quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 56

 Meus olhos estavam pesados, minha cabeça era possuída por uma dor lancinante e meu peito parecia apertar toda vez que eu respirava. Eu não tinha noção do tempo que dormi, apenas sabia que não foi tempo bastante pra sequer me fazer esquecer os meus problemas, da confusão que insistia em rondar minha vida.
Abri os olhos com dificuldade, enxergando apenas a luz da lua iluminando parcialmente o meu quarto e sentindo o vento frio que entrava através das portas da sacada... Respirei fundo absorvendo aquele ar puro e levantei-me tentando fazer o mínimo de barulho possível, já que, sem saber as horas, não quis arriscar acordar Camila. Instintivamente caminhei até o banheiro, tateei o interruptor para acender a luz e não consegui o que me levou a entender, obviamente, que havia faltado luz, lavei meu rosto e, logo em seguida, dirigi-me para fora do quarto tendo como destino o andar de baixo.
Logo que cheguei ao meu destino encontrei os garotos segurando velas, enquanto Camila usava um isqueiro para acendê-las.

–Resolveu acordar, bela adormecida? -Camila perguntou zombeteira.


Descobri naquele momento que eu não estava boa o suficiente para piadas ou qualquer brincadeira, uma raiva estava presa em mim e, para não direcioná-la à pessoa errada, resolvi não responder.


–Acabou de faltar luz. -Georg comentou.

–Hm, que horas são? -perguntei apertando os olhos, a dor de cabeça estava me afetando com força total.

–Uma e meia. -Tom respondeu.


Ouvir aquela voz me fez estremecer, era estranho como tudo que Tom fizesse me afetava, fosse de forma positiva ou não.

–Preciso de uma vela. -pedi.


Gustav prontamente me alcançou uma vela recém-acesa, agradeci e caminhei em direção à cozinha sem pronunciar nenhuma palavra a mais. Tudo o que eu queria fazer era pegar o remédio mais forte que tivesse no armário e cair na cama tranquilamente... Segui até a gaveta dos remédios, procurei pelos analgésicos e, por azar, não encontrei nada. Respirei fundo tendo a estranha sensação de ser observada e, antes que pudesse me virar, a chama da vela em minha mão se apagou com o vento forte que rompeu pela janela da cozinha, me fazendo estremecer. Caminhei até o balcão da cozinha tentando não ficar paranoica, sentei-me em um dos bancos e deitei minha cabeça sobre o balcão gelado de mármore... O alívio fora praticamente instantâneo, o que me fez suspirar.
Eu queria que houvesse algo para acabar com meus problemas instantaneamente, mas eu sabia que não havia nada... Tudo o que me restava era procurar a solução sozinha e colocá-la em prática, mas eu me sentia de mãos atadas, olhava para os lados completamente perdida e, de certa forma, sozinha. Eu tinha tudo em mãos e, de uma hora para a outra, o tudo foi se esvaindo, transformando-se em incerteza, dor e desespero... Desespero por não saber como agir, por não querer magoar ninguém à minha volta, por não conseguir mais aguentar a dor que causava à mim.
Ouvi passos lentos se aproximando, tirando-me de meus pensamentos e sem levantar meu rosto, sabia que era Tom ali... E eu não o queria perto de mim com medo de machucá-lo ainda mais.
–Duda? -ouvi sua voz baixa e próxima de meu rosto. -Tudo bem com você? -perguntou parecendo preocupado.


Levantei meu rosto contendo um gemido devido a dor que voltou com força total, causando um incômodo quase insuportável.

–Sim. -murmurei semicerrando os olhos por causa da vela.

–Tem certeza? - olhou-me atentamente acariciando minha bochecha. -Parece que está escondendo alguma coisa de mim...

–Não é nada de mais... - respondi levantando-me do banco. -Apenas uma dor de cabeça.

–Porque eu tenho a sensação de que ainda falta alguma coisa? -perguntou alterando a voz.

–Talvez você esteja vendo coisa onde não tem. -respondi caminhando em direção à porta.

–Ou talvez você esteja realmente escondendo algo de mim. -disse entre dentes.


Eu odiava e amava ao mesmo tempo o fato dele me conhecer tão bem a ponto de saber quando estou mentindo, ocultando algo ou simplesmente como me sinto.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Georg entrou na cozinha me fazendo sentir alívio por estar ali, de certo modo, salvando minha pele.
–Aí estão vocês! -Georg disse alegremente. -Vim me despedir... -sorriu aproximando-se de mim. -Tchau, Duda! - abraçou-me e beijou minha testa -Tenha uma boa noite.

–Tchau, Ge. -sorri beijando sua bochecha. -Boa noite!

–E aí, Tom, vai ficar? -Georg perguntou.

Não esperei para ouvir a resposta e saí rapidamente do cômodo, encontrando Camila e Gustav ao pé da escada.

–Quer uma “carona”? –Gustav perguntou gentilmente.

–Claro!

Subimos as escadas rapidamente, despedimo-nos após desejar boa noite e seguimos para nossos respectivos quartos.
Caminhei até o banheiro após pegar uma toalha, despi-me e entrei debaixo do chuveiro, sentindo a água gelada tocar meu corpo, fazendo-o encolher, mas o alívio em minha cabeça era consideravelmente maior do que o frio. Permiti-me escorregar até o chão, abraçando meu corpo e esperei até que a dor em minha cabeça fosse embora sem deixar rastros.
Com o corpo arrepiado, cabelos molhados e pés descalço, fui até o closet, onde vesti um conjunto de lingerie e uma blusa quente e cumprida de lã. Sem pentear meu cabelo, deitei em minha cama afastando o cobertor e respirei aliviada por não ter mais aquela dor me incomodando.
Eu pensei que você fosse me esperar... –ouvi a voz de Tom preenchendo o silêncio do quarto.

Tudo o que eu não precisava era ter que me explicar , uma voz interior gritava para que eu ficasse imóvel e fingisse estar dormindo, mas eu tinha plena consciência de que Tom conhecia até mesmo minha respiração e que não aceitaria ficar sem respostas, não naquela noite.
Um sentimento de angústia tomou conta de meu peito e aquilo não era um bom sinal... Algo de ruim estava por acontecer.
Eu sei que você não está dormindo. –riu sem humor e apagou a chama da vela que segurava.

–Desculpe por não ter esperado. –murmurei.

Senti o colchão afundar ao meu lado, o perfume de Tom dançou em minhas narinas, fazendo-me fraquejar.
–Agora me diga... – fungou em meu pescoço. –O que há de errado com você? –pausou - Além da sua dor de cabeça?

Eu não tinha escapatória... Mesmo que eu dissesse apenas parte do que me incomodava, Tom continuaria insistindo até que eu expusesse tudo e eu tinha certeza absoluta de que, se eu o fizesse, nossa conversa não acabaria bem.
Eu quero saber o que está incomodando você. –beijou minha nuca. –Fala pra mim o que está acontecendo.

–Estou um pouco chateada. –comecei tomando cuidado com as palavras.

–Por quê? – perguntou encaixando seu rosto em meu pescoço.

–Não vou mais acompanha-los na turnê. –soltei.

Postado por: Grasiele

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