, penteei o cabelo, limpei o piercing e troquei por uma roupa leve como pijama, mas que não fosse tão curta. Short jeans, baby look branca que deixa ‘sem querer’ a alça preta do meu sutiã aparecendo, eu prendi o cabelo em rabo de cavalo e calcei minhas pantufas com meias.
Passei pela sala para cumprimentar Gustav com beijinhos e Georg me puxou quando eu desviei dele para me dar beijinhos também. Ah, cara! Georg é a coisa mais linda!
Entrei na cozinha pulando o balcão, o que foi até divertido, se eu não tivesse caído no chão e dessa vez ninguém me segurou. Ouvi gargalhadas altas da sala, vindas de Gustav e Georg.
– Que graça! – Eu disse sarcasticamente. – A emoção baseada na minha dor.
– Oh, Jus – Ge começou – Se você sabe que vai cair, para que faz?
– Eu achei que eu estivesse com sorte.
Com certeza iria ficar com um hematoma na perna.
Fiz meu café da manhã e o devorei em segundos, com fome. Assim que terminei de lavar a louça, a campainha tocou. Eu fui atender, notando que os Gs estavam em outro mundo no videogame.
Abri a porta, e imagina quem era? Chelsea e Henry. Ela apertou minha bochecha e saiu andando, jogou um saco de papel reciclado para Georg e outra para Gustav. Eu ignorei Chelsea quando Henry me puxou pela cintura e me beijou. Ele fechou a porta do apartamento comigo lá fora e aprofundou o beijo, como se não permitisse que as pessoas dentro da sala vissem essa cena.
Colocou um fio de cabelo despenteado atrás da minha orelha e olhou fundo nos meus olhos carinhosamente.
– Como foi sua noite? – Henry perguntou.
– Boa, boa – Então eu me lembrei que tinha dormido no quarto do Tom, senti que tinha ficado pálida.
Ele tocou minha bochecha, apertando até que minha cor voltasse ao normal.
– Não parece. Mas se quiser saber, a minha foi ótima – Ele fez sinal ‘jóia’ com a mão –, sonhei com anjos. Cabelos pretos e piercing no lábio.
Eu ri e mordi sua bochecha.
– Que lindo. Diz-me o que eu fiz para te merecer?
– Nasceu, e então eu apareci. – Ele me respondeu, abrindo novamente a porta e me empurrando suavemente para dentro.
Henry cumprimentou os garotos e entrou na conversa de videogames, que eu preferi ignorar. Sentei-me na bancada e observei Chel tirar uma maçã do saco de papel. Ela deu uma mordida gigante e depois empurrou outro saco de papel para mim.
– O que é isso? Café da manhã de graça? – Eu perguntei.
E dentro do saco tinha uma caixa de morangos. Ela sabe, eu pensei, droga. Tinha também uma folha imprimida do computador.
– Safada – eu sussurrei baixo para ela.
– Nada contra você e o Henry, Jus. Mas eu queria te lembrar sobre aquela outra pessoa, que um dia você me disse que gostava além do que tinha de gostar.
– E sua cabeça começou a funcionar, para isso, você me trouxe a fruta favorita dessa pessoa? – Eu bufei comendo os morangos. Coloquei açúcar em cima – Eu não tenho o que dizer sobre o Tom. Estou com Henry, isso que importa.
– Tom também já foi a ‘única coisa que importa’ para você – Ela me lembrou. Eu suspirei.
– Passou o tempo mental que Tom era valioso. Ele é só mais um garoto agora.
– Um homem – Ela me corrigiu – Ele já vai fazer dezoito.
Eu observei Chel comendo a maçã e saí notei que ela não pensava “Tom é um homem que já vai fazer dezoito”. Ela pensava “Bill é irmão do Tom, já é um homem e vai fazer dezoito”. Chel parecia em outro planeta. Eu sorri.
– Ah, mamãe mandou um abraço e um beijo para você. Disse para você passar lá depois para pegar suas roupas limpas que ela lavou – Chel falou de forma automática – O que os Gs vão fazer hoje? Eu estou morrendo de tédio. Henry é o maior chato.
– Os ouvi dizerem que Gust vai sair com a namorada e Georg vai ao supermercado. Vamos ficar nós três em casa.
– Corrigindo, vai ficar você e Henry. Se for para ficar trancafiada com um casal, eu prefiro ficar deitada na minha cama, na minha casa. Sabe-se lá o que vocês vão querer fazer...
– Ou comer – Nós gargalhamos.
Olhei a folha imprimida, tinha o nome de um fã clube do Tokio Hotel. A notícia era a seguinte: “Membro da banda impossibilitado de tocar nos shows é revelado”, seguido por uma foto em que Tom aparecia usando uma luva ortopédica.
“Nesse final de semana, nossos fotógrafos encontraram Tom Kaulitz entrando em um restaurante japonês com Bill, seu irmão, Andreas, o melhor amigo, acompanhado de uma garota desconhecida. ‘Digamos que eu estava em uma guerra com a cama’, brincou o nosso Kaulitz, mostrando a mão com uma luva para tratar de braços torcidos. O que vocês acham agora, tokitas? Será que essa guerra na cama envolvia a prima do Gustav, Julia, ou essa nova castanha ao lado do Tom? Esperamos por notícias, até a próxima matéria. By: T.W”
A campainha tocou novamente, eu fui até lá atender. Abri a porta e um homem desconhecido estava lá com uma prancheta na mão e canetas.
– Você é o senhor... Senhora Tom Kaulitz?
– Cruzes, nem brincando! – Eu gargalhei e o homem me encarou sério – Certo... Não sou, não, mas deixe-me chamar alguém aqui... Georg Schäfer Kaulitz!
Ele levantou do sofá com a sobrancelha arqueada.
– O senhor substituto que pode ser quem você quiser – Eu apontei para Georg e isso ficou meio gay, Ge me deu um pedala na cabeça – Vê aí o que o Kaulitz quer.
Os homens conversaram por um tempo e eu voltei à bancada para terminar meus morangos. Logo depois eles abriram os dois lados da porta e entraram com um piano dentro da casa. Carregaram o piano para algum lugar depois do corredor e saíram.
– Parece que Tom encomendou um piano para o quarto dele – Georg disse.
– Ah cara! – Gustav falou batendo com a mão na testa – Eu me esqueci de avisar!
– Oi? – Eu perguntei, boiando – Avisar o que?
– BILL! – Ouvi a gargalhada conhecida vindo da porta, a gargalhada calorosa de Bill.
Chel deu um pulo da bancada e depois pulou no colo de Bill. Eles se beijaram na porta, o que foi até engraçado de se ver. Sem querer ofender aos beijos calorosos dos casais, mas parecia até que eles queriam se comer bem ali.
– Ok, chega de pornografia na sala de estar, princesa – Eu falei alto e eles se separaram rindo.
Henry se aproximou do meu banco, separou minhas pernas suavemente e se colocou no meio delas, me abraçando pela cintura.
– Não é só Chelsea e o gigante ali que tem direito de se beijarem – Henry falou fazendo um biquinho.
– Já te beijei demais por hoje, Henry – Eu brinquei.
– Por hoje? – Ele arregalou os olhos – Poxa, então eu vou ficar na seca pro resto do dia que ainda nem começou direito.
Nós rimos e eu me aproximei para dar um selinho nele e depois saí da bancada para abraçar Bill também.
Espera! Eu já sabia o que eu mesma estava pensando, só atrasei meu raciocínio para não ficar de cara com a verdade, Se Bill chegou, Tom Kaulitz também deveria estar ali.
Entrei na cozinha com Henry e fiquei observando pelo buraco da parede, os garotos conversando alto na sala. Depois de um ou dois minutos, Tom entrou pela porta, marchando como um pingüim usando uma camisa gigante cinza muito linda, jeans e boné preto. Além da luva ortopédica que eu tinha visto na folha impressa. Ele estava muito... Sexy. Parecia que tinha algo novo nele.
Um sorriso mais atualizado, um pouco debochado, a postura mais leve acentuando seus ombros largos... Podia também ser a inocência nos olhos maliciosos, uma total contradição. Eu me lembrei o motivo pelo qual tinha me apaixonado por Tom Kaulitz. Contradições.
Tinha. Ouviu bem ou quer que eu fale mais alto, Julia Benjamin? TINHA ME APAIXONADO.
Tom vagou seu olhar pela sala, cumprimentou os Gs e Chelsea e deixou sua mala no chão, sem parecer me notar. Atrás dele, eu vi a castanha que tinha conhecido na semana passada. Como era o nome dela? Hil... Hilary. Irmã de Andreas. Mas Andreas não estava ali.
Observei Tom puxando Hilary pela mão, perguntou alguma coisa para Chelsea, que apontou o dedo na minha direção. Tom se virou surpreso, sem sorrir, acenou para mim e continuou andando para o corredor. Diferente de Hilary, que parou na minha frente, sorriu e me abraçou. Eu fiquei estática. Pelo abraço de Hilary e por Tom ter a imensa cara-de-pau de acenar depois da palhaçada que ele arranjou comigo no hotel, bem assim, como se nada tivesse acontecido.
– Oi Julia – Ela disse – Não sabia que morava com os meninos.
– Ah, oi Hilary. Não moro, estou passando uns dias. E você? – Minha pergunta na verdade era: “O que você está fazendo aqui, vadia?”
– Vim acompanhando Tom, também por uns dias. – Ela corou e soltou uma risadinha – Ele está me chamando.
– Certo...
Eu não posso negar, mas aquilo me chocou. Ela estava com Tom? Quero dizer, ela disse ‘acompanhando’ ele, isso significa que ela estava junto com ele, certo?
Não! Nada certo! Ela não podia estar com ele. Motivos? Também não havia motivos, eu estava dizendo aquilo só... Só por estar sendo obsessiva. Não. Eu não estou sendo obsessiva. Isso. Só uma leve curiosidade.
– Jus? – Henry me tirou de um transe mental em que eu continuava fitando o local que Hilary pisou pela última vez – Tudo bem, sua linda?
Eu troquei um olhar confuso com Henry.
– Aham, tudo bem. – Não tenho tanta certeza disso agora.

(...)

Depois que a casa cheia já estava mais calma, Bill carregou Chelsea para o quarto dele, e eles se trancaram lá; Georg foi ao supermercado carregando Gustav junto, que antes de voltar, iria se encontrar com a “namorada” Agnes; Tom e Hilary... Bem, eu não os via desde cedo quando chegaram, os dois entraram no quarto e de longe eu ouvia o som de piano.
Estava passando Friends na televisão. Henry estava deitado no sofá, e eu estava deitada por cima dele, com os olhos fechados o sentindo fazer carinho no meu cabelo e traçar um caminho pelas minhas costas com seu dedo.
– Jus.
– Hm? – Eu ergui a cabeça para olhar nos olhos de Henry.
– Sem pressão. A casa está cheia de casais. Todos estão trancados em seus quartos agora e... – Para completar a frase, Henry puxou a barra da minha camiseta e eu sorri perversamente.
Desliguei a televisão e voltei para meu quarto com Henry, que ainda segurava a barra da minha blusa. Fechei a porta com chave – o que eu não duvido que os outros ‘casais’ tenham feito. Puxei levemente a gola do suéter de Henry, me abaixei e entrei no suéter, deixando assim a temperatura mais quente e os nossos corpos colados.
Henry iniciou um beijo bem calmo, que combinava totalmente com o clima. O quarto estava silencioso a não serem os estalos que os beijos faziam. Sem me dar conta de que antes caminhávamos de costas, Henry bateu na cama e caímos os dois nela, me deixando por cima.
Dentro do suéter, Henry puxou minha baby look, retirou as alças e tchauzinho para minha blusa. Agora eu sentia sua pele quente encostando-se à minha, e seu abdômen se contraía, ficando levemente arrepiado. Isso foi engraçado de sentir. Hen segurou minha cintura e impulsionou com os braços para que o suéter caísse no chão, rolou na cama, ficando agora por cima de mim.
– Eu adoro rolar na cama – Eu sussurrei em alguma pausa entre os beijos.
– Prefere ficar rolando na cama ou continuar o que não terminamos?
– Eu escolho continuar...
Henry separou minhas pernas e se encaixou em mim, segurou um lado do meu pescoço com a mão e com a boca, deixou leves mordidas no outro lado dele. Trocamos carícias por alguns minutos entre beijos e leves mordidas. Começou a ficar ‘legal’ quando ele contornou meu tronco com sua mão e parou no fecho frontal do meu sutiã.
Mas nesse mesmo momento, um infeliz ser de outro mundo que está a fim de ficar banguela e não tem amor a própria vida nem respeito á minha privacidade, bateu na porta. Eu bufei de raiva e Henry sorriu, selando meus lábios. Ele se levantou da cama em um pulo e abriu a porta até a metade, de qualquer forma, a pessoa que bateu pôde o ver sem camisa, mas não me ver deitada na cama.
Eu não prestei atenção na conversa da porta. Eu rolei algumas vezes na cama, procurando minha baby look no chão e depois me enrolei no edredom quente. Ouvi quando Henry fechou a porta e voltou a deitar-se na cama.
– Quem é o próximo da minha lista negra? – Eu perguntei.
– Tom – Henry sorriu, eu senti vontade de dizer que Tom já estava na minha lista negra fazia tempo – perguntou se nós estávamos a fim de assistir um filme com ele, Bill e Chelsea. Eu disse que iria perguntar para você.
Henry apertou minha bochecha de forma fofa.
– Tudo bem para mim, continuar mais tarde... Novamente. – Ele disse rindo.
– Ok para mim também. – Eu falei, sentando-me na cama e colocando a blusa – Vamos lá.
– Eu faço a pipoca – Ele falou.
– Chel já me contou que seus dotes culinários não são os melhores, bebê – Eu passei a mão pelo cabelo negro dele.
Saímos do quarto e chegamos à sala juntos. Já era de se esperar que Tom e Hilary estivessem escolhendo os filmes, também juntos. Assim que notou minha presença, Tom disse:
– Hilary, Julia – Ele apontou dela para mim e depois de mim para ela – Benjamin, essa é Hilary, minha namorada.
Eu devo ter ficado pálida novamente, mas balancei a cabeça afirmativamente para disfarçar.
– Conheço a Hil, Kaulitz. – Eu retruquei – Suponho também que já conheça Henry. Bem, eu vou fazer a pipoca.
– Tarde demais, eu já estou fazendo – Ouvi a voz de Chel da cozinha – E ensinando ao Bill.
– Ai, Chel! Queimei meu dedo! – Ouvi Bill resmungar.
– Own, não se preocupa, meu anjo. Deixa que eu vou dar um beijinho para curar.
– Eca – Eu falei e Henry sorriu ao meu lado.
– Pode comprar o refrigerante, Julia – Hilary me informou – Tom, leva ela no seu carro para não demorar muito. Estou em dúvida entre ‘E Se Fosse Verdade’, ‘A Família Adams’, ‘O Senhor Dos Anéis’ e ‘Diário De Uma Paixão’.
– Posso dar a minha opinião? E Se Fosse Verdade é o mais bonito, mas estamos em casais e Diário De Uma Paixão vale mais a pena, mas se você levar em conta de que todo mundo gosta de comédia e aventura, os outros dois empatam. – Henry disse.
– Isso Henry, senta aí que eu já volto – Eu disse, saindo pela porta da sala com a chave nas mãos.
Estava descendo as escadas e ouvi Tom cantarolando atrás de mim algum som de bateria. Imagino que seja a introdução de Ich Brech Aus. Eu o fitei, estranhando, sem parar de descer. Olhei para trás algumas vezes, e já tinha demorado demais, até que eu tropecei. Iria ter uma queda muito grande se Tom não tivesse me puxado pela camisa.
– Essa blusa deixa seu sutiã aparecendo – Tom informou.
Eu cerrei os olhos.
– É, eu sei – Respondi seca.
– Tudo isso para o tal do Henry?
– Henry já sabe o que vai encontrar debaixo da minha blusa – Eu respondi deixando a malícia transparecer – Esse jeans deixa a barra da sua boxe aparecendo. Tudo isso para a Hilary?
Tom gargalhou por estar engolindo as próprias palavras. Abriu a porta do carona e eu entrei, ele entrou logo em seguida.
– Hilary também já sabe o que vai encontrar além das minhas roupas.
– Imaginei que ela fosse apenas mais uma ‘rodada’. – Eu disse com um toque de provocação.
Tom me fuzilou com os olhos.
– Hilary é minha namorada, Benjamin.
– Uma vez você me disse que não é o tipo de garoto para ter namoradas.
– Uma vez você me disse que não iria voltar a ficar com Henry – Ele retrucou, sua voz mudou de tom e eu não sabia dizer o que estava escondido por trás daquela frase.
– Então eu me enganei ao pensar que sua mente era pequena demais para namorar alguém. Parabéns, Kaulitz.
Ele ficou em silêncio. Eu desci do carro enquanto ele esperava, comprei duas garrafas de refrigerante e voltei. Coloquei-as em cima da minha perna assim que Tom ligou o aquecedor, o que me fez ficar arrepiada no mesmo instante. Como eu estava de short, ficou bem visível. Eu notei Tom olhar para mim pelo canto do olho. Ele diminuiu o aquecedor e passou a mão por cima da minha perna, sem encostar, mas muito próximo a ponto que eu conseguia sentir a temperatura da sua pele. Logo a sensação já tinha acabado. Eu me surpreendi com aquilo. Fora totalmente intencional.
O que ele estava fazendo?
Foi nesse momento que eu vi em sua mão três pontinhos escuros. Pontos. Aqueles que você coloca quando rasga a pele. Eu estremeci. A fenda era quase do tamanho que eu tinha visto no sonho, em que Tom se cortava com um caco de vidro do espelho.
Eu segurei sua mão tendo cuidado para que meus dedos não se encostassem aos pontos. O Kaulitz olhou para mim interrogativamente, mas não tentou puxar sua mão de volta. Deixou que aquela ligação continuasse. Eu analisei os pontos.
– Kaulitz, o que é isso? – Eu perguntei sem soltar a mão.
– Pontos. – Ele disse e eu fiz cara de óbvio.
– E como você fez isso? – Eu perguntei, e depois apontei para a luva na mão que dirigia – E isso.
Então, Tom puxou sua mão e a levou novamente para o volante, pressionando de forma que eu não pudesse ver os pontos. Ele ficou calado, não iria responder. Senti-me agoniada, eu precisava saber como.
Voltei ao apartamento, eu subi na frente com os refrigerantes e coloquei nos copos para todos. Senti Henry envolvendo seus braços na minha cintura e depois beijou meu pescoço.
– Escolhemos ‘Diário De Uma Paixão’ – Ele sussurrou.
Era de imaginar que Bill fosse fofo o suficiente para votar no filme mais romântico, e Chel também.
– É ótimo ver um filme romântico com você – Ele voltou a falar.
– Uhum – Eu concordei – E depois, finalmente vamos ter paz. Levando em conta que Chel vai adormecer com Bill. E Tom não tem nada haver com a minha vida, ou seja, se me interromper novamente em uma hora como aquela, eu quebro os dentes dele e ele vai ter que pedir os de Bill emprestados.
Henry riu e eu apenas sorri. Ele continuou abraçado por trás comigo, segurando com uma das mãos, os meus braços, e com a outra, ele tomava o copo de coca-cola por cima do meu ombro.
Tom passou por nós para pegar seu copo de coca-cola e enquanto voltava á sala, esbarrou em mim, então eu levei um banho de refrigerante. Eu respirei fundo.
– Scheiße, Kaulitz! – Eu rugi, me soltando do abraço de Henry. Eu peguei meu copo e joguei um pouco de refrigerante nele, ele arregalou os olhos, com visível raiva.
– O que deu na tua cabeça? – Ele aumentou a voz – Foi sem querer! Você explode um sache de ketchup em mim, coloca uma batata assada na minha cabeça e eu não posso derramar um pouco de refrigerante em você.
– Isso foi há séculos! – Eu disse – E não! Você não pode derrubar refrigerante em mim!
– Ah, não? – Ele entornou o resto do copo – Opa.
Eu devo ter ficado vermelha de raiva. Avancei alguns passos e comecei a bater em Tom. Acertei alguns tapas no seu braços, mas ele segurou minhas mãos depois.
– Me solta! – Eu gritei.
– Pára de tentar me bater!
– Você é irritante!
– Você é uma pessoinha chata! – E nesse momento, Tom colocou o pé por trás de mim, empurrou minhas mãos para cima e depois me soltou, fazendo com que eu caísse no chão bem ali, na frente dos outros.
– Aaaah! – Eu gritei.
Fechei os olhos, ainda deitada no chão e senti meu corpo estremecer de raiva. Eu poderia pegar uma faca e esfaqueá-lo agora mesmo. Senti raiva de Tom por tudo que ele já tinha feito.
Senti raiva por ter lido as mensagens no meu notebook, por gritar comigo pela primeira vez, por me abraçar e dizer que eu estava ‘me derretendo’, por deixar meus lábios sujos ketchup, por me fazer voltar para o quarto quando ele cantava tão bem e eu queria ouvi-lo, por me emprestar a blusa gigante e não a querer de volta por causa do meu perfume, por me fazer ciúmes no estúdio e depois jogar isso na minha cara, até mesmo por ficar ao meu lado quando eu comi camarão. Senti raiva por me levar ao seu quarto quando eu não podia quebrar mais alguma regra, por dormir enquanto eu estava falando, por brigar comigo diversas vezes, por implicar com a janela do avião, colocar os óculos de sol no meu rosto quando os fotógrafos apareceram. E mais que tudo, por um dia ter me beijado e dormido ao meu lado.
Eu abri os olhos, e seu rosto estava próximo do meu, como se avaliasse se eu estava bem ou não.
– Benjamin, você bateu a cabeça? – Ele perguntou baixo.
– Não! – Eu gritei e ele se levantou rápido, me encarando agora de longe.
Henry me ajudou a levantar me dando a mão. Eu a segurei, e ele me abraçou, apertando seu braço na minha cintura.
Calma, Jus – Henry sussurrou.
Tom passou por nós batendo os pés e respirando alto.
Eu me afastei de Henry e passei pelo corredor com ele atrás de mim. Entrei no quarto e fechei a porta com chave. Antes que Henry avançasse mais algum passo, eu segurei seu pescoço e o beijei com raiva, sem me importar com o que aquilo iria parecer. Afastei-me apenas para jogar a blusa molhada no chão e voltei a encostar minha pele em Henry, ficando agora só de sutiã e shorts.
Eu só queria esquecer todos os momentos com Tom Kaulitz.
Henry sorriu entre o beijo, usando a mão para explorar minhas costas, escorregou as mãos até meu short e o desabotoou. Puxou o short até que ele escorregasse sozinho, interrompeu o beijo, se abaixando até ficar de joelhos, e agora suas mãos exploravam minhas pernas.
Senti seus dentes na minha cintura, seus lábios fizeram um trajeto em volta da barra da minha calcinha, eu suspirei enquanto segurava seus fios de cabelos negros. Empurrei Henry, ele caiu sentado no chão e sorriu. Sentei-me em cima em cima dele, e forcei para que ele tirasse a blusa, e depois desabotoei o jeans que ele usava, sentindo uma leve excitação por cima da calça.
Henry se deitou no chão e eu o acompanhei, voltamos a nos beijar entre mordidas e selinhos. Ele puxou a alça do meu sutiã e depois desfez o fecho frontal, ao mesmo tempo em que forçava que sua calça jeans saísse. Beijou meus ombros e acariciou suavemente meus seios. A temperatura do seu corpo me fazia estremecer e ter vontade de ficar mais grudada ainda com ele.
Henry se colocou por cima e pressionou sua cintura contra a minha, como se mostrasse quando estava ‘animado’ enquanto nossos sexos se chocavam, ainda cobertos por finos tecidos, Henry apertou minha cintura.
Eu fechei os olhos, gemi e levei minhas mãos á boca quando quase deixei escapar outro nome que não se encaixava nada com aquela situação.
(...)
Já era noite quando Henry precisou ir embora com Chelsea. Eu tomei um banho bem demorado, inclinei a cabeça e deixei que a água quente escorresse pelo meu corpo, devo ter ficado minutos ali. E quando abri os olhos novamente, estava tonta e acabei batendo a cabeça na parede, mas isso não faz diferença na minha vida.
O que eu... Quase fiz?, pensei e voltei a bater a cabeça na parede. Droga.
Coloquei meu pijama bem delicado – eu, particularmente, adoro vestir pijamas que se ajustam ao meu corpo -, uma calça bem larga cinza, meias e pantufas, uma blusa preta e coladinha que deixava dois dedos da minha cintura aparecendo. Sentei-me na cama de pernas cruzadas, alguns minutos depois a porta do quarto se abriu, Gustav entrou lentamente com um sorriso bobo no rosto.
– Oi, Jus – Ele se sentou na minha cama.
– Como foi seu encontro? – Eu perguntei.
– Incrível. Eu já te contei que a Agnes é a coisa mais linda do mundo?
– Não, mas depois dessa nem quero saber – Eu fiz um biquinho – Pensei que eu era a coisa mais bonita do mundo.
Gustav me puxou para um abraço. Sentindo seu perfume doce e apertando aquele corpo fofinho contra mim, deixe-me descrever o abraço do meu Teddy Bear: é maravilhoso.
– Você também é a coisa mais linda do meu mundo, sua chatinha – Gustav disse com uma voz aguda muito estranha. – Mas quero dizer que hoje a Agnes deu uma de Julia Schäfer e tropeçou na rua. Eu a peguei no colo e depois ela me chamou de anjinho da guarda.
O sorriso de Gustav se alargou imensas vezes, o que me fez sorrir também. Abri meu fichário em cima da cama bem na frente de Gustav, mesmo com tantos adesivos do Tokio Hotel e fotos aleatórias, além do mais, ele já sabia. Escrevi em uma folha em branco: “Ela o chama de anjo, ele a protege como um”.
– O que você escreveu aí? – Gustav perguntou, tentando falar a frase em português, o que, ao certo, não deu certo.
– Nada, não. – Eu fechei novamente o fichário – Mas me conte mais.
– Na-na-ni-na-não. Agora me conte sobre seu dia.
Eu corei ligeiramente, e levei minhas mãos ao rosto.
– Ah, bem, foi normal. – Eu disse.
– Normal? – Gustav me lançou um olhar pervertido – Se você diz, tudo bem.
Beijou minha testa e foi andando para a porta.
– Vou dormir agora, Jus. Boa noite – Gustav fechou a porta.
Quem dera meu dia fosse realmente normal.
Eu me deitei e na mesma hora senti uma forte dor de cabeça. Massageei as têmporas, mas nada melhorava. Fui á cozinha que tinha uma luz acesa. Hilary e Tom estavam lá. Eu passei despercebida, peguei um copo de água.
– Tudo bem, Julia? – Hilary perguntou – Parece pálida.
– Dor de cabeça – Eu respondi.
Hilary veio até a mim e passou a mão nos meus cabelos. Hilary é mais alta do que eu. Até seus toques esbanjavam delicadeza. Eu não conseguia gostar dela.
– Quer algum remédio? Eu devo ter trago algum para dores de cabeça.
– Obrigada, Hil. Eu adoraria – Eu disse.
– Sendo assim, posso te chamar de Jus também? – Ela sorriu e eu acenei afirmativamente – Vá se deitar que eu levo o remédio no seu quarto, vá.
Eu voltei ao quarto e me deitei embaixo das cobertas, fechando os olhos. O tempo parecia passar rápido, minutos que pareceram segundos anunciaram a chegada de Hilary ao quarto, ela fechou a porta. Senti seu peso sentando-se na cama e o barulho suave do comprimido caindo dentro do copo de água.
– O liquido vai borbulhar e tem gosto de laranja.
Mas a pessoa quem disse essa frase não tinha a voz de Hilary. A possibilidade de Hilary ser um travesti passou pela minha cabeça, mas era mais fácil tirar a coberta dos olhos. Tom estava no meu quarto, sentado na minha cama. Sozinho.
Seus olhos estavam cansados e não via nenhum sinal de ignorância como antes. Era como se estivesse de olhos fechados, puramente como um anjo.
Eu peguei o copo e bebi todo o liquido que tinha tomado a cor laranja, era até gostoso, mas como qualquer remédio, eu detestei. Deixei o copo no criado mudo e me levantei da cama pelo lado oposto ao que Tom estava. Entrei no banheiro com a porta aberta e lavei o rosto, sentindo meu rosto arder levemente.
Pelo espelho, vi Tom entrando no banheiro. Ele se aproximou por trás de mim, e como no carro, passou a mão pelo meu braço, sem encostar. Meus pelos se arrepiaram. Eu me virei, o que me deixou em uma posição nada comum para duas pessoas comprometidas com outras. Senti Tom perfurando meus olhos.
Aquela cor castanha me fazia me perder, como em um labirinto. Meus hormônios estavam agitados hoje, mas eu ainda tinha raiva dele, por tudo. De qualquer forma, eu queria tê-lo de volta para mim. Tendo seus lábios a hora que eu bem quisesse, e fazendo o que eu queria. Esquecendo tudo. Mas não era tão simples. Aconteceram coisas demais...
– Me desculpe – Ele sussurrou.
... E determinadas coisas não podem mais ser concertadas. Tudo bem que Tom não acreditasse no amor, mas ao dizer que as fãs não amam, era como se dissesse que eu não o amo. Não o amava. Pensei em Henry... Espera!
– O que? – Eu me atrasei alguns segundos.
– Ora, não me faça repetir – Ele suspirou – Julia, me desculpe.
– Pelo que?
– Por brigar com você hoje á tarde – Ele revirou os olhos.
Eu me apoiei no mármore da pia atrás de mim, para não cair. Era isso mesmo ou eu estou imaginando coisas? Eu desviei o olhar preso nos olhos de Tom, fitei o chão, o teto, a parede, a sombra...
– Tudo bem, Kaulitz – Eu disse.
Ele segurou meu rosto com as duas mãos, me fazendo olhar em seus olhos.
– Não me chama mais assim, me chama de Tom. Sério. – Ele hesitou, soltou meu rosto – Você está queimando.
– Que nada, é só uma dor de cabeça.
Uma dor de cabeça que fez minhas pernas bambearem, eu escorreguei, mas me segurei á bancada do banheiro. Tom gargalhou baixo, envolveu um braço na minha cintura e passou o outro por baixo dos meus joelhos, me pegando no colo. No momento, eu só fechei os olhos quando as coisas ficaram misturadas. Então ele me colocou na cama e pegou o copo vazio no criado mudo.
– Boa noite, Julia – Ele disse bem claro e fechou a porta do quarto.
Desde quando ele era assim?
O que quer que ele esteja fazendo, está diminuindo minha raiva. O que pode ser bom ou ruim.
Minha dor de cabeça me fez perder os sentidos, me enrosquei no edredom para que meu corpo esquentasse. De alguma forma, eu sentia falta do calor de alguém que me protegesse. Não poderia ser o calor de Henry ou de Georg. Precisava ser o calor de um ser estranho de um cabelo loiro escuro, olhos castanhos como labirintos que te enganam de várias formas, mais ou menos 1,88 de altura, cheio de contradições com um ar meio ignorante, impulsivo e egocêntrico. E tinha nome. Tom Kaulitz.
Foi bem aí que eu me dei conta de que precisava dele. Mais do que tudo, agora. Eu sentia ciúmes e tentava esconder. Minha cabeça girava e ele tinha se tornado mais que um guitarrista famoso ou mesmo um estranho bipolar. Eu estava, vamos concordar, apaixonada por quem não deveria.
Alguns anjos não choram e nós somos, e nós somos apenas dois deles – Tokio Hotel

Postado por: Grasiele

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