terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 62 - Epílogo

(Contado pelo Bill)

O dia estava muito frio, e eu havia combinado de me encontrar com o Gustav num café no centro da cidade, para conversarmos um pouco sobre o que faríamos a respeito do próximo álbum da banda. Georg não pôde comparecer, pois estava comemorando dois anos de casamento com a Becca. O Tom tinha seus motivos para também não aparecer, e tive que entender perfeitamente.

Enquanto Gustav não chegava, pedi a garçonete que trouxesse um chocolate quente. Fiquei lendo uma revista, e isso até que estava me distraindo. Algumas garotas entraram no local, reconheceram meu rosto, e resolveram pedir autógrafos e tirar fotos. Eu não tinha nada pra fazer mesmo, e deveria ser o mais educado possivel com elas.

- Obrigada. – disse uma delas.
- Por nada. – respondi.

Meu celular começou a tocar; era Gustav, dizendo que não poderia ir me encontrar.

- Mas por quê? – perguntei.
- A Gabi não está se sentindo muito bem. – respondeu.

Ah claro! Como eu poderia me esquecer da Gabriela? Até o Gustav conseguiu uma namorada! Desde que eles começaram esse namoro, só um nome saia da boca dele “Gabi”. Estava completamente apaixonado por ela, e eu já to começando a perder as esperanças de que encontrarei alguém um dia. Nos despedimos, e logo em seguida chamei a garçonete, para eu poder pagar o que havia consumido.

- Volte sempre, senhor. – disse a garçonete.
- Com certeza voltarei. – disse, sorrindo educadamente.

Me levantei, recolhi meu casaco, e segui em direção a saída. Me distrai, colocando o celular no bolso, e quando cheguei próximo a porta, a mesma foi aberta rapidamente, e bateu com toda força no meu braço.

- Ai meu Deus! – disse a garota, preocupada. – Me desculpe! Eu te machuquei, não é?

Não, imagina. Só... Quase arrancou meu braço. Nada tão grave. Ergui meus olhos, e meus pensamentos mudaram rapidamente.

- Você está bem? – pergunta ela, colocando sua mão em meu braço.
- Estou. – respondi.
- Me desculpe, é que sou um pouco desastrada.
- Não tem problema.

Não dá pra negar, seus olhos eram hipnotizantes. Sem contar que esse jeito desastrada, me conquistou rapidinho.

- Rayssa. – ergueu sua mão pra me cumprimentar.
- Bill. – a cumprimentei, mesmo com o braço doendo muito.
- Ei! Você é aquele cara que toca numa banda, não é?
- Dependendo da banda que esteja se referindo...
- Droga! – disse ela. – Me esqueci o nome. Estava bem aqui na ponta da língua!
- Tokio Hotel?
- Isso! – sorriu. – Eu sabia que o reconhecia de algum lugar.

Fiquei meio receoso, e não sabia se a convidava para tomar alguma coisa, ou simplesmente me despedia.

- Você quer... Tomar alguma coisa? – criei coragem e perguntei.
- Um chocolate quente?
- É... Pode ser.
- Tá legal. – respondeu. – Mas eu pago.
- Eu convidei, então eu pago.
- Você vai se arrepender, porque eu adoro chocolate quente.

Ela era a única coisa que eu precisava pra hoje.

–--
(Contado pela Savannah)

Eu havia acabado de tomar um banho bem quentinho. A televisão estava ligada, e eu tentava assistir ao programa enquanto colocava a blusa. Assim que fiquei pronta, me deitei na cama, e fiquei debaixo do cobertor que não demorou muito se aquecer. A programação não era uma das melhores, então desliguei a televisão, fechei os olhos, e comecei a analisar minha vida.

É incrível como as coisas podem mudar tão rapidamente, não é? A minha vida, por exemplo, mudou completamente em alguns anos. E a mudança mais “radical” aconteceu há pouco tempo. Eu me arrisquei, fiz planos, pedidos, mudei, e finalmente abri minhas asas e aprendi a voar. E claro, Tom Kaulitz. O motivo de toda mudança. Deixei-me escorregar sem querer, caindo no chão. Mudei minha vida graças a um homem. Sem falar que nada disso estava nos meus planos. E agora também tem o meu pai. Ah, como ele faz falta. Como eu gostaria que ele estivesse presente no dia mais feliz, no dia do meu casamento. Como eu gostaria que ele estivesse aqui, agora, me abraçando. Onde quer que ele esteja, tenho certeza que está olhando pra mim. Mas será que se sente orgulhoso com todas as escolhas que fiz? Bom, espero que sim.

- Amor? – ouvi em sussurro. – Está dormindo?

Abri os olhos e me deparei com aquele sorriso exuberante que me tirava o fôlego. O que mais eu poderia querer? Do que eu poderia reclamar, afinal? Eu o tinha, e isso era o bastante.

- Só estava pensando um pouco. – disse.
- Prefere ficar ai deitada, ou vir comigo?
- Ir... Pra onde?
- Você vai ver. – respondeu. – É uma surpresa, e sei exatamente onde temos de ir.
- Já estive lá alguma vez?
- Não, mas é um lugar especial. – acariciou meu rosto, e beijou levemente meus lábios.
- Eu vou gostar?
- Você vai adorar.

Me levantei e coloquei um casaco. Estava curiosa pra saber aonde iríamos, mas o Tom não quis me contar absolutamente nada. E no meio do caminho, ele parou o carro, abriu o porta-luvas e pegou um lenço de cor preta.

- Poderia vendar seus olhos com isso? – me entregou.
- Pra quê?
- Quero que seja uma surpresa.
- Ok.

Achei aquilo meio estranho, mas vendei os meus olhos mesmo assim. Ai a minha curiosidade aumentou. Depois de mais alguns minutinhos dentro do carro, chegamos. Tom abriu a porta, e me ajudou a descer.

- Posso tirar a venda? – perguntei.
- Ainda não. – disse.

Ainda segurando sua mão, fomos caminhando. De curiosidade, aquilo passou pra ansiedade. Paramos.

- Agora já pode tirar. – disse ele.

Por mais incrível que pareça, não fiz isso de imediato. Agora estava meio que com medo do que poderia encontrar. Respirei fundo, e só então tirei a venda. Fiquei sem reação. Não entendi muito bem, mas um sorriso brotou nos meus lábios. Tom estava logo atrás de mim, e disse próximo ao meu ouvido:

- Seja bem vinda a nossa casa.

Não dava pra acreditar naquilo. Levei minhas mãos à boca, e me virei pra ele.

- Essa é... É a nossa...
- Sim. – respondeu. – É toda nossa. Você gostou?
- E-Eu... Eu amei!

Lhe abracei apertado. Depois lhe dei um beijo. Era inexplicável a sensação que percorria meu corpo. Se antes eu estava feliz, agora nem sei mais o que sinto.

- Eu prometo que... Agora a nossa história terá um final feliz. – diz Tom.
- Claro que não!
- Porque não?
- Porque... Eu não quero que tenha fim.

Postado por: Grasiele | Fonte: x

Sparks Fly - Capítulo 61 - The End.

(Contado pelo Tom)

Der repente tudo começou a ficar completamente maluco, e senti que as coisas estavam saindo do meu controle. Aquele era o dia do primeiro desfile da Savannah, e ela estava muito, mas muito nervosa. Eu não fazia idéia do que dizer para confortá-la, pois eu também não estava me agüentando de nervosismo e ansiedade.

Minhas mãos estavam geladas; minhas pernas tremiam; meu coração batia num ritmo tão acelerado, que eu sinceramente achava que ele poderia parar a qualquer instante. Eu não queria levantar suspeita alguma, então tive que tentar manter a calma de qualquer maneira.

- Tom, você precisa ficar calmo. – disse Bill.
- Eu to calmo! To calmo! – disse, quase gritando.
- É, eu to vendo.

Peguei a chave do carro, e esperei a Savannah por alguns minutos. Iria levá-la até o local onde aconteceria o desfile, e depois que tudo acabasse, iria aguardar até que o momento certo chegasse para poder executar meu plano. Saí de casa rezando, cruzando os dedos, fazendo mandinga, torcendo pra nada dar errado.

- Está nervosa? – perguntei, enquanto dirigia.
- Um pouco. – respondeu. – Mas você parece estar muito mais que eu.
- Impressão sua. – disse, olhando de relance para ela e dando um risinho.
- Tenho medo de algo dar errado.
- Eu também. – falei, sem querer.
- Como assim?
- Quero dizer... – me enrolei. – Tá vendo só?! Você tá passando seu nervoso pra mim. – desconversei, e ela riu. – Tudo ocorrerá bem, você vai ver.

Na chegada do desfile, como em qualquer outro evento dessa imensidão, vários fotógrafos registravam quem comparecia ao evento. A Savannah, como era o destaque da noite, fez uma breve parada e pousou para as câmeras. Ah, como ela é linda. Segui em frente, pois ainda não acho que seja a hora correta para expormos nossa relação assim. Esse momento chegará em breve.

Me sentei na primeira fileira, num lugar privilegiado. Do meu lado direito, estava marcado o lugar do Bill, que ainda não tinha chegado, mas já deveria estar aqui. Do lado esquerdo, se encontrava a atriz Katie Cassidy. Nós até trocamos algumas palavras sobre a ornamentação do local, mas nada que me fizesse perder a concentração. E pouco depois o Bill aparece, e se senta em seu lugar.

- Acabei de falar com a Becca, e ela disse que o cenário para a peça já está todo armado. – diz Bill. – Só faltam mesmo os atores.
- Perfeito. – disse, e confesso que fiquei mais tranqüilo.

A cantora Beyoncé abriu o desfile, fazendo seu show. Enquanto isso, as modelos começavam a entrar. Nenhuma delas era importante. Eu só queria ver mesmo a Savannah, e o quanto ela ficaria ainda mais linda naquela passarela.

Não demorou muito até que ela surgisse lá no inicio da passarela. Usava um vestido não muito curto, mas que mostrava a real beleza do seu corpo, e era delicado; um sapato de salto muito alto; e o cabelo preso num penteado estranho, mas bonito. Como você é linda, e eu sou o cara mais sortudo desse mundo. Tenho quase certeza de que os meus olhos brilharam ao vê-la. Savannah passava, toda elegante com aquela roupa, e quando me viu, sorriu. Retribui, e senti minhas pernas tremerem.

No decorrer do desfile, o nervosismo voltou a tomar conta de mim. Eu balançava uma das pernas, e olhava o tempo inteiro para o relógio. A Savannah apareceu mais algumas vezes, e como sempre, deslumbrante. Do outro lado, também na primeira fileira, a Becca começou a fazer sinais. Olhei mais uma vez pro relógio, e achei melhor aguardar um pouco mais.

O desfile estava chegando ao fim. Os donos da grife apareceram, acompanhados pela Savannah, e foram agradecer pela presença dos convidados, e também dizer algumas bobagens. O telão que ficou o tempo inteiro passando algumas imagens der repente parou de funcionar.

- Tá na hora de ir. – diz Bill.

Respirei fundo e me levantei. Notei que os olhos da Savannah me seguiram. Ela provavelmente ficou curiosa pra saber onde eu estaria indo, quando eu só tentava encontrar uma maneira fácil de subir naquela passarela e “estragar” aquele finalzinho de discurso. Encontrei os degraus que dava acesso rápido, me aproximei dos estilistas e praticamente “roubei” o microfone da mão de um deles.

- Desculpa ai pessoal. Foi mal. – disse. – Eu não queria estragar nada, mas é que preciso contar uma história pra vocês. – a Savannah não entendeu nada. – É uma história realmente interessante e importante. – me virei para o Bill, e fiz sinal de positivo com a cabeça.

Mas como sempre - ou na maioria das vezes -, algo dá errado. O vídeo que seria passado no telão, simplesmente não queria pegar. Minhas mãos então começaram a suar, e as pernas tremeram muito. O coração? Ah, ele eu acho que já tinha parado de nervosismo.

- Tá legal. – disse. – O negócio vai ser ao vivo mesmo.
- O que está fazendo, Tom? – Savannah sussurra. – Está estragando tudo.
- Só peço alguns minutos da atenção de todos vocês!

–--
(Contado pela Savannah)

O que esse idiota está tentando fazer? Estragar o meu primeiro desfile? Que filho da mãe! E o pior é que todos ficaram mesmo em completo silêncio só pra ouvir as besteiras que ele teria pra dizer. Sem contar que der repente começou a tocar uma música.

- Bem – ele suspira. -, a história começa assim: Havia um cara, que era um completo idiota. Ele não se importava muito com os sentimentos das outras pessoas. Não estava nem ai se as suas palavras machucavam ou não alguém. Até que uma certa garota apareceu em sua vida. – ele olhou pra mim, e eu não sabia se acreditava no que estava ouvindo. – Ela... Ela fez uma reviravolta tão grande na cabeça dele, que em poucos dias ele estava completamente apaixonado. Só não queria ter que admitir isso pra ninguém, ou para si mesmo. – Tom fez uma pausa. – Aquela garota era diferente de todas as outras com quem ele havia saído antes, e ele sabia muito bem disso. Ela o mudou de uma forma tão... Tão rápida. Mudou a vida dele com apenas um piscar de olhos. E em pouco tempo, ele descobriu que já não poderia mais viver sem ela.

E como num coral, o público fez “Ooohhhhh”. Meus olhos começavam a se encher de lágrimas, e eu me segurava pra não chorar.

- No inicio foi meio difícil – Tom continuava. -, mas os dois finalmente concordaram que deveriam ficar juntos. – ele não parava de me olhar. – Mas um dia eles tiveram que se separar. – seu tom de voz mudou. – Não havia outra escolha, então ele prometeu que em 12 meses toda aquela tortura da saudade acabaria. Ele prometeu que ficaria com ela pra sempre. E ela acreditou. Ela confiou em cada palavra, porque era verdade. – fez mais uma pausa. – Só que... Nesse meio tempo, ele acabou cometendo um erro. Um dos piores erros que alguém poderia ter cometido. E mesmo assim ela o perdoou, porque ela o amava. Mas... Mas outros erros vieram em seguida, e sem sempre dá pra perdoar.

Eu não estava conseguindo segurar as lágrimas, até que elas escorreram pelo meu rosto.

- Então, mais uma vez se afastaram. E tudo por culpa daquele idiota! – eu ri levemente. – Aquele afastamento era o indicio de que era o fim. O tempo foi passando, e ele ainda conseguia sentir seu coração bater mais forte só de pensar nela e em cada coisa que haviam vivido. – ele fez outra pausa, e olhou para as pessoas. – Mas como o destino sempre sabe o que faz, acabou colocando-os um no caminho do outro novamente. E quando eles se reencontraram, todo aquele amor que estava adormecido, despertou. Era o mesmo amor de antes, e talvez um pouco mais forte. Não dava pra evitar. Eles se amavam e ninguém poderia dizer o contrário. – olhei para a Becca, que enxugava os olhos com um lenço. – Depois de tanto aprontar, depois de tantas decepções e lágrimas... Aquele garoto imaturo e idiota que teve sua vida transformada por uma estrangeira, só queria encontrar a melhor maneira de demonstrar tudo que sente por ela.

Um dos estilistas enxugou meu rosto, e sorri. Meu coração batia tão acelerado, como na primeira vez que nos beijamos.

- E se quer saber – continuou. -, ele não faria nada diferente, se isso fosse possivel. Só tentaria não cometer tantos erros, mas não mudaria absolutamente nada. – se aproximou de mim. – Aquele idiota está aqui agora, pra cumprir a promessa de que ficará pra sempre com ela. Está aqui pra dizer que quer dormir e acordar todos os dias ao lado dela, só pra ver seu sorriso. – segurou minha mão esquerda. – O idiota está aqui hoje, talvez pagando o maior mico de sua vida, pra dizer apenas duas coisas:

Tom me olhava nos olhos, e mais uma vez não segurei as lágrimas.

- Eu te amo. – disse ele, tirando uma caixinha vermelha do bolso. Em seguida se ajoelhou e abriu a mesma. – Quer se casar comigo?

A minha voz havia desaparecido, e um sorriso gigantesco surgiu nos meus lábios. As lágrimas corriam pelo meu rosto como uma cachoeira.

- Sim. – finalmente respondi.

Ele soltou um suspiro de alivio, e se levantou. Aproximou seu rosto do meu, repetiu mais uma vez que me amava, e então me beijou. E ouvimos como fundo musical, os aplausos.

MESES DEPOIS...
–--
(Contado pelo Tom)

Havia acabado de ajeitar a gravata em seu devido lugar, mas ela não ficou muito bem colocada, porque as minhas mãos estavam tremendo. Por sorte a Becca veio me ajudar. Eu estava ansioso, curioso, nervoso e... com medo. Não me perguntem do que eu tinha medo, mas era isso que eu estava sentindo. E antes que o casamento começasse, eu precisava falar com a Savannah. Aproveitei o instante em que as meninas saíram do quarto onde ela estava se vestindo, e entrei.

Savannah estava em frente ao espelho, observando a si mesma. Me aproximei, até que meu reflexo pudesse ser visto atrás dela. Ela pareceu surpresa a me ver ali, mas não demonstrou aflição por eu estar vendo-a vestida de noiva.

- Você... Você está linda. – foi a única coisa que saiu da minha boca.

Na verdade, ela estava indescritível. Mas eu tinha que ter dito algo.

- Obrigada. – disse ela, sorrindo. – Mas o que está fazendo aqui? Não deveria estar na igreja, me esperando?
- Eu tinha que... Que vir até aqui antes. – ela se virou pra mim.
- Está nervoso? – ergueu suas mãos, e segurou as minhas.
- Muito. – respondi. – Nunca me senti assim antes.
- Eu também. – quase sussurrou.

Ficamos em silêncio por um momento, apenas nos olhando.

- Tom... – seus olhos se encheram de lágrimas – Você acha que... Acha que estamos prontos pra isso?
- Eu... Eu não sei. – disse, com certa dificuldade. – Eu tô com medo, Savannah.
- Medo?
- É. – respondi. – Tenho medo de... Tenho medo de não ser tudo aquilo que a gente espera. – suspirei. – Medo de cometer algum erro de novo. Medo de não... não te fazer feliz.
- Tom... Eu já sou feliz.
- E se...
- Não der certo? – interrompeu. – A gente tenta concertar, e começa tudo de novo. – fez uma pausa. – Eu sou feliz, Tom. Sou feliz só pelo simples fato de estar ao seu lado.

Sabe aquele medo que eu disse? Então, ele foi embora. Me aproximei, a abracei, e lhe dei um beijo na testa.

- É melhor eu ir, porque temos um casamento pra realizar. – disse, e já estava saindo.
- Tom?! – me chamou, e me virei. – Eu te amo.

xxx

A música começou a tocar. As portas da igreja foram abertas, e lá estava ela, de braços dados com o Bill. Foram se aproximando devagar, enquanto a daminha de honra jogava pétalas vermelhas pelo caminho. Vi a mulher da minha vida, chegar perto de mim com um sorriso que dinheiro nenhum seria capaz de comprar.

Agradeci ao Bill por tê-la trago a mim, e pouco depois o padre começava a cerimônia. De relance eu a olhava, e se pudesse, ficaria só assim. Não me canso de olhá-la, de maneira alguma. Principalmente naquele vestido de noiva.

Para diferenciar a nossa cerimônia das outras, o padre criou um novo juramento. Juramento esse, que seria repetido por mim e a Savannah, enquanto olhávamos nos olhos um do outro.

- Savannah, eu quero pertencer a você, ser seu companheiro, seu amigo, seu amante, na dor e na alegria, na aflição e no ânimo, nas derrotas e nas vitórias, nas trevas e na luz. Para isto, estou disposto a colocar minha experiência de vida ao seu alcance. Quero dar-lhe coragem quando você desanimar, dar-lhe esperança quando você estiver descrente, quero ser sua força e escudo como me compete como homem e mostrar-lhe o caminho sempre que a estrada da vida lhe causar embaraço. – fiz breve pausa. – Savannah, quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida. Conto, para isto, com a luz e a força de Deus.

Ela chorava. Tirei do meu bolso um lencinho branco, e enxuguei suas lágrimas.

- Tom, eu quero ser sempre sua. Quero viver com você na dor e na alegria, nos momentos fáceis e difíceis. Quero entendê-lo a cada dia melhor, quero amá-lo a cada dia mais, quero dar-lhe ânimo, carinho e força no caminho. Quero ser a mãe de seus filhos. A amiga de todas as horas, a companheira de jornada, a esposa fiel. Não quero que seu amor pare em mim, mas que eu seja apoio para seu amor a Deus e aos outros. – também fez uma pausa, e suspirou. – Tom, quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida. Por isto, confirmo meu amor por você, diante de Deus e dos amigos.

xxx

Saímos da igreja, e paramos na porta. Nossos sorrisos eram tão grandes, que poderiam ser vistos de costas. No lugar do arroz, nos jogaram pétalas de rosas de várias cores. Pombas brancas foram soltas, e as mesmas voaram sobre nós.

Savannah sorria sem parar. Segurei sua nuca, e abafei seu riso com um beijo extremamente alegre. Senti como se minha alma tivesse sido tirada de mim e devolvida com mais vida e ânimo. Todas as forças perdidas e a sensação de novamente estar em outra dimensão. Animava-me pensar que eu teria essa sensação sempre a partir de agora.

Olhei mais uma vez para o rosto que era a causa da minha rendição, e agradeci aos céus por tê-la posto em minha vida.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 60 - Trust me.

(Contado pelo Tom)
Assim que chegamos do Brasil, chamei a Becca para uma conversa extremamente séria. Eu queria começar a colocar meu plano em prática, então conversamos bastante, até que ela teve uma excelente idéia. No inicio, confesso que achei que não daria nada certo. Era algo... Talvez grandioso demais, pra ser bem sucedido. E coisas desse tipo, costumam dar errado bem naqueles momentos em que está prestes a acontecer o desfecho. E eu realmente não queria que absolutamente nada desse errado. Tinha que ser perfeito!

Concordei em contar tudo para os meninos, pra que eles pudessem dar qualquer tipo de ajuda. Nesses momentos, ajuda nunca é demais. Só tive medo que alguém deixasse, sem querer, escapar algo que estragasse toda a surpresa. E a solução que encontrei, foi ameaçá-los.

- Se a Savannah desconfiar o mínimo que for sobre esse assunto, eu juro que acabo com a vida do idiota! – disse.

Mesmo sendo por uma boa causa, não me sentia tão bem assim em esconder algo dela. De qualquer formar, eu estava mentindo! E da última vez que fiz isso, as conseqüências não foram nada agradáveis. Só espero que ela não fique com raiva, após descobrir.

- Vai dar tudo certo, Tom. – disse Bill.
- Também espero que tudo saia como estamos planejando. – respondi.
- Só precisamos tomar cuidado, e as coisas sairão perfeitas. – diz Becca.

Após muita, mas muita conversa mesmo, finalmente comecei a acreditar que o plano seria bem sucedido. Dei alguns telefonemas, e pedi a ajuda de todas as pessoas que achei necessário. E por um instante parei pra pensar, e vi o quanto estou completamente apaixonado, ao ponto de preparar praticamente uma super produção.

- O que estão fazendo todos aqui reunidos na biblioteca? – pergunta Savannah, chegando ao local.
- N-Nada. – diz Gustav.
- Na verdade, estávamos relembrando aqueles velhos tempos em que a banda começou. – diz Georg.
- Ah é? Que legal. – diz ela, entrando. – Então me contem. – se sentou no sofá.
- Contar o quê? – pergunta Bill.
- O que estavam relembrando. – diz ela.
- Ah... Não é tão divertido assim. – disse.
- Se estavam aqui dentro esse tempo todo, é porque era divertido.

Pronto, ela vai descobrir tudo! Já era, eu sabia que não dava pra fazer esse tipo de coisa.

- Savannah, o Georg me convidou pra jantar essa noite, e eu adoraria que me ajudasse a escolher uma roupa. O que acha? – diz Becca, tentando desviar do assunto.
- Tá legal. – responde Savannah. – Mas eu quero ouvir o que os meninos tem a dizer sobre o inicio da carreira.
- O problema é que tem um limite de tempo para a nossa reserva se esgotar. – diz Georg. – Se demorarmos muito, correremos o risco de perder a reserva, e nós adoramos aquele restaurante.

Ela ficou meio desconfiada, mas desistiu de continuar insistindo. Savannah se levantou, e saiu, sendo seguida pela Becca.

- Essa foi por pouco. – diz Gustav.
- Agora vou ter que levar a Becca pra jantar em algum lugar, só por causa dessa mentira! – diz Georg. – Logo hoje, que eu tava a fim de ficar em minha cama vendo um filme.

É pra isso que servem os amigos, não é?

ALGUNS DIAS DEPOIS...
–--
(Contado pela Savannah)

Os dias foram passando, e fui notando que o pessoal dessa casa estava ficando cada vez mais estranhos. Eles passaram a ter “reuniõezinhas” dentro da biblioteca, e eu nunca pude participar de nenhuma delas. Sempre inventavam a desculpa de que estavam tentando compor algo para um novo álbum, e sempre me perguntei “porque a Becca pode participar e eu não?”. Isso é uma injustiça! O quê que ela tem a ver? E sim! Estou com ciúmes mesmo! Esse negócio não tá certo.

Numa dessas noites comuns, enquanto Tom assistia a um daqueles jogos de basquete, tomei a decisão de tentar arrancar qualquer coisa dele. Tomei um banho caprichado, coloquei uma lingerie de cor branca – a que ele mais gosta -, e passei um perfume que ele havia me presenteado há poucos dias.

Sei que é uma covardia fazer isso, mas... Se eu realmente quero descobrir o que está acontecendo, preciso agir assim. Sai do banheiro, e me coloquei na frente da televisão. Imediatamente seus olhos percorreram o meu corpo.

- Gostou? – perguntei.

E cadê a voz dele? Sério, me controlei pra não começar a rir. Senti até um pouco de pena. Me aproximei, e subi na cama. Ele logo jogou o controle da televisão para o lado. Fui provocando com alguns beijinhos, chegando bem próximo a sua boca, e quando ele tentava aprofundar... Eu cortava seu barato.

- Não me provoca assim. – disse ele.

Dei uma leve risada.

- Amor? – disse, e lhe dei um selinho. – Você vai me contar o que – outro selinho. – anda acontecendo – mais um selinho. – quando você e os outros – mais um. – se encontra na biblioteca? – ele me afastou um pouco, e ficou me olhando, desconfiado.
- Não anda acontecendo nada.
- Poxa Tom! – me ajoelhei na cama. – Vocês sempre ficam dentro daquele lugar, fazendo nada? Somente olhando um pra cara do outro, é isso?
- N-Não. – responde. – A gente conversa.
- E porque diabos eu não posso participar dessas “conversas”?
- Porque é coisa de homem.
- Que eu saiba, a Becca não é homem. – cruzei os braços.

Ele começou a se enrolar com as palavras, começou a gaguejar... E as minhas suspeitas de algo estava errado, só fizeram aumentar. Eu só queria saber o que era? Porque ele não pode me contar? Será algo tão grave assim? Que coisa chata!

- Não vai me contar mesmo, não é? – insisti pela última vez.
- Mas não há nada a ser contado.
- Tudo bem. – me levantei da cama, e fui em direção ao banheiro.
- Aonde você vai? – perguntou. – Não vamos terminar isso que acabamos de começar? – parei na porta, e me virei.
- A conversa?
- Não. A outra coisa.
- Enquanto não me disser o que está acontecendo, você não encostará um dedo se quer, nesse corpinho, meu bem.
- O quê?!
- É isso ai. – disse. – Estou em greve!

–--
(Contado pelo Tom)

Ah não! Isso ai já é demais! Ela não pode tá falando sério, não é? Greve? Mais que porra de greve? Me levantei, e fui atrás dela.

- Savannah, você tá brincando comigo, não tá? – perguntei.
- Claro que não! – respondeu. – E a greve só vai acabar quando me contar tudo!
- Isso não é justo!
- Não é justo você ficar escondendo as coisas de mim!

Nesse exato momento, eu quase confessei. Foi por um fio que eu não contei nada. Sai desesperado, e fui diretamente ao quarto do Bill. Precisava desabafar com alguém.

- Ela não vai descobrir, porque ninguém vai contar nada! – diz Bill.
- Bill, ela tá fazendo greve! – gritei.
- Greve de quê?

Como assim “greve de quê”? Até parece que você não sabe de nada!

- Greve de sexo? – perguntou.
- É. – confirmei, e ele começou a rir. – Isso não tem a menor graça!
- Tá legal, então eu vou falar com a Becca para vermos o que podemos fazer.
- Obrigado.

–--
(Contado pela Savannah)

Na manhã seguinte, acordei e me deparei com uma bandeja de café da manhã bem ali na minha frente. O Tom estava sentado ao meu lado, e segurava uma rosa vermelha.

- Se pensa que isso vai me fazer mudar de idéia...
- Não. – interrompeu. – Eu não me importo que faça greve.
- Não? – me sentei.
- Acho até que vai ser legal.
- Sei.

Mais que droga! Quando eu penso que to conseguindo, ele estraga!

- Me diz, o que você está tramando, hein? – perguntei.
- Não estou tramando nada, meu amor. – respondeu, com um sorriso. – E aliás, essa rosa é pra você. – me entregou.

Perfeito! Se for assim que ele quer, será! Entrarei nesse seu joguinho. Pouco depois d’eu ter tomado um pouco de suco, a Rita bate na porta, e entrega o telefone, dizendo que era pra mim. Achei meio estranho, pois eu não conheço ninguém aqui em LA.

- Alô?

Um tempinho conversando, e descobri que era uma grife um tanto famosa, me convidando para ser “destaque” do desfile. Fiquei meio sem saber o que dizer, mas não poderia recusar. O desfile aconteceria na noite seguinte, e eu deveria comparecer com, pelo menos, duas horas de antecedência.

- Vai desfilar? – Tom pergunta.
- É, pela primeira vez na vida eu vou desfilar.
- Ah, não é tão difícil assim.
- Será que devo mesmo ir? – fiquei em dúvida. – É que... Eu nunca fiz isso antes.
- Amor, você só precisa andar por uma passarela. O que há de difícil nisso?

Falando assim, até parece que é a coisa mais simples do mundo.

- Confie em mim. – disse ele. – Vai dar tudo certo, e estarei lá pra prestigiar o seu momento.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 59 - Naughty girls need to be punished sometimes...

(Contado pela Savannah)
- É óbvio que você vai embora comigo pra Los Angeles, e a gente vai morar junto.

A reação de qualquer outra garota seria “Ah meu amor, você tá mesmo falando sério?! A gente vai morar junto, depois de um tempo iremos nos casar e ter vários filhos, não é?!”. E acho que a minha seria um pouquinho parecida, tirando a parte “ter vários filhos”. O que eu sempre desejei era poder dividir um lugarzinho com o Tom, e essa até que não seria uma má idéia. Mas confesso que fiquei meio sem saber o que dizer ao escutar isso.

- Diga alguma coisa. – diz ele, colocando a blusa que estava dobrando, dentro da mala.
- Eu... Eu acho que isso pode ser legal, mas... Não estamos sendo um pouco precipitados?
- Savannah – veio até mim, segurou minhas mãos e fixou seu olhar no meu. -, quando é que você vai perceber que o seu lugar é ao meu lado? Passamos tempo demais separados, e está na hora disso acabar.

O sorriso que surgiu nos meus lábios foi incontrolável. Aquilo sim era tudo que eu mais queria ouvir. Lhe dei um beijo, e pouco depois continuamos a arrumar as coisas.

POUCO DEPOIS...

- Pronto. Acho que não está faltando mais nada. – disse, colocando as mãos na cintura, e observando as malas.
- Com oito malas, o que mais poderia estar faltando? – Tom brinca.

Como não havia mais nada meu ali naquela casa, achei que o melhor a ser feito era sair de uma vez daquele lugar. O Tom concordou em passarmos a noite num hotel, e na tarde seguinte pegaríamos o avião de volta para Los Angeles.

Caminhei em direção a mesinha de cabeceira, peguei o telefone, e liguei para um taxista conhecido. Não demorou muito até que ele chegasse. Pedi ao segurança da casa que ajudasse a carregar a bagagem até o porta-malas do carro.

- Sentirei sua falta, senhorita. – disse a empregada.
- Também sentirei muito a sua falta. – fui abraçá-la. – Sentirei falta principalmente daqueles lanchinhos que costumávamos preparar juntas.
- Por favor, não se esqueça de mim.
- Não, nunca. Nunca me esquecerei de alguém que me ajudou tanto.

É, pelo visto não será tão fácil assim como imaginei. Meus olhos marejaram, e segurei as lágrimas. Não queria chorar na frente de ninguém, não agora. Terminei de me despedir, e fui em direção ao táxi. Tom acenou para a empregada, em seguida, entrou.

19 HORAS, NO QUARTO DO HOTEL...
(Contado pelo Tom)

Enquanto a Savannah tomava um banho relaxante, eu andava de um lado para o outro. Daqui algumas horas, as coisas mudariam quase que completamente pra gente. Iríamos passar algum tempo na mesma casa que os meninos, e depois encontraríamos um lugar que fosse a nossa cara. Mas eu não queria que isso acontecesse, sem antes eu fazer um pedido. Sim! Estou pensando em pedi-la em casamento, e não faço a menor idéia de como realizar isto. Não queria que fosse algo simples demais, e também não quero que seja algo que chame atenção desnecessária. Queria que fosse algo... Único. Algo que a fizesse chorar de felicidade. Algo que marcasse nossas vidas. Algo que fosse inesperado e surpreendente. E ai está o problema! O que fazer?

Aproveitei que ela estava no banheiro, e liguei pro Bill. Talvez ele tivesse alguma idéia, ou pelo menos entraria no “desespero” junto comigo.

- Eu não sei! – disse. – Já tentei imaginar inúmeras coisas, e a maioria delas já foi feita por alguém.
- Tipo o quê? – pergunta ele.
- Tipo colocar a aliança na coleira de um cachorro, ou dentro de algo comestível.
- É, isso não tem a menor graça. Clichê demais.
- Preciso de algo que seja surpreendentemente inacreditável.
- Ou seja, quer uma super produção?!
- Bom, eu não queria que fosse muito chamativo. Mas pelo visto, acho que não tem outra saída.
- Olha, a Becca também chegará de viagem amanhã. Ela deve ser ótima nessas coisas.
- Espero que sim.

Ouvi o barulho da porta do banheiro se abrir e imediatamente mudei de assunto.

- Então Bill, amanhã chegaremos ai. – disse. – Não, não sei exatamente o horário, mas não devemos chegar tão tarde... Tá legal. Tchau.
- Estava falando com o Bill? – pergunta Savannah.
- É, ele queria saber quando voltaríamos, e ficou meio surpreso quando eu disse que seria amanhã.

Me sentei na cama, e liguei a televisão. A Savannah ficou parada diante das malas. Acho que não sabia ao certo em qual delas mexer.

- Amor, em qual das malas você colocou os cosméticos?
- Na vermelha. – respondi, enquanto procurava uma boa programação na televisão.
- Ótimo, isso facilitou bastante. – diz ela, com ironia. – Há três malas vermelhas aqui!
- Então abra as três. Com certeza irá encontrar.
- Mas isso vai dar trabalho.
- Trabalho mesmo foi ter que fazer quase um milagre pra essas coisas caberem ai.

Ela abriu uma por uma, e só encontrou o que procurava, na última. E finalmente encontrei algo que prestasse na TV; jogo de basquete. Eu assistia atentamente cada lance que os jogadores faziam, foi quando a Savannah apoiou o pé direito em cima da cama, colocou um pouco de creme nas mãos, em seguida começou a fazer movimentos delicados, para espalhar o cosmético. Aquela cena me fez perder completamente a concentração do jogo. A posição em que ela se encontrava, fazia com que o decote da sua camisola ficasse ainda mais evidente.

- Savannah...
- Diga.
- Você poderia, por favor, parar de me seduzir enquanto passa esse creme?
- O quê? – ela parou, e me olhou.
- Estou tentando assistir ao jogo, mas com você sendo sexy desse jeito, fica difícil. Ou melhor, fica impossível! – ela ri.
- Até parece que vou deixar de passar meu creme só porque você quer ver o jogo. – voltou a ser sexy.

Não. Se ela pensa que pode me provocar e ficar por isso mesmo, está muito, mas muito enganada! Me levantei, indo até ela. Segurei suas mãos, e a fiz me encarar.

- Vai parar com isso, ou...?
- O quê? – me interrompeu. – Se eu não parar, você vai fazer o quê?
- Tomarei medidas drásticas.
- Posso saber que medias seriam essas?

Claro que pode. A joguei na cama de um jeito selvagem, porém, ao mesmo tempo, com cuidado para não machucá-la.

- Garotas desobedientes precisam ser castigadas às vezes, sabia? – disse, com um meio sorriso malicioso.
- Porque não me ensina como uma garota deve se comportar?

E quando ela mordeu os lábios, perdi totalmente a noção. Tirei minha camiseta, e me coloquei sobre ela, beijando-a com todo desejo.

NA MANHÃ SEGUINTE...

Ela dormia como um anjo; a cabeça apoiada no braço, respiração tranqüila, e um leve sorriso nos lábios. Impossível não se encantar com aquela visão. Ao mesmo tempo em que era madura e forte o suficiente para resolver seus problemas sozinha, também sabia ser delicada como a mais bela flor de um jardim. O que eu mais posso querer? Quem mais me faria tão feliz? Quem faria eu me sentir um bobo apaixonado? Ela, somente ela consegue fazer isso comigo. Savannah, a mulher com quem desejo me casar.

Aproximei meu rosto do seu, e lhe dei um beijo na bochecha. Ela se mexeu um pouco. Depois foi despertando calmamente. Abriu os olhos devagar, fechando-os em seguida. Os abriu novamente, até me olhar.

- Bom dia. – diz ela, sorrindo.
- Bom dia. – respondi.
- Há quanto tempo está acordado?
- Não muito. - acariciei seu braço. – E eu poderia ficar aqui, te olhando dormir, por tempo indeterminado. – fiz uma pausa. – É uma pena que tenhamos que viajar, porque por mim, eu passaria o dia inteiro nessa cama com você.
- Adoido, máquina! – diz ela, e começa a rir.

E ai, o momento fofinho e romântico foi para os ares.

- Poxa, eu tava aqui num momento todo romântico e você começa a zoar comigo?!
- Desculpa, meu amor. É que não resisti.
- Depois dessa, eu vou tomar um banho. – me levantei.
- Ah não, continua. – ela também se levanta e vem atrás.
- Não. Você quebrou todo o clima.
- Foi só uma brincadeira!

ENQUANTO ISSO, EM LOS ANGELES...
(Contado pelo Bill)

Hoje o dia não começou muito bem. Apenas o Gustav e eu sentados numa mesa, que antes costumava ficar cheia de gente para o café da manhã. O silêncio estava tão triste, que só ouviam-se os barulhos dos talheres. Esse negócio do Tom e o Georg resolverem viajar na mesma época, definitivamente não dá certo! E quando eu estava prestes a puxar um assunto qualquer com o Gustav, ouço vozes.

- Cadê o pessoal dessa casa?

Gustav e eu nos levantamos rapidamente, felizes da vida, e fomos até a sala para ver quem tinha chegado.

- Até que enfim vocês chegaram, hein? – diz Gustav.
- E vocês ficarão parados ai, ou virão nos dar um abraço? – diz Georg.
- É, venham logo! – diz Becca.

Ah cara! Como esse povo faz falta. “Corremos” para abraçá-los. Só assim pra gente descobrir o quanto os amigos são importantes. Vou ficar torcendo pra eles nunca mais viajarem.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 58 - Here we go Brazil!

(Contado pelo Tom)

O tempo mudou der repente, e começou a fazer frio. Eu havia acabado de sair do banho, e terminava de colocar as minhas roupas. Olhei em direção a cama, enquanto abotoava minha calça, e os cobertores pareciam estar me chamando. Eu iria ceder ao chamado, se não fosse pela fome.

Desci até a cozinha, e preparei algo para comer. A casa estava silenciosa, e não tinha nem sinal dos meninos. Provavelmente devem estar dormindo. Peguei o prato com o sanduíche e um copo de refrigerante, e fui pra sala. Me sentei no sofá, peguei o controle da televisão e liguei a mesma. Quando estava prestes a dar a primeira mordida no sanduíche, a campainha toca. Chamei pela Rute umas três vezes, e nada. O jeito era me levantar e ir ver quem era.

- Savannah?!

Confesso que fiquei surpreso e feliz ao vê-la ali. Tínhamos combinado de nos encontrar apenas mais tarde num café, mas pelo visto os planos mudaram. Abri um pouco mais a porta, lhe dando espaço para que pudesse entrar. Nos sentamos, e ela parecia querer encontrar um meio de iniciar a conversa.

- O quê?! – eu tinha entendido, só não queria acreditar. – Não! Você não pode voltar pro Brasil. – me levantei.
- Tom...
- Se você voltar, nós vamos nos afastar de novo, e... eu não quero te perder. Eu não posso te perder mais uma vez. – ela se levanta, e vem até mim.
- Você não me perder. – segurou minhas mãos. – Mas eu preciso pegar as minhas coisas que estão na casa do Pablo.
- Nós já assistimos a esses filmes antes, e os “finais” deles não foram bons.
- Eu sei. – acariciou meu rosto. – Mas eu prometo que será por pouco tempo.

Só de pensar na possibilidade de perdê-la novamente, aquilo me fazia sentir um medo extremo que chegava assustar. Um flashback passou por minha mente, e me lembrei de todas as vezes que ficamos separados e alguma coisa ruim aconteceu.

- Eu sinto que... Se ficarmos separados, mesmo que por pouco tempo, a saudade vai acabar me matando. – ela riu. – Não vou conseguir esperar.
- Então venha comigo. – ela sugeriu.
- Tá legal. – disse. – Eu vou te acompanhar até o Brasil.
- Tá falando sério?
- Claro!

O sorriso que brotou em seus lábios foi como um alívio pra mim. Como se tivesse tirado um pesinho das minhas costas. Aquela idéia não poderia ter surgido em outra hora. A banda estava “de férias”, já que o Georg viajou pra lua de mel, e os meninos não param um segundo em casa. O quê que eu quero aqui sem a Savannah?

- Me ajuda a arrumar as malas, e embarcaremos no primeiro vôo de amanhã. – disse.

A fome que eu estava sentindo, havia desaparecido completamente só com a presença dela. Segurei sua mão, e subimos até meu quarto. Peguei uma mala que estava guardada no closet, e a abri sobre a cama. Foram poucas as “viagens” que fizemos para que tudo ficasse devidamente arrumado. E se não fosse pela ajuda da Savannah, aquele mala estaria um desastre.

- Porque os homens não conseguem arrumar uma única mala? – pergunta Savannah, colocando a última peça de roupa no lugar.
- A pergunta correta é: como as mulheres conseguem arrumar várias malas? – nós rimos.
- O mais engraçado é que vocês ainda saem atrasados.
- E vocês que levam a casa inteira e nunca ficam satisfeitas.

Nós rimos.

- Amor, pode pegar o meu perfume que ficou lá no banheiro? – pedi.

Antes de ir, ela tirou o casaco e o colocou sobre a cadeira da escrivaninha. Estava usando um vestido com estampa de flores; delicado e a sua cara, como sempre. Fiquei esperando, e achei que demorava demais pra quem iria pegar apenas um frasco de perfume. Fui atrás, já ia entrar no banheiro, mas parei na porta para observá-la. Savannah prendia o cabelo, e sinceramente, senti meu coração acelerar como na primeira vez que nos beijamos. Mas acho que batia muito, mas muito mais forte.

- Tá fazendo o quê ai? – pergunta ela, me olhando pelo reflexo do espelho.
- Estava vendo o quanto você é linda. – me aproximei, ficando logo atrás dela. – Sabe que... Ainda tento descobrir algo em você que me chamou tanto a atenção, porque eu não faço idéia do que possa ser.

Com uma das mãos, comecei a acariciar seu braço levemente. Com a outra, enlacei sua cintura e a puxei pra mais perto. Encostei meu rosto na curva entre seu ombro e o pescoço, e senti seu perfume. Em seguida, depositei um beijo ali.

- Pára, Tom. – diz ela. – Alguém pode chegar der repente.

Num movimento rápido, mas com certa delicadeza a fiz virar-se pra mim. Meus olhos percorreram todo seu rosto, e foram hipnotizados pelos seus lábios. Fui me aproximando devagar, até nossos lábios se tocarem levemente. Quando iríamos aprofundar o beijo...

- Tom, você sabe...?

Bill aparece der repente ali no banheiro, fazendo com que eu e a Savannah nos assustemos. Ela tenta disfarçar a timidez, mas as maçãs do seu rosto denunciavam; estavam avermelhadas.

- Desculpa. – diz Bill. – Não queria atrapalhar. Eu volto outra hora. – ele se retira.

E ai a Savannah me olha como que dizendo “eu não disse que alguém chegaria der repente?”.

- O que foi? – perguntei.
- Nada. – respondeu, pegando o frasco e saindo logo após.

Fui atrás.

- Você não ficou com vergonha do Bill, ficou?
- Não. – ela fechava a mala. – Quero dizer... É que... Mesmo sendo a coisa mais normal do mundo, às vezes me deixa com vergonha.

Ah, cara! Eu a amo mais que tudo nesse mundo, e ela consegue fazer eu me sentir um bobo quando fala nessa timidez toda. Como é que eu fui deixá-la escapar por tantas vezes? Onde eu estava com a cabeça?

- O Bill interrompeu o nosso beijo e eu acho que a gente deveria concluí-lo, não concorda? – ela riu.
- Ah sim, concordo plenamente.

BRASIL
(Contado pela Savannah)

Nossa viajem não foi tão cansativa quanto estávamos esperando que fosse. Até que nos divertimos um pouquinho no avião. Sem contar as duas horas que meu ombro esquerdo ficou completamente dormente, pois o Tom estava dormindo. Chegamos e imediatamente pegamos um táxi. Dei as instruções ao motorista, que foi simpático, e passou todo o percurso conversando com a gente.

Tirei a chave da bolsa e abri a porta...

- Vai ficar ai parado? – perguntei.
- Tem certeza que posso entrar sem problema algum?
- Deixa de ser bobo e vem logo!

Entramos, e o Tom não soube disfarçar nenhum pouquinho que estava surpreso com a casa.

- Uau! – disse ele, olhando em volta. – Eu não sabia que o Pablo era dono de uma casa tão sofisticada, tão... bonita.
- Bom, o Pablo veio de uma família que tinha boas condições financeiras, mas tudo que ele tem hoje foi graças ao seu esforço próprio.
- Há quanto tempo moram juntos?
- Quase dois anos. – respondi, colocando as chaves em cima da mesinha do telefone. – Eu vim pra cá com quatro ou cinco meses que meu pai faleceu. – Tom suspirou.
- Sabe que... Ainda não consigo acreditar no quanto fui idiota?
- Como assim? Por quê?
- Eu deveria estar ao seu lado! – diz ele. – Seu pai faleceu, e eu não estava lá pra enxugar suas lágrimas. – fez uma pausa. – No momento que você mais precisou, eu não estive presente. Isso me deixa mal.
- Não fique, porque agora você está comigo. – me aproximei dele.
- E não vou deixá-la nunca mais. – nos abraçamos.

Como é bom sentir os braços dele à minha volta. Assim me sinto tão... Protegida. Espero não perder nunca essa sensação. Mas enfim... Enquanto estávamos ali no meio da sala nos abraçando, uma das empregadas que ficou encarregada por cuidar da casa, apareceu.

- Voltou um pouco mais cedo da viajem, senhorita. – diz ela.
- É, voltei porque preciso resolver a minha vida. – respondi.
- E o senhor Pablo?
- Ele ainda tem muitas reuniões de negócios. – Tom pigarreou. – Ah, e este é o meu... – olhei pra ele. – É o meu namorado.

Como já era esperado, ela se assustou com a resposta.

- Mas...
- A história é um pouquinho longa, e você não conseguirá entender muito bem. – disse. – Só estou aqui mesmo, pra pegar todas as minhas coisas.
- Está deixando o patrão?
- Nós não estávamos juntos há muito tempo. E pode ficar tranqüila, pois ele sabe de absolutamente tudo.

Depois de conversarmos um pouco, o Tom e eu subimos até o quarto. Iríamos arrumar todas as minhas coisas, para sairmos daquela casa o mais rápido possivel.

- Bom, assim que terminarmos de arrumar isso, me ajuda a encontrar um hotel? – perguntei.
- Pra quê? – pergunta Tom.
- Tenho que ficar em algum lugar, não é?
- Está pensando em “morar” – riscou as aspas no ar. – num hotel?
- Até eu conseguir um lugar fixo.
- Está doida, não é? – disse ele, rindo. – Não, você só pode estar completamente maluca!
- Ué...
- É óbvio que você vai embora comigo pra Los Angeles, e a gente vai morar junto.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 57 - I'm sorry, but I love him.

(Contado pela Savannah)

Já estava parada em frente ao apartamento, com as chaves em mãos. Não tinha certeza se a melhor coisa a se fazer era entrar, ou dar meia volta. Se o Pablo estivesse acordado, ele com certeza perguntaria onde passei a noite, e o principal, com quem. Eu não poderia simplesmente responder que não houve chá algum na casa dos Kaulitz, e que acabei transando com o Tom. Isso seria... Terrível. E pensando bem, repeti o mesmo ato que havia me machucado há algum tempo atrás.

Respirei fundo, ainda criando coragem. Vamos Savannah, uma hora ou outra você precisará atravessar essa porta e encará-lo. Será que não tem mesmo uma segunda opção? Não dá pra apagar a memória dele, e sei lá, fingir que nada aconteceu? Bem que eu queria mesmo que muitas coisas fossem apagadas. Mas enfim... Naquele momento, nem que eu quisesse, nem que um pedido fosse feito a uma estrela, nem mesmo se algo muito sério estivesse acontecendo, eu poderia adiar a conversa que precisávamos ter.

Finalmente coloquei a chave na fechadura, girei a maçaneta devagar. Primeiro coloquei a cabeça, me certificando de que não havia ninguém ali na sala. Fui entrando devagar, tentando ser o mais discreta possivel. Fechei a porta com cuidado, e quando me viro...

- Ai que susto! – gritei, colocando a mão na boca logo em seguida.
- Desculpa se assustei a senhorita. – diz a cozinheira, que segurava uma jarra de suco. – Essa não era a minha intenção.
- Está tudo bem. – a outra mão estava sobre meu peito, verificando se o coração continuava batendo. – Cadê o Pablo?
- Ele continua dormindo. – responde, indo colocar a jarra na mesa. – Mas se quiser, posso ir chamá-lo.
- Não, não precisa.

Fiquei bem aliviada ao ver que não era ele atrás de mim. Recuperada do susto, fui a caminho do quarto. Aquela era a segunda fase de um plano que fora bolado de última hora. Com o mesmo cuidado que tive antes, abri a porta do quarto. Pablo dormia feito um bebê. Estava abraçado a um travesseiro, e o lençol cobria apenas sua cintura, deixando à mostra suas pernas torneadas e os músculos dos braços. A respiração estava tranqüila, e nem parecia se preocupar com o mundo lá fora.

Aproveitei seu momento de descanso, e fui pro banheiro. Tirei toda minha roupa, e vesti um roupão de ceda branco. A maquiagem que estava meio borrada, também foi retirada. Baguncei um pouco os cabelos, pra dar aquela impressão de que eu havia acordado naquele instante. Retornei ao quarto, e me sentei vagarosamente na cama. Estava prestes a me deitar, quando ele começa a se mexer, e acaba despertando. Fingi também ter acordado, e espreguicei meu corpo.

- Bom dia. – diz ele, ainda com voz de sono.
- Bom dia. – bocejei.

xxxx

Nos sentamos à mesa. Coloquei o lenço sobre minhas pernas, e comecei a me servir. Pablo não parava de me olhar, como quem quisesse perguntar algo. Eu sinceramente não queria que ele perguntasse nada, mas se isso acontecesse, tentaria agir da forma mais natural possivel. O silêncio entre nós era torturante e dava para se ouvir apenas os talheres. Dei um gole no suco de laranja, depois comi um pedaço do bolo de cenoura. Debaixo da mesa, um dos meus pés começava a balançar, de agonia.

- Fiquei te esperando até as duas da manhã. – finalmente ele abriu a boca pra dizer algo. – Passou a noite fora? – deu um gole em seu café.
- As meninas queriam fazer algo semelhante a uma despedida, já que a Becca vai demorar a voltar. – disse. – Mas não passei a noite fora.

A cozinheira me olhou, como quem dizia “Pode tentar enganar esse idiota, mas nós duas sabemos que você passou a noite fora. Aposto que foi com o guitarrista gostosão, não foi?”. Desviei meu olhar do seu.

- E como foi o chá? – perguntou.
- Foi... Divertido.
- Engraçado.

Engraçado? O que é engraçado?

- O que é engraçado?
- Ontem, quando acompanhei um amigo até o aeroporto, vi uma garota igualzinha a Becca.

Droga, ele descobriu! Tudo bem, eu confesso. Não houve chá algum, a Becca deve estar se divertindo com seu esposo numa hora dessas. Mas vou deixar bem claro que a culpa é todinha do Tom! Ele quem pediu pra Rute me ligar e marcar o tal chá. O que eu posso fazer? A carne é fraca, querido. Duvido que conseguisse resistir a todo aquele charme, todos aqueles músculos, aquele perfume que parece hipnotizar, e o beijo? Não dá pra resistir ao beijo dele. E o olhar? Não, definitivamente não tinha como recuar.

- Sério? – disse. – Deve ter sido impressão sua, porque a Becca esteve o tempo inteiro com a gente. – dei um sorriso forçado.
- E o rapaz que estava com a moça, também se parecia muito com o esposo dela.
- Acho que você estava vendo coisa demais. – disfarcei, dando mais alguns goles no suco.
- É, talvez eu esteja vendo mesmo.

Ele abriu o jornal, e começou a ler. Por alguns instantes pensei ter me livrado, e soltei um suspiro bem baixinho. Pablo me olhou, e ficou encarando. Aquilo começou a me incomodar, e resolvi perguntar se havia algum problema. Mas fiz isso, de uma maneira educada.

- É que... Você está usando apenas um brinco. – diz ele.

Coloquei a mão no lóbulo da orelha, e notei que havia perdido um dos brincos de pérola que ele tinha me dado no final do ano passado. Tá, isso poderia ser algo normal, já que muitas pessoas perdem brincos. Eu poderia ter perdido o meu no meio da rua, ou no quarto do Tom, enquanto estávamos... Ai meu Deus! Será que o meu brinco caiu na casa dele?!

- Perdeu o brinco, enquanto descia as escadas da casa do Tom, ou enquanto transava com ele? – perguntou de um jeito irônico, que não me agradou nada.
- O quê?
- Sei que não teve chá algum, pois a própria Becca me cumprimentou antes de pegar o avião para sua lua de mel.
- E-Ela... – gaguejei.
- Também sei que você não dormiu em casa, e que o único lugar onde poderia estar era na cama do Tom.
- Está me ofendendo desse jeito.

Foi ai que vi uma reação do Pablo, que nunca vi antes. Ele se levantou irritado, derrubando tudo que estava sobre a mesa, no chão. Depois fez questão de virar a própria mesa. Não sei até onde ele pretendia chegar, mas se queria me assustar, com certeza já tinha feito isso. Fiquei sem reação no momento, e meu coração quis sair pela boca. A cozinheira ficou de longe, apenas observando, e também temendo o que ele poderia fazer.

- Eu não sou idiota! – gritou.

Pablo se aproximou, colocou as mãos sobre os braços da cadeira, e me encarou, bem de pertinho.

- Você sempre foi sincera comigo. – diz ele. – Por que agora está mentindo?

Minha voz? Ela tinha desaparecido.

- Responde! – gritou de novo. – É tão difícil assim, dizer que passou a noite inteirinha transando com aquele imbecil?!

Seu tom de voz me deixava ainda mais assustada. Fechei os olhos, desejando que aquilo acabasse logo.

- Olha pra mim. – disse ele. – Olha pra mim! – abri os olhos. – Poderia ter sido um pouco mais sincera comigo, como sempre fui com você.

Depois disso, ele se afastou. Meu corpo inteirinho tremia. Pablo pegou uma das chaves, e saiu do apartamento. A cozinheira veio rapidamente com um copo de água.

- A senhorita está bem? – perguntava.

Eu queria responder, mas cadê a voz? Senti meus olhos se encherem de lágrimas, e aos poucos elas foram escorrendo por meu rosto. Minha respiração voltou, como se eu tivesse me afogado e alguém me reanimado.

- Por favor, diga alguma coisa. – a cozinheira também estava bem desesperada.
- Eu... Eu... Eu estou bem. – respondi.
- Beba a água. – me entregou o copo.

xxxx

Recuperada do susto, decidi que já era de parar com todo aquele joguinho, que não estava levando ninguém a lugar nenhum. Peguei a mala de cor vermelha, e a coloquei aberta sobre a cama. Iniciei as “viagens” até o closet, para recolher todas as minhas coisas. Primeiro fui colocando as roupas ao lado da mala, para depois ir arrumando-as com calma.

Enquanto isso, eu não conseguia parar de pensar no exato momento em que o Pablo “explodiu” e foi descarregando tudo que provavelmente estava entalado em sua garganta. Por um lado, até que concordo por ele ter feito todo aquele escarcéu, mas... Como nunca tinha o visto assim antes, me surpreendi. Ele sempre foi tão calmo, tão compreensivo, e der repente me apronta uma dessas. É ou não é pra ter medo e querer ir embora?

Me certifiquei de que não tinha esquecido nada, e no instante em que estava fechando o zíper, o Pablo entra no quarto.

- Savannah... O que está fazendo? – pergunta, e joga a chave em cima da cômoda.
- Eu... Eu decidi voltar pro Brasil. – respondi.
- O-O quê? – continuou lá, parado. – Olha, eu sei que devo ter exagerado, mas... Mas por favor, não vá.
- Pablo...
- Me desculpa! – interrompeu, e se aproximou. – Eu não queria ter dito aquelas coisas – segurou minhas mãos. -, porque você realmente não merecia ouvi-las.
- Sei disso. Só que não dá mais. – me desvencilhei. – A quem estamos querendo enganar? Sabemos que não há nada além de amizade entre nós, e continuar mentindo nos fará sofrer ainda mais.
- Eu te amo.
- Sinto muito, mas... – fiquei sem jeito. – Eu amo o Tom.

Dizer aquilo foi, até agora, a coisa mais difícil que já fiz na vida. Eu não posso deixar que a mentira continue crescendo, então é melhor cortá-la por aqui. Não queria machucar ninguém, mas também não posso me machucar. Se pra seguir o meu caminho e ser feliz ao lado da pessoa que amor, for preciso magoar uma outra, infelizmente terei de fazer isso.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 56 - Don't say nothing, just... just kiss me.

(Contado pela Savannah)

Ele não precisava dizer nada. Seus olhos falavam por si só, e eu já sabia o que se passava em sua mente. Poderia dizer que o conheço como a palma da minha mão, mas cada dia que passava, ele conseguia me surpreender. Uma das poucas coisas que eu sabia, era que o Tom sempre – sempre mesmo - colocava as mãos nos bolsos antes de falar sobre algo que poderia ser considerado sério. Ele ficava nervoso, começava a gaguejar um pouco, e não sabia disfarçar isso. Sempre achei esse gesto, a coisa mais fofa.

Tom começou a falar, e como eu havia previsto, colocou as duas mãos nos bolsos. O inicio foi meio embaraçoso, já que nem o próprio sabia direito o que dizer. Parecia tentar encontrar as palavras certas, antes que elas fossem ditas, para não correr o risco de estragar algo.

- Desde que você chegou, só tenho tentado consertar todas as besteiras que cometi no passado. – diz ele. – Por alguns instantes, juro que pensei que você estava me perdoando, e esquecendo os acontecimentos. Mas... Mas ai algo atrapalhava o momento, e as coisas pareciam ficar ainda mais complicadas.

Tinha razão. Ele tinha toda razão. E acho que devo confessar que eu tentava complicar ainda mais. As coisas não são tão simples assim. Não posso simplesmente dizer ao Pablo que o nosso namoro acabou, porque eu vou ficar com o Tom. Que eu me lembre, a única pessoa que realmente ficou ao meu lado quando o mundo parecia desmoronar sobre minha cabeça, foi o Pablo. Ele quem ficou o tempo inteiro ali comigo, enquanto o Tom se preparava para casar. Foi o único que me ofereceu aquele ombro amigo, pra eu poder derramar todas as lágrimas que estavam presas dentro de mim. É correto dizer que ele também se aproveitou da situação, e me pediu em namoro. Mas o que eu iria dizer? A minha vida estava mesmo um lixo, e não poderia piorar.

- Eu só... Só quero uma chance. – Tom continuava. – Só preciso que me dê mais uma chance, pra eu mostrar que meus sentimentos por você não mudaram. Eles continuam aqui, da mesma maneira desde que nos conhecemos. Ou melhor, ficaram ainda mais fortes.

Meu coração sabia que tudo aquilo era verdade, mas uma voz em minha mente insistia em gritar dizendo que não. Poxa, ele poderia pelo menos ter telefonado. Eu só precisava de um telefonema, nem que fosse para dizer apenas adeus.

- Eu me apaixonei por você, enquanto esteve aqui, e me apaixonei ainda mais no tempo em que ficamos afastados um do outro. Meu coração... – ele suspirou. – Meu coração sempre pertenceu a uma pessoa. E nada que eu faça, irá mudar isso. Nem todas as minhas idiotices conseguiram mudar esse sentimento, porque ele é verdadeiro. É com você que eu sempre quis, e quero ficar.

Sinceramente, depois de tudo que ele falou, eu não conseguia abrir minha boca pra dizer absolutamente nada. As palavras haviam fugido da minha mente. E uma curiosidade que existia dentro de mim, veio à tona.

- Como é o nome dela? – perguntei.
- Dela... quem? – pareceu confuso.
- Da mulher com quem se casou.

Ele não respondeu imediatamente, e até notei que ficou meio confuso.

- Isabella.

Eu sabia que já havia escutado aquele nome em algum lugar. Isabella, Isabella. A única Isabella de que me lembro é a... Não, ele não pode ter se casado com a Bella. Eles eram amigos! E ela sempre deu força pra gente ficar junto, a não ser que estivesse sendo falsa.

- Bella? – perguntei, incrédula. – Você se casou com a Bella? – Tom abaixou a cabeça, erguendo-a em seguida.
- Sim. – quase não saiu. – Mas só fiz isso, porque ela estava grávida!

Esperai, desse detalhe eu não sabia. Não fazia a menor idéia! A Bella estava grávida e... A minha ficha começou a cair completamente.

- Então foi com ela?! – disse. – Ela é a tal garota com quem você transou! Claro, estava bem na minha frente e eu não notei!
- Não, não. Só aconteceu uma vez! Eu juro que foi só uma vez!
- Porque tinha que ser ela?
- Na verdade... Eu não tenho certeza de como tudo aconteceu, porque... Porque eu estava bêbado. Não me lembro de nada. E isso... Isso é o que me deixa mais irritado, sabe? Eu queria poder me lembrar de como estava me sentindo na hora. Mas não consigo.

Notei claramente a sinceridade em suas palavras, mas esse negócio de casamento e gravidez me deixou um pouco abalada.

- E o filho de vocês?
- A Bella... Perdeu o bebê.
- Sinto muito.
- Eu não quero parecer frio, mas acho que foi bem melhor assim. Esse filho não estava vindo num bom momento, e não era com a pessoa certa.

Ficamos calados por algum tempo, apenas nos olhando. Mesmo sem nenhuma palavra sair de nossas bocas, sabíamos exatamente o que o outro estava pensando, ou pelo menos tentávamos decifrar com o olhar.

- Me perdoa? – quase sussurrou. – Me perdoa por toda dor que lhe causei, por cada lágrima que a fiz chorar. Me perdoa por não estar perto de você, como eu gostaria. Me perdoa por ser esse cara idio...

Não, eu não poderia mais ouvi-lo pedir tanto perdão. O Tom estava praticamente se humilhando na minha frente. Que pessoa faria isso, para em troca, ouvir outra palavra? Se fossem como os garotos que gostei quando estava no colégio, não perderiam nem seu tempo, enviando uma carta. Aposto que se casariam as escondidas, e se duvidar, ainda me convidaria para ser uma das madrinhas.

Antes que ele pudesse terminar a frase, me aproximei rapidamente, e o surpreendi com um beijo. Foi... A melhor sensação que já pude sentir, depois de tempos. O coração disparado, querendo sair do peito; as pernas tremelicando; as mãos suando... Uma mistura de vários sentimentos de uma única vez, fazendo tudo ficar confuso e ao mesmo tempo, claro.

- Então quer dizer que...
- Shhhhiii. – coloquei delicadamente meu dedo indicador em sua boca, o impedindo de continuar a falar. – Não diga nada, apenas... Apenas me beije.

Tom sorriu, enlaçou minha cintura, me puxando para si. Ele acariciou meu rosto, e voltou a me beijar.

–--
(Contado pelo Tom)

Segurei em sua mão, e começamos a subir as escadas. Passamos pelo corredor, e não conseguíamos parar de nos beijar. Um imã parecia atrair-nos um para o outro. Entramos no quarto, tranquei a porta. Savannah estava de costas, olhando algo ao redor. Ela se aproximou do espelho, e ficou me olhando pelo reflexo. Cheguei mais perto, enlaçando sua cintura. Afastei seus cabelos, e comecei a distribuir beijos por seu pescoço.

- Eu te amo. – sussurrei, entre um beijo e outro.

A fiz virar-se para mim. Estávamos em um momento de luxuria mascarado pelo amor que sentíamos um pelo outro. Ela me abraçava forte, me desejando. Um desejo que eu também estava tendo por ela. Fui deitando-a sobre a cama e me deitando por cima dela, encaixando-me entre suas pernas. Savannah suspirou, me beijou, mordendo de leve os lábios e me abraçando forte. Ela queria sentir meu corpo tanto quando eu queria sentir o seu.

Seus olhos se fechavam com as minhas caricias. Eu a desejava, como nunca antes. Fui passando minhas mãos por suas coxas, fazendo com que seu vestido fosse subindo junto com elas. Com certa dificuldade, o mesmo foi retirado por completo, ficando Savannah apenas de roupas intimas. Me levantei um pouco, tirei minha blusa e a calça, as joguei de lado, e voltando a beijá-la com vontade.

O que eram carinhos leves ia se transformando em carícias mais sensuais, quentes, pecaminosas. Com a mesma delicadeza de sempre, tirei seu sutiã e pude contemplar seus seios. Já meio louco, fui descendo e beijando seu corpo inteiro, até chegar entre suas coxas. Quando cheguei, fui retirando sua calcinha, e ela me ajudou a tirar mais rápido. Ficamos “brincando” por algum tempo, e nós dois sabíamos que o tempo estava passando.

Me posicionei novamente entre suas pernas. Lhe olhei nos olhos, beijei seus lábios. Suas pernas se cruzavam em minha cintura, nossas respirações estavam ofegantes e desencontradas, as batidas de coração aceleradas... O momento era realmente inexplicável. Com o mesmo cuidado que tive em nossa primeira vez, a preenchi. Savannah se desmanchou, e gemeu.

Sentíamos que estávamos chegando ao ápice. Eu tentava me controlar, mas os gemidos estavam saindo quase que involuntariamente. Chegou o momento em que não conseguimos mais controlar nada, e ai sim chegamos juntos ao ápice. Eu com certeza teria caído no chão, se estivesse em pé, pois minhas pernas tremeram na hora.

–--
(Contado pela Savannah)

Um facho de luz entrava pela fresta da cortina, e vinha de encontro aos meus olhos. Os abri, e em seguida os fechei. Ignorei o Sol, e fiquei de costas. Abri mais uma vez os olhos, e notei que ainda estava deitada na cama do Tom. Apalpei a mesma, e ele não estava lá. Me sentei, olhei em direção a mesinha de cabeceira. A luzinha que vinha do relógio era bem forte, e isso me fez perder completamente o sono, ao ver a hora; 6h52 da manhã. Me levantei desesperada, procurando minhas roupas. Tom apareceu, vindo do banheiro, e ficou me olhando sem entender nada.

- O que está fazendo? – perguntou.
- Procurando as minhas coisas, que parecem ter desaparecido. – respondi, enquanto tentava fechar o zíper do vestido. – O que eu vou dizer pro Pablo? Já é dia, e eu não deveria ter passado a noite aqui.
- Diga a verdade. – encostou-se à parede e cruzou os braços. - Diga que estava comigo.
- Você tá louco, não é? – calçava um dos sapatos. – Se quisermos ficar juntos, preciso ajeitar minha vida com ele primeiro.
- Não quer nem ficar para o café? – calcei o outro sapato.
- Não, obrigada.

Peguei minha bolsa, ajeitei o cabelo rapidamente, lhe dei um selinho, e sai. Tom veio atrás de mim, dizendo que me deixaria no hotel. Só aceitei, porque um táxi iria demorar a chegar.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 55 - I need you hear me.

(Contado pelo Tom)

Dois dias se passaram, e não tive mais noticias da Savannah. Fiquei pensando se ela já havia voltado para o Brasil, ou se continuava em LA. Se pelo menos a Becca estivesse aqui, poderia até me ajudar. Ela e o Georg devem estar se divertindo ao máximo no Caribe.

- Eu não agüento mais! – disse, me levantando do sofá. – A Becca precisa voltar logo do Caribe, antes que eu perca a Savannah novamente.
- Até parece que ela vai deixar de ficar com o Georg, pra ajudar você. – diz Gustav.
- Deveria sossegar e deixar as coisas como estão. – diz Bill, continuando a escrever em seu caderno.
- Não dá! – disse. – Não faz sentido algum ficar longe dela.
- Já parou pra pensar que talvez esteja fazendo papel de idiota? – Gustav coloca a dúvida em mim.
- Como assim? – perguntei.
- Desde que a Savannah chegou, você não parou de correr atrás dela um minuto se quer. – diz ele. – E ela não estava nem aí, muito pelo contrário, se gostasse mesmo de você, já estaria aqui.
- Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas... O Gustav tem toda razão. – Bill larga o caderno. – E além do mais, quando você brigou com o namorado dela, o que foi que ela fez? Pegou um lencinho e ficou limpando o sangue dele, e não o seu!

Eles... Eles estavam completamente certos, mas eu não queria admitir. De qualquer maneira, não importa o que ela faça, talvez esteja apenas tentando “amenizar” as coisas. A Savannah não gosta de brigas, e só estava querendo que aquilo acabasse logo.

E se nenhum dos dois fosse me ajudar, eu teria que recorrer à outra pessoa. Mas quem? Quem teria voz feminina e que pudesse ligar pro hotel onde ela está hospedada e marcar um encontro?

- Trouxe um lanchinho pra vocês não morrerem de fome. – diz Rute, entrando na sala, e trazendo uma bandeja com sucos e sanduíches.
- Não tem coca-cola? – pergunta Bill.
- Suco é mais saudável. – diz ela.

Claro! A Rute seria a “isca” perfeita! Ela deixou a bandeja em cima da mesinha de centro, e voltou pra cozinha. Aproveitei que eu já estava de pé, e fui atrás dela.

- Rute, você é mulher! – disse, todo contente.
- Ah vá, é mesmo? – foi irônica, e meu sorriso desapareceu. – A não ser que meus pais tenham me enganado durante toda minha vida, sim, sou mulher.
- Preciso de um mega favor seu.
- Não. – virou as costas, e começou a lavar a louça.
- Por favor. – insisti. – É caso de vida ou morte!
- Olha o exagero, garoto.

Mulher é a complicação em pessoa.

- Se me ajudar, eu prometo... Lavar a louça por uma semana.

O quê? Eu tinha mesmo feito essa proposta a ela? A Rute parou o que estava fazendo, virou-se pra mim, e deu um sorriso.

- Tá legal. – diz ela. – É só pedir, que eu faço.

xxx

O telefone do escritório fora colocado no viva-voz, para que eu pudesse ouvir toda a conversa, e passar algumas instruções pra Rute.

- Alô?
- Oi Savannah, tudo bem? – diz Rute.
- Desculpa, mas... Quem fala?
- Sou eu, a Rute. – faz uma pausa. – Empregada dos Kaulitz.
- Rute? Nossa, que bom ouvir sua voz! Como está?
- Fora todo cansaço que os meninos me fazem ter, estou bem.

Elas começaram a conversar sobre coisas que pra mim não eram importantes. Fiz alguns sinais pra Rute, e logo ela foi chegando ao ponto que eu queria.

- Olha, a Becca pediu que eu te ligasse pra avisar que amanhã será a tarde do chá aqui na mansão. E pode ficar tranqüila, porque os homens estão fora dessa.
- Mas ela não está na lua-de-mel?
- N-não. – Rute gaguejou. – Ela... Ela só viajará depois de amanhã.

Depois da gagueira, aposto que a Savannah desconfiou.

- Você vai vir, não vai?
- Claro. – responde. – Que horas se inicia?
- Às... – ela olha pra mim, faço o sinal com os dedos. – Será às dezenove e trinta da tarde.
- Se é um chá da tarde, porque acontecerá a noite?
- P-porque... – gaguejou de novo. – Porque esse foi o único horário que a Becca encontrou, para que todas as suas amigas pudessem vir.
- Então tá, estarei ai.
- Ok, até amanhã.
- Até amanhã. – repetiu.

O telefone foi desligado, e comecei a comemorar pelo cumprimento da primeira etapa.

- Se me fizer mentir dessa maneira novamente, vai ter que lavar a louça por um mês. – diz Rute.

Até ai, tudo bem. A parte mais difícil seria tirar os meninos e todos os empregados de casa. Eu queria ficar sozinho, absolutamente sozinho com a Savannah, pra ver se agora ela escaparia de mim, como das outras vezes.

xxx
(Contado pela Savannah)

O Pablo já havia saído para mais uma daquelas reuniões chatas, então tive que deixar um recado escrito num papel, e colei o mesmo na geladeira. Naquele dia a empregada pediu um dia de folga pra poder conhecer a cidade. Fui a primeira a apoiar, e ela foi liberada.

Tomei um banho meio demorado, sai enrolada numa toalha branca e fui diretamente ao closet, pra escolher uma roupa. Fiquei meio em dúvida sobre o que vestir, já que não estava tão acostumada a participar desse tipo de coisa. Acabei escolhendo um vestido com mangas curtas, decote discreto e cumprimento a um palmo acima dos joelhos, de cor azul marinho. Nos pés, coloquei um pep toe nude. Não havia muito que fazer com meus cabelos, então resolvi deixá-los soltos mesmo. Pra completar, fiz uma maquiagem leve e bem delicada.

Depois de me olhar inúmeras vezes no espelho, finalmente chamei o motorista, que me levou até a mansão. Não demorou muito até que eu chegasse. Fui atendida pela Rute, que não parecia ter mudado praticamente em nada. Ela me disse para esperar ali na sala, que logo o chá começaria.

Tomei a liberdade de me sentar no sofá, e fiquei esperando. Mas pra algo que aconteceria com outras pessoas, aquele lugar parecia quieto e vazio demais. Uns cinco minutos se passaram, e me levantei. Comecei a olhar uns porta-retratos que estavam numa estante, e a maioria deles só tinham os irmãos Kaulitz. Era meio raro ver o Georg ou o Gustav, e as fotos que eles estavam eram as mais engraçadas.

- Boa tarde, senhorita.

Me virei para trás, e o Tom vinha descendo os três últimos degraus da escada, suas roupas eram escuras, e aquelas “velhas” mãos nos bolsos. O que ele está fazendo aqui? Cadê a Becca?

- O que faz aqui? – pergunto.
- Pensei que soubesse que essa casa é minha. – deu a volta no sofá, e ficou próximo a mim.
- Mas... A Rute disse que seria um chá só para mulheres. Não deveria estar em casa.

Aos poucos a minha ficha começou a cair.

- N-Não vai me dizer que...
- Não há chá algum. – diz ele. – Pedi pra Rute te ligar e marcar esse encontro, porque você não aceitaria vir até aqui se fosse apenas para conversar comigo.
- É inacreditável a maneira como consegue se superar cada dia que passa.

Recolhi a minha bolsa que estava no sofá, e estava pronta para ir embora, quando ele me segurou pelo braço.

- Espera Savannah. Nós temos muito que conversar.
- Se o Pablo descobre que foi tudo uma armação, ele acaba contigo.
- Acaba nada. E que ele se dane! – me desencilhei.
- Tom, talvez seja melhor ficarmos um tempinho afastados até essa poeira baixar.
- Sabe que não entendo o motivo de você ainda estar namorando com aquele cara? Até quando vai esconder que é de mim que você gosta?
- Você realmente não entenderia se eu lhe dissesse.
- Mas estou disposto a tentar.
- Eu preciso ir.

Novamente impediu que eu passasse por ele.

- E preciso que me escute. – disse, olhando em meus olhos. – Prometo que se depois de tudo que eu falar, você ainda quiser ir embora, não a impedirei.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 54 - Must believe me when I say I love you.

(Contado pelo Tom)

No inicio da caminhada, estávamos calados. Ela observava cada detalhe, atentamente, e seus olhos brilhavam mais que estrelas. Eu admirava aquele sorriso tímido, que resistia em sair. Não dava, eu não conseguia parar um segundo se quer, de olhá-la. Estava linda! Mais linda que nunca naquele vestido. Sei lá, acho que a distância fez com que sua beleza aumentasse. Talvez nada tenha mudado, mas a impressão que eu tinha era essa.

- Você está linda. – disse, der repente, e ela me olha.
- O-Obrigada. – diz ela, abaixando um pouco a cabeça, envergonhada.

Não, a minha vontade não era simplesmente elogiá-la. Eu queria poder chegar mais perto, e sussurrar em seu ouvido, tudo que estava se passando por minha mente, naquele exato momento. Mas eu também não tinha a intenção de assustá-la com as minhas loucuras.

Paramos em frente a uma obra de arte, pois Savannah havia se encantado pela mesma. Ela ficou calada, e parecia querer desvendar o tal sentimento que se escondia através da tela.

- É incrível como algumas pessoas conseguem transmitir exatamente o que estão sentindo, através de uma pintura. – diz ela. – Isso é... É... Realmente muito lindo.
- Posso dizer com toda certeza que próxima a esse quadro, você o faz perder completamente o valor e a beleza. – disse, com um sorriso sínico nos lábios, e sem desviar meus olhos da obra de arte.
- Quando vai parar com esse cinismo? – perguntou, me olhando.
- Somente quando – a olhei – eu conseguir beijá-la novamente.

Notei que ela tentou esconder o sorriso, mas era um pouco tarde, eu já o tinha visto.

- Não perca seu tempo, Tom. – diz ela, passando por mim.

Só eu percebi, ou ela está mesmo começando um daqueles joguinhos de provocação? A segui, e continuamos a caminhada. Chegamos em frente a escadaria, que dá acesso ao primeiro andar. Foi ai que segurei seu braço direito, e a fiz virar-se pra mim.

- Porque tá me torturando desse jeito? – perguntei. – Isso não é justo.
- Não é tortura, e quem é você pra falar de justiça? – se desvencilha.
- O que preciso fazer pra me perdoar?
- A primeira coisa é encontrar uma maneira de voltar no tempo. – respondeu. – Se conseguir essa proeza, saberá dar os próximos passos.

Cara, como a Savannah é... Complicada! Será que ela nunca irá esquecer o que aconteceu no passado?

- Eu to tentando de tudo. – disse. – Absolutamente tudo, pra tentar consertar a burrice que fiz, mas... Mas você complica! – ela ficou quieta. – Eu tinha que me apaixonar justamente por você?
- Já disse pra parar com isso.
- E eu também já disse que só pararei, quando lhe beijar outra vez.
- Você não vai me beijar!
- Quer apostar que sim?

Rapidamente enlacei sua cintura, e a puxei para perto. Sua respiração começou a se alterar, e ela tentava se controlar pra eu não perceber. Com uma das mãos, acariciei seu rosto de leve, e olhei em seus olhos.

- Não faz isso. – ela quase sussurrava.
- Preciso que acredite quando digo que te amo. – sussurrei.

Meus lábios foram se aproximando dos seus, até que se tocaram devagar. Após um sorriso, tive a segurança de que ela não recuaria, então entreabri a boca e aprofundamos o beijo, que era delicado. Nossas línguas iam se cruzando de forma harmoniosa, um buscando o outro.

- Pára, Tom. – diz ela, interrompendo. – Alguém pode ver.
- E daí? Que eu saiba, não é nenhum pecado beijar a pessoa amada.

Ela sorriu. Voltamos a nos beijar, e às vezes parávamos por um instante, nos olhávamos, mas não falávamos nada. Apenas voltávamos a nos beijar. Pra mim, o tempo parecia ter parado naquele mesmo momento. O tudo, tinha se transformado em nada. Eu só queria aproveitar, e matar toda saudade.

–--
(Contado pela Savannah)

- Savannah?!

O momento foi interrompido, pela aparição inesperada do Pablo. Mas ele não deveria estar na tal reunião? Não é hora pra pensar nisso. Preciso encontrar uma boa desculpa pra justificar algo injustificável. Estava na cara o que acontecia, e ele só não enxergaria, se não quisesse.

- Pablo? – me desvencilhei rapidamente do Tom. – O-O que faz aqui?
- A reunião foi cancelada. – responde ele. – E vejo que foi só o tempo d’eu virar as costas, pra você se aproveitar. – diz ele, ao Tom, o fuzilando com os olhos.
- Já ouviu a expressão “o mundo é dos espertos”? – Tom o provoca.
- Filho da mãe!

A raiva estava transparecendo nos olhos do Pablo. Ele se aproximou com toda aquela fúria, e deu um soco no Tom. Fiquei surpresa, me assustei e gritei. Como já esperava, houve devolução. Os dois começaram a brigar ali no meio do salão, e eu não sabia o que fazer. Na verdade, o que eu poderia fazer? Sou apenas uma garota, que usava vestido e salto alto, entre dois marmanjos. Estava pensando em tirar o sapato e bater na cabeça de um deles, mas qual? A solução foi correr, pra tentar encontrar o Bill, o mais rápido possivel.

- Bill! – gritei, e me aproximei correndo. – O Tom está se matando lá dentro com o Pablo.
- O quê? – ele largou a taça de champanhe em cima da mesa, e me acompanhou.

No meio do caminho encontramos o Gustav, que dançava – de uma forma bizarra – com uma garota. A briga foi apartada, mas ainda sim os dois se estranhavam.

- Me solta, Bill! – dizia Tom. – Me solta!
- Cala a boca, Tom! – Bill gritou.
- Já pode me soltar. – diz Pablo, ao Gustav.

Assenti positivamente pro Gustav, que o soltou. Pablo ajeitou seu terno, passou a mão nos lábios, olhou para a mesma e notou que estava sangrando. Me aproximei dele, tirei um lenço do seu bolso, e com cuidado, passei sobre o local machucado.

- Isso não vai ficar assim. – Pablo ameaça o Tom.
- Se quiser, poderemos resolver isso ainda hoje! – Tom aceita a provocação.
- Chega! – disse. – Vamos embora.

Enquanto caminhávamos em direção a saída...

- Savannah!

Tom chamou meu nome, e sinceramente, minha vontade era de voltar até ele e ficar ao seu lado. Eu também poderia complementar isso com um soco, por ele ter brigado. Mas não, continuei andando, como se não tivesse escutado nada.

Entrei dentro do carro com o Pablo, e durante todo o percurso, ele não disse uma palavra se quer comigo. Chegamos em poucos minutos a suíte do hotel, e pedi a moça que trouxesse uma bolsa com gelo.

- O que deu em você? – perguntei, com raiva.
- Não coloque a culpa em cima de mim, sabendo que ele foi mais errado em ter beijado você!
- Não foi o Tom quem me beijou. – disse. – Eu que fiz isso.
- O-O quê? – fingiu não ter entendido.

Não acredito, estou mesmo defendendo o Tom?

- P-Por que... Porque faria uma coisa dessas?
- Não deu pra evitar. – respondi.

As coisas que poderiam sair da minha boca nas próximas frases iriam me cortar o coração ao ver seu rosto, mas era verdade. Era tudo verdade.

- Eu sabia. – diz ele. – Você nunca conseguiu esquecê-lo.
- Porque VOCÊ nunca deixou!
- Do que está falando?
- Estou falando de todas as vezes que discutimos, e você fazia questão de colocar o nome do Tom no meio. Se esse beijo aconteceu, foi por sua culpa!
- Vocês se beijam, e a culpa é minha?
- Eu não queria, mas você insistiu pra eu vir até aqui!

Nossas vozes estavam alteradas. A moça trouxe a bolsa d’água, mas resolveu se retirar, ao ver nossa discussão.

- Insisti por você ser minha namorada, e eu queria que me acompanhasse num evento importante. – ele continuava.
- Não! Você fez isso, pois não bastava apenas eu dizer que não o amava mais. Era preciso me colocar frente a frente com ele, pra saber qual seria minha reação, não é?
- Claro que não!
- Era um teste. – disse. – Você queria que eu o desprezasse. Queria que eu o machucasse da mesma maneira que ele fez comigo.

–--
(Contado pelo Tom)

A noticia sobre a minha briga com o namorado da Savannah, se espalhou rapidamente. Na verdade, ela foi cair nos ouvidos de quem não deveria nem ter ficado sabendo; Becca.

Estava num dos quartos com o Bill, enquanto ele limpava os poucos ferimentos em meu rosto, quando a Becca aparece furiosa.

- Você só pode estar com a cabeça cheia da maconha, não é? – diz ela. – Ficou maluco, garoto? – bateu o buquê em minha cabeça.
- Acha que eu iria receber um soco e ficar calado? – perguntei.
- Deveria ter ficado! Mas não, você e sua “coragem” – riscou as aspas no ar. -, resolveram enfrentar o namorado da Savannah. Queria estragar meu casamento. Só pode ser isso!
- Desculpa. – disse. – Mas obviamente minha intenção não era essa.
- Quando quiser se estranhar com alguém espere até o seu casamento, e respeite o dos outros! – ela se retira.

Bill não conseguiu controlar o riso.

- Não desistirei dela. – disse. – Não agora que estou prestes a reconquistá-la.
- Só peço que não faça mais nenhuma loucura.
- Se for pra não perdê-la, farei qualquer coisa.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 53 - No use trying to get away from me.

(Contado pela Savannah)

Os primeiros raios de Sol começavam a iluminar o horizonte, avisando que mais um dia estava chegando. E novamente, eu me encontrava sentada numa das confortáveis cadeiras que ficavam na varanda do hotel, com a segunda ou terceira xícara de chá de camomila, em mãos. Graças ao beijo que o Tom havia me dado, a insônia resolveu me perseguir. Pra piorar ainda mais, ele se instalava em minha mente, sem permissão, como uma daquelas canções chatas que vivem tocando nas rádios.

(Flashback)

- Tudo bem, eu confesso que fui a pessoa mais burra do mundo, que errei feio com você. Mas eu te amo! – gritou.
- Me solta.
- Eu te amo de verdade, e não dá pra mudar isso!

xxx

- O que eu preciso fazer pra você me deixar em paz?
- Diga, olhando nos meus olhos, que não me ama mais.

(/Flashback)

Droga! Esses flashbacks são terríveis comigo, e aparecem a qualquer hora do dia. Porque isso tá acontecendo comigo? Ele poderia ter ficado calado, ou melhor, poderia ter fingido que aquela não era eu, quando nos encontramos no corredor.

- Como você consegue me deixar assim, hein? – me perguntei.

Eu sempre inventava uma mentira, quando o Pablo me perguntava sobre ter ficado acordada a noite inteira, ou o motivo pelo qual a minha mente parecia estar completamente distante, e na verdade, a maioria das vezes, eu estava pensando nele. Só pra variar um pouco.

Aquele era o dia do casamento da Becca, e eu já estava até imaginando como iria agir se o encontrasse de novo. A certeza de que aconteceria me fazia arrepiar. E pra “esquecer” isso por algumas horas, chamei o Pablo para sairmos e darmos umas voltas por Los Angeles. Tinha me esquecido de como é bom andar por aquelas ruas, apesar de não as conhecer muito.

Aproveitamos o clima meio frio, e passamos em várias lojas. Fiz um desfile exclusivo pro namorado, e ele ajudou a escolher um belo vestido, que mais tarde poderia ser usado na cerimônia. Também experimentei alguns sapatos, e acabei voltando ao hotel, cheia de sacolas.

xxx

A hora do casamento se aproximava. Voltei do salão, praticamente pronta pra sair. Uma moça, trazida especialmente para cozinhar pro Pablo – não sei pra quê essas besteiras. A riqueza subiu pra cabeça, foi? -, estava assistindo televisão, quando a abordei para me ajudar a fechar o zíper do vestido. Corri pro quarto, coloquei o sapato, em seguida o perfume em pontos estratégicos. Fui pra frente do espelho, pra verificar se nada estava fora do lugar.

- Uau! – diz Pablo, aparecendo atrás de mim. – Você está... Incrível.
- Obrigada. – respondi, com um sorriso.
- Mas acho que ainda está faltando alguma coisa.
- Que coisa? – me virei. – Acha que algo não está bom?
- Sim.

Ele se aproximou, colocou a mão direita no bolso, retirando-a logo em seguida, deixando a mostra um belíssimo colar de ouro branco, com uma pedrinha de diamante rosa. Tive que me virar novamente, e ele o pôs em meu pescoço.

- Agora sim. – diz ele. – Agora não falta nada.
- É... Muito lindo. – disse. – Precisamos ir, não quero me atrasar.

Em menos de vinte minutos, chegamos ao castelo onde ocorreria a cerimônia. A rua fora fechada, por proteção aos convidados e noivos. Mas mesmo assim, na rua que dava acesso ao local, estava tomada por fãs, curiosos, fotógrafos... Todos esperando ansiosamente pela chegada de alguém famoso, e prontos para gravarem qualquer coisa que lhes servisse de recordação, ou trouxesse benefícios financeiros.

Na entrada, mostramos o convite ao segurança, que nos permitiu prosseguir. E posso dizer que fiquei encantada com o lugar, que ficou ainda mais belo com a decoração. Sai do carro, e dou de cara com o Tom e seus amigos. Ele deu um meio sorriso. Fiquei um tanto sem graça, tentei disfarçar, e desviei meu olhar do seu. Fui cumprimentando os meninos, de acordo a ordem em que se encontravam. Por último foi o Georg, que estava muito, mas muito elegante numa vestimenta branca e cabelo preso.

Entrei no local, de mãos dadas com o Pablo. Nos sentamos, e enquanto a celebração não iniciava, começamos a comentar sobre a beleza e decoração. Um empresário milionário e sua esposa, que estavam na festa de bodas de ouro, se sentaram com a gente, e foram prosseguindo com a conversa. Alguns minutos depois, o Bill veio me chamar.

- Com licença. – diz Bill. – Savannah, a Becca está se arrumando num dos quartos aqui do castelo, e pediu que eu viesse lhe chamar urgentemente.

Fiquei preocupada. Pedi licença, e imediatamente fui conferir o que ela queria. O acompanhei por dois corredores. A porta do quarto foi aberta, e a Becca estava sentada na beira da cama, meio... desesperada. Ela não tinha nem colocado o vestido de noiva ainda.

- Savannah, você precisa me ajudar. – segurou minhas mãos, e estava quase chorando.
- Calma. – disse. – Hoje não é dia pra ficar nervosa. Me conte o que houve.
- Uma das minhas madrinhas é dona de uma grife na França, e não conseguirá chegar a tempo para o casamento, porque seu vôo irá atrasar.
- Nossa, que pena.
- Por favor, fique no lugar dela?
- Eu?!

Isso definitivamente não estava nos meus planos. Não mesmo.

- Sem uma das madrinhas, não poderei me casar. – diz ela.
- Mas... Nem estou vestida pra esse tipo de coisa.
- Você está ótima!

Não poderia dizer não a ela, nesse momento. Casamento é coisa única, e recusar algo assim, seria praticamente o mesmo que dizer que não me importo. E além do mais, não quero me tornar principal motivo pela “desgraça” dela.

- Tudo bem. – disse.
- Obrigada. – me abraçou apertado. – Muito obrigada.
- E ai, Becca, já encontrou a pessoa que entrará comigo no lugar da sua madrinha francesa? – pergunta Tom, entrando no quarto.
- Esperai. – fiquei confusa, sem saber direito o que fizer. – Terei de entrar com ele?
- Você não se importa, não é? – pergunta Becca.

É claro que me importo! Isso por acaso foi combinado? O quê que essa francesa tinha de deixar pra aparecer por aqui em cima da hora? Porque ela não veio antes?!

- N-Não. – respondi.

A moça que a ajudaria a colocar o vestido veio chamá-la, para adiantas mais as coisas, antes que começassem a reclamar pela demora.

- Viu só? – diz Tom. – Não adianta querer fugir de mim, porque sempre terá algo para nos unir.
- Pode ir arrancando esse sorriso da cara. – disse. – Só aceitei, pra não estragar o casamento da Becca. – ele riu.

xxx

Contar pro Pablo sobre isso, era a “pior” parte. Felizmente ele entendeu, mas ficou com um pouco de ciúmes. A música começou a tocar. As imensas portas são abertas, e os padrinhos foram entrando. O noivo vem acompanhado por sua mãe, que se controlava pra não chorar. Minutos depois, a orquestra toca, as portas se abrem mais uma vez, e a noiva surge num vestido tomara-que-caia de cor vermelha. Diferente, bem diferente. Mas combinou perfeitamente com o estilo da Becca.

Ouvimos atentamente as belas palavras do padre, e sinceramente, chegou certo momento, que eu estava prestes a dormir. Nunca vi alguém conversar tanto, igual a ele. Pra completar o pacote, tinha uma voz calma, que dava ainda mais sono. Disfarcei, e bocejei.

A pergunta que todos estavam esperando fora feita, e felizmente ninguém apareceu pra atrapalhar. Também acho que não teria aquela pessoa corajosa o suficiente pra fazer algo semelhante. A Becca seria capaz de mandar matar. A minha parte favorita do casório é quando uma garotinha de cachinhos dourados e olhinhos azuis, entrou carregando uma pequena almofada em forma de baixo, com as alianças.

- Olha só, um dia teremos uma filha igual a ela. – Tom sussurra.
- Cala a boca, Tom. – sussurro de volta.

Não, ele não falou aquilo. Depois de algum tempo, os convidados foram instruídos a irem até a parte externa do castelo, onde seria a recepção. O “infinito” tapete de grama verdinha, nem parecia ser real. Na decoração, tinha um arco feito de flores, e as mesas um toque delicado e ao mesmo tempo, ousado. Enfim, estava tudo muito surreal e lindo.

Estava sentada numa mesa com o Pablo, e a todo instante ele olhava pro seu relógio de pulso.

- Está tão preocupado com as horas. – disse.
- Marcaram uma reunião de negócios, e não posso faltar. – disse ele. – Acho melhor eu ir agora, antes que me atrase.
- Tem certeza que não quer ficar um pouco mais?
- Bem que eu queria, mas não vai dar. – acariciou meu rosto. – Ficará bem sem mim, não é?
- Um-hum.
- Deixarei o motorista a sua disposição, caso queira voltar para o hotel.
- E como vai pra reunião?
- Pego um táxi.

Ele se levantou, me deu um beijo, e foi embora. Achei meio estranho ele não ter falado nada que se referisse ao Tom. E se fizesse isso, eu já teria uma boa resposta a lhe dar.

–--
(Contado pelo Tom)

De longe vi quando o namorada da Savannah foi embora, e me aproveitei da situação. Fui caminhando em sua direção, um garçom passou por mim, e pequei duas taças de champanhe.

- Realmente é um milagre e uma pena que seu namorado tenha te abandonado aqui, sozinha. – me sentei ao seu lado.
- Ele não me abandonou. Apenas precisou se retirar pra ir a uma reunião.
- Sorte minha. – lhe entreguei uma taça. – Vamos comemorar.
- Como você é sínico, hein? – diz ela, aceitando o champanhe.
- Não disse nada demais. – bebi um pouco.

Conversa vai, conversa vem...

- Não quer conhecer um pouco mais sobre o castelo? – perguntei.
- Pode ir parando, porque não sairei daqui pra lugar nenhum com você.
- Poxa, eu não estava com más intenções. Só queria me fazer de guia turístico e te mostrar melhor o lugar. – ela riu.

Tentei de tudo, absolutamente tudo para convencê-la a darmos uma volta. Eu queria mesmo ficar um pouco a sós com ela. Quem sabe, terminar aquela tal conversa que não pôde ser concluída por causa do Pablo, que estava por perto. Ela ainda estava me devendo uma resposta.

- Tá legal, Tom. – diz ela, finalmente cedendo. – Mas se fizer qualquer gracinha...
- Prometo não fazer nada.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 52 - People change.

Eu guardo para mim mesma
Que as coisas ao redor com o tempo vão mudar
E se eu esperar isto, você poderá sempre mudar sua mente
Como um conto de fadas, eu leio até o fim
Não posso fechar meus olhos, você esteve mentindo aqui de novo
Depois quando eu voltar,eu desapareço
E eu entendo que isso poderia ter acontecido

(Contado pela Savannah)

Sou bem controlada com essa história de ir ao banheiro na casa do outros, principalmente quando se está dando uma festa. O negócio é que me veio àquela vontade repentina, que não dava pra segurar. Pedi a uma das empregadas que me mostrasse apenas o caminho, depois disso, ela poderia voltar aos seus afazeres.

Fiz o que tinha pra fazer, e aproveitei para retocar a maquiagem. Sai do banheiro, e tentei encontrar a saída, e acabei me perdendo. O lugar era enorme, e pra uma pessoa como eu, não tinha como não me perder. Mantive a tranqüilidade, e nessa de ficar andando de corredor em corredor, alguém esbarrou em mim.

Primeiro achei que não estava enxergando aquilo que estava bem diante dos meus olhos. Depois senti os batimentos se acelerarem, e tentei esconder a surpresa. A minha fala desapareceu. O que eu poderia dizer numa hora dessas?

- Savannah. – é impressão minha, ou isso que está se formando em seus lábios é um minúsculo sorriso?
- Oi. – disse, secamente.
- V-Você está... – me olhou de cima a baixo. – Diferente. – completou. – Faz tanto tempo que não nos vemos.
- Eu... Não fiquei contando.

Eu sabia! Tinha certeza que não seria uma boa idéia fazer essa viajem, nem ao menos para ver a Becca vestida de noiva. Pela primeira vez, após todo sofrimento causado, estou diante daquele que eu não queria reencontrar. Perfeito. Agora preciso ser o mais fria possivel, e evitar deixar transparecer qualquer tipo de reação que leve a percepção de certos sentimentos que estão adormecidos, para não trazer nenhuma “conseqüência”.

- Eu sim. – disse ele. – Contei cada dia, cada segundo que se passou e não estávamos juntos.
- Perca de tempo.

A minha frieza estava começando a me assustar. Como consigo ficar assim diante dele? Querendo ou não – e eu não queria -, acho que aqui dentro ainda guardo o mínimo daquele sentimento. Por enquanto ele está aqui, quietinho. Mas se bobear é bem capaz que volte a ser como antes.

- É, você realmente mudou.

Sim, talvez eu tenha mudado mesmo. E uma das principais causas dessa mudança, carrega a sua responsabilidade. Você foi um dos motivos por eu ter me tornado o que sou agora, foi a razão de tudo! Está satisfeito? Você já pode rir de toda dor que me causou. É, o tempo passa, a vida vai acontecendo, e pessoas tendem a mudar.

- Com licença. – disse, e fui me retirando.
- Espera! Vamos conversar.
- Sobre o quê? – parei e perguntei. – Sobre o quanto fui idiota, ou quer me contar os detalhes da sua lua de mel?

Não gosto de agir dessa maneira com as pessoas, mas ele merece! Não dá mais pra ser a garota boazinha que no final sempre perdoa, porque se não isso nunca irá acabar. Tá na hora de por um fim!

Mesmo perdida, consegui voltar para a festa. O Pablo estava me procurando, e ao achar, foi logo perguntando onde eu estava. Lhe dei uma desculpa esfarrapada, e o enganei. Ele ficou sabendo que o Tom também estava no local, e ficou meio preocupado.

- Não se afaste de mim. – diz Pablo. – Quero que fique bem longe dele.
- Se não quisesse passar por isso, não precisava insistir para ter minha presença aqui.
- Estamos numa comemoração, não iremos brigar.
- Ótimo. – disse. – Então não tente me obrigar a ficar colada em você, porque preciso respirar.

A maioria das nossas brigas tinha endereço e nome: Tom Kaulitz. Não era rotina ficarmos brigando, mas bastava qualquer coisa acontecer, pro Tom acabar sendo colocado no bolo.

Deixei o Pablo conversando com alguns empresários, e fui assistir ao show de outra banda que tocava no momento. Sinceramente, aquele evento começava a me dar sono. Fiquei ali sozinha, no meio daquelas pessoas que eu não fazia a mínima idéia de quem poderiam ser. Enquanto escutava as músicas, senti uma mão tocar a minha, deixando um pequeno bilhete. Me virei, e não consegui ver ninguém que pudesse ter me dado aquilo.

Me encontre no labirinto das rosas em dez minutos

Vamos pensar um pouco. Este bilhete pode ter vindo do Pablo, pois acabamos de ter um inicio de discussão, e ele sempre faz “surpresinhas” quando esse tipo de coisa acontece; mas também pode ter vindo do Tom, que por algum motivo, não quer me deixar em paz para seguir em frente com minha vida.

A minha curiosidade em descobrir quem havia entregado o bilhete, falou mais alto. Para não levantar qualquer tipo de suspeita, perguntei a um dos garçons onde ficava esse tal “labirinto das rosas”, e ele foi educado em me explicar. Disfarcei por algum tempo, olhei em voltar pra ver se encontrava os suspeitos, e não os vi. E então fui ao encontro do “misterioso”.

Cheguei ao imenso jardim, e só então fui notar a razão para o nome. O local parecia mesmo um labirinto, e era incrivelmente lindo, repleto de rosas vermelhas. Não vi ninguém, mas permaneci ali. Escutei um barulho, e o medo percorreu meu corpo inteiro. Vai saber o que pode ser? E ai o Tom apareceu – como sempre -, com as mãos nos bolsos. Comecei a caminhar em sua direção em passos curtos. Antes de chegar mais perto, respirei fundo. Isso é loucura, Savannah. É uma volta ao passado, e ainda dá tempo de desistir. Cruzei os braços, e ele deu um meio sorriso “tímido”.

- Porque será que não estou surpresa? – disse.
- Eu não podia deixar que você fosse embora, sem antes conversarmos.

E se eu continuasse fugindo, poderia ser muito pior. Se quero mesmo acabar com essa história, essa é a hora.

- Ok. – disse, um pouco menos fria. – Pode começar.
- Eu juro que... Nunca foi minha intenção te magoar. Eu não deveria ter enviado aquela carta.
- Mas enviou. – o interrompi. – E não dá pra mudar o passado, Tom.
- Eu sei. – se aproximou, e dei dois passos para trás. – Mas... O que eu sinto por você... Ainda está vivo em mim.
- Não parece, porque logo depois você estava se casando.

Ele abaixou um pouco a cabeça, a balançou negativamente, de leve, e a ergueu novamente.

- Sei que não tenho direito de pedir isso, mas... Me perdoa?

Viu só? Vocês estão de prova de como ele é! O Tom sempre erra, pede perdão pelo erro, e repete ainda pior.

- Esse é o seu problema! – alterei um pouco a voz. – Está sempre pedindo perdão, e espera que em seguida eu diga sim. – me acalmei. Na verdade, um nó se formou em minha garganta. – Só que... Você não tem noção! Não faz idéia de quantas noites passei acordada, tentando enxugar as lágrimas que VOCÊ – pus ênfase. – colocou em meus olhos!

E novamente eles começaram a ficar marejados, deixando a minha visão meio embaçada. Era como se eu estivesse vivendo tudo de novo.

- Por sua culpa, eu tive trancar o meu coração! – continuei. – Você não presta, Tom.
- Savannah...
- Você é o tipo de homem que só ama a si mesmo! Que não está nem ai pro que os outros estão sentindo!
- Isso não é verdade! – sua vez de alterar a voz.

Umas lágrimas escorreram pelo meu rosto, mas rapidamente as enxuguei.

- Só quero saber o porquê. – disse. – Porque você não me ligou? Eu não merecia nada além de uma carta?
- Eu não pude.

Soltei uma leve risada.

- Não, você não ligou porque não quis! Porque o meu sofrimento teria um gostinho mais gostoso se a dúvida ficasse no ar.
- Claro que não!
- Quer saber, não precisa falar nada. – novamente enxuguei o rosto. – A carta falou por você.

Lhe dei as costas, e como aconteceu naquela noite, ele segurou meus braços firmemente, me fazendo virar para si. Olhava fixamente em meus olhos, e com a voz num tom alto, começou a dizer.

- Quer saber porque não te liguei? Porque se eu ouvisse a sua voz, seria capaz de desistir de tudo, pra correr até você! – ele fez uma pausa. – Eu tive que dormir e acordar ao lado de uma pessoa, pensando em como eu gostaria de estar lá, ao seu lado.

E minha mente gritava pra mim “Se controle Savannah, ele está mentindo de novo”. E eu tentava mesmo manter o controle.

- Quer que eu confesse? – perguntou-me. – Tudo bem, eu confesso que fui a pessoa mais burra do mundo, que errei feio com você. Mas eu te amo! – gritou.
- Me solta. – pedi.
- Eu te amo de verdade, e não dá pra mudar isso! – me soltou.
- O que é verdadeiro, não abandona sem explicação concreta.

Ficamos de frente um para o outro, calados por alguns minutos.

- Eu... Vou voltar pra festa, antes que sintam a minha falta. – disse.
- Não!

Tom me puxou pelo braço direito, colou nossos corpos, e pude sentir as rápidas batidas do seu coração. Ele mordeu o lábio inferior, em seguida aproximou seu rosto do meu, e me beijou. Era um beijo intenso, e ao mesmo tempo parecia... Apaixonado e cheio de saudade. Foi o bastante para despertar o gigantesco monstro de sentimentos que estava adormecido em mim. E como um filme, as memórias começaram a passar em minha mente.

Não havia mais nada que pudesse ser feito, mas eu fiz. O afastei, com um leve empurrão.

- O que eu preciso fazer pra você me deixar em paz?
- Diga, olhando nos meus olhos, que não me ama mais.

Ah, tá legal. Como se isso fosse a coisa mais difícil de fazer. Encarei seus olhos, que aguardavam a minha ação. Vamos Savannah, diga que não o ama! Você consegue garota! Sempre foi forte, não fraquejará logo agora, não é? As palavras estavam ali, prontas para serem ditas, mas... Eu não conseguia, ou melhor, eu não queria dizê-las.

Postado por: Grasiele

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