quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 55

 P. O. V. Duda

A madrugada de sábado passara como um sopro de vento, assim como o dia de domingo, trazendo os dias úteis e meu trabalho com eles. Tom e eu sabíamos que nossos momentos juntos estavam por um fio, que, no momento em que Bill voltasse de Stuttgart, seríamos amigos como antes, mantendo aquela distância doída, mas precisa. Anne, sabendo do que se passava entre nós, permitiu que Tom me fizesse companhia no meu turno de trabalho, com a condição de que ele não me atacasse e me atrapalhasse durante o mesmo e, como um bom garoto, obedeceu.
Tom passara o dia inteiro de segunda-feira sentado na cadeira em frente à minha mesa me observando, seus olhos castanhos não perdiam um movimento sequer, seu corpo relaxava preguiçosamente e seu perfume impregnava a sala. Enquanto era assistida de perto por ele, eu trabalhava sem parar nos projetos para a banda, escolhendo pontos turísticos estratégicos para boas fotos e até mesmo sessões de autógrafos... David havia deixado claro que, se eu quisesse, poderia ajudá-lo e expor idéias.
Camila e Gustav voltariam à tarde e só veria minha “irmã” quando chegasse em casa. Eu estava com meu coração apertado de saudade e queria contar a ela tudo o que havia acontecido naqueles poucos dias em que não mantivemos contato... Tanta coisa para contar, tantos conselhos para ouvir.
O sol pareceu não demorar em se esconder e, quando percebi, já passavam das 18hs30. Trabalhei tanto que Tom foi obrigado a sair e buscar algo para que comêssemos na minha sala mesmo, já que eu me neguei a sair para fazê-lo... Uma das minhas manias é não parar um trabalho na metade quando estou empolgada, pois depois as coisas acabam não saindo como eu gostaria.
Abandonamos o prédio aproximadamente às 18hs45, Tom parecia aliviado por estar indo embora e eu não me importei, afinal é exaustivo ficar trancado em uma sala durante horas quando não é seu costume. Seguimos para o meu carro e, depois de muita insistência, Tom assumiu o volante.
–Me deixa dirigir? Você já trabalhou bastante hoje, deve estar cansada.-argumentou.

–Tom...

–Por favor?-seus olhos pidões me encaravam, ele sabia que eu não resistiria.

–Tudo bem.-suspirei.-Não resisto a essa sua carinha... É crueldade.

–Você acha mesmo?-perguntou se aproximando de meu corpo, me prendendo contra o carro.

–Acho.-digo mostrando a língua.

Tom riu aproximando seu rosto do meu, beijou meu queixo e, após guiar meu rosto até o seu com uma das mãos, me beijou lentamente, como se quisesse aproveitar cada segundo daquele momento... Deixei-me envolver enroscando minhas mãos em seu pescoço, sentindo sua mão livre apertando minha cintura firmemente. Separamo-nos quando o ar faltou e, antes de entrarmos no carro, recebi um selinho acompanhado de um sorriso lindo.
Sentada ao lado de Tom, que mantinha sua mão sobre minha perna, eu observava a noite ocupando seu lugar aos poucos, as ruas eram iluminadas pela luz da lua que surgia no céu... Tudo parecia tão lindo. Me perdi em pensamentos imaginando se aquela cena voltaria a se repetir, se demoraria a me soltar daquela teia de confusões na qual minha vida estava presa... Quando tudo aquilo se resolveria? Havia algo dentro de mim que me dizia “logo isso tudo estará no seu passado e poderá ser livre para viver sem culpa”, eu queria acreditar naquela voz, mesmo que às vezes não parecesse possível tal coisa.
Notei estarmos em minha casa quando a porta ao meu lado foi aberta por Camila, que mantinha um sorriso largo no rosto, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.
–Gott, que saudade de você!-Mila gritou puxando minha mão.-Vamos, saia logo daí! Quero te abraçar.

Ri do desespero de minha amiga-irmã e soltei o cinto, saindo do carro para abraçá-la.
–Quase morri de saudade de você, sua pentelha!-disse abraçando-a.-Eu estava maluca para te ligar, precisava ter notícias, mas não o fiz por não querer incomodar você e o Gust.

–Porque não ligou?-Mila perguntou após beijar minha bochecha.-Eu atenderia você mesmo que estivesse muito ocupada.-olhou-me com um sorriso malicioso, o que me fez entender o “muito ocupada.”

–O importante é que estão de volta sãos e salvos.-digo me afastando um pouco.

–E você, Kaulitz, não vai nem me dar oi?-Mila pergunta franzindo o cenho.-É um desalmado sem coração.

–É claro que sim!-Tom sorri seguindo até ela e lhe abraça, levantando-a do chão.-Senti sua falta, peste.

–Eu até que senti um pouquinho de saudade de você.-Mila disse esnobe.

–Eu sei que você me ama, tampinha.-Tom provocou e levou uns tapas dela.

–Minha cunhada preferida, como você está?-Gustav perguntou me dando um abraço de urso.

–Ótima e você, cunhado preferido?

–Tudo bem.-sorri.-Como foram as coisas por aqui?-perguntou baixo e olhando para Tom.

–Tudo tranqüilo. E você, cuidou bem do meu sobrinho e daquela desmiolada?-brinquei.

–Mas é claro! Acredita que na noite passada eu estava conversando com o garoto e ele chutou?-olhou-me radiante.

–Sério?-confirmou com um aceno.-E como sabe que é um menino?

–Coisa de pai, Duda.

Após a recepção calorosa entramos na casa, Gustav e Tom foram para a cozinha, enquanto eu e Mila seguimos para o meu quarto... Eu iria tomar banho e ela estava lá, como eu imaginava, para conversar.
Tranquei a porta do quarto antes de entrar no banheiro para evitar que um dos garotos entrasse e ouvisse nossa conversa. Seguimos para o banheiro e, enquanto eu tomava banho, Camila, que estava sentada sobre a tampa do vaso, ia me fazendo perguntas... Todas sobre o que havia ocorrido no final de semana.
Camila sempre fora muito atrapalhada, mas quando preciso dela é muito atenciosa, correta, conselheira e aquela garota criançona dá lugar à uma adulta totalmente sensível e centrada. Ouvi tudo o que ela tinha à dizer, assim como ela também fizera comigo e depois de sair daquele banho, senti como se estivesse renovada, sem um peso invisível que carregava em minhas costas...

Eu estava decidida: assim que Bill chegasse de viajem, colocaria minha vida em ordem.
Saí do banho, me vesti e seguimos para o andar debaixo, onde estavam Gustav, Tom e Georg. Georg havia sumido no sábado e não voltara, ele não havia avisado, mas não me importei, já que poderia ficar mais à vontade com Tom.
–Como estão, garotas?-Georg pergunta sorridente.

–Bem.-respondemos em uníssono.

–Duda, me desculpe por ter sumido no sábado, mas eu precisava visitar minha mãe e esqueci de avisar.-sorriu amarelo.

–Tudo bem, sem problemas.-sorri indo em direção à cozinha.

Todos estavam na sala, enquanto eu preparava um pouco de chá quente. O telefone tocou e o som cessou, logo depois Tom aparecera na cozinha com o aparelho em mãos.
­-É pra você.-entregou-me o telefone.-Gostosa.-sussurrou e me deu um selinho.

–Tom!-exclamei dando-lhe um tapa.

Tom apenas riu e saiu indo em direção à sala.
–Alô?

–Duda, aqui é Anne.

–Oi, aconteceu alguma coisa?-perguntei pegando uma xícara no armário.

–Ainda não, quero dizer... Bem, eu e Camila conversamos hoje à tarde pelo telefone e tivemos uma idéia para ajudar você.

–Continue...-pedi.

–Na verdade eu tive a idéia e ela concordou, já falei com o David e ele não fez nenhuma objeção.

–Diga logo, por favor.

–Achamos melhor você ficar na Alemanha enquanto os garotos vão para a tour.-suspira.-Seria arriscado demais para você e para o Tom, você sabe...

–Anne, isso é complicado... E o contrato? Que desculpa eu vou dar aos garotos? Meu Deus!

–O contrato não foi assinado ainda, lembra? E Camila precisa de alguém que esteja ao lado dela durante a gravidez...

–Isso não vai ser preciso, Anne... Eu vou conversar com o Bill amanhã e...

–Não faça isso.-pediu.-Pelo menos não agora, dê tempo ao tempo.

“Dê tempo ao tempo”, justo quando eu decido colocar todos os pingos nos is Anne me pede para esperar? Eu já não agüentava mais tudo aquilo e teria que esperar? Aquela mesma voz que me dizia “logo isso tudo estará no seu passado e poderá ser livre para viver sem culpa”, gritava para que eu escutasse o que minha amiga pedia.
–Tudo bem.-suspirei.-Você venceu.

–Será melhor assim! Semana que vem os garotos colocam os pés na estrada e só voltam perto do natal.-confessou.

–O quê?-perguntei sentindo meu coração apertar e o desespero tomar conta de mim.-Anne, estamos em setembro e você está me dizendo que eles vão ficar três meses fora?
–Desculpe, eu pensei que você já estivesse sabendo.

–Eu não acredito que ninguém me contou isso.-resmunguei sentindo a raiva me possuindo aos poucos.-Eu não posso acreditar nisso.

–Escute: não culpe Tom por não ter lhe contado, talvez ele estivesse esperando a hora certa para contar à você.

–Tudo bem, não se preocupe.-disse tentando controlar minha vontade de gritar.

–Fique bem, amanhã nos vemos no trabalho, querida.

–Até amanhã, Anne.

Desliguei o telefone sentindo meus nervos reclamarem da tensão repentina que se instalara em meu corpo. Saí da cozinha sem tomar o chá, coloquei o telefone em seu lugar e subi as escadas sem dizer uma palavra sequer... Eu estava começando a me sentir enjoada, uma dor de cabeça forte me incomodava e meu corpo doía.
Entrei no quarto escuro me jogando desajeitada sobre o colchão macio e fiquei imóvel por alguns minutos, sentindo uma dor estranha invadir o meu peito e junto dela veio o frio. Enfiei-me debaixo do edredom quentinho e lá fiquei, de olhos abertos sendo engolida pela escuridão, pelo meu medo de ficar sozinha e pela dor que me torturava lentamente... E então, senti meu corpo relaxando aos poucos, até não sentir absolutamente nada, apenas o sono que me confortava.


Postado por: Grasiele

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