sábado, 8 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 32 - Fomos tocados por um ANJO!

24 de Dezembro de 2009 – 14 horas

-Biiiiilll- Sabrina gritou ao ver o rapaz chegando ao hospital- Oi, eu te comprei um presente!
 Ele sorriu para Patricia e deu um abraço e um beijo caloroso na pequena.
 -Não precisava Sá! –Bill disse passando a mão no queixo de Sabrina, que sorriu largamente. –Vou apenas falar com Samara e daqui um segundo vamos começar a sessão, ok?
Ele andou até o elevador e seguiu rumo à sala da diretora do hospital.
 -Ele nunca mais foi o mesmo,né?
 -Ai que susto Ellen! –Patricia colocou a mão no coração e sorriu para a mãe de Ingrid. -Pois é, ele nunca mais sorriu tão verdadeiramente depois que ela foi para a Espanha e se ele souber o que Eleonora me contou ontem, ai que ele não vai sorrir mais mesmo.
 -O que você soube? O que Eleonora te disse? –Ellen perguntou já aflita, franzindo a testa.
 -Eleonora me contou que Janice vai ficar mais seis meses na Espanha, ou seja, ela só volta ao Brasil em junho de 2010!
 -Vamos para a sala, Sabrina?

A voz masculina as fez olhar para trás e encontrar Bill parado atrás delas. Elas se olharam com os olhos arregalados e Ellen mordeu os lábios agoniada.

-Será que ele ouviu? –Ellen sussurrou para Patricia.
 -Não sei –A mãe de Sabrina falou sem deixar sua voz sair. -Vamos...Vamos Ellen levar as crianças para a sessão!- Patricia sorriu sem graça para Ellen e junto com Bill seguiram, todos para a sala de musicoterapia.

Patricia notou a mudança de humor de Bill e teve certeza que ele tinha a ouvido contar para Ellen que Janice não voltaria tão cedo para o Brasil. Ela se arrependeu amargamente daquela atitude. Poderia ter ficado com sua boca fechada.
Chegaram à sala, aquela última sessão, a sala estava cheia, por que Bill daria a aula de músicas Natalinas, como todo ano ele fazia. As crianças sentaram-se na frente e as mães atrás, Bill se posicionou na frente do banco de madeira e pegou seu violão, sentou-se e começou a cantar as músicas. As crianças começaram a bater palmas animadas, e estavam em êxtase, nem perceberam que o rapaz estava ali na frente tocando, porém sua alma e seus pensamentos estavam a kilômetro de distância daquela dali. Ele tocava, automaticamente, a letra saia de seus lábios por que ele as sabia de cor, não que sentia ela dentro dele. E assim foi até a penúltima música, quando ele começou os acordes da última música, as crianças já estavam cantando e batendo palma. Quando ele foi cantar o refrão. Ele não saiu de seus lábios, ele levantou a cabeça rapidamente e foi como se ele quisesse sugar o ar, respirou mais fundo e tentou decifrar algo presente na sala. Fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente, Então, ele voltou a baixar a cabeça, e a tocar.

A última música acabou e as crianças os rodearam. Uma luta corpo a corpo para ver quem o abraçava primeiro. Depois do alvoroço, elas foram esvaziando a sala, uma a uma, até Bill ficar sozinho na sala, guardando o seu violão dentro da capa. Ele levantou o braço para colocar o violão no suporte e parou no meio e perguntou:

-Quem esta ai?
 -Sou eu, Bill!
 -Oi, Gustav! –Ele disse colocando o violão no suporte. – Pensei que já estivesse ido embora.
 -Já estou indo só vim lhe dar Feliz Natal e já to pegando a estrada, você vai ficar por aqui esse ano?
 -Sim, vou ficar o Natal e no ano novo to indo para a Alemanha passar uns dias de férias.
 -Tá certo, Bill você tem trabalhado demais. Precisa descansar. – Gustav disse abraçando o amigo carinhosamente.
 -Feliz Natal, Gustav
 -Feliz Natal, Bill

O amigo se despediu e saiu da sala, Bill então seguiu até a mesa onde estava sua mochila, a pegou e guardou  alguns presentes que havia ganhado de pacientes. Ele estava fechando o zíper, quando parou e disse:

-Juro que pensei que nunca mais fosse sentir esse perfume novamente.
 -E eu pensei que nunca mais fosse pisar nessa sala novamente.
 -E o que devo a honra? –ele disse virando e sorrindo.
 -Vim visitar amigos...desejar Feliz Natal! –Ela disse colocando as mãos dentro dos bolsos da calça Jeans.
 -Será que me incluo nessa lista? Será que vou receber um Feliz Natal?
 -Claro! – Janice disse indo até Bill e o abraçando, soltando rapidamente– Feliz Natal!
 -Feliz Natal para você também, Janice! – ele sorriu timidamente.
 -Você vai passar o Natal aqui no Brasil?-Ela perguntou
-O Natal sim e o ano novo vou para Alemanha. E fico por lá pelo menos dois meses. – Bill explicou.
-Dois meses...Legal! –Janice engoliu a seco e continuou –E  você como esta?
 -Indo...E você?
 -Também... indo!

 Janice o olhou e fechou seus olhos, estar no mesmo lugar que Bill depois de tanto tempo. Seu coração estava tão rápido que teve a impressão que ele ouvia as batidas.
Ela tentou se manter calma, pois não queria passar a impressão que estava nervosa ou tremendo. O silêncio caiu sobre a sala. Janice apertava seus dedos e tentava procurar algo para falar, mas sua mente só pensava em uma única coisa, seus olhos por mais que ela tentasse, só captava a boca de Bill, seu rosto bem desenhado, do qual ela sonhou tocar todas as noites. “Deus, ele esta ainda mais lindo.” - Ela pensava enquanto tentava formular uma pergunta para cessar o silêncio constrangedor que incomodava naquele momento.

-A bengala inteligente será patrocinada. –Foi ele que quebrou o silêncio.
 -Jura? Poxa Bill, que legal! –Ela disse feliz. –Muitas pessoas serão beneficiadas com ela muito mais barato.
-Pois é eu também fiquei muito feliz. - Ele disse e o silêncio voltou e foi Bill que voltou  a quebrá-lo.
 -E o estágio como foi?
 -Janiceeee! – O grupo de meninas entrou na sala gritando, frenéticas e abraçando Janice. – Quando nos disseram que você estava aqui, nem acreditamos. -Você esta linda! – Fernanda disse a abraçando – Espanha te fez muito bem? E ai os Espanhóis como são? Ainnn...por que você me beliscou? –Fernanda olhou feio para Jéssica que fez um sinal com a cabeça na direção de Bill. – Quero dizer, A Espanha...o país Espanha como ele é? Fernanda disse sem graça olhando para Janice.
-É muito bonito e romântico! –Janice disse sorrindo,achando graça da amiga.
 -Bom... Meninas vou deixar vocês aqui papeando e curtindo a Jen...Janice e vou terminar o que tenho que fazer pois tenho um almoço de família me esperando. –Bill disse sorrindo e saindo da roda feminina e saindo da sala.
 -Janice, por favor nós conte tudo! Como é morar em Madrid? – Alana bateu palmas empolgada e perguntou a amiga.
- Você se envolveu com alguém, já esqueceu Bill? Se esqueceu...Posso pegar ele pra mim?– Pâmela questionou

Janice olhou feio para a morena alta e só não respondeu a altura, por que começou a ser metralhada pelas outras amigas e a única coisa que ela conseguia prestar atenção era em Bill saindo da sala. Naquele instante ela já começou a ficar sem ar, nervosa e impaciente, então sem olhar para as amigas ela disse rápido:


-É muito bom morar em Madrid e não...eu não fiquei com ninguém...meninas depois falamos...depois pode ser?

Janice saiu do circulo que as meninas fizeram em volta dela e em passos largos alcançou a porta olhando para os dois lados para vê-lo.

-Biiiiil? –Ela gritou, ele não estava mais no corredor. Ela havia o perdido. Suspirou triste e se virou para entrar na sala novamente.
-Oi,Janice? –A resposta a fez virar rapidamente e vê-lo perto da sala de braile.
Ela foi até ele e parou na sua frente e começou a falar:
-Bill...eu...eu...ia almoçar...você já... –Janice tentou formular uma pergunta, sem sucesso.
-Sim, já almocei! –Ele disse sério.
 -Tá...Tudo bem ! –Ela disse se achando a pessoa mais idiota e estúpida do mundo. –Então, vou embora, tenho alguns assuntos para resolver. Terminar de ajudar minha mãe a fazer a ceia na casa da Tia Yasmin. –Janice explicou-se tentando não demonstrar a decepção em receber a resposta dele  –Então,tchau.
Janice se virou para ir embora, deu dois passos e parou quando ouviu:

-Estou sem carro. Você poderia me dar uma carona?
-Meu carro esta no estacionamento, sem problema nenhum! -Ela virou de costas para ele e perguntou -Quer apoiar em meu ombro?
 -No seu ombro? –ele perguntou confuso- Sim...pode ser!

Bill colocou a mão no seu ombro esquerdo.  Janice gemeu baixo esquivando-se, ele perguntou sem entender:

-O que foi? Isso é um plástico nas suas costas?
  -Sim, é “rollopac”, é que fiz uma tatuagem há cinco dias e esta ainda protegida com o plástico.

Bill nada disse, colocou a mão novamente no outro ombro de Janice. Aquele toque de Bill em seu ombro, ela suspirou e calmamente o guiou até o seu carro, chegando ao estacionamento, ela foi até a porta do passageiro e pegou a chave na bolsa, Bill ainda segurava em seu ombro, ela já estava tremendo, Janice tentava de todo o jeito, manter-se calma ,dentro de sua razão,entretanto, o toque, o perfume HUGO BOSS, a respiração tão próxima, a boca...Todo ele ali tão disponível só para ela...Bill delicinha...Era tudo o que ela conseguia pensar.

Ela pegou a chave, e mirou a fechadura, só que não conseguia enfiá-la, e a cada nova investida desastrosa ela ficava mais nervosa.
-Droga! –Ela gemeu baixo
 -O que foi, Janice? –Bill perguntou se aproximando mais do corpo dela, soprando em seu pescoço desnudo, pelo rabo de cavalo.
  -Nada...Não foi nada! – Ela disfarçou, tentando despistá-lo!
  -Você esta tremendo ou é impressão minha?-Bill disse sério, permanecendo ainda com a mão no ombro dela. –O que te incomoda?
A chave caiu da mão dela fazendo barulho no chão. Ela foi se abaixar para pega-la, ele lhe segurou o braço a impedindo. Segurando com força fazendo Janice segurar o ar com o toque mais brusco dele.

- Você teve alguém na Espanha?-Bill perguntou ainda a segurando. Janice o olhou e hesitou em responder. Ele apertou mais o seu braço e voltou a perguntar com um tom rude na voz:
  -Você se relacionou com outra pessoa?
  -Não! –Ela apenas respondeu. –Eu fui para Espanha com o meu destino predestinado, não fui intenção de ficar ou me envolver com ninguém. –Ela se explicou. Ela tentou tirar seu braço envolta da mão dele, mas ele não a soltou.
 -Então diga pelo menos que você pensou em mim, diga que estive em seus pensamentos pelo menos um dia, entre todos os dias passados longe? –Ele se aproximou Janice não se moveu.
 -Bill...
 -Droga ...Jen apenas diga ...se for preciso ...minta!

Ele a envolveu pela cintura e a empurrou devagar, a encostando as costas dela na lataria do carro, juntando os corpos. Janice então sentiu a respiração dele em seu rosto, olhou para os lábios dele entre abertos e disse quase em um sussurro:

-Em nenhum segundo desses 365 dias eu deixei de pensar em você, de te desejar e de te amar. Bill você não tem noção como foi doloroso para mim todo esse tempo sem você ao meu lado. –Ela viu Bill inclinar a cabeça, abrir seus lábios e se arrepiou quando sentiu a ponta da língua de Bill tocar o seu pescoço traçando um caminho de fogo e calafrio por onde ele lambia.

 Ela jogou a cabeça para trás e se deixou cair sem forças contra o carro, Bill a segurou com força pela cintura e ao chegar com a sua língua na boca dela, gemeu de prazer ao dizer num tom quase inaudível:

-Esse cheiro...como eu sofria todas as noites na minha cama querendo sentir esse cheiro, pelo menos mais uma vez...

Bill enfiou sua mão dentro do rabo de cavalo de Janice, desfazendo-o, e a trouxe novamente para mais um beijo, colocou sua outra mão no pescoço dela e forçou mais seus lábios nos deles. Enfiou sua língua na boca dela, procurando-a a sua, e quando a achou, a trouxe para dentro de sua boca numa fome desesperadora.

Janice deixou sua língua ser sugada e acariciada pela de Bill, inclinou seu corpo e apenas deixou-se ser beijada, seu corpo estava formigando, e apertava seus dedos nas costas de Bill. Quando ela separou sua boca da dele e respirou sem fôlego, como se tivesse mergulhado profundamente e estivesse naquele momento voltado a superfície, ofegante e zonza, ela voltou a beijá-lo, enfiando a mão dentro de sua camiseta preta e lhe arranhando com as unhas compridas. Fazendo-o segurar com brutalidade em suas coxas.
O beijo ia ficando cada vez mais perigoso, Bill percebeu e separou-se dela bruscamente e disse com um sorriso malicioso nos lábios:
-Melhor pararmos ou vamos ser presos por atentado ao pudor.
Janice sorriu sem jeito e se recompôs, arrumando-se.

-Quero que você venha para a ceia de natal na minha casa. -Bill disse ainda muito perto de Janice.
 -Ah Bill!  Eu não sei da última vez que estive lá, foi naquele episódio triste, eu não tenho boas recordações.
-Janice, um ano se passou e muita coisa aconteceu. –Bill tocou de leve meu queixo e o acariciou - Apenas uma coisa não mudou nesse tempo, quer dizer depois desse beijo, acho que mudou sim! Acho que esta mais intenso do que nunca!

Ela sorriu sem jeito, ele já tinha a ganhado, ele sempre conseguia o que queria, com todo o seu charme e ternura.

 -Tá bom, mas não vou demorar, por que ainda quero passar na casa da minha tia para lhe dar um beijo, ok?

Bill sorriu e balançou a cabeça, concordando, então entraram no carro e seguiram para a casa dele.


x.x
Chegamos ao condomínio, entramos com o carro, paramos na porta da casa de Bill e saímos do carro, o encontrei na porta do passageiro, ele me deu a mão e seguimos juntos para dentro da sua casa. Quando entramos na sala de estar, ela estava cheia e todos os presentes, lógico nos olharam, eu sorri para todos, acenei com a cabeça e sorri. Um bolo enorme veio até minha garganta em estar de volta aquela casa. Simone foi à única que não sorriu, também não disse nada, entramos e abraçados os familiares de Bill, desejando Feliz Natal, quando foi a vez de Simone , Bill a abraçou carinhosamente e a beijou, eu a abracei rapidamente e desejei-lhe Feliz Natal também. Ela sorriu e retribuiu, saindo da sala logo em seguida.

Fomos falar com Tom e Eleonora, ela me encontrou e me abraçou fortemente dizendo:
-Seja bem vinda, minha amiga!
Quando nos separamos, olhei para Tom que até então, na ultima vez que eu o vi, estava contra mim. Ele abriu um sorriso lindo e terno, que fez meu coração se acalmar, abriu os braços e veio ao meu encontro, me abraçando carinhosamente. Foi difícil segurar as lágrimas, afinal tinha prometido a mim mesma que não queria mais chorar, depois de um ano regado as lágrimas e a saudade, eu não me permitiria mais derramar uma lágrima se quer...pelo menos tentaria!

Ainda colado ao meu corpo e me abraçando fortemente,ele disse:

-Eu sei que o seu amor por ele é o mais puro e verdadeiro. Eu sei que ele não poderia estar em melhores mãos que as suas. –Tom me apertou e finalizou. – Desculpa se algum dia eu tive alguma dúvida disso.
 -Isso ficou no passado, Tom! –Eu respondi emocionada– Eu te perdôo!

Tom interrompeu o abraço e logo depois, abraçou o irmão, não disse nada, não era preciso, os dois eram tão sintonizados, que mesmo Bill não enxergando, não vendo o olhar, o jeito de Tom, mesmo assim ele conseguia decifrar o gêmeo mais velho. Era coisa de outro mundo essa conexão.

Sentamos no sofá na sala de TV e ficamos os quatro mais Nathy e seu novo namorado, conversando, dando risadas e me atualizavam sobre as novidades. Gordon também mais tarde veio me abraçar e se juntou a nós. Carolina estava no meu colo e ela estava brincando com meu colar quando Simone entrou na sala e nos olhou, colocou os sucos na mesa de centro e saiu rapidamente. Eu a olhei por um segundo e decidi que aquilo não podia ficar daquele jeito. Levantei-me e disse a Bill:

 -Vou pegar um pouco mais de torradas e patês para nós.
 -Não Jen , eu pego! –Bill disse se levantando.
-Não pode deixar, eu mesmo pego!

Então sai da sala e fui em direção a cozinha. Entrei e encontrei Simone de costas para a porta. Ela sentiu minha presença, pois baixou a cabeça e disse:

- Você não irá conseguir!
- Conseguir o que? - eu perguntei, me aproximando dela.
- Fazê-lo Feliz - Ela suspirou e finalmente me olhando pude ver que estava chorando.
-O que você tem medo, Simone? –Eu perguntei calmamente-Eu não consigo entendê-la, desculpe, mas simplesmente não consigo, já provei de tantas maneiras que amo o seu filho, e que nem mesmo o meu pai conseguiu me fazer mudar de idéia sobre isso.
- Não é isso. - Simone disse me olhando nos olhos.
- Então o que é? Diga-me, por favor, me ajude a compreender qual é o verdadeiro problema.
- Desde que... Desde que ele começou a ter relacionamentos, eu sempre temi por ele, e sempre me pegava pensando qual seria o momento em que elas iriam magoá-lo, e sempre aconteceu, no final eu sempre estava certa, no final eu sempre estava lá com ele enquanto ele se lamentava.
-Deve ter sido muito difícil.
-Sempre foi, mas quando você apareceu, eu sabia que seria diferente, não faço idéia do porque, mas eu sabia que não desistiria tão fácil, e então eu me dei conta de que desta vez eu o estava perdendo.
-Simone, ninguém precisa perder nada, Bill é um ser humano maravilhoso e sabe dividir, sabe distribuir, ele nunca te abandonaria, nem mesmo por mim! Simone virou para a pia enxugando as lágrimas, baixou a cabeça e disse:
-Quando você enjoar dele, serei eu que estarei ao lado dele. – a sua voz era baixa e dolorida – Quando você não souber lhe dar com a deficiência dele, é a mim que ele vai procurar, é a mim que ele vai pedir ajuda. –Simone continuava de costas. – A sociedade, o mundo não esta preparada para recebê-lo. Por isso te peço volte para a Espanha e o deixe em paz.
-Eu não vou embora, nem hoje, nem amanhã, nem depois e nem nunca. –Eu comecei a falar– eu voltei para ficar e do lado dele eu não sairei nunca mais. Eu coloquei a mão dentro da minha bolsa e tirei um envelope laranja grande e coloquei em cima da pia, na frente dela. -Quero que veja o que tem dentro desse envelope. Eu não abandonei Bill, gostaria que lesse o que esta dentro desse envelope, talvez você finalmente entenda que eu o amo e se fui embora, foi para o nosso bem.

Quando eu me virei Bill, Tom, Ellie estavam na porta da cozinha, com certeza tinham ouvido toda a nossa conversa.

-Bill tenho que ir agora, vou dar uma passadinha na casa da minha tia Yaya.
 -Quero que você fique! –Bill segurou meu braço.
 -Não posso Bill! – Eu me soltei, segurei seu rosto delicadamente e lhe dei um selinho. – Depois me ligue, ok?
 -O que tem dentro daquele envelope? -Bill questionou.
 -Tenho certeza que depois que sua mãe ler, ela vai te contar. –Eu disse sorrindo acariciando seu braço.

Sai da cozinha, deixando Bill na porta da cozinha e mais alguns pares de olhos curiosos, olhando para Simone abrindo o envelope que eu havia lhe dado.


x.x

Sai da casa de Bill, e dei a volta na rua para sair do condomínio, parei  em frente da  cancela, esperei o guarda levantá-la para eu sair do condomínio, eu buzinei, e quando o guarda apareceu na janela, ele sorriu pra mim:

 -Como vai senhorita Guttemberg, faz tempo que não aparece por aqui!
-Pois é, eu estava viajando. -  Eu disse sorrindo. –Você poderia abrir a cancela, por favor.
  -Ah sim a cancela! -Ele fechou novamente a janela. Eu sorri mais uma vez e olhei para cancela, esperando ser aberta e nada! Aguardei mais alguns segundos, bati com a unha na janela da guarita e esperei, depois de um minuto, ele abriu novamente a janela.
-Faltou abrir a cancela! –Eu disse sorrindo quase perdendo a paciência. Eu estava cinco minutos parada dentro do carro esperando para sair do condomínio de Bill.
 -Não...Não faltou! –Ele sorriu feliz  –Bill pediu para não abrir.
-Bill pediu pra... –Quando olhei para o retrovisor vi Tom e Bill vindo em direção ao meu carro. Olhei para o guarda que mais uma vez sorriu e entrou para dentro da guarita, fechando a janela. Esperei os dois se aproximarem, foi Tom que abriu a porta e deu espaço para Bill entrar e sentar-se no banco do passageiro.
 -Se cuidem, crianças! –Tom sorriu e fechou a porta do meu carro.
  -Bill eu disse para você ficar com a sua família, depois eles vão falar que eu não deixo você passar o Natal com eles.
 -Você sabe onde fica a Rua Mario Quintana? –Bill ignorou o meu comentário anterior e perguntou.
-Sim, eu sei!
- Podemos ir até lá?-Bill disse colocando o cinto.
-O que é, Bill?-Eu perguntei séria.
-Vamos e quando chegar eu te mostro. -Bill disse também sério.

Eu suspirei, liguei o carro, agora o guarda levantou a cancela, sai com o meu carro e seguimos para Rua Mario Quintana. Quinze minutos depois, eu virava a esquerda e chegava ao destino. Eu parei e estacionei.

-Cheguei na rua e agora? -Eu disse olhando para ele.
 -Procure o número 125, por favor e pare em frente.-Bill explicou

Eu olhei entre as árvores e percebi que o número estava longe ainda, liguei meu carro novamente e andei mais alguns minutos, até achar o número 125, eu desliguei meu carro e cruzei meus braços e disse sorrindo:

 -Chegamos, Bill Kaulitz!
 -Vamos descer! –Bill tirou um molho de chave do bolso e esticou a mão em minha direção. –Por favor, você poderia me guiar e abrir o portão?

 Eu sai do carro, dei a volta nele, ele já estava saindo do carro quando eu disse:
-Quer uma ajuda? –Eu perguntei oferecendo meu ombro novamente
 -Depois vamos conversar sobre o conteúdo daquele envelope. Ele tocou meu ombro, eu não disse nada apenas o guiei até o grande portão azul.

Quando chegamos a frente a ele. Olhei para aquele molho de chave confusa, havia tantas chaves ali eu ficaria um bom tempo procurando a certa para abrir.

- É a única escrita “JG” em braile. –Ele explicou.
 -Tudo bem! – eu a achei, enfiei na fechadura e abri o portão. Quando o empurrei e olhei para a placa que ficava em cima da entrada de vidro eu parei e não consegui mais me mover.
Eu não conseguia dizer nada, diante daquela placa enorme de bronze, eu me calei e engoli diversas vezes o choro. O nó formado em minha garganta impedia que eu perguntasse o que tudo aquilo significava.  Meus pés estavam grudados no chão, eu olhava fixamente a placa e não acreditava que ele tinha feito aquilo.

 -Peter, o inglês que fez a operação nos olhos ,sabe? Ele me procurou há seis meses trás perguntando se eu poderia ajudá-lo. Eu disse sim e aqui estamos! –Bill quebrou o silêncio.
-Bill...Não posso aceitar, isso não pode levar meu nome, eu não fiz nada, não ajudei...você nem sabia se eu voltaria para o Brasil, como pode colocar o meu nome num projeto tão importante desse sendo que eu não colaborei?
-Jen, mesmo que você nunca mais voltasse para mim, esse lugar levaria o seu nome, por que eu só aceitei abrir essa instituição, por tudo o que eu sentia por você! –Bill disse dando um passo e ficando ao meu lado. – Eu só aceitei abri-la por tudo o que você me ensinou, nas coisas que me fez acreditar e lutar por todas elas e eu sentia, eu sabia, e poderia demorar um ano, dois, mas você voltaria, não precisaria ser exatamente para mim, você voltaria para os seus pacientes, aqueles que precisam demais de você e do seu coração cheio de bondade e esperança!

-Bill...eu não sei o que dizer.
  -Não quero e nem precisa dizer nada, a gente nunca precisou disso... -Bill segurou minha mão fortemente. –E depois que eu soube o conteúdo daquele envelope, eu...eu tive certeza que eu tinha feito a coisa certa. Que esse lugar é SEU, tanto quanto meu! Suspirei , afastei minhas lágrimas e mais uma vez olhei para a placa que tinha o desenho de um enorme beija flor e o nome em destaque:  Instituto Beija Flor –Fundadora e grande inspiradora:  Jen Guttenberg.

 -Você sempre me surpreendendo...sempre me fazendo chorar!

Eu disse emocionada, Bill tocou minha mão, depois me abraçou e beijou minha testa.

-Não quero que você chore, Jen! –Ele disse perto do meu ouvido-Quero que você fique feliz.

Eu me soltei de seus braços e fui olhar de perto a enorme placa. Eu não acreditava naquilo tudo que eu presenciava uma garota egocêntrica, sem juízo, sem planos para o amanhã, uma patricinha fútil, dona de um centro de reabilitação e treinamento para deficientes.

-O mundo dá muitas voltas e nos pregam peças surpreendentes.

Ouvi ele dizer ao mesmo tempo que senti uma mão tocando meu ombro e fechei os meus olhos, e ainda tinha ele nessa história,BILL .
Uma pessoa da qual eu nem sabia se eu merecia, ele era tão maravilhoso, tão surreal, que às vezes eu acreditava que eu acordaria e tudo tinha sido apenas um sonho de uma noite.

 Ele apertou meus ombros com suas mãos finas me trazendo de volta a realidade. Baixei minha cabeça, abri meus olhos e toquei suas mãos com as minhas.

-Venha ainda não acabou, quero te mostrar a instituição por dentro.
Ele pegou minha mão, enlaçou seus dedos nos meus e fomos a cada sala, em cada espaço reservado aos pacientes. Aquilo tudo cheirava a novo, dava para sentir o cheiro de tinta, mobília nova. A cada espaço que entravamos novo, ele me explicava o que cada sala representava e o que seria feito dentro dela.

Eu o olhei e vi toda a sua felicidade, ele estava tão diferente.  Há dois anos atrás quando o conheci ele era um garoto de 21 anos, cheio de medo, dúvidas e fechado para a sua realidade, agora eu percebi que ele também havia aprendido toda a lição. Ele agora era um homem maduro e cheio de planos para o futuro... O Nosso Futuro!

-Venha agora vou te mostrar o principal.
 -O principal? Como assim o principal? –Eu perguntei sorrindo. - Ainda tem mais coisas?
 -Venha e você verá! –Ele também sorriu, me levando para o andar superior.

Chegamos a um grande portão e então ele se virou para mim e mais uma vez sorrindo, ordenou:

-Abra!

Eu o olhei, coloquei a mão na maçaneta e entrei, a musica invadiu o ambiente, era instrumental, mas de imediato a reconheci, era Codinome beija flor, o sol iluminava o lugar, dando um toque todo especial e mágico! Fui entrando e percebi que aquele lugar era uma réplica em menor dimensão do Jardim Botânico,  tinha uma árvore linda com quatro alimentadores de beija flores, uma pequena fonte, e o banco ao lado da fonte.

-É Perfeito, Bill – Eu disse encantada com o pequeno lugar- É lindo demais.
  -Gostou?
  -Meu Deus, como não poderia gostar? Isso aqui é um pequeno pedaço do paraíso!
 -Esse lugar será só para nós dois, quando quisermos descansar, conversar, relaxar...será o nosso esconderijo!-Bill disse tocando a água com as pontas dos dedos, como tinha mania de fazer com a fonte no Jardim Botânico.

Eu o ouvi, caminhei até ele e o enlacei pela cintura, o virei de frente para mim, colei meus lábios nos deles e lhe beijei com vontade.  Ele colocou suas mãos em volta do meu pescoço e com as pontas dos dedos me acariciou durante todo o beijo. O beijo durou até o nosso fôlego agüentar, quando descolamos os lábios , ele sussurrou pra mim:

-Você quer jogar uma moeda na fonte e fazer um pedido quem sabe ele se realize? Eu sorri e o abracei pela cintura, deitei minha cabeça em seu peito e por um segundo pude sentir os batimentos de seu coração.
 -Bill não preciso de nada disso, nem de moeda, nem de desejo, nem de fonte. Tudo o que eu sempre quis em toda minha vida eu as tenho nesse exato momento. Eu não preciso pedir mais nada. Nunca me senti tão bem, tão plena e tão feliz, como me sinto agora.
 -Jen, não..a gente sempre precisa demais..
 -Eu não! E eu sempre achei que o dinheiro fosse tudo que nos preenchesse. Meu Deus como eu fui burra! –Eu confessei para ele sentindo vergonha do meu passado. – Hoje, se por acaso eu disser que eu preciso de mais alguma coisa, estarei sendo mal agradecida com DEUS. – Eu mais uma vez o abracei deitando em seu peito. -DEUS esta sendo muito justo comigo.


-DEUS...O homem que até dois anos atrás eu nem acreditava, um homem que eu tinha certeza que nem sabia da minha existência. –Ele disse acariciando meus cabelos - Hoje percebo que tudo o que era MEU, estava guardado, ele tinha tudo predestinado, ele só estava esperando eu acreditar mais NELE para me entregar, e foi tudo tão simples, a noite em que eu resolvi pedir ajuda a ele, pedindo uma solução, uma mudança, uma direção...no outro dia de manhã, ele me enviou um sinal.Bill soluçou e me apertou mais em seus braços, seus soluços saiam desesperados e  altos de dentro de seu peito. Ele chorava..
 -Eu pedi tanto naquela noite...tanto –Bill picava suas palavras entre seu choro-  E naquela manhã quando ouvi sua voz, ela entrou dentro dos meus ouvidos, entrou dentro de cada célula do meu corpo, chegando ao meu coração. –Ele se calou tentando recuperar forças. –Jen , naquele momento eu sabia, eu tive certeza que você era a ajuda que DEUS tinha me enviado...sim..sim...eu lutei contra, eu fui teimoso, eu fui um tremendo de um imbecil, mas hoje eu tenho certeza. –Bill tocou meu rosto e o levantou tocando a ponta do seu nariz com o meu dizendo: -Eu tenho a plena certeza que naquela manhã,que nos conhecemos, algo divino aconteceu  -Bill apertou suas mãos entre meu rosto e dando-me um selinho disse baixo:
 -Eu te amo,Jen...Obrigado por você estar ao meu lado, obrigado por ter acreditado em mim e principalmente por  ter emprestado os seus olhos para eu “enxergar” que eu posso ser feliz com as minhas limitações, por que posso ser limitado em minha visão,mas jamais serei limitado em amar e ser amado...Obrigado por ter me tocado...

 Ele se aproximou e me beijou novamente, senti sua língua dentro da minha boca, seus braços me envolveram e se ele não tivesse me esmagando num abraço com certeza eu sairia voando, eu estava leve e meu corpo já não respondia a minha consciência. Naquele momento eu me entreguei.
O beijo foi ficando cada vez mais quente e intenso. Bill passou a beijar o meu pescoço, depois desceu para o meu colo.

-Bill...
-Hum... -Ele gemeu ao sentir minha língua dentro de seu ouvido
 -Será que podemos inaugurar esse lugar da nossa maneira...cada sala...cada espacinho...podemos?
Bill jogou a cabeça para trás e sorriu divertido...Era clara a resposta dele para o meu pedido.

Ele me amou loucamente, ali em pé, apoiados na fonte, não dava mais para esperar nem um momento, queríamos nos entregar, queríamos fazer amor, queríamos ouvir um gemido do outro, queríamos sentir o suor, a respiração falha e o principal, queríamos matar aquela maldita saudade, íamos terminar com ela e esquecê-la finalmente em nosso passado. Ainda com nossos corpos encaixados e nos movimentando, fizemos juras de amor e trocamos as mais deliciosas e obscenas frases, quando estávamos prontos para chegar ao clímax, ele beijou com prazer meus lábios inchados de desejo e quando ele veio, foi  intenso e satisfatório, foi incrível para nós dois, nos abraçamos e ficamos imóveis por alguns segundos, tentando acalmarmos nossos batimentos cardíacos e nossos corpos que tremiam.


Depois,com a noite caindo, pegamos alguns edredons jogamos no deck perto da fonte, com algumas almofadas e ascendi algumas velas ao nosso redor, Bill deitou primeiro e se acomodou, depois deitei em seu peito colocando minha mão em sua barriga, ele colocou a sua sobre a minha, acariciando-a.

-Você ainda tem o anel que eu te dei no parque de diversões? –Ele perguntou surpreso sorrindo ao sentir o anel no meu dedo.
 -Eu nunca o tirei do dedo. –Eu disse olhando para o anel. – Todas as noites, antes de dormir, eu sempre dava um beijo nele, como se fosse seus lábios.

Ele sorriu, então acariciou meu cabelo e quando foi tirar a mão, sem querer raspou seus dedos em minha tatuagem.

-Aiiii... –Eu fechei meus olhos de dor.
-O que foi? –Ele levantou a cabeça preocupado.
-Você tirou a proteção da minha tatuagem.
-É mesmo, a senhorita fez uma tatoo? –Ele disse num tom bravo
-Sim...Eu fiz! –eu disse ainda gemendo de dor

Bill me virou de lado devagar e tocou minhas costas com as pontas dos dedos, seguindo em direção ao meu ombro esquerdo quando achou o volume, devagar contornou o desenho, ele então levantou o outro braço e com as pontas dos outros dedos da outra mão também começou a alisar a tatuagem, que como era recente e inchada, tinha um pequeno relevo.

Ele ficou quase um minuto tocando meu ombro, até ele sorrir e beijar sobre o desenho e dizer em meu ouvido.
 -Um beija-flor... Jen...você tatuou um beija flor!
Bill virou-me e antes de me abraçar disse:
 -Você foi a coisa mais incrível que me aconteceu...dizer eu te amo á você, seria pouco demais!

Eu não respondi, não deu tempo, os seus lábios grudaram nos meus sugando todo meu ar, minha razão e tudo o que ele encontrou dentro do meu corpo, ele podia, afinal tudo que se encontrava dentro de mim, pertencia e ele! Antes de me preencher novamente o ouvi gemer em meu ouvido:
 -Fique de ladinho, quero ficar admirando o seu beija-flor!


x.x


O meu corpo estremeceu de prazer, arqueei minhas costas do chão, fechei meus olhos, mordi meus próprios lábios, segurei fortemente meus próprios cabelos num ato de desejo incontrolável e gritei o seu nome quando cheguei ao paraíso.

Ele ainda se movimentou por alguns segundos dentro de mim, forçando sua cintura contra o meu corpo, soltando um gemido longo e rouco e logo em seguida deixo-se  cair, pesando sobre mim. Nesse mesmo momento ouvimos uma gritaria na rua, era meia noite, era Natal.
E ainda conectados intimamente, ele levantou a cabeça, tocando minha testa com a dele dizendo ainda quase sem ar:

 -Feliz Natal, Jen!
Eu sorri, alisei seu nariz com a ponta do meu e respondi:
 -Feliz Natal, Bill!

Eu o vi sorrindo, ele beijou minha testa e depois a ponta do meu nariz, depois saiu de dentro de mim e deitou na minha barriga, alisando-a com a ponta dos dedos.

–Não sabia que você vinha para o Brasil, eu não comprei nenhum presente de Natal para você. –Ele disse sem graça.
-Como se eu quisesse algo mais de você. Só isso, que tivemos já me satisfaz. – Acariciei seus cabelos negros. –Não digo do ato. Digo de tudo o que você me dá, me envolve, é tudo tão gostoso, tudo tão bom. Eu amo estar nos seus braços, amo a forma que você me beija, me ama...Eu te amo,Bill!

Ele não respondeu, eu o chamei, ele permaneceu calado. Bill havia dormido. Com cuidado o tirei da minha barriga, deitei-o na almofada, deitei ao seu lado, peguei sua mão, a beijei delicadamente e ainda a segurando, adormeci também.


x.x


-Graças a Deus que hoje fez esse sol maravilhoso! –Eu sorri para minha mãe.
 -Ainda bem, parece que ele veio para agraciar esse dia tão especial. –Ela sorriu me abraçando com carinho.
 -Mãe, será que você pode pedir para os garçons vir colocar as toalhas na grama e arrumar o piquenique, as pessoas vão começar a chegar e quero que tudo fique lindo.
 -Minha filha, eu tenho tanto orgulho da pessoa que você se tornou. Sou a mãe mais feliz desse mundo  –Minha mãe disse e eu a olhei, ela sorria como há tempos não o fazia. Então eu a abracei e beijei sua bochecha, e ela se afastou.

 Eu me virei e então vi Bill tocando violão com Sabrina e Ingrid, elas sorriam e ele abriu um sorriso encantador, um sorriso muito mais radiante que o sol que fazia naquela tarde em São Paulo.

Eu coloquei minhas mãos dentro do bolso do meu short e o observei, ele estava lindo...Meu Deus, como Bill era lindo, não só fisicamente, ele era perfeito em todos os sentidos. Meu coração naquele momento deu uma pequena pontada, chegando a doer, sim...doer de tanto AMOR, eu o amava demais, de uma maneira tão intensa, pura e verdadeira que tal sentimento chegava a doer dentro do meu peito. As lágrimas vieram e as impedi de rolarem.

-Janice! –Eu o ouvi me chamar e me virei.
 -Tom...Ellie... que bom que vocês estão aqui! –Eu abracei os dois de uma vez. –Acomodem-se em alguma toalha e vamos nos divertir.
 -Janny eu queria dizer algo sobre o conteúdo do envelope e...
 -Tom, meu cunhado  –Eu disse sorrindo e tocando seu queixo com carinho. – Não precisa dizer nada. O que eu fiz foi por AMOR a Bill.

Percebi que os olhos de Tom se encheram de lágrimas e ele segurou-as fortemente. Veio ao meu encontro, me abraçou e disse em meu ouvido ao me soltar:

-Obrigado por tudo o que você fez por ele. Sorri para ele e respondi:
 -Não agradeça, agora quero que você faça o mesmo por essa grande mulher que esta ao seu lado. Fui até Eleonora e lhe abracei com carinho. Nem por todos anos que eu ficaria viva na face da terra eu poderia agradecer tudo que Ellie tinha feito por mim. -Quero que você faça a minha amiga muito feliz!
  -Se Eleonora tivesse contado a verdade, talvez vocês não tivessem passado por tudo isso nesse um ano.
 -Tom! Eu tinha que viver isso e  Ellie não tinha permissão de abrir a boca sobre esse fato. Tom sorriu e abraçou Eleonora dando um pequeno selinho nos lábios da morena. -Agora vão se divertir! –Eu sorri e vi os dois sentarem em uma toalha perto de uma arvore enorme. Suspirei e me virei para ir até a entrada recepcionar os outros convidados.

-Esse lugar ficou lindo!
 -Sim.  Ficou lindo demais. –Eu disse sorrindo para Simone. –Tão lindo quanto à alma de seu filho!
  -E sobre o conteúdo do envelope. –Ela fez uma pausa e continuou. –Eu queria dizer que agradeço que você tenha feito tudo isso pelo meu filho. Tenho que admitir que nenhuma outra teria essa atitude por ele. –Ela me olhou e sorriu sem jeito. – Obrigada!
 -Não quero que ninguém me agradeça por isso, Simone! –Eu disse – O que eu fiz foi por vontade própria, sem obrigação de nada.
 -Agora sei que ele esta em ótimas mãos.

Eu sorri e fui ao seu encontro, peguei suas mãos e disse:

-Simone, ele sempre esteve em excelentes mãos!

Puxei Simone pelas mãos e a sentei ao lado de Tom e Ellie, mais tarde Gordon chegou com a pequena Carolina, que sentaram ao lado de minha mãe. Apenas, minha mãe compareceu a inauguração do instituto,  pois meu pai...eu não o via mais, eu fiz a minha escolha e pra falar a verdade, a melhor escolha que eu fiz em toda minha vida. Acho que nessa história quem mais perdeu foi ele...Infelizmente!




Depois que dispensei todos os fotógrafos e jornalistas, o instituto permaneceu apenas com poucas pessoas. Então me aproximei de uma enorme árvore e sentei-me numa toalha sozinha, cruzei minhas pernas e olhei para a roda enorme de crianças, que estava formada em volta de Bill, todas batiam palmas e cantavam alegremente. Ele cantava junto com elas com um sorriso maravilhoso em seus lábios, ele estava visivelmente satisfeito e completo, era como se ele pudesse vê-las, todas elas, cada rostinho, e na verdade eu tinha certeza, que ele as enxergava, muito mais do que nós, que tínhamos a visão, as dos olhos!
E analisando profundamente, a visão dele era muito mais gratificante, por ele podia enxergar a alma e o verdadeiro “eu” de cada ser humano que cruzava o seu caminho.  Dificilmente ele errava, quando ele dizia:”Não confio nessa pessoa”, era certeiro, a pessoa não valia nada. Olhei mais uma vez para Bill que agora era abraçado pelas crianças, de longe eu conseguia ouvir a gargalhada dele.

Naquela tarde, ele voltou a ser uma, jogou bola, cantou e naquele momento que sua risada chegou aos meus ouvidos, eu SORRI e GARGALHEI em ouvi-la. Fixei meus olhos em Bill sendo abraçado por todas as crianças juntas, até minha visão embaçar  e ficar tremula, não pude evitar minhas lágrimas, ser platéia de uma cena tão emocionante e doce, não tinha como não ficar sensível.
Então, eu deixei minhas lágrimas rolarem, eu não as impedi, não as enxuguei, eu fiz questão que elas molhassem o meu rosto, eu queria que elas caíssem na terra do enorme jardim, para regar todos os sentimentos positivos ali depositados, era como se minhas lágrimas de alegria aguassem toda s aquelas flores existentes no jardim, para acolher e reconfortar cada criança deficiente que entrasse atrás de um fio de esperança, para falar, andar e sorrir novamente. Fechei meus olhos e foi como rever todo o filme sobre nossas vidas,  tudo o que eu tinha passado COM BILL  e POR BILL, tudo o que foi vivido até aquele dia, lembrei do primeiro dia que eu o encontrei, do nosso primeiro aperto de mão, seu primeiro sorriso,do nosso primeiro beijo, da nossa primeira vez, do nosso primeiro eu te amo e percebi que o que Bill tinha dito, fazia muito sentido, e negar já não era mais possível, fomos usados por um poder divino,  DEUS nos usou para nos ajudarmos e JUNTOS, unimos forças e consequentemente passamos a ajudar outras pessoas tão ou mais necessitadas do que nós, nada foi por acaso, não existiu coincidências, tudo foi planejado em detalhes para sermos embaixadores da fé daquelas pessoas.
 Até mesmo as implicâncias de Bill, suas neuras em ser cego e dificultar a nossa união acabou nos ajudando, afinal graças a elas, eu decidi ir para  a Espanha e ficar um ano na Instituição ABRA LOS OJOS,  onde aprendi a ler, a escrever,  a cozinhar, tomar banho, ir as compras, aprendi tudo isso completamente CEGA, vivi na pele os preconceitos, aprendi a sentir o que eles sentiam ao receber agressões  de pessoas ignorantes, aprendi a entender todas as necessidades,  e foi no meu último dia, depois de onze meses , quando tirei meus tampões, que ao enxergar novamente a vida que me dei conta que eu tinha renascido e tudo graças a cabeça dura de BILL.
Eu sorri e ainda tomada em lágrimas, conclui que tudo tinha valido a pena, que comecei odiando aquele hospital, odiando o meu castigo, odiei a mudança em minha vida, odiei até Bill por alguns dias, e somente quando eu fui conhecendo ele dia após dia, ele foi me moldando, tirando o ódio, a raiva e substituindo tudo isso por amor, solidariedade e respeito pelo próximo. Foi ele que me transformou nessa NOVA JEN, o mérito era todo dele.

-Tenho certeza que você esta chorando nesse exato momento!

Olhei pra cima e Bill tampou o sol que batia em mim, fazendo uma enorme sombra.

-Acertou...como sempre!

Bill sentou ao meu lado, tocou em minha cintura e me fez deitar em seu colo, com os dedos acariciou meus cachos loiros.

-As pessoas foram embora, você estava tão entretida aqui no seu cantinho, que ninguém quis te interromper, mandaram beijos e disseram que segunda estão todas aqui novamente para o início das sessões.
-Bill eu já agradeci tudo o que você fez por mim? –Eu perguntei sem ouvir absolutamente nada do que ele tinha dito.
 -Hum....Já! –Ele respondeu – E eu já agradeci tudo o que você fez por mim?
 -Hum...Já! – Eu respondi o imitando.  -Eu já disse que é com você que quero dar o meu último suspiro.
 -Uau! Isso sim foi uma linda declaração de amor. –Ele brincou comigo.
 -Se eu pudesse todos os dias ao acordar e todos os dias ao dormir, eu beijaria seus lábios e diria: Eu te amo e obrigado por ter entrado em minha vida!
 -Jen...não precisamos de nada disso e você sabe muito bem disso, que o que temos não precisa ser explicado e dizer que...

Ele não completou a frase, ficou em silencio então eu o olhei e o chamei:

-Bill? O que foi?
 -Jen, dizer que eu te amo seria pouco e minhas palavras nunca seriam suficientes para te dizer como você é importante em minha vida. -Ele disse visivelmente emocionado - O certo seria dizer isso com uma troca de olhar profunda e intensa, mas como eu nunca poderei fazer isso. -Ele me ergueu de seu colo e com as pontas dos dedos começou a tocar meu rosto delicadamente.
 -Como eu jamais vou poder me declarar olhando dentro dos seus olhos, eu vou me declarar todo meu amor para a mulher que mudou minha vida, dando sentido e direção, da única maneira que eu consigo...
Bill pegou minha mão que estava sobre minha perna, levantou-a, levou-a aos lábios, beijando-a e depois abrindo sua jaqueta jeans, colocando-a no seu peito, do lado esquerdo, forçando-a contra o seu corpo.

-... através do meu toque!

Eu apertei meus lábios que tremiam e disse a ele:
 -Você sabe que dizem que todos os anjos são cegos, e que só conseguem enxergar pelo toque de suas mãos. –eu me aproximei e toquei seus lábios com as pontas dos meus dedos. -Então, eu sei exatamente o que aconteceu com minha alma quando me apaixonei por você!
 Eu o olhei por um segundo e o trouxe para perto para beijá-lo, mas antes eu parei e já com os olhos fechados eu finalizei:
  -Ela foi tocada por um anjo...
  Senti meus lábios serem pressionados pelos de Bill em um beijo lento, doce e apaixonado, não sei dizer ao certo quanto tempo ele durou...na verdade, eu sei sim, esse beijo durou todos os dias em que vivi ao lado dele, por que era exatamente dessa forma que eu me sentia em relação a estar com BILL, era como se eu fosse amada, beijada e tocada, 24 horas, todos os minutos, todos os dias, até o fim da minha existência...
 
FIM.

Postado Por: Grasiele

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