terça-feira, 1 de maio de 2012

Coração de Outono - Capítulo 30 - Nervos à flor da pele.

(Contado por: 3º pessoa)
O Sol raiava lá fora, deveria ser por volta das 10h00. Seus olhos iam se abrindo devagar, e sua mente tentava entender o que estava acontecendo. Com a mente confusa e sentindo uma forte dor de cabeça, Aiyra ouviu um barulho, era a porta do lugar se abrindo. Um homem alto e forte se aproximou e lhe jogou água no rosto, numa forma de fazer com que ficasse mais esperta.
Ela ergueu a cabeça e, enquanto se recuperava da tontura, notou que estava sentada numa cadeira. Seus braços foram colocados para trás e amarrados, assim como seus tornozelos também estavam presos. Olhou em volta e se encontrava num cômodo de tamanho médio e praticamente vazio – havia apenas outra cadeira -, com paredes sujas e ar empoeirado. Era um típico lugar para manter alguém preso e com os nervos a flor da pele. Seu raciocínio foi rápido e Aiyra respira fundo, mantendo a tranqüilidade mesmo sabendo que era algo quase que impossível.
- Até que enfim a bela adormecida despertou. – diz Jess, adentrando o local com um sorriso sínico e gigantesco nos lábios. Ele faz um sinal com a cabeça e o rapaz se retira. – Eu tinha certeza que uma hora ou outra estaríamos juntos.
- Eu vou te matar, Jess! – diz Aiyra, ainda zonza. – Eu juro que vou te matar!
- Quanta violência! – puxou a outra cadeira e se sentou de frente a ela. – Isso faz mal a saúde, sabia?
- Vá se ferrar!
Com uma das mãos, Jess segurou no pescoço de Aiyra como se fosse enforcá-la. Não colocou tanta força, mas foi o suficiente para que o coração dela acelerasse. O medo a consumia por dentro naquele instante, pois sabia que não teria como se livrar dele, pelo menos não sem ajuda de alguém. Mas ainda assim, não deixava transparecer em seu rosto e mantinha-se firme.
- Você é uma garota muito difícil, sabia? – aos poucos ele vai tirando a mão. – Não imagina o trabalho que tive para poder localizá-la. – ela permanecia calada. – A minha maior vontade era poder acabar contigo agora mesmo. – a encarava. – Mas infelizmente não posso fazer isso. Por enquanto.
- Você é doente! – quase gritou, e ele solta um suspiro.
- Um pouco, talvez. – se levantou e caminhou em direção a saída.
Praticamente do outro lado da cidade, Pedro insistia em ligar para o celular da filha, mas estava fora de área. Preocupado por ela não ter aparecido em casa desde o dia anterior, decidiu recorrer à única pessoa que provavelmente saberia do seu verdadeiro paradeiro. Sem saber mais o que fazer, procurou por Bill. O casal não estava mais junto há alguns dias, mas talvez ele pudesse lhe passar alguma informação.
Bill se encontrava sentado na cadeira de sua escrivaninha, compondo. As frases vinham surgindo de maneira rápida e que o deixava impressionado. A empregada bateu à porta e avisou que tinha uma visita esperando na sala. A saudade que se mantinha em seu peito fez com que viesse apenas um nome em sua mente: Aiyra. Imaginou que pudesse ser ela, para conversarem e finalmente se entenderem.
- Senhor Burke? – perguntou surpreso, enquanto descia a escada. – Algum problema?
- Vim aqui na esperança que você pudesse me dizer isso. – Pedro estava nervoso e muito preocupado.
- Aconteceu alguma coisa? – deu a volta no sofá.
- A Aiyra não apareceu em casa desde ontem e não consigo falar com ela pelo celular.
- Já avisou a policia?
- Ainda não. Só posso fazer isso após 24hrs do desaparecimento.
- Que loucura! – Bill ficou indignado. – Ela pode estar correndo perigo!
Alguns minutos de conversa e logo Bill sugeriu que fossem até o colégio. Eles poderiam comunicar o ocorrido com o diretor e pedir que usassem a sala onde são monitoradas as câmeras de vigilância. Assim teriam uma pista do horário em que ela deixou o local e se estava ou não acompanhada.
Um dos homens que ajudava a vistoriar cada trecho gravado encontrou o momento em que Aiyra conversava com Jess no corredor. Bill comentou sobre o assunto e explicou o ocorrido. Disse que chegou a se intrometer, numa tentativa de não deixar que ele a machucasse. Pouco depois foi registrada a saída dela, sozinha. Aquilo deixou o clima ainda mais tenso.
- Ela não ficaria tanto tempo assim sem dar noticias! – diz Pedro. – Tem alguma coisa errada.
O celular de Bill toca e ele se afasta para atender. Pedro continuava insistindo que fosse feita mais uma análise dos vídeos, e se propôs a ajudar.
- Alô?
- Bill Kaulitz... – disse a voz masculina. – Você deveria cuidar um pouco melhor da sua donzela, não acha? As ruas são tão perigosas!
- Quem tá falando?
- Aposto que sua namorada não lhe falou nada sobre estar devendo uma grana preta pra alguém, disse? Tenho certeza que não. Ela nunca conta seus próprios podres.
Bill sabia que conhecia aquela voz de algum lugar. Ele pensou, repensou e se lembrou apenas do rosto da pessoa, mas não fazia ideia de qual poderia ser seu nome.
- Cadê a Aiyra?
Ao escutar o nome de sua filha, Pedro pede que todos façam silêncio, e ele se aproxima de Bill.
- Fica tranqüilo. – diz Jess. – Ela está sendo muito bem tratada.
- Eu quero falar com ela!
- Vá com calma, playboy! Na hora certa, vocês se falarão.
- Me deixe falar com ela! – quase gritou.
- Se quiser vê-la bem, sugiro que se comporte. – avisou. – Entrarei em contado novamente, mas se avisar a policia ou rastrear a ligação... Ela morre! – desligou.
Irritado por não saber exatamente do que se tratava, Bill cogitou arremessar o aparelho com toda sua força na parede. Mas se fizesse isso, estaria quebrando o único meio de comunicação entre ele e o homem que a mantinha presa. O desespero de Pedro deu lugar à raiva. Ele se culpava e sabia que aquela ação tinha a ver com acontecimentos do passado. Deduziu que fosse alguém muito próximo, e ordenou que Bill ficasse grudado ao celular e não desviasse sua atenção por nenhum segundo. Enquanto isso procuraria a verdadeira fonte, iria atrás do possível chefe da quadrilha.
***
- Eu ainda acho que deveríamos procurar pela policia. – diz Tom.
- Você por acaso é surdo?! – pergunta Bill. – Envolver a policia seria o mesmo que pedir que matem a Aiyra!
- E o que você pretende fazer? Bancar o super herói e arriscar sua vida com essa gente que você não faz nem ideia de quem seja?!
- Se for preciso, sim! Faço qualquer coisa! Qualquer coisa para vê-la perfeitamente bem.
O irmão mais novo coloca as duas mãos atrás da cabeça e anda freneticamente para os dois lados, dentro do quarto.
A porta do cativeiro se abre mais uma vez. Nick trazia consigo uma bandeja contendo uma latinha de refrigerante, um hambúrguer e uma poção pequena de batatas fritas. Apesar de suas intenções serem as piores possíveis, Jess não queria que Aiyra morresse de fome e por ordens expressas de alguém com autoridade maior que a sua, deveria tratá-la com toda mordomia que seu dinheiro pudesse bancar. Ele tinha que, obrigatoriamente, mantê-la viva até segunda ordem.
- Eu trouxe... – Nick se aproxima. – Um lanche pra você. É o seu favorito.
- Você sabe muito bem onde deve enfiar isso daí, não sabe? – foi grosseira.
- Não seja orgulhosa. Você bebeu muito ontem e não comeu nada desde então.
- Eu não quero comer nada!
Ele coloca a bandeja no chão.
- Ele ameaçou a minha mãe! – foi direto ao assunto. – Disse que a mataria se eu não o ajudasse.
- Você é péssimo com mentiras.
- Não estou mentindo!
É impressão minha, ou isso nos seus olhos são lágrimas? Pensa Aiyra. Nick sempre foi um rapaz durão que dificilmente demonstrava seus sentimentos. Ele preferia mil vezes ser torturado a derramar uma lágrima se quer na frente de alguém, ainda mais se esse tal alguém foi uma garota. Mas quando o assunto era sua mãe, ele mudava completamente da água para o vinho. Seria capaz de matar e morrer por ela, e a protegeria até o fim de sua vida.
- Você conhece, melhor do que ninguém, a dor por ter perdido sua mãe. – prosseguiu. – Eu não tive escolha.
- O Jess conseguiu o que queria. – diz ela. – Porque ainda está aqui?
- Se você está nesse lugar, é por minha culpa. – se senta na cadeira de frente a ela. – Não posso deixá-la sozinha com esse maluco, ainda mais sabendo que não é ele quem comanda.
- Como assim?
- Ele não confia totalmente em mim. Mas eu sei que existem outras pessoas por trás desse negócio todo. – pega a bandeja do chão e coloca sobre o colo dela. – Eu vou soltar as suas mãos, mas, por favor, não tente nenhuma gracinha ou acabarão conosco. – se levantou, deu a volta e desamarrou a corda.
- Nick... Não deixe que ele faça nada comigo.
- Eu juro que – segura a mão dela. -, se depender de mim o Jess não vai triscar em você.
***
Pedro carregava em seu olhar toda a fúria e ódio que um pai tem. Ele empurrou bruscamente a porta da sala de reuniões, fazendo com que os acionistas se assustassem e se perguntassem o que aquele maluco pretendia. Caminhou em direção ao seu foco principal, sem olhar para os lados, sem se importar com quem estava ali.
Gordon se levanta, exigindo uma explicação. Pedro o segura pelo paletó e com a mão direita, lhe dá um soco no nariz. O empresário vai ao chão.
- Você enlouqueceu?! – pergunta Gordon, limpando o sangue que escorria. – Qual seu problema?!
- Se acontecer alguma coisa com a minha filha, eu juro que te caço no inferno! – ameaçou. – Torça, cruze os dedos para que ela volte pra casa sem nenhum arranhão.
- Mas do que você está falando? – se levanta.
- É melhor você rezar muito, Gordon! – seus batimentos estavam acelerados.
- Queira se retirar desta sala imediatamente! – Gordon aponta para a porta. – Por favor, chamem os seguranças. – pediu a qualquer um.
- Eu conheço a saída. – diz Pedro. – E acho bom que nada aconteça a ela.
 Postado por: Alessandra

Coração de Outono - Capítulo 29 - Amigo inimigo.

(Contado por: Aiyra)
Não tive paciência para assistir a qualquer aula. Sai do colégio sem que ninguém percebesse e caminhei um pouco pelas ruas. A todo instante a cena do beijo me vinha em mente e o coração acelerava como da primeira vez que nos beijamos. O Bill não me parecia o tipo de pessoa que gosta de enganar outras, mas seu pai me colocou tantas dúvidas na cabeça que chego a cogitar ser pura verdade. Ele também não insistiria tanto numa coisa, se estivesse totalmente errado.
Parei numa praça e me sentei num dos bancos, para continuar pensando. Logicamente ele deve ter culpa no cartório, mas não acho que faria isso sozinho. Digo, a desculpa de me usar como “boa influência” era um tanto quanto esfarrapada. E além do mais, não sou boa influência pra ninguém, muito pelo contrário. É bem capaz que eu seja a segunda pior influência pra alguém. Minhas atitudes comprovam esse fato.
Avistei de longe um bar. Eu estava mesmo querendo distrair qualquer pensamento, e que lugar melhor do que aquele? Faz um bom tempo que não entro num lugar assim, e estava precisando beber alguma coisa. Me levantei e andei em direção a entrada. Olhei para os dois lados da rua, conferindo se vinha algum veiculo e atravessei. Empurrei a porta, e só vi homens no estabelecimento. Era um local com pouca iluminação, várias mesas e uma música esquisita tocando. Um típico bar de cinema americano. Me aproximei do balcão, onde havia um rapaz que aparentava ter de vinte à vinte e cinco anos. Ele secava com um pano branco alguns copos de cerveja.
- Bom dia moça. – diz o garçom. – Vai querer alguma coisa? – continuava secando os copos.
- Hm... – pensei um pouco. – Me vê tudo que você tiver nesse bar.
- Não acha que está muito cedo para beber? – pergunta ele. – E está sozinha. Como vai embora depois?
- Estive sozinha uma boa parte da minha vida e não será agora que terei alguém comigo. – disse. – Porque, aliás, independente do que você faça ou diga, uma hora ou outra as pessoas simplesmente te deixarão. – ele deu uma leve risada. – E se você quiser depois se sente comigo e vamos beber até ficarmos loucos!
- É pra já moça.
O belo rapaz me serviu uma bebida um tanto amarga, num copo pequeno. Devo ter repetido umas quatro a cinco vezes, antes de passar para a próxima. Em poucos minutos, eu já estava ficando bêbada. Comecei a conversar com os homens que ali se encontravam, e em questão de segundos viramos velhos amigos de infância, compartilhando frustrações de uma vida cruel.
Ao som dos Beatles, dancei sobre a mesa. Quase fiz um strip-tease e nunca tinha me divertido tanto quando naquele dia. Um dos rapazes se disponibilizou a me ensinar a jogar sinuca, mesmo sabendo que eu não me lembraria de muita coisa no dia seguinte. Jogamos baralho apostado e ganhei duas das quatro partidas. Bebi mais um pouco, ou melhor, mais um tanto.
Em certo momento da tarde, meu estômago estava entupido de bebida. Minha bexiga cheia fez com que eu fosse ao banheiro esvaziá-la. Fui cambaleando, trocando as pernas, me segurando em tudo que via pela frente. A alma caridosa do garçom bonitão me acompanhou até lá. Ele me colocou dentro de uma das cabines do banheiro e aguardou do lado de fora. Fiquei impressionada com a quantidade de urina que saia parecia não querer mais terminar.
- Não quer acabar! – quase gritei, meio que desesperada. Ouvi a risada dele do lado de fora.
- É normal, já que você bebeu muito.
Abri a porta e seus braços me ampararam antes que eu pudesse cair. Eu não conseguia me agüentar de pé, e a solução que ele encontrou foi me colocar sentada no chão do banheiro. Eu soluçava e mesmo estando bêbada, conversava.
- Você é muito bonzinho, sabia? – disse. – Não poderia estar solteiro.
- Mas eu não disse que era solteiro.
- E sua namorada deixa você segurar outras garotas assim?
- Na verdade, eu sou solteiro. – eu ri, e ele se senta ao meu lado. – E o seu namorado sabe que você freqüenta esse tipo de lugar?
- Não. – respondi, balançando a cabeça. – Mas ele é um idiota que me enganou! Ele só queria me usar. E adivinha só?! Ele transou comigo!
- Que história triste.
- Mas quer saber de uma coisa? – olhei pra ele. – Eu o amo. Eu amo o Bill. Ele... É o maconheiro mais charmoso que eu já vi em... Toda minha vida. – solucei. – E eu...
Antes de terminar a frase, não me controlei e vomitei. Coloquei toda a bebida para fora, sujando toda minha blusa. O cheiro forte tomou conta do lugar.
- Ops. – disse. – Acho que me sujei.
- Ah, droga! – imediatamente ele se levanta, pega unas toalhinhas de papel e molha na água da torneira. Volta até mim e tenta me limpar. – Eu não podia ter deixado você beber daquele jeito.
- Você... Não manda em mim! – lhe dei um leve tapa no rosto.
Não estava adiantando muita coisa, então ele desabotoou os botões da minha blusa e a tirou. Fiquei somente de sutiã, na frente de um desconhecido. Ele também tirou sua roupa e me emprestou a camisa branca, que ficou enorme em mim. Não deixei de notar seu abdômen escultural e de arrancar suspiros. Me lembrei do Tom, naquele instante.
- Vem. – ele me ajudou a levantar e apoiei meu braço em torno do seu pescoço. – Vou te levar pra outro lugar.
- Mas a minha blusa...
- Você não precisa daquela coisa nojenta. – me levou de volta para o bar e me deixou sentada numa das mesas.
Aos poucos o sono foi chegando e acabei adormecendo com a cabeça sobre um dos braços na mesa.
***
Acordei sentindo a cabeça explodir de dor. Ainda estava no bar, olhei para a janela e notei que já era noite. O movimento era fraco e alguns dos homens da tarde permaneceram lá. O garçom veio até mim, trazendo um copo de água e um comprimido. Ele virou a cadeira ao contrário e se sentou de frente para mim.
- Faz muito tempo que estou dormindo? – perguntei.
- Umas três horas. – respondeu e empurrou o copo em minha direção.
- Esse tempo todo? – beberiquei a água. – E esse remédio serve pra quê?
- Vai amenizar sua dor de cabeça.
Desde pequena, nunca fui o tipo de pessoa que engole comprimido, mas também não era o tipo que dispensava para ganhar uma bela agulhada. Tinha pavor de injeções e se fosse o caso, choraria para não receber uma em qualquer lugar que fosse. Com o remédio na língua, bebi quase metade da água.
- Será que eu posso saber o nome do bom moço que me ajudou?
- John.
- John. – repeti. – Você sempre ajuda as pessoas bêbadas, John?
- Às vezes. – me encarava.
- E eu por acaso paguei algum mico?
- Não. – sorriu. – Só bebeu muito, dançou e quase fez um strip-tease sobre a mesa, jogou sinuca, confessou amar um tal de Bill e vomitou em si mesma.
- Eu disse que o amava? – me senti constrangida.
- Com todas as letras. E ainda completou dizendo que ele é o maconheiro mais charmoso. – cai na gargalhada.
- Caramba! Não posso ficar bêbada, se não confessarei todos os meus podres!
- Não acho que uma garota tão bonita como você tenha algum podre.
- Está me cantando?
- Você quer ser cantada?
- N-Não. – olhei em volta. – É melhor eu ir pra casa antes que se preocupem comigo.
- Quer que eu chame um táxi?
- Acho que prefiro ir andando.
- Tem certeza que vai acertar o caminho de volta?
- Ei! – nós rimos e me levantei. – Depois entrego sua roupa.
- Ah, não precisa. – também se levantou. – Tenho várias dessa em casa, para o caso de alguma garota vomitar nela mesma. – brincou.
- Obrigada por ter... Cuidado de mim.
- Disponha. E se quiser repetir a dose, já sabe aonde deve ir.
–--
(Contado por: 3º pessoa)
Aiyra saiu do bar e enquanto caminhava de volta para casa, abriu sua mochila para pegar seu celular. Ao dobrar a esquina, trombou de frente com alguém. Ergueu a cabeça e ficou surpresa ao ver o Nick. Desde que ele tinha ido embora, ela não conseguira entrar em contato. Bem que tentou ligar várias vezes, só dava fora de área.
- Seu cretino! – diz ela, abraçando-o. – Como teve coragem de ir embora sem me avisar e não atender ao telefone?
- Estive ocupado por um tempo. – diz ele. – Eu falei que estava trabalhando.
- Onde estava? Numa ilha deserta? Nesse lugar onde você trabalha não existe nenhum meio de comunicação?
- Cada minuto perdido é uma parte do meu salário indo embora. – fez uma pausa. – Não sou pago pra ficar perdendo tempo.
- Pensei que fosse sua amiga, não perca de tempo.
- Não seja dramática!
Ele estava diferente. Ela tinha plena certeza que alguma coisa nele estava mudada. A primeira coisa que o Nick faria ao reencontrá-la seria falar alguns palavrões, e não foi bem isso que fez. Também estava mais sério. Sim, a esquisitice o acompanhava.
- Tá tudo bem com você? – pergunta ela, numa tentativa de arrancar algo de sua boca. – Tá estranho.
- Estou ótimo. – respondeu. – Diferente de você.
- Como assim?
- Me desculpa.
- Te desculpar? – estranhou ainda mais. – Pelo quê?
- Eu juro que não tive escolha.
- Deixe de rodeios e fale logo!
- Me desculpa pelo que farei.
Atrás dela o Jess apareceu, segurando um pano umedecido com éter. Ele puxou-a pelo cabelo, fazendo com que se assustasse e num impulso gritasse, e pressionou o pano contra seu nariz e boca. Ela desmaiou em poucos segundos, sem que pudesse reagir. Aiyra era leve e seu corpo estava mole, então ele pode levá-la nos braços até o carro. Nick abriu a porta de trás, e Jess a colocou deitada no banco. Pouco depois foi dada partida no veiculo.
 Postado por: Alessandra

Arquivos do Blog