quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Substituta - Capítulo 12


Oi, aqui é o Andrew, no momento eu não posso falar. Deixe seu recado após o...

Eu já tinha decorado aquela maldita frase da caixa de mensagens dele. Custava pelo menos atender e mandar que eu me fode-se? Eu odiava o modo como ele estava me ignorando, impedindo até que Jude e Peter dissesse seu paradeiro. Ele não tinha nem ao menos deixado que eu explicasse o que realmente tinha acontecido, apenas acreditou naquilo que escutou e mais nada. Uma semana nessa mesma brincadeira de policia e ladrão. Andrew simplesmente havia sumindo do mapa, eu não fazia idéia de onde ele pudesse estar. Mas depois do terceiro dia eu decidi que não ia mais forçá-lo a falar comigo, se ele queria tempo era isso que o ia dar.

– Pronta para ir? – Jost perguntou parado na porta do meu quarto. Assenti com a cabeça e chequei com os olhos se estava faltando alguma coisa. Tudo ok.

– Vamos! – Peguei minha bolsa e saí do quarto com Jost, ele tinha sido um ótimo amigo nessa última semana, por incrível que pareça, ele era bom em me acompanhar nas bebedeiras e sabia me ouvir como ninguém.

Seguiríamos para a próxima cidade, os shows em Melbourne tinham sido ótimos, nada do que pudéssemos reclamar. Foi quase como uma maratona, três shows realizados e estávamos acabados, e ainda nem tínhamos começado. Na próxima cidade só seria um show, teríamos um pouco de tempo para descansar, pelo menos um pouco. Não passei muito tempo ao lado do Tom, ele, felizmente, parecia ter entendido que eu não queria tê-lo por perto no momento. Talvez eu não quisesse ter ninguém por perto. Eu precisava respirar um pouco e colocar meus pensamentos no lugar, não me apressaria com nada, só tinha 23 anos e minha vida agora girava em torno de conflitos amorosos, realmente não dá. Ajeitei-me na poltrona, pronta para passar algumas horas sentada até chegar ao nosso destino. Fechei os olhos, querendo adormecer um pouco, pelo menos para não notar o quanto demoraríamos, sentia alguém passando por mim para sentar-se ao meu lado, mas não abri os olhos.

– Está dormindo? – Ouvi um sussurro ao meu ouvido, me afastei rapidamente, tomando um susto.

– Tom? – Encarei seu sorriso amistoso e sua expressão calma. – Pensei que o Jost fosse sentado ao meu lado! – Sentei-me corretamente e voltei a fechar os olhos, porém meu coração batia forte, podia escutá-lo em meus ouvidos.

– Como anda você e o Andrew? – Sua voz era divertida, quase acertei-lhe um soco, mas respirei fundo.

– Prefiro não falar sobre isso, ou melhor – Abri os olhos e o encarei. – prefiro não falar nada! – Sorri de lado, me sentindo vitoriosa por calar sua boca, mas assim que vi sei sorriso malicioso desfiz a pequena elevação de meus lábios.

– Quem disse que meu plano é conversar? Existem coisas muito mais divertidas para se fazer! – Ele disse a última parte baixo, perto de meu rosto e sem dar opções para mim, segurou meu rosto e selou nossos lábios num beijo rápido.

– Para! – Olhei ao redor, mas os poucos passageiros da nossa classe estavam mais ocupados em dormir ou cuidar de suas próprias vidas. Tom riu do meu desespero.

– Você não precisa ficar nervosa, não tem mais seu namoradinho para trair, não está fazendo nada de errado! – Disse simplesmente, como se falasse sobre qualquer outra coisa.

­- Eu ainda tenho o Andrew, nós não terminamos – Parei no meio da frase. Eu e Andrew tínhamos terminado? Balancei a cabeça e voltei a falar. – A questão também não é essa, o problema é que eu já disse para você não me beijar, você não tem esse direito! – Sua expressão mudou de divertida para magoada, mas eu não podia fazer nada, já tinha conversado com ele antes.

– Será que ó você não percebeu ainda que aquele mauricinho não te merece? – Seu tom aumentou um pouco. – Eu estou aqui, do seu lado, já disse o que sentia para você e nada. Você ainda continua correndo atrás daquele sem sal! Você não cansa de sofrer? Não pode estar sempre no controle de tudo, você é muito certinha. – Arregalei um pouco os olhos e Tom se virou para a janela, chateado.

Você não cansa de sofrer?

E não escolhia sofrer, ou será que sim? Tudo que eu escolhia me fazia sofrer no final. Escolhi Tom e ele me fez sofrer por anos com suas atitudes infantis; escolhi Andrew e o perdi sem nem ao menos me dar conta e sem ter feito nada. Talvez o problema fosse mesmo eu ser certinha demais, sempre aceitei que as pessoas fizessem o que queriam comigo e Tom estava certo. Eu sofria por causa disso, não me permitia fazer o que eu queria. Ah, mas eu iria mudar, ele veria.

– É o que você pensa! – Dei o meu melhor sorriso sacana, vendo Tom olhar-me meio desnorteado. Ele não era o único que tinha o poder de mexer com os outros com aquele sorriso.


[No Hotel] – [Solte a música]

Joguei minhas malas de qualquer jeito no chão, joguei-me na cama e fechei momentaneamente os olhos, apenas para amenizar o peso que estava em minha cabeça, mas não adiantava. Eu sabia o que devia fazer para me sentir melhor, mas não sei se era o certo, eu poderia machucar as pessoas com as palavras que estavam entaladas em minha garganta. Mas se eu não matasse aquilo, com certeza, aquilo me mataria. Peguei o celular e disquei o número de Jude, não sabia que horas era em L.A. e também não queria saber, só que ela teria que acordar de estivesse dormindo só para me entender, eu não teria essa descarga de coragem de novo.


So cold, it's not just the breeze
Tão frio, não é só a brisa
Now that I'm standing alone, we used to be
Agora que estou sozinha, que costumava ser
And I tell myself I'll be alright, once I'm back in your arms
E digo a mim mesma que vou ficar bem, uma vez que estou de volta em seus braços
Till that day, I'll keep holding on
Até aquele dia, eu vou agüentar

– Jude? – Perguntei, assim que ela atendeu o celular, nem dado tempo para que ela dissesse ‘alô’.

– Ahn... Oi, Àlex! – Estranhamente ela falou meu nome mais alto, como se quisesse que alguém escutasse. Eu sabia muito bem que era.

– Eu quero falar com o Andrew! – Exigi. É claro que eu poderia ligar para Andrew, mas se eu o fizesse ele não me atenderia, além do mais poderia bolar algum plano com Jude e Peter para não dizer onde ele estava.

– Com o Andrew? – Ela deu um tempo e eu pude ouvi-la sussurrar “Ela quer falar com você”. – Ele não está, Àlex. – Sua voz adquiriu um timbre triste, sabia que Jude não estava feliz com nada daquilo. Bufei impaciente.

– Eu sei que ele está ai, Jude! – Não reconheci minha própria voz de tão raivosa que ela saiu. – Tudo bem, se ele não quer falar comigo, pelo menos coloque no viva-voz para que ele ouça tudo que eu tenho a dizer, e então ele decide se quer falar comigo! – Ouvi um suspiro cansado de Jude.

– Já coloquei, pode falar o que quiser, eu vou sair um pouco! – Agradeci mentalmente por não ter que discutir relação na frente dela, Jude não tinha nada a ver com a minha raiva.

If I close my eyes, thats when I'll see you
Se eu fechar meus olhos, é quando eu vou vê-lo
If I dream tonight, thats when I'll feel you
Se eu sonho hoje à noite, é quando eu vou sentir
Can you feel this too?
Você pode sentir isso também?
Am I coming through?
Eu estou vindo?
Don't tell me that it's over
Não me diga que acabou


­- Você tem duas opções: primeira, você ouve tudo que eu tenho para dizer; segunda, pode sair e me deixar falando sozinha, eu não vou estar ai mesmo para te obrigar a ficar. – Disse pausadamente, respirei fundo e comecei. – Eu não quero brigar com você, Andrew, de verdade, só quero esclarecer as coisas. Antes de sermos namorados, ou ex, não sei, somos amigos e espero que isso não mude nunca, porque você é sim importante para mim. – Deitei de bruços na cama, calculando tudo que eu tinha para falar. – Para começar, queria que você soubesse que eu não tenho nada com o Tom, sei que vai acreditar em mim, porque não estou mentindo. Já que agora estou abrindo meu coração, queria confessar que algumas vezes eu e o Tom, nós... Nos beijamos, mas só isso. Não permiti que ele fosse além por causa de você, sabia que isso te machucaria e me deixaria muito mal saber que eu o fiz se sentir assim. Também queria agradecer a você por fazer com que eu me sentisse melhor por causa do Tom, e quer saber de uma coisa? Talvez eu não estivesse mesmo disposta a esquecê-lo, mas agora, eu realmente estou fazendo um esforço para isso acontecer, pode parecer que não, mas você não sabe como a cada dia eu tento matar ele um pouquinho dentro de mim. É difícil! – Ri fracamente, sentindo a garganta queimar e os olhos marejarem. – Mas não é que você me ajudou nisso? Eu nunca vou esquecer como você me apoiou quando eu precisei e peço desculpas se não correspondi à altura. – Parei por um instante e pude ouvir sua respiração do outro lado da linha. É, ele estava me escutando. – Acho que não daria certo nós dois juntos, não é mesmo? Não quero te magoar ao dizer que estou pensando no Tom quando, na verdade, era para estar pensando completamente em você. Seria desonesto com nós dois. – Não pude conter o choro após dizer isso, doía demais terminar assim. – Desculpa.

So old, been living each day
Tão velho, vivido a cada dia
I've tried my best to move on, stuck in this crazy place
Eu tentei o meu melhor para seguir em frente, preso neste lugar maluco
But I tell myself I'll be alright, once I'm back in your arms
Mas eu digo a mim mesma que vou ficar bem, uma vez que estou de volta em seus braços
Till that day, I'll keep holding on
Até aquele dia, eu vou agüentar

– Não tenho porque te desculpar, você não fez nada! – Sua voz grave se fez presente, fazendo meu coração esquentar um pouquinho. – Eu é que tenho de pedir desculpas, fui um idiota, não foi? – Ele disse divertido, ri fracamente. – Você não merecia isso.

– Eu não queira que terminasse assim, é tão... Ruim. É como se eu estivesse te perdendo! – Um soluço alto escapou de minha garganta, fazendo-me sentir idiota.

– Você não está me perdendo, Àlex. – Sua voz ficou mais baixa. – Só não seremos mais... Namorados, nossa amizade vai continuar, assim como a banda. – Eu podia sentir a tristeza de suas palavras e isso fez com que meu coração apertasse ainda mais. – Nós precisamos conversar melhor sobre tudo, mas isso só quando você voltar, para estarmos frente a frente. – O silencio reinou entre nós dois, eu definitivamente odeio terminar namoros, acho que ninguém gosta. Tenho que me lembrar disso na próxima vez que decidir namorar com alguém, as coisas não são tão simples assim e não é nada parecido com o que nós lemos nos livros.

If I close my eyes, thats when I'll see you
Se eu fechar meus olhos, é quando eu vou vê-lo
If I dream tonight, thats when I'll feel you
Se eu sonho hoje à noite, é quando eu vou sentir
Can you feel this too?
Você pode sentir isso também?
Am I coming through?
Eu estou vindo?
Don't tell me that it's over
Não me diga que acabou

– Acho que eu vou desligar, já é muito tarde aqui. – Suspirei triste.

– Tudo bem, não quero te atrapalhar. Tenha uma boa noite! – Ele disse calmo.

– Boa noite para você também! – Ouvi um ultimo suspiro e depois o som da linha “tu tu tu”, senti-me sozinha por um instante.

If I close my eyes, thats when I'll see you
Se eu fechar meus olhos, é quando eu vou vê-lo
If I dream tonight, thats when I'll feel you
Se eu sonho hoje à noite, é quando eu vou sentir

Agora eu estava contando os dias para voltar e acertar tudo com Andrew, com a banda e seguir adiante com a minha vida. Mas para isso eu teria de resolver meu pior problema, Tom. Levantei da cama e peguei minha guitarra, não havia nada melhor para fazer naquele momento do que tocar um pouco e esquecer tudo a minha volta. Sentei na poltrona em frente a cama e fechei os olhos, dedilhando algumas notas e sem nem perceber eu estava cantando um refrão.

If I close my eyes, thats when I'll see you
Se eu fechar meus olhos, é quando eu vou vê-lo
If I dream tonight, thats when I'll feel you
Se eu sonho hoje à noite, é quando eu vou sentir
Can you feel this too?
Você pode sentir isso também?
Am I coming through?
Eu estou vindo?
Don't tell me that it's over
Não me diga que acabou

[Tom’s P.O.V. ON]

Estava com uma vontade mórbida de falar com Àlex, pedir desculpas pelo jeito como falei com ela no avião, não devia ter sido tão duro, ainda mais depois de tudo que ela fez por mim. Fiquei andando de um lado para o outro no corredor silencioso do hotel, em frente ao quarto dela, ensaiando o que dizer, mas nada saia. Encostei a testa na porta de seu quarto e fechei os olhos, respirei fundo e quando estava prestes e bater ouvi o som de sua guitarra. Abri os olhos rapidamente e encostei o ouvido a porta para ouvir melhor, sua voz saia tímida no começo, mas depois saia um pouco mais firme e entoada.

Don't tell me that it's over
Não me diga que acabou

Acabou. Será que ela estava falando do Andrew? Porque eu nunca tinha escutado essa música, parecia ser nova. Não que eu ficasse escutando todas as músicas dela, de jeito nenhum, nem fazia o meu estilo, era só por que eu gosto do jeito como ela toca guitarra, por isso eu sabia todas as suas músicas. Só por isso.
Minha vontade de falar com ela não desapareceu, mas pelo tom de sua voz ela com certeza não falaria comigo agora. Preferi deixar a conversa para outro dia, ainda teríamos muito tempo juntos, principalmente, dependendo de mim.

[Tom’s P.O.V. OFF]

[Georg’s P.O.V. ON]

O dia estava ótimo, sol, não estava fazendo tanto calor, ótimas bebidas servidas pelo bar do hotel e ainda reunidos com meus amigos.

– Se essa turnê continuar assim, será muito boa! – Jost comentou, estufando o peito. Tínhamos recebido vários elogios de críticos musicais e isso nos deixou muito felizes. E como sempre, Jost – como era viciado em internet – sempre ficava por dentro de tudo, das criticas, dos elogios, das fofocas e sempre dava um jeito de resolver tudo, ele era o melhor.

Avistei Àlex descendo as escadas do hotel e parando para dar autógrafos para algumas garotas que mais cedo tiraram fotos conosco, ela parecia feliz e ficou meio sem jeito, ri por isso. Ela seria famosa, ou melhor, ela já era famosa, teria de se acostumar com isso. Essa pensamento me fez lembrar da promessa de Bill, dali a alguns meses a turnê acabaria e nem tínhamos pensado no assunto. Aproveitei que Àlex ainda estava entretida com as garotas e cutuquei Bill.

– Você já pensou em como vai ajudar a Àlex com o lance do produtor? – Perguntei baixo.

– Cara! – Ele bateu na própria testa. – Eu tinha esquecido completamente! – Bill encarou Jost do outro lado da mesa, que olhava alguma coisa no computador. – Tenho que falar com o Jost, com certeza ele deve conhecer alguém nesse meio que possa ajudar a Àlex.

– Fica na sua que ela tá vindo. – Me afastei um pouco dele e encarei Àlex se aproximar sorrindo.

– Bom dia, garotos! – Vi Jost sorrir feito criança pela parte do ‘garotos’, ele sempre adorava quando erravam a idade dele e o achavam mais novo. Tom, que estava sentado ao lado de Jost apenas a encarava fixamente, ele não desistia.

– Boa dia, Àlex. – Ela sentou ao meu lado. – Como passou a noite? – O sorriso de seu rosto desapareceu.

– Não muito boa. – Ela se aproximou. – Acho que agora estou solteira! – Ela estava triste e meu coração levou uma fisgada. Eu sabia que tinha minha parcela de culpa nesse término e não gostava nem um pouco de saber que ela estava mal.

– Sinto muito. – Fui sincero, ela apenas me deu um sorriso fraco.

– Galera, seus maravilhosos fãs estão oferecendo uma festa de boas-vindas hoje à noite, aqui mesmo no hotel! – Não era de hoje que nós sabíamos que Jost adora festas, ele sempre era sempre o mais empolgado, junto comigo, é claro. Todos na mesa pareceram adorar a idéia, menos Àlex, que fez uma careta. Estranho, ela sempre gostou de festas.

– Já volto! – Ela levantou e seguiu até o balcão, acho que pedia alguma coisa diferente do que estava sendo servido. Seu celular tocou e eu pensei em chamá-la, mas ela estava um pouco distante de nós e parecia que ia demorar. Atendi, sem nem olhar quem era.

– Alô?

– Quem está falando? – Uma voz feminina perguntou do outro lado da linda. Jude.

– Jude! – Fingi estar empolgado.

– O que você está fazendo com o celular da Àlex, seu energúmeno? – Jude era venenosa quando queria.

– Own, eu também te amo, Jude, você é sempre tão carinhosa! – Fiz uma voz meiga, vendo Bill dar risada ao meu lado e o acompanhei. Jude bufou.

– Onde está a Àlex, huh? – Foi direta, parecendo não estar com paciência. Na verdade, ela nunca tem paciência para mim.

– Ela está pedindo alguma coisa para comer, é muito urgente? – Me interessei.

– Nada que lhe diga respeito, agora passa pra ela logo! – Eu adorava tirá-la do sério, era engraçado ver seu rosto ficar vermelho e suas narinas inflarem discretamente. Pena que ela não estava em minha frente agora.

– Ela já está vindo. – Àlex parou ao meu lado e estendeu a mão pedindo o celular, sorri sapeca para era e lhe entreguei o mesmo, vendo-a se afastar.

Ah Jude, como eu a tinha esquecido? Aquela garota era puro fogo, sem dúvidas. Aquele rostinho inocente escondia bem o demônio que ela tinha dentro do corpo. Ainda bem que estou solteiro, se não, estaria tentado a trair minha namorada. Será que ela não queria, assim como o Andrew, fazer uma surpresinha para a Àlex aqui também?

[Georg’s P.O.V. OFF]


Tentei ignorar o fato do sorriso safado no rosto do Georg e da voz afetada da minha melhor amiga, aqueles dois não tinha jeito mesmo; viviam de pegando nos cantos quando éramos mais jovens, só que o orgulho não permitiu que eles ficassem juntos. O objetivo de Jude era ligar para saber como tinha sido minha conversa com Andrew, porém, seu humor desapareceu e não final das contas eu tive que ficar ouvindo por longos minutos suas reclamações, sobre como Georg era idiota, sem noção e outras coisas a mais que eu nem prestei atenção. Acabei me atrasando para o café e fiquei sozinha comendo sentada a mesa.

– Tomando café sozinha? – Uma voz grave soou ao meu ouvido.

– Eu sei comer sozinha já faz algum tempo, Tom! – Respondi ríspida. Ainda não tinha esquecido o que ele havia me dito no avião.

– Não precisa ser tão rude comigo, apesar d’eu gostar de mulheres agressivas! – Ele se sentou ao meu lado, com seu habitual sorriso sacana no rosto.

– Será que você poderia me deixar tomar café em paz, pelo menos isso? – Virei o rosto, sem a menor paciência para ter um dialogo descente com Tom.

– Eu fico calado! – Ele fingiu que tinha um zíper a boca, fechando-o e piscando para mim.

– Bom mesmo! – Voltei a tomar meu café, dando um longo gole, sentindo o líquido morno descer por minha garganta e fechei os olhos.

– Mas, na verdade, eu queria mesmo era saber se você vai à festa hoje à noite! – Sua voz continha uma curiosidade evidente, sorri sem que ele percebesse.

– Não disse que ia ficar calado? – Cerrei os olhos em sua direção, ele sorriu culpado. – Eu não sei, ainda vou decidir. Por quê?

– Nada, só curiosidade! – Respondeu rápido de mais.

– Sei, Tom, sei. – Afastei a cadeira da mesa e me levantei, chegando perto de seu ouvido. – Então, acho que eu vou sim a essa festa. – Me afastei antes que ele pudesse esboçar qualquer reação.

Aquela seria minha oportunidade de fazer Tom ver que eu não era certinha como ele tinha afirmado. Ele que se preparasse.

[Tom’s P.O.V. ON]

Como eu não podia beber nada alcoólico já estava no meu segundo copo de coca-cola, que não deixava de ser uma bebida viciante, pelo menos para mim. Ela ainda não havia nem dado sinais de vida, no mínimo, ela deve ter mentido para mim quando disse que viria para a festa. Claro que eu poderia estar aproveitando com alguma fã gostosa que aparecesse, mas hoje eu queria muito acertar as coisas com a Àlex, e se isso significasse sexo no fim da noite eu não reclamaria. Batia o pé freneticamente contra o chão, já impaciente, se ela demorasse mais quinze minutos eu subiria até seu quarto, com certeza. Sem que ninguém percebesse eu peguei uma garrafa de whisky do bar, onde estava sentado, não era o meu preferido, as eu não tinha tempo para procurar o melhor, alguém poderia ver. Antes que eu pudesse me mover e ir para algum canto mais afastado, a imagem dela naquele vestido me fez ficar paralisado no lugar onde estava. Não, aquela não era a Àlex, não podia ser. Não digo de um jeito ruim, mas ela estava diferente, não usava aquele tipo de roupa, embora ficasse muito bem nela, tenho que admitir. Recostei-me a bancada do bar, com a boca um pouco aberta vendo-a descer as escadas. Àlex mirava o local, como se tivesse fogo nos olhos. Senti alguém se aproximar e olhei para o lado, dando de cara com Gustav que encarava Àlex de boca aberta.

– Cara, ela tá... – O interrompi.

– Gostosa, eu sei! – Respondi ríspido. Tudo bem eu achar isso dela, afinal, diria isso até quando ela estivesse vestida de freira, mas outros caras acharem isso também era demais.

– Olha só como todo mundo parou pra olhá-la! – Ele exclamou. Na verdade, as pessoas que pararam para a reparar foi, na sua maioria, homens. Eu tinha que resolver aquilo.

– Depois falo com você. – Dei um tapinha em seu ombro e me afastei.

Ela tinha ficado maluca ou o que? Não podia sair vestida assim no meio de um monte de marmanjo, não podia mostrar aquele corpo com o qual eu tanto sonhei e nunca pude tocar.

[Flashback ON] – Tom’s P.O.V.

O show tinha terminado bem, como a maioria. O nervosismo do começo tinha ido embora e somente a sensação de dever cumprido reinava. Ainda podia ouvir os gritos dos fãs em meu ouvido, mas não era ruim, pelo contrário, me deixava com um sorriso idiota na cara. Eu e os outros três, juntamente com Àlex, estávamos bebendo refrigerante e conversando sobre coisas idiotas. Algum tempo depois, os outros saíram, provavelmente em busca de alguma mulher, mas eu não precisava, eu tinha a minha bem ali. Àlex e eu estávamos em silencio, apenas tomando nosso refrigerante e nos encarando. Ela estava sentada a minha frente em uma cadeira, enquanto eu estava esparramado no sofá.

– Vem cá, Àlex. – Chamei, fazendo minha melhor cara de fofo. Ela sorriu, rolando os olhos e levantou da cadeira para sentar-se ao meu lado.

Coloquei a garrafa do meu refrigerante na mesa ao meu lado e peguei a sua também, colocando ao lado da minha. Antes que ela pudesse reclamar a calei com meus lábios, fazendo-a se deitar no sofá, ficando por cima dela. Desci meus beijos por seu pescoço, ouvindo-a arfar e segurar meu cabelo de leve. Ela estava mesmo cedendo? Não contive um pequeno sorriso enquanto a beijava, indo até seus seios e descendo minha mão para a barra de sua blusa.

– Tom. – Àlex chamou, ainda de olhos fechados. Continuei o que estava fazendo, esperava que ela não me parasse dessa vez. Puxei sua blusa até sua cintura, Àlex rapidamente segurou minhas mãos e quando eu já havia parado, ela me empurrou. – Não, Tom! – Ela se levantou sem que eu nem percebesse, cobri o rosto com as mãos, irritado.

– Me diz quanto tempo mais eu vou ter que esperar? – Falei um pouco mais alto que o aconselhado, fazendo-a se assustar.

– Não aqui e não agora, por favor! – Seus olhos encaravam o chão como se tivesse algo ali que realmente estivesse chamando sua atenção.

– QUANDO? – Respirei fundo, contendo a vontade de gritar mais com ela. – Você sempre nega toda vez! – Joguei as mãos para cima em rendição.

– Você sempre tenta na hora e no lugar errado, você quer que eu faça o que? – Sua voz tinha um certo tom de desespero.

– Eu só quero saber o que de tão importante você vê nessa droga de virgindade, isso não é nada demais, não vejo motivo para tanto alarde!

– Só acho que não deve ser feito assim. – Ouvi seu sussurro e me irritei mais ainda.

– Você acha que eu devo fazer que nem nos filmes e preparar um quarto com velas e todas aquelas palhaçadas? – Me aproximei dela, colocando as mãos em seus ombros e a olhando fixamente nos olhos. – Pois arranje um que faça isso para você, porque sabe muito bem que eu não sou desses! – Vi seus olhos encherem de lágrimas e seu olhar ressentido me fez reconsiderar o que disse. – Àlex...

– Não! – Ela se afastou. – Quer saber? Você tem razão, eu vou mesmo achar um que faça isso para mim! – Seguiu até a porta.

– O que isso quer dizer? – Perguntei confuso. Àlex virou um pouco o rosto molhado pelas lágrimas antes aprisionadas em seus olhos.

– Isso quer dizer que acabou! – Abriu a porta e saiu antes que eu dissesse algo, o que não iria acontecer, eu não conseguia dizer mais nada.

[Flashback OFF]

Sacudi a cabeça, evitando tais lembranças, eu não gostava nem um pouco delas. Segui pelo meio da multidão em direção a Àlex que ainda descia as escadas, com o sorriso torto na boca e um olhar felino ela me enxergou, senti meu corpo tremer só pela maneira como ela sorriu para mim. Mas aquele sorriso não era da Àlex sóbria, não mesmo. Ela só podia estar bêbada, principalmente por estar usando aquela roupa no meio de todo mundo, a minha Àlex não faria isso se estivesse realmente ciente de suas ações.

– Àlex, vamos sair daqui! – Segurei seu braço sem aplicar muita força.

– Uh, tá apressadinho, Tom. – Disse em meu ouvido com uma voz rouca e arrastada. Senti um arrepio correr por meu corpo, mas me contive.

– Acho que você não está bem. – Comecei a subir as escadas, levando-a comigo para meu quarto. Não era a melhor idéia, mas eu não a deixaria sozinha para acabar fazendo uma besteira.

– Eu estou ótima, quer ver? – Ela ameaçou puxar o zíper do vestido, mas segurei sua mãos, por mais que eu estivesse louco para ver, não podia.

– Eu sei. – Disse sarcástico.

Abri a porta do meu quarto e a coloquei para dentro, traçando a porta logo após. Quando me virei ela estava perto do aparelho de som que já estava ali – é, quarto bem equipado é outra coisa. Ela ligou sem dizer nada e eu franzi o cenho, logo a música soou alto pelo quarto e eu tampei os ouvidos rapidamente. Ela riu de tudo aquilo, fui em direção ao som para abaixá-lo, mas ela colocou as mãos em meu peito, barrando-me. Aproveitando que estávamos perto da cama ela me empurrou, sentando em meu colo em seguida. Merda.

– Àlex, você está bêbada! – Falei em seu ouvido devido a altura do som e segurei sua cintura para tirá-la de cima de mim. Ela colocou as mãos sobre as minha, exercendo uma força contrária a minha.

– Eu estou muito bem! – Disse em meu ouvido. – E eu vou te mostrar! – Ela voltou a me empurrar na cama, dessa vez deitando-me e abriu o zíper do vestido até sua cintura, deixado a mostra a bela lingerie que vestia.

É, ela estava ótima. Deus que me dê autocontrole.

Postado por: Grasiele

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