domingo, 4 de março de 2012

Ironias do Destino - Capítulo 30 - E isso significa...?

(Contado pelo Bill)
      Um dia, ao nos aproximar do nono mês de gravidez da Holly, a técnica de enfermagem do hospital disse:

           - Parabéns, menina, você conseguiu.

      Holly estava livre para retomar sua vida normal. Sem restrições. Sem medicações. Poderíamos até transar novamente. O bebê estava perfeitamente viável agora. O trabalho de parto começaria quando fosse a hora.

      Naquela tarde, juntamos todo mundo e fomos comemorar indo a um restaurante indiano, depois Holly acabou fazendo uma sessão de fotos para uma importante revista. Ela estava completamente linda com sua enorme barriga. No dia seguinte continuamos comemorando, almoçando em um restaurante grego. 

      Dois dias depois, a filha de uma amiga da Holly fazia aniversário. Fomos todos para a festa. Estávamos nos divertindo, sem nos preocuparmos se haveria fotógrafos ou não.

           - Amor, tô com vontade de comer brigadeiro. – disse Holly.
           - De novo? Holly, você comeu doces demais. – disse.
           - Não acredito que vai deixar o bebê nascer com cara de brigadeiro?
           - Lembra a última vez que disse isso?
           - É, eu lembro. Mas prometo que não ire vomitar.
           - Também não é bom comer tantos doces.  
           - Só mais um. – ela fez biquinho.

      E por acaso dava pra resistir àquela carinha? Suspirei, finalmente cedendo, me levantei e fui pegar o brigadeiro. Não ficamos muito tempo ali na festa, pois Holly se sentiu um pouco cansada.

      Mais ou menos três dias depois, estávamos reunidos na cozinha, almoçando. Holly apareceu, foi até a geladeira e pegou a jarra de suco. Colocou o liquido dentro do copo, e começou a beber. Gustav a encarou, e perguntou:

           - Ô Holly, está com algum problema de bexiga?
           - Não. – diz ela. - Por quê?
           - Porque acabou de fazer xixi no chão. – responde ele.

      Ela largou o copo em cima do balcão, e olhou para baixo.

           - A Holly não fez xixi, seu idiota! – disse Maggie. – A bolsa dela rompeu!
           - E isso significa...? – perguntei.
           - Que o bebê tá querendo nascer! – responde Holly.
           - O bebê tá nascendo?! – nós, quatro rapazes da casa, perguntamos em uníssono.
           - O que faremos? – pergunta Tom.
           - Acho que devem me levar pro hospital. – disse Holly.
           - Tá legal, pessoal. Vamos manter a calma que tudo dará certo. – disse Maggie. – Meu Deus! O bebê tá nascendo! – ela gritou.
           - Maggie! Maggie fica calma! A desesperada aqui deveria ser eu, e não você! – disse Holly.


      Rapidamente Maggie e Tom subiram as escadas, e foram até o quarto para pegarem as malas com as roupas da Holly e as do bebê. Georg e Gustav saíram com o carro e foram para o hospital avisarem ao Dr. Gabriel que estávamos a caminho. E eu liguei pro Carlão, e pedi que viesse “voando”. Assim que chegou, fui levando a Holly, que dava sopros curtos para suportar a dor.

           - Vamos ter um bebê. – dizia excitado. – Nem acredito nisso.
           - Muito menos eu. – disse ela, entre um sopro e outro.

      Dentro do carro, cada contração quase a dobrava ao meio.

           - Calma. – dizia. – Continue respirando.
           - E o que você acha que estou fazendo? – ela respirava.
           - Vai dar tudo certo.
           - Amor.
           - O que foi?
           - CALA A BOCA, e me leva pro hospital!

      Me calei. Mas a ansiedade tomava conta de mim. Estava preocupado se tudo correria bem mesmo. Chegamos ao hospital, e várias enfermeiras vieram para nos ajudar a levá-la até a sala de parto. Ao longo da tarde, enquanto ela enfrentava corajosamente contrações fortíssimas, descobrimos que estávamos em muito boas mãos. As enfermeiras nos transmitiam confiança e calor humano. Sempre atentas, checando os batimentos cardíacos do bebê e acompanhando Holly de perto. Fiquei ao lado dela, sem saber o que fazer, tentando dar o meu apoio moral, mas não adiantou muito. Em determinado momento, Holly resmungou algo para mim.

           - Se você me perguntar mais uma vez como estou me sentindo, VOU LHE DAR UM SOCO NA CARA!

      Devo ter feito uma expressão magoada, pois uma das enfermeiras deu a volta até onde eu estava, tocou meu ombro, solidária, e disse:

           - Bem vindo à sala de parto, papai. Tudo isso faz parte da experiência.

      A Holly estava sofrendo a cada contração, que cada vez mais, vinham fortes e violentas. Foi ai que descobri o que as pessoas querem dizer quando tentam descrever a sensação que se abate sobre alguém um pouco antes de desmaiar. Senti o sangue fugir da minha cabeça, e meus ouvidos zuniram. Se eu não me sentar, pensei, vou cair no chão. Que vergonha seria isso. Holly, tão corajosa, suportando a dor, enquanto eu caia inconsciente, e as enfermeiras tentando reavivá-lo com sais aromáticos. Acho que uma das enfermeiras percebeu que não estava me sentindo muito bem, então me aconselhou que saísse da sala, e respirasse, bebesse um pouco de água, e se quisesse, voltaria depois. Segui seu conselho, e me juntei aos outros que esperavam ansiosos. Maggie já estava prestes a perder os dedos de tanto roer as unhas. Eu caminhava de um lado a outro, e o Tom me acompanhava, tentando me acalmar, mas o nervosismo era inevitável. A qualquer momento o bebê estaria nascendo. Como não ficar nervoso? Como não ficar ansioso pela sua chegada? É uma pena que os nossos pais não possam estar aqui para compartilhar conosco toda essa alegria.

      As horas passavam, e nada de alguém aparecer para avisar sobre alguma coisa.

           - Será que está tudo bem? – perguntava ansioso.
           - Calma. – disse Tom. – Sabe que ela está em ótimas mãos.
           - Eu deveria estar lá dentro com ela.
           - E desmaiar assim que visse algum sinal de sangue? Não seria uma boa idéia.
           - Tem razão. Mas ficar aqui está me deixando louco.
           - Relaxa.
           - Diz isso porque não é com você.

      Eu continuava caminhando de um lado para outro, passando uma mão pela outra, e às vezes, tentava escutar alguma coisa atrás da porta. Quando finalmente me sentei, escutei claramente um choro de bebê. Me levantei imediatamente, com um sorriso no rosto. Instantes depois, o Dr. Gabriel aparece. Ao vê-lo, minha primeira reação foi esperar para ouvir a noticia, que eu já sabia.

           - Parabéns. – disse ele, pegando em minha mão. – É uma menina!
 Postado por: Alessandra

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