quarta-feira, 18 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 25 - Achei que tinha te dito isso.

Naquele fim de semana, meus pais saíram de casa. Foram para algum lugar em outra cidade, parece que para encontrar com uma família para um jantar de negócios. É claro que eu pedi permissão para sair de casa no sábado à noite antes que eles fossem, e me permitiram, mas também pediram para eu arrumar toda a casa antes de ir.
Então depois de arrumar toda a casa, ainda eram seis horas. Eu me coloquei em frente ao meu guarda-roupa que a qualquer instante poderia sair um leão de Nárnia. Estava uma zona de perigo lá dentro. Arrumei tudo por cores e resolvi parar depois de um tempo com medo de desenvolver um tipo de transtorno obsessivo.
Eram sete horas quando eu fui tomar banho. De toalha, coloquei o vestido em cima da cama e os saltos do lado. Analisei minhas reações. Gritos histéricos queriam escapar dos meus lábios, Tom Kaulitz tinha comprado aquelas peças de roupa, só para mim.
Eu nunca esperei que ele fosse tão carinhoso. Mesmo que esse Kaulitz estivesse lá no fundo do baú, ele tinha que existir. Ou queria me fazer acreditar que existia.
O rosto delicado sempre aparecia na minha mente, nada combinando com suas atitudes. Mas parecia que suas atitudes era pelo que eu estava apaixonada. Ele era rude, grosso, curto, engraçado, irônico, lindo, irritante, mal-humorado, pessimista, lindo novamente. Eu estava começando a acreditar que éramos totalmente diferentes, mas com pensamentos iguais. Isso nos fazia brigar.
Caí dos devaneios quando meu celular tocou com a música da Chelsea, atendi o mais rápido possível.
– Você já está pronta? – Eu perguntei.
Óbvio que ela também iria à festa.
Já! – Ela soltou uma exclamação que eu pude reconhecer como intensa alegria – Você precisa ver meu vestido!
– Você também precisa ver o meu! Foi o Tom quem comprou, imagino que o seu tenha sido o Bill – Eu disse.
Sim, foi. Então já consegue imaginar que é incrível. Juuuulia, eu estou tão ansiosa!
– Certo, que horas você vai pra lá...?
Ouvi uma buzina vindo do telefone.
Agora. Bill chegou – Ela disse com a voz ansiosa demais – Tchau, Jus. Te espero lá?
– Aham, até mais.
Ela desligou. Eu me apressei em começar a me arrumar. Lembrei-me de algumas regras que Bill tinha me ensinado antes de me arrumar, primeiro o cabelo e a maquiagem. Coloquei uma cadeira em frente ao espelho e comecei a fazer o cabelo.
Nem era necessária uma escova, eu particularmente tenho o cabelo liso, com apenas algumas voltinhas nas pontas, mas eu até gostava delas. Deixei que o cabelo escorresse naturalmente pelos ombros e prendi a franja atrás com uma presilha prateada com umas pedrinhas formando um desenho de uma coruja delicada. Fiz a maquiagem nos olhos, o olho contornado pelo delineador preto, finalizando com a ponta gatinho. E por último, contornei a boca com um batom vermelho, tendo que tirar o piercing para isso. Troquei de jóia, coloquei um piercing prateado para a festa.
Depois de terminar todo o rosto, me vesti, calcei o salto e coloquei um curto casaquinho jeans por cima, andei lentamente sem tropeçar até o espelho e avaliei. Até que eu estava apresentável.
A casa estava um silêncio.
Eu revirei os olhos.
– Essa droga de vestido está incrível e eu sou orgulhosa demais para falar alto que estou me sentindo perfeita com o vestido que Tom comprou – Eu murmurei.
Soltei uma gargalhada, era muito irreal. Meu coração disparava só de pensar que eu estava prestes a ir a uma festa das fãs do Tokio Hotel, acompanhada do Tom. Tropecei no próximo passo e quase caí. Era difícil de acreditar.
Ouvi uma buzina no andar de baixo. Ele também era orgulhoso demais para descer do carro e tocar a campainha como nos filmes. Eu não estou esperando mesmo que seja como nos filmes, não é?
Desci as escadas bem devagar com medo de cair, hesitei com a mão na maçaneta. Sabe quando aquele sorriso cresce gigantescamente no seu rosto? Foi bem assim, eu estava nervosa. Não deveria. A campainha tocou bem na minha frente e isso me deixou um pouco irritada.
– Já vou! – Eu disse bem alto.
– Você é uma lesada! – Tom gargalhou do outro lado da porta.
– Gazela! Girafa! Kaulitz!
Eu gargalhei também, abri a porta. Tom me recebia com um sorriso gigante, encostado do batente da porta como aqueles bad-boys dos filmes.
O problema era que não era bem o Kaulitz parado à porta. Quero dizer, era o Tom, mas com um estilo totalmente diferente – não que eu não goste de roupas justas, ele estava sexy ao extremo; usava uma camisa branca do seu tamanho, ou seja, não era uma camisola, era exatamente para seu tamanho. Por cima, um casaco preto e fino, aberto deixando à mostra a camisa, estava erguido nos braços até os cotovelos, usava um relógio branco. Como sempre, usava um jeans azul escuro e tênis brancos. Seu piercing era uma jóia prateada parecidíssima com a minha, seus dreads estavam presos com apenas uma faixa preta. Como eu disse, ele estava sexy ao extremo.
Balancei a cabeça quando me dei conta de que estava olhando para baixo tempo demais, parei olhando para seus olhos. Será que ele percebia? Mantive o olhar até me sentir corada, então desviei. Eu ouvi o som da sua risada baixa.
– Pintora de rodapé, gnoma, ameba – Ele sussurrou.
– Protozoário, idiota, estúpido – Eu retruquei no mesmo tom de voz.
– Criatura do pântano. Pequena. Pequena criatura do pântano.
Eu revirei os olhos; o vi dar um passo a frente, mas depois pareceu confuso e apontou para o carro estacionado em frente a minha casa.
– Vamos? Todos os garotos já devem estar lá.
Há um tempo, ele iria se aproximar e me elogiar. De qualquer forma, foi mais do que eu esperei quando ele colocou uma das mãos na minha cintura e me puxou levemente, como se me conduzisse para longe da porta. Ele a fechou e girou a chave no trinco; ainda com uma das mãos na minha cintura, colou os lábios no meu rosto e demorou um tempo além do normal. Ou eu estou imaginando coisas demais.
Caminhamos até o carro e ele mantinha a mão na minha cintura. Um dia desses, eu preciso avisar que seu toque esquenta minha pele, mesmo sobre roupas, fica quente – e fica bom. Tom apenas se afastou de mim um ou dois metros antes do carro, e se dirigiu ao outro lado no banco do motorista. É, imaginei que ele não fosse abrir a porta.
Entramos no carro, ele ligou o ar condicionado e deixou o som baixinho em alguma música da estação. Estava incomodada com o frio e movi a saída do ar condicionado para cima, Tom me olhou no canto do olho e moveu a saída de ar para baixo novamente. Eu estendi a mão para mudar de posição e ele segurou meu braço.
Nós rimos, depois ele soltou meu braço e me deixou mudar a saída do ar.
Meu celular tocou com a música da minha mãe, era “Só Hoje” do Jota Quest, aquela música bonitinha em português. Eu demorei um tempo pegando o celular na minha carteira e notei que Tom prestava atenção.
Já saiu de casa? – Minha mãe perguntou.
– Sim, acabei de sair. Algum problema? Eu arrumei a casa todinha.
Não, bebê. Eu só queria saber como Tom estava vestido mesmo, ele deve ter se arrumado todo só para você.
– Mãe! – Eu corei – Ele está... Usando um casaco preto meio justo, uma blusa branca também meio justa, jeans e tênis branco. Mas está diferente do normal, está bonito.
Viu? Só para você.
– Pára com isso!
De qualquer forma, seu pai mandou dizer “juízo” para a festa, sabe como ele é. Não faça nada que eu não faria.
– Certo, então eu posso fazer quase tudo.
Nós rimos por alguns segundos.
Então fique bem, Julia. Boa festa.
Eu agradeci e desliguei o celular, colocando-o de voltar à carteira. Tom ainda olhava para mim do canto dos olhos.
– O que é? Eu perguntei elevando o tom de voz, talvez um pouco corada, pois eu detesto quando alguém presta muita atenção em mim.
– Nada, é que...
Tom usou uma mão livre e apertou meu rosto, fazendo com que eu fizesse um biquinho. Um ato muito, muito infantil.
– Eu já disse que odeio você falando português. – Ele repetiu – Você parece uma retardada, pára de falar português. Melhor, me diga o que você estava falando e qual a tradução dessa música do celular.
Ele soltou meu rosto e eu fiz uma careta.
– Você pensa assim porque não entende o que eu falo, simples. Eu só não posso falar o mesmo porque nasci falando alemão, praticamente. Eu só estava conversando com a minha mãe, não te interessa. A tradução é complicada, não vou te contar.
– Conta, eu gostei do ritmo. Posso tocar no violão algum dia, só não prometo cantar. – Ele deixou escapar um risinho.
– Bem, é mais ou menos isso... – Eu murmurei a canção e depois comecei a falar a letra traduzida – “Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito, nem que seja só para te levar pra casa, depois de um dia normal, olhar teus olhos de promessas fáceis, te beijar a boca de um jeito que te faça rir, que te faça rir. Hoje eu preciso te abraçar, sentir teu cheiro de roupa limpa para esquecer os meus anseios, e dormir em paz.”
Tom sorriu; um sorriso gigante, simpático e um tanto angelical que não combinava com suas atitudes – eu já falei que ele é um tanto contraditório? Igual a mim.
– A letra é bonita. Tem mais?
Eu fiquei corada por falar alto aquelas partezinhas fofas da música, como a parte “te beijar a boca de um jeito que te faça rir”. Não queria falar mais da música, era bonita demais e eu começaria a me imaginar encenando aquela música. Seria tenso, lembrando que Tom estava namorando com Hilary.
– Não, não tem mais. – Eu menti, pisquei os olhos e corei – Onde está Hilary?
Tom ficou quieto por alguns segundos.
– Ela vai estar lá.
Foi a única frase que disse, e depois ficamos em completo silêncio. Eu cruzava e descruzava as pernas várias vezes, bastante incomodada. Enfim, chegamos ao centro de Magdeburgo e assim que paramos na frente da boate, os flashes começaram a rodear o carro.
O clube tinha dois andares, as paredes espelhadas com a porta de vidro escuro, dois seguranças na frente. Um tapete vermelho se estendia até o final da calçada, tapado por uma tenda da mesma cor; em volta, as fãs gritavam palavras indecifráveis e os flashes eram mais intensos quando Tom abriu da porta do carro.
– Deixe-me que abra sua porta. – Ele disse antes de sair acenando para os paparazzis.
Senti vontade de responder que era o certo a se fazer, e não o certo a se mostrar. Mas ele é assim mesmo, com o tempo não melhora.
Rodou o carro e abriu a minha porta. Imaginei que ele fosse me deixar passar, ou pelo menos me erguer pela mão. Como eu estava errada. Essa era uma noite surpresa, porque todas aquelas atitudes estavam de deixando chocada. Antes que eu pudesse reagir, Tom segurava a porta do carro e com a mão livre, levou-a até minha cintura.
Não me deixava escolha, eu levei minha mão ao seu ombro e me apoiei para me levantar do carro, descruzando mais uma vez as pernas. Ele foi muito cuidadoso, sem me deixar cair nem tropeçar, era previsto. Fechou a porta e ficamos alguns segundos olhando para as fãs e os flashes. Eu fiquei chocada demais para ter vontade de sorrir, ou mesmo ficar corada. Eu devo ter ficado pálida, mesmo, mas logo depois aquela sensação que faz meu estômago rodopiar me invadiu, eu estava tentando controlar o sorriso gigante que teimava em se erguer na minha boca.
Caminhamos até os seguranças, que me deixaram entrar facilmente com a presença de Tom ao meu lado. Não foi bem aí que os flashes pararam, eles só diminuíram. Alguma música em inglês invadiu meus ouvidos, com bastante batida e a vontade de me mexer incendiava meu corpo. Muitas meninas pararam para cumprimentar Tom e os paparazzis eram permitidos aqui dentro, isso só me fazia rir.
– Sorria para as fotos. – Tom virou o rosto para mim e disse: - Será que preciso te ensinar tudo?
Eu fiz uma careta, e corei depois que percebi que estavam tirando fotos para cada segundo de expressão do meu rosto.
Tom me apertou mais contra a lateral do seu corpo, isso fazia parecer um gesto natural enquanto ele sorria para todas as câmeras e tentávamos andar mais alguns passos para dentro da festa. Quanto mais ele me apertava, mais eu sentia vontade de abraçá-lo, meu braço não estava preso a ele, eu não sabia se era correto fazer isso agora.
Depois de adentrar mais um pouco a festa, eu vi Chelsea um pouco adiante, ao lado de Bill, que conversava com algumas pessoas. Ela bebia alguma coisa, mas duvido que seja álcool. Usava um vestido preto tomara-que-caia cheio de pedrinhas negras que o deixava cintilante, tinha uma fenda no meio do busto, era muito, muito chique e muito adequado, perfeito. Se não fosse Bill quem havia comprado, imagino que ela tenha visitado algum estilista famoso e pago um balde de ouro. Que ela não tinha, mais uma vez, volto à teoria de que Bill comprou aquele vestido para ela.
Ela me viu, acenou. Seria falta de educação sair dali aquele momento, então Tom e eu fomos até ela. Nos abraçamos, eu também cumprimentei Bill.
– Você está linda! – Eu disse em seu ouvido.
– Eu digo o mesmo, parece que hoje trocamos de lugar. É sempre você que usa preto.
– E sempre você usa branco. – Nós duas rimos.
– Olha só quem está usando salto alto! – Ela sorriu e apontou com o queixo para Tom, agora trocava algumas palavras com Bill – Parece que ele também tem bom gosto, nunca vi Tom de roupas justas. Só pijamas.
– Foi o que eu pensei. Ele está incrível, não? – Eu revirei os olhos de forma engraçada com um sorriso no rosto – Hilary está por aqui?
Chel ficou em silêncio por alguns segundos e respondeu balançando a cabeça afirmativamente. Perguntei-me o porquê de ela ainda não estar ao lado de Tom, imagino que Chelsea se fazia a mesma pergunta.
– Quer uma bebida? Os garçons passam por aqui toda hora. Depois preciso te levar para a pista de dança. – Chel disse – É simplesmente incrível, bem espaçosa e cheia de casais. Perfeita para você e Tom.
– Chel!
Ela gargalhou, pegou o primeiro copo que apareceu na bandeja e empurrou para cima de mim; eu provei. Era refrigerante, eu acho.
Em poucos minutos, Gustav apareceu com Agnes e Georg apareceu com uma castanha de olhos verdes, extremamente bonita que parecia mais uma modelo. Ele a apresentou como Anne.
– Você está linda, Jus. – Gustav disse.
– Esse vestido caiu muito bem. – Agnes concordou.
– Posso dizer que fui eu quem escolhi.
Novamente, minha cintura esquentou com a mão de Tom por cima do meu vestido. Meu estômago fica de cheio de borboletas, naturalmente. Ele esboçou um sorriso zombeteiro, fazendo Georg e Gustav rirem. Eu não entendi muito bem a piada, balancei a cabeça.
– Estávamos indo para a pista de dança, vocês vem? – Georg perguntou, segurando Anne delicadamente pela cintura.
Aquele era um gesto tão carinhoso e delicado, fazia Georg e Anne parecerem um casal – se bem que eu nem sabia o que se passava entre eles, mas pareciam. Eu pensei se pareceria carinhoso da mesma forma que Tom segurava na minha cintura. Isso me fazia querer estar perto dele. Eu queria testar até que ponto ele podia ser assim. Ah cara, precisa ser tão lindo assim?
– Você quer dançar? – Tom procurou meus olhos e fiquei presa por alguns instantes antes de balançar a cabeça afirmativamente, ele desviou o olhar.
Eu não estava conseguindo falar. Não com ele tão perto. Eu precisava, porque o plano era mostrar para mim mesma que sou melhor que Hilary. Afinal, ela nem estava aqui.
Gustav e Agnes foram à frente, seguidos por Georg e Anne e depois Chel, que puxava Bill suavemente pelas mãos entrelaçadas. Eu estava me sentindo estranhamente de vela naquele lugar. Andei atrás da fila organizada dos casais e senti o Kaulitz segurar meu pulso. Seus dedos escorregavam até encontrar a palma da minha mão, se encaixou, até que eu me dei conta de que estávamos de mãos dadas. Isso perturbava minha concentração.
Cheguei à pista de dança, eu fitei os casais se juntando e se mexendo na mesma sintonia, era tão fofo. Tom pegou minha taça de algo que deveria ser refrigerante e deixou na bandeja de um garçom qualquer; ele sorriu ao encontrar com minha expressão implicante.
– Você não vai dançar comigo com um copo de refrigerante parecendo uma bêbada. Tem fotógrafos aqui. – Ele riu.
– Kaulitz! E quem disse que eu quero dançar com você?
– Você quer?
– Não. – Menti, pisquei e senti o rosto esquentar.
– Você está mentindo, eu sei disso. – Ele puxou meu corpo para perto do dele, fazendo com que eu fosse obrigada a me mexer como ele, inclinou o rosto para ficar na mesma direção que a minha – Você fica vermelha quando mente.
– Eu estou usando maquiagem.
– Pára de discutir e dança, Benjamin.
Eu não sabia onde colocar minhas mãos, mas logo Tom apresentou minha liberdade para isso. Pegou as duas e as colocou próximas ao seu ombro, um pouco escorregadas, voltou a segurar os dois lados da minha cintura.
Ficamos assim até o final da música, e depois começou outra mais agitada. Tom me afastou e me fez girar, voltando ao lugar permitindo um sorriso se abrir.
– Você está chateada comigo. – Ele afirmou.
Eu dei de ombros.
– Até quando você vai ser chata assim? Por que não fica feliz logo?
Eu deixei escapar um risinho.
– Eu estou feliz, Kaulitz.
– Demonstra.
– Não estou a fim.
Tom abaixou o olhar para o meu vestido e deixou um sorriso pervertido erguer os cantos da sua boca.
– Você está bonita com esse vestido. Nunca imaginei que pudesse ficar tão charmosa e sexy ao mesmo tempo.
– Está me provocando, precisa parar com isso. – Eu corei ao terminar de falar, balancei a cabeça – Também gostei da sua camisa.
– Só isso? Eu te elogio e você diz que gostou da minha camisa!
– É, Kaulitz.
Dançamos por mais alguns minutos, até um garçom parar ao nosso lado. Eu peguei uma taça de refrigerante e ele pegou algum tipo de bebida alcoólica. Eu me afastei um pouco.
– Não beba como da última vez! – Ri.
Ele deu de ombros, erguendo os cantos dos lábios.
– Quando estou de porre quase esqueço que minha vida vem ficando uma droga, mas hoje você está aqui, então tem razão, eu não preciso beber tanto.
– Você não tem motivos para ter uma droga de vida, Kaulitz. – Eu questionei.
– Com você aqui? É, não tenho – Ele estalou a boca – Mas sem você, tenho sim. – E disse com um ar desleixado e zombeteiro para manter aquela pose de bad-boy que está começando a me irritar.
Eu pensei na profundidade daquelas palavras, fiquei algum tempo em silêncio olhando para seu rosto; ele bebeu mais daquela bebida com álcool e deixou os lábios rosados por causa do liquido, no meu ponto de vista, aquilo era certa provocação.
– Eu não vou beber tanto, você que deveria não tomar muito disso daí, porque tem álcool, ouviu? E você só tem dezesseis anos. – Tom fez uma careta ao engolir o liquido da sua taça.
– Por um momento desse ano nós dois vamos ter a mesma idade, ou seja, cale a boca, e isso aqui tem álcool? – Eu bebi mais um pouco, realmente eu sentia um gostinho de perfume no fundo que ardia a garganta.
Eu estava distraída olhando para os lados quando finalmente vi Hilary em um canto conversando com uma morena de cabelos cacheados e Andreas ao seu lado. Eles nem pareciam notar a presença de Tom ali.
– Vem, eu preciso conversar um pouco com as outras pessoas também. – Tom disse, segurou minha mão e saímos da pista de dança.
Tom me carregava para onde ia. Ele conversou com várias fãs que fizeram questão de tirar algumas fotos, Peter Hoffmann, Dave Roth e Patrick Benzner, outros produtores da banda, e vários entrevistadores que só tiveram cinco minutos do precioso tempo do Kaulitz.
Jost apareceu nessa embolação e arrancou Kaulitz de uma foto com umas três meninas um pouco maiores do que eu, que usavam preto e pareciam fanáticas só pelo olhar.
– Ah, Tom! Venha aqui, quero te apresentar a fundadora do maior fã-clube de Magdeburgo do Tokio Hotel. – Disse Jost.
Ele nos levou diretamente onde estava Hilary, Andreas e a outra menina. Parecia que Tom e Hilary não queriam se encarar, mas ele cumprimentou Andreas normalmente.
– Tom, essa é Thuany Waleys, fundadora do THDE – Jost fez as apresentações e Tom cumprimentou Thuany com dois beijinhos – Ela queria fazer algumas perguntas para você. Bem, eu vou indo, as meninas me esperam.
Ficou um silêncio até David sair do local, Andreas e Hilary saíram junto com ele, mas Tom continuava segurando meu pulso, me mantendo ali.
– Bem, Tom. Sorte a minha acontecer essa festa, são só algumas perguntinhas básicas, ah, você deve ser Julia – Ela estendeu a mão para mim, balançamos a mão no ar por menos de um segundo.
Ela fez perguntas sobre preferências de Tom, eu me distraí com a festa. Thuany era a fundadora de um fã-clube. No momento eu estava com raiva dos fã-clubes do Tokio Hotel por uma tal de T.W andar falando mal de mim.
Eu pousei o olhar em Thuany Waleys.
T.W
A vadia era ela. E ainda tinha coragem de estender a mão para mim como se estivesse bem feliz em me conhecer.
Eu estava quase explodindo de raiva, mas me controlei. Esperei que Thuany se afastasse e fitei Tom, que também prendeu o olhar em mim por alguns segundos.
– Que foi? Ciúmes? – Ele riu.
Eu balancei a cabeça tentando copiar o sorriso zombeteiro que Tom sempre fazia, lancei o mesmo para ele.
– Quero mais um pouco disso. – Eu apontei para minha taça vazia – Vamos ficar lá no bar por um tempo.
Nos dirigimos para o bar com um pouco de dificuldade para atravessar a boate, que era bem grande em seu interior. Sentei-me em um daqueles banquinhos altos e Tom pegou o banco ao lado, lançando olhares sugestivos de vez em quando para mim.

Eu já deveria ter tomado umas cinco taças a mais daquele líquido que parecia refrigerante, mas tinha álcool. Observava a movimentação trocando curtas conversas irônicas com Tom ao meu lado.
– Eu gosto dessa música – Tom disse.
Eu balancei a cabeça, um rap do Samy Deluxe podia ser ouvido das caixas de som próximas, e Samy Deluxe era a banda favorita do Tom.
– Então vá dançar, arranje uma fã por aí.
– Não. Eu quero dançar – Tom apontou para mim – com você.
– Rap não se dança! O que te deu hoje? Você está mais abusado do que o normal.
Tom se levantou do seu banco e se aproximou do meu, ficamos quase da mesma altura por um tempo, ele ainda inclinava um pouco a cabeça para me olhar nos olhos. Quando digo que sou baixa e ele é super alto, eu falo sério.
– Pára de perguntar, isso irrita. Só relaxa, curte a festa.
– Eu já dancei com você duas vezes, não foram meus melhores dias. – Não era essa a técnica de ser difícil, mas saia naturalmente tentar expulsá-lo de perto de mim, testando-o para entender o que ele pensa; do que aceitar simplesmente sendo fácil. É claro que eu adoraria que ele insistisse mais um pouco.
– A terceira que vale. – Tom piscou.
Eu joguei a cabeça para trás e senti o corpo balançar com a risada.
– O estranho é que você e Hilary ainda não dançaram nem uma música juntos. – Eu disse.
– Não precisa se preocupar com Hilary agora, Benjamin. – Tom deu de ombros – Você vem dançar? A música já está quase acabando.
– Só dançar. – Eu arqueei uma sobrancelha – Sem fotos, sem fãs com perguntinhas básicas e apenas essa música.
Tom riu, se aproximou mais do que o necessário, eu não sabia o que ele iria fazer. Colocou uma mão em cada lado do meu vestido em um ponto um pouco abaixo da cintura, pareceu destacar alguma coisa e eu olhei incrédula quando a cauda do vestido caiu do chão. Agora o vestido estava curto, como um tomara-que-caia branco para uma balada.
– Eu mesma não sabia que a cauda era removível. – Eu comentei.
Tom passou o braço em volta da minha cintura me fazendo descer do banquinho como um pulo, e depois segurou minha mão; pegou a cauda removível e jogou por cima do balcão, parece que o barman guardou a cauda do meu vestido em algum lugar lá dentro. Nos direcionamos de volta à pista de dança.
Ao chegar lá, eu me vi novamente naquela situação tensa entre não saber como dançar, Tom riu. A música era um rap, então ele me balançou até eu entrar no ritmo, o que foi muito hilário. Dançamos assim, separados, mas olhando um para o outro.
– “Saaamy” – Tom imitou o backing vocal da música, eu gargalhei.
Ele sibilava a música, eu adorava quando seus lábios formavam um biquinho no meio da música, ficava fofo. Dei alguns passos a frente, eu mexia um pouco com as mãos para “incrementar” minha dança. Levei as mãos acima da cabeça tentando me lembrar como as brasileiras dançam, agachei um pouco os joelhos e fechei os olhos deixando o ritmo me levar, eu podia sentir que Tom sorria e pousava os olhos em mim.
Eu já estava de volta ao lugar, um pouco afastada demais quando a música finalmente acabou. Eu acenei e me virei tentando sair daquela pista, obviamente, Tom me rodou, deixando-me de frente para ele que fazia uma carinha fofa.


– Eu disse só essa música, Kaulitz. – Eu repeti.
Ele inclinou o rosto como se fosse me beijar, mas desviou do meu rosto e parou no meu ombro. Eu senti seus dentes apertarem levemente minha pele descoberta naquele ponto, fiquei arrepiada. Deixando mais claro para entender melhor o que aconteceu: ele mordeu meu ombro.
– Só mais essa música.
Bem dessa forma; estava brincando ansioso e um pouco despreocupado. Eu adorava quando ele fazia isso.
A música que passava agora me fazia imaginar Tom com aquele ritmo de bad-boy, tocava Supermassive Black Hole da banda Muse. Eu já havia ouvido em algum lugar, talvez até tivesse ela no meu mp3 no meio daquelas trezentas músicas diversas. Aquela música me dava arrepios.
Tom se afastou olhando nos meus olhos com um sorriso travesso no rosto, ele me puxou levemente com as mãos espalmadas nas minhas costas, logo depois começou a fazer um leve contorno da minha coluna vertebral. Isso me deu liberdade para passar os braços pelo seu ombro.
Nos balançávamos no ritmo forte da música, um pouco rápido para a posição que estávamos, mas isso só deixava a dança mais divertida e eu fazia questão de sibilar as partes em que o vocalista sussurrava “uuh”, sorria depois vendo que Tom fechava os olhos e mordia o lábio inferior. Eu tomei coragem e levei o dedão até sua boca e puxei o lábio, tomando cuidado com o piercing, fazendo-o parar de morder. Nós rimos.
I through I wasn’t fool for no one, but, uh, baby, I’m a fool for you. (Eu pensei que eu não era bobo por ninguém, mas, uh, baby, eu sou um bobo por você)
Tom revirou os olhos nessa parte da música e depois encostou seu queixo perto da minha testa por menos de um segundo, inclinou a cabeça para encostar sua testa na minha.
Eu preciso dizer que minha mente revirava com aquele montão de significados que aquele ato, logo depois daquela parte da música, tinha. Procurava não pensar em nenhum deles, era só uma dança entre dois amigos – que acabaram de se “reconciliar”, mas amigos – e ele só estava brincando quando colocou sua testa na minha, deixando assim, nossos rosto bem... Ah, Tom. Pára com isso, deixa de ser tão lindo.
Eu desviei minha testa da sua e me forcei prestar atenção em Chelsea que dançava um pouco mais para minha esquerda. Bill fazia-a girar várias vezes, e quando ficava tonta, ele a segurava e beijava seu nariz. Se um dia eles se casarem, eu quero ser madrinha. Eu os forço a se casarem se for preciso.
Tom me fez voltar atenção para ele puxando meu queixo. Dançamos mais uma música e meia, então ele também já estava cansado de dançar, eu disputava corrida com suas gotículas de suor que escorriam pelo seu rosto.
Espera só Tom saber que eu estou brincando com o suor dele. Isso pode ser engraçado.
– No andar de cima tem umas salas separadas e com o som mais baixo. Não acho que devam estar cheias.
Eu balancei a cabeça, concordando em passear pelo andar de cima. Subimos a escada e pegamos mais copos de bebidas pelo garçom que passava. Tom me puxava para cada vez mais perto pela cintura, eu gargalhava na escada.
– Kaulitz! Você sabe que eu sempre caio.
– Essa é a parte mais legal. Também é legal quando você deixa escapar um palavrão em português.
Eu o encarei, divertida.
– Mas você odeia quando eu falo português.
– Eu não odeio de verdade, eu acho quase sexy. Mas acontece que eu não entendo. – Ele revirou os olhos.
Eu pude notar que ele já estava bêbado, porque agora falava mais abertamente e contava o que não deveria. Eu aproveitei para perguntar o que eu realmente queria saber.
– O que ainda está acontecendo entre você e Hilary? Não vá querer que eu ache que vocês ainda estão juntos depois de nem se olharem nos olhos nessa noite...
Tom riu.
– Estou bêbado, mas nem tanto, Benjamin.
– Que?! Por que não pode me contar?
No corredor que chegamos tinham umas três portas de vidro para salas mais escuras com aquelas luzes roxas e azuis bem casuais. Eu imaginei que fossem as salas dos casais, pois tinham sofás e pouca ou nenhuma movimentação. Estavam vazias, era isso. Nós paramos na frente de uma das portas.
– Eu posso, mas só não quero. – Tom deu de ombros e levou a bebida mais uma vez à boca. – Ela está brava comigo.
Ele olhou de uma forma sapeca com um meio sorriso no rosto, eu achei lindo. Tudo isso só contribuía para eu querer agarrá-lo ali mesmo.
– O que você fez?
– Eu dei um fora nela, praticamente – Tom balançou a cabeça de um lado para o outro como se estivesse refrescando a memória -, naquele dia que você me fez comprar tintas e ainda não usou.
Senti que ele preferia dizer aquilo a se referir à briga que me afastou uma semana da casa deles. Não me importei, apenas incentivei-o a continuar.
– O que você disse?
– Que eu não acreditava nela, e mesmo que você tivesse espancado a garota, ela tinha que ter feito algo para te provocar. Eu imaginei que tivesse relação comigo, até porque, não sei se você se lembra, mas quando perguntaram na frente da casa do Andreas qual era a maior paixão dela, Hilary respondeu meu nome. Ela é bem ciumenta.
Eu fiz uma careta.
– Só isso? Quero dizer, eu ficaria triste se dissessem que não acreditam em mim, mas nada que não se resolva com uma conversa.
– Eu também disse, não vale rir, ok? – Eu comecei a rir com a cara que ele fez – Quando ela perguntou se eu iria mesmo atrás de você, eu disse que preferia correr atrás de alguém que não liga pra mim, mas que me fez me apaixonar todas as vezes que eu vejo; ao fingir estar com alguém falsa e infantil como ela, que realmente me persegue e me fez brigar com você.
Ele terminou fazendo outra careta, mas dessa vez eu não tive reações.
Tom esteve fazendo joguinho e jogando curtas diretas na minha cara, como o lance de “você não pode ficar longe de você mesma” quando eu disse que queria ficar longe da vida dele e hoje quando disse que sem mim, ele tinha motivos para ter uma droga de vida. Mas agora ele tinha realmente jogado na cara que eu sou a garota que o faz se apaixonar toda vez que ele vê.
Ele disse, não foi? Eu não conseguia acreditar. Não sabia como reagir.
– Quer dizer... Você não está namorando? – Eu resolvi perguntar.
– Não. Nunca estive, eu só estava com ciúmes.
– Kaulitz, você está bêbado.
Eu revirei os olhos; Tom entrelaçou minha mão com a dele, entramos em uma daquelas salas. O ar mudou, agora estava geladinho com ar condicionado e o clima era bem mais suave. A música era a mesma lá de baixo, mas as caixas de som eram baixas. Eu reconheci a música como Time Bomb, do All Time Low.


me sentei em um dos sofás. Tom deixou seu copo em uma mesinha e subiu no sofá, se aproximou de mim.
– Você ouviu o que eu falei? Eu estou bêbado, mas nem tanto.
– Kaulitz, você está contando coisa além do necessário. É claro que é pra tanto.
– Isso era para ser uma coisa boa.
– O que? Contar-me coisa além do necessário?
– Aham – Ele colocou uma das mãos atrás no meu pescoço e se aproximou demais da minha boca de forma que eu só conseguia olhar para sua.
Eu encurtei o espaço e selei o canto da sua boca, próximo ao piercing. Sentir seu perfume e a temperatura do seu rosto perto do meu eram as melhores partes.
Eu não o beijava tinha o que? Eram séculos para mim.
Coloquei uma das minhas mãos em seu ombro para me ajudar a movimentar minha boca pelo queixo de Tom, medindo meu desejo de chegar à boca. Ele a abriu e inclinou a cabeça para ter acesso ao meu lábio superior. Encaixamos os lábios sem aprofundar o beijo. Era como um quebra cabeça, apenas movimentávamos as peças até que eles ficassem completamente encaixados.
It was like a time bomb set into motion (Foi como uma bomba relógio dando partida) We knew that we were destined to explode (Sabíamos que estávamos destinados a explodir) And if I had to pull you out of the wreckage (E se eu tivesse que te tirar dos destroços,) You know I'm never gonna let you go (Você sabe que nunca te deixaria pra trás)
Coloquei minhas duas mãos atrás do seu pescoço, sua temperatura era bem elevada, talvez não tanto quando a minha. Joguei a cabeça para trás acidentalmente descolando nossos lábios, mas Tom inclinou a dele quase ao mesmo tempo para voltar a ter acesso; eu senti suas mãos quentes e hábeis segurando minhas coxas.
Ele apertou com força e me ergueu para me colocar sobre seu colo, se virou no sofá de forma com que eu ficasse por cima, com uma perna de cada lado do das suas e de joelhos no sofá. Eu ficava mais alta do que ele dessa forma.
Nem eu, nem Tom aprofundamos o beijo. Era só um selinho, bem demorado pelo visto. Eu nem sei se queria mais. Não sei o que estava se passando pela minha cabeça, era só desejo de ficar o mais perto possível dele, tipo uma obsessão.
Quantas vezes já passaram pela minha cabeça que eu o amava, e depois o odiava ao mesmo tempo. Eu tinha sérias dúvidas se tudo o que tínhamos passado fora apenas uma mentira, mas começava a achar que era verdade, bem agora. A verdade parecia bater com tudo que ele havia falado, mas seria sempre assim. Estaríamos sempre brigando. Eu realmente não ligo.
Durante o “selo”, Tom desencaixou os lábios e me deu vários selinhos com um curto intervalo de tempo, chegando a sair da minha boca e passando pelo queixo e brincando com o piercing com seus próprios lábios, isso me fez rir.
Ele se afastou me fazendo perder o fio de pensamento.
– “Olhar teus olhos de promessas fáceis, te beijar a boca de um jeito que te faça rir” – Ele disse o verso da música que eu tinha traduzido um tempo antes.
Eu ri novamente, não alto, em um tom que só nós dois podíamos ouvir, uma risada leve. Eu não acredito que ele estava pensando nisso.
– Eu sempre soube que você era estúpido – Eu sorri enquanto dizia – a ponto de dizer a coisa errada no momento certo.
– Você não terminou de me contar a música.
Tom ergueu as sobrancelhas.
– Como você sabe? – Eu perguntei.
– Eu sempre soube que você era estúpida – Tom encostou a testa na minha – a ponto de esquecer que eu também escrevo músicas.
Nós rimos.
– É que minha parte favorita vem logo à frente, eu não quero contá-la para você.
– Conta para mim.
Ele disse rápido mantendo seu tom de voz natural. Sabia que podia me ganhar sem fazer o menor esforço. É como se eu dissesse que eu amo o sorriso dele, ele vira para mim e diz que sabe disso. Totalmente convencido, egocêntrico. Esses defeitos combinam com ele, o torna perfeito. Eu tenho a estúpida deficiência de apreciar as piores características dos outros.
– Não. – Eu virei o rosto.
– Mais tarde eu pergunto novamente.
Eu revirei os olhos novamente, o corpo dele se remexeu em uma risada.
– Sabe o que está faltando? – Tom disse de repente depois de uns segundos de silêncio. Eu murmurei um “hm” para ele continuar – Você vir até aqui e me beijar.
– Até aqui aonde? – Eu provoquei, estávamos a centímetros.
Tom encurtou o espaço minúsculo e selou novamente nossas bocas. Dessa vez, fez algo diferente. Senti a ponta da sua língua contornar meu lábio inferior, eu permiti que ele me beijasse, aprofundou o beijo quando se deu conta de que tinha a chance.
Ele me beijou de forma descontraída, não como se estivesse tentando se manter calmo, mas como se quisesse aproveitar o máximo possível. Eu só queria estar ali, perto de Tom. Contentava-me com esse pensamento tão simples que significava demais, eu só não saberia descrever se me perguntassem, mas a força que me mantinha ali era imensa.


Queria arranjar algum sentindo naquilo tudo. Ele existia, eu só não conseguiria pensar agora, e não faz diferença.
O ar se fez necessário mais rápido para mim do que para ele, eu me afastei com pequenos selinhos e voltei a olhar em seus olhos. Ele estava tão diferente. Dessa vez eu não queria o perder, eu queria mantê-lo para sempre, até que eu mudasse de idéia. Eu não sabia se ele queria igualmente. Isso me fez abaixar a cabeça, as lágrimas ameaçaram a se formar e eu me peguei xingando à mim mesmas pelas minhas emoções obrigarem meu corpo a derramar lágrimas em um dos momentos mais felizes, deveria bastar estar aqui e agora.
– Ei, Benjamin – Tom tentou levantar minha cabeça, eu não permiti – O que foi, pequena?
Isso me fez sorrir. Ele não me chamava assim fazia tempo. Eu fiquei em silêncio e Tom voltou a falar:
– Olha, eu não sei como dizer isso, e mais uma vez, não vale rir. É que... Eu nunca fiz isso.
Eu levantei a cabeça. Deixei uma expressão confusa tomar conta do meu rosto, mas que tipo de frase, cheia de significados, um mais complicado do que o outro, é essa?
– Não posso te perder de novo. Não pela terceira vez, eu fiz tudo errado duas vezes... Eu fiz tudo errado todas as vezes. Desde que você chegou, eu só venho fazendo merda. – Nós rimos, mas eu continuava confusa – Mas depois que você fugiu, os garotos ficaram sabendo que eu gosto de você. Ouvi enquanto Bill conversava com mamãe e Gordon, eles disseram que eu percebi isso tarde demais. Esse foi um dos piores erros.
Eu prendi a respiração.
O estranho é que ele falava isso da forma mais descontraída, não como se tivesse treinado, porque aí seria um motivo para ficar nervoso.
– O segundo, bem, foi confundir a sua cabeça fingindo que eu estava mesmo namorando com Hilary. Benjamin, você sabe que eu não namoro, por que raios você acreditou?
Eu dei de ombros. Ele continuou:
– Então, eu já estou cansado de ficar contando meu ponto de vista para você, só tem uma coisa que você precisa saber agora. Eu estou apaixonado por você – Sorriu. Aquele sorriso verdadeiro, um pouco tímido que só erguia um lado da boca.
Dura realidade. Mentira, dura nada. Foi a frase mais incrível que eu já ouvi, vindo dele, é claro. Meu coração acelerou, eu tentava esconder o sorriso que já devia estar ali por bastante tempo. Fechei os olhos, não me importo com que ele pense que eu estou fazendo. Eu estava feliz, eu precisava fechar os olhos.
Eu devo estar sonhando, mas essa é só uma frase daqueles filmes de pessoas românticas incorrigíveis, eu sei que estou bem acordada.
– Você deve estar me achando idiota, julgando pelas suas caretas, mas eu não ligo, sabia?
Eu abri os olhos e comecei a rir, ele riu também.
– É sério, eu acabei de dizer que estou apaixonado por você! Isso é loucura.
– Eu estou te achando um idiota! – Eu disse.
– Achei que tinha te dito isso. – Falou com uma voz engraçada – Mas eu te acho linda. Isso não vai mudar. E pára de repetir as coisas que eu falo.
Inclinou um pouco a cabeça, eu conseguia ver seus olhos através dos cílios, ele ainda sorria. Isso deixava o ar divertido.
– Está esperando alguma coisa, Kaulitz? – Eu arqueei a sobrancelha, eu esperava que a resposta fosse sim, porque ainda estava faltando eu dizer o que sentia, mas queria ver até que ponto ele era cínico.
– Para falar a verdade, estou sim. Ah, eu também odeio quando você me chama pelo sobrenome. – Ele selou meus lábios por segundos – Meu nome é Tom. Ainda estou esperando.
Eu revirei os olhos e soltei ar pela boca, suspirando.
– Minha parte favorita da música é “hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar, me dizendo que eu sou o causador da tua insônia, que eu faço tudo errado sempre”, porque você, Kaulitz, faz tudo errado, sempre. – Eu sorri quando ele franziu o cenho, não era isso que estava esperando ouvir – E eu sinto te dizer, mas eu estou apaixonada por você também. Ainda te acho um idiota, e odeio quando você me irrita ou me chama de baixinha.
– Eu só precisava saber da parte que você também gosta de mim, mas fico feliz em saber que o nosso ódio colorido prevalece.
Nós rimos, e ele voltou a me beijar.
Acontece que dessa vez foi diferente. Dessa vez, eu sabia que ele gostava de mim, assim como eu gostava dele. O beijo tinha outros significados. Não era apenas curtição e presente; era um pouco de eternidade e carinho.
Tom segurou com força minha cintura e eu segurei em seu pescoço sem deixar que ele se separasse nem um centímetro de mim. Eu poderia morrer sem ar, que agora não importava demais. A emoção que sentia era maior que qualquer uma que já havia sentido, parecia que eu ia explodir, cada pedacinho de mim ardia em paixão por aquele garoto; a textura, a temperatura e a maciez da sua língua, simplesmente, me enlouqueciam.
Tom escorregou suas mãos pela minha cintura e apertaram com um pouco mais força nas minhas coxas, novamente me erguendo, me colocou sentada no sofá do outro lado e passou um braço de cada lado. Eu me agarrei para não cair deitada, e ele me deitou, deitando logo depois por cima de mim.
Os piercing faziam um atrito grande e começou a machucar meu lábio, acontece que isso só me fez rir e batemos nossos dentes entre o beijo. Ele se afastou rindo, seus dreads caíram ao meu lado.
– Eu gosto de você assim como você gosta de mim – Sussurrei.
– Minha pequena criatura do pântano gosta de mim – Tom, o convencido escorregou seu nariz suavemente pelo meu, aquele beijinho de esquimó – Você gosta de mim assim como eu gosto de você.
Ele sussurrou de volta. Eu segurei seu rosto com minhas duas mãos, fechei os olhos com a proximidade, ele fez o mesmo.
– Achei que tinha te dito isso.
Selamos os lábios, mas não por muito tempo.

– Finalmente, porra! – Ouvi uma voz conhecida vindo da porta da sala; Gustav, Agnes, Georg, Anne, Bill e Chelsea colocavam suas caras contra o vidro da janela da sala. Todos gritaram juntos:
– Cala a boca, Gustav!

Postado por: Grasiele

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