sábado, 8 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 33 - Capítulo Extra.



-Gordon eles chegaram! – Simone gritou na beirada da escada eufórica. –Desça!

A gritaria e os risos tomaram conta da casa dos Kaulitz, porém não foi Gordon que desceu as escadas correndo, e sim Tom e Eleonora em uma briga corporal para ver quem chegava primeiro na varanda.

-Parem imediatamente com isso vocês dois! Vocês vão cair, parecem duas crianças, não sei quando vão tomar jeito!

Simone chamou atenção deles, que sem se importar com a advertência, abriram a porta da sala e saíram para a varanda ainda correndo, esperando o carro parar. Assim que ele parou na frente da casa, eles saíram do carro e Eleonora foi a primeira a correr para a amiga e abraçá-la.

-Janny! Que saudades! – Ela abraçou Janice, apertado. –Você está linda!

-Obrigada Ellie! – Janice sorriu esmagada pela amiga.

-Bill! – Tom abraçou fortemente Bill quase quebrando suas costelas, os gêmeos não se separavam por nada, nunca tinham ficado tanto tempo separados. Para Tom foi quase uma tortura ficar um mês longe do irmão mais novo.

-Tom não vai chorar que vai atingir sua masculinidade! – Bill brincou com o irmão ainda sufocado pelo abraço de urso.

Simone, segurando Carolina pela mão e Gordon, sorriram divertidos, e foram beijados pelo casal; Janice abraçou o irmão mais velho de Bill e ainda abraçada à ele. Foram para a sala de jantar, sentaram-se, almoçaram e depois do almoço sentaram-se todos na sala de estar e lá Janice e Bill distribuíram os presentes comprados na viagem de lua-de-mel.

-Janice, saiu uma foto linda de vocês no Jornal no dia do casamento.

-Eu disse para minha mãe que não queria esse tipo de imprensa na igreja! – Janice disse pegando na mão de Bill.

-Mas não foi Jackeline que mandou... Você não soube? – Simone disse sem graça.

-Não... Então quem foi?

Janice viu Simone e Gordon se entreolharem e ela olhou para Ellie que desviou os olhos.

-Eleonora quem foi que enviou? - Ela perguntou à amiga.

-Seu pai, Janice! - Simone respondeu.

-Meu pai? – Janice colocou a taça de sorvete na mesa de centro e olhou incrédula para Simone. – Como assim?

-E gostaria que visse a matéria que saiu logo abaixo. – Simone levantou, pegou o jornal "ESTADO DE SÃO PAULO" dentro da gaveta do Buffet e entregou para a nora.


Janice pegou o jornal, abriu e leu a matéria, olhou para Bill com os olhos cheios de lágrimas, então o fechou e devolveu para Simone.

-Bom... Temos que ir para nossa casa levar as malas, ainda temos que ir até a instituição para ver os preparativos para amanhã.

Janice disse levantando-se sem comentar nada sobre o artigo no jornal. Bill levantou-se também e todos seguiram até a saída da casa, entraram no carro e seguiram para sua nova casa; um apartamento simples de 95m, três dormitórios, na zona norte de São Paulo. Janice antes de comprá-lo, conversou com a síndica e junto com um grupo da instituição reformulou placas e tudo o que podia mudar para deficientes. A única coisa que não mudou foi o elevador que já era grande o suficiente para receber dois cadeirantes de uma vez.


Todos os interfones foram rebaixados, a portaria teve seus portões enlarguecidos, depois da reforma Janice ainda mandou um projeto para a câmera dos vereadores para vistorias em prédios da região. Depois que a instituição foi aberta, muitos vereadores passaram por ali para conhecer e para abraçar projetos de mudanças e melhorias para os portadores de deficiências.

-Chegamos! – Janice disse quando o elevador abriu no décimo andar.

Os dois saíram do elevador e foi Bill que abriu a porta do apartamento, virando para ela logo em seguida.

- Bill!!! –Ela gritou quando ele a pegou no colo rapidamente. – O que está fazendo?

-Carregando minha esposa para dentro da nossa casa! Não é essa a tradição?

Ele a carregou com cuidado para dentro do apartamento. Janice percebeu que ele sabia exatamente o que fazia, com certeza ele já tinha decorado todos os obstáculos da nova casa.

-Tudo bem... Mas você sabe exatamente onde deve me levar... Não sabe?

-Com toda certeza!

Bill jogou Janice na cama e ela gritou feliz ao cair sobre ela, esperando por ele, que tirou sua camiseta antes de se juntar a ela na cama.


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Janice estava no chuveiro quando o interfone tocou, Bill levantou-se devagar e foi atender.

- Alô. – ele ouviu o porteiro. -Tudo bem pode deixar subir.

Bill desligou o interfone, vestiu uma bermuda e uma camiseta e foi atender a porta, antes mesmo de tocar a campainha ele a abriu. Quando ouviu o barulho do elevador parando em seu andar e a porta se abrindo ele se adiantou a responder.


-Boa Noite, senhor. Que honra! – Bill sorriu e ao sentir o toque das mãos em seu ombro fechou o sorriso estranhando.

-Como vai, Bill? – Helio cumprimentou o genro. –Posso entrar? Janice está?

-Sim, por favor, entre!  – Bill entrou para a sala e deixou o sogro passar. – Ela está no banho.

-Desculpa vir essa hora, sei que acabaram de chegar de lua-de-mel. – O sogro se desculpou – E como estavam às ilhas Maldivas?

-Ótima! – Bill apenas respondeu estranhando tudo aquilo. -Vou chamar a Jen!

-Bill espera! – Helio o chamou – Primeiro quero falar com você.

-Comigo? – Bill perguntou.

-Sim! – Helio respondeu. – Bill eu não quero enrolar muito, até para não atrapalhar... Eu vim aqui para pedir que você me perdoe.

Bill permaneceu calado, não falou nada.

-Sei que é difícil você me perdoar depois de tudo o que eu fiz para você. Sei que é muito complicado ouvir isso depois dos absurdos que eu cometi com você e com a minha filha, mas esse dois anos e meio que estou brigado com ela, que não nos falamos, foram os dois anos mais difíceis da minha vida e vê-la entrando naquela igreja... Com seu irmão... Depois vê-la chorando no altar, vendo a expressão de felicidade dela, nunca vi minha filha tão feliz, nunca vi Janice com um sorriso e um brilho no olhar tão mágico.

Bill escutava Helio atentamente e ainda não tinha se expressado sobre o pedido.

-Percebi o grande erro que havia cometido, o grande idiota que eu estava sendo. Janice não poderia ter escolhido maior partido em sua vida. – Helio sorriu e continuou. – Ela não poderia ter escolhido melhor para o pai dos meus netos. E hoje percebo que você é um grande homem e com certeza fará minha filha muito feliz.

-Obrigado pela confiança, senhor.

-Espero que Janice possa me perdoar um dia de todo mal que a fiz passar... Olha, é melhor eu ir embora e voltar outro dia, eu não estou me sentindo muito bem e prefiro conversar com ela outro dia.

Helio virou-se e antes de sair Bill o chamou.

-Pois não? – ele respondeu sem se virar

-Amanhã comemoraremos o Natal na instituição, por que não aparece por lá? Tenho certeza que ela ficará muito feliz!

Helio o olhou e sorrindo respondeu:

-Obrigado pelo convite! - Virou-se e saiu fechando a porta.

Bill foi até ela e passou a chave seguindo novamente para o quarto no instante que entrou nele Janice saiu do banheiro enrolada na toalha.

-Quem era meu anjo? – Janice perguntou.

- A nossa comida! – Bill respondeu rapidamente – Janice vamos logo para a instituição antes que fique tarde demais.
-Mas não vamos jantar primeiro? - Ela virou-se e olhou-o.

-Não vai dar tempo! – Ele respondeu querendo despistá-la.

-Mas por que você pediu a co...

-Janice você faz perguntas demais! – Bill sorriu. –Não temos mais tempo, se não formos agora para a instituição não conseguiremos arrumar tudo o que falta para amanhã.

-Ok! - Janice se vestiu rápido e assim que ficou pronta saíram do quarto e depois do apartamento, seguindo para a instituição que ficava a poucos minutos dali.



x.x



-Nossa estava morrendo de saudades daqui! – Ela disse entrando na instituição com Bill segurando em seu braço.

-Isso é como um filho para nós!

-Sim... Exatamente! – Janice disse pegando na cintura dele entrando e fechando o portão. – Bom, primeiro quero ver os enfeites que Eleonora colocou no espaço da fonte, depois quero deixar as mesas abertas para a ceia amanhã e por último quero colocar todos os presentes embaixo da árvore que minha mãe montou no Jardim.

Janice falava enquanto subiam para o espaço que só ela e Bill eram permitidos entrar, o mini Jardim Botânico. Ela colocou a chave, o abriu e quando entrou paralisou sorrindo.

-Bill? - Ela perguntou espantada.

-Quê? – ele sorriu e perguntou.

-O que é isso? – Ela perguntou já com voz de choro.

-Isso o quê? – ele insistia.

-Você é... É...! – Janice o abraçou forte, emocionada. – Ficou lindo!

-Que bom que você gostou, Tom decorou, Eleonora comprou a ceia e trouxe para cá.

-Meu Deus... Será que um dia eu vou conseguir agradecer tudo isso?

-Jen de novo esse papo? – Bill disse ainda abraçado a ela. – Já disse mil vezes que isso é a lei da ação e reação, se você me dá eu tenho a obrigação de retribuir, é apenas isso que eu faço... Retribuo.

-Não... Você faz muito mais que isso!

Janice o olhou e tocou seu rosto devagar e logo em seguida o beijou. Bill a abraçou pela cintura e a estreitou em seus braços. Beijaram-se até o ar acabar e não suportarem mais, só assim separou-se. Sentaram-se na mesa e jantaram, conversaram e Janice riu até não agüentar mais das piadas de Bill.

-Bill, será que as pessoas não vão ficar chateadas que mais um ano não passaremos a noite de Natal com elas? – Janice disse assim que colocou o edredom no chão.

-Nada! – Bill respondeu jogando as almofadas no chão – Elas já sabem que esse dia é nosso e passamos num ritual mágico.

-Ritual mágico? – Janice sorriu deitando no edredom.

-Sim... Já esqueceu? – Bill entrou na brincadeira e deitou-se ao seu lado.

-Hum... Sim... Será que você pode me lembrar... Por favor...


Janice pesou sobre o corpo de Bill beijando-o. Ele colocou a língua macia e quente para fora e deixou que ela o sugasse com desejo, deixou seu corpo ser acariciado com paixão, depois foi a vez dele tocar cada ponto do corpo da esposa, deixando-a trêmula e excitada. As mãos dele a exploravam como se tivessem olhos, era como se aquele toque exigente e intenso, permitisse que ele enxergasse cada mordida de lábios, cada pêlo arrepiado e cada olhar que Janice lhe dava.

Bill sempre fazia amor com Janice tocando-lhe o rosto ou peito, para captar cada expressão facial da amada e para sentir cada batida de seu coração acelerado. Ele sabia exatamente a hora que ela chegaria ao clímax só pela respiração e pelas batidas exageradas em seu coração.

E quando ele acelerou, ele investiu fortemente dentro dela, fazendo-a gemer em seu ouvido, Bill delicadamente passou seus dedos pelo rosto dela e quando ela respirou satisfeita, segurou a mão dele e beijou cada dedo do marido.

E assim mais uma noite de Natal foi apenas do casal, não falaram nada depois do ato, apenas beijaram-se, entrelaçaram seus dedos, fecharam seus olhos e diante das estrelas, adormeceram.


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-Bom dia, Bela adormecida! – Tom brincou com a cunhada quando ela chegou ao enorme jardim na parte de trás da instituição.

-Bom dia, meu adorável e bem humorado cunhado! – Janice sorrindo respondeu, lhe dando um beijo no rosto. – O que faz aqui tão cedo?

-Vim fazer o que você e o meu irmão não fizeram! – Tom respondeu colocando a última caixa de presente embaixo da enorme árvore de Natal

-Desculpe Tom. – Janice disse. - Era para nós termos feito tudo isso... Mas...

-Mas... A ceia foi regada a muito peru e...

-Tom? – Janice gargalhou. – É... Foi mais ou menos por aí!

-Nossa que povo mais bem humorado! – Ellie disse ao chegar ao jardim onde os dois estavam.

-Oi, Ellie! – Janice abraçou a amiga. – Obrigada por vir ajudar, eu e Bill perdemos a hora!

-Sei... Perderam a hora! – Eleonora deu um pequeno selinho nos lábios de Tom.

-Ellie, o dia que eu te pedir em casamento, vou pedir para Bill e Janice nos emprestar esse cafofo mágico para comemoramos.

Janice e Ellie se olharam ficando sérias, e depois olharam para Tom indignadas.

-O que foi? – Tom disse sem entender o motivo dos olhares.

-Tom Kaulitz pedir alguém em casamento? – Janice disse ainda séria - Do mini botânico eu tinha certeza que era mágico agora percebi que a instituição inteira é! – Janice sorriu. – Tenho certeza que ao entrar nessa instituição tudo vira possível! Deus está aqui!

-Amém! - Bill surgiu na porta e disse. – DEUS mora aqui, disso eu tenho certeza... Mas o que houve?

-Tom disse que vai casar!

-Dilúvio! Não arme as mesas ao ar livre... Vai acontecer um dilúvio hoje! – Philip gritou ao entrar com Georg.

-Engraçadinhos vocês dois! – Tom disse indo abraçar Eleonora. – Quero me casar sim! Não precisa ser esse ano, mas daqui uns dois ou três aí podemos conversar! – Ele disse beijando a namorada rapidamente.

-Eu quero ser o padrinho e o Philip será a madrinha! – Georg disse sorrindo para Philip.

-Sim, quero ser a madrinha e jogar pétalas em Eleonora quando ela sair da igreja. – Philip sorriu feliz para amiga.

-Pensei que você quisesse que fizessem bolhas de sabão. - Georg olhou para Ellie.

-Sim... Mas Janice roubou minha idéia.

- Eu? Ellie essa idéia sempre foi minha! – Janice respondeu.

-Realmente eu me diverti demais fazendo bolha de sabão na igreja. – Philip disse abrindo a mesa para armá-la no enorme jardim.

-Percebemos! E quem não gostou muito foi a prima de Bill da qual você molhou o vestido dela inteiro. – Georg disse abrindo uma cadeira.

-Acho que ela me odeia! – Philip disse sorrindo.

-Só um pouco, Phill. - Janice sorriu ao lembrar-se da cena embaraçosa na porta da saída da igreja. - Tom e Ellie podem fazer a festa de casamento aqui e depois se quiserem podem ir lá pra cima comemorar a noite de núpcias.

-No nosso canto? – Bill perguntou. – Você quer emprestar nosso santuário para eles?

-Bill? Sim! - Janice respondeu cutucando-o sem graça.

-Ain, depois vou ter que desinfetar tudo com álcool e água sanitária!

Os amigos riram da frase de Bill. Juntos arrumaram todos os preparativos da ceia na instituição para a o almoço do dia 25 de dezembro.


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-Janice a instituição ficou maravilhosa! – Patrícia disse olhando a gigante árvore de Natal. – Sabrina já está lá embaixo dela, amassando todas as caixas.

As duas olharam a pequena sorrindo junto com Ingrid; as duas liam todas as etiquetas dos presentes que estavam embaixo dela.

-Patrícia, fico tão feliz que Bill tenha dado alta para Sabrina.

-Janice, eu não acreditava na cura dela e hoje eu sei que foi um milagre em conjunto. Ver Sabrina falando e andando, foi um mistura de DEUS com BILL e você, eu posso morrer feliz!

-Pathy não fale assim, você tem que viver muito para ver sua filha falando, correndo e te dando muito trabalho. – Janice disse abraçando a amiga.

-Ingrid também teve alta dia 20 de dezembro! – Ellen disse emocionada. – Bill a dispensou e agora é vida normal! Nem acredito que minha filha vai ter uma vida digna, eu nem sei como agradecer tudo o que vocês fizeram por ela.

-Infelizmente Ellen ela poderia ter conseguido uma vida digna mesmo com as dificuldades, mas esse mundo é tão medíocre, tão pequeno que a minoria paga por essa ignorância exagerada.

-Fiquei sabendo que você mudou todo o prédio que está morando com Bill. É verdade? - Ellen perguntou.

-Eu? – Janice sorriu. - Eu não mudei nada, eles que mudaram e digo mais não fizeram mais que a obrigação, porque tudo o que eles mudaram, é lei!

-Eu mandei a sua carta para o síndico do meu prédio e ele também já está fazendo alguns orçamentos para mudanças.

- Está vendo? - Janice disse. – Está vendo, se cada um fizer a sua parte como o mundo vai para frente!

- Janice? – A voz lhe chamou e a obrigou a virar-se para a porta.

- Pai? – Ela arregalou os olhos desacreditando no que estava vendo.

- Oi, filha! – Helio a olhou e estendeu a mão lhe oferecendo a enorme caixa de presente. – Trouxe para você e para Bill.

- Pra mim e para... O quê exatamente veio fazer aqui? – Janice disse sem pegar a caixa.

- Eu que convidei Jen! – Bill surgiu e abraçou a cintura de Janice. – Como vai, Helio?

- Bem obrigado. - Ele respondeu. – Trouxe um presente de casamento para Janice e para você!

-Muito obrigado! – Bill respondeu e Janice olhou para ele sem entender aquela cena. – O Gustav chegou vou falar com ele vou deixar vocês dois conversando. Helio fique a vontade, depois Janice te apresenta à instituição.

Bill deu um beijo leve nos lábios de Janice e saiu deixando os dois sozinhos, ela olhou para o pai e perguntou:

-O que foi tudo isso que acabei de presenciar?

- Eu estive em sua casa ele não contou?-O pai de Janice falou

-Não!

-Olha Janice isso não importa, estou aqui porque estou arrependido, minha vida está vazia sem você e sem a sua mãe, estou desolado, sem rumo e percebi, talvez tarde demais, que com meu preconceito eu consegui arruinar tudo que eu tinha de mais precioso. Perdi a única coisa que eu amava de verdade, você!

Janice o olhou e baixou os olhos para caixa de presente, estendeu os braços e a pegou das mãos de seu pai.

- Por que isso agora, pai?

- Eu fui na igreja no dia do seu casamento e...e nunca vi  um ser humano tão feliz em toda minha vida, nunca vi um sorriso tão iluminado, olhos tão brilhantes e lágrimas rolando por algo tão abençoado.

Janice fechou os olhos e tentou segurar as lágrimas ao ouvir o pai falar sobre o dia de seu casamento com Bill.

- É por que eu realmente fui abençoada! – Janice olhou para o pai que já chorava feito uma criança e ao vê-lo aos prantos continuou.

-Ao entrar naquela igreja eu senti uma energia maravilhosa, ao passar por aquele corredor, eu senti que todos os anjos sorriram para mim, senti que minha felicidade aumentava a cada passo que eu dava e quando Bill me tocou e me levou ao altar eu tive certeza que DEUS estava ali nos assistindo, chorando de felicidade junto com todos os nossos convidados! – Janice soluçou e finalizou. - Ele é o homem da minha vida... Bill é o ser humano mais amado desse mundo!

-E ele merece filha! – Helio disse ainda sem conseguir conter as lágrimas. - Vocês se merecem, minha filha

Helio disse indo de encontro à filha e a abraçando. Jackeline assistia tudo de longe, muito feliz pela reconciliação do ex-marido e da filha. Já havia perdoado Helio, mas viver como esposa, não era mais possível.

- Obrigada pela matéria no jornal sobre a bengala inteligente e sobre a reforma que fizemos no meu prédio, tenho certeza que depois dela, muitos deficientes serão ajudados.

Ainda abraçados, pai e filha foram sentar na enorme mesa, Janice se sentou ao lado de Bill e Helio ao lado dos pais dele. O almoço de Natal foi aberto com uma oração linda feita por Gustav, esse estava muito bem na direção do hospital junto com Samara. O namoro com Fernanda estava muito bem também e após a oração levantou o copo e olhou para os recém casados e disse:

- Primeiro quero fazer um brinde ao nascimento do nosso MESTRE e depois quero brindar a esse casal unido por ELE e que nos ensinou muitas lições e é impossível não olhar para eles e não aprender algo novo todo dia. – Gustav levantou a taça e brindou. - Bill e Janice, que esse natal seja o primeiro de muitos juntos como marido e esposa, que daqui a sessenta anos vocês dois estejam aqui, sentados embaixo dessa mangueira e ainda estejam assim: Amando-se infinitamente.

Depois de uma salva de palmas, o almoço foi servido e seguiu em uma felicidade imensa.

- Filha queria muito pagar o apartamento que você e Bill estão morando. - Helio se aproximou na hora de ir embora e propôs a filha

- Pai, não precisa! – Ela abraçou o pai e sorriu. – A entrada em dinheiro, Gordon nos deu de presente e as parcelas não ficaram tão altas, prefiro me esforçar e pagar, mas obrigada mesmo assim.  – Janice acompanhou o pai até a porta da instituição. – Eu amei o computador adaptado para o Bill, já tínhamos, mas um novo sempre é bem vindo. Obrigada!

- Mandei fazer na Alemanha, é o único ainda no mundo porém já estou patrocinando o dono dele para patentear e começar a fabricar mais pelo mundo ajudando outros deficientes visuais.

-Pai, isso é o máximo! – Janice abraçou-o carinhosamente.

- Imagine filha, isso tudo aprendi com você - Helio abraçou a filha e beijou sua testa com orgulho da mulher que Janice tinha se tornado.


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- Você viu seu irmão, Tom?

- Janice, ele está embaixo da maciera conversando com Gustav e balançando Carolina.

Ela olhou, ele balançando a irmã mais nova, então sorriu ao ver a linda cena.

- Que bom que se acertou com o seu pai! – Tom a trouxe de volta.

- Também fiquei feliz, não só pelo nosso acerto e sim por que percebi que ele mudou de verdade.

- Fiquei com pena dele, acho que é um sonho de todo pai levar a filha ao altar, ainda mais a filha única.

-Infelizmente isso já foi e não posso fazer mais nada. – Janice olhou para Tom e sorrindo, disse. - Ele foi muito bem representado.

Tom sorriu e abaixou a cabeça envergonhado. Isso era tão típico dos Kaulitz.

- Acho que não existia outra pessoa mais capacitada para isso do que você! – Ela tocou o rosto de Tom com carinho e continuou:

- Nunca vou conseguir amar Bill o tanto que você ama, jamais vou conseguir ter algo desse gênero dentro de mim e olha que eu o amo demais, porém esse sentimento que você nutre por ele, acho que ninguém vai conseguir chegar aos pés. - Janice passou a mão no rosto molhado de Tom e sorriu. – Você o conheceu primeiro que todos nós, você dividiu muitas coisas com ele muito antes, você é o companheiro, o amigo, o confidente, o alicerce, a base, o protetor, Bill viveria sem mim agora sem você... Não teria tanta certeza!

- Bill jamais viveria sem você, Janice! – Tom disse chorando.

-Imagina... Bill jamais respiraria sem você, Tom!

Tom abraçou a cunhada com ternura e muito emocionado disse no ouvido dela.

- Bill jamais enxergaria sem você, Janice.

E ali abraçados choraram de felicidade, ainda juntos tiveram certeza que os dois, formavam apenas UM, formavam o SER que alimentava, movia e amava intensamente BILL KAULITZ!



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- Soube que alguns médicos vieram te procurar para falar de uma nova cirurgia. – Gustav disse bebendo o resto de vinho da taça. – O que você respondeu a eles?

- Gustav, eu tenho muita vontade de enxergar, eu seria a pessoa mais hipócrita do mundo se dissesse que não! Mas, enquanto essa cirurgia não for 100% segura e os resultados forem satisfatórios, não tem por que eu fazê-la. – Bill disse ao amigo. – Se um dia eu fizer e por acaso não der certo, estarei levando não só minhas esperanças ao buraco, isso levaria minha mãe, meu pai, Tom e principalmente Janice. Não seria justo!

- O que não seria justo eu posso saber? – Janice perguntou, segurando Carolina no colo e a tirando do balanço, sentando com ela no banco embaixo da macieira.

- Fernanda acha que esta grávida! – Bill disse a Janice

- Bill? Isso era segredo, seu fofoqueiro! – Gustav olhou indignado para o amigo.

- Acha? Por que ela não faz o exame de sangue? – Janice olhou para Gustav.

- Amanhã faremos o exame em um laboratório, só tinha contado para Bill mas ele foi linguão!

Gustav sorriu para ele, e só não ficou bravo, porque tinha certeza que tinha contado para despistar o assunto da cirurgia de Janice.

- Teremos um bebê entre nós! Que lindo! – Janice abraçou Gustav

- Tia Janny, você está grávida? – A pequena perguntou.

- Não Carol, não estou!

- Ah pensei que eu ia ter um amiguinho. – Carol disse fazendo bico.

- Você terá um sobrinho ou sobrinha... Mas só daqui uns três anos ou quatro anos quando você for maiorzinha e puder cuidar dele, ok?

Carol sorriu feliz beijou a cunhada na bochecha e correu para brincar com Ingrid e Sabrina. Gustav também foi chamado por Fernanda que não estava se sentindo bem, deixando Bill e Janice sozinhos embaixo da enorme macieira.

- Eu já nos imagino aqui sentados e nosso bebê correndo por esse jardim imenso.- Bill disse sorrindo.

- Eu também imagino... Mas muita calma nessa hora! – Janice disse sentando no colo do marido. –Temos muitas coisas para fazer!

- Sim, temos muitas coisas para fazer para você ficar grávida!

- Você entendeu muito bem o que eu disse mocinho! – Ela beijou o nariz dele. – Tenho que terminar minhas pós e depois podemos pensar em ter nosso bebê!

- Será que eles terão vergonha de mim? – Bill disse sério.

- Bill? – Janice o advertiu e com a ponta do dedo acariciou o rosto delicado dele. – Não quero mais que repita essa bobagem! – Janice levantou e fez Bill levantar também. – Nossos filhos terão muito orgulho de você! –Ela acariciou seu rosto com devoção. –Você será o melhor pai da face da terra.

Ele baixou a cabeça e Janice tocou o queixo com o dedo, obrigando-o a levantá-lo. O sol estava quente e iluminava o belo rosto do rapaz, ele de repente olhou exatamente para onde estava o sol e sorrindo perguntou.

- É impressão minha ou esse sol de São Paulo está queimando meus miolos? Vamos tomar alguma coisa?

- Às vezes acho que você consegue enxergar!

- Hum... Droga... Você descobriu o meu segredo! – Bill voltou-se para Janice e brincou.

- Eu sabia que você me escondia algo! – Ela também sorriu e o abraçou pelo pescoço carinhosamente.

- Jamais! – Bill ficou sério e tocou sua testa na dela.  – Nunca poderia te esconder nada. – Depois a fez encostar a cabeça em seu peito. – Quando estou perto de você é como se eu fosse transparente e você pudesse ver todas minhas veias, minhas células, meus defeitos e medos.

- Engraçado... Eu sinto o mesmo, é como se você conseguisse ver tudo aquilo que as outras pessoas não conseguem. Como se você me conhecesse muito mais do que eu mesma.

- E conheço! – Bill disse beijando o topo da cabeça de Janice. – Agora vamos entrar que já vão passar a retrospectiva do ano aqui da instituição.

-Ok! –Janice respondeu.

-Jen?

-Sim?

-Hoje você comeu macarrão com molho de maracujá... Ontem quando fazíamos amor eu exagerei no carinho em seus seios e você, disse que eles estavam muito sensíveis...

-Sim... E daí? – Janice ergueu os ombros. – Hum falando nisso quero comer esse molho de maracujá com manjar. - Ele salivou e disse a ela.

-Pode deixar vou te dar UMA TAÇA bem grande!

Bill aninhou Janice em seus braços e com os olhos cheios d'água beijou levemente os lábios entreabertos dela e corrigiu-se antes de entrarem para dentro da instituição:

-Uma taça não... Darei DUAS!


Fim...

Postado Por: Grasiele | Fonte: x

Touched By An Angel - Capítulo 32 - Fomos tocados por um ANJO!

24 de Dezembro de 2009 – 14 horas

-Biiiiilll- Sabrina gritou ao ver o rapaz chegando ao hospital- Oi, eu te comprei um presente!
 Ele sorriu para Patricia e deu um abraço e um beijo caloroso na pequena.
 -Não precisava Sá! –Bill disse passando a mão no queixo de Sabrina, que sorriu largamente. –Vou apenas falar com Samara e daqui um segundo vamos começar a sessão, ok?
Ele andou até o elevador e seguiu rumo à sala da diretora do hospital.
 -Ele nunca mais foi o mesmo,né?
 -Ai que susto Ellen! –Patricia colocou a mão no coração e sorriu para a mãe de Ingrid. -Pois é, ele nunca mais sorriu tão verdadeiramente depois que ela foi para a Espanha e se ele souber o que Eleonora me contou ontem, ai que ele não vai sorrir mais mesmo.
 -O que você soube? O que Eleonora te disse? –Ellen perguntou já aflita, franzindo a testa.
 -Eleonora me contou que Janice vai ficar mais seis meses na Espanha, ou seja, ela só volta ao Brasil em junho de 2010!
 -Vamos para a sala, Sabrina?

A voz masculina as fez olhar para trás e encontrar Bill parado atrás delas. Elas se olharam com os olhos arregalados e Ellen mordeu os lábios agoniada.

-Será que ele ouviu? –Ellen sussurrou para Patricia.
 -Não sei –A mãe de Sabrina falou sem deixar sua voz sair. -Vamos...Vamos Ellen levar as crianças para a sessão!- Patricia sorriu sem graça para Ellen e junto com Bill seguiram, todos para a sala de musicoterapia.

Patricia notou a mudança de humor de Bill e teve certeza que ele tinha a ouvido contar para Ellen que Janice não voltaria tão cedo para o Brasil. Ela se arrependeu amargamente daquela atitude. Poderia ter ficado com sua boca fechada.
Chegaram à sala, aquela última sessão, a sala estava cheia, por que Bill daria a aula de músicas Natalinas, como todo ano ele fazia. As crianças sentaram-se na frente e as mães atrás, Bill se posicionou na frente do banco de madeira e pegou seu violão, sentou-se e começou a cantar as músicas. As crianças começaram a bater palmas animadas, e estavam em êxtase, nem perceberam que o rapaz estava ali na frente tocando, porém sua alma e seus pensamentos estavam a kilômetro de distância daquela dali. Ele tocava, automaticamente, a letra saia de seus lábios por que ele as sabia de cor, não que sentia ela dentro dele. E assim foi até a penúltima música, quando ele começou os acordes da última música, as crianças já estavam cantando e batendo palma. Quando ele foi cantar o refrão. Ele não saiu de seus lábios, ele levantou a cabeça rapidamente e foi como se ele quisesse sugar o ar, respirou mais fundo e tentou decifrar algo presente na sala. Fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente, Então, ele voltou a baixar a cabeça, e a tocar.

A última música acabou e as crianças os rodearam. Uma luta corpo a corpo para ver quem o abraçava primeiro. Depois do alvoroço, elas foram esvaziando a sala, uma a uma, até Bill ficar sozinho na sala, guardando o seu violão dentro da capa. Ele levantou o braço para colocar o violão no suporte e parou no meio e perguntou:

-Quem esta ai?
 -Sou eu, Bill!
 -Oi, Gustav! –Ele disse colocando o violão no suporte. – Pensei que já estivesse ido embora.
 -Já estou indo só vim lhe dar Feliz Natal e já to pegando a estrada, você vai ficar por aqui esse ano?
 -Sim, vou ficar o Natal e no ano novo to indo para a Alemanha passar uns dias de férias.
 -Tá certo, Bill você tem trabalhado demais. Precisa descansar. – Gustav disse abraçando o amigo carinhosamente.
 -Feliz Natal, Gustav
 -Feliz Natal, Bill

O amigo se despediu e saiu da sala, Bill então seguiu até a mesa onde estava sua mochila, a pegou e guardou  alguns presentes que havia ganhado de pacientes. Ele estava fechando o zíper, quando parou e disse:

-Juro que pensei que nunca mais fosse sentir esse perfume novamente.
 -E eu pensei que nunca mais fosse pisar nessa sala novamente.
 -E o que devo a honra? –ele disse virando e sorrindo.
 -Vim visitar amigos...desejar Feliz Natal! –Ela disse colocando as mãos dentro dos bolsos da calça Jeans.
 -Será que me incluo nessa lista? Será que vou receber um Feliz Natal?
 -Claro! – Janice disse indo até Bill e o abraçando, soltando rapidamente– Feliz Natal!
 -Feliz Natal para você também, Janice! – ele sorriu timidamente.
 -Você vai passar o Natal aqui no Brasil?-Ela perguntou
-O Natal sim e o ano novo vou para Alemanha. E fico por lá pelo menos dois meses. – Bill explicou.
-Dois meses...Legal! –Janice engoliu a seco e continuou –E  você como esta?
 -Indo...E você?
 -Também... indo!

 Janice o olhou e fechou seus olhos, estar no mesmo lugar que Bill depois de tanto tempo. Seu coração estava tão rápido que teve a impressão que ele ouvia as batidas.
Ela tentou se manter calma, pois não queria passar a impressão que estava nervosa ou tremendo. O silêncio caiu sobre a sala. Janice apertava seus dedos e tentava procurar algo para falar, mas sua mente só pensava em uma única coisa, seus olhos por mais que ela tentasse, só captava a boca de Bill, seu rosto bem desenhado, do qual ela sonhou tocar todas as noites. “Deus, ele esta ainda mais lindo.” - Ela pensava enquanto tentava formular uma pergunta para cessar o silêncio constrangedor que incomodava naquele momento.

-A bengala inteligente será patrocinada. –Foi ele que quebrou o silêncio.
 -Jura? Poxa Bill, que legal! –Ela disse feliz. –Muitas pessoas serão beneficiadas com ela muito mais barato.
-Pois é eu também fiquei muito feliz. - Ele disse e o silêncio voltou e foi Bill que voltou  a quebrá-lo.
 -E o estágio como foi?
 -Janiceeee! – O grupo de meninas entrou na sala gritando, frenéticas e abraçando Janice. – Quando nos disseram que você estava aqui, nem acreditamos. -Você esta linda! – Fernanda disse a abraçando – Espanha te fez muito bem? E ai os Espanhóis como são? Ainnn...por que você me beliscou? –Fernanda olhou feio para Jéssica que fez um sinal com a cabeça na direção de Bill. – Quero dizer, A Espanha...o país Espanha como ele é? Fernanda disse sem graça olhando para Janice.
-É muito bonito e romântico! –Janice disse sorrindo,achando graça da amiga.
 -Bom... Meninas vou deixar vocês aqui papeando e curtindo a Jen...Janice e vou terminar o que tenho que fazer pois tenho um almoço de família me esperando. –Bill disse sorrindo e saindo da roda feminina e saindo da sala.
 -Janice, por favor nós conte tudo! Como é morar em Madrid? – Alana bateu palmas empolgada e perguntou a amiga.
- Você se envolveu com alguém, já esqueceu Bill? Se esqueceu...Posso pegar ele pra mim?– Pâmela questionou

Janice olhou feio para a morena alta e só não respondeu a altura, por que começou a ser metralhada pelas outras amigas e a única coisa que ela conseguia prestar atenção era em Bill saindo da sala. Naquele instante ela já começou a ficar sem ar, nervosa e impaciente, então sem olhar para as amigas ela disse rápido:


-É muito bom morar em Madrid e não...eu não fiquei com ninguém...meninas depois falamos...depois pode ser?

Janice saiu do circulo que as meninas fizeram em volta dela e em passos largos alcançou a porta olhando para os dois lados para vê-lo.

-Biiiiil? –Ela gritou, ele não estava mais no corredor. Ela havia o perdido. Suspirou triste e se virou para entrar na sala novamente.
-Oi,Janice? –A resposta a fez virar rapidamente e vê-lo perto da sala de braile.
Ela foi até ele e parou na sua frente e começou a falar:
-Bill...eu...eu...ia almoçar...você já... –Janice tentou formular uma pergunta, sem sucesso.
-Sim, já almocei! –Ele disse sério.
 -Tá...Tudo bem ! –Ela disse se achando a pessoa mais idiota e estúpida do mundo. –Então, vou embora, tenho alguns assuntos para resolver. Terminar de ajudar minha mãe a fazer a ceia na casa da Tia Yasmin. –Janice explicou-se tentando não demonstrar a decepção em receber a resposta dele  –Então,tchau.
Janice se virou para ir embora, deu dois passos e parou quando ouviu:

-Estou sem carro. Você poderia me dar uma carona?
-Meu carro esta no estacionamento, sem problema nenhum! -Ela virou de costas para ele e perguntou -Quer apoiar em meu ombro?
 -No seu ombro? –ele perguntou confuso- Sim...pode ser!

Bill colocou a mão no seu ombro esquerdo.  Janice gemeu baixo esquivando-se, ele perguntou sem entender:

-O que foi? Isso é um plástico nas suas costas?
  -Sim, é “rollopac”, é que fiz uma tatuagem há cinco dias e esta ainda protegida com o plástico.

Bill nada disse, colocou a mão novamente no outro ombro de Janice. Aquele toque de Bill em seu ombro, ela suspirou e calmamente o guiou até o seu carro, chegando ao estacionamento, ela foi até a porta do passageiro e pegou a chave na bolsa, Bill ainda segurava em seu ombro, ela já estava tremendo, Janice tentava de todo o jeito, manter-se calma ,dentro de sua razão,entretanto, o toque, o perfume HUGO BOSS, a respiração tão próxima, a boca...Todo ele ali tão disponível só para ela...Bill delicinha...Era tudo o que ela conseguia pensar.

Ela pegou a chave, e mirou a fechadura, só que não conseguia enfiá-la, e a cada nova investida desastrosa ela ficava mais nervosa.
-Droga! –Ela gemeu baixo
 -O que foi, Janice? –Bill perguntou se aproximando mais do corpo dela, soprando em seu pescoço desnudo, pelo rabo de cavalo.
  -Nada...Não foi nada! – Ela disfarçou, tentando despistá-lo!
  -Você esta tremendo ou é impressão minha?-Bill disse sério, permanecendo ainda com a mão no ombro dela. –O que te incomoda?
A chave caiu da mão dela fazendo barulho no chão. Ela foi se abaixar para pega-la, ele lhe segurou o braço a impedindo. Segurando com força fazendo Janice segurar o ar com o toque mais brusco dele.

- Você teve alguém na Espanha?-Bill perguntou ainda a segurando. Janice o olhou e hesitou em responder. Ele apertou mais o seu braço e voltou a perguntar com um tom rude na voz:
  -Você se relacionou com outra pessoa?
  -Não! –Ela apenas respondeu. –Eu fui para Espanha com o meu destino predestinado, não fui intenção de ficar ou me envolver com ninguém. –Ela se explicou. Ela tentou tirar seu braço envolta da mão dele, mas ele não a soltou.
 -Então diga pelo menos que você pensou em mim, diga que estive em seus pensamentos pelo menos um dia, entre todos os dias passados longe? –Ele se aproximou Janice não se moveu.
 -Bill...
 -Droga ...Jen apenas diga ...se for preciso ...minta!

Ele a envolveu pela cintura e a empurrou devagar, a encostando as costas dela na lataria do carro, juntando os corpos. Janice então sentiu a respiração dele em seu rosto, olhou para os lábios dele entre abertos e disse quase em um sussurro:

-Em nenhum segundo desses 365 dias eu deixei de pensar em você, de te desejar e de te amar. Bill você não tem noção como foi doloroso para mim todo esse tempo sem você ao meu lado. –Ela viu Bill inclinar a cabeça, abrir seus lábios e se arrepiou quando sentiu a ponta da língua de Bill tocar o seu pescoço traçando um caminho de fogo e calafrio por onde ele lambia.

 Ela jogou a cabeça para trás e se deixou cair sem forças contra o carro, Bill a segurou com força pela cintura e ao chegar com a sua língua na boca dela, gemeu de prazer ao dizer num tom quase inaudível:

-Esse cheiro...como eu sofria todas as noites na minha cama querendo sentir esse cheiro, pelo menos mais uma vez...

Bill enfiou sua mão dentro do rabo de cavalo de Janice, desfazendo-o, e a trouxe novamente para mais um beijo, colocou sua outra mão no pescoço dela e forçou mais seus lábios nos deles. Enfiou sua língua na boca dela, procurando-a a sua, e quando a achou, a trouxe para dentro de sua boca numa fome desesperadora.

Janice deixou sua língua ser sugada e acariciada pela de Bill, inclinou seu corpo e apenas deixou-se ser beijada, seu corpo estava formigando, e apertava seus dedos nas costas de Bill. Quando ela separou sua boca da dele e respirou sem fôlego, como se tivesse mergulhado profundamente e estivesse naquele momento voltado a superfície, ofegante e zonza, ela voltou a beijá-lo, enfiando a mão dentro de sua camiseta preta e lhe arranhando com as unhas compridas. Fazendo-o segurar com brutalidade em suas coxas.
O beijo ia ficando cada vez mais perigoso, Bill percebeu e separou-se dela bruscamente e disse com um sorriso malicioso nos lábios:
-Melhor pararmos ou vamos ser presos por atentado ao pudor.
Janice sorriu sem jeito e se recompôs, arrumando-se.

-Quero que você venha para a ceia de natal na minha casa. -Bill disse ainda muito perto de Janice.
 -Ah Bill!  Eu não sei da última vez que estive lá, foi naquele episódio triste, eu não tenho boas recordações.
-Janice, um ano se passou e muita coisa aconteceu. –Bill tocou de leve meu queixo e o acariciou - Apenas uma coisa não mudou nesse tempo, quer dizer depois desse beijo, acho que mudou sim! Acho que esta mais intenso do que nunca!

Ela sorriu sem jeito, ele já tinha a ganhado, ele sempre conseguia o que queria, com todo o seu charme e ternura.

 -Tá bom, mas não vou demorar, por que ainda quero passar na casa da minha tia para lhe dar um beijo, ok?

Bill sorriu e balançou a cabeça, concordando, então entraram no carro e seguiram para a casa dele.


x.x
Chegamos ao condomínio, entramos com o carro, paramos na porta da casa de Bill e saímos do carro, o encontrei na porta do passageiro, ele me deu a mão e seguimos juntos para dentro da sua casa. Quando entramos na sala de estar, ela estava cheia e todos os presentes, lógico nos olharam, eu sorri para todos, acenei com a cabeça e sorri. Um bolo enorme veio até minha garganta em estar de volta aquela casa. Simone foi à única que não sorriu, também não disse nada, entramos e abraçados os familiares de Bill, desejando Feliz Natal, quando foi a vez de Simone , Bill a abraçou carinhosamente e a beijou, eu a abracei rapidamente e desejei-lhe Feliz Natal também. Ela sorriu e retribuiu, saindo da sala logo em seguida.

Fomos falar com Tom e Eleonora, ela me encontrou e me abraçou fortemente dizendo:
-Seja bem vinda, minha amiga!
Quando nos separamos, olhei para Tom que até então, na ultima vez que eu o vi, estava contra mim. Ele abriu um sorriso lindo e terno, que fez meu coração se acalmar, abriu os braços e veio ao meu encontro, me abraçando carinhosamente. Foi difícil segurar as lágrimas, afinal tinha prometido a mim mesma que não queria mais chorar, depois de um ano regado as lágrimas e a saudade, eu não me permitiria mais derramar uma lágrima se quer...pelo menos tentaria!

Ainda colado ao meu corpo e me abraçando fortemente,ele disse:

-Eu sei que o seu amor por ele é o mais puro e verdadeiro. Eu sei que ele não poderia estar em melhores mãos que as suas. –Tom me apertou e finalizou. – Desculpa se algum dia eu tive alguma dúvida disso.
 -Isso ficou no passado, Tom! –Eu respondi emocionada– Eu te perdôo!

Tom interrompeu o abraço e logo depois, abraçou o irmão, não disse nada, não era preciso, os dois eram tão sintonizados, que mesmo Bill não enxergando, não vendo o olhar, o jeito de Tom, mesmo assim ele conseguia decifrar o gêmeo mais velho. Era coisa de outro mundo essa conexão.

Sentamos no sofá na sala de TV e ficamos os quatro mais Nathy e seu novo namorado, conversando, dando risadas e me atualizavam sobre as novidades. Gordon também mais tarde veio me abraçar e se juntou a nós. Carolina estava no meu colo e ela estava brincando com meu colar quando Simone entrou na sala e nos olhou, colocou os sucos na mesa de centro e saiu rapidamente. Eu a olhei por um segundo e decidi que aquilo não podia ficar daquele jeito. Levantei-me e disse a Bill:

 -Vou pegar um pouco mais de torradas e patês para nós.
 -Não Jen , eu pego! –Bill disse se levantando.
-Não pode deixar, eu mesmo pego!

Então sai da sala e fui em direção a cozinha. Entrei e encontrei Simone de costas para a porta. Ela sentiu minha presença, pois baixou a cabeça e disse:

- Você não irá conseguir!
- Conseguir o que? - eu perguntei, me aproximando dela.
- Fazê-lo Feliz - Ela suspirou e finalmente me olhando pude ver que estava chorando.
-O que você tem medo, Simone? –Eu perguntei calmamente-Eu não consigo entendê-la, desculpe, mas simplesmente não consigo, já provei de tantas maneiras que amo o seu filho, e que nem mesmo o meu pai conseguiu me fazer mudar de idéia sobre isso.
- Não é isso. - Simone disse me olhando nos olhos.
- Então o que é? Diga-me, por favor, me ajude a compreender qual é o verdadeiro problema.
- Desde que... Desde que ele começou a ter relacionamentos, eu sempre temi por ele, e sempre me pegava pensando qual seria o momento em que elas iriam magoá-lo, e sempre aconteceu, no final eu sempre estava certa, no final eu sempre estava lá com ele enquanto ele se lamentava.
-Deve ter sido muito difícil.
-Sempre foi, mas quando você apareceu, eu sabia que seria diferente, não faço idéia do porque, mas eu sabia que não desistiria tão fácil, e então eu me dei conta de que desta vez eu o estava perdendo.
-Simone, ninguém precisa perder nada, Bill é um ser humano maravilhoso e sabe dividir, sabe distribuir, ele nunca te abandonaria, nem mesmo por mim! Simone virou para a pia enxugando as lágrimas, baixou a cabeça e disse:
-Quando você enjoar dele, serei eu que estarei ao lado dele. – a sua voz era baixa e dolorida – Quando você não souber lhe dar com a deficiência dele, é a mim que ele vai procurar, é a mim que ele vai pedir ajuda. –Simone continuava de costas. – A sociedade, o mundo não esta preparada para recebê-lo. Por isso te peço volte para a Espanha e o deixe em paz.
-Eu não vou embora, nem hoje, nem amanhã, nem depois e nem nunca. –Eu comecei a falar– eu voltei para ficar e do lado dele eu não sairei nunca mais. Eu coloquei a mão dentro da minha bolsa e tirei um envelope laranja grande e coloquei em cima da pia, na frente dela. -Quero que veja o que tem dentro desse envelope. Eu não abandonei Bill, gostaria que lesse o que esta dentro desse envelope, talvez você finalmente entenda que eu o amo e se fui embora, foi para o nosso bem.

Quando eu me virei Bill, Tom, Ellie estavam na porta da cozinha, com certeza tinham ouvido toda a nossa conversa.

-Bill tenho que ir agora, vou dar uma passadinha na casa da minha tia Yaya.
 -Quero que você fique! –Bill segurou meu braço.
 -Não posso Bill! – Eu me soltei, segurei seu rosto delicadamente e lhe dei um selinho. – Depois me ligue, ok?
 -O que tem dentro daquele envelope? -Bill questionou.
 -Tenho certeza que depois que sua mãe ler, ela vai te contar. –Eu disse sorrindo acariciando seu braço.

Sai da cozinha, deixando Bill na porta da cozinha e mais alguns pares de olhos curiosos, olhando para Simone abrindo o envelope que eu havia lhe dado.


x.x

Sai da casa de Bill, e dei a volta na rua para sair do condomínio, parei  em frente da  cancela, esperei o guarda levantá-la para eu sair do condomínio, eu buzinei, e quando o guarda apareceu na janela, ele sorriu pra mim:

 -Como vai senhorita Guttemberg, faz tempo que não aparece por aqui!
-Pois é, eu estava viajando. -  Eu disse sorrindo. –Você poderia abrir a cancela, por favor.
  -Ah sim a cancela! -Ele fechou novamente a janela. Eu sorri mais uma vez e olhei para cancela, esperando ser aberta e nada! Aguardei mais alguns segundos, bati com a unha na janela da guarita e esperei, depois de um minuto, ele abriu novamente a janela.
-Faltou abrir a cancela! –Eu disse sorrindo quase perdendo a paciência. Eu estava cinco minutos parada dentro do carro esperando para sair do condomínio de Bill.
 -Não...Não faltou! –Ele sorriu feliz  –Bill pediu para não abrir.
-Bill pediu pra... –Quando olhei para o retrovisor vi Tom e Bill vindo em direção ao meu carro. Olhei para o guarda que mais uma vez sorriu e entrou para dentro da guarita, fechando a janela. Esperei os dois se aproximarem, foi Tom que abriu a porta e deu espaço para Bill entrar e sentar-se no banco do passageiro.
 -Se cuidem, crianças! –Tom sorriu e fechou a porta do meu carro.
  -Bill eu disse para você ficar com a sua família, depois eles vão falar que eu não deixo você passar o Natal com eles.
 -Você sabe onde fica a Rua Mario Quintana? –Bill ignorou o meu comentário anterior e perguntou.
-Sim, eu sei!
- Podemos ir até lá?-Bill disse colocando o cinto.
-O que é, Bill?-Eu perguntei séria.
-Vamos e quando chegar eu te mostro. -Bill disse também sério.

Eu suspirei, liguei o carro, agora o guarda levantou a cancela, sai com o meu carro e seguimos para Rua Mario Quintana. Quinze minutos depois, eu virava a esquerda e chegava ao destino. Eu parei e estacionei.

-Cheguei na rua e agora? -Eu disse olhando para ele.
 -Procure o número 125, por favor e pare em frente.-Bill explicou

Eu olhei entre as árvores e percebi que o número estava longe ainda, liguei meu carro novamente e andei mais alguns minutos, até achar o número 125, eu desliguei meu carro e cruzei meus braços e disse sorrindo:

 -Chegamos, Bill Kaulitz!
 -Vamos descer! –Bill tirou um molho de chave do bolso e esticou a mão em minha direção. –Por favor, você poderia me guiar e abrir o portão?

 Eu sai do carro, dei a volta nele, ele já estava saindo do carro quando eu disse:
-Quer uma ajuda? –Eu perguntei oferecendo meu ombro novamente
 -Depois vamos conversar sobre o conteúdo daquele envelope. Ele tocou meu ombro, eu não disse nada apenas o guiei até o grande portão azul.

Quando chegamos a frente a ele. Olhei para aquele molho de chave confusa, havia tantas chaves ali eu ficaria um bom tempo procurando a certa para abrir.

- É a única escrita “JG” em braile. –Ele explicou.
 -Tudo bem! – eu a achei, enfiei na fechadura e abri o portão. Quando o empurrei e olhei para a placa que ficava em cima da entrada de vidro eu parei e não consegui mais me mover.
Eu não conseguia dizer nada, diante daquela placa enorme de bronze, eu me calei e engoli diversas vezes o choro. O nó formado em minha garganta impedia que eu perguntasse o que tudo aquilo significava.  Meus pés estavam grudados no chão, eu olhava fixamente a placa e não acreditava que ele tinha feito aquilo.

 -Peter, o inglês que fez a operação nos olhos ,sabe? Ele me procurou há seis meses trás perguntando se eu poderia ajudá-lo. Eu disse sim e aqui estamos! –Bill quebrou o silêncio.
-Bill...Não posso aceitar, isso não pode levar meu nome, eu não fiz nada, não ajudei...você nem sabia se eu voltaria para o Brasil, como pode colocar o meu nome num projeto tão importante desse sendo que eu não colaborei?
-Jen, mesmo que você nunca mais voltasse para mim, esse lugar levaria o seu nome, por que eu só aceitei abrir essa instituição, por tudo o que eu sentia por você! –Bill disse dando um passo e ficando ao meu lado. – Eu só aceitei abri-la por tudo o que você me ensinou, nas coisas que me fez acreditar e lutar por todas elas e eu sentia, eu sabia, e poderia demorar um ano, dois, mas você voltaria, não precisaria ser exatamente para mim, você voltaria para os seus pacientes, aqueles que precisam demais de você e do seu coração cheio de bondade e esperança!

-Bill...eu não sei o que dizer.
  -Não quero e nem precisa dizer nada, a gente nunca precisou disso... -Bill segurou minha mão fortemente. –E depois que eu soube o conteúdo daquele envelope, eu...eu tive certeza que eu tinha feito a coisa certa. Que esse lugar é SEU, tanto quanto meu! Suspirei , afastei minhas lágrimas e mais uma vez olhei para a placa que tinha o desenho de um enorme beija flor e o nome em destaque:  Instituto Beija Flor –Fundadora e grande inspiradora:  Jen Guttenberg.

 -Você sempre me surpreendendo...sempre me fazendo chorar!

Eu disse emocionada, Bill tocou minha mão, depois me abraçou e beijou minha testa.

-Não quero que você chore, Jen! –Ele disse perto do meu ouvido-Quero que você fique feliz.

Eu me soltei de seus braços e fui olhar de perto a enorme placa. Eu não acreditava naquilo tudo que eu presenciava uma garota egocêntrica, sem juízo, sem planos para o amanhã, uma patricinha fútil, dona de um centro de reabilitação e treinamento para deficientes.

-O mundo dá muitas voltas e nos pregam peças surpreendentes.

Ouvi ele dizer ao mesmo tempo que senti uma mão tocando meu ombro e fechei os meus olhos, e ainda tinha ele nessa história,BILL .
Uma pessoa da qual eu nem sabia se eu merecia, ele era tão maravilhoso, tão surreal, que às vezes eu acreditava que eu acordaria e tudo tinha sido apenas um sonho de uma noite.

 Ele apertou meus ombros com suas mãos finas me trazendo de volta a realidade. Baixei minha cabeça, abri meus olhos e toquei suas mãos com as minhas.

-Venha ainda não acabou, quero te mostrar a instituição por dentro.
Ele pegou minha mão, enlaçou seus dedos nos meus e fomos a cada sala, em cada espaço reservado aos pacientes. Aquilo tudo cheirava a novo, dava para sentir o cheiro de tinta, mobília nova. A cada espaço que entravamos novo, ele me explicava o que cada sala representava e o que seria feito dentro dela.

Eu o olhei e vi toda a sua felicidade, ele estava tão diferente.  Há dois anos atrás quando o conheci ele era um garoto de 21 anos, cheio de medo, dúvidas e fechado para a sua realidade, agora eu percebi que ele também havia aprendido toda a lição. Ele agora era um homem maduro e cheio de planos para o futuro... O Nosso Futuro!

-Venha agora vou te mostrar o principal.
 -O principal? Como assim o principal? –Eu perguntei sorrindo. - Ainda tem mais coisas?
 -Venha e você verá! –Ele também sorriu, me levando para o andar superior.

Chegamos a um grande portão e então ele se virou para mim e mais uma vez sorrindo, ordenou:

-Abra!

Eu o olhei, coloquei a mão na maçaneta e entrei, a musica invadiu o ambiente, era instrumental, mas de imediato a reconheci, era Codinome beija flor, o sol iluminava o lugar, dando um toque todo especial e mágico! Fui entrando e percebi que aquele lugar era uma réplica em menor dimensão do Jardim Botânico,  tinha uma árvore linda com quatro alimentadores de beija flores, uma pequena fonte, e o banco ao lado da fonte.

-É Perfeito, Bill – Eu disse encantada com o pequeno lugar- É lindo demais.
  -Gostou?
  -Meu Deus, como não poderia gostar? Isso aqui é um pequeno pedaço do paraíso!
 -Esse lugar será só para nós dois, quando quisermos descansar, conversar, relaxar...será o nosso esconderijo!-Bill disse tocando a água com as pontas dos dedos, como tinha mania de fazer com a fonte no Jardim Botânico.

Eu o ouvi, caminhei até ele e o enlacei pela cintura, o virei de frente para mim, colei meus lábios nos deles e lhe beijei com vontade.  Ele colocou suas mãos em volta do meu pescoço e com as pontas dos dedos me acariciou durante todo o beijo. O beijo durou até o nosso fôlego agüentar, quando descolamos os lábios , ele sussurrou pra mim:

-Você quer jogar uma moeda na fonte e fazer um pedido quem sabe ele se realize? Eu sorri e o abracei pela cintura, deitei minha cabeça em seu peito e por um segundo pude sentir os batimentos de seu coração.
 -Bill não preciso de nada disso, nem de moeda, nem de desejo, nem de fonte. Tudo o que eu sempre quis em toda minha vida eu as tenho nesse exato momento. Eu não preciso pedir mais nada. Nunca me senti tão bem, tão plena e tão feliz, como me sinto agora.
 -Jen, não..a gente sempre precisa demais..
 -Eu não! E eu sempre achei que o dinheiro fosse tudo que nos preenchesse. Meu Deus como eu fui burra! –Eu confessei para ele sentindo vergonha do meu passado. – Hoje, se por acaso eu disser que eu preciso de mais alguma coisa, estarei sendo mal agradecida com DEUS. – Eu mais uma vez o abracei deitando em seu peito. -DEUS esta sendo muito justo comigo.


-DEUS...O homem que até dois anos atrás eu nem acreditava, um homem que eu tinha certeza que nem sabia da minha existência. –Ele disse acariciando meus cabelos - Hoje percebo que tudo o que era MEU, estava guardado, ele tinha tudo predestinado, ele só estava esperando eu acreditar mais NELE para me entregar, e foi tudo tão simples, a noite em que eu resolvi pedir ajuda a ele, pedindo uma solução, uma mudança, uma direção...no outro dia de manhã, ele me enviou um sinal.Bill soluçou e me apertou mais em seus braços, seus soluços saiam desesperados e  altos de dentro de seu peito. Ele chorava..
 -Eu pedi tanto naquela noite...tanto –Bill picava suas palavras entre seu choro-  E naquela manhã quando ouvi sua voz, ela entrou dentro dos meus ouvidos, entrou dentro de cada célula do meu corpo, chegando ao meu coração. –Ele se calou tentando recuperar forças. –Jen , naquele momento eu sabia, eu tive certeza que você era a ajuda que DEUS tinha me enviado...sim..sim...eu lutei contra, eu fui teimoso, eu fui um tremendo de um imbecil, mas hoje eu tenho certeza. –Bill tocou meu rosto e o levantou tocando a ponta do seu nariz com o meu dizendo: -Eu tenho a plena certeza que naquela manhã,que nos conhecemos, algo divino aconteceu  -Bill apertou suas mãos entre meu rosto e dando-me um selinho disse baixo:
 -Eu te amo,Jen...Obrigado por você estar ao meu lado, obrigado por ter acreditado em mim e principalmente por  ter emprestado os seus olhos para eu “enxergar” que eu posso ser feliz com as minhas limitações, por que posso ser limitado em minha visão,mas jamais serei limitado em amar e ser amado...Obrigado por ter me tocado...

 Ele se aproximou e me beijou novamente, senti sua língua dentro da minha boca, seus braços me envolveram e se ele não tivesse me esmagando num abraço com certeza eu sairia voando, eu estava leve e meu corpo já não respondia a minha consciência. Naquele momento eu me entreguei.
O beijo foi ficando cada vez mais quente e intenso. Bill passou a beijar o meu pescoço, depois desceu para o meu colo.

-Bill...
-Hum... -Ele gemeu ao sentir minha língua dentro de seu ouvido
 -Será que podemos inaugurar esse lugar da nossa maneira...cada sala...cada espacinho...podemos?
Bill jogou a cabeça para trás e sorriu divertido...Era clara a resposta dele para o meu pedido.

Ele me amou loucamente, ali em pé, apoiados na fonte, não dava mais para esperar nem um momento, queríamos nos entregar, queríamos fazer amor, queríamos ouvir um gemido do outro, queríamos sentir o suor, a respiração falha e o principal, queríamos matar aquela maldita saudade, íamos terminar com ela e esquecê-la finalmente em nosso passado. Ainda com nossos corpos encaixados e nos movimentando, fizemos juras de amor e trocamos as mais deliciosas e obscenas frases, quando estávamos prontos para chegar ao clímax, ele beijou com prazer meus lábios inchados de desejo e quando ele veio, foi  intenso e satisfatório, foi incrível para nós dois, nos abraçamos e ficamos imóveis por alguns segundos, tentando acalmarmos nossos batimentos cardíacos e nossos corpos que tremiam.


Depois,com a noite caindo, pegamos alguns edredons jogamos no deck perto da fonte, com algumas almofadas e ascendi algumas velas ao nosso redor, Bill deitou primeiro e se acomodou, depois deitei em seu peito colocando minha mão em sua barriga, ele colocou a sua sobre a minha, acariciando-a.

-Você ainda tem o anel que eu te dei no parque de diversões? –Ele perguntou surpreso sorrindo ao sentir o anel no meu dedo.
 -Eu nunca o tirei do dedo. –Eu disse olhando para o anel. – Todas as noites, antes de dormir, eu sempre dava um beijo nele, como se fosse seus lábios.

Ele sorriu, então acariciou meu cabelo e quando foi tirar a mão, sem querer raspou seus dedos em minha tatuagem.

-Aiiii... –Eu fechei meus olhos de dor.
-O que foi? –Ele levantou a cabeça preocupado.
-Você tirou a proteção da minha tatuagem.
-É mesmo, a senhorita fez uma tatoo? –Ele disse num tom bravo
-Sim...Eu fiz! –eu disse ainda gemendo de dor

Bill me virou de lado devagar e tocou minhas costas com as pontas dos dedos, seguindo em direção ao meu ombro esquerdo quando achou o volume, devagar contornou o desenho, ele então levantou o outro braço e com as pontas dos outros dedos da outra mão também começou a alisar a tatuagem, que como era recente e inchada, tinha um pequeno relevo.

Ele ficou quase um minuto tocando meu ombro, até ele sorrir e beijar sobre o desenho e dizer em meu ouvido.
 -Um beija-flor... Jen...você tatuou um beija flor!
Bill virou-me e antes de me abraçar disse:
 -Você foi a coisa mais incrível que me aconteceu...dizer eu te amo á você, seria pouco demais!

Eu não respondi, não deu tempo, os seus lábios grudaram nos meus sugando todo meu ar, minha razão e tudo o que ele encontrou dentro do meu corpo, ele podia, afinal tudo que se encontrava dentro de mim, pertencia e ele! Antes de me preencher novamente o ouvi gemer em meu ouvido:
 -Fique de ladinho, quero ficar admirando o seu beija-flor!


x.x


O meu corpo estremeceu de prazer, arqueei minhas costas do chão, fechei meus olhos, mordi meus próprios lábios, segurei fortemente meus próprios cabelos num ato de desejo incontrolável e gritei o seu nome quando cheguei ao paraíso.

Ele ainda se movimentou por alguns segundos dentro de mim, forçando sua cintura contra o meu corpo, soltando um gemido longo e rouco e logo em seguida deixo-se  cair, pesando sobre mim. Nesse mesmo momento ouvimos uma gritaria na rua, era meia noite, era Natal.
E ainda conectados intimamente, ele levantou a cabeça, tocando minha testa com a dele dizendo ainda quase sem ar:

 -Feliz Natal, Jen!
Eu sorri, alisei seu nariz com a ponta do meu e respondi:
 -Feliz Natal, Bill!

Eu o vi sorrindo, ele beijou minha testa e depois a ponta do meu nariz, depois saiu de dentro de mim e deitou na minha barriga, alisando-a com a ponta dos dedos.

–Não sabia que você vinha para o Brasil, eu não comprei nenhum presente de Natal para você. –Ele disse sem graça.
-Como se eu quisesse algo mais de você. Só isso, que tivemos já me satisfaz. – Acariciei seus cabelos negros. –Não digo do ato. Digo de tudo o que você me dá, me envolve, é tudo tão gostoso, tudo tão bom. Eu amo estar nos seus braços, amo a forma que você me beija, me ama...Eu te amo,Bill!

Ele não respondeu, eu o chamei, ele permaneceu calado. Bill havia dormido. Com cuidado o tirei da minha barriga, deitei-o na almofada, deitei ao seu lado, peguei sua mão, a beijei delicadamente e ainda a segurando, adormeci também.


x.x


-Graças a Deus que hoje fez esse sol maravilhoso! –Eu sorri para minha mãe.
 -Ainda bem, parece que ele veio para agraciar esse dia tão especial. –Ela sorriu me abraçando com carinho.
 -Mãe, será que você pode pedir para os garçons vir colocar as toalhas na grama e arrumar o piquenique, as pessoas vão começar a chegar e quero que tudo fique lindo.
 -Minha filha, eu tenho tanto orgulho da pessoa que você se tornou. Sou a mãe mais feliz desse mundo  –Minha mãe disse e eu a olhei, ela sorria como há tempos não o fazia. Então eu a abracei e beijei sua bochecha, e ela se afastou.

 Eu me virei e então vi Bill tocando violão com Sabrina e Ingrid, elas sorriam e ele abriu um sorriso encantador, um sorriso muito mais radiante que o sol que fazia naquela tarde em São Paulo.

Eu coloquei minhas mãos dentro do bolso do meu short e o observei, ele estava lindo...Meu Deus, como Bill era lindo, não só fisicamente, ele era perfeito em todos os sentidos. Meu coração naquele momento deu uma pequena pontada, chegando a doer, sim...doer de tanto AMOR, eu o amava demais, de uma maneira tão intensa, pura e verdadeira que tal sentimento chegava a doer dentro do meu peito. As lágrimas vieram e as impedi de rolarem.

-Janice! –Eu o ouvi me chamar e me virei.
 -Tom...Ellie... que bom que vocês estão aqui! –Eu abracei os dois de uma vez. –Acomodem-se em alguma toalha e vamos nos divertir.
 -Janny eu queria dizer algo sobre o conteúdo do envelope e...
 -Tom, meu cunhado  –Eu disse sorrindo e tocando seu queixo com carinho. – Não precisa dizer nada. O que eu fiz foi por AMOR a Bill.

Percebi que os olhos de Tom se encheram de lágrimas e ele segurou-as fortemente. Veio ao meu encontro, me abraçou e disse em meu ouvido ao me soltar:

-Obrigado por tudo o que você fez por ele. Sorri para ele e respondi:
 -Não agradeça, agora quero que você faça o mesmo por essa grande mulher que esta ao seu lado. Fui até Eleonora e lhe abracei com carinho. Nem por todos anos que eu ficaria viva na face da terra eu poderia agradecer tudo que Ellie tinha feito por mim. -Quero que você faça a minha amiga muito feliz!
  -Se Eleonora tivesse contado a verdade, talvez vocês não tivessem passado por tudo isso nesse um ano.
 -Tom! Eu tinha que viver isso e  Ellie não tinha permissão de abrir a boca sobre esse fato. Tom sorriu e abraçou Eleonora dando um pequeno selinho nos lábios da morena. -Agora vão se divertir! –Eu sorri e vi os dois sentarem em uma toalha perto de uma arvore enorme. Suspirei e me virei para ir até a entrada recepcionar os outros convidados.

-Esse lugar ficou lindo!
 -Sim.  Ficou lindo demais. –Eu disse sorrindo para Simone. –Tão lindo quanto à alma de seu filho!
  -E sobre o conteúdo do envelope. –Ela fez uma pausa e continuou. –Eu queria dizer que agradeço que você tenha feito tudo isso pelo meu filho. Tenho que admitir que nenhuma outra teria essa atitude por ele. –Ela me olhou e sorriu sem jeito. – Obrigada!
 -Não quero que ninguém me agradeça por isso, Simone! –Eu disse – O que eu fiz foi por vontade própria, sem obrigação de nada.
 -Agora sei que ele esta em ótimas mãos.

Eu sorri e fui ao seu encontro, peguei suas mãos e disse:

-Simone, ele sempre esteve em excelentes mãos!

Puxei Simone pelas mãos e a sentei ao lado de Tom e Ellie, mais tarde Gordon chegou com a pequena Carolina, que sentaram ao lado de minha mãe. Apenas, minha mãe compareceu a inauguração do instituto,  pois meu pai...eu não o via mais, eu fiz a minha escolha e pra falar a verdade, a melhor escolha que eu fiz em toda minha vida. Acho que nessa história quem mais perdeu foi ele...Infelizmente!




Depois que dispensei todos os fotógrafos e jornalistas, o instituto permaneceu apenas com poucas pessoas. Então me aproximei de uma enorme árvore e sentei-me numa toalha sozinha, cruzei minhas pernas e olhei para a roda enorme de crianças, que estava formada em volta de Bill, todas batiam palmas e cantavam alegremente. Ele cantava junto com elas com um sorriso maravilhoso em seus lábios, ele estava visivelmente satisfeito e completo, era como se ele pudesse vê-las, todas elas, cada rostinho, e na verdade eu tinha certeza, que ele as enxergava, muito mais do que nós, que tínhamos a visão, as dos olhos!
E analisando profundamente, a visão dele era muito mais gratificante, por ele podia enxergar a alma e o verdadeiro “eu” de cada ser humano que cruzava o seu caminho.  Dificilmente ele errava, quando ele dizia:”Não confio nessa pessoa”, era certeiro, a pessoa não valia nada. Olhei mais uma vez para Bill que agora era abraçado pelas crianças, de longe eu conseguia ouvir a gargalhada dele.

Naquela tarde, ele voltou a ser uma, jogou bola, cantou e naquele momento que sua risada chegou aos meus ouvidos, eu SORRI e GARGALHEI em ouvi-la. Fixei meus olhos em Bill sendo abraçado por todas as crianças juntas, até minha visão embaçar  e ficar tremula, não pude evitar minhas lágrimas, ser platéia de uma cena tão emocionante e doce, não tinha como não ficar sensível.
Então, eu deixei minhas lágrimas rolarem, eu não as impedi, não as enxuguei, eu fiz questão que elas molhassem o meu rosto, eu queria que elas caíssem na terra do enorme jardim, para regar todos os sentimentos positivos ali depositados, era como se minhas lágrimas de alegria aguassem toda s aquelas flores existentes no jardim, para acolher e reconfortar cada criança deficiente que entrasse atrás de um fio de esperança, para falar, andar e sorrir novamente. Fechei meus olhos e foi como rever todo o filme sobre nossas vidas,  tudo o que eu tinha passado COM BILL  e POR BILL, tudo o que foi vivido até aquele dia, lembrei do primeiro dia que eu o encontrei, do nosso primeiro aperto de mão, seu primeiro sorriso,do nosso primeiro beijo, da nossa primeira vez, do nosso primeiro eu te amo e percebi que o que Bill tinha dito, fazia muito sentido, e negar já não era mais possível, fomos usados por um poder divino,  DEUS nos usou para nos ajudarmos e JUNTOS, unimos forças e consequentemente passamos a ajudar outras pessoas tão ou mais necessitadas do que nós, nada foi por acaso, não existiu coincidências, tudo foi planejado em detalhes para sermos embaixadores da fé daquelas pessoas.
 Até mesmo as implicâncias de Bill, suas neuras em ser cego e dificultar a nossa união acabou nos ajudando, afinal graças a elas, eu decidi ir para  a Espanha e ficar um ano na Instituição ABRA LOS OJOS,  onde aprendi a ler, a escrever,  a cozinhar, tomar banho, ir as compras, aprendi tudo isso completamente CEGA, vivi na pele os preconceitos, aprendi a sentir o que eles sentiam ao receber agressões  de pessoas ignorantes, aprendi a entender todas as necessidades,  e foi no meu último dia, depois de onze meses , quando tirei meus tampões, que ao enxergar novamente a vida que me dei conta que eu tinha renascido e tudo graças a cabeça dura de BILL.
Eu sorri e ainda tomada em lágrimas, conclui que tudo tinha valido a pena, que comecei odiando aquele hospital, odiando o meu castigo, odiei a mudança em minha vida, odiei até Bill por alguns dias, e somente quando eu fui conhecendo ele dia após dia, ele foi me moldando, tirando o ódio, a raiva e substituindo tudo isso por amor, solidariedade e respeito pelo próximo. Foi ele que me transformou nessa NOVA JEN, o mérito era todo dele.

-Tenho certeza que você esta chorando nesse exato momento!

Olhei pra cima e Bill tampou o sol que batia em mim, fazendo uma enorme sombra.

-Acertou...como sempre!

Bill sentou ao meu lado, tocou em minha cintura e me fez deitar em seu colo, com os dedos acariciou meus cachos loiros.

-As pessoas foram embora, você estava tão entretida aqui no seu cantinho, que ninguém quis te interromper, mandaram beijos e disseram que segunda estão todas aqui novamente para o início das sessões.
-Bill eu já agradeci tudo o que você fez por mim? –Eu perguntei sem ouvir absolutamente nada do que ele tinha dito.
 -Hum....Já! –Ele respondeu – E eu já agradeci tudo o que você fez por mim?
 -Hum...Já! – Eu respondi o imitando.  -Eu já disse que é com você que quero dar o meu último suspiro.
 -Uau! Isso sim foi uma linda declaração de amor. –Ele brincou comigo.
 -Se eu pudesse todos os dias ao acordar e todos os dias ao dormir, eu beijaria seus lábios e diria: Eu te amo e obrigado por ter entrado em minha vida!
 -Jen...não precisamos de nada disso e você sabe muito bem disso, que o que temos não precisa ser explicado e dizer que...

Ele não completou a frase, ficou em silencio então eu o olhei e o chamei:

-Bill? O que foi?
 -Jen, dizer que eu te amo seria pouco e minhas palavras nunca seriam suficientes para te dizer como você é importante em minha vida. -Ele disse visivelmente emocionado - O certo seria dizer isso com uma troca de olhar profunda e intensa, mas como eu nunca poderei fazer isso. -Ele me ergueu de seu colo e com as pontas dos dedos começou a tocar meu rosto delicadamente.
 -Como eu jamais vou poder me declarar olhando dentro dos seus olhos, eu vou me declarar todo meu amor para a mulher que mudou minha vida, dando sentido e direção, da única maneira que eu consigo...
Bill pegou minha mão que estava sobre minha perna, levantou-a, levou-a aos lábios, beijando-a e depois abrindo sua jaqueta jeans, colocando-a no seu peito, do lado esquerdo, forçando-a contra o seu corpo.

-... através do meu toque!

Eu apertei meus lábios que tremiam e disse a ele:
 -Você sabe que dizem que todos os anjos são cegos, e que só conseguem enxergar pelo toque de suas mãos. –eu me aproximei e toquei seus lábios com as pontas dos meus dedos. -Então, eu sei exatamente o que aconteceu com minha alma quando me apaixonei por você!
 Eu o olhei por um segundo e o trouxe para perto para beijá-lo, mas antes eu parei e já com os olhos fechados eu finalizei:
  -Ela foi tocada por um anjo...
  Senti meus lábios serem pressionados pelos de Bill em um beijo lento, doce e apaixonado, não sei dizer ao certo quanto tempo ele durou...na verdade, eu sei sim, esse beijo durou todos os dias em que vivi ao lado dele, por que era exatamente dessa forma que eu me sentia em relação a estar com BILL, era como se eu fosse amada, beijada e tocada, 24 horas, todos os minutos, todos os dias, até o fim da minha existência...
 
FIM.

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 31 - O que é um beija-flor?

23 de dezembro de 2009 – 19hrs


Olhei para o anel no meu dedo, pensei em tirá-lo tantas vezes no decorrer desse um ano, toda vez que eu pensava era como se uma força maior, quase sobre natural, me tomasse e não me deixasse. Era como se ele, o anel, me fizesse lembrar, o meu real objetivo naquele país.

Olhei para a janela do meu apartamento e vi todas as luzes de Madrid, aquela cidade era espetacular. E mais uma vez lembrei, dele. Desde a nossa conversa na fonte não nos falamos mais, tentei de todas as formas me desligar de Bill, para o nosso bem. Não consegui, óbvio, eu tinha que me segurar mais um pouco, o esforço tinha que ser feito por mais seis meses,  eu teria que ficar longe do Brasil por mais 180 dias, pra quem tinha ficado um ano, isso eu tiraria de letra...Ou não...



Mais uma vez eu me fixei nas luzes de Natal das ruas, pessoas indo e vindo. Meu coração apertou, fechei meus olhos e lágrimas chegaram aos meus olhos e pensei em voz alta:

-Um ano sem vê-lo...Um ano sem Bill!



-Filha esta na hora, vamos? –Minha mãe me chamou, assustando-me, já abrindo a porta.



Enxuguei as lágrimas rapidamente para que ela não as visse. Peguei meu casaco e joguei nas minhas costas. Entramos no elevador e enquanto ele descia, minha mãe me olhou fazendo uma careta dizendo:

-Se isso ainda te dói tanto porque não voltamos para o Brasil? Pra que você quer ficar mais seis meses se martirizando aqui?

-Por que é preciso. E você mais do que ninguém sabe disso. –Eu disse sorrindo com tristeza para minha mãe.

-Acho que já deu tudo isso, Janice? –Minha mãe disse sem paciência- Chega! Acho que o que você fez já foi o suficiente. Admita que você...

-Mãe!  Não quero falar sobre isso, por favor! –Eu disse suspirando- O que papai queria? Eu ouvi o seu celular tocando, sei que era ele!

-O de sempre, que eu volte para casa e aquele monte de palavras mentirosas! –Minha mãe saiu do elevador quando ele parou no térreo. –Não quero olhar pra cara dele, nem pintado de ouro e cravado de diamante.

Sorri e entramos no táxi que nos esperava para nos levar a festa de Natal promovida pelo novo “affair” da minha mãe. Não fazia frio naquele começo de noite. O taxi demorou quinze minutos para chegar ao local da festa. Uma enorme casa, muito bem decorada, o homem grisalho veio nos recepcionar na entrada, com um lindo sorriso, reparei o modo carinhoso que ele olhou para minha mãe, meu pai nunca a teria novamente. Idiota!

Minha mãe se juntou ao Luiz, que passeava pelos convidados, apresentado-a, eu sorri em ver a cena romântica, como fiquei “abandonada”, avistei o garçom entrar na enorme sala, com várias taças de vinho na bandeja, atravessei a sala e fui em direção a ele. Estendi meu braço para pegar a taça e outra mão surgiu do nada, foi mais rápida e pegou a taça primeiro da bandeja.

Segui a mão intrusa e deparei - me com um rapaz com um sorriso sexy nos lábios, ele era charmoso, até demais, um belo moreno com olhos verdes e encarava-me com os mesmo muito brilhantes.

-Senhorita, se me permite! –Ele estendeu o braço e me ofereceu a taça que ele havia pegado, falando em um castelhano sensual.

Eu o olhei sorri e peguei a taça que ele me oferecia, percebi que seus olhos percorreram o meu decote, então incomodada eu disse:



-Gracias! – e me virei tentando me distanciar.



Mas o rapaz foi muito mais rápido e se colocou na minha frente, fechando a minha passagem. Sorrindo debochado, achando que estava agradando  com toda aquela cena de DON JUAN.



-Não posso deixar você escapar. –Ele disse baixo se aproximando. -Por favor, deixe-me convidá-la para acabarmos de tomar o nosso vinho perto da piscina. –Ele continuou na minha frente, fechando a minha passagem.

-Tudo bem! – Eu respondi cordialmente, estava sozinha naquela festa, e seria apenas uma taça de vinho, nada demais. Afinal, passar a festa toda sozinha, seria tedioso demais.

Ele colocou o braço em minha cintura a enlaçando, conduzindo-me para fora da casa, em direção da piscina. Quando nos aproximamos do jardim, nos sentamos em um banco e começamos a conversar, o rapaz se revelou até que uma companhia muito agradável,  fazia me sorrir com seus comentários, bom para falar a verdade, nem era tão divertidos assim, eram as taças de vinho que começaram a vir em sequencia que me fizeram acreditar que ele era divertido. O rapaz notou a minha fragilidade e foi se aproximando cada vez mais, me envolvendo em uma atmosfera que eu não estava gostando.

-Esta calor aqui fora ou é impressão minha?-Eu disse sentindo todas as taças de vinho queimar dentro do meu corpo.

-Tire o casaco! –Ele sugeriu

Levantei-me e ele também, ele segurou na gola do meu casaco e me ajudou a tirar –lo.

-Que linda a sua tatuagem! –Ele disse tocando-a com as pontas do dedo – O que é? Um pássaro e uma flor?

-Não é apenas um simples pássaro! –Eu disse ainda de costas para ele. – É um beija flor!

-Não conheço! –Ele disse dando pouca importância a ela -Mas ficou muito bem na sua pele.

-Obrigado! –Eu apenas respondi voltando a me sentar no banco, pois já estava um pouco zonza.

-Meu tio disse que você é brasileira! –Ele disse sentando-se ao meu lado novamente -Conte-me mais sobre você!

Ele disse se aproximando de uma forma perigosa do meu rosto. Para desviar me virei de costas, então senti seus dedos gelados tocarem a minha pele e desenhar a minha tatuagem. O que me incomodou e mais uma vez eu disfarcei e levantei-me indo para perto da piscina.
  

Ele se aproximou de mim e disse:

-Me conte a historia dela, o que sei é que sempre atrás de uma tatuagem tem sempre uma historia de rebeldia e atos impensados.



Eu o ouvi e não pude deixar de sorrir daquela bobagem toda.



-Por incrível que pareça a minha foi feita em um ato muito consciente. –Eu respondi seca.

-Um amor do passado, que você quis ferir o seu pai e acabou se ferindo muito mais do que imaginava. – ele continuou tentando decifrar a minha tatuagem.

-Não... –Eu disse ainda séria. –Eu não quis ferir ninguém. Apenas o amei e foi só!

-Um cego! –O rapaz disse sorrindo.

-Que?–Eu disse o olhando nos olhos.

-Que esse rapaz que você amou só pode ser um cego para deixar escapar uma mulher tão maravilhosa como você. –Ele disse quase tocando meus lábios. – Desde o primeiro momento que eu te vi, desde o primeiro instante que coloquei meus olhos nos seus, eu tive a certeza que você era a mulher que há tempos eu procurava. Afinal, os sábios sempre disseram que tudo começa com o primeiro olhar, que é através dele que conhecemos a alma de uma pessoa. –ele tocou meus lábios finalizando – Seus olhos são lindos,Janice...Azul...Sabia que é a minha cor favorita?

Abri meus olhos e me afastei de repente dele, balançando a cabeça e perguntei confusa:

-O que você acabou de dizer?

-Eu disse que os seus olhos são lindos, são azuis, e que o azul é a minha cor favorita.

Eu sorri nervosa, me aproximei do rapaz e comecei a falar:

-Não...Os sábios não sabem de nada...nada. Quem disse que o amor começa a partir de um olhar? Nunca ouvi uma idiotice tão grande em toda minha vida. –Eu disse elevando meu tom de voz chamando atenção de algumas pessoas que estavam próximas à piscina.

-Tantas pessoas que olham para você e dizem eu te amo e no outro dia te trapaceia, engana e magoam, quantas pessoas que te olha nos olhos fixamente e daqui um segundo, ao virar a esquina esquecem da sua existência, num simples piscar de olhos. -eu sorri e continuei - Olhos são apenas...OLHOS! E ninguém precisa deles para enxergar nada...Nada...amor nasce aqui dentro. –Eu olhei para o belo rapaz e bati no meu peito. –Aqui dentro!

O rapaz olhou para o lado sem graça, observando que as pessoas haviam parado de conversar e agora prestavam atenção em mim.

-De que vale os olhos, se você não consegue captar a alma, a essência interior do ser humano? Do que vale os olhos se você não consegue perceber as coisas mais delicadas e especiais do dia-a-dia. Do que vale os olhos se você não consegue captar a doçura e beleza de um pequeno beija-flor?



Eu olhei para o rapaz e depois olhei para as pessoas paradas ao meu redor.  Eu coloquei minha taça de vinho na bandeja do garçom e me virei para ir embora, mas antes me virei para o espanhol e disse uma última frase:

  
-Não! A sua cor favorita não é azul, nunca mais diga uma bobagem dessas!

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 30 - Se houver um amanhã...


Eu só quero te tocar mais uma vez
Mas não há ninguém, apenas a manhã

Eu só quero te tocar mais uma vez
Mas não há ninguém, apenas uma dor
 A minha dor ... 

POLINA GAGARINA -  Morning



x.x


E assim os dias foram se passando, tentei ir atrás de Bill várias vezes, mas Eleonora sempre ao meu lado me barrava e me impedia de ir me humilhar, tinha também Phillip e Georg que sempre estavam pertos para me fazer sorrir. Esses três foram minha base para não cair, para não desmontar.

Entretanto mesmo sendo amparada pelos meus amigos. Eu não deixava de pensar em Bill um dia sequer, todos os minutos e todos os segundos dos meus dias eu me recordava de frases, gestos e de seus beijos. E durante essas lembranças eu chorava e chorava, me desesperava e lá estava seis mãos para enxugar todas minhas lágrimas e me tirar daquele rodamoinho.

Não fui mais para o hospital, pedi demissão, arrumei alguns alunos para dar aula de idiomas, e assim me mantinha. Eleonora passou assumir as despesas da casa até eu arrumar um emprego decente.

Minha mãe sempre aparecia no apartamento ainda para trazer compras ou feira, trazia faxineira uma vez por semana. Meu pai, ela dizia que continuava o mesmo e dizia que tinha feito tudo aquilo por amor. AMOR!!

Depois que conheci BILL e que me apaixonei por ele descobri realmente o significado daquela pequena palavra e meu pai nem de longe a conhecia e muito menos o seu significado. O que ele fez com a minha vida e com a vida de Bill, não tinha nada a ver com sentimentos bons. Se vocês querem saber muitas pessoas chegaram para mim e disseram: “ Você vai sofrer no começo. Mas depois vai passar, foi melhor dessa forma.”

Ou seja, achavam que meu pai estava certo que Bill por que ele ser deficiente visual empacaria minha vida que eu seria a bengala dele pro resto da minha vida que meus filhos seriam motivo de chacota na escola por ter um pai cego e que eu nunca seria feliz ao seu lado.

Ao ouvir tais idiotices eu me virava para essas pessoas e dizia:

- Então, sabe o que podemos fazer a partir de hoje? Sugerir aos médicos que ao nascer uma criança deficiente, matá-la!

As pessoas me olhavam indignadas, perplexas e eu continuava:

- É, temos que matá-las! Porque se elas não podem amar, se relacionar socialmente e nem ser um cidadão quando crescer. Pra que elas vão viver? Pra que elas vão esbarrar com pessoas mesquinhas, preconceituosas e hipócritas como você? Não! Quer saber?Acho melhor vocês morrerem e não os deficientes, porque eles fazem bem ao mundo, agora vocês só estragam e infectam o nosso planeta. Morte as pessoas preconceituosas!

Eu gritava aonde eu estivesse:

- Morte as pessoas preconceituosas! Morte!!

E é lógico que a pessoa saia correndo de perto de mim com a cara de espanto, com cara de medo! E era mais engraçado quando Eleonora e os meninos estavam do meu lado e formávamos um enorme coro!

Nós caímos na risada depois, mas eu na verdade se pudesse mataria mesmo todas essas pessoas. Que pensam que são donas da verdade, que acham que pode escolher quem pode ser feliz e quem não pode. Excluem pessoas pelo simples fato de não serem iguais a elas.

- Janny, vamos embora acho que essa tiazinha nunca mais chegar perto de você! –Eleonora ainda sorria quando veio me abraçar após mais um coral contra o preconceito.

- Deus te ouça e que ela nunca mais venha querer se meter na minha vida! – Eu sorri também – Vamos para casa, pois às 11 horas tenho uma aula para dar de Espanhol.

Subimos no elevador e quando estávamos descendo e entrando no apartamento o celular de Eleonora tocou, ela atendeu:

- Alô... Tom? –Eleonora parou ao ouvir a voz do ex-namorado. “Ex” por que depois que ela me ajudou, ele nunca mais quis olhar ou falar com ela.

- O que foi? Espera fala devagar...fala devagar não estou conseguindo entender o que você esta dizendo.

Eu ao ouvi-la dizer essa frase, me preocupei, me aproximei e perguntei:

- O que foi Ellie? É o Bill? Bill esta bem?! O que aconteceu com ele?

Ellie fez um sinal para que eu me calasse e continuou:

- Tom, ele não esta aqui, ele não veio procurá-la. – Ellie me olhou e depois que ouviu Tom disse subindo o tom de voz:

- Como assim ele desapareceu?!

Meu coração parou, minha respiração falhou e minha espinha fisgou. Meus olhos já embaçaram. Bill tinha sumido. Ele estava sozinho nessa cidade enorme totalmente desprotegido!

Sem esperar mais para ouvir o que Ellie falaria para Tom, eu abri a porta da escada de incêndio e corri os cinco lances e chegando ao estacionamento peguei meu carro e sai da garagem a procura dele.

Rodei todas as ruas perto da casa dele, perto do hospital, e a cada rua que eu entrava e não o via, meu coração apertava mais, as horas passavam e minha cabeça não sabia onde mais procurá-lo. O farol fechou e debrucei minha cabeça no volante para poder pensar, analisar onde ele estava. Fechei meus olhos e quando os abri ainda debruçada, olhei para o chaveiro do meu carro, era um beija flor! Bill havia me dado de presente, ele havia comprado no... Era isso... Ele estava lá!

Abri o enorme portão e entrei, fiz o caminho feito por nós sempre que íamos para lá, para fugir do mundo. Caminhei pelas árvores e ao avistar a enorme fonte, o avistei, parado perto dela. Ele tinha a cabeça baixa e tocava água com os dedos. Minha primeira reação foi correr e abraçá-lo. Mas, me contive então em passos lentos me aproximei.

- Eu sabia que a única pessoa que me encontraria aqui seria você!

O ouvi dizer, quando eu já estava ao seu lado na fonte.

- Você deixou todos preocupados, Bill! – Eu disse o olhando.

- Sim... Eu sei!

- Por que não apareceu no hospital para a internação? – Eu perguntei.

- Não apareci por que eu não vou fazer essa operação.


- Isso tem alguma coisa a ver com aquela carta que recebeu do inglês que também fez essa operação há dez meses atrás?

- Também! – Ele disse tocando novamente a água com as pontas dos dedos. – Vamos dizer que ele finalizou a minha opinião.

- Eu posso saber o que ele te disse?

- Ele disse que depois que ele fez a operação, ele voltou a enxergar 80%, nos primeiros dias à vida dele foi um sonho, mas depois ela foi desmoronando, decaindo e hoje ele é o homem mais infeliz do mundo.

- Ou seja, a cirurgia não trouxe nada de bom a ele... Além da visão.

- Pois é!

- Mas com você pode ser diferente, Bill

- Quem me garante? – Bill disse sério.

- Não temos essa garantia. Ninguém pode te dar essa certeza. Teria que arriscar! – Eu toquei sua mão de leve. – Você tem todo meu apoio nessa sua decisão. – apertei sua mão e continuei- Se essa é sua decisão, eu fico do seu lado. Não a faça!

- Você acha mesmo que eu não devo fazer? - Bill pareceu confuso com minhas palavras.

- Acho! – Eu disse convicta - Não faça!

- Pensei que fosse a primeira a desejar essa operação.

- Um dia eu fui... Mas, mudei minha opinião!

- Mudou? Por quê?

- É tão simples, Bill – Eu me aproximei o virei de frente para mim. – Você é perfeito dessa forma.

- Lá vem você de novo com iss...
.
- É Perfeito! – Eu segurei suas mãos – Talvez o rapaz da Inglaterra tivesse razão, quem sabe se você fizesse essa cirurgia, você perderia essa sua essência. Perderia tudo isso que você aprendeu e desenvolveu ao ser especial.

- Sou deficiente e não ESPECIAL, Jen!

 Ao ouvi-lo me chamar de Jen meus pêlos arrepiaram-se imediatamente, por tantos dias sonhei novamente em ouvir daquela boca, aquela voz suave e macia chamando-me pelo meu nome. Eu tinha resistido até ali, tinha me segurado, mas era judiar demais da minha pessoa. Eu precisava, eu precisava demais fazer aquilo e fiz!

Então, enfiei meus dedos entre seus cabelos sedosos e negros e o vi estreitar a boca e dizer baixo:

- Jen... Não!

Aquela súplica ao chegar aos meus ouvidos, agiu ao contrário e me fez ficar mais excitada e fora de mim. Colei meus lábios nos seus e ele os fechou e ainda insistiu:

- Jen... Não faz isso!

- Eu preciso fazer isso, Billl... Preciso demais – Eu gemi e forcei a entrada de sua boca com a minha língua, ele ainda resistiu e tentou fechá-la, mas ao acariciar com as pontas dos meus dedos a sua nuca, ele soltou um suspiro, como se tivesse perdido a batalha contra ele mesmo.

Ele abriu sua boca vermelha e carnuda, recebendo minha língua de uma forma que fez minhas pernas amolecer, procurei apoio para não desabar no chão. Encostei-me na fonte e abri minhas pernas para ele poder encostar mais em meu corpo.

-Especial...Pra mim Bill, você é a pessoa mais especial que habita nesse mundo...

Eu gemi, puxei para perto do meu corpo e quando ele se aproximou, entrei em erupção, num fogo incontrolável, eram dias sem vê-lo, sem tocá-lo, sem sentir a maciez de seus lábios junto ao meu. O enlacei pelo pescoço e ele abraçou minha cintura.

- Bill... Continue fazendo isso e vamos parar atrás daquela árvore... Nus...

Ele sorriu ao ouvir a frase, e passou a dar pequenas chupadas em meu pescoço, depois de leve passou a língua em meu queixo, alcançando minha boca e me beijando com vontade e desejo. Ele separou sua boca da minha e foi dando beijos estalados até alcançar o meu colo desnudo.

- Não importa se você nunca vai enxergar eu estarei ao seu lado para sempre... Sempre...

Não sei o que houve, mas Bill se afastou, como seu tivesse dado um choque em alta voltagem, percebi que algo tinha mudado em seu rosto. Ele virou rapidamente de costas. Eu dei um passo e o abracei por trás, ele se esquivou um pouco, como se não quisesse recebê-lo.

- Eu continuarei cego! – Ele disse baixo, como se tivesse descoberto aquele fato naquele exato momento, era como se a ficha dele tivesse caído. – Eu continuarei sendo cego para o resto da minha vida.

Eu dei a volta em seu corpo, fiquei na sua frente. E tocando seu braço eu disse:

- Sim, você continuará cego e isso não tem a menor importância para o nosso amor.

Eu sorri e toquei com minhas mãos seu rosto e o trouxe para perto do meu, iniciando um novo beijo. Porem para minha surpresa dessa vez ele não correspondeu como o primeiro. Pelo contrário, ele com suas mãos seguraram meus pulsos forçando minhas mãos para baixo, tirando-as de seu rosto.

- Exatamente para o nosso amor minha cegueira não é nenhum obstáculo. – Ele disse soltando meus pulsos. – E para o nosso dia-a-dia?

- Ain... Bill pelo amor de DEUS, do que você esta falando agora? – Bufei ao ouvir a idiotice que ele havia dito- Nosso dia a dia é perfeito? Damos-nos bem, somos compatíveis até demais.

- Você quer dizer que somos compatíveis na hora de fazer amor? Sim, somos até demais!

- E não é só isso, nos damos bem, nos respeitamos e nos amamos demais. – Eu expliquei

- Sim! Mas não estou falando sobre isso, não estou colocando nosso amor em questão. Nós nos amamos e isso nada e ninguém pode mudar. Eu sempre vou te amar, mesmo não estando mais junto a você!

- Como assim? Não estando mais junto a mim? E Hoje... O nosso beijo? – Eu estava começando a ficar inquieta e pra falar a verdade, eu não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.

- Jen, depois daquela confusão do seu pai na sala da Samara, eu decidi me afastar de você, por que se formos parar e analisar tudo o que ele disse. Veremos que ele tem razão em muitas coisas que disse. – Bill começou a explicar - Lógico não daquela forma preconceituosa. Porem ele disse algumas verdades, que hoje não fazem a menor diferença, mas e daqui alguns anos, quando não bastar apenas o namoro, e quisermos nos casar e sermos só eu e você dentro de uma casa. Como vamos nos virar?

- Nos virando, oras! – Eu disse dando de ombros.

- Não é tão simples! – Ele disse sério. - Você sabia que eu preciso que etiquetem latas e algumas caixas para que eu possa distinguir o que existe dentro delas? Pra quando eu estiver sozinho em casa e quiser fazer um brigadeiro, na hora que eu pegar uma lata de leite condensado, não jogar na panela, ervilhas.

- Não!Eu não sabia!

- Você sabia que na minha carteira as notas de dinheiros são todas separadas por valor e anexadas com clips pequenos, médios e grandes para eu saber o valor delas?

- Eu não sabia!

- Você sabia que eu preciso que todos os remédios da casa sejam tirados de suas caixas e sejam colocados em embalagens especiais, para que eu não confunda as medicações e acabe me matando?

- Não!

- Jen há pouco tempo você nem sabia que eu lia e escrevia o alfabeto sem ser o braile. – Ele disse sorrindo sem graça. – Como você quer fazer parte do mundo de um cego, se uma das coisas mais importante para eles, você não sabe, o Braile!

- Eu aprendo tudo isso, eu posso etiquetar tudo isso pra você, eu posso te ajudar em todas essas tarefas.

- Janice! Você vai viver quanto da sua vida se dedicando a mim, se empenhando a aprender sobre meu mundo se esquecendo assim de viver o seu? Isso um dia vai cansar e ficar chato, cansativo e sem graça.

- Bill eu...

- Janice, a nossa vida não é difícil, mas também não é tão simples como parece. Temos nossas limitações. E não é só enxergar como você e a sociedade pensa. Existem outras que você desconhece.

- Eu sei...

- E seu pai tem toda razão, nossos filhos serão motivo de chacotas, como você vai prepará-los, orientá-los para esse problema? – Bill não me deixava falar, me cortava sempre que começava uma frase. – Por isso me afastei de você quando aconteceu tudo aquilo conosco por que...

- Por que você acha que não estou preparada para viver ao seu lado, você acha que em termos de deficiência visual eu sou uma burra, não sei nada sobre o assunto e aprender seria muito difícil para mim... É isso que você esta querendo dizer? Que você acha que essa separação foi ótima e que a gente não existe mais... Que acabou!

Bill calou-se.

- Bom, pelo seu silêncio eu já tenho a minha resposta. – Eu estava puta da vida com tudo aquilo, sempre me jogando na cara que eu não saberia lidar com suas necessidades.  – Sabe Bill, acho que você tem toda razão eu realmente não sei nada sobre deficientes. A única coisa que eu sei é que eu amei muito um... E eu sempre pensei que isso bastasse, mas pelo visto isso nunca valeu de nada. – Eu desabafei – Quer saber eu estou realmente cansada de querer provar que sou capaz, o dia que achar que sou boa suficiente para você e para sua deficiência, venha me procurar, ai será minha vez de decidir se você é capacitado ou não para ficar ao meu lado. -Eu segurei com formas minhas lágrimas para concluir:

-Amanhã pode ser muito tarde...Isso se houver um amanhã!

Virei-me e afastei dele, mas antes de deixá-lo sozinho voltei a olhá-lo e finalizei:

- Volte para casa, as pessoas estão preocupadas com você!

E sai daquele maldito jardim com raiva do mundo, dele e de mim mesma. Sai daquele lugar disposta a mudar o rumo da minha vida. A colocar um ponto final em situações que eu acreditava ser banais e eu ia provar a todos que eu era capaz de muitas coisas das quais a sociedade me julgava incapaz. Entrei no meu carro e fui embora, deixando para trás, algo que eu não precisaria mais a partir daquele dia, a minha vida!


x.x


 24 de dezembro


Era véspera de Natal, já passará das onze horas da noite quando a campainha da casa tocou e a última família chegou à casa dos Kaulitz para a ceia de Natal.  Na sala de estar estavam apenas vinte e poucas pessoas. Até por que a maioria dos familiares morava na Alemanha.

A reunião estava muito divertida, Tom sorria com as histórias de seu tio Klaus, ele sempre se dava mal em todas elas e quando o assunto era mulher, o fiasco era duplamente vergonhoso.

- Você tem que me ensinar algo mais sobre as mulheres, Tom! – O tio disse rindo, olhando para Bill sentado distante de todos conversando com a prima Nathy, que tirando Tom, era sua melhor amiga! – E ele deixou mesmo aquela namorada bonita escapar?

Tom sorriu triste ao pensar no casal e balançou a cabeça respondendo:

- Sim, acho que dessa vez é sério mesmo. Os dois não têm mais volta!

- E Bill como esta com tudo isso? –O tio perguntou preocupado.

Tom estufou o peito e quando foi responder o interfone na cozinha tocou, e Simone pediu para ele ir atender. Tom se levantou e atendeu:

- Alô? Quem? Mande-a entrar! – Tom disse incomodado, olhou para Bill que percebeu algo na voz do outro gêmeo.

Bill baixou a cabeça, Tom olhou para Nathy e fez um sinal com a cabeça para ela. Ela entendeu perfeitamente o que Tom tinha lhe dito, e então pegou a mão do primo e lhe acariciou.

- Oi? Será que eu posso entrar? – Ela disse quando Tom abriu a porta. – Prometo que não demoro.

- Entra! – Tom tirou seu corpo e abriu mais a porta. Fazendo-a entrar, ela cumprimentou a todos e quando chegou perto da onde Bill estava sentado, ela o cumprimentou:

- Oi,Bill!

Ele não respondeu de imediato, tirou o sorriso do rosto, levantou-se e já de pé disse:

- Oi,Eleonora!

Tom e a prima mais uma vez se olharam e sentiram pela confusão de Bill.

- Como você esta? – Ele perguntou à amiga.

- Estou muito bem, obrigada! – Ela sorriu. – Tom, será que podemos conversar em um lugar mais reservado?

- Sim, vamos para o salão de jogos! – Tom respondeu

- Com licença! – Eleonora pediu a Bill e a sua prima e virou se para ir em direção ao salão de jogos.

- E Janice como ela esta?

A pergunta inesperada fez com que ela virasse novamente em direção dele.

- Ela esta.. Indo!  Irá sobreviver, eu espero! – Ela respondeu e quando foi se virar ele perguntou novamente:

- Ela vai passar o Natal aonde? Na Mooca com a sua mãe, na casa da Tia Yasmin?

- Sim, ela passará com a mãe dela, mas não passarão na casa da Tia Yaya – Eleonora respirou e jogou a bomba – Ela passará na Espanha!

- Espanha? Ela esta indo para Es-Espanha? –Bill quase não conseguia falar- Mas, ela tinha dito que não iria aceitar a proposta.

- Sim, ela mudou de idéia e aceitou o estágio e partiu hoje.

- Hoje? Agora? Ela esta no aeroporto aqui do Brasil? – Bill estava abalado.

- Bill, se pensa em ir atrás dela, como nesses filmes bobocas e gritar para todos ouvirem que a ama e ela após uma grande declaração corre para seus braços... Esqueça! Ela foi hoje de manhã, e já me ligou de Madrid. Como você mesmo a aconselhou. Ela foi viver a vida dela e tentar ser feliz e para falar a verdade, tomara que ela fique por lá um bom tempo e que só coloque os pés no Brasil novamente quando tiver esquecido algumas pedras que a fizeram cair!

Eleonora deixou a sala de estar para encontrar Tom no salão de jogos. Bill ficou imóvel, sua mente repetia as palavras de Eleonora várias vezes...Janice na Espanha!

- Você esta bem, Bill? -Nathy perguntou ao ver a situação de pânico que o primo se encontrava.


- Ela fez a coisa certa! –Bill disse baixo seguindo em direção a escada. – Jen, você fez a coisa certa!-Ele repetia ao subir os degraus até alcançar a porta de seu quarto, onde entrou e sentou na cama.

Bill não chorou, talvez sabia se o fizesse, nada mudaria...A única coisa que ele conseguiu concluir foi que ele fora feliz ao lado de Janice, que todos os momentos ficariam guardados dentro de sua memória.

O cheiro, o toque, a maciez do corpo, os gemidos, mas talvez o que ele nunca conseguiria afastar de suas lembranças seria algo que ele nunca conseguiu enxergar porém a mais difícil de se esquecer.


-Azul...sempre será a minha cor favorita!

Postado Por: Grasiele

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