(Contado pelo Bill)
Mesmo sabendo que estamos felizes por morar numa casa onde estão todos os nossos amigos, também sei que precisamos de um lugar só nosso. Não poderemos passar o resto da vida compartilhando uma casa. Além do mais, a Emilly iria crescer, e não teria um “espaço” só pra ela.
QUATRO MESES DEPOIS
A noite estava um pouco quente. Cheguei em casa, e notei que estava um pouco quieto. Subi as escadas, fui até o quarto, e não havia ninguém. Desci novamente, e fui até o jardim. Fiquei parado na porta, observando as duas mulheres da minha vida. Holly brincava na grama com a Emilly. Pude sentir o quão sortudo sou.
- Há quanto tempo está ai? – pergunta Holly.
- Não muito. – respondi, e me juntei a elas. – É incrível vê-las juntas.
- Eu te amo.
- Também te amo. Muito. – nos beijamos, e Emilly interrompeu. – Ah, eu também amo você. – a coloquei sentada em meu colo. – Tenho uma surpresa.
- Ah é? – lhe mostrei uma chave. – O que é isso?
- A chave da nossa casa.
- Tá falando sério?
- Um-hum.
- Oh, Meu Deus! Essa... essa é a melhor noticia! – ela me abraçou, e me deu um selinho um pouco demorado.
- Podemos nos mudar assim que quiser.
- Vamos esperar a Emilly crescer mais um pouco, e ai nos mudados.
- Ok.
- Mal dá pra acreditar que teremos uma casa só pra gente!
Holly estava tão feliz, quanto ao dia em que a Emilly nasceu. E quando a mesma completou um ano e cinco meses, resolvemos nos mudar. Foi triste ter que “abandonar” nossos amigos, mas era necessário. Assim que chegamos à nova propriedade, ficamos parados em frente, admirando.
- Gostou? – perguntei.
- Claro. – responde ela.
A casa era grande. Ela havia sido construída na década de cinqüenta e tinha um charme antigo e único – uma lareira, paredes rústicas, janelas grandes, e portas que nos levavam ao nosso canto preferido da casa: o jardim de inverno na parte de trás. O quintal era um abrigo tropical, cheio de palmeiras, bromélias, cerejeiras, abacateiros e plantas furta-cores. Acima, dominando a propriedade, havia uma mangueira altíssima; que sempre deixava cair as mangas pesadas com um barulho surdo que mais parecia, talvez estranhamente, corpos que caiam de cima do telhado.
Antes da mudança, a casa precisou passar por uma pequena reforma. Os donos anteriores adoravam verde. O lado externo era verde. As paredes internas eram verdes. A porta da frente era verde. Mas não era um verde vivo e alegre, ou um verde esmeralda sofisticado, ou até mesmo um verde-limão ousado, mas um verde vômito de sopa de ervilha com um colorido cáqui. A casa tinha uma aparência de barraca de campo de exército. Mudamos tudo!
Era o nosso primeiro dia ali, e como a casa estava pronta, não restava mais nada a se fazer. O Sol já estava se pondo, e fazia um pouco de frio. Acendi a lareira do quarto, ajeitei a cama, e chamei Holly. Deitamos-nos, e o clima começou a esquentar. Mas fomos interrompidos pelo choro da Emilly. Holly foi até seu quarto, em seguida retornou trazendo-a nos braços. Elas se deitaram.
- É incrível como nossas vidas mudaram, não é? – disse.
- É sim. Em pensar que... se eu não tivesse aceitado aquele emprego, poderíamos nem ter nos encontrado novamente.
- Ainda bem que aceitou. – ela sorriu. – Quero ter mais filhos com você.
- O quê?
- Porque não? A Emilly foi nosso maior presente, e deveríamos dar um irmãozinho a ela.
- Tá, eu concordo. Mas acho que é um pouco cedo para falarmos sobre isso, não acha? Ela ainda está tão nova.
Nossa conversa foi interrompida, quando Emilly pronunciou alguma coisa.
- “Olly”
- Ela disse Holly? – pergunta Holly, incrédula.
- Não. – respondi. – Ela disse “Olly”.
- A Emilly disse meu nome!
- Que injustiça. Deveria ter dito “Bill”.
- Relaxa amor, daqui a pouco ela vai gritar o seu nome, assim como suas fãs.
–--
Quando a Emilly completou três anos, Holly e eu nos casamos. Demoramos tanto tempo, pois queríamos que a pequena entrasse na igreja carregando as alianças. Ficamos naquela mesma casa por mais um ano, quando descobrimos que a Holly estava grávida novamente.
- Desta vez querem saber o sexo do bebê? – perguntou a médica.
- Sim. – respondemos em uníssono.
- Ok. – disse ela, em seguida puxou a blusa da Holly, e começando a passar sobre a barriga dela um instrumento que tinha a mesma dimensão e formato que um taco de hóquei. Olhamos para o monitor...
- E ai? Já dá pra saber? – pergunta Holly.
- Só mais um minutinho. Já escolheram algum nome?
- Se for menina, será Hillarie. – respondi. – E se for menino, será Brendan.
- Não seria melhor escolherem dois nomes para meninos? – diz a médica.
Esperai, deixe-me recapitular as mensagens. Dois nomes para meninos?
- Parabéns. – disse ela. – São gêmeos.
A nossa alegria poderia ficar maior? A Holly agora estava grávida de dois meninos! Nos mudamos para um lugar com mais espaço, e que fosse mais confortável para os futuros bebês, e para a Emilly, que crescia e a cada dia ficava ainda mais linda. Holly deixou seu emprego como estilista, e passou a dedicar-se apenas às crianças. Mais tarde se tornou empresária da banda. Tom e Maggie finalmente resolvem anunciar publicamente que estão juntos, após saberem que ela ficou grávida. Os dois viajaram para França, onde se casaram as escondidas, e passaram vários meses se divertindo. Georg encontrou uma namorada, e a pediu em casamento no dia do seu aniversário. Gustav ficou sozinho por algum tempo, por própria decisão, mas acabou tendo um caso com uma atriz pornô, por quem se apaixonou. A casa que antes era da Holly – dada por seu pai -, agora fora transformada numa instituição de adoção. David cumpriu sua pena na cadeia, mas não demorou muito para retornar. Acabou confundindo uma mulher com a Holly, e a matou.
Agora sim posso dizer que sou o homem mais feliz da face da Terra. Tenho uma família enorme, e linda. A banda não poderia estar melhor. Fizemos shows por vários lugares, e agora estamos preparando o grande show de abertura da turnê “Welcome To The Humanoide City”. Que venham mais surpresas, e que a vida continue do jeito que está. Que as alegrias só aumentem, e que meu amor pela Holly, nunca acabe!
Sei que posso agradecer as Ironias do Destino, pois foram graças a elas, que minha vida cruzou com a da Holly, e hoje, sou a pessoa mais “completa”.
FIM
FIM