quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Substituta - Capítulo 24 - Epílogo


Os convidados estavam todos em seus lugares, assim como os padrinhos, os pais do noivo, os pais da noiva, o padre e o noivo. O campo era cercado por árvores de magnólias, essas soltavam suas belíssimas flores, enfeitando ainda mais o lugar bem planejado. Tom estava debaixo do portal montado para ser o altar, não queria uma igreja, não fazia o estilo dos dois. Ele estava nervoso, aquela gravata parecia mil vezes mais apertada do que antes. Ele não estava arrependido, pelo contrário, estava ansioso. Queria ver como ela estava, como estava seu sorriso. Ele precisava vê-la. Depois daquele dia ele a teria para sempre, se fizesse por onde. Uma música lenta começou a tocar a pedido dos noivos, a marcha tradicional não era a escolhida. As mãos do noivo suavam descontroladamente, ele nunca havia se sentido daquela forma. Os convidados se levantaram para esperar pela noiva, que já estava a caminho com seu pai. Os cabelos loiros de Àlex caíam sobre seus ombros em ondas, dessa vez mais curto, uma flor lilás segurava uma pequena mecha. Seu pai estava ao seu lado, na cadeira de rodas motorizada que ele tanto exibia, fazendo piada. Ela vinha ao seu lado, segurando sua mão, e na outra o buquê bem trabalhado iluminava ainda mais aquela produção toda. Tom a via com um brilho em volta de si, parecia ser um sonho. Mas depois de tanto tempo amando aquela mulher que vinha a seu caminho, ele sabia que não havia outra. O mesmo servia para ela, que não segurava lágrimas, porque não havia nenhuma, só um sorriso que parecia nunca ir embora. Tom se aproximou um pouco, cumprimentou seu sogro e segurou firmemente a mão de sua futura esposa. Deram alguns passos até o padre, que os esperavam com um sorriso singelo. O sim, o beijo, a festa, e então a tão esperada lua-de-mel. Tom a levaria para conhecer as ilhas maldivas, lugar freqüentado por ele e seu gêmeo constantemente, ele sempre quis a levar ali.

Talvez amanhã eles briguem e cada um siga seu caminho. Talvez dê certo e fiquem juntos por muito tempo. Quem vai saber? Ela estava com Tom Kaulitz, ele era imprevisível. E ela adorava isso. Só naquele momento eles perceberam que tudo que passaram todos esses anos, só serviu para fazê-los amadurecer. Da pior forma possível, com a mídia sem dar folga, fãs malucas, palavras rudes, ações impensadas. Mas a males que vem para o bem, certo? Talvez se tudo tivesse sido um mar de rosas não estivessem juntos hoje. Poderiam ter cansado de um relacionamento fácil e cheio de mimos. Mas ali estavam hoje, maduros, com o espírito de crianças, porque em um relacionamento, nunca se sabe demais, nunca se tem o controle. Essa era a emoção. Só que ele tinha a certeza de que queria passar vários anos de sua vida compartilhando seus momentos com ela. E ela tinha a certeza de que ele era insubstituível.

Postado por: Grasiele | Fonte: x

Substituta - Capítulo 23

Los Angeles – Califórnia – 1 ano depois...

Preparada para ser a Senhora Kaulitz?

A voz de Tom, rouca e sedutora, perguntando-me aquilo a mais de cinco meses atrás era muito mais evidente agora. Eu estava pela segunda vez na loja de vestidos de noiva e nada, simplesmente, nada me agradava. Os vestidos eram lindos, claro, mas nada que fizesse mesmo meu estilo. Só faltava uma semana para o casamento e eu não tinha o principal, o maldito vestido. Sim, eu estava desesperada. Tinha planejado tudo nos mínimos detalhes, tudo perfeitinho. Eu achei que o vestido seria o mais fácil, mas não, era a pior parte.
Meus nervos estavam à flor da pele naquela última semana como uma mulher solteira. Tom e eu estávamos morando juntos na casa que ele dividia com Bill, não era incômodo porque a casa era realmente grande somente para os dois. O pedido de Tom me pegou desprevenida, apesar dele brincar com o fato de me pedir em casamento quase que diariamente. Bill parecia estar indo bem em seu relacionamento com Ana, logo, do modo como Bill é romântico, o próximo casal a subir no altar seriam eles. Claro que com o casamento nós teríamos que nos mudar. O problema é que Tom e Bill não se desgrudam, e eu não queria isso também. Para nossa sorte, uma casa havia sido desocupada há pouco tempo e nós poderíamos alugá-la, na mesma rua que a casa deles. Suspirei aliviada por isso, pensei que seria mais fácil me preocupar somente com o casamento. Mas não foi bem assim. Apesar de Tom sempre estar ajudando como podia, entre os shows, meu e dele, tudo tinha que ser resolvido por mim. Essa coisa de tradição da noiva sempre se ocupar dos detalhes do casório era meio irritante. Contratei uma ajudante, mas mesmo assim, tudo tinha que ser perguntado a mim, sempre. Era um dos preços a se pagar pelo casamento, não é?

– Já decidiu, Àlex? – Jude perguntou. – Porque daqui a pouco quem casa sou eu. Olha só que vestido lindo. – Vi seus olhos brilhando quando ela passou por um Vera Wang. Mas achava muito difícil a parte do casar, Georg podia até tentar, mas do jeito que ela é provavelmente daria um jeito de enrolar meu primo e não casar tão cedo.

– São todos lindos, esse é problema, eu não consigo decidir. – Lamentei.

– Tudo bem, podemos voltar na terça, se quiser, pode pensar mais sobre isso, o casamento é só no Domingo. – Disse calmamente, como se domingo fosse daqui a um ano. – Eu não me importo, mesmo. Se toda vez que nós viermos aqui eles nos servirem esse champagne maravilhoso, eu vou vir fazer uma visitinha por aqui de vez em quando. – Cochichou a última parte. Ri discretamente.

– Acho melhor irmos. Tenho que conversar com a assistente do casamento para saber como vai tudo. – Choraminguei.

– Ânimo, colega. Daqui a uma semana você será a Senhora Kaulitz! – Me sacudiu um pouco, fazendo meus cabelos voarem e pararem em meu rosto.

– Eu sei. – Ri. – Só estou um pouco nervosa. – Ela me repreendeu com o olhar. – Okay. Eu estou transpirando nervosismo. – Foi a vez dela rir de mim.

– Vamos para casa, eu tenho chocolates por lá, só isso pode tirar você de estresse todo.

**

Tom estava em casa, com uma calça de moletom e sem camisa, assistindo a um filme qualquer, jogado no sofá. Deixei a bolsa sobre a mesa perto da entrada e me joguei ao seu lado, abraçando-o.

– Você já escolheu seu fraque? – Perguntei distraidamente.

– Já. Foi fácil, apesar de eu não me dar bem com aquela gravata. – Reclamou. Dei um leve beliscão em sua barriga e ele riu.

– Mas você vai usar, sem mais! – Fingi um tom sério.

– Tudo bem, Srta. Mandona. – Fingiu rendição e apertou mina bochecha após. – E você já escolheu o vestido? – Suspirei, negando com a cabeça.

– Não achei o certo ainda. – Lamentei.

– Nada muito decotado, ouviu bem? Deixe o que quer que seja sexy por debaixo dele. Só para mim. – Sorriu maliciosamente. Dei-lhe um selinho e me levantei.

– Você nem faz ideia do que eu estou guardando para você, Sr. Kaulitz. – Antes que eu me afastasse, ele me puxou pela mão, fazendo-me cair por cima dele.

– Não provoca, baixinha. – Alertou, beijando meu pescoço. O afastei.

– Só depois do casamento agora, querido. – Levantei novamente, dando risada ao ouvi-lo bufar e esconder o rosto na almofada.

Fui para o quarto tomar um banho e verificar se faltava alguma coisa para o grande dia. Após alguns minutos relaxando debaixo do chuveiro, resolvi voltar para a vida de noiva ocupada. Depois de checar os mil e-mails de revistas querendo uma entrevista comigo e com Tom sobre o casamento, dei mais uma olhada na lista de convidados. Meus olhos caíram justamente sobre o nome em vermelho que eu mesma havia marcado: Mamãe. Eu sabia que ela já tinha ideia que eu me casaria, deveria estar achando estranho o fato de não ter ligado para ela ainda. O fato é que eu não tinha coragem, se eu a convidasse, provavelmente seu querido marido viria também. Não seria bom por 4 motivos; primeiro: eu me sentiria pra lá de desconfortável toda vez que eu visse aquele sorrisinho pretensioso no canto dos lábios daquele crápula; segundo: Tom iria sair do sério quando o visse, ele prometera que se o encontrasse não deixaria que ele saísse vivo da briga que, provavelmente, teriam; terceiro: meu pai arranjaria uma arma para dar um tiro em meu padrasto; quarto: meus amigos o cortariam em pequenos pedaços e dariam para tigres comerem. Eram bons motivos, certo? Eu não podia arriscar que o dia do meu casamento fosse um desastre, porém, ela é minha mãe, mesmo que não tenha agido como tal por muito tempo. Eu a amava, só que ela tinha um defeito, ela era irrevogavelmente apaixonada por seu marido, vulgo, pedófilo. Em certo ponto eu a entendia, quando se ama alguém você fica cega, precisa de muita ajuda, mais de si mesmo do que de qualquer outro. Com ela não era diferente. Mas eu não podia simplesmente fechar os olhos para isso. Somente de ver aqueles olhos maliciosos em minha frente eu congelava de medo e raiva. Não me sentia a pessoa mais calma desse mundo quando estava perto dele. Queria evitar isso ao máximo, principalmente no grande dia. Mas ela era minha mãe, eu me sentia tão fraca por não poder fazer nada a respeito disso. Se eu contasse que não o que queria em meu casamento, só a ela, provavelmente ela ficaria triste comigo, e não seria uma boa festa tendo-a no canto, calada. Suspirei pesado, fechei o notebook e joguei-me na cama. O que eu deveria fazer?

**

Acabei por pegar no sono depois do banho. Tinha esquecido completamente que papai viria para o casamento. Graças a Tom ele não ficou mofando no aeroporto. Assim que acordei fui para a cozinha, minha barriga roncava, já devia ser pra lá de meio dia, quando encontrei um recadinho escrito por Tom pregado na geladeira avisando que tinha ido buscar papai e Karen. Suspirei aliviada e preparei algo para o almoço rapidamente. Logo eles chegariam e deviam estar morrendo de fome. Simone e Gordon já estavam em Los Angeles há duas semanas, passeando e se preparando para o casamento. Bill e Ana seriam os padrinhos, nada mais justo. Ele era gêmeo do meu futuro marido e meu amigo, e se não fosse por Ana minha banda não seria famosa. Foi relativamente fácil a escolha.

– Já se preparando para a vida de casada, é? – Tom perguntou divertido assim que adentrou a cozinha. – Seu pai está ai com sua madrasta, dorminhoca. – Deu um leve selinho em mim.

Saí praticamente correndo até a sala e pulei no colo do meu pai. Foi relativamente fácil, ele não tinha que me segurar ou nada do tipo, acabei por ficar sentada no colo dele. Distribuí beijos por todo seu rosto, quase o deixando sufocado, mas suas risadas denunciavam que ele estava feliz mesmo assim.

– Senti tanto a sua falta! – Fiz bico e ele me abraçou.

– Eu estou aqui agora, então... – Beijou minha bochecha. Eu vi Karen logo atrás dele, sorrindo. Me levantei do colo de papai e diminui a distância entre nós, abraçando-a.

– É muito bom vê-a aqui, Karen. – Disse ao me separar dela.

– Estou feliz por você, Àlex, merece tudo de bom. – Acariciou meus cabelos maternalmente e se aproximou. – Tem mais alguém aqui que quer vê-la. – Sussurrou em meu ouvido.

Meus olhos foram lentamente até a porta, onde minha mãe estava em pé, sorrindo desconcertada. Meu coração se apertou, uma vontade de ir para seus braços foi muito grande, mas não o fiz, não sabia quem mais estava com ela.

– Espero não estar atrapalhando. – Disse baixo, tímida.

– É claro que não está! – Tom afirmou, nem havia percebido que ele estava ao meu lado, meus olhos estavam vidrados demais em minha mãe.

– Co-como veio até aqui? – Me senti idiota assim que terminei de fazer essa pergunta. Eu estava tão feliz em vê-la.

– Tom ligou para mim e avisou sobre o casamento. Pediu para que eu viesse com seu pai. – Olhei para Tom ao meu lado sorrindo docemente. Não retribui, mas não estava com raiva, só estava chocada.

– Só você? – Frisei.

– Sim, querida. Só eu. Definitivamente. – Não entendi a certeza impregnada em suas palavras e franzi a testa, querendo saber mais.

– Será que podemos conversar a sós? – Não esperei que ela respondesse e fui até meu quarto.

Entrei e logo após ela, timidamente, ainda sem saber direito o que fazer. Bem, não estávamos tão diferentes.

– Como assim definitivamente? – Perguntei curiosa.

– Marcos foi preso. – Disse, sua expressão logo se tornou triste. – Ele foi pego em flagrante abusando da filha de uma vizinha nossa. – Minha boca se abriu, mas a vontade que eu tinha era de rir, não, de gargalhar. Mas não o fiz por respeito a minha mãe. – Eu fui tão horrível com minha própria filha que eu nem sei o que dizer.

– Eu passei grande parte da minha vida tendo raiva de você, mas quando eu fiquei mais velha eu percebi que você não teve tanta culpa assim, mamãe. Você o ama, infelizmente. – Ela assentiu, quase chorando. – Mas ainda dá tempo de recuperar nossa relação, certo? O que tinha entre nós duas está atrás das grades agora! – Ri, não conseguindo agüentar tal pensamento.

– Você tem toda a razão! – E o abraço que eu queria dar foi finalmente realizado. A apertei entre meus braços, eu não a deixaria por nada.

**

– Maldito vestido! – Xinguei baixinho sentada na sala. Já se passava das doze da noite e eu estava pesquisando alguma sugestão para meu vestido. Ajeitei o notebook em meu colo e continuei a pesquisar. Todos já estavam dormindo, as coisas estavam bem cansativas durante aquela última semana.

– O que faz acordada ainda, Àlex? – Bill perguntou, me pegando de surpresa. – Vai acabar sendo uma noiva zumbi. – Brincou. Ri e ele sentou-se ao meu lado.

– É esse vestido que está me deixando maluca, Bill. Não sei mais o que eu faço, já estou pensando até em pedir o vestido de casamento da minha mãe com o papai. – Bill arregalou os olhos, quase cuspindo a água que estava tomando.

– Não faça isso! Seu pais se separam esqueceu? Não acho que traga uma boa vibe. – Dei um leve tapa em sua cabeça.

– Você é muito supersticioso! – Disse. Bill colocou o copo que segurava de lado e pegou o notebook do meu colo. Sem dizer mais nada ele pôs-se a clicar e digitar freneticamente. Aproveitei para fechar um pouco os olhos e relaxar, quase pegando no sono.

– Dá uma olhada nesses. – Pediu depois de algum tempo, mostrando-me algumas opções na tela. Eram cinco modelos lindos de morrer. Me peguei em dúvida entre dois, mas nos detalhes o primeiro que vi me chamou mais atenção. Tinha que ser aquele.

– Olha esse. – Apontei para minha escolha. Ele olhou e sorriu de lado.

– Dolce & Gabbana, bela escolha. – Disse contente.

– Como assim escolha? Daqui que eles façam isso o casamento já passou há muito tempo. – Comentei triste.

– Não, querida. Esse é uma peça da loja deles. Provavelmente deve ter um desse numa filial por aqui. Amanhã eu dou um jeito nisso, não se preocupe. – Devolveu meu notebook e deu um beijo em minha testa, levantando-se. – Agora vê se vai dormir para descansar um pouco. Ninguém quer ver você cair no altar, dormindo. – Mostrei-lhe a língua antes que ele saísse rindo de mim.

Aquela etapa estava completa.

**

Dia do casamento...

O despertador tocou extremamente pontual às oito da manhã. A noite tinha sido completamente tranqüila e eu havia conseguido dormir bem, apesar da ansiedade. Já estava tudo quase pronto. O vestido estava pendurado perto da cortina do quarto, os sapatos em cima da pequena mesa de canto, as jóias, tudo. Eu começaria a me arrumar logo após o almoço, a parte da manhã era um momento só da noiva, ou seja, eu estava sozinha para fazer o que eu quisesse. Menos ficar bêbada, segundo minha mãe, ela tinha feito isso no seu primeiro casamento – o com meu pai – e quase não casava. Ficar bêbada estava fora de cogitação para mim também, nunca fui chegada a bebidas mesmo. Parei de enrolar na cama e decidi tomar meu café da manhã, o dia seria longo. A casa estava vazia. Simone, Gordon, meu pai, minha mãe, Karen, Bill e Tom estariam na casa que eu morava antes com o pessoal, que hoje era somente de Jude, mas somente por aquela noite. As meninas estariam lá pelo menos até eu começar a me arrumar. Minha mãe havia deixado um super café da manhã pronto para mim, provavelmente ela teria vindo de manhã cedinho, de qualquer jeito eu estava mandando mil beijos e abraços por isso. Sentei-me no banco alto da cozinha e pus-me a comer. Ouvi a porta de entrada da casa bater, só poderia ser alguma das meninas, e se fosse, elas estariam bem adiantadas. Mastiguei o último pedaço da torrada que tinha em mãos, a demora da pessoa que adentrou a casa de ir até a cozinha estava me deixando aflita. E se não fosse uma pessoa conhecida? Desci do banco e me coloquei em posição de defesa, preparada para qualquer coisa. Com a aproximação do casamento eu tinha muito medo do que algumas pessoas, vulgo algumas fãs descontroladas, poderiam fazer. Os passos se aproximaram e eu peguei o garfo da bandeja e segurei perto do rosto, pronta para atacar qualquer desconhecido. Mas assim que eu vi aquele rosto desisti. [Solte a música]

– Quer me matar? – Perguntei, com a mão sobre o peito. Tom se aproximou, rindo da minha situação.

– Eu não posso matar minha noiva! – Protestou, passando a mão por minha cintura, prendendo-me contra a bancada de mármore.

­- O que faz aqui? – Franzi o cenho, com um sorriso no canto dos lábios. Eu tinha adorado sua surpresa. – Mamãe te mataria se te encontrasse por aqui, comigo. – Passei os dedos por seu peito coberto por uma fina regata branca.

– Eu disse que precisava respirar um pouco. Disse que iria para a academia. – Riu como uma criança perversa, aquilo sempre me encantou.

– E quem disse que eu quero você aqui? – Tentei o empurrar, só de brincadeira, entrando no joguinho que eu sabia que ele adorava. Ele aferrou mais seu corpo ao me, evidenciando cada músculo bem trabalhado de seu abdômen.

– Eu já estou longe há uma semana, se eu não estou agüentando, quem dirá você, querida futura esposa. – Brincou com sua voz baixa perto do meu ouvido, fazendo-me arrepiar. Percebendo seu efeito em mim passou a beijar meu pescoço, joguei a cabeça para trás, dando espaço para ele. Não era mentira, toda aquela história de só depois do casamento tinha sido uma ideia minha para dar uma apimentada na lua-de-mel. Mas eu não contei com o fato de não agüentar as provocações de Tom, ele era muito bom no que fazia.

– Mas é uma tradição, Tom. Que tal deixar toda essa empolgação para a lua-de-mel, huh? Vai ser amanhã! – Tentei argumentar enquanto ele descia seus beijos e lambidas por meu colo.

– Ninguém precisa saber, esse fica sendo o nosso segredinho. – Voltou a provocar com aquela voz rouca em meu ouvido, aproveitando para morder de leve o meu lóbulo. – E nós não podemos demorar. – Sorriu sedutoramente para mim.

Não protestei, apenas levantei uma perna e coloquei em sua cintura, mostrando-o que eu não reclamaria d nada que ele fizesse. Nossos lábios se colidiram com força, assim como ele segurava minha cintura. Pois é, uma semana cheia de provocações dá nisso. Visto que eu estava de camisola, ele aproveitou para passar uma mão por debaixo da mesma, acariciando cada parte de minha pele que ele tocava. Ele chegou aos meus seios, apertando levemente, fazendo-me suspirar em seus braços. Puxou um pouco o tecido de seda para baixo, deixando meus seios a mostra para que ele pudesse ter acesso livre. Seus lábios frios se chocaram com minha pele quente, fazendo cara poro em meu corpo se eriçar. Puxei mais seu quadril com a perna para perto, fazendo nossas intimidades se roçarem por sobre a calça de moletom dele e minha fina calcinha. Tom forçou mãos meu corpo contra a bancada, fazendo minhas costas ficarem quase que por completo sobre a mesma. Coloquei minhas mãos em sua regata, puxando-a para cima, indicando que eu a queria longe. Ele se afastou minimamente e a tirou, voltando com a tripla vontade de me beijar. Sua mãos puxaram minha camisola para cima, elevando-a até minha cintura. Levou uma de suas mãos até minha intimidade, mesmo por sobre a calcinha ele a acariciava firmemente. Separei nossas bocas para soltar um gemido baixo, fechei os olhos e apertei mais seus ombros. Minha camisola aos poucos foi subindo mais ainda, até tomar o mesmo destino que sua regata. Tom me suspendeu com um braço só, me colocando sobre a bancada. Ergui-me um pouco para que ele tirasse minha calcinha. Ele abaixou-se um pouco e começou a tocar minha intimidade com a língua. Caí sobre meus cotovelos, gemendo mais alto dessa vez, enquanto ele sugava e fingia penetrar-me com sua língua. Por vezes chamei seu nome, eu tinha medo de alguém chegar e nos pear naquela situação, alguém podia dar por falta dele, mas com o calor do momento eu me esqueci desse pequeno detalhe. Antes que eu pudesse atingir meu ponto máximo com aquele estímulo direto, ele parou, voltando a me beijar. Desci minha mão até sua calça, abaixando-a junto com sua boxer. Toquei seu membro, fazendo uma leve pressão durante o vai-e-vem ritmado que eu havia imposto com minha mão. As mãos de Tom agarraram minhas coxas, apertando-as. Rezava para que aquilo não deixasse nenhuma marca, não queria perguntas de outros sobre tais.

– Para, por favor. – Tom pediu ofegante. Deixou-me sobre a superfície dura e fria e correu até sua calça, tirando de lá uma camisinha. Vestiu-a indo de encontro a mim.

– Quer dizer então que já veio com essa intenção? – Perguntei debochando. Ele riu perverso e desceu-me da bancada, colocando-me de costas para ele.

– Eu sempre estou preparado. – Antes que eu respondesse, ele me invadiu por trás de uma vez. Agarrei o mármore a minha frente e joguei a cabeça para frente, gemendo. Ele ficou parado por alguns segundos, logo voltando com o movimento frenético atrás de mim. Suas mãos estavam agarradas possessivamente ao meu quadril, puxando-o para trás, colidindo-me com ele. Eu já podia ouvir sua respiração alta, descompassada, do jeito que eu amava. Seus movimentos eram fortes, atingindo fundo em mim. Apoiei uma das perna no banco, levantando-a, fazendo as estocadas ganharem mais força. Tom não parou um instante sequer, parecia que sua vida dependia dos movimentos que fazia. Éramos dois. Minhas unhas curtas tentavam arranhar sem sucesso o mármore duro, tentando de alguma forma extravasar o prazer que sentia. Ele levou uma de suas mãos até minha intimidade, fazendo movimentos circulares em meu clitóris. Meu gemido ecoou por toda cozinha quando cheguei ao ápice, meu corpo inteiro se contorceu. Tom deu mais algumas estocadas e desabou sobre mim, encostando seu peito a minhas costas. Respiramos fundo várias vezes, na tentativa vaga de conseguirmos dizer algo, mas nada saía, estávamos cansados. Antes de abrir a boca, Tom me virou, deixando-me de frente para ele, dando vários selinhos em meus lábios entreabertos.

– Eu quero que seja minha. – Disse, com os olhos fechados e sua mão acariciando meu rosto. Sorri.

– Eu sou sua, sempre fui. – Constatei o óbvio.

Eu sempre fui e sempre iria ser dele, somente dele.

Postado por: Grasiele

Substituta - Capítulo 22

Eu não sabia bem o que estava fazendo ou como havia chegado ali, mas agora não podia voltar atrás. Estava parada no estacionamento da clínica, com as mãos fortemente agarradas ao volante e os olhos fechados. Eu não sabia quando ele sairia dali, não sei se conseguiria cumprir minha promessa de ficar longe enquanto seu tempo ali dentro não acabasse. Eu tentei ser forte, mas aquele vazio, aquela falta que eu só tinha dele me fazia ficar mal. Não deveria me sentir assim, porque tudo que eu queria estava em minhas mãos. Minha carreira estava indo bem, tinha meus melhores amigos ao meu lado, chegava a ser um tipo de pecado não sorrir constantemente depois de tudo de bom que estava acontecendo comigo. O problema é que Tom fazia uma parte da minha vida valer à pena, e não tê-lo comigo, sem saber se teríamos mesmo um futuro juntos, me cortava por dentro.
Tinha ligado para a clínica a caminho, avisando que eu faria uma visita e pedindo para que não o avisassem de quem se tratava, queria fazer uma surpresa, pegá-lo desprevenido.

– Àlex Listing! – Disse à recepcionista, sem nem sequer me preocupar em ser muito educada. Ela sorriu e checou meu nome no computador.

– Tudo bem, pode entrar! – Ela saiu da recepção e começou a caminhar, olhando para mim em seguida, entendi aquilo como um pedido para segui-la.

– Não disseram a ele quem era a visita, sim? – Perguntei, esperando que ele não soubesse.

– Não, mantemos em sigilo, assim como o pedido! – Ela indicou a porta a nossa frente. – Ele está esperando pela senhorita nesta sala! – Dizendo isso ela foi embora, provavelmente, de volta para a recepção.

Levei minha mão até a maçaneta, vendo e sentindo-a tremer e suar. Eu precisava manter a calma ou começaria a gaguejar sem parar, até parece que eu era uma adolescente pronta para ver seu ídolo. Hesitei durante alguns segundos, mas da mesma maneira que eu estava nervosa, estava ansiosa e não podia esperar mais um segundo sem olhar para ele. Assim que abri a porta o vi de costas, ele observava o jardim da frente, concentrado. Fechei a porta atrás de mim fazendo certo barulho para que ele notasse que tinha mais alguém ali com ele, mas nada, ele continuou de costas. Me aproximei, e fiquei na dúvida se ele não conseguia escutar meu coração batendo, de tão forte que estava naquele silencio total, por um momento eu fiquei desconfortável.

– Você não sabe como eu contei os dias para você vir me visitar! – Sua voz cortou o silêncio incômodo da sala. Ele mantinha as mãos dentro do bolso da calça, mas eu podia ver que ele estava nervoso.

– Nem faz tanto tempo que eu vim da última vez. – Sentei numa das poltronas confortáveis e extremamente brancas. – Não pensei que soubesse que se tratava de mim. – Abaixei a cabeça. Ele virou o corpo completamente em minha direção, ainda com as mãos dentro do bolso, indeciso se chegaria perto de mim ou não.

– Eu não tinha. – Sorriu. – Mas torcia para que fosse você. – Tom sentou a minha frente, apoiando os cotovelos nas pernas.

– Pensei que você estivesse mais ocupado passando o rodo nas enfermeiras, recepcionistas, pacientes... – Sem querer acabei sendo rude com ele, na verdade, eu pensei que não tinha me importando com o fato dele ter dormido com a enfermeira aspirante a prostituta. Pelo visto eu tinha sim.

– Você nunca vai acreditar em mim, não é mesmo? – Seu tom era ofendido, mas ele não ousou me encarar. Eu detesto admitir, mas ele estava certo, eu estava insegura.

– Você não me dá muitos motivos para acreditar.

– Então porque veio? – Era evidente a curiosidade dele. – Se não quisesse me ver, se estivesse ofendida ou se sentindo traída, não viria. Mas está aqui, e isso tem que ser um bom sinal! – Um sorriso esperançoso surgiu em seus lábios. E foi a minha vez de abaixar a cabeça.

– É controverso, porque eu não queria estar aqui, queria ser forte e te dar um gelo. – Admiti. – Mas eu não consigo, minha mente me trai o tempo inteiro. E eu não sei o que fazer para parar isso. – Tom levantou e se aproximou de mim, colocou a mão em meu rosto e sorriu.

– Então não pare! – Pediu. – Porque eu não estou disposto a tirar você daqui. – Apontou para a cabeça. – E muito menos daqui. – Apontou para o peito, indicando o coração.

Eu encarei aqueles olhos castanhos a minha frente, eles estavam diferentes, estavam... Mais radiantes, mais vivos, aquilo me fez sorrir e fui acompanhada por Tom. Ele não me disse mais nada, só tinha uma coisa que nos restava fazer e ele sabia bem disso. Tom segurou meu rosto com suas mãos, colidindo nossos lábios em seguida. Nada melhor do que ter aquela sensação dos nossos lábios juntos depois de tanto tempo, era uma coisa única. Era diferente de tudo que já experimentamos na vida, talvez por isso não tenhamos dado certo antes, quando tínhamos 15 anos, éramos muito jovens para lidar com aquilo, não tínhamos maturidade o suficiente para dizer o que significava aquilo, aquele amor.
Tom separou nossos lábios por um instante, somente para levantar e me puxar para ele em direção ao sofá. Ele me deitou delicadamente no branquíssimo móvel, deitando-se por cima de mim em seguida, sem parar o beijo. Coloquei as mãos espalmadas em seu abdômen definido, sentindo-o contraído. Ele seguiu com os beijos por minha bochecha, maxilar, lóbulo e foi parar atrás da orelha, tirou suas mãos de minha cintura e desfez o coque frouxo que eu havia feito dentro do carro. Parou por alguns segundos para observar meu rosto agora que eu estava com o cabelo solto, sorri e ele voltou a me beijar. Minhas mãos trataram de abrir botão por botão de sua camisa, tirando-a em seguida. Tom desceu os beijos para meu pescoço, onde ele mordia algumas vezes, descendo em seguida para meu colo até onde podia, por causa do decote da blusa. Ele segurou a barra de minha blusa e a puxou para cima, tirando-a e jogando do lado da sua, beijando agora minha barriga, indo em direção a minha calça. Antes que ele pudesse a tirar, desceu suas mãos por minhas pernas até alcançar meus pés, onde tirou meu sapato, com a maior calma do mundo. Fez o caminho inverso com suas mãos por minhas pernas, de volta para o botão da minha calça, que foi aberto com destreza e logo depois a braguilha. Ele puxou-a para baixo, deixando-me somente de roupas íntimas sob seu olhar maravilhado que me deixou hipnotizada por alguns segundos, até que eu pudesse sentir a textura de seus lábios novamente. Suas mãos escorregaram para minhas costas, onde ele pôde tirar meu sutien facilmente, deixando o caminho livre para que ele beijasse meus seios como quisesse e ele o fez muito bem, arrancando baixos gemidos de mim. Uma das suas mãos, a que não estava apertando meu seio livre, desceu por entre nós dois, onde ele afastou a calcinha para o lado e começou a estimular-me no meu ponto sensível. Agarrei suas tranças, prendi meu lábio inferior entre meus dentes para não soltar um gemido muito alto, ninguém poderia nos pegar, se bem que ninguém poderia falar nada, ali era Tom Kaulitz. Antes que eu pudesse ter um orgasmo ele parou, involuntariamente puxei com mais força seu cabelo e quando o encarei ele sorriu maliciosamente para mim. Percebi que ele ainda estava vestido demais e logo cuidei disso com sua ajuda, descendo sua calça juntamente com sua boxer. Inverti as posições no sofá, pronta para faze o que já devia ter feito com ele há muito tempo. Segurei sei membro firmemente com a mão direita e distribui beijos por toda a extensão de seu sexo, sentindo-o segurar meus cabelos com força. Comecei a fazer movimentos lentos, porém firmes, colocando pressão. Com a mão livre arranhei sua barriga, sentindo-a contraída. Ele soltava suspiros sôfregos, pedindo por mais. Acelerei os movimentos, o sentindo apertar mais meus fios entre seus dedos.

– Chega, Àlex. – Pediu, antes que chegasse ao ápice.

Enquanto eu me livrava de minha calcinha, ele procurava por um preservativo, que achou no bolso de sua calça, o que achei estranho, mas me calei. Me ajeitei no sofá – que não era muito grande –, e logo após ele estava sobre mim. Com uma mão ele segurou meu quadril e a outra ele colocou em minhas costas. Empurrou seu quadril contra o meu, nos encaixando e soltando um suspiro pesado em meu ouvido. Coloquei as mãos em suas costas, puxando-o para mais perto, fazendo nossos troncos se tocarem. Ele começou a se movimentar lentamente, certamente para me provocar, ele adorava fazer isso. Mordi seu ombro, ouvindo um grunido baixo e arranhei suas costas, empurrando meu quadril contra o seu. Tom não tinha esse autocontrole todo e logo obedeceu meu pedido mudo para que fosse mais rápido, não tínhamos tempo para provocações, qualquer um poderia chegar e nos encontrar naquele estado, e além do mais tinha o fato da saudade, ou seja, ele tinha que parar com as provocações. Ele começou a beijar meu pescoço, alternando entre mordidas e chupões, enquanto eu mordia meus próprios lábios para não deixar um gemido muito alto escapar. Tom incrementou mais os movimentos, fazendo-me jogar a cabeça para trás. Eu sentia o orgasmo se aproximar, e segurei mais fortemente em suas costas, escondendo meu rosto em seu pescoço. Um pedido por mais escapou por meus lábios, Tom me fez deitar completamente no sofá, ajeitando meu quadril e indo mais rápido. Segurei em seus braços fortemente, ouvindo sua respiração ofegante, não muito diferente da minha. Meus músculos se contraíram bruscamente para depois relaxar, joguei minha cabeça para trás e soltei um longo gemido, e logo depois Tom caiu em cima de mim com um suspiro pesado.

– Eu te amo! – O peguei de surpresa, dizendo aquilo para ele pela primeira vez. Ele me encarou, incrédulo, mas feliz. Ele me abraçou fortemente.

– Eu também te amo muito, nunca mais vou deixar você esquecer isso! – Ele depositou um beijo em meus lábios.

– Acho melhor nos vestirmos antes que alguém nos pegue nessa situação! – Apontei para nossos corpos nus e rimos.

– Eles não estão em posição de reclamar de nada, eu pago muito bem isso aqui para fazer o que eu quiser! – Disse Tom convencido.

– Se você pode fazer tudo, porque não saímos um pouco? – Desafiei. Sabia que ele não podia sair, ainda não havia completado seu tempo na clinica, mas também sabia que ele não estava feliz ali. Ele pareceu pensar por alguns segundos e sorriu depois.

– Vamos, mas pra onde? – Seu tom era animado, assim como sua expressão.

– Sei lá, pra qualquer lugar! – Ele havia me contagiado.

Levantei-me, catando minhas roupas do chão e vestindo-as, assim como ele. Não sei como sairíamos dali, mas eu não me importava, nós sairíamos. Antes de sairmos da sala, Tom me puxou para um beijo, sorrindo sapeca em seguida. Parecíamos duas crianças prestes a aprontar, no maior estilo 007, olhando para os lados e checando se alguém vinha pelo corredor.

– Onde pensa que estão indo? – A recepcionista perguntou fazendo-nos virar assustados, tinha esquecido completamente dela.

– Bem... – Tom se aproximou dela, jogando o maior charme, como ele sempre fazia, aquela coisa com o piercing não surtia efeito só em mim. – Eu e minha... – Ele me olhou. – Amiga... – Piscou para mim e voltou sua atenção para a garota derretida a sua frente. – Pensamos em dar uma volta por ai, mas para isso eu preciso de uma ajudinha sua! – Tom passou a mão pelo rosto da garota delicadamente. É, uma vez cafajeste, sempre cafajeste.

– Ajudinha... Minha? – A garota ficou com um sorriso idiota do rosto e ele assentiu com a cabeça.

– Eu prometo que irei voltar, vai ser rápido! – Nada mais precisou ser dito, a garota nos acobertou tranquilamente, mas eu ficaria de olho nela, ela se jogou demais para ele.

– Sabia que você é um tremendo cafajeste? Espero que nunca mais faça isso! – Fiz bico e ele riu, abraçando-me de lado.

Seguimos até meu carro rápido para que ninguém nos visse, já bastava a idiota da recepcionista. Não tinha um destino em mente e isso fez com que meu coração disparasse pela adrenalina de estar “fugindo” da clínica, isso poderia render mais alguns dias – ou quem sabe meses – a Tom naquele lugar. É claro que eu voltaria, mas vai explicar esse tipo de coisa para o povo dali. Coloquei as mãos no volante, repetindo o mesmo gesto de quando estava nervosa por visitar Tom, só que dessa vez eu estava só pensando. Tom me encarava curioso, talvez tentando decifrar o que eu estava planejando, não me incomodei com isso e continuei com meu raciocínio. Logo uma idéia me veio à cabeça, Long Beach. Claro, gosto muito da praia de lá e normalmente no finalzinho de tarde, como agora, a praia fica praticamente vazia. Como demoraríamos quase meia hora para chegar lá, dependendo do transito, o sol ainda não teria se posto, valeria a pena ver. Mandei Tom deitar no banco de trás, visto que os vidros eram fumês, nenhum segurança o veria ali.

**

– Adoro essa praia! – Dissemos juntos ao descer do carro. Fomos para a frente do mesmo, encostando-nos.

– Como nós estamos? – Ele perguntou receoso depois de algum tempo aproveitando o silêncio do fim de tarde.

– Não sei! Acho que nós dois devemos desculpas um ao outro. – Cruzei os braços, sentindo a brisa fria me ‘abraçar’.

– Não, eu preciso pedir desculpas. Todos esses anos eu só fiz você se decepcionar comigo, fui tão infantil. – Balançou a cabeça negativamente, como se culpasse a si próprio.

– É, você foi mesmo. – Ri. – E eu fui infantil quando desapareci por meses. Eu deveria ter te apoiado quando foi pra clinica, mas eu só me escondi de você. – Abaixei a cabeça, chutando um pouco de areia.

– Isso quer dizer que é um final feliz? – Eu comecei a rir escandalosamente de sua frase, e ele fez o mesmo. – Você sabe, não como contos de fadas, entende? – Comentou depois da crise de risos.

– Aham. É um conto de fadas para maiores de dezoitos anos, sem bruxas más, ou princesas e príncipes. – Disse, enquanto ele se aproximava. Coloquei meus braços ao redor de sua cintura, e ele segurou meu rosto.

– É o nosso final feliz, Àlex. O que a gente sempre mereceu. – E me beijou.

Eu nunca cansaria de beijá-lo. Toda aquela experiência que ele parecia ter em todos os movimentos que fazia ainda me deixava embasbacada, como uma idiota. Não que eu me importasse, contanto que eu estivesse entre os braços dele, é claro.

– Ahn... Tom? – Pirragueei. – Acho que tem um paparazzi atrás de você. – Ri, escondendo meu rosto em seu peito. Ele se virou um pouquinho, conseguindo ver também.

– Olha só o que eu tenho pra ele. – Colocou-me na mira da câmera furiosa do homem que tirava fotos, ficando atrás de mim e me abraçando pela cintura com um braço. Beijou meu pescoço e levantou a outra mão, mostrando o dedo do meio. Coloquei uma mão no rosto, rindo.

Ele não tinha jeito.


**

3 meses depois...

– Finalmente. – Tom disse ao entrar em casa. Respirou fundo e fechou os olhos. – Lar doce lar. É tão bom dizer isso! – O abracei de lado, sorrindo, Simone passou por nós e sentou-se no sofá.

– E é muito bom vê-los assim. – Comentou. Nos olhamos por segundos antes dele dar-me um selinho rápido e se dirigir ao lado de sua mãe.

– E com você aqui, significa que eu vou ter mimo dobrado, não é? – Sorriu infantilmente. Eu e Simone rolamos os olhos, ele nunca deixaria de ser uma completa criança, não importa o quanto crescesse.

– Nada disso. – Bill protestou, se jogando do outro lado da Simone. – Você vai ter que aprender a dividir, maninho. – E os dois começaram uma pequena briga, tendo a mãe ao meio dos dois, tentando, em vão, fazê-los pararem.

– Esses aí nunca vão crescer. – Ana comentou, de braços cruzados ao meu lado, balançando a cabeça negativamente e tentando prender o riso.

– Se crescessem, não seriam eles. – Ela concordou.

– Vai para o estúdio agora? – Assenti. – Pronta para ver a capa do primeiro álbum do The Mystics? – Mordi o lábio inferior.

– Preparada, sim. Ansiosa, mais ainda. – Admiti.

– Então vamos.

Nos despedimos de todos, mesmo querendo ficar e comemorar um pouquinho com eles, decidir que seria melhor acabar com minha ansiedade e ver de uma vez por todas o nossos primeiro álbum. Tom nos acompanhou e fomos nós dois no carro de Ana. Entre conversas descontraídas, piadinhas e risadas, chegamos ao estúdio. Jude, Peter e Andrew já nos esperavam lá.

– Hey, a estrela chegou! – Brincou Peter. Dei-lhe um tapa leve no peito, antes de dar-lhe um abraço apertado. Olhei para o outro lado do estúdio, onde Georg e Jude estavam conversando, o que era um milagre, eles sempre pareciam prontos para procriar em qualquer lugar, seja ele privado ou público. Assim que ela me viu, correu em minha direção com o CD em mãos.

– Dá uma olhada nisso, Àlex! – Ela quase jogou o CD em cima de mim, parecia até bêbada. Ri, antes de focar meus olhos na capa.

A foto que tínhamos tirado há algum tempo atrás em um photoshoot feito especialmente para o CD estampava a capa. Cada um em sua posição segurando seu devido instrumento. O nome espelhado, The Mystics, nunca tinha sido tão bonito aos meus olhos. O sorriso bobo em meus lábios denunciavam o quanto eu estava feliz e realizada. Nada poderia ser comparado a segurar o primeiro trabalho da nossa banda. Depois de tantos anos de trabalho duro, portas sendo fechadas em nossa cara, oportunidades sendo arrancadas de nossas vidas, finalmente, ele estava ali, em minhas mãos. Abri a embalagem, olhei para o CD em si, dessa vez não havia foto ali, somente o nome, idêntico ao da capa, estampava a superfície dura do objeto. No encarte mais fotos, letras dos singles e algumas curiosidades sobre cada um de nós. Perfeito não era uma palavra boa o suficiente para mim.

– Estou orgulhoso de você. – Tom comentou no meu ouvido, aproveitando a distração dos demais ali presentes. Sorri, virando-me para ele.

– Não. Eu estou orgulhosa de você por estar aqui comigo. – Coloquei a mão em sua nuca e me aproximei.

– Mas eu estou aqui hoje por você. Sinta-se honrada. – Comentou.

– Convencido. – Sorri.

– Linda. – E me beijou. Não aproveitamos muito aquela situação, a tosse forçada de Georg acabou com qualquer clima.

– Será que você poderia tirar a língua da boca da minha prima, Kaulitz? Ainda não me acostumei com isso! – Bradou enfezado. Escondi o rosto no peito do Tom, rindo.

– Vai procurar um quarto junto com a Jude e deixa a gente em paz, Listing. – Tom brincou, fazendo o bico que Georg fazia aumentar. Jude o abraçou por trás, reclamando de sua infantilidade. Nem uma alma que estava ali conseguiu parar de rir de sua expressão.

Ah, como era bom estar entre amigos.

Postado por: Grasiele

Substituta - Capítulo 21


– Andrew, quer me dizer pra onde está me levando? – Ele ainda continuava a segurar minha mão, guiando-me pelos corredores do lugar.

– Será que você não pode parar de ser curiosa? – Disse divertido, rolei os olhos e continuei a acompanhá-lo, sem ter escolha.

Ele parou em frente à porta de seu camarim e a abriu. Deixou que eu passasse primeiro e entrou atrás de mim. Olhei ao redor, era exatamente igual ao meu. Andrew foi até sua mochila, tirando de lá um papel. Sentei no pequeno sofá ali presente, esperando-o passar os olhos no papel, provavelmente verificando se era aquele mesmo. Andrew me encarou, mordeu o lábio inferior e estendeu o papel em minha direção. Peguei e comecei a ler o mesmo.

– Só pra explicar, essa música era para você ver a diferença de pensamento entre o Tom e eu. – Sua voz se reduziu a um sussurro. – Porque eu queria que você me escolhesse. – Sorri docemente com seu comentário e votei a ler sua música.

According to you
De acordo com você
I'm stupid,
Eu sou estúpida,
I'm useless,
Eu sou inútil,
I can't do anything right.
Eu não consigo fazer nada direito.(...)
But according to him
Mas de acordo com ele
I'm beautiful,
Eu sou linda,
Incredible,
Incrível,
He can't get me out of his head
Ele não consegue me tirar da cabeça.

Senti minhas bochechas corarem violentamente com a última linha. Deixei o papel sobre meu colo e olhei para Andrew, ele mantinha a cabeça baixa desde que eu tinha começado a ler. Respirei fundo, não sabia o que fazer, muito menos o que falar. No quesito ‘consolar pessoas’ eu era terrível.

– É perfeita. – Comentei. – E, bem, eu não sei o que falar. – Sorri, sem graça. Andrew me encarou, mas preferi que não o tivesse feito. Seus olhos me diziam tanto. Eu não tinha visto o quanto ele estava mal por tudo que tinha acontecido entre nós. Me senti culpada.

– Eu não quero que diga nada, Àlex. – Sorriu triste. – Só te mostrei essa música, por que... Porque ela é para você, mesmo não estando mais comigo, eu ainda penso da mesma forma. – Franzi o cenho.

– O que quer dizer com isso? – Perguntei confusa. Sua expressão era sarcástica.

– Você quer mesmo que eu responda? – Assenti. Ele suspirou. – Eu não acredito na reabilitação do Tom, não acredito que ele seja capaz de amar alguém que não seja ele mesmo, e finalmente, só acho que essa obsessão que ele tem por você vai acabar quando outra mulher o recusar, como você o recusou. – Suas palavras decididas fizeram um coração dar uma fisgada. De repente, aquele aperto que eu sentia sempre no peito estava de volta. Aquele aperto tinha nome: Dúvida. E se ele estivesse certo? E se Tom não estivesse mesmo apaixonado por mim como ele dizia? Ele já havia provado que sabia bem ser um ótimo ator. Um lado meu acreditava plenamente no que ele dizia, a outra, simplesmente ficava na dúvida a cada palavra dita por aquela voz rouca e grave.

– Andrew. – Comecei. – Eu sei que você pode não ser dar bem com o Tom e tudo mais, só que, por favor, não diga essas coisas se ainda quiser ser meu amigo. – Me levantei, certificando-me que meu tom estaria sendo sério o bastante para que ele entendesse.

– Eu sei. – Lamentou. – Mas eu também não posso mentir, e como seu amigo, devo abrir seus olhos, Àlex. – Ele tentou impedir que eu saísse, segurou meus ombros levemente. Seus olhos eram suplicantes, tentavam me fazer acreditar em suas palavras, mas eu não queria, não podia.

– Eu entendo que esteja preocupado, mas só vai conseguir me afastar se continuar a fazer isso. – Me afastei rumo à porta. O ar ali dentro estava me deixando sufocada.

**

– Que cara é essa? – Jude perguntou, impedindo que o sol batesse em meu rosto. Abri os olhos lentamente.

– A de sempre, por quê? – Tomei mais um gole da minha cerveja, deitada na cadeira na beira da piscina de casa, com meu mau-humor no nível máximo.

– Desculpa, senhora “estou-esperando-meu-namorado-gostoso-sair-da-rehab”. – Ela sentou ao meu lado, tomando a garrafa da minha mão e sorvendo um longo gole do líquido gelado. – Você precisa de sexo, sério! – Riu. Levantei somente para lhe lançar um olhar mortal. – Quem sabe o Andrew não possa te ajudar com esse probleminha? – Piscou maliciosa.

– Porque você não vai se ferrar, Jude? Sério, se mata! – Arranquei a garrafa da sua mão e segui para dentro de casa.

Era tudo que eu precisava, piadinhas sem graça logo quando eu estava, novamente, confusa. Joguei-me no sofá, com os pensamentos a mil. Não via logo a hora de Tom sair da maldita reabilitação, não via hora de conversarmos e colocarmos tudo em pratos limpos, eu queria parar de ficar com um pé atrás com ele o tempo todo. Bufei e me joguei no sofá, liguei a TV e engoli o resto da cerveja. Senti o lugar ao meu lado afundar, apontando que alguém havia sentado ali.

– Foi mal. – Jude disse, estendendo outra Heineken para mim. Peguei a garrafa, mas não a olhei. – Não devia ter dito aquilo, sei que está ainda está mal esperando o Tom sair da rehab. Mas eu pensei que tivesse superado esse lance com o Andrew. – Franziu o cenho quando a encarei.

– E superei. – Disse desanimada. – Só que ele ainda não superou. Tivemos uma conversa desagradável hoje sobre o Tom. – Ela murmurou um ‘ah’.

– Por isso o mal-humor? – Balancei a cabeça afirmando, enquanto virava mais uma vez a garrafa. – Que droga.

– Completamente. – Suspirei. – Agora eu tô com a mente a mil. Ele disse umas coisas sobre o Tom que me deixaram insegura.

– Ah, Àlex, é claro que ele diria isso, ele ainda gosta de você. Ninguém vai ser bom o suficiente. A não ser ele, claro. – Rimos. Jude estava certa, ele só estava preocupado comigo, não podia o culpar por isso, mas eu também não podia ficar duvidando do Tom. Bem, talvez só um pouquinho.

– Mas desde quando a senhora ‘eu-não-sou-de-ninguém’ é filosófica desse jeito pro lado do amor, huh? – A cutuquei e ela fez uma careta.

– Culpa do seu priminho! – Reclamou. Arregalei os olhos, quase cuspindo o líquido em minha boca. – Merda, falei demais! – Eu não agüentei e comecei a rir da cara enfezada que ela fez em seguida.

– Vocês dois estão no rala-e-rola, é? – Debochei. Era simplesmente hilário demais pensar nos dois juntos... Daquela forma.

– Cala a boca, Àlex. – Ela levantou rindo. – Vai ficar bêbada, vai, e me deixa em paz. – Caminhou até as escadas e foi para seu quarto, me deixando sozinha na sala.

**

Percebi que tinha que almoçar sozinha aquele dia. Mas graças a Deus, Bill havia me ligado para que eu fosse até sua casa para um almoço. Tratei de me vestir o mais rápido que pude, meu estômago roncava. Disse a Jude que iria sair e a deixei assistindo em seu quarto, não perdendo a chance de zoá-la mais um pouco com a história com o Georg. Rindo, fui até minha garagem e peguei meu carro, rumando até a casa de Bill, não era longe. Seria um pouco difícil entrar lá e não encontrar Tom, ainda era esquisito ver Bill sozinho por ai, sem a companhia do irmão gêmeo. Eles eram tão inseparáveis que me peguei pensando no quão ridícula eu era por achar que não agüentaria a saudades do Tom, Bill deveria estar pirando. Desliguei o rádio que tocava uma música qualquer assim que parei em frente à grande casa dos Kaulitz. Peguei minha bolsa e saí, acionando o alarme por precaução. Bati levemente três vezes na porta, esperando calmamente em frente a mesma, balançando o corpo suavemente só para passar o tempo.

– Àlex! – Bill me cumprimentou com um beijo na bochecha, abrindo espaço para que eu entrasse. – Que bom que veio mesmo.

– Era isso, ou comer macarrão instantâneo sozinha. – Comentei. – Além do mais, eu sei que o macarrão que você faz é divino. – Nossos sorrisos desapareceram por um instante.

– É, pena que o Tom não está aqui com o molho secreto dele, não é? – Sorriu tristemente.

– É melhor você aproveitar os dias de folga dele, hein, daqui a pouco ele tá por aqui enchendo teu saco novamente. – Brinquei, fazendo-o rir.

– Você tem razão. – Me puxou até a cozinha. – Tem alguém aqui que quer vê-la. – Não pude conter a surpresa ao chegar ao ambiente extremamente cheiroso e encontrar Simone Kaulitz cozinhando. Virei um pouco o rosto e sorri abertamente para Bill, Simone estava tão concentrada na comida que não tinha notado nossa presença.

– Assim eu vou ficar mal acostumada, olha só quanta comida! – Me aproximei dela, que estava compenetrada próxima do fogão. Virou-se para mim, sorrindo, como Bill, o sorriso era o mesmo, contagiante. Me abraçou tão apertado que eu me senti de volta a adolescência, aquilo era muito comum naquele tempo. Mas com o afastamento entre mim e Tom aquilo era uma cena rara demais para mim.

– Achei não viesse. – Comentou. – Fiz a salada de batatas que você tanto gosta. – Indicou a bandeja em cima da mesa decorada e minha boca encheu-se de água.

– Não precisava se incomodar, Simone. – Sorri sapeca. – Mas eu amo isso!

– Vou deixar vocês duas conversando, preciso ligar para outra pessoa. – Bill deixou a cozinha, animado como uma criança. É sempre assim. Sorrimos cúmplices, talvez estivéssemos tendo o mesmo pensamento.

– Senti falta de você, schatz. – Simone sentou, enquanto eu fazia o mesmo, só que no balcão de mármore. – Eu fiquei tão triste quando se separou do Tom. – Seu tom triste me partiu o coração, nós nem tínhamos conversado naquela época, foi tudo tão rápido que eu não tive tempo de dizer adeus antes de me mudar para Califórnia.

– Eu deveria ter conversado com você antes de vir para cá. – Suspirei. – Mas eu estava tão magoada, só quis deixar tudo pra trás. Não devia ter te deixado no meio daquela bagunça sem entender nada, Simone. Por isso eu peço desculpas, você sempre foi como uma mãe que eu sempre quis ter. – Ela deixou a cabeça cair um pouquinho para o lado, dando-lhe mais ainda um ar materno que eu amava.

– Bill me contou que vocês voltaram. – Ela sorriu. – Não sabe como eu contei os dias para isso. A cada dia eu pedia a Deus que abrisse a cabeça dura do Tom, que ele enxergasse que não podia existir outra garota a não ser você. A cada dia ele aparecia com cada uma. – Torcei os lábios em reprovação. – Tipicamente aquelas que fariam tudo por fama, e que conseguiam isso com ele. Eu nunca gostei de nenhuma.

– É a cara dele. – Lamentei.

– Claro que eu sabia que ele só fazia isso pra tentar achar uma melhor que você, Àlex. – A encarei. – Patético, eu sei, mas é só o Tom, não é? Aquele eu conheço há 22 anos. – Sorri sem graça, abaixando a cabeça. – Mas, de qualquer forma, obrigada. – Franzi o cenho.

– Pelo que exatamente? – Perguntei curiosa, analisando sua expressão.

– Por não ter desistido dele, schatz.

– Chegou quem faltava. – Olhamos para Bill parado no portal da cozinha ao lado de Ana, que sorria tímida.

– Que bom, então posso servir o almoço? – Simone levantou animada.

– Pode sim. – Bill beijou a testa da mãe e seguiu para pegar os pratos necessários, entregou alguns para Ana ajudá-lo e deixou a cozinha novamente para montar a mesa. Fui até Simone e a ajudei com as panelas.

– Eu nunca desistiria dele, Simone. – Declarei, antes de deixarmos a cozinha.

**

Depois do almoço, de muita conversa, e memórias, voltei a dirigir meu carro, mas dessa vez fui pra longe de casa. Liguei o rádio, [Soltei a música] o sol estava tímido no céu, abri a janela e deixei o vento bagunçar meus cabelos. Precisava arejar um pouco, respirar ar fresco e pensar um pouco sobre a vida, sozinha. Tinha me divertido tanto com aquele almoço, me fez sentir em casa depois de tantos anos. Aquele tempo conversando sobre o passado me fizeram pensar no futuro, inevitavelmente. Tom sairia da clínica, nós conversaríamos e provavelmente nos entenderíamos. Mil possibilidades passavam por minha cabeça. Eu sabia que o amava, queria ficar com ele, e pelo que ele havia demonstrado, parecia querer o mesmo que eu. Então porque eu tinha medo o futuro? Ele parecia ser tão bom! Mas para descobrir eu teria que me arriscar. Teria que me jogar de cabeça nessa história de amor, nessa história de amar Tom. Seria intenso, disso eu tinha certeza. Pra qualquer outra garota poderia não passar somente de uma noite, era assim que ele as tratava, eu já tinha passado por isso. Mas tudo que ele fazia, de um simples sorriso a um beijo, me deixava tonta. Eu tinha enfrentado tantas por ele, ele tinha mesmo ficado do meu lado. Nós tínhamos história para contar, muitas na verdade, e teríamos muitas ainda a viver. Só tínhamos que parar de viver como duas crianças assustadas, com medo de todo aquele sentimento, de tudo que o futuro nos reservava. Ele era traumatizado e eu também, tínhamos feridas ainda abertas. A separação de seus pais, o abuso do meu padrasto, tudo aquilo influenciava no que nós éramos, toda nossa personalidade era baseada naquilo. Eu estava disposta a superar se ele ficasse ao meu lado, e ele poderia ter certeza que eu o ajudaria também. Eu nunca sequer havia pensado em um final feliz, isso não era verdade. Mas poderíamos pelo menos ter uma vida legal, realizar nossos sonhos, idealizar outros. Continuei dirigindo pela cidade, observando as pessoas ali, tão felizes, pareciam completas. Me perguntei por quanto tempo eu pensei que poderia ignorar o fato de amar Tom de verdade. Eu fugi, ele veio atrás de mim. E no fundo eu havia adorado aquilo, tê-lo perto novamente, poder pelo menos ver seu sorriso de longe já era o suficiente para mim. Um sorriso singelo surgiu no canto de minha boca. Eu o queria agora comigo, a saudade estava me afogando aos poucos, ia fazer uma semana que eu o havia visitado, mas depois de tê-lo visto de novo eu me tornei uma fraca. Tinha conseguido controlar todo o sentimento por ele nos meses que estava finalizando a turnê com o Tokio, mas agora eu me sentia tão dependente de novo que chegava a ser patético. Eu só queria vê-lo mais uma vez, sabia que ele não iria demora de se livrar daquela clínica, ele era forte, nunca duvidei. Só mais uma vez.

Just hold me
Simplesmente me abrace
Closer, baby
Junto de você, baby
And make me
E me faça
Crazy for you
Louca por você
Crazy for you
Louca por você

Aquele refrão me fez ter uma súbita corrente de adrenalina. Eu iria visitar Tom novamente. Eu queria. Eu precisava.

Postado por: Grasiele

Substituta - Capítulo 20


Cheguei à clínica um pouco mais cedo que o marcado, o horário de visitas só começaria daqui a 30 minutos. Eu continuava ansiosa, porém, decidida. Tinha que admitir que estava mais madura, por incrível que pareça. Eu podia sentir isso. Evitei pensar muito no que falar, isso nunca funciona. Eu não podia calcular os atos do Tom, era impossível, ele era sempre um enigma. Por isso seria perda de tempo ficar inventando diálogos em minha cabeça, talvez eles nem mesmo acontecessem. Peguei uma revista para folhear, já que prestar atenção eu não ia, enquanto o horário não chegava. Levantei os olhos para ver que horas já eram, e meu olhar foi de encontro a uma mulher loira, vestida de enfermeira, encostada ao balcão me observando. Seu sorriso sarcástico me deu certo desconforto, talvez ela soubesse quem eu era e achasse que eu era uma golpista, como a maioria das pessoas. Ela se aproximou e em momento algum em abaixei minha cabeça.

– O que faz aqui? – Perguntou desafiadora. Quase ri.

– Desculpa? – Franzi o cenho. – Tenho algum parentesco com você, ou pelo menos faz parte do meu circulo de amigos? – Ela balançou a cabeça negativamente. – Então, isso não é da sua conta. – Fui curta e grossa. Já estava cansada de gente intrometida na minha vida.

– Além de golpista, é venenosa. – Sorriu de lado, cruzando os braços, fazendo os seios quase pularem para o lado de fora da sua vestimenta, ela forçava muito a barra para parecer sexy, mas só parecia vulgar.

– Você é filha do dono desse lugar, ou é uma das pacientes que roubou o uniforme de uma funcionária? – Joguei a revista de lado. – Porque eu não sei se te avisaram, querida, mas funcionários têm que ter educação, é uma das primeiras regras, sabia? – Arqueei uma sobrancelha.

– Por quê? Você, por acaso, já trabalhou, ou agora namorar caras famosos para conseguir fama é uma ocupação remunerada? – Abri a boca para responder, mas ela levantou a mão, pedindo silenciosamente para que eu parasse. – Tom não quer você, ele já tem o que precisa bem aqui. – Apontou para si mesma. Não pude evitar a raiva que dominou meu corpo diante de tais palavras.

– Depois a golpista sou eu? – Perguntei debochada. – Olhe para sua cara, ela já diz tudo sobre você. Vulgar e superficial. – Enumerei nos dedos.

– Tom pareceu gostar. – Disse sarcástica.

– Até parece! – Levantei e cruzei os braços, desafiando-a pelo olhar. Ela somente tirou os cabelos do pescoço, mostrando a marca roxa. – Qualquer um pode ter feito isso. – Eu não estava tão certa, eu conhecia Tom.

– Se engane o quanto quiser. – Sorriu e saiu de perto de mim, voltando para o balcão.

– Senhorita Listing. – A recepcionista chamou. – Pode entrar. – Me guiou até a porta que dava para um jardim. Logo avistei Tom sentado em um dos bancos, olhando em minha direção. Seu olhar era quente, e ele não deixava aquela mania desgraçada de sorrir de lado. Quase me esqueci da conversa que havia tido com aquela vagabunda na recepção.

– Veio ver se eu ainda estava vivo? – Perguntou divertido. O fuzilei com o olhar, sem tempo para brincadeiras.

– Sem brincadeiras, Tom. – O olhei mais friamente quanto pude.

– Você está diferente. – Comentou casualmente. Aproximou-se um pouco, visto que eu estava sentada ao sue lado, e passou a mão por meus cabelos. – Está mais... Adulta. – Tentou depositar um beijo em meu pescoço, mas o afastei.

– O que pensa que está fazendo? – Perguntei como cenho franzido.

– Você não veio aqui para nos acertarmos? – A esperança em seus olhos quase me fez desistir de tentar ser dura com ele, mas nada.

– Não. – Minha voz não saiu bruta, ou sarcástica, pelo contrário, soou mais calma que o normal. – Acho que você já se acertou com a enfermeira vadia. – Disse aquilo para testar de era mesmo verdade o que aquela mulherzinha havia dito. Ele bufou.

– Como você descobriu? – O olhei incrédula.

– Então é verdade? – Arqueei as sobrancelhas. Ele me olhou culpado, e abaixou a cabeça.

– É. – Admitiu. – Não tem porque mentir pra você. Eu não quero mais fazer isso. Mas não me culpe, eu estava sozinho, e ela estava lá...

– E vai ser assim sempre? – Estreitei os olhos. – Digamos que fiquemos juntos a partir de hoje. Quando eu sair da clínica e você se sentir sozinho vai transar com a primeira vadia que encontrar? – Ele negou com a cabeça, segurou meu rosto e me fez encará-lo, mas demorou a começar a falar.

– Posso confessar uma coisa? – Assenti. – Eu sempre tive medo do que eu sinto por você. Porque é como se eu pudesse fazer qualquer coisa por você, Àlex. Eu sempre lutei contra isso, porque eu não queria ficar preso a você. Eu não queria ficar preso a ninguém. Sempre achei que eu não nasci pra isso, mas ai você apareceu. Parece mentira, e se fosse algum tempo atrás, seria mesmo. Mas eu cansei. Olha só aonde em vim parar por causa dessa minha obsessão de te esquecer. – Ele apontou ao redor, sorrindo tristemente. – E agora que eu decidi não lutar mais contra isso, eu percebi que eu tenho que lutar agora contra essa maldita necessidade de drogas e bebidas. E você se afastou. ­– Seu olhar perdido fez minha consciência pesar.

– A verdade é que eu lutei contra isso também, Tom. Por isso me afastei. Achei que assim eu poderia esquecer tudo que você me fez passar. – Senti o quão desconfortável ele ficara quando disse isso. Não era a única com coisas a se desculpar.

– Será que vai sempre ter uma coisa entre nós que nos impeça de ficarmos juntos? – Ele perguntou triste.

– Só se nós quisermos, Tom. Só se deixarmos. – Um sorriso cresceu no canto de sua boca.

– Isso quer dizer... – Tom me olhou signifitivamente.

– Isso quer dizer... – O cortei. – Que, enquanto você estiver aqui, quero que pense em tudo que me fez passar, Tom. Porque eu vou pensar em tudo que eu preciso melhorar, e uma delas é que agora eu não vou ser mais a garota ingênua que você conhecia. E se você me fizer sofrer novamente, eu vou me vingar, querido. – Ele me puxou pela nuca, encostando nossos narizes.

– Eu adoro mulheres perigosas, sabia? – Tom havia entendido o que eu havia dito. Ele não estava brincando, como eu pensei que ele estaria. Mas antes que ele pudesse me beijar, me afastei, levantando. Sua cara foi hilária.

– Nós conversamos quando sair daqui. – Disse firme e séria. – E nada de enfermeiras vadias, ou... – Apoiei uma mão em sua coxa, subindo levemente, o sentido estremecer com meu toque. – Nada de Àlex para você. – Me afastei repentinamente, deixando-o meio sem jeito. Ri e saí me equilibrando sobre meus saltos.

Nós teríamos muito que conversar depois.

[Bill’s P.O.V. ON]

Tinha marcado um almoço com Alex na semana passada. Ultimamente estávamos trabalhando em uma música juntos, tínhamos escrito algumas coisas juntos, nada muito certo ainda. Era ótimo tê-la por perto, e além do mais, eu teria que me acostumar. Eu sabia que Tom acabaria ficando com ela, e eu, apesar de não querer que ele a machuque novamente, sabia que ela também nutria o mesmo sentimento, e quem era eu para me meter? Fora que era uma das poucas pessoas as quais eu confiava plenamente. Estacionei meu carro no estúdio, ela havia me mandando uma mensagem há alguns minutos, avisando que estaria lá.

– Bill. – Àlex me abraçou. – Será que você pode esperar só um minutinho? Eu vou ao banheiro, é rápido! – Ela adentrou em um corredor, indo para o banheiro.

– Bill? – Ana perguntou atrás de mim. – O que faz aqui? – Sua expressão era surpresa. Eu ri.

– Marquei de almoçar com a Àlex. – Expliquei. – Quer ir também? – Estava rezando para que ela aceitasse. Havia descoberto que ela tinha terminado com o Jared. Azar o dele, sorte a minha. Eu tinha prometido a mim mesmo que não tentaria nada com ela enquanto ela namorasse, e ela estava solteira agora, então, eu não estava quebrando nenhuma promessa.

– Eu não sei. – Mordeu o lábio inferior. – Acho melhor não. – Bufei, cansando daquele joguinho.

– Porque você vive me evitando? – Fui direto.

– N-não estou te evitando. – Gaguejou.

– Está sim. – Me aproximei. – Qual é o problema? Pode me falar. – A encurralei em uma parede, colocando meus braços ao lado de sua cabeça.

– Não, Bill. – Ela sibilou.

– Não o que? – Aproximei nossos rostos, passando meu nariz por sua bochecha, sentindo o aroma doce de seu perfume.

– Isso... Não pode. – Ela sussurrou.

– Não vejo nada de errado nisso... – Dei um selinho em seus lábios. Ela amoleceu levemente, aproveitei e a segurei com meus braços. – Vamos lá, Ana, pare de fugir. – Pedi.

– Eu não quero me envolver com ninguém agora, Bill. Por favor, entenda. – Ana segurou minha camisa, tentando me afastar.

– Nós não precisamos apressar nada. – Segurei seus pulsos. – Você sabe que eu não sou desses, mas, por favor, me dê uma chance. – Voltei a colocá-la contra a parede, beijando sua bochecha e encostando nossos narizes.

– Um jantar. – Ela soltou. – Hoje à noite.

***

A mesa estava em um ótimo local. Nem tanto a vista, nem escondida. Porém era impossível despistar os paparazzi, mas quem disse que eu estava me importando? Ana já era conhecida, nenhuma surpresa para os fotógrafos de plantão. O restaurante italiano podia ser ótimo, mas nada superava Ana aquela noite. Eu não sei se era pelo fato dela estar mais descontraída que o normal, ou pelo fato dela estar sozinha comigo. Não tão sozinha quanto eu queria, mas era um ótimo começo.

– O vinho é ótimo. – Comentou bebericando o conteúdo tinto de sua taça. Sorri, ela ficava linda com os cabelos presos.

– Você ainda não me respondeu o que porque de me evitar tanto. – A peguei de surpresa. Era melhor assim.

– Só acho cedo demais para me envolver com alguém. Faz pouco tempo que eu terminei com Jared. Foi um relacionamento longo. Não é tão fácil quanto parece. – Eu adorava o jeito como ela falava olhando em meus olhos. Sorri.

– Mas ficou com medo de ficar muito perto de mim. – Comentei não pretensioso, mas divertido. Ela riu.

– Tem um monte de paparazzi lá fora, e deve ter umas 50 fotos da gente aqui nesse restaurante. Imagina quantas manchetes envolvendo nós dois e o Jared eles irão inventar. Eu não quero isso. Eu sou produtora, Bill. Se me envolver demais com famosos minha imagem fica manchada, e esse é o meu trabalho. Eu não posso agir como uma adolescente apaixonada e me deixar levar por todo par de olhos sedutores que cruzam o meu caminho. – Sorriu tímida.

– Aposto que ninguém vai querer saber da sua fama. Você é incrível, Ana. Já trabalhou com tanta gente importante. – Ela balançou a cabeça negativamente.

– A imagem é tudo nesse ramo, Bill. Se você apronta demais, isso te prejudica. – Comentou triste.

– Mas você está aqui comigo agora, então, pare de pensar nas conseqüências, pelo menos essa noite. – Pedi, sorrindo para ela. Ana sorriu de volta, com os olhos brilhando.

Eu não a deixaria escapar.

[Bill’s P.O.V. OFF]

– Vamos, Jude. – Gritei. – Temos hora para chegar ao local da gravação. – Reclamei.

– Eu já estou pronta, se vocês tivessem um pouco mais de paciência. – Desceu as escadas resmungando, enquanto colocava os brincos.

– Claro, diga isso para os caras da produção, daqui a pouco Caleb liga desesperado pra gente. – Peter colocou um braço nos ombros de Jude, levando-a para fora. [Solte a música]

***

Gravação do clipe de Suffocated

In the beginning, he was worthless
No início, ele era inútil
Do the worst, feel complete
Fiz o pior, me senti completa
Passing standards others meet
Passando a intender de outros jeitos
Now perfect endings make you anxious
Agora finais perfeitos o fazem ansioso
A heavy hand, a cool desire
A mão pesada, um desejo legal
Leaving nothing here, nothing
Não deixando nada aqui, nada
To regret
A lamentar

Cena 1

– Isso, Àlex, continue assim. – Orientava o diretor, enquanto eu dublava a música com minha guitarra em mãos. – Jude, se aproxime mais do centro do palco. – Ela assim o fez, ficando perto de mim, fazendo com que a câmera enquadrasse melhor todos nós.

Well, am I still suffocated?
Bem, eu ainda estou sufocada?
I'm constantly dead but stayed in
Estou constantemente morta, mas fico
Just to stay alive
Só para ficar viva
Well, am I still suffocated?
Bem, eu ainda estou sufocada?
I'm constantly dead but stayed in
Estou constantemente morta, mas fico
Just to stay alive
Só para ficar viva

Cena 2

– Continue olhando para ele. Imagine que ele é a pessoa mais importante do mundo pra você. – Cerrei os olhos, encarando o belo moreno a minha frente, enquanto ele caminhava em minha direção pelo meio da multidão, simulando um show, e eu continuava no palco. O moreno chegou perto, parando no limite do mesmo e me encarava, eu fazia de tudo para não rir. Não me leve a mal, mas eu não era boa atriz.

I'm alone
Eu estou sozinha

I miss the old days that we murdered
Tenho saudades dos velhos tempos que nós assassinamos
It's too far gone, we're out of reach
Isso foi para longe, estamos fora do alcance
Watch your favorite summer's heat
Assista o seu destino com o calor do verão
Without a break from this destruction
Sem uma ruptura com esta destruição
I need a change, a different scene
Eu preciso de uma mudança, uma cena diferente
A new approach to coming clean
Uma nova abordagem para vir limpa

Cena 3

O garoto foi puxado por uma mulher, sendo levado para longe de mim. Fiz minha melhor expressão de decepção e voltei meu olhar para o chão, ainda fingindo cantar.

A cena após foi uma fan party, na qual eu tinha uma bebida forte em mãos, sentada sobre um banco e com as pernas apoiadas em outro, no canto do largo bar do local, com um olhar perdido, enquanto a festa acontecia a todo vapor. Eu tinha que fingir estar na fossa, tentando esquecer alguma coisa, no caso, o moreno bonito.

Still searching for a back door, I hear
Ainda à procura de uma porta de trás, eu ouço
Reassuring all my friends will reappear
Meus amigos falando que você vai voltar
Am I still suffocated?
Eu ainda estou sufocada?
Hold your breath dear and I'll keep waiting
Segure sua respiração querido e eu vou continuar esperando
Still searching for a back door, I hear
Ainda à procura de uma porta de trás, eu ouço
Reassuring all my friends will reappear
Meus amigos falando que você vai voltar
Am I still suffocated?
Eu ainda estou sufocada?
Well, hold your breath dear and I'll keep waiting
Bem, prenda a respiração querido e eu vou continuar esperando
Waiting
Esperando

Cena 4

Era um flashback, colocaram duas crianças para representar o moreno e eu. O garotinho ensinava a menina como tocar violão, ela ainda desajeitada sentia vergonha de não conseguir tocar direito e ele voltava a repassar todos os acordes com paciência, sorrindo para ela.

Com o flashback terminado, me colocaram atrás da porta de um quarto, como se eu estivesse escutando uma conversa entre Jude, Andrew e Peter. Recostei-me a mesma, escorregando e colocando as mãos no rosto.

We're alone
Estamos sozinhos

Eu olhei para um porta-retratos em cima de um criado-mudo. O mesmo continha uma foto minha e do moreno sorrindo. A câmera saia do meu rosto e ia para a foto que eu encarava, antes de tudo ir ficando escuro devagar.

– Ótimo pessoal. – O diretor falou batendo palmas, fazendo todos os demais fazerem os mesmo.

Respirei fundo. Aquele clipe com certeza tinha tirado um peso das minhas costas. Ele contava como eu me sentia realmente, o que eu tinha passado – não completamente, claro -, mas as pessoas teriam uma ideia. Quem sabe assim, pelo menos para aqueles que tivessem o mínimo de sentimentos possíveis, conseguissem entender o que eu passei durante todos esses anos com Tom. Nossa história era longa, conturbada, e nós, demasiado imaturos. Ou talvez as pessoas simplesmente fechassem os olhos, cada um tem sua verdade, certo? E nada do que eu fizesse me faria ser menos odiada. Eu só teria que aprender a lidar com isso, a vida de estrela do rock podia ser ótima, mas existiam coisas por trás dela que assustavam um pouco, você só tem que manter o controle.

– O que achou? – Andrew sentou ao meu lado. – Quero dizer, do clipe. – Explicou.

– Ótimo. – Sorrimos. – Eu ainda não tô acreditando que gravamos nosso primeiro clipe. É surreal demais, entende? Mas de uma maneira boa. – Encostei minha cabeça na parede. Já fazia horas que estávamos naquele local gravando e regravando as cenas, estava exausta.

– Concordo. E apesar de estar morto, valeu muito mais do que a pena. – Encarei seu rosto, que olhava para frente, concentrado em algum ponto que não estivesse perto de mim. Seu celular tocou, Andrew olhou o visor e seu rosto ficou levemente ruborizado. Franzi a testa e me virei mais para ele, me chamem de curiosa, mas eu tentei ver o nome que estava escrito ali. Só consegui ver o início: Eliz...

­- Não vai atender Andrew? – Ele apertou o botão para desligar e guardou seu celular novamente no bolso.

– Agora não. – Respondeu rápido.

– O que quer a Eliz queira dizer, deve ser importante. – Frisei o nome da garota, rindo quando ele abaixou a cabeça, derrotado.

– Não deve ser nada importante. – Garantiu.

– Ela é sua namorada? – Perguntei curiosa.

– Não. – Foi curto e grosso, até me assustei.

– Desculpa por ser tão intrometida, você não me deve explicações. – Talvez ele não quisesse falar sobre ela, eu estava sendo inconveniente.

– Não, eu fui rude. – Só por seu olhar eu sei que ele estava pedindo desculpas. – É só que... Eu não quero me envolver com ela agora, apesar dela ser uma garota legal, só não me sinto pronto para entrar no relacionamento novamente tão cedo. Ela meio que fica forçando a barra pra termos algo mais sério.

– Ela é uma garota. A maioria das garotas gosta de algo sólido a que se apegar Andrew. E ainda mais se esse algo sólido for você. – Ri da minha piada maliciosa, sendo acompanhada por ele.

– Isso é o que dá ficar tempo demais com o Kaulitz. – Alertou, parando de rir no mesmo momento. – E vocês dois?– Virei um pouco o rosto, me sentia estranha falando do Tom com ele.

– Não estamos nada. Vamos conversar quando ele sair da clínica. – Ele balançou a cabeça afirmativamente.

– Soube que ele está tendo um bom resultado lá. – Afirmei. Ficamos um tempo em silêncio nos encarando. – Mudando de assunto... Eu... Escrevi uma música. Na verdade, eu escrevi quando ainda estávamos juntos. Era um presente pra você.

– Era? – Perguntei divertida. Ele riu de canto.

– Quer dizer, é. Mas não sei se ficou boa. – Eu ri alto de sua fala tímida.

­- E desde quando uma música de Andrew Keller não é boa? – Me fiz de chocada, ele riu.

– Então você quer ouvir? – Assenti. Ele se levantou estendendo a mão para mim, peguei a mesma e ele me ajudou a levantar também, guiando-me sem que eu soubesse onde estaria indo.








Postado por: Grasiele

Substituta - Capítulo 19


– Eu queria agradecer a dedicação de vocês a essa turnê, principalmente a você, Àlex. – Josh levantou a taça de champanhe em minha direção. Repeti seu gesto sorrindo. – Salvou nossas vidas... E a de Tom também. – Senti Bill apertar meu braço assim que abaixei minha cabeça, sorrindo minimamente.

Me perdi no meio daquele discurso. Não parecia que 6 meses haviam se passado. Foi tanta loucura, tantas decepções, alegrias, e no final, só mais decepção, dessa vez, comigo mesma. Eu não acreditava que uma pessoa pudesse viver como um zumbi, até isso acontecer a mim. Os últimos 3 meses haviam sido... Monótonos. Estava tão mal que às vezes eu me pegava ansiosa, imaginando que Tom estaria ali, nem que fosse só para brigar comigo, ou para me ignorar. Nada conseguia chamar minha atenção, nada era engraçado, nada se comparava a ele. Às vezes a vontade de dar um tiro na minha própria cabeça era mais forte, pena que eu não tinha uma arma. Meu próprio subconsciente me traía. Eu prometia não pensar mais nele e me focar na minha carreira, mas tudo parecia estar ligado a ele; as músicas, as pessoas, os momentos, os lugares, tudo. Talvez o problema estivesse comigo, talvez eu não conseguisse tirar ele da cabeça. Eu achava que precisava mais estar naquela clínica do que ele. Eu precisava me desintoxicar de Tom. Eu não podia ser tão vulnerável a uma pessoa desse jeito, era ridículo. Aquilo só podia ser uma obsessão. Se eu estava acordada eu pensava nele, se estava dormindo eu sonhava com ele. Era inevitável não me perder em lembranças e sentir o perfume dele por perto. Colocava minhas roupas para lavar milhões de vezes, pra mim, aquela roupa estava completamente impregnada com seu cheiro. No fundo eu sabia que não iria adiantar, visto que eu não poderia excluí-lo da minha vida de uma hora para outra, sendo que passamos a maior parte da nossa vida juntos, embora não tanto fisicamente.

– Àlex? – Gustav tocou meu ombro. – Está tarde, todos estão subindo para dormir. Vai ficar aqui sozinha? – Encarei seus olhos doces, sorrindo em seguida.

– Eu vou subir também. – Levantei-me e ele me esperou. Fomos juntos, em silêncio, até o elevador.

– Você está com saudade dele, não é mesmo? – Perguntou calmamente.

– Do que está falando? – Me fiz de desentendida.

– Eu sei que você se fez de durona quando ele foi pra clínica só pra não parecer fraca na frente da gente. Mas quer saber? Nesses últimos meses que ele não esteve aqui, você estava perdida. Dava pra ver escrito na sua testa. – Gustav não me encarava, e eu agradeci por isso. Ele estava certo, eu estava perdida, essa era a palavra certa.

– Alguém mais percebeu isso? – Perguntei divertida.

– Na verdade... Todo mundo. – Sorriu. – Mas não se preocupe, ninguém vai te julgar por isso. Todo mundo sabe que vocês se pertencem.


Aquelas palavras haviam me deixado perturbada, devo confessar. Eu sei que Gustav tinha dito aquilo na maior inocência possível, porém, eu não conseguia acreditar... Eu não queria acreditar. Eu queria poder pensar um pouquinho só em mim mesma. Como uma pessoa só, não como eu e Tom, não, nada disso.

Todo mundo sabe que vocês se pertencem.

Eu não entendia como uma simples frase mexia tanto comigo. Era meio perturbador saber que as pessoas pensavam desse jeito, quando eu estava desesperadamente tentando esquecê-lo. Não era animador. E como um disco arranhado, a frase dita tão naturalmente por Gustav me perseguiu a noite inteira.

***

– Uma turnê mundial, tem noção? – Jost comentava empolgado. – Eu cheguei a pensar que não conseguiríamos terminá-la... Você sabe por quê. – Disse a última parte mais baixo para que eu não escutasse. Eu encarava a janela do avião, vendo sol fraco se pondo. Hoje eles estavam demais. Sempre que tocavam no assunto Tom ficavam cochichando para que eu não ouvisse, o que evidentemente, não funcionava.

Estava mas calada que o normal. Isso ao era uma coisa muito comum para mim. De repente, eu me peguei pensando em versos, os quais eu poderia muito bem usar em uma música. Levantei a cabeça rapidamente, fazendo Bill e Jost, que estavam ao meu lado no avião, se assustarem um pouco.

– Alguém tem papel e caneta, ou, sei lá, um notebook? – Os dois se olharam, ainda tentando entender alguma coisa da minha mudança repentina de humor. – Vocês tem? – Perguntei novamente. Eles se moveram, parecendo procurar. Bill foi o primeiro a tirar da bagagem de mão um caderninho e uma caneta.

– Sempre levo para o caso de surgir uma inspiração. – Sorriu, me entregando o caderninho. Agradeci e pus-me a escrever, concentrada.

Bill e Jost evitaram ficar encarando o que eu fazia, o que foi de grande ajuda, não gostava muito de atenção quando eu estava em meu momento de inspiração. Escrevia tão rápido, rabiscava tanto o papel, que meus dedos começaram a doer um pouco, mas eu não estava nem perto de terminar. Eu tina tanto pra falar naquela música que eu nem mesmo sabia por onde começar. Saí escrevendo tudo que passava por minha cabeça, depois resolveria como colocar na ordem certa. Certamente eu não parecia uma pessoa normal, murmurava palavras, ouvia como elas soavam, tentava formar em minha cabeça um ritmo legal. Eu precisava escrever aquela música, as palavras estavam entaladas em minha garganta, sentia como se estivesse tirano um peso de minhas costas. Era uma sensação boa, a qual eu não sentia há um bom tempo. Nem sei quanto tempo, afinal, eu levei para terminar de escrevê-la, mas o sentimento de dever cumprido valeu à pena.

***

Ao ser deixada por um motorista contratado pela banda em frente a minha casa, eu nem reconhecia mais minha vida. Podia ver cinco paparazzis tirando fotos quase em cima de mim, fora os que estavam de longe. Sorri minimamente, e adentrei a casa, ouvindo tudo silencioso demais. Coloquei as malas ao lado da porta e tirei o leve casaco que usava, podendo respirar fundo e dizer: Lar, doce lar. Joguei-me no sofá, fechando levemente os olhos, sentindo falta dos outros três, mas, pelo silêncio, não devim estar ali.

– SURPRESA. – Ouvi duas vozes conhecidas gritarem perto de mim, assoprando pequenas cornetas em seguida. Abri os olhos já sorrindo, vendo Jude e Peter com chapeuzinhos de aniversário nas cabeças. Jude se jogou em cima de mim no sofá, fazendo-me dar um pequeno grito, logo depois rindo.

– Promete que não vai mais deixar a gente por tanto tempo? – Peter pediu sentado ao meu lado, fazendo bico. Apertei suas bochechas e sorri docemente.

– Tudo conspira para que nós não fiquemos separados, pelo contrário. – Expliquei, vendo os olhos dos dois brilharem.

– Quase não acreditamos que conseguimos um contrato. – Jude comentou, enquanto Peter assentia confirmando.

– E como você acha que eu fiquei? – Olhei por cima do ombro de Jude, avistando Andrew encostado a parede, nos observando calado. Tentei sorrir, mas eu não sabia como agir ainda. Era a primeira vez que eu estava cara a cara com ele e estava nervosa. Tudo bem que nós nos resolvemos, mas as coisas já pareciam estranhas. – Andrew. – Chamei. Ele sacudiu a cabeça, parecendo acordar de um transe. Sorriu de lado e se aproximou, sentando ao lado de Jude.

– Eles queriam fazer uma festa surpresa. – Balançou a cabeça negativamente e sorriu minimamente. – Mas você conhece esse dois, não seria uma festa, e sim, a terceira guerra mundial. – Jude rolou os olhos.

– Ele não deixou que fizéssemos uma festa porque ficou cheio de preocupação. Disse que você deveria estar cansada e não queria uma recepção muito barulhenta. – Sorri em agradecimento para ele. Algumas coisas nunca mudariam.

– Andrew está certo. Eu estou morta. – Me remexi no sofá, deixando meu corpo mais caído ainda sobre ele.

– Mas eu quero saber de tudo que aconteceu. Nós precisamos estar preparados, sabe? Daqui a algum tempo, seremos nós que estaremos em turnê. – Disse Jude divertida, levantou-se e caminhou até a cozinha.

– Prometo contar tudo pra vocês, mas antes, quero tomar um banho e descansar um pouco. – Repeti o ato de Jude e segui para meu quarto.

Visto que já era noite, e eu estava com o corpo pedindo por descanso, vesti minha camisola e sentei em minha cama, checando minhas mensagens, já que meu celular havia sido esquecido por mim desligado desde o vôo. Uma mensagem de voz de Ana, perguntado se eu havia chegado bem. Mandei uma mensagem rápida para ela, para que não ficasse preocupada. Me joguei de costas na cama, sentindo a coluna doer um pouco por todas as noites mal dormidas.

– Eu sei que você está cansada e acabou de chegar de viagem, mas será que poderíamos conversar? – Andrew perguntou na porta do meu quarto. – Será rápido, prometo. – Como alguém poderia dizer não aquele rostinho inocente? Sorri e pedi para que ele entrasse. Cobri minhas pernas com o edredom e Andrew sentou-se ao meu lado.

– Eu nem sei por onde começar. – Admiti, respirando fundo.

– Eu também não. – Ele riu. – E olhe que eu treinei essa conversa durante todo o tempo que você esteve fora. Mas é tão difícil ter que falar tudo assim.

– Acho que eu devo começar. – Quebrei o silêncio. – Já faz tempo desde a última vez que conversamos. As coisas ainda continuam as mesmas, eu não menti em nada que eu disse.

– Eu acredito em vocês, Àlex. De verdade. É só que... – Andrew parou de me encarar, olhando para o outro lado, parecendo calcular suas palavras. – Eu entendo que você esteja com o Tom, ou sei lá, acho que agora não está mais. – Assenti– Só que não é fácil pra mim te esquecer. Não me leve a mal, eu tentei. Juro. E continuo tentando. Tentei com outras pessoas. Foi aí que eu percebi o que você está passando. Você pode tentar dizer que não, que todos a sua volta estão enganados, eu digo isso o tempo inteiro também, mas uma coisa que você não pode é enganar a si mesma. Sabe por quê? Porque você sente isso. Você não pode esconder isso de si mesma... Dos outros, talvez, mas não de você, Àlex. – Pela primeira vez na minha vida alguém entendia o que estava passando. Eu não fiquei feliz em saber que eu era o motivo pelo qual Andrew estava assim. Ele não era o mesmo, eu tinha que admitir. O brilho constante no olhar dele não estava mais ali. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu não fazia o tipo de garota fraca, mas eu precisava chorar um pouco, me livrar daquele nó em minha garganta. Abracei Andrew rapidamente, sem deixar outra opção a ele, a não ser me abraçar de volta.

– Porque não podia ser simples? Porque eu não posso estar apaixonada por você e sim pelo Tom? – Perguntei como uma criança curiosa, me sentindo idiota logo após.

– As melhores coisas nunca são fáceis, Àlex. E se for fácil, desconfie. – Ele riu baixinho. – Minha avó que disse. Isso faz de mim uma pessoa careta? – Ri, mesmo em meio a lágrimas.

– Nada nunca vai te fazer careta, Andrew. Nada. – E foi ali que eu adormeci. Nos braços de um dos caras que eu mais adorava.

***

Depois de alguns dias da minha chegada, já estávamos em estúdio compondo, gravando algumas músicas já prontas, aperfeiçoando-as, e principalmente, aprendendo. Tudo era conhecido por nós, mas ao mesmo tempo era novo. Sem contar o assédio da mídia. Eu ainda não tinha aprendido a lidar com isso. Eles eram perigosos, e a menor palavra que você falasse gerava uma polêmica sem tamanho. Apesar de eles ajudarem com o processo de tornar a banda mais conhecida, tudo poderia ser destruído por eles mesmo em questão de segundos. É como dizem, todo céu tem um pouco de inferno. E eu estava provando um pouco do meu. Era impossível me livrar de comentários maldosos dos tablóides, sobre eu ter usado Tom como alavanca para o sucesso da minha banda. E o pior é que nada que eu dissesse me livraria disso, as pessoas acreditavam demais neles, e é claro que isso só fazia com que os fãs do Tokio Hotel ficassem com mais raiva de mim.

– Amanhã será lançado o primeiro single. Empolgados? – Ana perguntou, já sabendo de cor e salteado a resposta. Ela riu do burburinho animado que se instalou no estúdio. – Era o que eu imaginava. – Além de estar animada, eu estava ansiosa também. Depois da conversa com Andrew, eu percebi que não poderia ficar fugindo de Tom para sempre. Era como Andrew havia dito.

As melhores coisas nunca são fáceis

Apesar de pensar muito sobre o assunto, percebi que mais cedo ou mais tarde Tom sairia daquela clínica. Minhas visitas aos meninos agora eram freqüentes, e além do mais, estávamos morando na mesma cidade, uma hora ou outra nós toparíamos um com o outro. Eu nem sequer tinha mandado um cartão confirmando estar viva para ele, somente o ignorei esse tempo todo. Tom podia ter agido como um idiota e não merecer nem sequer um olhar meu, mas eu era apaixonada por ele, então, para que me enganar? Grande parte dos problemas dele tinha haver com drogas e bebidas, e com ele na clínica isso poderia ser resolvido. Em uma conversa com Bill alguns dias antes, ele deixou claro nas entrelinhas que sabia que Tom não se esforçaria para ficar melhor se eu continuasse o ignorando desse jeito. Como tirar a razão das palavras de Bill? Eu estava agindo como uma criança assustada, embora eu ainda estivesse assustada depois de constatar que eu sentia mesmo algo forte por Tom, que o amava. Mas isso não era motivo para me afastar, eu estava sendo egoísta no momento que ele mais precisava de mim, e se eu o amasse de verdade ficaria ao lado dele, mesmo que não da maneira que eu queira.

– Será que eu poderia sair agora que terminamos? – Perguntei, já com a bolsa em meu ombro. – É que eu tenho um compromisso agora. – Ninguém ali sabia da minha visitinha a Tom, embora eu desconfiasse que eles tivessem captado alguma coisa por meu nervosismo.

– É, pode sim. – Disse Caleb, nosso produtor. Acenei com a cabeça antes de deixar o estúdio e ir até Tom.

[Tom’s P.O.V. ON] - No dia anterior, à noite.

Meus pensamentos estavam a mil. Nenhum dia dentro daquela clínica havia sido tão turbulento para mim. Eu não estava bem antes, e depois da notícia de que Àlex viria me visitar, tudo tinha piorado. De repente uma ansiedade me atingiu, fazendo-me querer alguma coisa para beber, ou um cigarro, qualquer coisa. E, bem, eu não conseguiria nada disso por aqui. Nem mesmo jogando charme para a enfermeira gostosa que estava deitada em meu peito naquele momento. Ela era ingênua, bonita, e estava na minha... Fazer o que? Eu sou homem e ninguém pode me culpar. Pelo menos uma distração no meio daquilo tudo. Porém, nem mesmo quando eu estava com ele as coisas pareciam melhores. Era tudo sobre Àlex o tempo inteiro. Eu queria melhorar por causa dela, queria sair dali por causa dela, e o mais importante, eu a queira. E depois de tanto tempo sem dar notícias, a mulher da recepção apenas chega e me diz que ela viria me visitar no outro dia? Como ela podia bagunçar as coisas tão rapidamente desse jeito? Ela tinha um poder tão sobrenatural sobre mim que era até desconcertante falar sobre isso, eu, Tom Kaulitz deixando uma baixinha daquelas fazer um estrago tão grande.

– Tom? – Carla, a enfermeira, chamou. – Eu estava falando com você. – Reclamou, logo abrindo um sorriso malicioso. – Você está tão aéreo, e ainda me parece tenso. – Sorriu de lado. Tudo bem, eu retiro a parte do ingênua. Ela passou as unhas por meu peito, mas eu segurei seu pulso.

– Será que você poderia sair agora? – Tentei me manter calmo, ela não tinha nada haver com o meu mal humor repentino. – Eu tenho que acordar cedo amanhã e não quero ficar com sono o resto do dia.

– Você nunca reclamou antes. – Protestou.

– É, mas agora eu estou reclamando. – Levantei, indo para o banheiro.

– Isso tudo por causa da visita da dona golpista amanhã. – Fechei minhas mãos em punho, tentando me controlar. – Aposto que ela vem aqui só para tripudiar em cima de você.

– O que? – Me virei para ela, já não suportando ouvir sua voz.

– Soube que a banda dela lança um single depois de amanhã. E ela está fazendo sucesso, e, bem, o Tokio Hotel está fora da mídia há um bom tempo, gatinho. – O descaso em sua voz era evidente, aposto que ela estava dizendo aquilo para me fazer ter raiva da Àlex.

– Escuta aqui. – Apontei o dedo para seu rosto, vendo-a arregalar os olhos. – Você não conhece a Àlex, portanto, feche a porra dessa boca, antes que eu faça você ser demitida, vadia. – Disse, com todo o ódio reprimido dentro de mim.

– Você não me achava vadia quando me levou pra cama seguidas vezes. – Deu um sorriso vitorioso, mas não mais que o meu.

– Aí é que se engana. – Me aproximei. – Eu te levei pra cama justamente por isso. Você e todas as outras, porque só há uma mulher diferente de todas vocês. E ela virá aqui amanhã. – Passei por ela, vendo sua expressão indignada. – É melhor você ir embora logo, eu quero dormir em paz. – Declarei, me jogando na cama de qualquer jeito.

Eu mal podia esperar por amanhã.

Postado por: Grasiele

Arquivos do Blog