quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Substituta - Capítulo 16


Uma semana e meia depois...

– Quer que eu ajuste a cama pra você, papai? – Peguei o pequeno controle em cima da mesa e me preparei para ajustar conforme ele quisesse.

– Não, está tudo bem, não gosto de ficar deitado. Já basta não poder andar. – Era assim o tempo todo. Ele sempre dava um jeito de relembrar que ele não poderia mais andar, se martirizando. Sentei na beirada de sua cama, colocando minha mão sobre a sua.

– Eu vou em casa pegar algumas coisas suas, aproveito e deixo sua mala pronta para quando for embora, certo? – Dei um beijo em sua bochecha. Ele estava bem, deprimido, mas bem. Isso fez meu coração se acalmar mais um pouco. – Karen ficará aqui com você, ela só foi em casa tomar um banho e já volta. – Karen era a nova namorada de papai. Nova mesmo. Não passava dos 28 anos, bem arrumada, bonita, e principalmente, extremamente apaixonada por papai. Só Deus sabe como eu pedi isso por anos, ele não merecia ficar sozinho, remoendo o relacionamento conturbado com minha mãe.

– Não demore, quero passar um tempinho com você antes de voltar para a turnê, baixinha. – Fiz careta por tal apelido, ele adorava me chamar assim, apesar de ser quase do mesmo tamanho que ele. Apelido de infância nunca muda.

– Não irei. – Sorri e saí de seu quarto. Andei um pouco em busca de Tom, não me surpreendi em encontrá-lo na cafeteria, ele não saia de lá. – Vamos à casa do papai? Preciso pegar algumas coisas e roupas para quando ele sair daqui. – Passei os braços por seu pescoço, beijando a ponta de seu nariz.

– Vamos sim. Deixe só eu pagar o café. – Soltei-o para que pudesse ir ao caixa e esperei.

Tom não saiu do meu lado um minuto sequer, ele cumpriu o que prometeu, e admito, conquistou mais um pouquinho da minha confiança. Mas nos últimos três dias ele estava diferente, quase não dormia, estava perdido em pensamentos o tempo todo, ficava de mau-humor muito rápido, e agitado. Acho que o café excessivo não estava fazendo bem para ele. Ele dirigiu calmamente até a casa de papai, e logo estávamos lá.

– Eu vou pegar as coisas. – Avisei subindo as escadas.

– Eu vou tomar um banho, tudo bem? – O ouviele gritar do andar de baixo.

– Okay. – Nossas coisas estavam ali, apesar de não passarmos muito tempo aqui. Fui até o quarto de papai e peguei uma pequena mala, colocando ali algumas mudas de roupa, para quando ele fosse liberado, e alguns itens de higiene. Depois de tudo arrumado, me joguei na cama, sentindo meu corpo reclamar de tantos dias dormindo apenas em cadeiras de hospital. Deixei meus olhos se fecharem um pouco, só para relaxar.
Senti meu pescoço ser beijado, por lábios rápidos, perigosos. Sorri ainda de olhos fechados, colocando as mãos nos ombros largos de Tom.

– Que tal um banho? – Ele sugeriu malicioso.

– Pensei que já tivesse tomado seu banho. – Ri.

– Eu ia, mas eu me senti sozinho naquele banheiro, sabe? E quando eu cheguei aqui você estava desmaiada na cama. – Zombou. Dei um leve soco em seu braço, rindo da sua cara sapeca.

– Eu só fechei os olhos. – Dei um selinho nele. – Mas acho uma ótima ideia. Um banho seria perfeito agora. - Ele não esperou que eu me levantasse, me carregando no colo. – Tom, sua perna... – Olhei para sua perna e lá estava ela, sem a bota imobilizadora. – Mas...

– Àlex, eu já estou ótimo, não tinha porque ficar usando aquele troço. – Fez careta. Ele não tinha mesmo jeito.

Tom caminhou até o banheiro do quarto de papai, que era maior por ser a suíte. Fechou a porta atrás de nós, e eu já tirava minha jaqueta/bolero de couro e jogava no chão. Tom segurou minha nuca com possessividade, juntando nossos lábios com urgência. Suas mãos foram diretamente para a braguilha da minha calça, abrindo-a sem que eu nem percebesse. Tirei minha própria blusa enquanto ele descia a calça por minhas pernas, apressado. Suas mãos pararam em minha cintura e me puxaram para perto, nossas línguas lutavam uma com a outra, e eu senti meu sutien ficar folgado em meu corpo. Uma de suas mãos escorregou até a barra de minha calcinha, sendo a última peça entre nós dois, e desceu-a. Tom foi caminhando, ainda beijando-me, em direção ao Box, abriu a porta e me levou em direção a parede fria ali presente. Minha pele se arrepiou devido tanto aos seus beijos quanto o choque térmico da parede e a temperatura do meu corpo. Ele mordeu o lóbulo de minha orelha, arrastou os dentes de leve por meu pescoço até alcançar meus seios e beijá-los com desejo. Eu nunca me cansaria de suas mãos em meu corpo, de seus beijos, do jeito experiente dele; era bom demais para calcular. Tom se ajoelhou a minha frente, colocou uma perna minha sobre seu ombro e direcionou sua boca até minha intimidade. Apertei os olhos e coloquei as mãos em sua cabeça, o sentindoele acariciar-me intimamente. Com uma mão em minha perna sobre seu ombro e outra em minha bunda, puxando-me mais para ele, enquanto eu não conseguia controlar meus gemidos, minha outra perna, a que me mantinha em pé, tremia e ameaçava ceder. Minha barriga se contraia violentamente, porém, Tom não parecia disposto a parar, e eu não estava reclamando. Puxei suas tranças com força quando me aproximei do orgasmo, e ele parou antes mesmo que eu pudesse atingir meu ponto máximo. Apertei as unhas contra seu braço, contrariada, não era para ele ter parado. Sorrindo safado ele levantou, pôs uma mão em meus cabelos e outra em minha cintura, virando-me de costas para ele. Pus minhas mãos na parede, o senti soltar-me, sabia o que ele iria procurar.


– Vê se encontra alguma na gaveta. – Tom sorriu, abrindo a gaveta da pia rapidamente, bagunçando as coisas ali e encontrando uma camisinha. Agradeci a papai mentalmente por isso.

Ele voltou a ficar atrás de mim, ligou o chuveiro quente, e devidamente protegido, penetrou-me de uma só vez. Gemi alto por tal ato, meu corpo todo tremia com suas investidas fortes, podia sentir pequenas explosões por toda minha pele. Joguei a cabeça para trás, Tom puxava meus cabelos e apertava minha cintura soltando altos suspiros e ofegos. Ele afastou meu cabelo, beijando e mordendo meu pescoço, e eu movimentava meu quadril no ritmo de suas estocadas. Meu coração começou a bater mais rápido, minha respiração estava alta, nada diferente da dele, e meus músculos se contraíam. Tom aumentou o ritmo, fazendo nossos corpos se chocarem, provocando um som alto. E numa explosão de prazer, eu soltei um grito que ecoou por todo o banheiro, sendo seguida por Tom, que apertou minha cintura consideravelmente e gemeu alto. Ele me abraçou por trás e apoiou a cabeça em meu ombro, relaxei em seus braços por algum tempo embaixo do chuveiro.

***

– Tom, vamos. – Chamei da porta da casa do papai. Ele pegava nossas coisas, iríamos embora aquela noite mesmo. Papai estava melhor, tinha alguém para cuidar dele, e recebemos uma ligação de Ana avisando que o tempo estava acabando. Apesar de querer ficar mais um pouco, não poderia passar o resto da minha vida ali. Nem sequer havia visitado minha mãe, nem o faria, só de imaginar ter que olhar pra seu rosto me faria reviver todo meu pesadelo de quando criança.

– Pode abrir a mala para mim? – Tom pediu, com as mãos ocupadas por nossas bagagens. Assenti e abri a mala do carro que alugamos por toda a semana, o que acabaria hoje.

Fomos para o hospital para que eu pudesse me despedir de papai e levar suas coisas. O caminho foi silencioso e eu pude aproveitar um pouco para ver a cidade através da janela do carro.

– Trouxe suas coisas, papai. – Coloquei sua mala em cima do pequeno sofá de seu quarto. Karen estava sentada ao seu lado na cama, segurando sua mão.

– Demorou tanto. – Disse desconfiado. Pois é, ele não tinha a melhor relação do mundo com Tom, e ainda não havia digerido direito a ideia de estarmos juntos novamente. Ri discretamente.

– Não seja ciumento, Chris! – Karen brincou. – Ela já está bem grandinha, não acha? – Piscou para mim.

– Está vendo? Eu não sou mais uma criança! – Fiz bico, me aproximando.

– Você pode estar velhinha, mas sempre vai ser minha baixinha. – Ele me puxou pela mão e me deu um beijo na testa.

– Sempre, papai! – Devolvi o beijo. Um pequeno aperto surgiu em meu coração por ter que ir embora, já fazia tanto tempo que eu não o via, passar aqueles dias ao seu lado, mesmo naquele momento difícil, fora tão bom. – Mas, infelizmente, o trabalho me chama. – Respirei fundo.

– Só promete que não vai demorar de me visitar, principalmente agora que eu não posso mais andar, vou ter que depender dos outros e... – Coloquei o dedo sobre seus lábios.

– Não começa! – Adverti. – Eu não vou demorar, okay? Eu não vou deixar de te visitar, nunca.

– Queria poder te acompanhar até o aeroporto. – Sua expressão triste estava de volta, aquilo partia meu coração.

– Não se preocupe com isso, vou voltar com Tom, não vou estar sozinha. – Ele bufou, e Karen e eu rimos. – Tchau, meu ciumento. – O abracei de mau jeito por sua posição.

– Toma cuidado, baixinha. – Piscou.

– Eu te levo até a porta do hospital. – Karen me acompanhou até lá, onde Tom me esperava no carro.

– Cuida bem do meu pai, tá? Ele é muito especial.

– Pode deixar comigo! – Ela sorriu e me deu um abraço apertado, antes que eu partisse juntamente com Tom para o aeroporto.

***

[Bill’s P.O.V. ON]

Já era tarde, estávamos empenhados na volta com a turnê, tanto que ficamos até agora no estúdio de um amigo de Jost e Ana ensaiando. Esperei todos irem embora para que eu ficasse sozinho com Ana, que cuidava da papelada do local onde faríamos o show. Da pequena sala de reuniões pude observá-la concentrada, escrevendo e por vezes digitando alguma coisa no notebook. Passei as mãos pelos cabelos, chequei o hálito, me olhei rapidamente do pequeno espelho ali presente e ajeitei a roupa. Tudo ok. Andei sem pressa até sua sala. Ela falava ao telefone, animada, diminui os passos, dando tempo para que ela terminasse a conversa.

– Beijos. – Ainda pude escutar ao adentrar a sala. Ela parecia assustada por me ver ali. – O que ainda está fazendo aqui Bill? Está tarde! Amanhã será um dia cheio. – Ana se levantou com alguns papeis em mão e foi até um pequeno arquivo, colocando-os lá dentro.

– Eu sei, mas... – Eu não teria outra oportunidade de ficar sozinho com Ana. Sempre tinha alguém para me atrapalhar. Tinha que admitir que ela havia mexido comigo desde quando a vi pela primeira vez. Ridículo para alguns, eu chamo isso de sinal. – Eu não estava com vontade de voltar para o hotel, sabe, muito chato. – Encostei-me a mesa, cruzando os braços na altura do peito e olhei para ela.

– Aqui é que você não vai encontrar diversão alguma! – Riu desanimada. – Tem tanta coisa para fazer que você ficaria maluco. – Voltou a sentar em sua cadeira, dessa vez, digitando fervorosamente em seu notebook.

– Tem certeza que não tem nada? – Eu sei que isso era coisa para o Tom, esse tipo de cantada barata funcionava com ele, porque não funcionaria comigo também? Não custava tentar. Quer dizer, eu mudei de ideia quando ela riu.

– Alguém por aqui está querendo tirar sarro da minha cara? – Ela nem sequer me olhou. Ótimo, ela nem acreditara.

– Não. Claro que não. – Levantei da parte da frente de sua mesa e fui até o seu lado, me apoiando ali. – Só achei que depois de um dia cansativo como esse você quisesse tomar alguma coisa comigo. Pra conversar melhor, desde que chegou não tive a oportunidade ainda e parece que vamos ter que trabalhar durante algum tempo juntos. Achei que seria uma boa ideia. – Ana parou de digitar no mesmo instante, olhando-me profundamente. Seria mentiroso se dissesse que não senti um arrepio por isso.

– Você está me chamando para sair? – Arqueou uma sobrancelha e deu um sorriso de lado, inclinando um pouco a cabeça e virando-se para mim. Sorri culpado.

– Talvez. – Dei de ombros, sem conseguir sustentar seu olhar inquisidor. Ela se levantou, passando a mãos pelo cabelo e pousou outra em sua cintura, respirando fundo.

– Olha, Bill. – Começou. Nem sequer eu a encarava. – Não sei como dizer isso...

– Ana? – Uma voz masculina a chamava do corredor. – Você está ai? – A voz, juntamente com os passos, se aproximava da sala onde estávamos.

– Estou aqui, Jared. – Ana respondeu. A encarei sem entender, logo depois, Jared Leto entrou calmamente, sorrindo para ela.

– Bill? – Ele a abraçou, dando um pequeno beijo em seus lábios. Filho de uma... – Quanto tempo! – Estendeu a mão para que eu o cumprimentasse. Demorei, de fato, para me tocar e fazer isso, apertando sua mão forte até demais.

– É. – Resumi minha resposta.

– Bem, visto que vocês já se conhecem, despensa apresentações. Mas... O Jared é o meu namorado, Bill. – O sorriso o rosto do ser ao lado dela era tão grande com tal declaração que me deixou sem graça.

Eu até que ia com a cara dele, mas agora... E mais uma vez a minha sorte no amor era das piores.

[Bill’s P.O.V. OFF]

Algumas semanas depois…

– Parabéns pessoal, o show foi ótimo! – É sério, às vezes eu achava que o Jost era meio hiperativo, ele até superava o Bill, e olhe que esse não parava quieto um segundo.

Meu corpo estava dolorido de tantos dias sem dormir direito, porque não tinha quem me fizesse tirar mais do que um cochilo dentro do ônibus em movimento. Sequei meu pescoço com uma toalha, sentindo aos poucos meu corpo perder o calor insuportável que estava sentindo no palco. Tom estava no canto do camarim, calado, como sempre. Ele não era assim, estava isolado demais, principalmente comigo, apesar de, mesmo que os outros não soubessem, eu passasse mais tempo em seu quarto do que no meu nos hotéis. Ele estava ali somente com seu corpo, mas em pensamento ele estava longe, sempre concentrado em alguma coisa que eu fazia ideia do que fosse. Fui até ele, me sentando ao seu lado, ele nem sequer me olhou. Coloquei a mão em seu ombro para chamar sua atenção, e funcionou.

– Vamos para o hotel? Hoje vocês não têm fãs no camarim, se lembra? – Falei baixo para que os outros não soubessem do que estávamos falando, eles achavam apenas que nós demos uma trégua com as brigas, e isso já estava de bom tamanho. Tom assentiu meio perdido, se levantou e seguiu os garotos, me deixando para trás.

***

Saí sorrateiramente de meu quarto, vestida com uma camisola de seda preta que ia até o meio de minhas coxas. Tinha a comprado especialmente para fazer uma surpresa para Tom, ver se ele voltava para a vida real. Dei três batidinhas em sua porta, como combinado. Ele demorou, para minha aflição, mas abriu, com uma cara não muito boa. Adentro seu quarto, calada, aquilo teria que acabar. Sentei em sua cama, e ele na poltrona logo ao lado, sem me encarar. Meu coração apertou, eu tinha medo de começar aquela conversa que estava me deixando pensativa desde a viagem para a Alemanha por causa de papai. Ele já não me dava tanta atenção como antes, estava distante, pensativo, e vivia mudando de humor. Talvez isso pudesse ser... Outra mulher. Não! Eu não iria nem pensar nessa hipótese. Encarei Tom jogado na poltrona, somente de boxer, com seu corpo sendo iluminado por a luz amarela do abajur e sua expressão de tédio. Levantei da cama e fui em sua direção, passei uma perna de cada lado de seu corpo e coloquei minhas mãos em seus ombros. Comecei a beijar seu pescoço, jogando meu cabelo para o lado. Ele não se moveu, a não ser para colocar as mãos em minha cintura e aproveitar o carinho. Aquilo não era o suficiente para mim, aquilo não era o que o Tom faria. Bufei e parei de beijá-lo, só assim ele passou a me encarar, mas não tão profundamente como normalmente fazia.

– O que está acontecendo, Tom? Está tudo bem? – Coloquei uma mão em seu rosto, com carinho.

– Porque não estaria? – Respondeu rude. Franzi o cenho.

– Você está distante, diferente. – Ele tirou minha mão de seu rosto e me empurrou sem força alguma para sair de seu colo. Ele não podia fazer isso comigo.

– Eu estou normal. – Caminhou até o banheiro, e eu fui ao seu encalço. Parei e me encostei à porta, vendo-o lavar o rosto na pia, olhando-se no espelho em seguida.

– Não, não está. – Cruzei os braços. Aquela era a hora de fazer a pergunta, por mais que eu soubesse que ele não fosse dizer a verdade. – Tom... Por acaso... Você tem outra? – Prendia respiração, com muito, muito medo da resposta.

Tom me olhou nos olhos friamente, sorrindo de lado. Meu coração gelou.

Postado por: Grasiele

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