quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 30 - Heroes also cry... And bleed!

HOSPITAL CENTRAL DE NEW YORK... 

NARRADOR...

UMA SEMANA DEPOIS...

 Uma longa semana tinha se passado e com ela tinha se passado o clima tenso que havia se formado entre Tom e Annie...por alguma razão, boa ou ruim, Elisabeth tinha sumido, ninguém via ela desde a briga de Tom e Annie...onde ela poderia estar? Um mistério, a única coisa que se sabe é que grandes gênios precisam de um tempo sozinhos para botar suas mentes para funcionar...prontos pro grande plano? É bom estarem... Bom, com Elisabeth fora do caminho Annie e Tom estavam novamente “apaixonados”, que lindo ou nojento, depende do ponto de vista...se você não liga para mentiras vai com certeza querer dar o premio de casal do ano para os dois, mas se você, como eu, não suporta mentiras, vai achar tudo isso detestável. Bom, mas vamos mudar de assunto, finalmente a quimioterapia de Tom começou a fazer efeito...todos os dias mais e mais fios de cabelo apareciam em seu travesseiro o que estava causando total comoção em todos, patéticos! Nunca assistiram a filmes? Não sabem que é isso o que acontece? Por que as caras preocupadas? Os choros escondidos? Tom já tinha se decidido, iria raspar tudo de uma vez e isso seria hoje, talvez fosse por isso que Tom estava tão cabisbaixo, pense positivo Tom, o cabelo cresce, já as feridas internas causadas por essa doença, talvez nunca se cicatrizem!

NARRADO POR TOM...

Hoje era um dia pelo qual nunca me imaginei passar...nunca imaginei que rasparia todo meu cabelo e ainda mais por uma doença, mas o que posso fazer? Era melhor raspar tudo de uma vez do que ver fio por fio cair, dia após dia. Como eu me sentia? Péssimo! Me sentia impotente diante da minha doença, sentia que a cada dia que passava ela me dominava mais e eu nada podia fazer, apenas aceitar calado. Eu pude escolher uma pessoa para ir comigo até a sala onde raspariam meu cabelo...escolhi Bill. Eu senti que nos distanciamos um pouco, apesar dele estar aqui todos os dias. Na verdade eu me distanciei de todos. Tenho que passar o maximo de tempo com aqueles que são importantes pra mim e Bill é importante demais e nós já perdemos tempo demais brigando, quero que ele compartilhe comigo desse momento difícil. Assim que chegamos à pequena salinha que ficava no mesmo corredor do meu quarto, senti um frio na barriga. Fui colocado de frente para um espelho e já vi a maquininha que faria o trabalho, respirei fundo. Bill ajoelhou na minha frente e segurou minhas mãos, ele me olhava docemente.

__ Vai ficar tudo bem! – Bill disse sorrindo.

__ É claro que vai, eu fico bonito de qualquer jeito. – caímos na risada, tinha que tentar manter o bom humor, não sei se agüentaria por muito tempo. Um senhor todo de branco e bem velhinho entrou na salinha, deveria ser o cabeleireiro, ele sorriu.

__ Posso começar?ele perguntou, assenti positivamente. Ele pegou uma tesoura que estava em cima da mesinha e começou a cortar as tranças, de relance as vi cair no chão, sorri para Bill que retribuiu. Um vazio começou a me preencher aos poucos, na verdade era mais uma dor profunda. Vi ele pegar a maquininha e liga-la, respirei fundo, teria de ser forte, mas já sentia minhas pernas tremerem, não era um bom sinal. Senti a maquina encostar em minha cabeça, agora não tinha mais volta. Bill apertava minha mão com força, ele tentou disfarçar, mas pude ver ele se emocionando...aos poucos senti meu rosto ficar quente e minha vista começou a embaçar...não queria chorar, evitava olhar para o espelho, não pela estética, mas pela dor de ver o quanto essa doença tinha me dominado. Senti as primeiras lagrimas escorrerem por meu rosto. Decidi não conter mais o que precisava sair, chorei! Olhei para o espelho e pude ver que metade do meu cabelo já não existia mais, quis morrer. Bill chorava silenciosamente enquanto alisava minhas mãos tentando me passar força....força que eu sentia que não existia mais. O que iriam pensar ao me ver? Como iriam me olhar? Com pena? Desprezo? Acabou! Meu cabelo já não existia mais, nem minha vontade de sair daquela sala, na verdade eu queria me esconder de todos. O senhor saiu da sala deixando eu e Bill sozinhos. Eu me levantei, fui até em frente ao espelho e comecei a passar a mão em minha cabeça, como eu queria acreditar que estava careca por um trote da faculdade e não por uma doença. Me virei e Bill me encarava com os olhos vermelhos.

__ Meu Deus, eu nunca imaginei que ficaria assim um dia... – eu não conseguia acreditar. Passava a mão em minha cabeça freneticamente, queria encontrar algo que já não existia mais. – eu não quero sair lá fora assim, todo mundo vai ficar me olhando com pena, o que a Annie vai pensar... – minha voz não saia mais. Bill veio até mim e me segurou pelos ombros.

__ Ninguém vai pensar nada de você! Você por acaso é outra pessoa sem cabelo?! Tom, as pessoas amam você por aquilo que você é, pelo o que você tem por dentro e não pelo seu corte de cabelo... – eu chorava muito, Bill segurou meu rosto com suas mãos me fazendo encara-lo. – Escuta uma coisa todas aquelas pessoas que estão naquele quarto te esperando te amam incondicionalmente...eu te amo incondicionalmente! Você não preciso se envergonhar de nada, precisa ser forte Tom, forte como você sempre foi. Então você vai sair por aquela porta e encarar todos de cabeça erguida...você vai deixar a doença vencer mais uma vez? – apesar da dor que sentia Bill tinha razão, eu tinha que sair dali daquela sala de cabeça erguida, mostrar a todos e a mim mesmo que essa doença não iria dominar minha vida. – Agora se vai te fazer sentir melhor eu tenho uma coisa pra você. – Bill foi até sua bolsa e tirou de lá de dentro um boné branco e um lenço. Ele pegou o lenço colocou em minha cabeça e depois o boné por cima. – Você vai continuar mantendo seu estilo de malandro com isso... – sorri ao ver minha imagem já antes conhecida. Me virei para Bill e o abracei, ficamos assim pro alguns segundos, era incrível como todo o ódio que eu já tive por ele simplesmente se foi e agora eu o amo incondicionalmente...

NARRADOR...

Tom não dê tanto credito a uma pessoa que já te traiu uma vez. Recaídas acontecem!

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 29 - The weather has changed ... you too!

SOHO GRAND HOTEL – QUARTO DA ANNIE...

 NARRADOR.

 Ao se olhar pela janela era possivel ver as grandes e pesadas nuvens cinzas que cobriam New York...uma tempestade se aproximava, peguem seus guarda chuvas antes de sairem de casa, ou melhor nem saiam! Annie estava sentada em seu sofá com um grande pote de sorvete de creme entre as pernas...que clichê Annie. Ela tinha tentado esquecer Tom nesses dois dias em que não apareceu no hospital, até fez uma faxina em seu apartamento, mas a faxina devia mesmo era ter sido feita em sua cabeça pequena Annie, quantos pensamentos acumulados...as unicas noticias que ela tinha de Tom, eram as que Bill lhe contava...É claro que Tom tinha lotado sua caixa de mensagens, mas Annie estava magoada e decidiu não ler nenhuma...pobre Annie, já dizia o velho ditado: “Não dá assistencia, perde para a concorrencia” e que concorrencia não é? A campainha tocou dispertando Annie de seus pensamentos. Ela levantou e se arrastou até a porta, assim que abriu deu de cara com Bill... nunca convide um estranho para entrar Annie, mas esse não é o caso de Bill, nós e Annie especialmente já conhecemos Bill muito bem.

__ Aconteceu alguma coisa? Ele piorou? – Annie perguntou enquanto Bill se dirigia ao sofá, ele encarou Annie com uma cara de reprovação. – Que foi? Vai ficar me condenando com o olhar, me diz logo o que esta acontecendo...

__ Ele tem tido crises de raiva, não quer tomar os remedios, muito menos fazer a quimioterapia que é amanhã, e tudo isso depois da briga de vocês.

__ A então a culpa é minha?! – Annie disse alterada, Bill apenas a olhou. – Por que ele não pediu pra Elisabeth lhe fazer companhia?

__ Ah Annie chega! Para de ser criança, não tem nada haver...a Elisabeth é apenas uma amiga que o Tom encontrou, alguem que o entende por passar pelo mesmo problema que ele, só isso! Quem ele ama é você e não ela! – Annie parecia inconformada.

__ É mais conveniente pra você né? Acreditar que as coisas mudaram, que seu irmão mudou...que talvez ele não me amasse tanto assim...tanto como você me amou...

__ Como eu amo! Eu não te amei...eu ainda te amo! – Annie ficou surpresa com tal revelação. – mas eu sei que o Tom tambem te ama e Annie nós já conversamos sobre isso...não vamos remexer no passado...você aprendeu amar o Tom e a me esquecer, é só isso que importa... e se você ama tanto o Tom como diz, não acha que deveria estar lutando por ele? Não acha que deveria estar do lado dele no hospital? – Bill olhava Annie com ternura. – se você acha que a Elisabeth oferece tanto risco assim, não é ficando trancada nesse apartamento que as coisas vão se resolver... vamos voltar comigo, conversar com o Tom... – Bill sabia como convenser Annie...ele tinha um poder sobre ela.

__ Tudo bem...você venceu!

Que surpresas aguardam Annie ao voltar para o Hospital...bom pelo menos os médicos estão bem proximos!!

HOSPITAL CENTRAL DE NEW YORK...

Ao entrar pelas portas do hospital Annie sentiu um leve frio na barriga...encontrar um Tom provavelmente muito nervoso lhe causava medo. E se eles brigassem de novo? E se ele já estivesse com Elisabeth? ...as vezes é bom não pensar pequena Annie... Assim que abriu a porta do quarto e entrou no mesmo já deu de cara com os olhos amargurados de Tom. Ele não fez nenhum movimento, apenas a olhou e voltou sua atenção para a televisão. Annie se sentou na poltrona que ficava ao lado de sua cama, em silencio.

__ O que te fez voltar? Parecia tão decidida... – Tom olhava para a TV, Annie respirou fundo.

__ E eu estava, mas seu irmão me convenceu a voltar, ele me mostrou que você precisa de mim e que eu não devo ser tão criança... – Tom olhou para Annie, seu rosto não esboçava nenhum sentimento. – mas eu ainda estou magoada...você simplesmente se esqueceu de mim nessas ultimas semanas, só tem ficado com a Elisabeth...tudo o que faz é com ela, em tudo ela é melhor, ela sempre te entende...como acha que eu vou me sentir ao saber que uma outra mulher te faz se sentir melhor do que eu? – Tom não olhava para Annie, ele não podia encara-la...sabia que ela estava certa. – a única coisa que eu quero é que você seja sincero comigo, se você esta sentindo algo por el...

__ Chega Annie, eu não sinto nada além de amizade pela Elisabeth! – Tom disse alterado. – Você não confia em mim?! Acha mesmo que eu faria alguma coisa com ela estando com você, à mulher que eu amo?! – a indignação na voz de Tom era clara, ele também estava magoado. – O que aconteceu com a gente Annie? – ele perguntou cabisbaixo.

__ A gente mudou Tom...tudo mudou! – talvez não fosse essa a resposta que Tom esperava ouvir. – mas eu te amo...te amo com todas as minhas forças e estou disposta a fazer com que tudo seja como antes... – Annie segurou a mão de Tom, ele apenas a olhou triste.

__ Nada vai ser como antes Annie, porque antes eu não estava preso a uma doença nem a um hospital, mas a gente pode tentar amenizar as coisas na nossa relação...e tem que começar com você acreditando mais no seu namorado aqui... – Tom apontou pra si mesmo e Annie apenas sorriu de lado. – não vamos mais brigar por besteiras, eu preciso tanto de você do meu lado... – Annie se aproximou de Tom e lhe beijou a ponta do nariz. – credo, é só esse beijinho que eu mereço?! – Annie fez que sim com a cabeça. – pois eu discordo. – Tom beijou Annie com vontade...

Parece que a paz voltou a reinar...mas de acordo com a tempestade que se formou lá fora, algo me diz essa paz será por pouco tempo.

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 28 - Playing with children can be dangerous...

HOSPITAL CENTRAL DE NEW YORK...

NARRADOR...

ALA DE LEUCEMIA INFANTIL.

Era uma cena tão linda a forma como Tom brincava com as crianças, ele levava jeito pra coisa. Ao seu lado Elisabeth parecia uma mãe prestativa. Era tudo tão perfeito e fofo que dava naúseas. E era tudo tão visivel...os sorrisos, olhares, a forma como “acidentalmente” Tom tocou a mão de Elisabeth ao pegar o carrinho de um dos meninos...onde Annie estava nesse momento? Ela sempre perde as melhores coisas...como se vence uma guerra se você não observa seu adversario? Pobre Annie, precisa aprender muito ainda sobre guerras, mas parece que Elisabeth já conhece muito bem o campo do adversario...ou pretende conhecer.

__ Muito bem crianças hora do lanche! – Elisabeth avisou batendo palmas, as crianças ficaram eufóricas...todas começaram a correr. – Mas primeiro lavar as mãos! – as crianças correram em direção ao banheiro, deixando Tom e Elisabeth sozinhos...momento exato não é Elisabeth?

__ Nunca pensei que cuidar de crianças cansava tanto. – Tom disse ofegante. – Mas em compensação é super gratificante receber um sorriso deles em troca. – tem certeza que é um sorriso das crianças Tom? Elisabeth apenas sorriu e afirmou com a cabeça. Ela começou a pegar os brinquedos que estavam espalhados pela sala...Tom tambem pegava alguns e ia colocando em uma grande caixa. Distraida como estava, Elisabeth tropeçou em um dos carrinhos se desequelibrando e caindo pra trás e quem estava atras dela? Tom! Em um minuto os dois estavam caidos no chão, ela por cima de Tom, ambos com os corpos colados um ao outro, os olhares penetrantes...o silencio era constrangedor...com um gesto automatico Tom levou a mão ao rosto de Elisabeth e lhe acariciou com calma, ela fechou os olhos ao sentir seu toque, sou só eu que acho ou as crianças se distrairam no banheiro?! Mas Tom ainda tinha controle sobre seus atos e parou de lhe acariciar, pigarreando, fazendo com que os dois começassem a rir...tentavam disfarçar, o que não deu muito certo. Oh! Olha só quem chegou na hora certa, Annie olhava a cena do vidro, perplexa... o que foi querida Annie? eles são apenas coleguinhas de Hospital...talvez não!



Annie corria pelo hospital, depois da cena que tinha visto seu coração tinha se partido em pedaços, alguém ai tem cola para coração partido?! Ela correu para fora do hospital, onde havia um belo jardim, se sentou em um bando um pouco afastado e não contendo mais seu desejo de chorar, caiu em prantos. Inúmeras coisas passavam em sua cabeça, por que Tom estava fazendo isso? E tudo o que ele dizia sentir? Ela não percebeu que seu choro estava um pouco alto e alguém percebeu sua presença ali.

__ Annie? Por que ta chorando? – ora ora ora, se não é o irmão problema, Bill perguntou preocupado, já se sentando ao lado de Annie. – Aconteceu alguma coisa com o Tom Annie? Por favor, me fala o que ta acontecendo!

__ Seu irmão esta ótimo Bill! Eu é que não estou se você não percebeu! – Annie gritou com Bill. – Eu não estou nada bem! – e num impulso Annie se jogou nos braços de Bill, o mesmo ficou paralisado...Annie chorava em seu peito, depois de alguns segundos Bill, um pouco receoso, retribuiu o abraço. Fechou os olhos ao sentir o perfume dos cabelos de Annie...relembrar é viver! Mas o que estava acontecendo ali? Sentimentos voltando à tona? Ou sentimentos que nunca se foram decidiram se rebelar e aparecer de volta. Os braços de Bill já envolviam a cintura de Annie, essa que já não chorava mais, apenas sentia o perfume amadeirado que vinha do pescoço de Bill, perfume pelo qual ela já estremeceu uma vez. Annie deixou de olhar para o chão e decidiu encarar aqueles olhos que hoje estavam de uma cor nunca vista antes. Os dois se olhavam, talvez, como nunca antes...nenhuma palavra era pronunciada, não era preciso. Bill engoliu em seco, Annie iniciou uma aproximação...Bill nada fez. Os lábios estavam próximos demais, já sentiam a respiração um do outro...assim que Bill sentiu os lábios suaves de Annie tocarem os seus ele desviou.

 __ Isso não pode acontecer...você...você esta com meu irmão. – Bill se levantou, ficando de frente para Annie, que o olhava confusa, - os dois apenas estão passando por um momento difícil, mas vai ficar tudo bem. – Bill lançou um ultimo olhar a Annie, se virou e saiu em direção aos táxis que ficavam parados em frente ao hospital.

Quando se esta perdida, nada melhor que antigos amores pra te deixarem mais confusa...cuidado Annie, a confusão é como a areia movediça, depois que se entra dentro, é impossível sair de dentro dela!

Annie decidiu voltar para o Hospital...depois do episódio com Bill, era melhor tentar conversar com Tom e lhe dizer o que estava sentindo, mas ela teve mais uma surpresa ao entrar no quarto dele. Tom e Elisabeth conversavam e riam sobre alguma coisa...tão animados. Ao vê-la a cara de Tom foi de surpresa, talvez não esperasse que sua “amada” entrasse sem bater. Elisabeth pareceu constrangida ao vê-la, ainda mais porque Annie não estava com cara de muitos amigos.

__ Annie! Ate que enfim você apareceu...eu fiquei te procurando pra irmos fazer os exames de sangue, mas ai eu não te encontrei e a Elisabeth foi comigo. – Tom se explicava, como quem tinha feito algo de errado.

__ Ultimamente você não tem precisado de mim pra muitas coisas não é? Eu tenho celular, poderia ter me ligado. – Tom a olhou sem entender, que tipo de ataque repentino era esse.

__ Bom Tom eu já vou, vou deixá-los sozinhos. – Elisabeth disse se despedindo de Tom.

__ Pelo menos seu bom senso funciona! – Annie disse a Elisabeth quando a mesma passou por ela. Elisabeth apenas olhou para Annie e saiu.

__ Annie o que ta acontecendo com você? Viu como falou com a Elisabeth! – Tom reclamou já exaltado. – Você nunca foi assim...

__ Eu nunca fui assim, porque você nunca me deu motivos pra ser assim...o que esta acontecendo agora é bem diferente. – Annie tacou a bolsa na poltrona com força. – Você pensa que eu sou tonta né? Pensa que eu não vejo como você olha pra ela e vice versa?!

__ Não tem nada a ver, nós somos apenas amigos...você esta sendo incoerente!

__ Ah eu sou a incoerente agora? – o nervosismo já tinha tomado conta de Annie, ela pegou sua bolsa de volta e olhou bem para Tom. – eu só te digo uma coisa, à noite, quando você estiver tendo uma daquelas suas reflexões, pare e analise sua relação de “amizade” com Elisabeth e ai veremos quem esta sendo incoerente aqui...eu vou falar pro Bill vir dormir com você...eu to precisando de um tempo pra mim...ou qualquer coisa chame a Elisabeth, ela é tão prestativa não é? – Tom ficou calado vendo Annie sair como um furacão pela porta.

Quem cala consente. Temos um culpado!

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 27 - Confused thoughts

HOSPITAL CENTRAL DE NEW YORK...

 UM MÊS DEPOIS…

NARRADO POR TOM.

 Um longo mês tinha se passado, tenho que dizer que estava me adaptando cada dia mais rápido...conheci algumas pessoas com problemas piores que o meu aqui no hospital, pessoas que me fizerão dar valor a minha vida e as pessoas que eu tenho ao meu lado. E que pessoas eu tinha ao meu lado...Annie também tinha se mudado pro hospital praticamente, ela ficava comigo praticamente o dia inteiro e dormia um dia sim outro não...ela e Bill intercalavam...Bill, esse era outro que eu nunca esperava que ficaria comigo o tempo todo, sempre me fazendo rir, conversando comigo ate de madrugada, enfim, estava sendo um irmãozão. Ele e Annie tinham feito grandes sacrifícios para estar todos os dias ao meu lado, um deles, largar a carreira de modelos...durante aquele mês surgiram tantas propostas de campanhas extremamente boas, mas os dois recusaram...eu não queria isso, não queria que eles parassem com a carreira por minha causa, me sentia tão dependente...mas falar com os dois era o mesmo que falar com uma pedra. Georg era outro que sempre que podia estava aqui, ficava até tarde no hospital e tinha passado uma semana dormindo comigo aqui. Carlla também sempre estava aqui pra fazer companhia a Annie, que se sentia muito sozinha às vezes. A verdade é que a cada dia que passava eu me acostumava mais com minha condição, minhas limitações... As quimioterapias se tornaram de alguma forma mais “aceitável”, meu organismo começou a se acostumar. Uma das grandes coisas que tinha me ajudado ali naquele hospital tinha sido as crianças...eu as visitava duas vezes na semana e era tão bom. Tinha me apegado demais a elas, principalmente a Marta. Uma outra grande ajuda era Elisabeth, era incrível como nós sempre tínhamos assuntos pra conversar, a gente se entendia, dávamos força um pro outro e isso era tão bom,gostava muito da presença dela e isso parecia incomodar Annie que esboçava ciúmes quando ela estava perto...bobinha, eu amava ela, não tinha porque ter ciúmes...Elisabeth era apenas uma pessoa que me fazia muito bem e que eu gostava de estar perto...apenas isso... Annie havia acabado de sair com Carlla para tomar um café no restaurante, Bill dormia largado na poltrona ao meu lado, enquanto Georg e eu botávamos a conversa em dia...

__ Então quer dizer que você conheceu uma garota que esta causando dor de cabeça na Annie...seu safado! – ele caçoou. – Tom Kaulitz será sempre Tom Kaulitz...

__ Cala a boca Hobbit! – taquei uma almofada em Georg, que ria de mim. – não tem nada a ver, a Annie esta com ciúmes porque é boba, eu já falei que a Elisabeth é apenas minha amiga, nada demais... – disse afofando uma almofada, por um momento Elisabeth me veio em mente, com aquele sorriso encantador que ela tinha...

__ Ta pensando nela né? – a voz de Georg me despertou dos devaneios. – só acho bom você se decidir logo com quem quer ficar...pra não causar mais sofrimento mais pra frente. – ele se levantou e começou a mexer nos botões de oxigênio acima da minha cama.

__ Eu já me decidi, é a Annie que eu amo e é com ela que eu vou ficar o resto da minha vida...e vamos mudar de assunto... – Georg olhou para mim, e se sentou novamente na poltrona, cruzou os braços e me olhou esperando que eu dissesse se o próximo assunto. – Ontem, a hora em que fui tomar banho, eu passei a mão na cabeça e alguns fios saíram sem que eu nem fizesse força, e hoje de manhã encontrei alguns em meu travesseiro... – Georg apenas observava calado, seu olhar vagava pelo quarto, ele sabia o que isso significava. – ta começando...eu não pensei que fosse tão rápido.

__ Cara isso é o de menos, tu é homem não vai ser tão estranho quanto pra uma mulher por exemplo... – ele mexia na almofada que eu tinha tacado.

__ A questão não é a aparência física Georg, e sim que todas às vezes em que eu me olhar no espelho, me lembrarei da minha doença...você não pode entender...ninguém pode, mas tudo bem... – sorri. –... eu só quero que seja logo, não quero esperar cair fio por fio...é angustiante. – nesse momento Bill acordou num pulo, fazendo com que eu e Georg pulássemos de susto também. – AAAA PORRA BILL! Que susto! – ao olhar pra ele o mesmo estava suado e ofegante, fiquei mais assustado ao vê-lo daquela maneira. – Que foi Bill? Você esta bem? – ele me olhava assustado, do nada o garoto me abraça, eu fiquei sem reação, depois de uns segundo abracei ele também.

__ Você esta bem Tom? Ta tudo legal? Ta sentindo alguma dor? – eu o olhei confuso, ele parecia realmente assustado.

__ Eu to ótimo, já você... O que aconteceu cara parece que viu um fantasma... – aos poucos Bill foi se acalmando, mas seu olhar ainda era de preocupação. – acho melhor você ir tomar uma água, Gee vai lá com ele. – Georg assentiu, Bill relutou um pouco mais foi...fiquei preocupado com ele, o que poderia ter acontecido? Talvez um pesadelo...já sabia bem com o que tinha sonhado...

RESTAURANTE DO HOTEL...

 __ Eu não consigo entender o que ele viu nela Carlla? – falei indignada, bati com força a mão na mesa e derramei café pros lados. – só porque ela é toda certinha? politicamente correta? Eu to surtando sabia?

__ Eu percebi...você já alcançou o estagio avançado da paranóia...escuta o Tom só encontrou uma amiga nada mais... – balancei os dedos na cara de Carlla, ela se afastou...

__ Nãnão, eu saberia se fosse só uma amiga...o jeito como ele olha pra ela, a forma como ele sorri quando ela fala algo engraçado...e o pior, ela também ta interessada nele...

__ E como você sabe? Por acaso ela tentou ataca-lo ou algo do gênero? – Carlla me perguntou mexendo seu café, enquanto eu abocanhava um biscoito de chocolate.

__ E precisa? Ela tem uma mania de fazer uma carinha de garotinha de seis anos quando fica envergonhada...não sei como ainda não disse pra ela : “ O garota, se toca ele tem namorada!”...

__ Annie, cuidado! Você pode estar confundindo as coisas, e ciúme exagerado acaba facilmente com qualquer relacionamento.

__ Eu não estou com ciúmes! – me levantei bruscamente, peguei minha bolsa e deixei Carlla sozinha na mesa...será que ninguém acreditava em mim?!

NARRADOR....

Dizem que ciúmes exagerado causa uma enorme irritação, alguém sente cheiro de guerra? Prepare suas armas Elisabeth!

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 26 - Alguns Tormentos!

NARRADO POR TOM...

 Entrei no meu quarto bem de mansinho, verifiquei e não vi ninguém, supus que não tinham sentido minha falta. Corri pra cama e me enfiei embaixo dos lençóis, sorri pra mim mesmo, sai e não fui descoberto...por um momento meu pensamento foi parar em Elisabeth, gostei tanto de conversar com ela...talvez fosse porque ela tinha o mesmo problema que eu, talvez...Ouvi um barulho vindo da porta do banheiro, gelei e pensei...to fudido! A porta abriu e Annie saiu de lá de dentro, ao me ver ela fechou a cara e cruzou os braços...um sorriso amarelo se formou.

__ Aonde você estava? – ela perguntou seca. – Fiquei te procurando feito uma idiota por todo esse hospital...

__ Eu precisava ficar sozinho, eu precisava pensar...espairecer. – notei que Annie estava derramando lagrimas silenciosas, me levantei e fui ate ela, segurei em seus ombros. – me desculpe amor, eu sei que não devia ter saído dessa forma, sem avisar, mas eu estava tão triste, confuso, com medo...me perdoe, por favor. – segurava seu rosto em minhas mãos.

__ Eu sempre te perdôo né – ela disse sorrindo, sorri também e lhe toquei os lábios...iniciamos um beijo calmo e apaixonado. Infelizmente, fomos interrompidos pelo meu médico. – Olá doutor! – Annie disse meio envergonhada.

__ Eu não queria incomoda-los, mas Tom esta na hora de sua primeira sessão de quimioterapia...

__ Mas eu pensei que as sessões só começariam semana que vem... – todo meu animo tinha ido embora.

__ Quanto mais nós adiarmos é pior Tom, agora daqui uns cinco minutos eu volto aqui com a maca para que você vá ate a sala de quimioterapia. – fechei a cara, já estava me dando raiva desse medico, mesmo sabendo que ele não tinha culpa...

__ Eu ainda posso andar! – gritei um pouco antes dele fechar a porta. Annie me deu um selinho e me olhou com doçura.

__ Vai dar tudo certo! – tomara mesmo, pensei comigo mesmo...

NA SALA DE QUIMIOTERAPIA...

Assim que eu cheguei à sala de quimioterapia um frio percorreu todo o meu corpo, era o medo que me invadia. Havia uma cadeira com alguns fios e um aparelho que ficava acima e mais acima uma bolsa de soro, mas que deveria conter os medicamentos. Havia uma enfermeira também, que ao me ver abriu um sorriso e me indicou a cadeira.Fui ate ela, me sentei e respirei fundo, agora não tinha mais jeito. O doutor sentou em minha frente.

__ Tom você precisa saber que essa quimioterapia lhe trará alguns efeitos colaterais, como vômitos, mal estar, cansaço, falta de apetite entre outros. – que maravilha pensei comigo mesmo. – podemos começar? – apenas assenti positivamente.

A enfermeira trouxe uma agulha que era tão grossa e grande que me fez querer sair correndo dali. Depois de preparar tudo, ele pegou meu braço, colocou sobre um descanso e enfiou a agulha... Senti uma dor profunda, não pela agulha e sim pelo liquido grosso que entrava em minhas veias. Retorci minhas pernas, a dor era muito forte, sentia como se minha veia estava sendo rasgada. Joguei a cabeça pra trás e respirei fundo. O doutor tinha me dito que demoraria umas duas horas, eu não agüentaria duas horas sentindo aquela dor. Algumas lagrimas começaram a descer, pela dor física, mas principalmente pela dor espiritual. Um filme começou a passar em minha cabeça... Tudo o que eu já tinha passado, por que isso agora?! Por um momento quis tanto ter minha mãe ao meu lado, mas provavelmente ela tentaria o suicídio de novo, é só o que ela sabe fazer quando tem problemas. Me sentia tão sozinho, desprotegido e principalmente com medo... o que aconteceria comigo? Qual era meu destino? Eu tinha um? Quis tanto ter Annie ao meu lado agora, provavelmente ela me distrairia, conversaria comigo, me faria rir. Comecei a pensar em tudo isso e pela primeira vez conversei com Deus... dizem que é quando você chega ao extremo que pode senti-lo mais perto de você... eu não sabia se traria algum resultado, mas tentei.

__ Deus, eu não sei se o Senhor esta me ouvindo, deve estar. Eu só queria entender porque eu? O que eu fiz de tão errado? Eu espero que um dia possa entender. Mas agora eu quero te pedir...suplicar algo...se tudo o que eu estou passando não for dar em nada, por favor me leve embora antes...eu te imploro...eu já passei por tantas coisas e fui forte, todas as provações que você me colocou eu enfrentei, mas isso é demais, então se for para eu morrer no final, me leve antes...eu não quero ser como meu pai que sofreu tanto pra depois morrer, portanto eu te suplico, me leve antes... – as lagrimas agora eram constantes...de repente senti um vento tão frio me tocar a face, era tão frio que tremi no momento em que senti...uma paz tomou conta do meu coração...uma calma me possuía...as lagrimas cessaram e a dor também. O que tinha acontecido naquele momento? Talvez Deus possa nos tocar e nós possamos senti-lo...


 Olhei para o alto e o saquinho de soro estava vazio. Senti minhas pálpebras pesadas, um cansaço tinha tomado conta de meu corpo, os efeitos tinham começado. Eu só queria dormir...a enfermeira entrou na sala, me olhou sorrindo...começou a mexer em meu braço, mas na verdade eu nem estava sentindo. Ela pediu para que eu me levantasse, devagar me levantei e senti tudo girar...meu estomago embrulhou e senti que não chegaria ao tempo no banheiro...vomitei no chão, a enfermeira nada fez, apenas me segurou pelos braços e me levou ate o banheiro, eu não tinha forças pra nada. Ao chegar ao banheiro voltei a vomitar, mas dessa vez não havia intervalos, eu vomitava tanto que meu estomago ate doía, eu não tinha mais o que vomitar. Eu suava frio, depois de uns dois minutos daquele jeito, senti que não vomitaria mais.Ela me colocou em uma cadeira de rodas e me levou ate meu quarto. Assim que cheguei Bill e Annie me aguardavam, mas meus olhos nem abriam direito, apenas senti que me colocaram na cama e adormeci em poucos segundos.

FIM DA NARRAÇÃO DE TOM...

HORAS DEPOIS...

Ver Tom daquele jeito me deixava imensamente triste, já fazia 3 horas que ele estava dormindo sem acordar por nenhum momento. Estava sentada ao seu lado, segurava sua mão e lhe acariciava. O braço em que tinha feito à quimioterapia estava inchado e onde estava à agulha estava um pouco roxo, o médico disse que era normal. Me disseram que ele vomitou muito e que daqui pra frente seria pior. Com certeza perder o cabelo seria a pior parte...Tom teria que ser forte, eu também deveria. Bill dormia numa poltrona no canto do quarto...Bill tinha passado mal o período inteiro em que Tom tinha feito a quimioterapia...coisa de gêmeos. Tenho que confessar que o sono também estava tomando conta de mim...ouvi batidas na porta que despertaram de meus devaneios. Me levantei e ao abrir a porta me deparei com uma bela garota de longos cabelos negros.

__ er Oi...esse é o quarto de Tom Kaulitz? – ela perguntou meio tímida.

__ É sim...quem é você? – perguntei sorrindo também.

__ Eu me chamo Elisabeth, é que eu conheci o Tom hoje de manhã sabe, ele foi até a ala das crianças com leucemia e acabou gostando de lá, então eu decidi conseguir uma autorização para ele visitar as crianças quando quisesse, e bem eu vim trazer... – ela me entregou um cartão...Tom não tinha me contado isso...

__ Eu entrego pra ele...é que ele acabou de voltar da quimioterapia e esta dormindo...

__ Eu sei como é...bom muito obrigado...xau. – ela acenou e saiu. Não pude deixar de me sentir incomodada, era uma bela mulher e Tom tinha passado a manhã com ela e não me contou...é eu estava com ciúmes. Voltei para dentro do quarto, percebi que ele tinha mudado de posição, mas ainda dormia, sentei novamente ao seu lado...Elisabeth....talvez fosse um problema.

NARRADOR

Talvez Annie? Você ainda tem duvidas? Eu não.

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 25 - KNOWING THE SAME PROBLEMS...

8:30 AM – Hospital Central de New York – Quarto 34

Depois de uma semana agitada nas Bahamas o sonho tinha chegado ao fim, e a dura realidade batia a porta. Essa semana nas Bahamas tinha sido maravilhosa...fez eu enxergar tantas coisas que antes eu não enxergava...fez com que meu amor por Tom aumentasse...fez com que eu tivesse a certeza de que é junto dele que quero passar o resto da minha vida. Tínhamos acabado de entrar no quarto em que Tom “viveria”...e até que não era tão ruim. Era bem maior que os outros quartos do hospital, com uma cama que parecia ser mais confortável...até TV de plasma tinha. Duas cômodas brancas, uma em cada lado da cama. Cortinas amarelo bem clarinho...enfim até que dava pra se sentir bem aqui. Tom observava tudo calado...segurava sua mala em silencio, apenas com os olhos se movendo pra cada canto do quarto.

__ Lar Doce Lar! – ele disse sem um pingo de ânimo na voz...tacou sua mala em cima da cama e se sentou na mesma.

__ Ah não é tão ruim assim...nem se parecesse com um quarto de hospital... – me sentei ao seu lado...ele virou o corpo, olhou mais uma vez o quarto e balançou a cabeça positivamente.

__ Mas é claro que não se parece...a não ser pela cama que sobe quando você aperta o botãozinho, o aparelho de oxigênio ali em cima e esse cheiro de desinfetante...mas tirando isso eu nem percebi que estava em um hospital...

__ Sua ironia continua intacta não é? – me levantei e fui olhar o banheiro que tinha ali.

__ AAA NÃO!! – Tom gritou, corri para ver o que era...ele segurava aquelas roupas de hospital. – eu vou ter que usar essa roupa ridícula e com um rasgo atrás?! – não agüentei e comecei a rir...caminhei ate ele, tirei a roupa de suas mãos e taquei em cima da cama...lhe dei um selinho demorado.

 __ Você vai ficar lindo com ela...

__ Ah claro que vou... sabe acho que depois que sair daqui vou lançar uma coleção de roupas de hospital que quando você olha não tem a sensação de “ Hey, eu estou com o pé na cova”...e por que o rasgo atrás? Por que? – ele se questionava incrédulo, lhe dei um abraço bem apertado.

__ Bom eu vou deixar você ai se perguntando do porque do rasgo atrás e vou pegar um café, você quer?

 __ Não posso...na minha listinha de proibições cafeína é o primeiro item e com letra maiúscula. – ri de como Tom era dramático, lhe mandei um beijinho no ar e sai.

*****

 UMA SEMANA DEPOIS...

 Uma semana tinha se passado...uma semana difícil. Tom não tinha se adaptado tão facilmente como pensávamos... ele tinha crises de choro e raiva...gritava no meio da noite e tratava mal a todos os enfermeiros e médicos...era raro encontra-lo de bom humor. Eu e Bill praticamente tínhamos nos mudado pro hospital também, estávamos com Tom todos os dias e não escapávamos dos ataques de mau humor dele. Me lembro que da ultima vez ele chamou Bill de todos os nomes feios possíveis...e bem comigo ele era mais doce...apenas vivia dizendo que não me merecia, que ele não prestava pra mim e que eu deveria ficar com o Bill...sinceramente não estava sendo fácil pra mim, todos os dias ter que ouvir ele se diminuir dessa forma...mas tínhamos que ser fortes e apenas tolerar afinal de contas, quem não ficaria com raiva do mundo na situação em que ele se encontrava. Hoje tinha sido uma exceção, ele tinha acordado de bom humor, brincando com todo mundo, fazendo piadinhas... era assim, tinha dias que ele estava ótimo e dias que parecia um Pit Bull. Talvez o motivo de toda essa alegria fosse o resultado de compatibilidade de medula, os resultados sairiam hoje...é claro que todo esse bom humor poderia se reverter em mau humor dependendo do resultado. Eu estava com um baita frio na barriga... mas pensava positivo. Tom tinha acabado de tomar banho e agora estava comendo, estávamos todos os que tinham feito o exame esperando pelo médico. Não demorou muito e o médico entro no quarto com vários papéis nas mãos. __ E então doutor quais são os resultados? – Tom perguntou tão entusiasmado.

__ Bem, após ver todos os exames e analisarmos, infelizmente não encontramos nenhum doador compatível. – não! Isso não podia estar acontecendo...como assim nenhum doador compatível? E Bill? – Agora o que faremos é inserir seu nome a uma lista de espera por medula, com urgência é claro. – olhei para Tom que não tinha expressão alguma, levei minha mão á sua, mas ele a tirou de mim. Ao olhar para Bill o mesmo chorava silenciosamente...os outros estavam com a mesma expressão de tristeza e pena. – O que não podemos agora é perder as esperanças...

__ Doutor, eu gostaria de ficar sozinho, por favor. – Tom disse com a voz baixa...nos entreolhamos. – por favor, me deixem. – todos saíram devagar, dei um beijo no rosto de Tom que nem se moveu. Como era difícil vê-lo desapontado daquela forma. Sai do quarto e não consegui conter as lagrimas...


NARRADO POR TOM...

Por que comigo? Era a única coisa que eu conseguia me perguntar...por que a vida estava sendo tão cruel comigo? O que eu fiz de tão ruim? Andava pelos corredores do hospital sem rumo...e daí que eu não podia andar por ali? A verdade é que estava pouco me lixando...alguns enfermeiros e médicos me olhavam desconfiados, que olhem! Eu só queria sair daquele quarto...eu queria sair daquele hospital...depois de muito andar, cheguei em frente a uma porta branca, com um letreiro em cima que dizia “ÁREA DE LEUCEMIA INFANTIL”...pensei se deveria entrar, se olhar pra minha imagem doente no espelho já me deprimia, imagina ver crianças inocentes e com a vida inteira pela frente daquela maneira...recuei...mas algo me dizia para entrar, algo como uma intuição...peguei na maçaneta, a girei e entrei. Era um corredor enorme, vazio e branco. Haviam varias portas, deviam ser os quartos, fiquei pasmo como não tinha ninguém ali...de repente ouvi risadas e conversas altas de crianças vindo da ultima sala do corredor, caminhei ate lá...e através de um vidro pude ver uma enorme sala cheia de crianças...todas felizes! Brincavam, se divertiam...sorri ao vê-las tão felizes, todas com gorrinhos, bonés e outras sem nada. Uma sensação estranha tomou conta de mim, eu quis conhecer essas crianças...de novo a intuição me mandava entrar ali e assim o fiz...o engraçado é que ninguém notou, elas estavam tão entretidas com suas brincadeiras que nem notaram minha presença...era o que eu pensava.

__ Quem é você? – ouvi uma voz fininha atrás de mim...me virei e uma garotinha linda, dona dos olhos mais azuis que eu já tinha visto me encarava seria. Agachei em sua frente.

__ Meu nome é Tom e o seu? – ela estava abraçada a um ursinho de pelúcia.

__ Eu me chamo Marta e tenho seis anos e cinco meses. – ri ao ver a forma engraçada que ela falava. – mas você ainda não me disse o que esta fazendo aqui, por acaso é um dos novos médicos?

__ Não, eu sou um paciente também... – ela me olhava curiosa. – acabei de me mudar aqui pro hospital...

__ Eu sei, você esta com a mesma aparência de medo, confusão e tristeza de todos os que chegam aqui... –me surpreendi com tamanha inteligência, aquela garota tinha algo de diferente das outras crianças.

 __ Marta o que você esta fazendo ai? – levantei a cabeça para ver quem falava...me deparei com uma garota linda...tinha grandes cabelos negros, olhos cor de mel e boca aveludada, sua pele era tão branca que era possível ver as veias...não devia ter mais que vinte anos. Me levantei e sorri tímido. – posso saber quem é você?

__ O nome dele é Tom e acabou de se mudar pra cá. – Marta respondeu prontamente.

__ Esse sou eu... – a garota sorriu. Estendi minha mão, ela a apertou.

__ Meu nome é Elisabeth, eu não sei se você sabe, mas essa área é restrita.

__ Bem eu não sabia...er na verdade eu sabia, mas alguma coisa me disse pra entrar aqui e acho que já descobri o porque. – passei a mão nos cabelos de Marta que sorriu.

__ Marta, vá lá brincar com a Maria...eu preciso conversar com esse rapaz. – Marta deu de ombros, me deu um xauzinho e saiu pulando dali. – Venha comigo. – droga! Tomaria bronca. Acompanhei a garota até um quarto no mesmo corredor, um quarto vazio. – a Marta é uma garotinha bem receptiva.

__ Com certeza...eu estava super deprimido e ela me fez sentir bem melhor... – disse me acomodando em cima da cama...Elisabeth se sentou ao meu lado.

__ É ela tem esse poder...mas então quer dizer que você se mudou pra cá faz pouco tempo?

__ Uma semana pra ser mais exato. – respondi fitando o chão. – e você? É médica só das crianças ou atende a outros pacientes também?

__ Na verdade eu não sou médica...sou paciente... – ela olhava para o chão.

__ Hey então não podia me dar bronca, também estava fazendo errado. – cutuquei seu braço, e ela sorriu para mim.

__ Não necessariamente, eu tenho passe livre pra ficar com as crianças...afinal de contas um ano vivendo aqui é...muito tempo.

__ UM ANO? Você já esta aqui há um ano? Como agüenta? – eu estava incrédulo...como alguém podia viver um ano nesse lugar...eu não agüentaria...acho.

__ Bem no inicio foi bem difícil, mas depois eu fui me acostumando, me apegando aos enfermeiros, médicos e as crianças e me adaptei. – ela sorria docemente. – quando eu vim pra cá eu tinha uma vida ótima sabe? Amigos, família, namorado, mas depois todos foram sumindo, arrumavam desculpas de que viriam na semana que vem...e bem nunca mais vieram... aqui virou meu lar agora, as pessoas que estão aqui são minha família. – por um momento senti medo...e se tudo isso acontecesse comigo? E se minha família, amigos e a Annie sumissem? Não agüentassem a barra? Balancei a cabeça pros lados pra espantar esses pensamentos. – Mas então, o que você tem?

__ Leucemia em estado avançado. – falei revirando os olhos.

__ Bem Vindo ao meu mundo. – ela sorria...que sorriso lindo ela tinha.

__ Você não parece ter leucemia...sabe o... – apontei para os cabelos dela...ela sorriu mais uma vez.

__ A gente improvisa como pode... – o silencio pairou no quarto, olhei para o relógio e já era tarde, Annie deveria estar preocupada comigo. Me levantei num pulo.

__ Eu tenho que ir...devem estar me procurando, eu sai sem pedir permissão, enfim devem estar preocupados. Foi um prazer te conhecer.

__ O prazer foi todo meu. – dei um beijo em seu rosto e me virei para ir embora, mas ela me chamou. – Tom...é se você quiser eu posso conseguir um passe livre para que você possa ver as crianças...

__ É claro que eu quero, vai ser uma ótima forma de me distrair...bem a gente se tromba por ai. – dei um tchau e sai correndo pelo corredor vazio.

NARRADOR

É Tom ter algo com o que se distrair é sempre bom. Mas eu não estou falando de brincar com crianças.

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 24 - Because you Love me

4:00 PM – Shopping Center Atlantis Hotel


__ E então nós nos beijamos apaixonadamente... – Carlla me contava encantada como ela e Georg tinham se “entendido”...eu ria da cara de boba dela. Estávamos fazendo compras em uma loja magnífica (cara) do shopping do hotel. – Você acha que vai dar certo? – ela me perguntou colocando uma blusa listrada na frente de seu corpo.

__ Não, essa cor não favorece sua pele... – ela fez uma cara de confusa...

__ Não to falando da blusa Annie, to falando do Georg e de mim. – eu estava meio distraída hoje, os mesmos pensamentos de sempre... – Você ta bem amiga? – ela me olhava preocupada, dei um sorriso.

__ Eu estou bem, só um pouco distraída hoje, mas então aonde é que a gente vai hoje mesmo?

__ Um pouco distraída? Enfim, nós vamos naquele restaurante magnífico, caro, chique e requintado onde só pessoas com estilo, classe e poder freqüentam. – Carlla parecia uma louca falando, ela mexia os braços pros lados, quase acertando quem passava do lado dela.

__ Carlla existem 10 restaurantes aqui onde só pessoas com estilo, classe e poder freqüentam... – o sorriso dela se desfez, ela pegou um monte de roupas que tinha escolhido, colocou nos meu braços e saiu caminhando, eu fui atrás dela.

__ Ah aquele que tem um aquário dentro e que a gente pode ver os peixinhos nadando... – de novo ela gesticulava feito doida. Fomos ate o caixa e depois de pagarmos a absurda quantia da nossa compra, fomos em um café que tinha ali perto.

Assim que nos sentamos, dois caras que estavam bem a nossa frente sorriram um para o outro. Eu olhei para Carlla e ela entendeu o que se passava ali. Ela chegou bem próxima de mim...

__ Deixa comigo, eu tenho um plano... – olhei para ela, que estava com cara de mafiosa, fiquei com medo. Assim que vi os dois caras se levantando, xinguei baixo...odeio quando esses caras que se acham a ultima bolacha do pacote vem com conversinha sem graça pra cima de mim.

__ Será que podemos fazer companhia a essas duas belas moças solitárias... – um deles falou, tentando fazer uma voz sensual...tentei me conter, mas foi impossível, comecei a rir.

__ E quem te disse que somos solitárias?! Ao contrario de vocês dois, nós somos muito bem comprometidas...agora sumam daqui pois estão tapando a visão... – agora eu não ria, eu gargalhava...os homens estavam com cara de tontos parados na nossa frente...Carlla fez sinal de chispa com as mãos e depois de se olharem, eles saíram. Eu e Carlla riamos sem parar. – eu sempre quis dizer que estava comprometida sem estar mentindo. – ficamos ali por mais um tempo, jogando conversa fora e rindo sem parar, ate o horário de subirmos para nos arrumarmos.




9:45 PM – Restaurante Atlantis Hotel...

Já fazia umas 3 horas que estávamos bebendo e de papo pro ar no restaurante. As risadas de Bill atraiam a atenção para nossa mesa, não era pra menos, já viram risada mais escandalosa que a dele? Sem contar que Georg, Gustav e Carlla já estavam um pouco alterados pela bebida. Tom não podia beber por conta da medicação que estava tomando, eu decidi acompanhá-lo e ficamos apenas nas batidas sem álcool. Estávamos nos divertindo, Tom principalmente, em alguns momentos notava que ele ficava meio aéreo, mas a maior parte do tempo estava interagindo e se divertindo conosco.

__ Vocês não acham que estão falando alto demais? – perguntei em meio aos gritos de Carlla e cia.

__ Estamos em um país livre Annie...DEIXA-ME GRITAR ORAS! – ela deu um grito tão forte que fez com que o garçom desse um pulo e quase derrubasse a bandeja.

__ GRITA ENTÃO ORAS! – gritei também fazendo com que todos rissem. – O que você acha de subirmos, estou um pouco cansada... – falei para Tom, que concordou com a cabeça. – Bom, Tom e eu já vamos subir.

__ HUUUUMMM... – Carlla nos olhou com cara de maliciosa. – parece que alguém vai ter uma noite agitada...

__ Carlla...vai se ferrar. – respondi com um sorriso nos lábios, peguei na mão de Tom e o arrastei pra fora dali.



10:00 PM – Hotel Atlantis Bahamas – Quarto 200...


Assim que chegamos ao nosso quarto, Tom correu para o banheiro, estava “apertado”...eu ri ao vê-lo tropeçar nos próprios sapatos para tentar chegar ao banheiro. Enquanto ele fazia o que tinha que fazer eu batalhava com o zíper do meu vestido, não conseguia abri-lo de jeito nenhum.

__ Cinco a zero pro vestido. – ouvi a voz de Tom ecoar pelo quarto, me virei e ria.

__ Da pra parar de rir e vir me ajudar com essa coisa! – apontei com os dedos pro vestido.

__ Sem problemas. – o tom de voz foi malicioso e olhar, pior ainda.

Tom se aproximou de mim lentamente, senti seus dedos tocarem meus ombros. Ele colocou meus cabelos para o lado e tocou minha nunca com seus lábios, me arrepiei da cabeça aos pés. Ele distribuía beijos por toda a nuca e mordia o lóbulo da minha orelha me fazendo suspirar

__ Era pra tirar o vestido Tom. – falei em tom de riso.

__ E eu vou tirar... – ele sussurrou em meu ouvido com a voz rouca.

Aos poucos Tom foi descendo o zíper do meu vestido. Suas mãos desciam junto acariciando cada centímetro do meu corpo. Ele dava beijos e mordidas em minhas costas, eu estava extasiada com suas caricias. Assim que não tinha mais o vestido, me virei ficando de frente para ele...nos encarávamos com intensidade. Sem pressa, aproximei meus lábios dos dele...iniciamos um beijo calmo, nossas línguas se moviam com sincronia, arrepios contínuos passavam por todo meu corpo a cada movimento mais sensual que fazíamos. Sem pressa tirei a camisa de Tom, passando minhas unhas nas costas dele fazendo com se arrepiasse. Fomos em direção a cama, sem deixar de nos beijar, trocava mos alguns olhares em meio aos beijos. Troquei de posição e com força empurrei Tom sob a cama, o mesmo sorriu. Subi na cama lentamente, engatinhando sobre o corpo de Tom...fui em direção a sua boca, mas retrocedi um pouco e iniciei beijos e mordidas em seu pescoço. Ia descendo os beijos por seu tórax, abdômen...Tom suspirava a cada toque mais ousado...desabotoei sua calça e fui puxando, juntamente com sua peça intima, passando minhas mãos intencionalmente...ele se retorcia. Ao voltar para beija-lo, Tom foi rápido e se virou ficando por cima de mim...suas mãos passeavam por todo meu corpo... Sua boca sugava meus lábios com força...já não agüentávamos mais...Tom se livrou de minha peça intima e me preencheu...meus gemidos foram calados pelos beijos incessantes de Tom. Os movimentos eram intensos...senti-lo dentro de mim, me fazia sentir viva...fazia tanto tempo que não tinha essa sensação maravilhosa. As investidas aumentaram e chegamos ao clímax juntos...aos poucos Tom foi relaxando seu corpo sobre o meu. Nossa respiração estava acelerada...Tom saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado...repousei minha cabeça em seu tórax...

__ Eu te amo! – Tom disse passando a mão sobre meus cabelos.

__ Eu também te amo. – não era preciso dizer mais nada...aquele sem duvidas tinha sido um momento inesquecivel... Daqui pra frente tudo seria diferente.

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 23 - Who said it's too late to dream?

  11:30 AM – Central Park...


A primeira coisa que Tom me pediu para fazer assim que saíssemos do hospital era ir ao Central Park, segundo ele aquele lugar lhe trazia paz e tranqüilidade. Estávamos deitados na grama, como sempre fazíamos...hoje não estava tão movimentado como nos outros dias. Minha cabeça repousava sobre o peito de Tom, enquanto ele afagava meus cabelos, estávamos em silencio, apenas observando as crianças correndo e brincando, uma velhinha que dava comida aos pombos e inúmeros casais, uns apaixonados e outros...nem tanto. É engraçado como você nunca repara nas coisas ao seu redor, você passa por elas e nem ao menos se dá ao trabalho de ver como uma velhinha que dá comida aos pombos pode te ensinar tantas coisas...talvez aquela velhinha tentava alimentar os pombos desesperadamente porque não tivesse ninguém para alimentar, para cuidar...talvez fosse sozinha e cuidar de pombos fosse a única maneira de tirar de seu peito uma solidão que lhe atormentava. Aquelas crianças que hoje brincam despreocupadas, amanhã talvez não durmam de tanta preocupação com seus filhos que saíram para a balada e possam voltar caindo de bêbados...ou nem voltar. E depois nós não entendemos o porque dos sermões longos de nossos pais quando chegamos depois do horário combinado...A verdade é que simples coisas podem lhe ensinar lições pro resto da vida, nós só precisamos parar para ver, mas com os olhos da alma...e são nesses momentos de silencio que você para pra refletir sobre sua vida inteira...vivemos a maior parte do tempo com medo de nos arriscar...o “E se...” toma conta de nossos pensamentos nos causando receio de buscar aventuras...hoje eu vendo a pessoa que mais amo em uma situação onde não se sabe se haverá amanhã é que eu consigo enxergar quantos “E se...” eu deixei dominar minhas vontades de ir atrás de coisas novas, quantas coisas eu não deixei de fazer por medo do inesperado... e agora eu convivo com o inesperado todos os dias, a vida é engraçada não é? Ela te prega peças quando você menos espera...quando você menos imagina.

Quando eu conheci Tom ele era um garoto cheio de força, energia, alegria, espontaneidade...agora ele se tornou tão frágil, como uma boneca de porcelana, pode parecer estranho, mas eu tenho ate medo de tocá-lo e lhe causar algum dano...e o mais difícil é aceitar, ah aceitar é a pior parte...aceitar que uma pessoa cheia de vida, sonhos, coragem, força, alegria, de uma hora pra outra fica condenada a uma doença agressiva e dolorosa...é com certeza aceitar é praticamente impossível. E sabe o que você faz pra não desabar? Você se recorda...as lembranças são essenciais para que você não caia de joelhos e se renda...é isso que eu tenho feito todos os dias, minutos, segundos...é olhado pra trás e lembrado de como ele era, de como nós éramos, sim, pois por mais que meus sentimentos por ele continuem os mesmos e talvez mais fortes, o relacionamento muda, nunca mais será o mesmo, mas isso não significa que vou abandoná-lo, isso jamais...ficarei ao lado dele ate o fim de tudo isso...e se minhas forças se esgotarem...eu me relembrarei...


__ Quanta coisa eu desejava fazer... – ouvir a voz de Tom em meio ao silencio me assustou, me levantei de seu peito e apoiada sobre meus cotovelos o olhei nos olhos, mas Tom olhava pro céu... – sabe aquela frase “nunca deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”...quem a escreveu é uma pessoa muito sábia...eu devia ter feito tudo o que eu desejava Annie, mas também quem diria que eu ficaria assim...

__ Me diga um de seus sonhos...qualquer um. – Tom me olhou curioso, sorriu pra si mesmo.

__ Meu sonho é conhecer as Bahamas, passar dias naquela praia, sem me preocupar com nada... – seu olhar ficou perdido por alguns instantes, como se tentasse se transportar para o lugar.


Eu não pensei duas vezes no que deveria fazer...se Tom queria ir para as Bahamas ele ia e ninguém impediria. Chega de “E se...”,de incertezas, medos, de agora em diante eu viveria cada dia como se fosse o ultimo e faria com que todos ao meu redor também aproveitassem ao Maximo suas vidas. Em minha mente eu tinha estipulado uma meta, ninguém mais deixaria pra amanhã, o que se pode fazer hoje...

__ Então nós vamos pras Bahamas... – eu me levantei rápida, Tom se sentou e puxou minha mão fazendo com que eu me agachasse em sua frente.

__ Ta doida é? Acha que na situação em que eu me encontro eu posso ir pras Bahamas? – ele ria da minha cara de euforia.

__ A gente vive a vida inteira se controlando sobre o certo e o errado e o que a gente ganha? Se alguma coisa tiver que acontecer, ela vai acontecer de qualquer jeito. Adiantou alguma coisa você se regular tanto? A gente nem sabe se vai acordar no outro dia...eu aprendi uma coisa com isso tudo, a dar valor no agora e esquecer o amanhã...Tom você tem uma semana pra realizar um dos seus sonhos, agora é você quem sabe...se você vai realizar esse sonho agora, ou vai deixar ele pra depois, mas de uma coisa pode ter certeza, eu vou te apoiar em qualquer situação, porque eu te amo! – sem pensar muito Tom me beijou, sentir os lábios dele aos meus de novo era tão bom, sentir que ele continuava o mesmo Tom...o beijo era calmo, não precisávamos de pressa, não agora...a coisa que eu mais queria era ficar ali pra sempre, congelar aquele momento, infelizmente não era possível, aos poucos fomos nos separando como se fosse a coisa mais difícil do mundo, nossas testas permaneceram coladas e os olhares eram intensos...

__ Vai preparando suas malas, a gente embarca amanhã mesmo. – assim que Tom terminou a frase eu pulei em cima dele, o derrubando e ficando por cima. – isso se você não me matar antes...

******
__ Vocês enlouqueceram?! – Bill gritou assim que lhe contamos sobre a viagem. – Tom você não pode viajar pras Bahamas, se fosse pra New Jersey quem sabe? Mas Bahamas?! NUNCA!

__ Bill eu não estou lhe pedindo, eu estou lhe comunicando e fazendo um convite, agora se você quiser ficar tudo bem, mas eu acho que você precisa tomar um solzinho, convenhamos que você esta parecendo um calango branco... – não pude deixar de rir, mas Bill não achou graça alguma, pelo contrario, sua cara era de poucos amigos.

__ Acho que só eu me preocupo com sua saúde... – agora ele tinha me estressado.

__ Você esta muito enganado Bill, eu me preocupo sim com a saúde do seu irmão, sabe por que? Porque eu o amo. – eu encarava Bill de frente, ele ficou cabisbaixo ao ouvir que eu amava Tom. – só estou fazendo isso pela felicidade dele e porque sei que se algo tiver de acontecer, acontecerá em qualquer lugar...agora não venha me dizer que eu não me preocupo com seu irmão...a coisa que eu mais tenho feito é me preocupar com ele todos os dias...

__ Hey... – Tom entrou em minha frente e segurou nos ombros do irmão. – eu nem sei quando eu vou poder ver a estatua da liberdade de novo, caminhar pelo central park...eu nem sei se vou sair dessa...olha pra mim Bill... – Bill levantou a cabeça e lagrimas já rolavam pelo seu rosto fino e branco. - ...a gente perdeu tanto tempo né? Não vamos desperdiçar mais... – Bill abraçou Tom, que também o abraçou forte...Bill repousou a cabeça no ombro de Tom e chorava como uma criança...mais uma vez eu sai para deixá-los curtir seu momento...

12:00 PM – Hotel Atlantis Bahamas...


Impressionante não era a palavra certa para a visão do Hotel Atlantis...acho que a melhor seria MAGNIFICO! Eu estava arrepiada da cabeça aos pés, nunca em toda minha vida tinha visto algo como aquele lugar...assim que passamos pela imensa porta que aparentava uns 20 metros, demos de cara com um aquário gigantesco, a variedade de peixes era incrível. A idéia do hotel era fazer com que o lugar parecesse estar no fundo do mar, como na historia de Atlantis, admito que tinham conseguido. A arquitetura era de um castelo, sem exageros. Haviam peixes e barbatanas entalhados nos pilares. Um grande lustre em forma de bola com escamas bicolor ficava bem no meio do saguão. Dentro do hotel você já ficava impressionado, agora lá fora você ficava estupefato...não sei como, mas eles conseguiram trazer o mar de águas azuis pra dentro do hotel, literalmente. Eu não tinha visto muito do lado de fora, mas o pouco que vi me deixou impressionada. Tom não tinha pronunciado nenhuma palavra, mas em seus olhos podia ver o quanto estava feliz e maravilhado. Carlla, Georg, Gustav e Bill tinham vindo conosco. Após pegarmos as chaves para nossos respectivos quartos, fomos até eles. Por todos os lugares que você andava no hotel, tinham imensos aquários para dar a impressão de fundo de mar. Assim que entramos em nosso quarto eu quase cai pra trás, era impossível explicar com palavras a beleza e elegância do quarto...e a vista? Meu Deus a vista era perfeita, coisa de filme sabe? Fui ate a sacada e fiquei admirando o mar azul a minha frente, ao sentir a brisa fria tocando meu rosto fechei os olhos e agradeci a Deus por um lugar tão especial e lindo. Senti os braços de Tom me envolvendo e sorri.

__ Agora eu entendo o porque de ser seu sonho conhecer esse lugar...é perfeito. – senti os lábios de Tom encostando em meu ombro e dando um pequeno selinho.

__ O mais perfeito é estar aqui com você... – me virei sorrindo. - ...sabe porque esse lugar sempre foi meu sonho? Porque foi aqui que meu pai conheceu minha mãe, foi aqui que os dois se apaixonaram, meu pai sempre dizia que esse lugar era mágico, então eu sempre quis conhecer, se tornou meu sonho...e estar aqui, com você, é mais do que eu poderia sonhar. – dei um selinho demorado em Tom, seguido por alguns estalinhos.

__ Tudo bem, mas o que a gente vai fazer agora? Eu não vim pra esse paraíso pra ficar dentro do quarto...

__ Mas a gente pode fazer o paraíso aqui dentro do quarto... – Tom falou me olhando com malicia e vindo ao encontro de meus lábios, iniciamos um beijo calmo, que foi se intensificando aos poucos, entrelacei meus braços em seu pescoço e Tom os seus em minha cintura. Fomos caminhando sem desgrudar nossos lábios pra dentro do quarto. Caímos em cima da cama, rindo da situação. Tom deslizou sua mão apressada por meu corpo e eu comecei a tirar sua camisa devagar...sua boca sugava meu pescoço com força, me fazendo delirar, iríamos acabar vocês sabem aonde se não tivessem batido na porta. – FILHO DA MÃE! – Tom gritou e eu comecei a gargalhar, me levantei, ajeitei minhas roupas.

__ A gente vai ter que acabar isso mais tarde amor... – falei com voz de deboche, Tom me fuzilou com os olhos. Abri a porta e Carlla estava com um sorriso sacana nos lábios.

__ Muito obrigado pelo elogio Tom... – ele mostrou o “dedo” pra Carlla que fez o mesmo. – Eu vim aqui pra chamar vocês pra dar uma caminhada na praia...

__ Ah eu topo, estava querendo mesmo dar uma volta por ai... – Tom chegou por trás de mim, me abraçando.

__ Não parecia que você queria sair por ai não...mas enfim, agora que a Carlla atrapalhou vamos né.

__ É que a inveja me corroi... – eu não agüentei e cai na risada, Carlla adorava provocar Tom e ele o mesmo. Aquela viagem com certeza seria inesquecível e daria novo animo ao Tom, um animo que ele precisava.

 
Atlantis Hotel Bahamas

2:30 PM – Praia do Hotel Atlantis Bahamas...


A praia das Bahamas sem duvidas era uma das praias mais lindas do mundo, a areia era tão branca que chegava a cegar...o azul do mar era tão claro que era possível ver os peixinhos nadando lá no fundo. Eu caminhava de mãos dadas com Tom, enquanto Carlla e Georg caminhavam atrás de nós, eles estavam tentando se “entender”. Tom comentava sobre tudo que ele achava interessante e eu apenas prestava atenção. Olhei para trás e Carlla e Georg tinham parado e se sentado...paramos também. Nos sentamos em um lugar mais alto, dava pra ver quase toda praia dali, e a brisa do mar era bem maior ali. Havia umas florzinhas ali, Tom pegou uma delas e colocou atrás de minha orelha, eu peguei outra, dei um beijo e lhe entreguei...ficamos nos olhando em silencio por alguns segundos...desviei meu olhar do seu e comecei a mexer nas platinhas que tinham ali.

__ Você vai me amar daqui a 100 anos? – como sempre Tom me assustava com sua voz que surgia do nada no meio do silencio...a pergunta me surpreendeu mais ainda, ele me olhava com feição serena, mas de quem esperava por uma resposta.

__ Que pergunta Tom, é claro que vou te amar... – respondi rindo e voltando a mexer nos matinhos.

__ E você vai me amar quando eu não tiver forças pra falar? – o olhei sem entender o porque daquelas perguntas. – Você vai me amar quando eu estiver extremamente pálido?...Você vai me amar quando eu tiver dificuldade para respirar?...Você vai me amar quando eu ficar frio?...Você vai me amar quando eu tiver ataques de raiva e ta mandar sumir da minha vida?...Você vai me amar quando eu não conseguir olhar em seus olhos?...Você vai me amar quando eu dormir o dia inteiro por causa dos remédios?... – eu não entendia o que ele queria, aquilo estava me machucando de alguma forma...eu comecei a imaginá-lo em todas essas situações... – E você vai me amar quando eu não puder te amar mais? – uma lagrima escorreu por seu rosto...e eu o segurei firme com as duas mãos, olhei dentro dos olhos mais lindos que já tinha visto...

__ Eu vou te amar para todo o sempre, e em qualquer situação.

Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 22 - The Beginning of a New History...

4:30 AM – Hospital Central de New York – Cafeteria...


 O cheiro forte dos produtos de limpeza que as faxineiras passavam no chão branco me fazia recordar o quanto era horrível estar em um hospital, aquele cheiro era como uma lembrança de momentos de dor, momentos dos quais eu preferia esquecer. Do momento em que Carlla recebeu a noticia do estado de Tom ela não me deixou por nenhum segundo...Georg e Gustav tentavam animar Bill, sem sucesso, eles não eram as pessoas mais indicadas para aquilo...Georg chorou muito quando soube...
 Depois de muito tempo fazendo Tom se acalmar ao saber que teria de passar por uma quimioterapia dolorosa e violenta finalmente ele tinha dormido e eu pude chorar, gritar e me amaldiçoar sem que ele visse. No momento eu estava...calma não seria a palavra certa, muito menos conformada, acho que...anestesiada com a noticia, já não chorava, talvez não tivesse mais forças...olhava para os biscoitos de avelã e chocolate que Carlla tinha trazido para mim...pareciam apetitosos, mas não queria comer, na verdade não tinha animo para nada a não ser me lamentar.

__ Annie você precisa se animar...não foi você mesma que disse ao Tom que seria a força dele? Mas se continuar assim não vai conseguir ajudar nem a si mesma... – Carlla tinha razão, mas era difícil pra mim... – eu sei que não é fácil...eu nem sei o que faria se fosse o Georg nessa situação...eu amo ele demais sabe

__ E por que vocês não estão juntos? – perguntei já derramando algumas lagrimas silenciosas. – por que você não diz que o ama?

__ Não é tão simples assim Annie...

__ Posso ser sincera? – Carlla acenou positivamente. – Sabe o que não é simples? Ver a pessoa que você mais ama condenada a um futuro incerto, ver que talvez essa pessoa nem se recupere...isso não é simples Carlla... – talvez estivesse sendo rude demais, mas era pro bem dela. – se você o ama tanto quanto diz diga pra ele...lute por ele... – me levantei, Carlla derramava algumas lagrimas. - ...amanhã pode ser tarde demais. – sai de lá como um furacão, precisava estar ao lado de Tom caso ele acordasse.

 Ao chegar no quarto o silencio pairava...Tom dormia profundamente, era como um anjo. Sua face calma e serena, um pouco inchada de tanto chorar...meu Deus o que ia acontecer? Eram tantas duvidas em minha cabeça...acariciei seu rosto com as pontas dos dedos...por um momento pensei se o destino existia...se ele existisse era cruel...mas talvez tudo tenha um propósito...talvez o destino tenha me colocado na vida de Tom por um motivo...estava cansada de pensar tantas coisas, minha cabeça explodiria a qualquer momento...dei um beijo leve nos lábios um tanto quanto frios de Tom e fui ate a grande poltrona que havia ali, não era muito confortável, mas dei meu jeito...me acomodei e sem nem perceber cai no sono.


7:15 AM – Hospital Central de New York – Quarto de Tom...


 Era difícil dormir com os raios de sol que batiam em meu rosto, resisti um pouco abrir os olhos, mas não teve jeito...fui abrindo-os lentamente...

__ A Bela Adormecida acordou finalmente... – a voz era muito familiar, esfreguei os olhos e Tom estava sentado na cama com uma bandeja de café-da-manhã em sua frente, ele sorriu ao me ver. Me levantei e caminhei ate ele, lhe dei um selinho demorado, pude notar que ele vestia as típicas roupas de hospital e que estava com soro no braço direito.

__ Você acordado tão cedo...isso é novidade pra mim. – lhe acariciei as bochechas, enquanto ele enfiava uma colher de cheia de cereais na boca.

__ É meio difícil dormir com um monte de enfermeira de espetando, abrindo as janelas, te dando remédio na boquinha...voltei a ter três anos de idade. – ri de seu comentário...Tom estava aparentemente bem, fazia piada da sua complicada situação, quem o visse daquela maneira pensaria que ele estava aceitando tudo normalmente, mas será? Talvez aquele era o jeito dele se proteger da própria dor que sentia...talvez aquilo lhe fizesse bem... – mas e você? Dormiu bem?

__ Digamos que é uma poltrona bem confortável... – Tom riu, tomou um gole de seu suco de laranja.

__ Imagino que seja mesmo...mas onde estão os veados que se diziam meus amigos? Ate agora só você veio me ver... – agora Tom falava serio, parecia amargurado quanto a isso.

__ É que eles queriam esperar você se recuperar um pouco...

__ Eu nunca vou me recuperar Annie... – aquela frase me pegou de surpresa, Tom a disse firme e serio. - ...eu apenas vou me adaptar a minha situação...Recuperar-me nunca. – ele abaixou a cabeça e ficou pensativo...o silencio era terrível, aquilo não seria nada fácil, eu podia notar. Eu abri a boca para falar, mas fui interrompida por batidas na porta, Tom levantou a cabeça e olhou fixamente para a porta. – entra...

A porta abriu lentamente, a cabeça de Bill apareceu no vão da porta, sua feição estava mais animada do que a de ontem à noite...Tom nada disse ou fez, apenas observou o irmão entrar no quarto. Eu me afastei da cama enquanto Bill se aproximava da mesma. Os dois se olhavam, mas não pronunciavam nenhuma palavra...talvez estivessem tendo aquela comunicação visual que gêmeos tem. Bill fez algo que me surpreendeu e a Tom também...ele o abraçou...abraçou forte. Tom ficou imóvel, era o primeiro abraço depois de tantos anos...por um momento Tom não fez nada, não moveu um músculo sequer, mas aos poucos ele foi cedendo e já com lagrimas lhe escorrendo pela face retribuiu o abraço mais que verdadeiro...era difícil não se emocionar...sair de lá e deixá-los a sos era o melhor a se fazer, e foi o que eu fiz.

******

Depois de um longo tempo esperando na sala de espera uma enfermeira veio me comunicar que Tom estava me chamando, caminhei ate seu quarto e ao entrar me deparei com o Doutor Austin...ele era o médico que ia cuidar de Tom, um dos melhores oncologistas do país...Bill estava sentado ao lado de Tom.

__ E então, pra que me chamaram? – perguntei me sentando na beirada da cama de Tom, esse que já estava com uma aparência melhor.

__ Bom, como você é a namorada do paciente tem que saber dos procedimentos de agora em diante. – o Doutor começou a explicar. – Muito bem eu vou lhes explicar o que será feito, amanhã você receberá alta, irá para sua casa e colocará sua vida em ordem. Você terá uma semana para descansar, relaxar e fazer o que tem de fazer. Na semana que vem você volta para o hospital e ai é definitivo...

__ Espera Doutor... – Tom se manifestou. – Eu conheço muitas pessoas que tem leucemia e nem por isso moram no hospital, elas vem fazem a quimioterapia e voltam pra suas casas, por que eu tenho que ficar trancafiado aqui dentro.

__ Tom eu costumo ser muito sincero com meus pacientes...seu caso é grave Tom, não é uma simples leucemia, é uma leucemia avançada e agressiva, você precisa de cuidados 24 horas por dia... – Tom parecia não aceitar aquilo. – você fará seções de quimioterapia 2 vezes no mês, radioterapia 1 vez no mês e tomara medicamentos todos os dias.

__ Doutor, eu corro o risco de morrer? – olhei para Tom espantada com a pergunta.

__ Tom todas pessoas que tem essa doença ou qualquer outra tem o risco de morte, mas se você quer saber se o seu risco de morte é maior...sim é maior. – levei a mão à boca com tamanha sinceridade do Doutor, devia ser muito duro para Tom ouvir tudo aquilo...Bill escondia as lagrimas que rolavam. – é por isso que seu tratamento tem que ser tão rigoroso...e sendo sincero novamente a única chance de você se curar é com o transplante de medula, é por isso que amanhã faremos os exames com seus familiares e amigos para ver se alguém é compatível.

__ Doutor o Bill é irmão gêmeo do Tom, ou seja ele deve ser compatível... – me pronunciei...Tom estava cabisbaixo.

__ Nem sempre Annie, eles serem irmãos e gêmeos aumentam as chances, mas não podemos fazer disso uma esperança, não podemos esquecer que são pessoas diferentes. – toda hora ele tirava um pouco da esperança que aparecia. – o importante agora é vocês serem fortes pra superar essa doença e seu tratamento e acima de tudo Tom... – o doutor repousou sua mão esquerda no ombro de Tom, como se lhe passasse calma. - ...lembre-se que você não é o único nessa situação e que tem gente muito pior que você. – Tom prestava atenção no que o medico dizia e pode ate parecer estranho, mas sua feição melhorou um pouco depois do que o doutor disse.

__ Obrigado Doutor. – ele respondeu com um meio sorriso, o doutor acenou e saiu do quarto...ficou um silencio meio desconfortável no quarto, Eu olhava pra Tom, que olhava pra Bill, que olhava pra mim. – Bom chega de caras tristes, amanhã é um novo dia, eu vou pra casa e vou aproveitar essa semana ao Maximo, afinal de contas, semana que vem eu mudo de endereço. – rimos de como Tom brincava com sua situação, mas talvez fosse melhor, às vezes encarar as coisas de forma divertida pode te ajudar a ter mais força e garra para lutar.

 Postado por: Grasiele

Glamourous - Capítulo 21 - Hard Truths!

2:00 PM – Soho Grand Hotel – Quarto 330...

 A cena que se passava no quarto de Tom não podia ser mais deprimente...Carlla estava largada na poltrona ao lado da janela, Georg estava sentado no chão entre suas pernas enquanto a mesma mexia em seu cabelo...Tom estava deitado de atravessado na cama, olhando pro teto quase dormindo...Bill estava sentado no chão encostado na porta do quarto e com a cabeça apoiada em seus joelhos...eu estava deitada no chão no meio do quarto e Gustav estava tentando desvendar o mistério do cubo mágico...viram só que empolgante, e tudo isso em pleno sábado!! Nós já tínhamos pensado em diversas coisas pra fazer, mas não encontramos nada. O silencio era digno de velório, a não ser pelo rangido do cubo mágico, o tédio me consumia, a mim e a todos ali presentes. Eu já estava cochilando quando...


__ TIVE UMA IDEIA!! – Tom gritou tão alto que Gustav tomou um susto que fez o cubo mágico voar e acertar a cabeça de Georg...Bill bateu a cabeça com tudo na porta...Carlla se desequilibrou da cadeira e caiu ao lado de Georg e eu apenas fiquei com o coração disparado pelo susto...Tom olhava tudo confuso.

__ Porra Tom vai assustar sua mãe! – Georg falou irritado esfregando a mão na testa onde o cubo mágico tinha acertado.

__ Mas é que eu tive uma idéia brilhante! – Tom falou se levantando empolgado.

__ É bom ser brilhante mesmo Tom...minha bunda ta doendo graças a sua palhaçada! – Carlla se levantou devagar passando a mão na sua bunda, eu não consegui não rir...olhei para o lado e Bill estava meio tonto, ele devia ter batido a cabeça com força... – Aposto que vocês não vão se arrepender...

Tom sorria de uma forma diferente...me fez ficar com medo...qual seria a idéia brilhante?

******

3:00 PM – New York PaintBall...


__ Nem pensar!! Você ficou louco né Tom? Eu não vou brincar de levar tinta no meio da cara... – eu falei irritada, enquanto Tom e dos demais vestiam aqueles macacões camuflados...

__ Você não sabe se vai levar tinta na cara...pode ser nas costas, barriga, não precisa ser necessariamente na cara... – dei um tapa no braço de Tom e olhei feio pra ele.

__ Vamos lá Annie vai ser divertido! – Carlla falou pegando o revolver de tinta e apontando pro meu rosto. – eu sempre quis brincar disso... – eu revirei os olhos.

__ Me digam qual a graça de ficar tomando tiro de tinta? – perguntei enquanto Gustav me dava um dos macacões...

__ Annie a graça é exatamente essa tomar tiro de tinta...se sujar...a adrenalina...ser feliz! – Carlla falou quase pulando...eles pareciam crianças ao ver o papai Noel... Mas eram 5 contra 1, não tinha jeito tive que aceitar...

__ Ta bom vai...mas saibam que é contra a minha vontade... – falei me dando por vencida.

__ Okay, vamos formar os times...Eu, Georg e Bill seremos o time dos meninos...e Gustav, Carlla e Annie das meninas... – Tom falou sorridente.

__ Por que eu sou do time das meninas? Por acaso eu tenho cara de garota?? Hã?! – Gustav perguntou peitando Tom...era uma cena engraçada...Gustav baixinho e fofinho indo pra cima de Tom, magrelo e alto.

__ Não Gustav, mas você as entende melhor... – Bill entrou no meio de Gustav e Tom...

__ A gente se acerta lá dentro Tom... – Gustav falou com uma voz rouca...fiquei com medo.


Depois da discussão básica de Tom e Gustav entramos na arena de PaintBall e nos preparamos pra tomar tiros de tinta...ainda tentava achar a graça disso tudo. De repente uma sirene alta tocou e Carlla e Gustav saíram correndo de perto de mim, gritando feito loucos..foi ai que entendi que o jogo tinha começado, talvez se não fosse tão lerda não teria levado um tiro de tinta nas costas...senti um impacto forte nas minhas costas, ao me virar Tom estava bem atrás de mim e eu conseguia ver um sorriso por detrás daquele capacete...sai em disparada atrás dele com a arma apontada, mas o veado corria pra burro, em uma determinada hora o tinha bem no alvo, não pensei duas vezes e atirei, mas ele se abaixou, foi ai que o tira pegou bem no meio da barriga de Bill...droga, pensei comigo mesma...Bill me fuzilou com os olhos e Tom? Ele já tinha sumido...Bill veio correndo atrás de mim, eu sai correndo feito uma louca, agora estava começando a ter graça aquilo tudo...eu estava correndo olhando pra trás que nem vi Georg na minha frente, dei uma trombada com ele que fez com que os dois caíssem, um de cada lado, Bill parou bem em minha frente, estendeu a mão para me ajudar, assim que eu me levantei ele atirou bem em minha cabeça. O fim de uma rodada tinha acabado...os meninos tinham ganhado. Nos sentamos no chão para recuperar o fôlego e Tom teve uma brilhante idéia novamente.

__ Gente vocês topam fazer uma doideira? – ele falou empolgado, meu olhar foi reprovador.

__ Que tipo de doideira? – Bill perguntou...aquela altura do campeonato já tínhamos tirado os macacões e capacetes, estávamos com nossas roupas normais. Tom se aproximou um pouco de Bill...e de repente...tacou uma das bexigas de tinta bem na cabeça dele, fazendo com que tinta amarela escorresse por toda a cabeça e rosto de Bill, o mesmo estava paralisado enquanto Tom se acabava de rir...eu estava boba com aquilo, Tom era doido. Do nada Bill começou a sorrir, ele limpou um pouco da tinta que cai em seus olhos, se virou e abaixou no chão, quando ele levantou tacou sem avisar uma bexiga de tinta em Tom o acertando bem no peito, a tinta era vermelha...aquilo tinha sido a deixa. Gustav pegou uma das bexigas e atirou na cabeça de Georg, o mesmo tacou uma bexiga de cor azul em Carlla acertando a barriga...eu fui saindo devagarzinho para que ninguém notasse, não deu muito certo, Carlla tacou uma bexiga verde bem em cima da minha cabeça...era guerra que eles queriam, eles teriam então. Enchi minha bolsa de bexigas de tinta e sai correndo pelo lugar, aquilo era uma loucura, bexigas voavam por toda à parte, eu já estava de todas as cores possíveis...cheguei por trás de Tom bem devagar, ele estava se escondendo de Georg, cutuquei ele e assim que ele se virou taquei uma bexiga de tinta rosa bem no meio da cara dele...e é claro sai correndo. Trombei com Carlla e ela tacou uma bexiga de tinta roxa em minha barriga, assim que ela se irou taquei um bexiga de cor laranja bem na bunda dela.

__ Ai minha bunda sua vaca! – ela gritou. Gustav chegou por trás de Bill e tacou uma bexiga de tinta azul bem nas costas dele. Eu tenho que confessar que nunca tinha me divertido tanto daquele jeito, tinha sido o dia mais divertido da minha vida com certeza.


A situação em que nos encontrávamos era engraçada demais, nossas roupas estavam todas mescladas de varias cores diferentes, não tinha nenhuma parte sem estar suja. Nossos rostos também estavam todos sujos...e os cabelos? bem, Bill estava com o cabelo amarelo e roxo, Tom estava com as tranças vermelhas e verde, Gustav com o cabelo branco, Georg com o cabelo azul, eu estava com o cabelo azul e rosa e Carlla estava com o cabelo laranja...quem nos visse daquele jeito achariam que éramos palhaços...e todos veriam pois tínhamos vindo caminhando, meu Deus seria a vergonha do século. Assim que saímos da arena de PaintBall, os funcionários nos olharam sem entender nada, entregamos os macacões, capacetes e armas...Tom teve a capacidade de tirar sarro ainda.

__ Muito Obrigado pelo serviço e diversão, vocês são muito competentes, vou voltar aqui todos os dias. – a atendente nos olhou com espanto, todos rimos da cara dele e eu puxava Tom pelo braço.


Assim que saímos na rua o mico foi catastrófico, as pessoas nos olhavam assustadas e ate desviavam, outras riam sem parar, umas olhavam com nojo...nojo de que? Tom que era o mais trouxa de todos saia cumprimentando todo mundo na rua, ele olhava sorria, dava bom dia. Uma senhora bem arrumada estava nos olhando com expressão de horror, Tom olhou pra ela, abriu um sorriso e falou um alto “BOM DIA” a mulher não me saiu correndo, não teve jeito todo mundo começou a rir. E eu também tenho que confessar, estava me divertindo demais. Paramos em uma barraca de sorvetes e o dono nos olhou com incredulidade, fizemos nossos pedidos e estávamos esperando, Tom se distanciou um pouco de nós, estava lendo algo no poste. Eu estava conversando empolgada com os outros, falávamos sobre as pessoas que nos olhavam com medo. Um rodinha começou a se formar perto de onde Tom estava lendo algo, e eu já não via mais Tom. Eu e o resto corremos ate lá para ver o que tinha acontecido, e o motivo pelo qual eu não via mais Tom, era porque ele era o motivo de todo o reboliço.



8:10 PM – Hospital Central de New York – Sala de Espera...


Foi difícil tirar a tinta do rosto e do cabelo, mas assim que chegamos ao hospital nós tivemos que tirar. A verdade é que eu não estava nem um pouco preocupada com isso, eu queria sabe de Tom, como ele estava? O que tinha acontecido? Era só isso que me importava. Desde o momento em que Tom tinha desmaiado Bill não tinha pronunciado uma palavra, parecia um morto-vivo...não fazia nada a não ser ficar sentado encarando o canto da sala. Os medico disseram que fariam vários exames, até que enfim...eu sempre disse que Tom tinha de fazer exames, mas ele era teimoso demais.
Duas horas tinham se passado desde que os médicos tinham feitos os exames em Tom...minha barriga gelou ao ver o medico que tinha atendido vir ao nosso encontro, seu rosto não carregava expressão alguma.

__ Por favor, a namorada e o irmão venham comigo! – ele disse calmamente, calmo demais. Eu senti um medo tão grande, um medo que nunca havia sentido. Caminhamos com o medico ate uma salinha pequena e bem iluminada, nos sentamos de frente para o medico que pela primeira vez nos olhou preocupado.

__ E então Doutor? Viram alguma coisa de anormal nos exames? Como ele esta? – perguntei atropelando minhas próprias perguntas. Bill não dizia nada, ele apenas observava.

__ Sim, encontramos uma anormalidade nos exames...e tenho que dizer que as noticias não são boas. – naquele momento senti um frio na espinha terrível...como assim as noticias não eram boas?

__ Por favor Doutor não faça suspense...é uma agonia. – falei com a voz já embargada.

__ Encontramos uma grande anormalidade no sangue do paciente, refizemos os exames e pedimos mais clareza em um aspecto e foi constatado o que tínhamos medo...a razão pelas tonturas, sonolência, cansaço, e falta de apetite de Tom é uma Leucemia Linfocítica Aguda e que já esta em estado avançado...


*******

Vocês já tiveram a sensação de que tudo que você fez sua vida inteira não faz mais o mínimo sentido? A sensação de que tudo foi em vão? Bom era exatamente assim que eu me sentia nesse momento, eu já não gritava mais, mas as lagrimas não tinham deixado de cair por nenhum segundo, às coisas que o medico diziam deixaram de fazer algum sentido pra mim no momento em que eu soube a causa dos desmaios de Tom e ai a culpa começou a me invadir, por que eu não o trouxe a força para fazer os exames? Por que eu simplesmente deixei de lado? Por que eu fui tão estúpida? Bill chorava silenciosamente, mas dava pra ver que era o choro mais sentido e sincero do mundo.

__ Nós já contamos a ele... – aquilo me pegou de surpresa...então Tom já sabia. – a reação dele foi à esperada...ficou furioso e depois chorou e bem a ultima enfermeira que entrou lá disse que ele continuava chorando.

__ Eu preciso vê-lo! – falei em meio a lagrimas. – Por favor Doutor, me deixe vê-lo... – supliquei em meio a lagrimas.

__ Venha comigo... – Bill não fez nada a não ser nos acompanhar com os olhos, me agachei na sua frente, ele me olhou triste.

__ Vai ficar tudo bem... – eu disse segurando sua mão, tinha que passar a maior confiança pra ele. O olhar de Bill desviou do meu e ele apenas balançou a cabeça...beijei sua testa e sai de lá atrás do medico.

Ao chegar em frente à porta do quarto dele tentei ouvir algum choro desesperado, ou gritos de revolta, mas não, não se ouvia nada, parecia estar tudo calmo. O medico fez sinal para que eu entrasse...respirei fundo e girei a maçaneta devagar, entrei sem fazer barulho...foi em vão, assim que coloquei o corpo pra dentro Tom virou a cabeça pra mim...ele não chorava, mas era visível que tinha chorado muito, seus olhos que já eram pequenos por natureza agora estavam menores, o rosto bem vermelho e inchado. Eu tentava ao Maximo conter as lagrimas, era difícil, mas eu seria forte. Tom me olhava tão intensamente que me deixava ate desconsertada. Ele virou o rosto novamente e encarava o teto.

__ Pode chorar Annie...pior do que eu já estou não dá pra ficar. – sua voz grave ecoou pelo quarto silencioso, caminhei lentamente até ele...parei na beirada da cama e observei seu rosto, havia algumas manchas de tinta rosa em seu rosto, não consegui não chorar...tudo estava indo tão bem, por que agora? Por que com ele? Não agüentando me segurar, o abracei, recostei minha cabeça em seu peito, ouvi seu coração disparado...chorava em seus braços como uma criança com medo do escuro...sentia suas mãos afagando meus cabelos. – A vida prega cada peça na gente...eu sempre quis tanto ser como meu pai e vou acabar como ele... – levantei a cabeça e olhei seria para Tom.

__ Para com isso Tom...você não vai acabar como ele...você ainda tem muito tempo pela frente, isso é só mais um obstáculo que você vai ter que vencer... – falei brava, Tom apenas sorriu.

__ Eu já não venci obstáculos demais Annie? Não sei se eu tenho forças pra mais um... – Tom já chorava novamente, segurei seu rosto com força.

__ Escuta uma coisa, eu te amo mais que tudo...eu te amo mais que a mim mesma...e eu vou ser a força que você precisa, eu prometo...que nos seus momentos de fraqueza eu vou estar do seu lado pra te ajudar...mas você tem que me prometer que vai ser forte, que vai lutar com todas as suas forças contra isso...que vai dar tudo de si e que vai fazer qualquer coisa pra ficar bem... – as lagrimas quentes de Tom rolavam, assim como as minhas. – você promete que vai ser minha força quando eu fraquejar? – Tom balançou a cabeça positivamente.

__ Eu to com tanto medo Annie...eu nunca senti tanto medo em toda minha vida... – o abracei novamente, ouvir Tom dizer que estava com medo era novidade pra mim...Tom sempre foi quem passou segurança aos outros e agora ele só precisava que alguém fizesse o mesmo por ele...e eu faria.

__ Não precisa ter medo, eu estou aqui e não vou deixar nada de ruim te acontecer, eu vou estar com você em todos os momentos difíceis porque vai haver vários, mas eu sempre vou estar com você. – falei olhando profundamente nos olhos de Tom.

__ Eu te amo! – Tom disse serio...num ato desesperado lhe beijei, foi o beijo mais difícil da minha vida, mas também o mais reconfortante, era como se cada momento vivido com Tom agora tivesse que ser aproveitado ao Maximo...e assim seria. 

 Postado por: Grasiele

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