quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 60

–Nós precisamos conversar. -disse não contendo as lágrimas.

Levantei do sofá sem olhar para trás, eu sabia que os olhos castanhos de Bill estavam confusos, esperando por uma explicaçãoo imediata.
Subi as escadas respirando pesadamente, minhas pernas pareciam pesar muitas vezes mais que o normal e meu peito comprimia-se. Eu estava fazendo um esforço por Bill, ele merecia ouvir a verdade mesmo que doesse... Não me importava o quanto seria massacrante receber seu olhar de desprezo, queria me livrar daquele fardo que carregava em minha mente.
Poucos minutos depois estava sentada em minha cama olhando para os próprios pés buscando palavras, pensando numa maneira menos dolorosa, mas eu sabia que não seria nada fácil e a culpa era minha.
O pouco peso do corpo de Bill caiu ao meu lado afundando o colchão, suas mãos grandes e macias seguraram as minhas, acariciando meus dedos levemente.
–Então, sobre o que quer conversar? -sua voz doce soou suavemente, quase como um carinho para os meus ouvidos.

Eu não conseguia responder, soluços escapavam de minha boca e grossas lágrimas escorriam de meus olhos.
–Hey, o que foi? -perguntou segurando em meu queixo com uma das mãos, enquanto me abraçava de lado. -Porque está chorando?

–E-eu não mereço o seu carinho, Bill. -disse entre os soluços.

–Não diga isso, Duda. - pediu, seus dedos passeando por minhas bochechas afim de secar as lágrimas que insistiam em cair.

–Como posso ter sido tão suja? -perguntei choramingando- Eu usei você pra tentar esquecer um sentimento, mesmo sabendo que não adiantaria de nada.

–Você não...

–Eu não medi as consequências, fui impulsiva e envolvi você... Eu me sinto tão mal, parece que tem um buraco aqui -apontei para meu peito- dói tanto que não consigo nem respirar direito. -pausei- Nunca senti nada assim, é horrível e o pior de tudo é que a culpa é toda minha.

Aquele "bolo" que havia em minha garganta parecia me esguelar, a cada palavra que saía de minha boca eu sentia como se uma faca estivesse me apunhalando cada vez mais fundo... Havia um grande buraco se formando em meu peito, eu me sentia vazia, com a alma machucada, sangrando e, ainda assim, minha dor não era nada comparada com a dor que Bill sentiria. Eu me sentia extremamente fraca, indefesa e com medo, não queria encarar os olhos de Bill e enxergar o desprezo, a dor e o julgamento.
O silêncio foi o que obtive como reação à tudo o que eu havia dito, os gritos de indignação não vieram à tona como eu imaginara, os braços de Bill me envolviam em um forte abraço e eu não estava entendendo...

Não era para eu estar sendo xingada?
Bill deveria estar com nojo de mim, não é?
E porque manteve seus braços firmes em minha volta?


Você não vai falar nada? -perguntei receosa- Por favor, me xingue! -gritei implorando por uma reação.

–Xingar você? -concordei com um aceno- Por que eu faria isso?

Franzi o cenho expressando a confusão que suas palavras e ações causavam à minha mente. Pensei que Bill ficaria chateado, triste e até mesmo irritado, mas parecia que eu estava errada e isso, de certa forma, me deixou aliviada e ao mesmo tempo preocupada.


Você ouviu bem tudo o que eu disse? -perguntei com a voz falha.

–Com a maior atenção do mundo. -respondeu me observando atentamente.
E entendeu o que eu quis dizer, certo?

–Claro que sim! -beijou minha bochecha- Eu sei que você e o Tom ficaram juntos enquanto estive viajando.


Meu queixo caiu e meus olhos se arregalaram enquanto cada palavra era dita por Bill... O que estava acontecendo afinal?


Você não está chateado por isso?

Duda, eu não estou chateado, nem irritado e não vou xingar você em hipótese alguma. -disse segurando meu rosto, seus olhos presos aos meus- Eu sempre soube que você e o Tom foram feitos um para o outro... Mesmo sendo dessa forma estranha. -riu divertido.


Bill é, de fato, a pessoa mais surpreendente e carinhosa que eu conheço na minha vida. Bem no fundo eu tinha esperança de que tudo ficaria bem, mesmo que doesse... Mas eu tive a impressão que o sentimento transmitido pelos olhos castanhos brilhantes de Bill não era dor e sim alívio.
Eu estava me sentindo melhor, uma parte daquela dor sufocante havia evaporado junto de minhas lágrimas, dando lugar à um sorriso e um olhar curioso... Alguma coisa ocorrera naquela viajem, algo bom.

–Tem certeza de que está tudo bem? -concordou- Me sinto melhor sabendo que não está magoado comigo... Bill, eu sempre vou amar você, não quero perder o meu melhor amigo. -fiz bico.
–E quem disse que eu vou deixar o meu lugar de melhor amigo? -perguntou fingindo indignação- Vai ter que me aguentar pro resto da vida, querida! -beijou minha bochecha demoradamente- E, mesmo que me abandone, vou amar você até o fim dos tempos.


Impressionante o poder que Bill tem de me fazer sorrir e chorar ao mesmo tempo, a doçura e o modo carinhoso como ele me trata faria qualquer garota suspirar e eu tinha certeza de que logo aquela garota especial apareceria na vida do meu melhor amigo... Tudo o que eu queria era vê-lo feliz, sempre sorrindo.
Senti os dedos cumpridos de Bill cutucarem minhas bochechas e apertá-las em seguida, o que me fez rir do jeito criança dele.

–Tenho uma coisa pra contar... -disse mexendo em meus cabelos.

–O que? -perguntei curiosa.

Bill remexeu-se na cama me deixando impaciente, bufei e em seguida fi-lo deitar sua cabeça em meu colo... Enquanto uma de minhas mãos brincava com seu cabelo, meu melhor amigo segurava a outra acariciando-a.

–E então?

–Conheci uma garota... -suas bochechas enrubesceram- Em Stuttgart.

Eu sabia que havia algo, ou melhor dizendo, um alguém que deixara meu amigo diferente... Antes eu estava nervosa demais para perceber que Bill estava mais feliz, agitado e seus olhos brilhavam radiantes.
Ouvi tudo o que meu melhor amigo dizia sobre Angel, a garota fazia jus ao nome e era perfeita para ele, parecia que o destino dera um empurrãozinho para que tudo se ajeitasse sem que ocorressem mais estragos. Me senti feliz por ver Bill bem, por ter seu perdão e sua amizade.


Estou louca para conhecer essa garota! -falei animadamente após Bill ficar quieto.

–Ela vai nos acompanhar na turnê! -disse sorridente e o meu sorriso se desfez- O que foi?

–Não vou viajar com vocês...

–Por quê? Por causa do Tom? Vocês vão se acertar, eu tenho certeza disso e daí vamos todos juntos viajar pelo mundo conhecendo lugares diferentes, fazendo compras em Paris...

–Não posso deixar a Camila sozinha.

–E você precisa de um tempo só seu, eu sei... -completou.

–Desculpe por não ir...

–Vai ser triste não ter você por perto, mas se você precisa de tempo é o que terá. -sentou e me abraçou- Nós temos a vida inteira pela frente e poderemos viajar sempre que quisermos...

–Com licença... -a voz de Anne soou após batidas leves na porta- O almoço está pronto!


Levantamos juntos da cama e, após lavarmos as mãos, seguimos para a sala de jantar onde Camila, Gustav, Georg e David nos esperavam. Apenas um lugar estava vago, o de Tom... Senti-me um pouco desconfortável ao lembrar dele, mas tinha meus amigos por perto e não queria deixá-los preocupados com qualquer lágrima que eu deixasse escapar.
Comi pouco, mas o almoço estava uma delícia... Gustav preparara um arroz de forno vegetariano, Anne fez um suco de abacaxi com hortelã e a torta de chocolate foi preparada por Camila.
Anne e eu lavamos as louças, depois juntamo-nos aos outros na sala... Conversamos durante a tarde inteira, todos pareciam bem animados por causa da turnê, inclusive Camila e Anne.
A dor que eu sentia havia diminuído, mas continuava forte e ter todos os meus amigos me apoiando fazia-me esquecê-la por algum tempo... Era como se eu fosse cedada por algum tempo e depois a dor voltasse com toda a força, mas eu precisava deles mesmo que não fosse uma cura definitiva.

Eu sabia que algum dia estaria melhor, mas para que isso ocorresse eu deveria me afastar de tudo que me fizesse lembrar o ocorrido.
Eu sabia que uma cicatriz se formaria e que poderia sangrar, mas eu deveria ser forte para aprender a lidar com a dor.
Eu sabia que meu coração poderia ser remendado, mas eu não tinha a cura.
Eu sabia que mesmo muito tempo longe e com minha mente livre de qualquer lembrança, os olhos raivosos de Tom sempre ficariam em minha mente.
Eu não sabia para onde iria, mas sabia que a volta era certa.
Eu esperava que tudo pudesse ser resolvido quando eu voltasse.
Eu queria voltar e poder correr para os braços de Tom, mas eu não sabia se ele estaria lá para mim e se eu me permitiria perdoá-lo... Tudo dependia do tempo, do modo como viveríamos e enxergaríamos nossas vidas.
Será que poderemos recomeçar? Será que reconstruíremos nossas vidas juntos? Só o tempo irá dizer...


Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 59

 P. O. V. Duda

Meus olhos, antes cansados, abriram-se lentamente sendo recebidos pela fraca luminosidade que invadia o quarto de Anne. Sentei-me na confortável cama, que me amparara durante o sono, sentindo minha pele ardendo nos locais machucados... Marcas de uma noite conturbada e dolorosa.
Respirei fundo me espeguiçando e levantei, meus pés tocaram o carpete felpudo e dirigi-me ao banheiro, onde lavei o rosto e fiz um gargarejo com o enxaguante bucal que estava sobre a bancada da pia. Olhei-me no espelho encontrando um rosto cansado, abatido e com pequenas olheiras abaixo dos olhos... Eu não me reconheci, aquela em frente ao espelho não era eu, não aquela garota forte e confiante que havia lutado para ter uma vida confortável e calma.


–O que houve com você, Maria Eduarda? - encarei-me questionando- Olha pra você... -ri sem humor- Não acha que precisa dar a volta por cima? -suspirei- Você vai superar, sempre supera.


Deixei que um sorriso fraco surgisse em meu rosto, eu estava destruída por dentro e não sabia por onde começaria a me reerguer, mas parada, sem procurar apoio, eu não iria à lugar algum e, mesmo que doesse, deveria seguir em frente... O primeiro passo: desfazer a cara de enterro.
Eu sabia exatamente onde Anne guardava suas maquiagens e, sem pensar muito, comecei a minha “reconstrução facial”. Não demorara muito até que aquele semblante de garota inabalável e confiante voltasse para o meu rosto, as olheiras esconderam-se atrás da maquiagem fazendo-me parecer saudável, como se rios de lágrima não tivessem corrido por ali.

Após terminar a leve maquiagem, sorri para meu reflexo me sentindo menos vulnerável e quebrada, guardei as maquiagens em seus devidos lugares e segui em busca de Anne. Minha amiga estava sentada no sofá conversando ao telefone com alguém e sorriu ao me ver parecendo um pouco surpresa.


–Está tudo bem, amor... -pausou- Claro que não estou mentindo! -revirou os olhos- Duda, telefone pra você! -estendeu o aparelho em minha direção.

–Alô, David?

–Graças à Deus, garota! -disse parecendo aliviado- Gustav ligou me contando tudo... Está tudo bem mesmo?

–Sim. -respondi sinceramente.

–Tem certeza? -pareceu desconfiado- Eu estive na sua casa e tem algumas coisas quebradas por lá...

–Eu caí... Mas não foi nada de mais, apenas alguns cortes superficiais. -pausei- Ann me ajudou com os curativos.

–Hm... -murmurou- Eu sinto muito pelo que aconteceu e juro que quando encontrarmos o Tom, teremos uma longa conversa...


Meu coração pulou ao ouvir o nome de Tom, flashs da noite anterior e de seus olhos raivos fixos em mim passaram por minha cabeça lentamente, me fazendo encolher.
E eu havia escutado direito? Tom não aparecera desde o ocorrido?


–Encontrar o Tom? -perguntei curiosa.

–Ele simplesmente sumiu do mapa, ninguém que conheçamos o viu, o celular está desligado...

–Talvez esteja na casa da mãe... -sugeri.

–Bill esteve lá e Simone disse que Tom não a procurou...


Bill? Por causa dos últimos acontecimentos eu havia esquecido completamente da volta de meu “namorado”. Será que ele soube de algo?


–O Bill, ele...

–Não, tomamos as devidas medidas pra que ele não soubesse nada além do que deveria... Mas você...

–Preciso contar. -completei- Eu sei!

–Ok, se precisar de algo é só ligar! -avisou- Até mais.

–Até. -murmurei.


Senti meu corpo cair sobre o sofá como um peso morto, o telefone escorregou de minha mão e meu coração batia pesado dentro do peito, aquela máscara que eu há pouco “colocara” não me fazia sentir mais confiante. Eu ainda tinha muito o que resolver, talvez Tom e eu nunca nos entenderíamos, mas eu precisava abrir o jogo com Bill e dizer tudo o que havia acontecido naqueles poucos dias em que estivera viajando, contar como eu me sentia e, principalmente, pedir perdão por tê-lo usado, por ter o enganado e nutrido a ideia de seguirmos com um relacionamento que não daria certo... Porque, infelizmente, não pertencemos um ao outro.

–Tudo vai se resolver, querida. -Anne me abraçou- Não se preocupe, Bill vai entender... -pausou- Camila, eu e os garotos estaremos sempre do seu lado, independente do que aconteça. -beijou minha bochecha.

–Obrigada por tudo, Ann. -choraminguei- Eu não sei o que seria de mim sem os seus conselhos.

–Eu sei... -disse convencida- Também não sei o que seria de mim se não tivesse você... Tudo o que tenho de melhor na vida surgiu depois que você entrou na agência acompanhada pela Mila, vocês são meus bebês. -sorriu abertamente.

–AWN. -apertei-a- Assim eu choro. -ri.

–Nein, vai estragar a maquiagem! -riu- Hora de acordar pra vida, mocinha...

–Que horas são? -perguntei levantando do sofá.

–Pouco mais de 13hs.

–O que? -perguntei assustada- Não acredito que dormi tanto tempo!

–Vamos sair pra almoçar. -Anne disse ignorando meu comentário.

–Aonde nós vamos? -perguntei sentindo medo da resposta.

–Para a sua casa, Gustav está preparando o almoço... -respondeu calmamente- Além disso você precisa resolver algumas coisinhas.


Engoli em seco processando a informação. Claro que eu estava disposta a conversar com o Bill, mas não naquele mesmo dia, não me sentia suficientemente preparada e, mesmo sabendo que ele é compreensivo, estava sentindo medo da reação que poderia ter após eu dizer tudo à ele... Tom havia perdido o controle em uma conversa tensa como aquela que teria com Bill e a reação foi a pior possível, não queria presenciar algo como o que ocorrera na madrugada anterior.
Segui Anne até o quarto, sentei-me na cama observando minha amiga ir ao closet e voltar em seguida com algumas peças de roupas em mãos.


–Essas são as únicas roupas que, talvez, sirvam em você... O número do meu manequim aumentou. -confessou.


Montei um look confortável e esperei Anne sair do banheiro já arrumada. Saímos do apartamento indo em direção à garagem, já que, provavelmente, o estofamento do meu carro estivesse úmido e com mau cheiro depois da madrugada passada.


–Duda, o que você vai fazer com o seu carro? -Anne perguntou enquanto manobrava o carro.

–Eu ainda não sei... Acho que vou mandar lavar e vender.

–Vender? -minha amiga perguntou confusa.


Apenas murmurei um sim e foquei minha visão no vidro ao meu lado. Algumas ideias surgiam repentinamente em minha cabeça e eu pensava seriamente em colocá-las em prática, talvez o que eu estivesse realmente precisando era de um tempo longe de tudo e de todos, sem contato com a banda, com o meu trabalho... Alheia àquilo que estava, de certa forma, me sufocando.
Os garotos viajariam pelo mundo durante os meses seguintes e eu queria me distanciar do lugar ao qual eles estarão eternamente ligados: o país natal. Para mim não havia outra forma de esquecer, ou pelo menos tentar, se não buscasse um novo destino... Eu sabia que Anne e Camila relutariam em me deixar partir, mas eu não me ausentaria de suas vidas, apenas ficaria longe por algum tempo e, assim que me sentisse suficientemente forte, voltaria para aquele que sempre foi o meu sonho, minha vida tranquila e estável na minha amada Alemanha.


–Duda, chegamos! -Anne me chamou para a realidade.


Descemos do carro e pouco tempo depois estávamos entrando em minha casa. Assim que abri a porta braços me prenderam em um abraço apertado.


–Gott, está tudo bem com você? -a voz doce de Bill bailou em meus ouvidos.


Senti minhas pernas fraquejarem em uma fração de segundos, mas os braços finos de Bill me seguraram, firmando-se em minha cintura.
Eu estava me sentindo a pior pessoa do mundo por estar recebendo um carinho tão sincero dele sem merecer, Bill sempre fora tão puro e amoroso comigo... Eu não o mereço!


–Tudo bem. -disse recuperando o equilíbrio.

–Tem certeza? -perguntou afastando-se e me olhando minuciosamente.

–Que tal nós entrarmos? -Anne perguntou.


Bill concordou me guiando em direção ao sofá e sentou-se ao meu lado, ainda me analisando. Seus olhos castanhos voltaram-se com preocupação para as minhas mãos.


–Eu fiquei tão preocupado quando me contaram o que aconteceu e o David me deixou nervoso por não ter explicado direito... -tagarelou- Dói muito? -perguntou encostando levemente em minha mão.

–Um pouquinho... -mordi o lábio tentando conter a vontade de chorar- Há outros machucados que doem mais. -sussurrei.

–O que? -perguntou franzindo a testa.


Aquele par de olhos castanhos confusos prendiam-se aos meus procurando por resposta, as mãos macias de Bill acariciavam levemente minhas mãos enquanto aguardava pacientemente que eu dissesse algo.
Meu coração pulsava lenta e dolorosamente, eu sabia que havia chegado a hora daquela conversa definitiva, não poderia mais adiar, não tinha forças para continuar mentindo e nem queria. Era hora de expor todos os meus sentimentos, o momento certo para deixar que o coração falasse mais alto, sem interrupções e intervenções da mente... Apenas deixar o coração guiar.


–Nós precisamos conversar. -disse não contendo as lágrimas.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 58

P. O. V. Bill Kaulitz

Desde sábado Angel não fala comigo direito e, quando o faz, é apenas o necessário. Eu sinto que existe algo de errado acontecendo comigo, mas não consigo enxergar nitidamente do que se trata... Me sinto confuso, perdido e sem ter para onde correr.
Durante os dias que se seguiram àquele episódio do beijo entre mim e Angel parei várias vezes para pensar no que vinha acontecendo na minha vida e cheguei à conclusão de que eu estava fazendo tudo errado... Eu não tinha mais certeza se o que estava sentindo pela Duda era amor e nem se o que sinto por Angel é apenas amizade.
Eu estava sentado em minha confortável cama de hotel, marcava duas horas da manhã no relógio ao lado da cabeceira e eu não conseguia dormir pensando que talvez eu fosse embora algumas horas depois deixando Angel para trás... Eu não tinha certeza do que sino por ela, mas havia a certeza absoluta de que não a queria longe de mim. Suspirei levantando e segui em direção à sacada, a rua estava calma e a lua iluminava tudo e me perguntei o que Duda estaria fazendo àquela hora... Provavelmente dormindo. Eu estava sentindo falta daquela garota doce, cuidadosa, meiga e extremamente carinhosa que fazia meus dias mais felizes, mas eu sequer lembrei de ligar para ela nos últimos dias e isso me deixou preocupado de certa forma porque, sempre, eu sempre ligava para saber como estavam as coisas e ouvir sua voz... A falta que ela me fazia já não era tão grande e isso me assustava.
Acendi um cigarro e sentei-me no chão escorando a cabeça na parede, o silêncio do lugar me fazia sentir em paz e ao mesmo tempo atordoado. De repente senti uma dor forte no peito, meu coração parecia querer sumir de tão apertado, minha respiração se alterou drasticamente e a única coisa que me veio à cabeça foi meu irmão... O que estaria acontecendo? Por quê estaria tão alterado?
Eu não sabia o que fazer, levantei rapidamente apagando o cigarro e corri até meu celular discando o número de Tom em seguida, mas não obtive resposta; Liguei para Duda e nada, fiz o mesmo com o número da casa dela e ninguém atendeu... O desespero tomou conta de mim e a única coisa que me ocorreu fazer foi procurar por Angel, ela era a única que estava por perto e que poderia, de alguma forma, tentar me acalmar. Segui rapidamente para fora do quarto, os seguranças olharam-me atentamente, mas não disseram nada, toquei a campainha de Angel sentindo lágrimas escorrendo por meu rosto, queria que aquela dor parasse, mas não parecia haver nada que a pudesse fazer parar.

–Bill? -Angel apareceu bocejando. -Gott, o que houve? -perguntou me olhando assustada.

Não respondi, apenas acabei com a distância entre nossos corpos e a abracei afundando meu rosto em seu pescoço. Senti-me ser carregado até a cama, Angel nada disse além de pedir pra que eu me sentasse ao seu lado e assim o fiz, voltando a abraçá-la.

–Me diga: o que aconteceu? -perguntou fazendo carinho em meus cabelos. -Por favor, você está me deixando preocupada, Bill!
–Eu não sei... Sinto uma dor no peito, é horrível! -choraminguei- Por favor, Angel, não me deixe sozinho!
–Vai ficar tudo bem, querido. -disse secando algumas lágrimas que escorriam por meu rosto.

Não tenho ideia de quanto tempo fiquei abraçado à ela, meus olhos pesaram e tudo o que eu consegui ouvir antes de pegar no sono foi a voz de Angel.

–Descanse, Bill, vou estar aqui com você.

Acordei com a luz vinda da rua em meu rosto, senti dedos macios acariciando minhas bochechas e abri os olhos avistando um sorriso lindo que brotou nos lábios bem desenhados de Angel.

–Bom dia! -desejou- Está se sentindo melhor?
–Bom dia pra você também! -dei o meu melhor sorriso- Você me faz sentir tão bem...
–Bill... -disse em tom de aviso.
–Só estou falando a verdade! -levantei rapidamente e me sentei sobre os joelhos- Obrigado por cuidar de mim. -beijei-lhe a bochecha.

Angel não pronunciou nenhuma palavra, apenas vi seu sorriso aumentar e seus olhos brilhando. Aquelas reações são algumas das muitas coisas que me encantam nela... Meu peito parecia relaxar quando estava na sua companhia e uma alegria imensa tomava conta de mim.

–Que horas são? -perguntei espreguiçando-me.
–Sete e meia... -suspirou- Vou pedir o café, seu voo sai às nove.
O sorriso que havia em meu rosto se desfez ao lembrar que eu deveria embarcar para Berlim e me despediria daqueles doces olhos verdes que despertavam grande admiração e curiosidade da minha parte. Eu sabia muitas coisas sobre a vida de Angel, mas não me lembrava de quase nada, porque, na noite em que conversamos, eu estava bêbado. Levantei-me da cama caminhando em direção à janela, grossas gotas de chuva caíam do lado de fora deixando aquele dia mais melancólico.

–Pronto, já estão providenciando o café. -Angel disse ficando ao meu lado e pôs-se a observar a rua- Eu vou sentir sua falta. -sussurrou.
–Você vai fazer muita falta. -respondi a olhando- Não vai para Berlim?
–Eu não sei, estou às ordens de David...

Naquele momento uma ideia surgiu e eu faria de tudo pra que ela fosse colocada em prática e o primeiro passo era perguntar à Angel se concordaria com a minha proposta.

–Nós vamos entrar em turnê na semana que vem e eu estava pensando: Que tal convidar a Angel para fazer parte da nossa equipe? -olhei-a- Então, o que me diz?
–Está falando sério? -concordei- Eu não sei nem o que dizer! -seus olhos brilharam.
–Oras, é óbvio! Apenas diga que aceita. -sorri.

O sorriso que se formou no rosto frágil de Angel pareceu dar mais cor à tudo em volta, seus braços envolveram meu pescoço e seu riso soava em meus ouvidos como uma doce melodia. Senti seus lábios macios tocarem minhas bochechas várias vezes seguidas e envolvi sua cintura com meus braços, levantando-a do chão e rodando no meio do quarto.

–Seu louco, me ponha no chão! -ria- Você não existe!
–Existo sim. -larguei-a no chão- Então, você aceita?
–Claro que sim!

Tomamos café juntos e depois seguimos em direção ao meu quarto para arrumar minhas malas. Eu estava triste por ter que ir embora e deixar Angel, mas a certeza de que a teria ao meu lado durante os meses que se seguiam amenizava um pouco o sentimento...Não me preocupei em relação à Duda, pois estava sentindo que, de alguma forma, as coisas se resolveriam por si só.Após terminarmos a "arrumação", Angel me acompanhou até o aeroporto e nos despedimos com algumas lágrimas nos olhos.

–Nos vemos em breve, senhor Kaulitz. -Angel disse em um tom profissional.
–Pare com isso! -fiz bico- Quero me despedir direito. -sorri e a abracei.
–Nos vemos semana que vem, Bill... Não precisa chorar. -uma lágrima escorria por seu rosto enquanto falava- Droga! -murmurou e rimos.

Meu voo foi anunciado e fui obrigado a embarcar. A viagem durou pouco tempo e por volta das 9hs30 desembarquei em Berlim, sentindo uma imensa vontade de ver minha mãe... Era estranha a necessidade que tenho de visitá-la toda vez que volto de uma viagem.
Não havia muita movimentação no aeroporto, David não havia revelado à imprensa quando eu voltaria e agradeci mentalmente por isso, não estava bem disposto... Tudo que eu queria era ver minha mãe, saber notícias de Tom e ir à casa de Duda.
Pedi ao motorista que me levasse para a casa de Dona Simone e assim o fez. Cerca de trinta minutos depois eu caminhava pelo grande jardim bem cuidado de minha mãe, a avistando com um regador na mão.

–Mãe! -chamei e a vi largando o regador próximo às rosas.
–Que bom ver você, meu filho! -sorriu caminhando em minha direção- Como foi a viagem? -abraçamo-nos.
–Ótima! -sorri me lembrando de Angel.
–Sinto que há algo responsável por esse seu sorriso... Ou será alguém?
Sempre me impressionei com o poder de percepção de minha mãe e, como ela é a pessoa em quem mais confio, não me importei de contar sobre Angel e aproveitei para pedir alguns conselhos.

–Essa moça parece ser uma graça, filho! -sorriu sentando-se em um dos bancos do jardim- E sabe o que eu acho? -neguei- Que você está a amando!

Meu coração saltitou quando mamãe disse aquelas palavras e, naquele momento, eu enxerguei o que estava bem diante de meus olhos.

–Eu entendo que pareça confuso, afinal Duda é uma garota incrível... -pausou- E sei que ela é muito importante pra você, mas ela não é a mulher da sua vida.

Não há ninguém no mundo pessoa mais sensata que minha mãe nesse mundo, apenas ela poderia me dizer coisas que jamais passariam pela minha cabeça ou que estavam bem debaixo do meu nariz.

–Tudo o que você precisa agora é seguir seu coração, vá em frente e faça o que for preciso.
–Obrigada por tudo, mãe! -abracei-a- Não sei o que eu faria sem a senhora. -beijei suas bochechas.
–Que isso, filho! Tudo o que eu mais quero é ver você e seu irmão felizes!
–Falando nele, mãe, tem notícias? -perguntei lembrando daquela sensação ruim.
–Não, ele não atende o celular, ninguém sabe onde ele está...
–Eu senti uma dor forte nessa madrugada e estou preocupado. -confessei.
–Seu irmão não está bem... Eu sinto isso e rezo para que ele não cometa nenhuma besteira. -disse tristonha.
–Eu também, mãe!

Conversamos por mais algum tempo, depois preparamos o almoço e acompanhei minha mãe à mesa. Após almoçarmos a ajudei a lavar a louça e, pouco tempo depois, fui embora sendo acompanhado por um segurança até a casa de Duda... Eu estava disposto a colocar minha vida em ordem e não perderia tempo.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 57

–Não vou mais acompanha-los na turnê. –soltei.
–Você o que? –Tom perguntou afastando rapidamente seu rosto de meu pescoço.


Eu podia sentir a tensão se formando, tinha certeza de que ele estava surpreso e que em poucos minutos ficaria “puto”, mas o que eu poderia fazer? Tom havia pedido para que eu dissesse a verdade e, como sempre, o fiz.
–Eu vou ficar. –respondi sentando-me na cama.

–Por quê?

Porque eu simplesmente não aguento mais!
–Camila precisa de companhia. –pausei e, antes que ele dissesse qualquer coisa, voltei a falar. –E esse não é o único motivo.

–Ah, não? –perguntou visivelmente alterado. –O que mais está a impedindo?

Senti meu peito inflar, tudo o que eu estivera guardando sairia como um turbilhão de palavras incontroláveis, eu precisava me livrar do que me machucava, mesmo que as consequências fossem as piores.
–Eu não quero ficar me escondendo, isso está me matando por dentro. –suspirei sentindo meus olhos arderem. –Não vou aguentar ter você tão perto e não poder tocá-lo...

–Então porque não coloca um ponto final no seu namoro com o Bill? –perguntou parecendo esforçar-se para manter calma.

–E-eu não quero que ele sofra. – gaguejei.

–Você já parou pra pensar que tudo seria mais fácil se você contasse sobre nós para ele?

–Mais fácil pra quem?-perguntei sarcasticamente. –Pra você, Tom?

Eu me ouvia falar coisas que sequer conseguia controlar, as palavras saíam sem esforço algum e meu coração parecia aliviar-se.
–Você está insinuando que eu não me importo com o meu irmão? –perguntou apertando um de meus braços.

–Eu não disse isso! –puxei meu braço com força e suspirei. –Você sabe que tudo que mais quero é ficar livre disso tudo, mas só de pensar no quanto o Bill sofrerá meu peito dói...

–Eu não tenho tanta certeza de que seja realmente isso. –bufou. –Você quer abraçar o mundo, quer ter tudo nas mãos.

–Tom...

–Não se contenta em me ter na palma da sua mão e quer ter o meu irmão também. –pausou – Me fez acreditar esse tempo todo que eu preciso de você. –despejou. –Você me provocou, porque sabia que não descansaria enquanto não a tivesse. –riu sem humor- Não acredito que eu caí na sua.

Eu estava me sentindo um lixo, pior do que antes. Tom estava fazendo-me sentir a pior pessoa do mundo e me perguntava o porquê daquilo... Eu tinha sido tão cruel?
–É realmente irônico, não? Eu me sinto um idiota, completamente usado e enganado. –pausou. –Perdeu a língua?

Eu não conseguia dizer uma palavra sequer, meu peito parecia querer sumir de tão forte que se comprimia, o ar faltava em meus pulmões e no lugar do alívio de ter dito o que me incomodava, agonia e raiva surgiram.
–Não acredito que me deixei envolver com alguém como você: tão dissimulada, suja e manipuladora. –xingou. –Eu nunca senti tanto nojo de alguém.

Aquilo foi a gota d’agua para mim e, sem pensar duas vezes, minha mão voou em direção ao rosto de Tom, atingindo-o em cheio. Eu não medi a minha força e nem mesmo sei como tive tanta precisão, já que o quarto estava completamente escuro.
Levantei rapidamente da cama, eu não ficaria nem mais um minuto ouvindo aquilo tudo, eu não aguentaria e tive medo da reação de Tom porque, assim como eu, poderia estar tomado pela raiva e não medir seus atos. Meus pés descalços tocaram o chão frio, saí em direção à porta e ouvi passos rápidos atrás de mim, o que me fez correr e colidir em um vaso de planta, que se espatifou no chão, quebrando em mil pedaços... Eu não me importei em ter meus pés perfurados pelos cacos de vidro, sequer pensei duas vezes.
Continuei a minha fuga encontrando a escada e desci segurando o corrimão, eu estava desesperada para encontrar a chave de meu carro e corri pela sala tropeçando e caindo sobre o tampo da mesa de centro da sala, que quebrou... Institivamente protegi meu rosto colocando a mão sobre ele e a dor que senti foi horrível, mas pequena se comparada com a minha dor interior. Tateei o chão e, por sorte, encontrei a chave do carro.
Levantei-me sentindo meu corpo inteiro arder e segui até a garagem, ouvindo passos vindos da escada. Apertei o botão do alarme, que revelou a localização exata do carro e corri, entrando no mesmo e trancando as portas... Senti-me a salvo por alguns segundos, o desespero estava diminuindo e a razão voltava aos poucos.
–Onde você pensa que está indo? –ouvi a voz de Tom e senti o pânico me possuir.

Eu estava com medo, me sentindo desprotegida e tão nervosa que sequer tinha lembrado de um detalhe: o portão não abriria sem energia elétrica. O desespero em sair dali me fez rezar como nunca antes e, como um milagre, voltou a luz, o que me fez agradecer e apertar o controle da garagem.
–Desce desse carro! –Tom gritou batendo no vidro ao meu lado, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto sustentava uma expressão nervosa.

Eu nunca havia visto-o naquele estado, era como se aquele não fosse o cara que eu conheci, como se algo ruim o tivesse possuído... Seu olhar me matava por dentro.
Liguei o carro dando ré e saí pela rua cantando pneu, eu não tinha noção de onde eu iria, principalmente porque eu não tinha dinheiro e nenhum documento. Dirigi sem rumo pela cidade, mas parecia não sair do lugar... Eu segurava o volante firmemente, meus olhos estavam inundados, soluçava sem parar e meu coração parecia enferrujado, cansado de bater... Eu me sentia desligada de tudo, perdida no mundo.
A lua cheia, que antes iluminava o céu, estava coberta por grossas nuvens acinzentadas que, em poucos minutos, deixaram gotas grossas de chuva escapar, inundando a cidade... Era estranho como a mudança repentina do clima se parecia com a tempestade de sentimentos que eu enfrentava naquele momento.
Eu estava me sentindo cansada, com o corpo, alma e coração doloridos e meus olhos não aguentavam mais manterem-se abertos e, sem escolha, dirigi em direção ao edifício de Anne, estacionando em frente ao mesmo e esperando até que a noite acabasse. Não queria estar lá, não queria que aquela briga tivesse acontecido, mas tudo era consequência de minha fraqueza... Se eu não tivesse me deixado levar pelo meu lado extremamente emocional, talvez estivesse tudo bem e não teria que passar por todo aquele sofrimento.
Respirei fundo e olhei-me no espelho retrovisor encontrando meu rosto inchado, olhos e nariz avermelhados. Desci meu olhar para as mãos vendo o estrago que os cacos de vidro haviam feito e sequer me preocupei com a dor... Meus braços, pernas e pés estavam muito piores.
Olhei no relógio, passavam das cinco horas da manhã e me perguntei como havia rodado tanto tempo pela cidade sem perceber. Faltava pouco tempo para que eu pudesse descer do carro e ir de encontro ao meu porto seguro, o apartamento aconchegante de Anne... Eu pedi ao céu que David não estivesse lá para me fazer um interrogatório, já bastaria a preocupação de minha amiga.
Recostei-me no banco e fechei os olhos por alguns minutos, tudo o que eu enxergava eram os olhos de Tom me olhando com ódio. Perguntei-me inúmeras vezes como havia chegado a ponto de quebrar minha promessa de nunca mais chorar por homem algum... Não era a primeira vez que meu castelo tinha sido atingido, levara algum tempo para que eu o reestruturasse e, sem pensar, deixei-o ser destruído.
Tom era a esperança de que eu poderia passar por cima de todo o medo e receio, a esperança de que o príncipe não se transformasse em algo pior do que um sapo e acabei me afundando em uma ilusão.
As horas haviam passado rapidamente e, quando olhei novamente para o relógio, era sete horas, exatamente o horário que Anne costumava levantar para tomar café e, em seguida, sair para trabalhar. Saí do carro sentindo a chuva encharcar minha blusa, liguei o alarme do carro e sem pressa atravessei a rua, sendo recebida pelo porteiro, que me olhava surpreso e, ao mesmo tempo, preocupado.
–Senhorita Müller? –acenou –Céus, o que houve?
–Nada de mais, apenas um acidente doméstico. –respondi entrando no hall. –Anne está em casa?

–Sim... Quer que interfone?

–Não será preciso. –sorri e segui para o elevador.


Pouco tempo depois cheguei ao andar de Anne e toquei a campainha de seu apartamento, ouvi passos do outro lado e, em seguida, a porta se abriu revelando minha amiga de pijama e com um semblante cansado.
–Duda? –seus olhos arregalaram-se- Gott, o que aconteceu com você? –lágrimas começavam a cair por suas bochechas.

Anne puxou-me para um abraço apertado e, sem perceber, lágrimas grossas escapavam de meus olhos. Separamo-nos segundos depois, entramos no apartamento e minha amiga me observava ainda chorando.
–O que houve? Porque você está assim? –perguntou desesperadamente.

Deixei-me cair no sofá e contei tudo à Anne, sua expressão ia mudando de preocupação para surpresa, até, finalmente, tornar-se raivosa.
–Eu não acredito que o Tom disse essas coisas horríveis! –socou o sofá- Ele merece muito mais do que o tapa que você deu nele. –pausou- Se eu soubesse que aquele moleque ia fazer uma merda dessas, não teria pensado duas vezes em afastá-lo de você.

–A culpa não é sua, Anne...

–Aquele cachorro, sem vergonha! –xingou e suspirou em seguida –Ok, não vale à pena pensar nele agora... Precisamos cuidar de você e desses seus machucados.


Anne guiou-me para o seu banheiro, pediu para que eu tomasse um banho relaxante e, após deixar uma toalha sobre a pia, saiu encostando a porta. Lavei-me cuidadosamente, a água quente batia em minha pele causando ardência nos cortes espalhados pelo meu corpo e, após lavar meu cabelo, desliguei o chuveiro e sequei-me, seguindo para o quarto.
–Duda, aqui tem um conjunto de lingerie novinho, vista e logo eu volto com os curativos. –disse colocando as peças íntimas sobre a cama.

Alguns minutos depois minha amiga reapareceu com um kit de primeiros socorros e pôs-se a limpar meus machucados, que arderam um pouco, mas nada que eu não pudesse aguentar.
–Pronto! –riu olhando para minha expressão de alívio. –Agora você se veste enquanto vou buscar um chá, algo para você comer e um antigripal.

Não tive tempo de dizer à ela que estava sem apetite, pois já tinha se retirado do quarto. Vesti uma roupa bem confortável que Anne havia separado e logo ela apareceu com uma bandeja contendo uma pequena xícara de chá, biscoitos doces e o antigripal.
–Eu sei que você deve estar sem apetite, mas precisa comer alguma coisa. –disse antes que eu protestasse.

Fui observada pelos olhos atentos de minha amiga até que eu terminasse o meu “café da manhã” e senti o sono me dominando aos poucos, Anne, percebendo meu cansaço, fez-me deitar em sua cama e, pouco tempo depois, relaxei em um sono profundo.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 56

 Meus olhos estavam pesados, minha cabeça era possuída por uma dor lancinante e meu peito parecia apertar toda vez que eu respirava. Eu não tinha noção do tempo que dormi, apenas sabia que não foi tempo bastante pra sequer me fazer esquecer os meus problemas, da confusão que insistia em rondar minha vida.
Abri os olhos com dificuldade, enxergando apenas a luz da lua iluminando parcialmente o meu quarto e sentindo o vento frio que entrava através das portas da sacada... Respirei fundo absorvendo aquele ar puro e levantei-me tentando fazer o mínimo de barulho possível, já que, sem saber as horas, não quis arriscar acordar Camila. Instintivamente caminhei até o banheiro, tateei o interruptor para acender a luz e não consegui o que me levou a entender, obviamente, que havia faltado luz, lavei meu rosto e, logo em seguida, dirigi-me para fora do quarto tendo como destino o andar de baixo.
Logo que cheguei ao meu destino encontrei os garotos segurando velas, enquanto Camila usava um isqueiro para acendê-las.

–Resolveu acordar, bela adormecida? -Camila perguntou zombeteira.


Descobri naquele momento que eu não estava boa o suficiente para piadas ou qualquer brincadeira, uma raiva estava presa em mim e, para não direcioná-la à pessoa errada, resolvi não responder.


–Acabou de faltar luz. -Georg comentou.

–Hm, que horas são? -perguntei apertando os olhos, a dor de cabeça estava me afetando com força total.

–Uma e meia. -Tom respondeu.


Ouvir aquela voz me fez estremecer, era estranho como tudo que Tom fizesse me afetava, fosse de forma positiva ou não.

–Preciso de uma vela. -pedi.


Gustav prontamente me alcançou uma vela recém-acesa, agradeci e caminhei em direção à cozinha sem pronunciar nenhuma palavra a mais. Tudo o que eu queria fazer era pegar o remédio mais forte que tivesse no armário e cair na cama tranquilamente... Segui até a gaveta dos remédios, procurei pelos analgésicos e, por azar, não encontrei nada. Respirei fundo tendo a estranha sensação de ser observada e, antes que pudesse me virar, a chama da vela em minha mão se apagou com o vento forte que rompeu pela janela da cozinha, me fazendo estremecer. Caminhei até o balcão da cozinha tentando não ficar paranoica, sentei-me em um dos bancos e deitei minha cabeça sobre o balcão gelado de mármore... O alívio fora praticamente instantâneo, o que me fez suspirar.
Eu queria que houvesse algo para acabar com meus problemas instantaneamente, mas eu sabia que não havia nada... Tudo o que me restava era procurar a solução sozinha e colocá-la em prática, mas eu me sentia de mãos atadas, olhava para os lados completamente perdida e, de certa forma, sozinha. Eu tinha tudo em mãos e, de uma hora para a outra, o tudo foi se esvaindo, transformando-se em incerteza, dor e desespero... Desespero por não saber como agir, por não querer magoar ninguém à minha volta, por não conseguir mais aguentar a dor que causava à mim.
Ouvi passos lentos se aproximando, tirando-me de meus pensamentos e sem levantar meu rosto, sabia que era Tom ali... E eu não o queria perto de mim com medo de machucá-lo ainda mais.
–Duda? -ouvi sua voz baixa e próxima de meu rosto. -Tudo bem com você? -perguntou parecendo preocupado.


Levantei meu rosto contendo um gemido devido a dor que voltou com força total, causando um incômodo quase insuportável.

–Sim. -murmurei semicerrando os olhos por causa da vela.

–Tem certeza? - olhou-me atentamente acariciando minha bochecha. -Parece que está escondendo alguma coisa de mim...

–Não é nada de mais... - respondi levantando-me do banco. -Apenas uma dor de cabeça.

–Porque eu tenho a sensação de que ainda falta alguma coisa? -perguntou alterando a voz.

–Talvez você esteja vendo coisa onde não tem. -respondi caminhando em direção à porta.

–Ou talvez você esteja realmente escondendo algo de mim. -disse entre dentes.


Eu odiava e amava ao mesmo tempo o fato dele me conhecer tão bem a ponto de saber quando estou mentindo, ocultando algo ou simplesmente como me sinto.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Georg entrou na cozinha me fazendo sentir alívio por estar ali, de certo modo, salvando minha pele.
–Aí estão vocês! -Georg disse alegremente. -Vim me despedir... -sorriu aproximando-se de mim. -Tchau, Duda! - abraçou-me e beijou minha testa -Tenha uma boa noite.

–Tchau, Ge. -sorri beijando sua bochecha. -Boa noite!

–E aí, Tom, vai ficar? -Georg perguntou.

Não esperei para ouvir a resposta e saí rapidamente do cômodo, encontrando Camila e Gustav ao pé da escada.

–Quer uma “carona”? –Gustav perguntou gentilmente.

–Claro!

Subimos as escadas rapidamente, despedimo-nos após desejar boa noite e seguimos para nossos respectivos quartos.
Caminhei até o banheiro após pegar uma toalha, despi-me e entrei debaixo do chuveiro, sentindo a água gelada tocar meu corpo, fazendo-o encolher, mas o alívio em minha cabeça era consideravelmente maior do que o frio. Permiti-me escorregar até o chão, abraçando meu corpo e esperei até que a dor em minha cabeça fosse embora sem deixar rastros.
Com o corpo arrepiado, cabelos molhados e pés descalço, fui até o closet, onde vesti um conjunto de lingerie e uma blusa quente e cumprida de lã. Sem pentear meu cabelo, deitei em minha cama afastando o cobertor e respirei aliviada por não ter mais aquela dor me incomodando.
Eu pensei que você fosse me esperar... –ouvi a voz de Tom preenchendo o silêncio do quarto.

Tudo o que eu não precisava era ter que me explicar , uma voz interior gritava para que eu ficasse imóvel e fingisse estar dormindo, mas eu tinha plena consciência de que Tom conhecia até mesmo minha respiração e que não aceitaria ficar sem respostas, não naquela noite.
Um sentimento de angústia tomou conta de meu peito e aquilo não era um bom sinal... Algo de ruim estava por acontecer.
Eu sei que você não está dormindo. –riu sem humor e apagou a chama da vela que segurava.

–Desculpe por não ter esperado. –murmurei.

Senti o colchão afundar ao meu lado, o perfume de Tom dançou em minhas narinas, fazendo-me fraquejar.
–Agora me diga... – fungou em meu pescoço. –O que há de errado com você? –pausou - Além da sua dor de cabeça?

Eu não tinha escapatória... Mesmo que eu dissesse apenas parte do que me incomodava, Tom continuaria insistindo até que eu expusesse tudo e eu tinha certeza absoluta de que, se eu o fizesse, nossa conversa não acabaria bem.
Eu quero saber o que está incomodando você. –beijou minha nuca. –Fala pra mim o que está acontecendo.

–Estou um pouco chateada. –comecei tomando cuidado com as palavras.

–Por quê? – perguntou encaixando seu rosto em meu pescoço.

–Não vou mais acompanha-los na turnê. –soltei.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 55

 P. O. V. Duda

A madrugada de sábado passara como um sopro de vento, assim como o dia de domingo, trazendo os dias úteis e meu trabalho com eles. Tom e eu sabíamos que nossos momentos juntos estavam por um fio, que, no momento em que Bill voltasse de Stuttgart, seríamos amigos como antes, mantendo aquela distância doída, mas precisa. Anne, sabendo do que se passava entre nós, permitiu que Tom me fizesse companhia no meu turno de trabalho, com a condição de que ele não me atacasse e me atrapalhasse durante o mesmo e, como um bom garoto, obedeceu.
Tom passara o dia inteiro de segunda-feira sentado na cadeira em frente à minha mesa me observando, seus olhos castanhos não perdiam um movimento sequer, seu corpo relaxava preguiçosamente e seu perfume impregnava a sala. Enquanto era assistida de perto por ele, eu trabalhava sem parar nos projetos para a banda, escolhendo pontos turísticos estratégicos para boas fotos e até mesmo sessões de autógrafos... David havia deixado claro que, se eu quisesse, poderia ajudá-lo e expor idéias.
Camila e Gustav voltariam à tarde e só veria minha “irmã” quando chegasse em casa. Eu estava com meu coração apertado de saudade e queria contar a ela tudo o que havia acontecido naqueles poucos dias em que não mantivemos contato... Tanta coisa para contar, tantos conselhos para ouvir.
O sol pareceu não demorar em se esconder e, quando percebi, já passavam das 18hs30. Trabalhei tanto que Tom foi obrigado a sair e buscar algo para que comêssemos na minha sala mesmo, já que eu me neguei a sair para fazê-lo... Uma das minhas manias é não parar um trabalho na metade quando estou empolgada, pois depois as coisas acabam não saindo como eu gostaria.
Abandonamos o prédio aproximadamente às 18hs45, Tom parecia aliviado por estar indo embora e eu não me importei, afinal é exaustivo ficar trancado em uma sala durante horas quando não é seu costume. Seguimos para o meu carro e, depois de muita insistência, Tom assumiu o volante.
–Me deixa dirigir? Você já trabalhou bastante hoje, deve estar cansada.-argumentou.

–Tom...

–Por favor?-seus olhos pidões me encaravam, ele sabia que eu não resistiria.

–Tudo bem.-suspirei.-Não resisto a essa sua carinha... É crueldade.

–Você acha mesmo?-perguntou se aproximando de meu corpo, me prendendo contra o carro.

–Acho.-digo mostrando a língua.

Tom riu aproximando seu rosto do meu, beijou meu queixo e, após guiar meu rosto até o seu com uma das mãos, me beijou lentamente, como se quisesse aproveitar cada segundo daquele momento... Deixei-me envolver enroscando minhas mãos em seu pescoço, sentindo sua mão livre apertando minha cintura firmemente. Separamo-nos quando o ar faltou e, antes de entrarmos no carro, recebi um selinho acompanhado de um sorriso lindo.
Sentada ao lado de Tom, que mantinha sua mão sobre minha perna, eu observava a noite ocupando seu lugar aos poucos, as ruas eram iluminadas pela luz da lua que surgia no céu... Tudo parecia tão lindo. Me perdi em pensamentos imaginando se aquela cena voltaria a se repetir, se demoraria a me soltar daquela teia de confusões na qual minha vida estava presa... Quando tudo aquilo se resolveria? Havia algo dentro de mim que me dizia “logo isso tudo estará no seu passado e poderá ser livre para viver sem culpa”, eu queria acreditar naquela voz, mesmo que às vezes não parecesse possível tal coisa.
Notei estarmos em minha casa quando a porta ao meu lado foi aberta por Camila, que mantinha um sorriso largo no rosto, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.
–Gott, que saudade de você!-Mila gritou puxando minha mão.-Vamos, saia logo daí! Quero te abraçar.

Ri do desespero de minha amiga-irmã e soltei o cinto, saindo do carro para abraçá-la.
–Quase morri de saudade de você, sua pentelha!-disse abraçando-a.-Eu estava maluca para te ligar, precisava ter notícias, mas não o fiz por não querer incomodar você e o Gust.

–Porque não ligou?-Mila perguntou após beijar minha bochecha.-Eu atenderia você mesmo que estivesse muito ocupada.-olhou-me com um sorriso malicioso, o que me fez entender o “muito ocupada.”

–O importante é que estão de volta sãos e salvos.-digo me afastando um pouco.

–E você, Kaulitz, não vai nem me dar oi?-Mila pergunta franzindo o cenho.-É um desalmado sem coração.

–É claro que sim!-Tom sorri seguindo até ela e lhe abraça, levantando-a do chão.-Senti sua falta, peste.

–Eu até que senti um pouquinho de saudade de você.-Mila disse esnobe.

–Eu sei que você me ama, tampinha.-Tom provocou e levou uns tapas dela.

–Minha cunhada preferida, como você está?-Gustav perguntou me dando um abraço de urso.

–Ótima e você, cunhado preferido?

–Tudo bem.-sorri.-Como foram as coisas por aqui?-perguntou baixo e olhando para Tom.

–Tudo tranqüilo. E você, cuidou bem do meu sobrinho e daquela desmiolada?-brinquei.

–Mas é claro! Acredita que na noite passada eu estava conversando com o garoto e ele chutou?-olhou-me radiante.

–Sério?-confirmou com um aceno.-E como sabe que é um menino?

–Coisa de pai, Duda.

Após a recepção calorosa entramos na casa, Gustav e Tom foram para a cozinha, enquanto eu e Mila seguimos para o meu quarto... Eu iria tomar banho e ela estava lá, como eu imaginava, para conversar.
Tranquei a porta do quarto antes de entrar no banheiro para evitar que um dos garotos entrasse e ouvisse nossa conversa. Seguimos para o banheiro e, enquanto eu tomava banho, Camila, que estava sentada sobre a tampa do vaso, ia me fazendo perguntas... Todas sobre o que havia ocorrido no final de semana.
Camila sempre fora muito atrapalhada, mas quando preciso dela é muito atenciosa, correta, conselheira e aquela garota criançona dá lugar à uma adulta totalmente sensível e centrada. Ouvi tudo o que ela tinha à dizer, assim como ela também fizera comigo e depois de sair daquele banho, senti como se estivesse renovada, sem um peso invisível que carregava em minhas costas...

Eu estava decidida: assim que Bill chegasse de viajem, colocaria minha vida em ordem.
Saí do banho, me vesti e seguimos para o andar debaixo, onde estavam Gustav, Tom e Georg. Georg havia sumido no sábado e não voltara, ele não havia avisado, mas não me importei, já que poderia ficar mais à vontade com Tom.
–Como estão, garotas?-Georg pergunta sorridente.

–Bem.-respondemos em uníssono.

–Duda, me desculpe por ter sumido no sábado, mas eu precisava visitar minha mãe e esqueci de avisar.-sorriu amarelo.

–Tudo bem, sem problemas.-sorri indo em direção à cozinha.

Todos estavam na sala, enquanto eu preparava um pouco de chá quente. O telefone tocou e o som cessou, logo depois Tom aparecera na cozinha com o aparelho em mãos.
­-É pra você.-entregou-me o telefone.-Gostosa.-sussurrou e me deu um selinho.

–Tom!-exclamei dando-lhe um tapa.

Tom apenas riu e saiu indo em direção à sala.
–Alô?

–Duda, aqui é Anne.

–Oi, aconteceu alguma coisa?-perguntei pegando uma xícara no armário.

–Ainda não, quero dizer... Bem, eu e Camila conversamos hoje à tarde pelo telefone e tivemos uma idéia para ajudar você.

–Continue...-pedi.

–Na verdade eu tive a idéia e ela concordou, já falei com o David e ele não fez nenhuma objeção.

–Diga logo, por favor.

–Achamos melhor você ficar na Alemanha enquanto os garotos vão para a tour.-suspira.-Seria arriscado demais para você e para o Tom, você sabe...

–Anne, isso é complicado... E o contrato? Que desculpa eu vou dar aos garotos? Meu Deus!

–O contrato não foi assinado ainda, lembra? E Camila precisa de alguém que esteja ao lado dela durante a gravidez...

–Isso não vai ser preciso, Anne... Eu vou conversar com o Bill amanhã e...

–Não faça isso.-pediu.-Pelo menos não agora, dê tempo ao tempo.

“Dê tempo ao tempo”, justo quando eu decido colocar todos os pingos nos is Anne me pede para esperar? Eu já não agüentava mais tudo aquilo e teria que esperar? Aquela mesma voz que me dizia “logo isso tudo estará no seu passado e poderá ser livre para viver sem culpa”, gritava para que eu escutasse o que minha amiga pedia.
–Tudo bem.-suspirei.-Você venceu.

–Será melhor assim! Semana que vem os garotos colocam os pés na estrada e só voltam perto do natal.-confessou.

–O quê?-perguntei sentindo meu coração apertar e o desespero tomar conta de mim.-Anne, estamos em setembro e você está me dizendo que eles vão ficar três meses fora?
–Desculpe, eu pensei que você já estivesse sabendo.

–Eu não acredito que ninguém me contou isso.-resmunguei sentindo a raiva me possuindo aos poucos.-Eu não posso acreditar nisso.

–Escute: não culpe Tom por não ter lhe contado, talvez ele estivesse esperando a hora certa para contar à você.

–Tudo bem, não se preocupe.-disse tentando controlar minha vontade de gritar.

–Fique bem, amanhã nos vemos no trabalho, querida.

–Até amanhã, Anne.

Desliguei o telefone sentindo meus nervos reclamarem da tensão repentina que se instalara em meu corpo. Saí da cozinha sem tomar o chá, coloquei o telefone em seu lugar e subi as escadas sem dizer uma palavra sequer... Eu estava começando a me sentir enjoada, uma dor de cabeça forte me incomodava e meu corpo doía.
Entrei no quarto escuro me jogando desajeitada sobre o colchão macio e fiquei imóvel por alguns minutos, sentindo uma dor estranha invadir o meu peito e junto dela veio o frio. Enfiei-me debaixo do edredom quentinho e lá fiquei, de olhos abertos sendo engolida pela escuridão, pelo meu medo de ficar sozinha e pela dor que me torturava lentamente... E então, senti meu corpo relaxando aos poucos, até não sentir absolutamente nada, apenas o sono que me confortava.


Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 54

 P. O. V. Bill Kaulitz

Eu esperava desesperadamente que Angel aceitasse meu pedido, não era demais querer a companhia dela, certo?
Meus olhos rolaram por seu rosto e indo parar em seus olhos verdes, tentando descobrir através deles o que se passava por seus pensamentos.

_Então... –falei rompendo o silêncio que se adonava do lugar.-Você aceita me fazer companhia?

_Eu não sei se é certo...

_Porque?-perguntei sentindo meu peito apertando de uma forma estranha.

_Eu sou só...

_Você é minha amiga.-cortei-a.-Oras, acha que só porque trabalha comigo não é importante?-perguntei vendo-a corar de leve.

_Bill...-seu tom era de súplica.

_Por favor.-insisti.-Juro que não vou deixar você sozinha com aquela gente chata, prometo que se não gostar daquela baboseira, nós daremos uma desculpa e vamos embora.

Eu estava dando o melhor de mim para convencê-la a me acompanhar, até minha melhor expressão de coitado eu estava fazendo... Desesperado, esse era o meu estado.
Não agüentava nem mesmo imaginar como seria aquela noite sem uma boa companhia, sem alguém que me distraísse daquela gente mesquinha e interesseira.

_Você venceu.-revirou os olhos e sorriu.-Não tem como resistir a essa sua carinha de coitado.

_Obrigada, muito obrigada mesmo.-falei abraçando-a e beijando sua bochecha.-Não sabe o quão feliz eu fico por ter a honra da sua presença.

_Pare com essa bobagem.-riu envergonhada.

O silêncio voltou a preencher o lugar e passei a encarar o rosto perfeitamente delicado de Angel. Seus olhos verdes eram intensos, brilhantes e expressivos; Seus lábios levemente rosados eram finos e bem desenhados; Suas bochechas fofas levemente rosadas... Senti vontade de apertá-las, com os dentes.
Mas que diabos eu estava pensando? Angel é apenas uma amiga!
Pisquei devagar e voltei a observá-la, suas bochechas estavam mais coradas que o comum, o que só poderia ser conseqüência de sua timidez. Abaixei meu olhar discretamente, olhando para seu corpo magro e frágil como o de uma boneca.

_Acho melhor eu ir.-Angel disse chamando minha atenção.

_Tudo bem.-sorri.-Eu passo no seu quarto ou...

_Podemos nos encontrar no hall do hotel às 21hs, pode ser?-perguntou olhando para o relógio em seu pulso.

_Por mim tudo bem!

_Então, até depois.-sorriu tímida.

Acompanhei-a até a porta e observei-a caminhar até a porta de seu quarto, tendo um aceno em minha direção antes que ela sumisse para dentro do cômodo. Voltei para a minha cama novamente, deitando e encarando o teto.
O cansaço havia desaparecido completamente, também não havia nem sinal de sono. Olhei para o relógio em meu pulso, eram 18hs30 e a festa começaria dali a três horas. Levantei da cama indo em direção ao closet, estava decidido a escolher outra roupa para ir àquela festa, afinal aquela que eu havia separado anteriormente era simples demais e antes eu iria sozinho, não queria aparecer ao lado de Angel vestido de forma inadequada.
O tempo pareceu passar rapidamente, o que constatei quando meu celular tocou e fui atender, marcavam 20hs no relógio.

_Hallo?-a voz de David soou do outro lado.

_Hey, David.

_Como vão as coisas por aí, Bill?

_Tudo indo bem... Angel tem me ajudado.

_Fico feliz em saber que está tudo bem! –pausou.-Já está pronto para a festa?

_Quase.-menti.

_Certo... Espero que se divirta. –pausou.-Boa sorte!

_Obrigada.

_Vou desligar agora, amanhã ligo para saber como foram as coisas... Boa noite.

_Boa noite.

Encerramos a chamada e segui para o banheiro, onde tomei um banho rápido e me sequei. Coloquei um roupão e, antes de colocar a roupa que havia separado, fiz uma maquiagem leve. Segui para o closet pegando minha roupa: calça jeans cinza, uma camiseta da mesma cor com uma estampa preta, cinto da mesma cor da estampa e calcei um de meus coturnos pretos.
Sequei meu cabelo com a toalha e arrumei-o.
Peguei meu celular seguindo para o hall do hotel, faltavam cinco minutos para as nove horas. Fiquei em pé em frente aos elevadores, havia um nervosismo tomando conta de mim... E se Angel tivesse desistido? Meu coração apertado parecia que iria sair pela boca, os minutos passavam rapidamente e nada... Onde estaria Angel?
O relógio da recepção marcava 21hs15 e eu já estava com vontade de entrar em um dos elevadores e subir atrás dela. Apertei um dos botões do elevador com um pouco de força, eu não estava com muita vontade de esperar.
A porta de um dos elevadores se abriu e não consegui me mexer nem um centímetro sequer... Lá estava Angel, absolutamente linda! Meus olhos passearam por seu corpo percebendo cada pequeno detalhe e meu cérebro processava tudo devagar, como se não quisesse deixar escapar nenhum detalhe. Angel trajava um vestido preto tomara-que-caia preto discreto, um pouco acima dos joelhos e calçava uma sandália também preta, de salto fino; Seu cabelo estava levemente ondulado e podia sentir seu perfume entrando sutilmente em minhas narinas; Seus olhos verdes estavam misteriosos devido à maquiagem negra e sua boca sustentava um sorriso tímido, com um batom claro nos lábios.
Angel saiu do elevador e me observou rapidamente, olhando nos meus olhos a seguir.

_Me desculpe pelo atraso.-disse timidamente.-Problemas com o meu cabelo.

_Tudo bem.-sorri.-Valeu à pena ter esperado, você está maravilhosa.-ouvi-me dizer.

_Obrigada.-sorriu envergonhada.-Você também está ótimo.

_Vamos?-perguntei oferecendo-lhe o braço para que segurasse.

Seguimos para uma área reservada do hotel e assim que adentramos no local, todos os presentes se viraram para olhar... Alguns discretamente, outros nem tanto. Alguns flashs vieram em nossa direção e obriguei-me a sorrir, mesmo que estivesse puto da vida com aquela exposição... Não por mim, mas por Angel. Seguimos para o interior do “salão” e antes que pudéssemos chegar auma mesa, fomos parados por um grupo de senhores, provavelmente empresários. Apresentei Angel à todos, conversei um pouco e pedi licença, seguindo em direção a uma mesa, mas logo fomos parados novamente... Assim foi durante uma hora, toda vez que ameaçávamos andar, alguém parava para puxar assunto.
Eu já estava me cansando daquilo e, mesmo que não demonstrasse Angel também estava. Sorri aliviado ao chegar a uma mesa desocupada e sentamo-nos.

_Isso aqui é um saco.-reclamei.

_Não é tão ruim assim.-Angel disse.-É até engraçado.-riu.

_Engraçado?-perguntei confuso.

_É... Todo mundo corre até você alisando o paletó e arrumando os cabelos.-fez uma careta engraçada.-Você deveria ter prestado mais atenção.

_Eles parecem uns leões, isso sim.-disse colocando um braço sobre a mesa e batucando a ritmo da música que soava no fundo.

_Pense pelo lado bom, você cumprimentou todo mundo da festa em apenas uma hora.-riu divertida.-Tem o tempo livre pra se divertir agora.

_Eu não sei se quero ficar aqui.-olhei-a.

_Ah, não acredito!-revirou os olhos.-Você não está achando que me arrastou até aqui pra dar um oi e irmos embora? Nem pensar! Aproveite a festa.

Angel estava certa, era injustiça tê-la feito se arrumar daquela maneira apenas para eu manter minha imagem intacta. Aquele lugar estava realmente uma chatice, mas porque eu não estava me esforçando para enxergar algo de bom naquilo tudo... Além de Angel ao meu lado.

_Tudo bem, senhorita.-sorri.-Vamos nos divertir.

Segurei-a pela mão seguindo em direção ao bar, pegamos nossas bebidas e guiei-a para a pista de dança, onde haviam algumas garotas riquinhas e garotos do mesmo tipo, todos enlouquecidos pelo excesso de bebida.
Angel e eu dançávamos desajeitados, era incrível o modo como nos remexíamos sem pensar nas pessoas a nossa volta, eu me sentia livre e preso ao mesmo tempo... Preso naquele jeito simples e divertido de Angel. O tempo parecia não passar, bebíamos e ríamos sem parar de nós mesmos e das pessoas ao redor.
Eu já estava sentindo uma leve tontura me atingir, a bebida começava a fazer efeito e notei que Angel também não estava muito normal, seus olhos estavam estreitos, quase fechados e não parava de rir, o que me fazia rir também. Peguei-a gentilmente pelo braço e seguimos para a mesa que estávamos antes, sentamo-nos segurando nossos copos e ficamos em silêncio, observando a pista de dança. Não demorou muito até que começássemos a rir descontroladamente de uma garota que sacudia os cabelos loiros loucamente.

_Gott, olha aquilo...-Angel ria apontando para a garota.-Parece uma vassoura.

_Xii, não aponta, não.-falei rindo e segurando a mão dela.-É feio.-disse fazendo bico.

_Ela vai vomitar naquele garoto engomadinho.-apontou com a outra mão.

Segurei ambos os braços dela, tendo seu corpo bem junto ao meu. Paramos de rir e ficamos nos encarando, nossos rostos estavam próximos e nossos olhares não se desgrudavam.
Senti uma vontade incontrolável de beijá-la quando meus olhos desceram para seus lábios avermelhados, seu perfume me envolvia e sua pele junto à minha queimava.
Angel mordeu o lábio inferior e passou a língua por eles, fazendo-me perder o controle e beijando-a. Puxei-a para meu colo e segurei firme em sua cintura com uma das mãos, enquanto a outra enrolava-se em seus cabelos macios... Ela correspondia com a mesma intensidade, segurando em meus cabelos.
Antes que o ar nos faltasse, separamo-nos e encaramos um ao outro. Angel tinha confusão em seu olhar e meu coração saltitava dentro do peito.

_Bill, eu acho melhor esquecer isso.-sussurrou e levantou de meu colo.-Eu quero ir embora.

Não disse nada, apenas concordei e seguimos para o nosso andar. O silêncio entre nós estava me torturando, minha cabeça girava e havia uma vontade inexplicável de me jogar nos braços daquela garota ao meu lado... Porque aquilo? Porque todos os meus sentidos ficavam afetados quando ela aparecia?
Meu coração se animava enquanto eu sentia vontade de beijá-la novamente. O elevador parou em nosso andar e seguimos cada um para o seu quarto, sussurrando apenas “boa noite”. Entrei no meu quarto e me permiti cair na cama sem ao menos ter tirado os sapatos, adormecendo com o beijo em meus pensamentos.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 53

 Chegamos em casa quando marcavam quase 3hs no relógio, Tom cantava algumas músicas do show, enquanto descíamos do carro. Coloquei meus pés no chão sentindo uma dor imensa, não estava acostumada a ficar tanto tempo em pé e isso me fazia sofrer um pouco.
Contive um gemido de dor, mas minha expressão deve ter me traído porque Tom parou de cantar e me olhou parecendo preocupado.
–Hey, tudo bem?

–Aham, só um pouquinho de dor nos pés.- respondo abrindo a porta da sala.

Entramos em casa, Tom chaveou a porta enquanto eu me livrava do sapato, o que me deixou extremamente aliviada. Subi as escadas sem olhar para trás, Tom havia ido para a cozinha e logo subiria também...
Entrei no quarto e fui em direção ao closet para pegar um pijama e lingerie. Assim que peguei o que precisava, andei até o banheiro, fechando a porta e me despindo logo a seguir. Entrei no box e em poucos segundos já sentia a água escorrendo pelo meu corpo, dando uma ótima sensação de alívio. Encostei minhas costas na parede fria e escorreguei lentamente até sentar no chão e comecei a massagear meus pés, que pareceram agradecer pelo meu ato.
Não demorei muito para me vestir, escovei os dentes e voltei para o quarto, Tom não estava lá, mas não me importei... A única coisa que eu queria era poder deitar na minha cama e dormir tranquilamente. Antes de deitar fui até a varanda dar uma olhada no céu, a lua estava linda, emanando luz e beleza na madrugada alemã... Me lembrei de Bill, da noite em que ele havia dormido com a cabeça em meu colo. Como ele estaria?
Entro no quarto indo em direção à cabeceira da cama e pego meu celular, eu havia me esquecido de olhar as chamadas antes de sair e, como a curiosidade e a culpa estavam me matando, não agüentei e procurei qualquer indício de que Bill houvesse procurado por mim... Nada. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nenhum e-mail... Absolutamente nada. Talvez meu namorado estivesse ocupado demais para me ligar, talvez a bateria do celular tenha acabado... Ou ele realmente esqueceu de me ligar. É normal esquecer de ligar para dar notícias quando a cabeça está voltada para o trabalho... Mas não ligar para a namorada? Talvez ele quisesse ligar, mas não conseguiu, porque estava com a agenda lotada de compromissos.
A não-ligação de Bill me deixou com um aperto no peito, não sei dizer porque. Talvez seja porque eu esteja percebendo que ele não é tão dependente de mim quanto eu e, até mesmo ele, pensara... Talvez seja apenas por querer notícias dele, por querer saber como foi o seu dia e como ele está se sentindo.
Eu pensei em ligar para Bill, mas já era muito tarde e provavelmente ele estaria dormindo e não queria acordá-lo, então larguei o celular na cabeceira. O sono parecia estar menos evidente e meu corpo pedia por algo doce, o que me fez seguir a passos lentos até a cozinha, onde encontrei Tom sentado de costas para a porta, concentrado em atacar uma travessa com morangos. Caminhei sorrateiramente, sem fazer barulho e fiquei atrás dele, levando ambas as mãos para cada lado de sua cintura e me encostei às suas costas, colocando a boca perto de sua orelha direita.
–BUUU.-sussurrei.

–Nossa, que susto!-fingiu espanto e colocou a mão sobre o peito.

–Besta.-ri me distanciando.

Segui até um dos armários aéreos e peguei uma barra de chocolate, a última, o que pareceu estranho porque haviam outras mais ali... Provavelmente Mila havia assaltado minha “dispensa”. Abri a embalagem enquanto seguia para a sala, mas Tom me segurou pela cintura, impedindo que eu continuasse. Seus olhos castanhos encontraram os meus parecendo procurar algo, nossos rostos estavam quase colados e permanecíamos imóveis.
–Você parece preocupada.-Tom disse quebrando o silêncio.

–Impressão sua.-digo desviando o olhar para a embalagem do chocolate já aberta.

–Não tenta me enganar, está bem? Conheço você, tem algo te incomodando.-segura meu rosto.

–Eu só estou cansada.-digo encarando seus olhos.

–Tudo bem.-suspira e me solta.

Meu peito doía toda vez que os olhos de Tom me examinavam contendo preocupação, doía porque eu estava deixando-o preocupado, doía por mentir para ele. Mesmo eu negando que há algo de errado, Tom sabe quando estou mentindo, mas também sabe que faço isso para não deixá-lo envolto pelos meus problemas, mesmo que os tais estejam, de alguma forma, relacionados a ele.
Respirei fundo tentando afastar aquela dor que possuía meu peito e esperei Tom terminar de comer o resto dos morangos.
–Pode deixar na pia.-falei vendo-o ir até a mesma com a travessa.-Amanhã eu lavo.

Tom não disse nada, apenas fez o que eu disse e seguimos para o quarto, apagando as luzes por onde passávamos. Sentei na cama segurando a barra de chocolate, enquanto Tom seguiu para o closet e logo voltou com uma toalha em mãos.
–Vou tomar banho... Você já foi?

–Já.-respondi, apontando para meu cabelo molhado.

–Hm.-murmurou e entrou no banheiro, fechando a porta atrás de si.

Eu estava me sentindo uma idiota porque, de alguma forma, estava estragando a noite de Tom. Larguei o chocolate na cabeceira, decidida a ajeitar a merda que eu estava fazendo, tirei meu pijama e segui para o banheiro procurando não fazer barulho. Tom estava de costas para a porta, encostando sua testa na parede fria, seus olhos permaneciam fechados enquanto a água do chuveiro percorria um caminho da cabeça até o resto do corpo. Abri a porta do box sem fazer barulho e abracei-o por trás, logo sentindo suas mãos junto às minhas, o que me fez sorrir. Colei meu corpo ao dele, distribuindo beijos suaves nas costas e ombros.
–Eu pensei que você estivesse cansada.-disse se virando e me encarou.

–Nunca vou estar cansada quando se tratar de você.-respondi me pendurando em seu pescoço.

Tom expôs um sorriso lindo e me beijou, prensando meu corpo contra a parede. Suas mãos passeavam pelo meu corpo deixando quente cada pedacinho de minha pele, desceu seus beijos para o meu pescoço e depois voltou para minha orelha, onde depositou pequenas mordidas. Comecei a dar leves chupões em seu pescoço, enquanto ele tirava meu sutien e em seguida minha calcinha. Não estávamos contendo a “euforia”, Tom me ergueu, prensando-me com sua cintura e trilhava um caminho de beijos de meu tórax até o umbigo, depois subiu me beijando e... Parou.
–Hey, o que houve?

–Eu não sei.-olhou para baixo parecendo envergonhado e entendi o que acontecera.-É estranho.

Não consegui evitar e caí na gargalhada ao ver a expressão dele de inconsolável, tadinho.
–Não acredito que está rindo de mim... Olha, isso nunca aconteceu antes e...

–Shit.-digo calando-o com um selinho.-Desculpe por rir. Tudo bem, isso, ehr, pode acontecer com qualquer um.

–Isso é constrangedor.-disse escondendo-se em meus cabelos.

–Pense pelo lado positivo, pelo menos não aconteceu com uma das garotas com quem você costuma sair... Provavelmente no dia seguinte você sairia em alguma revista de fofocas por causa do ocorrido.

–Corrigindo, eu costumava sair com garotas, eu só quero você agora e pro resto da minha vida.-disse no meu ouvido.

Meu corpo arrepiou inteiro ao ouvi-lo dizer tal coisa, um sorriso brotou em meus lábios e meu coração saltitava alegre dentro do peito.
–Repete o que você disse?

–Eu quero só você.-disse me olhando. - Só você.-me deu um selinho demorado.- Só você, só você, só você e só você.-disse repetidas vezes enquanto beijava meu rosto.

Nossos corpos estavam há algum tempo embaixo d’água e nossas peles estavam prestes à ficar enrugadas, então desliguei o chuveiro e puxei Tom comigo para fora do box, secamo-nos e seguimos abraçados até o closet, onde vesti apenas lingerie e Tom uma boxer. Sequei um pouco meu cabelo com a toalha e segui para o quarto, onde me livrei do pijama que havia deixado encima da cama e depois me deitei, esperando Tom, que não demorou a aparecer e apagou a luz.
Ouvi passos, que logo cessaram, e depois senti o corpo sarado de Tom, coberto apenas pela cueca boxer, sobre mim, prensando meu corpo sobre a cama.
–Ai, sai de cima, garoto!-xinguei.

–Até agora pouco você estava querendo justamente o contrário.-debochou apertando minha cintura.

–Olha o seu tamanho perto do meu.-reclamei.-Eu estou ficando sem ar.

–Chata.-morde minha bochecha e rola para o lado, aproveito e me atiro por cima dele.-Hey!-reclama.

–O que foi?-rio.-É ruim ser prensado, né?

–É... Mas quando é você, eu nem ligo.-responde colocando as mãos sobre meu bumbum e aperta.

–Tarado! Tira essas mãos da minha bunda.

–Não tiro, essa bunda me pertence.-aperta de novo.-Como minha bunda é gostosa, nossa.

–Idiota.-rio.

–Idiota que você ama, não vive sem e acha bem gostoso.-ri e lambe meu queixo.

–Além de idiota é convencido... Não sei como é possível eu amar tanto você.-digo brincando com suas tranças.

–Eu também não sei como posso amar você... É estranho, muito estranho, mas eu gosto.-pausa.-Gosto tanto que eu não me imagino sem você.

O silêncio se faz presente e, de uma forma inexplicável, os olhos de Tom pareciam brilhar no escuro, brilhavam tão intensamente que podia sentir a hipnose que provocava em mim. Aproximei lentamente meu rosto do dele e tracei um caminho de beijos suaves pela mandíbula, chegando nos lábios e beijei-o, sentindo nossas línguas acariciando uma à outra apaixonadamente em um ritmo calmo. Paramos de nos beijar quando o ar faltara.
–Boa noite, meu anjo, amo você.-falei.

–Boa noite, amor.-beijou minha testa.-Amo você.

Tom me envolveu em um abraço carinhoso, que correspondi prontamente e encostei minha cabeça em seu peito, escutando seu coração batendo e assim, acabei adormecendo.


Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 52

Chegamos à cidade por volta das 19 horas, de volta ao barulho da capital. Apesar de termos passado o dia inteiro fora de casa, não me sentia cansada, pelo contrário, me sentia até animada.
Tom e Georg estavam tranqüilos, nada de brigas e por isso não vi problema algum em ceder meu lugar para Georg e me sentei ao lado esquerdo de Anne, atrás do banco do carona. Eu não prestei muita atenção na conversa que todos mantinham animadamente, fiquei com a cabeça encostada ao vidro da janela, observando as ruas passando rapidamente diante dos meus olhos.
Eu estava tão distraída e presa no nada que se formava em minha mente, que só percebi que o carro estava parado em frente a um posto de gasolina quando Anne me cutucou.


–Hey, Duda.-Anne chamou.

–Oi.

–Os garotos foram na loja de conveniência, você quer alguma coisa?

–Não, obrigada.-forcei um sorriso.

–Você parece meio estranha.-comenta.-Tem algo errado?

–Não, está tudo bem.

–Ok, então.-olha para suas unhas e depois volta seu rosto para mim.-O que vai fazer hoje à noite?

–Tem o show do Samy, lembra?

–Claro que me lembro... Você vai levar o Tom, não é?-pergunta sorrindo de canto.

–É, como presente de aniversário atrasado.

–Ele vai ficar radiante.-olha para fora do carro.-Ele estava reclamando com o David que não tinha conseguido ingresso para o show.

–Hum.

No mesmo instante em que Anne iria dizer algo, os garotos entram no carro. David entregou uma garrafa de suco para Anne e um pacote de balas, enquanto Georg abria um pacote de salgadinhos e antes de ligar o carro, Tom virou-se e me entregou uma pequena sacola plástica com algumas coisas dentro.
–O que é isso?-pergunto curiosa.

–É pra você, deve estar com fome.-disse e gira a chave, ligando o carro.

Anne me olha e sorri, enquanto eu fico olhando para a sacola.

–Ahm, obrigada.-digo.

Abro a sacola e vejo uma garrafa de Smirnoff, um pacote de M&M’s e tinha um papel lá dentro também, que eu não vi o que era. Tom olhou para mim através do espelho retrovisor e sorriu de canto... Como ele sabia que meu chocolate preferido é M&M’s?
Peguei o pacote e abri, logo depois tirei a tampa da garrafa e passei a dar goles pequenos, enquanto comia algumas “bolinhas”.

–Então, onde você quer que eu te deixe, Listing?-Tom perguntou quebrando o silêncio.

–Pode me deixar em casa mesmo.

–Quando você diz casa está se referindo à minha casa ou ao seu apartamento?-pergunta Tom em tom de deboche.

–Muito engraçadinho.-Georg ironiza.-Meu apartamento.

–Ok.

Seguimos até o edifício onde Georg mora, que pelo que pude notar,era muito simples para um rock star. Ele se despediu de todos com um aceno e seguiu para dentro do prédio, cumprimentando o porteiro e sumiu de vista.

–Então, eu não quero parecer chato nem nada, mas alguém quer vir aqui na frente? É que...

–Nós já entendemos, Tom.-Anne disse.-Duda, vá logo se sentar ao lado do garoto.

–O que?-perguntei meio fora de mim.

–Pode mudar de lugar.-David disse.-Você sabe, ir ali para o banco da frente.

–Mas que diabos...

–Anda, nós vamos descer em seguida e Tom não é chofer.-Anne disse.

–Ok.-respondi revirando os olhos.-Tom, segura aqui.-pedi alcançando a garrafa de vodca e o pacote com chocolate.

Abri a porta rapidamente e mudei de lugar, sentando em seguida ao lado de Tom
.

–Obrigada, já pode me devolver agora.-digo após colocar o sinto de segurança.

Tom me olha divertido e toma um gole grande da minha vodca, que está no fim. Ele deixou só uma maldita baba lá dentro, filho da puta! Meus olhos passaram a fuzilá-lo e antes que ele desse fim ao meu chocolate, pego o pacote de sua mão.
–Hey.-reclama.

–Você já pode dirigir, suas mãos não estão mais ocupadas.-digo colocando chocolate em minha boca.

–Esses dois...-ouço Anne murmurar.

Tom liga o carro dando partida novamente e segue em direção ao apartamento de Anne, enquanto prendo meus olhos à janela. O tempo pareceu voar e logo chegamos em frente ao edifício luxuoso em que ela mora.

–Crianças, tenham juízo.-Anne disse colocando sua cabeça entre os bancos, sorrindo inocentemente.

–Você é muito cínica, sabia Anne?-perguntei rindo.

–Eu?

–Tem outra Anne, aqui?-pergunto rindo.

–Como você é…

–Eu sou o que?-pergunto levantando a sobrancelha.

–Esquece.-ri.-Tenham uma boa noite e divirtam-se.

Anne beija minha bochecha, pega a cesta que usamos mais cedo e sai do carro, sendo acompanhada logo depois por David que se despediu com um aceno.

–E usem camisinha.-Anne gritou antes de entrar no prédio.

Meu rosto corou rapidamente e sem que eu tivesse mandado meu corpo se encolheu todo, como se fosse possível desaparecer dali. Tom apenas riu.

-Então, o que quer fazer agora?-Tom pergunta enquanto seguimos pelas ruas.

–Nós temos uma coisa para fazer hoje à noite, lembra?-pergunto olhando-o.

–Verdade, mas você não quis me dizer o que é.

–Não disse porque é surpresa, oras.-digo me endireitando no banco.

–Não pode dar nem uma pista?-pergunta me olhando e coloca a mão sobre meu joelho.

–Não. A única coisa que posso dizer é que você precisa tomar um banho e se arrumar.-digo tirando a mão dele que subia para a minha coxa.

–Ok, eu passo em casa pra pegar uma roupa e depois seguimos para sua casa, está bem assim?-pergunta parando no sinal que está vermelho.

–Por mim tudo bem.-sorrio.

O sinal abre e Tom segue caminho até sua casa. Chegamos em frente à casa, Tom abre o portão da garagem e estaciona, em seguida desce e antes que eu fizesse o mesmo, ele abre a porta para mim e estende a mão para que eu segure.
–Desde quando você se tornou um cavalheiro?-pergunto pegando em sua mão.

–Está querendo dizer o que com isso?-pergunta tentando manter seriedade.

–Que você parecia um ogro.-digo brincando.

–Um ogro, é?-concordo com a cabeça.-Você vai ver o ogro.

Tom me pegou no colo sem que eu pudesse reclamar, fechou a porta do carro e ligou o alarme em seguida, caminhou até a porta e destrancou-a.
–Me coloca no chão, seu ogro.-digo dando leves tapas em seu ombro.

–Você pisou na minha honra, princesa.-diz se atirando no sofá, me segurando em seu colo.

–Eu estava brincando, Tom.-digo séria.

Nossos olhares se cruzaram e senti meu corpo ficar mole quando vi seus olhos brilhando. Sua mão seguiu lentamente até minha bochecha e seus dedos acariciaram minha pele, seguindo até meus lábios e então o vi sorrir.

–Você é tão linda, sabia?

–E você não é um ogro.-digo aproximando meu rosto do dele.

–Não?-pergunta franzindo o cenho.-Eu sou o que então?

–Um sapo.-digo rindo e saio de cima dele, que me puxa.

–Agora você vai ver.

Caio em cima dele e sem que eu pudesse impedir, ele se vira ficando por cima de mim e começa a me fazer cócegas na barriga.

–Hey, para!-peço sem conter o riso.

–Você vai sofrer.-diz me prendendo entre suas pernas e me fazendo mais cócegas.

O telefone começa a tocar em cima da mesa de centro e Tom se desconcentra, esticando a mão para pegar o aparelho, mas quando ele o segura, para de tocar e eu aproveito para fugir.

–Hey, volta aqui, eu ainda não acabei.-grita.

Subi as escadas correndo e me tranquei no quarto de Bill... Bill, o que ele estaria fazendo naquele momento? Pego meu celular, que está no bolso da minha calça e vejo que está desligado... Bill deve ter me ligado e eu não o atendi, me esqueci completamente dele.
Encosto-me na porta do quarto e escorrego até chegar ao chão, minha cabeça de repente começou a pesar uma tonelada. Não acredito que me esqueci do meu namorado, o que esse esquecimento queria dizer? No final das contas eu acabei percebendo que eu posso viver muito bem sem ele, pelo menos um dia inteiro sem falar uma palavra sequer. Mas e ele? Bill com certeza deve ter me ligado sem parar e deve estar preocupado por eu não ter ligado de volta ou ter atendido suas ligações.


–Hey, Duda.-ouço Tom me chamando do outro lado da porta.-Amor, tudo bem com você?

–E-está tudo bem, Tom.

Respondi mesmo sem ter certeza de que eu estava realmente bem, afinal eu estava enxergando algo que deveria estar ao meu alcance e eu não via porque não queria, ou então via e não queria aceitar, não sei ao certo.
–Já peguei minhas coisas, podemos ir.

Levanto do chão respirando fundo e abro a porta, Tom está parado em minha frente segurando uma mochila e a chave do carro. Saio do quarto e pulo em seus braços o apertando contra mim, sentindo o seu perfume entrar por minhas narinas.
–Tem certeza de que...

–Está tudo bem, Tom.-respondo enterrando o rosto em seu pescoço.

–Ok.-diz acariciando minhas costas.

Solto-o e seguimos para o carro de mãos dadas, saímos da casa e o caminho inteiro ficamos em silêncio. Assim que chegamos na minha casa subimos para meu quarto, coloco meu celular para carregar, enquanto Tom pega toalhas no closet e segue para o meu banheiro.
Tomamos o nosso banho juntos, nada de mais aconteceu. Meu corpo estava li, mas minha cabeça estava cheia demais e eu prestava atenção apenas nos azulejos da parede, enquanto Tom ensaboava minhas costas.
Saímos do banho e nos arrumamos, coloquei uma roupa mais casual, já que iríamos em um show de rap, nada de muito social e nem muito ousado, enquanto Tom vestia seu look habitual de “mano”.
–Já que é surpresa, nada de você ir dirigindo.-digo caminhando até a garagem com a chave do meu carro.

–Mas...

–Não tem mas nenhum.

–Ok, eu me rendo.-diz rindo e me abraça por trás, beijando minha nuca.

–Desse jeito nós vamos acabar não indo a lugar nenhum.-sinto uma agitação em meu peito.-E eu não quero isso.

–Não quer?-pergunta ficando de frente para mim.

–Pelo menos não agora.-digo sorrindo e entro no carro.

Dirijo rapidamente pelas ruas movimentadas, prestando atenção ao trânsito, mesmo que a mão de Tom estivesse firme em minha coxa. Não demoramos muito para chegar ao nosso destino e quando Tom viu onde estávamos, vi um sorriso enorme brotar em seu rosto.
–Eu não acredito que você está fazendo isso comigo.-me olha.

–Bem, esse é o seu presente de aniversário, eu não encontrei nada melhor, então...

–Você está brincando, não, é? Eu estava puto da cara porque não tinha conseguido um ingresso pra esse show e daí você aparece e... Ah, garota, eu te amo.-Tom diz e me puxa me dando um beijo de tirar o fôlego.- Às vezes eu acho que você não existe, que eu vou acordar e que eu vou estar na minha cama daquele jeito que só você sabe me deixar...-olha para suas calças e sinto meu rosto corar.

–Hey, eu não sou um sonho, não se preocupe.-digo lhe dando um selinho.-Agora vamos descer, o show começa daqui a pouco e quero apresentar você ao Samy, ele me disse que iria passar na área VIP pra te conhecer.

–Área VIP? Me conhecer? Está brincando, não é?-pergunta eufórico, me lembra uma criança quando recebe seu presente de natal.

–Não estou.-digo.

Um segurança abre a porta e eu saio, Tom faz o mesmo e me pega pela mão, estamos em uma entrada ao lado da casa de shows. Samy permitiu que entrássemos por ali para evitar tumulto, afinal Tom é famoso e se os papparazis o vissem comigo inventariam mil coisas sobre nós.
Seguimos para o interior do prédio, tudo está bem organizado, há comes e bebes na área VIP, Tom e eu caminhamos um ao lado do outro para manter as aparências e de longe Samy me avista, indo me cumprimentar.

–Veja só quem está aqui!-Samy diz sorrindo e me abraça.-Como você está, gata?

–Ótima e você?-me separo dele.

–Feliz que estejam aqui. Você é Tom Kaulitz, certo?

–Sim.-Tom responde e se cumprimentam como “manos”.

–Você é foda com a guitarra, mano.-Samy elogia.

–Yeah, eu sou... Você também é foda, cara.-Tom diz.

–Bem, está na minha hora.-Samy diz ao ouvir alguém chamá-lo.-Aproveitem o show.

Assistimos ao show, cantamos juntos, Tom ficou o tempo inteiro por trás de mim, o que permitiu que ele me beijasse discretamente algumas vezes. Nos divertimos bastante, após o término do show seguimos para o Mc Donald’s e lanchamos, depois seguimos para minha casa.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 51

 P. O. V. Duda

Por insistência de David e Anne sentei-me ao lado de Tom, no banco do carona para evitar brigas entre o gêmeo mais velho e Georg, já que os dois pareciam duas crianças “brincando de estapear” um ao outro. Me senti um pouco desconfortável tendo que ficar tão perto dele sem poder manifestar qualquer forma de carinho, mas aos poucos relaxei no banco escutando Georg e David acompanhando Tom, que cantava um rap do seu cantor favorito.
Anne e eu ríamos de Georg que fazia uns gestos de rapper e de David que havia pegado um guardanapo de tecido e amarrou-o na cabeça, enquanto Tom apenas sacudia a cabeça de um lado para o outro e dirigia. Perdi a noção do tempo e quando percebi já estávamos em frente a uma porteira de madeira, onde havia um senhor muito simples e sorridente acenando para nós de maneira amigável. O homem nos deu passagem e Tom seguiu poucos metros, parando o carro logo em seguida.
Descemos do carro tendo nossos tênis empoeirados quase instantaneamente, o chão era “batido” com terra e areia, o que não pareceu incomodar ninguém além do Tom que resmungou algo como
“Não acredito, meu tênis novo!” e Georg não deixou escapar a oportunidade de debochar do amigo e gargalhou.
Distanciei-me um pouco dos meus amigos e caminhei olhando o lugar onde havia grama e árvores por todas as partes, havia alguns animais também, como cavalos, ovelhas, vacas e galinhas, o que me fez sentir como se estivesse no rancho dos meus avós com quatro anos de idade. Respirei profundamente inspirando o ar puro que chegava até mim através do vento, fechei os olhos relaxando meu corpo e abri os braços sentindo a brisa tocar cada centímetro da minha pele descoberta.
Não demorou muito para que eu voltasse a abrir os olhos, já que Georg chamara minha atenção com sua voz um pouco mais baixa que o habitual.
–Aqui é lindo, né?

–Absolutamente perfeito, Ge.-respondi-lhe enquanto abria meus olhos lentamente.

–Venha, quero te apresentar algumas pessoas.-disse sorridente.

Georg segurou minha mão guiando-me até uma grande casa de madeira, Tom estava na varanda encostado em um dos pilares que sustentavam a casa e sorriu de canto ao me ver. Anne surgiu de dentro da casa acompanhada por uma senhorinha muito bonita e simpática, logo atrás vinham David e o senhor que pouco tempo atrás nos recebera com um lindo sorriso.
–Senhor e Senhora Westemberg, essa é a Duda.-Georg apresentou-nos.

–Muito prazer.-sorri e estendi minha mão para o senhor.

–Igualmente, seja bem-vinda.-sorriu apertando minha mão em resposta.

–Você parece uma boa moça.-a senhora comentou.-Muito prazer querida.-caminhou até mim e abraçou-me.

Depois de termos feito as devidas apresentações, Georg pediu licença ao casal e nos guiou através do campo. Caminhamos pouco mais de cinco minutos até chegarmos a um pequeno bosque, cercado de árvores, a grama baixa e enfeitada por pequenas flores.
–Bem, aqui é onde eu costumo vir quando quero ficar em paz... O que acharam?-Georg perguntou admirando o lugar.

–Cara, eu sempre gostei daqui, é tão tranqüilo.-David disse.

–Isso tudo é simplesmente lindo.-Anne disse com os olhos brilhando.

–É maneiro, gostei do lugar, mano.-Tom disse com seu jeito “mano”.

–Não tenho nem palavras, Ge... Me faz lembrar da minha infância, da casa dos meus avós.-falei caminhando lentamente por entre as árvores.

–Eu sabia que iriam gostar daqui.-Georg disse convencido.

–Será que a gente pode comer?-David perguntou me fazendo rir.

–Amor...- Anne repreendeu tentando não rir.

–Eu também estou com fome.-Georg disse fazendo bico.

–Ok, então os dois mortos de fome venham me ajudar a pegar as coisas no carro.-Anne ordenou.

Antes que eu saísse atrás dela para ajudar também, Tom tocou de leve meu braço e parei voltando minha atenção para ele.
–Você não vem?

–Eu...

–Tom, preciso da chave do carro.-Anne disse surgindo por entre as árvores.

–Ah, claro.-Tom sorriu e entregou a chave para ela.

–Obrigada...

–Nós já estamos indo.-disse.

–Nem pense nisso! Aproveitem esse lugar bonito pra namorar um pouquinho, eu e David vamos enrolar o Georg.-Anne piscou e voltou pelo caminho pelo qual havia chegado.


O silêncio tomava conta do lugar, nossos corpos estavam distantes um do outro e nossos olhares não se cruzavam... Aquele lugar tirava minha atenção. Ouvi Tom suspirando levemente e por impulso diminuí a distância entre nossos corpos e abracei-o, afundando meu rosto na curva de seu pescoço. Uma de suas mãos percorreu lentamente a minha coluna, enquanto com a outra enlaçava minha cintura apertando-me mais contra ele, como se quisesse nos tornar um ser só.
Meu coração batia devagar, calmo como o canto de um pássaro e minha pele se arrepiava a cada toque de seus dedos. Levei uma de minhas mãos até sua nuca, onde fiquei acariciando-o sem pressa e com a outra mão segurei seu rosto, segundos depois distanciei meu rosto de seu pescoço e encarei-o sem nada dizer, apenas fiquei passeando com meus dedos por sua bochecha bem desenhada. Seu hálito batia em meu rosto fazendo-me sentir vontade de tomar seus lábios, mas antes que eu o fizesse, Tom tirou a mão de minha cintura e segurou minha mão que acariciava sua bochecha, beijando-a de forma amorosa... Aquilo parecia um sonho. Sorri com seu gesto e beijei-lhe a bochecha, sendo puxada por ele para um beijo, o beijo que eu tanto queria. Nossas línguas brincavam livremente, sem pressa alguma, sentindo cada pedaço já conhecido por ambos. Aos poucos fomos intensificando o beijo, assim como os toques foram ficando mais ousados.
Meu coração começara a bater freneticamente e o dele parecia acompanhar o mesmo ritmo, apenas nossas respirações ofegantes faziam-se notar naquele silêncio gostoso. Tom puxou-me agilmente para seu colo, me fazendo entrelaçar minhas pernas em sua cintura e com cuidado, mas sem muita demora, sentou-se na grama carregando-me consigo. Suas mãos foram de encontro à barra de minha blusa, que minutos depois estava de lado, assim como a camiseta dele. Não parávamos de nos beijar um minuto sequer, apenas mudávamos o rumo que nossos lábios seguiam, por vezes eu beijava seu pescoço, enquanto seus lábios quentes e carnudos seguiam para a minha clavícula. Não estávamos agüentando tamanho frenesi, nossos corpos imploravam por um contato mais íntimo e assim fizemos, livrando-nos das peças que nos impedia de consumar o ato. Antes de nos tornarmos um só, Tom deitou-me na grama e percorreu um caminho de beijos desde meus lábios até minhas coxas, a cada contato de sua língua quente com minha pele meu corpo parecia receber descargas elétricas, o que me fazia fechar os olhos. Não conseguindo conter seu desejo, Tom chegou ao momento tão esperado por ambos, onde nossos corpos sanavam suas necessidades e tornavam-se cúmplices. Nossos movimentos eram sincronizados e lentos, permitimo-nos sentir um ao outro como jamais havíamos feito antes e só separamo-nos quando sentimos a exaustão tomar nossos corpos.
Nos deitamos abraçados na grama, tentando regular nossas respirações. Não demorou muito para que eu voltasse ao meu “normal”, então, sentindo-me totalmente satisfeita e um pouco recuperada, apoiei-me em um dos braços e passei a observar Tom, que estava de olhos fechados. Seu peito suado subia e descia de forma contida, tinha em seu rosto um lindo sorriso e de sua testa escorriam algumas gotículas de suor, as quais sequei com a ponta dos dedos e ao sentir o meu toque, Tom abriu os olhos e sorriu mais ainda, com os olhos que brilhavam.
–Eu amo você.-Tom disse segurando em meu rosto.

–Eu também te amo, Tom...

Beijamo-nos mais uma vez e sem vontade alguma, mas com receio de que fôssemos pegos nus, nos levantamos e vestimos nossas roupas... Posso dizer com toda certeza de que foi uma escolha sábia a fazer.
Segundos depois de termos nos arrumado, Georg surgiu com a cesta na mão, enquanto David trazia consigo uma toalha xadrez vermelha e Anne carregava apenas a chave do carro em mãos.


–Ficaram aí apreciando a paisagem e nem foram nos ajudar...-Georg disse debochado.

–É claro, esse lugar aqui é tão lindo, não é, Duda?-Tom perguntou provocando.

–É, é sim.-respondi tentando não corar.

–Então, estão com fome?-Anne perguntou com um sorriso sacana, que logo disfarçou.

–Acho que o Tom não deve estar com fome.-Georg disse e eu arregalei os olhos.

–O que?-Tom perguntou parecendo tão surpreso e desconfortável quanto eu.

–Você veio comendo durante a viagem, oras.-Georg explicou e respirei aliviada.

–Vamos comer, estou cheia de fome.-falei.

–Eu também estou... E como.-Tom disse e riu.

Comemos e depois caminhamos pelo sítio, andamos à cavalo, tomamos o chá que Dona Lara havia preparado para nós, provamos uma torta deliciosa que o Senhor Matthew nos disse ser sua especialidade e à noite voltamos para a cidade.
O dia fora divertido, apesar daquele susto pelo qual Georg fez a mim e ao Tom passarmos... Por pouco não tive um ataque do coração, ufa!


Postado por: Grasiele

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