sábado, 23 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 20 - Um bela tempestade

A chuva estava muito forte. A cada clarão, eu fechava os olhos e apertava meus joelhos contra meu corpo no sofá. Segundo Tom, Bill tinha saído para terminar uns assuntos sobre o tal CD. Depois do enterro do pai de Marcos, eu e Tom voltamos e eu joguei-me no sofá, os trovões iam acabar me matando de um infarto.

- O que houve?

- AAAAH! – Gritei assustada, virei-me e vi Tom me encarando com deboche. – Não me dá um susto desses, seu débil!

- Porque você ta com tanto medo?

- Eu não to com medo! Quem disse que eu to com medo? – Me atrapalhei com as palavras e estremeci quando um fraco trovão soou.

- Espera, espera... – Ele jogou-se ao meu lado no sofá. – Você, por um acaso, está com medo?

- Não! – Virei o rosto quando ele se aproximou e eu me levantei, indo para a escada. – Medo não faz parte do meu vocabulário!

- Espera, porque você ta subindo? – Ele pulou do sofá e foi me seguindo.

- Eu... Eu to com sono! – Falei entrando no quarto de Bill e fechando a porta. Eu tinha de me afastar de Tom, não podia continuar gostando dele.

- Você não está com sono! São apenas quatro da tarde. – Ele ficou empurrando a porta enquanto eu segurava. Droga, porque ele tinha que ser tão insistente? – Biara, abre a porta!

- Para de me chamar de Biar... – Um trovão cortou minha fala nesse momento, um trovão tão forte, que eu corri para o banheiro de Bill e me enfiei na banheira.

Agarrei meus joelhos e enfiei a cabeça entre eles, começando a cantar uma música para acalmar. Eu sempre fazia isso por conta de trovões.

- Biara? – A voz grave dele ecoou no banheiro. – Você tem medo de... Trovões?

- Não. Eu estou só me sentindo mal. – Murmurei estremecendo com outro trovão.

- Sim, você tem medo. – Ele entrou na banheira e se espremeu na minha frente. – Porque não confia em mim?

- Tom, eu não... – Comecei e depois percebi que ele estava se aproximando. – Não podemos! Isso... não!

- Isso o que? – Ele perguntou quando pulei da banheira, em seguida, também saiu.

- Para de me seguir! – Falei enquanto entrava no quarto dele e ele vinha atrás.

- O quarto é meu, você é a intrometida aqui! – Defendeu-se parando a porta, me deixando sem saída.

Um trovão forte soou e, num ímpeto de medo, pulei para dentro do guarda-roupa dele. Fechei a porta com toda a força e agarrei meus joelhos.

- O que você está fazendo? – Ouvi a voz abafada dele do outro lado.

- Tenho um compromisso, preciso me retirar. – Disse timidamente.

- Ninguém tem um compromisso no guarda-roupa! – Ele socou a porta algumas vezes. – Espera, você tem mesmo medo de trovão.

- E daí? Até parece que você não tem medo de nada! – Gritei chorosa.

- Abre isso, Biara! – Ele disse tentando puxar a porta.

- Não! – Segurei a porta mas, com raiva, acabei chutando-a e, quando ela se abriu por completo, Tom estava estatelado no chão com a mão no rosto.

- Sua imbecil, você quebrou meu nariz! – Ele sentou-se no chão e deixou a mão sobre o nariz.

- Não é culpa minha que você estava no cominho!

- Idiota!

- Olha aqui, eu... – Outro trovão estridente soou e a chuva engrossou. Eu pulei para fora e comecei a chorar.

Vi, de relance, Tom levantar-se e ficar parado na minha frente. Eu estava agachada no chão, agarrada aos meus joelhos e de olhos bem fechados.

- Ei, você ta legal? – Disse abaixando-se.

- Não! Não! – Balancei a cabeça rapidamente.

- Acho que você vai ter menos medo assim... – Murmurou.

- Assim como? – Questionei.

No momento seguinte, Tom me abraçou e, de costas, escorregou até encostar na porta do guarda-roupa. Minha cabeça encaixou em seu ombro e seu cheiro impregnou todo o meu corpo, sem falar que estava me deixando louca.

- Está melhor? – Acariciou meus cabelos.

- Você vai tirar sarro se eu disse que sim? – Murmurei fazendo-o deixar um leve riso escapar.

Não sei quando, nem como, mas acabei dormindo ali. No colo de Tom. O cheiro dele me trazia uma grande paz, parecia que nada mais importava além daquele segundo. Não! Eu tenho que me afastar dele! Não posso continuar com isso. Mas não sei o que fazer. Não posso me aproximar de Bill por conta do beijo, nem de Tom por conta dessa paixão. Marcos! Marcos é a única pessoa a quem eu tenho.

No dia seguinte, assim que acordei, vi que Tom havia me colocado na cama e tinha dormido ao lado. Sem acordá-lo, me troquei e saí em direção à casa de Marcos. Atravessei a rua decidida e com passos firmes, até ver a estranha garota loira.

Ela era mais alta que eu, claro. Tinha os olhos azuis como os de Marcos, mas os cabelos muito loiros, quase brancos, levemente ondulados nas pontas. A pele era muito branca e ela era consideravelmente magra. O que quero dizer é: Ela não era um palito, era “gostosinha”, segundo os termos de Tom Kaulitz.

A irmã dele.

- O...Oi. – Gaguejei timidamente me aproximando. Ela estava jogada numa cadeira funda, com muitas almofadas e um livro cobrindo seu rosto parcialmente. Por um minuto pensei que ela havia me ignorado por não me responder, mas depois percebi que ela estava muito concentrada. – Oi.

- Ahn? – Ela parecia ter saído de outro mundo, pois seus olhos buscaram, atordoados, alguma imagem nítida. – Ah, oi!

- Você é a irmã de Marcos? – Murmurei aproximando-me mais.

- Sim. – Saltou da cadeira largando o livro. – Sou Alice!

- Oi, Alice. Sou Biara. – Apertei a mão que ela havia me esticado.

- Oh, Marcos falou muito de você. Pena que agora ele só fica trancado no quarto chorando. – Murmurou feliz, mas depois mudou a expressão para um tristeza momentânea.

- O pai dele devia ser muito importante para ele. – Eu falei tímida.

- E que pai não é? – Ele segurou minha mão e puxou-me para a cadeira que estava ao lado dela e então, jogou-se onde estava antes. – Seria bem melhor se essa nossa mãe fosse no lugar dele.

- Que? – Eu me assustei com o que ela falou. Como assim deveria morrer no lugar dele?

- Não é apenas eu quem pensa isso. Pantufa acha a mesma coisa. – Sorriu e, não sei de onde, puxou uma caixinha com bombons. – Quer?

- Não... Obrigada. – Recusei educadamente, mas ainda assustada. – Posso falar com ele?

- Falar com ele? Acho que vai ser difícil. – Enfiou dois bombons na boca.

- Porque? – Ajustei-me na cadeira fitando-a.

- Sabe... Ele já se foi. – Fez uma expressão triste por alguns segundos e depois enfiou mais um bombom na boca.

- Não estou falando do pai dele! – Grunhi. Que garota é essa? – Estou falando de Marcos!

- Ah... – Pareceu atordoada e situada ao mesmo tempo. – Acho que é melhor não...

- Porque?

- Ele está chorando muito. – Enfiou a caixa de bombons em baixo da cadeira e começou a folhear o livro.

- Então! Seria ainda mais importante.

- Pense bem... – Ela ajustou-se na cadeira e aproximou o rosto do meu. – Ele está muito triste. Vai que ele corta os pulsos? Você quer mesmo ser a última pessoa a ter falado com ele? A polícia pode te prender como suspeita. Eu não iria lá se fosse você.

- Cortar os pulsos? – Saltei da cadeira e ela riu de deboche.

- Calma, calma... – Pareceu achar engraçado, então mudou a expressão para uma seriedade. – Papai era muito importante para ele. Foi o único que aceitou toda essa história de homossexualismo além de mim. Nossa família sempre excluiu ele, nunca vieram comemorar o aniversário dele ou coisa do tipo.

Ela parou um momento, olhando para rua, antes de voltar seu olhar para mim e continuar.

- Quando Marcos fazia aniversário, papai levava ele para passar o dia pescando. E depois que fui para a França, tudo piorou. Mamãe começou a acusar Marcos, dizendo que ele era coisas horríveis, então ele entrou em uma profunda depressão por algum tempo, até que eu chamei ele para ir à Academia de Londres e ele amou o balé! Desde então ele não parava de dançar, e tudo isso foi apoiado por nosso pai.

Ela falou de um modo cativante. Marcos era um cara bem misterioso mesmo! Nunca imaginei que... Espera! Ela disse ACADEMIA EM LONDRES? Quer dizer... Dança Acadêmica de Londres?

- Você... Você é bailarina? – Gaguejei ignorando toda a história.

- Sim, sou profissional. Como eu vinha para cá, a diretora me pediu para fazer um teste com uma garota. Tenho que descobrir quem é. – Puxou um papel do bolso e levantou até a altura dos olhos. – Biara Schmidt.

Biara Schmidt! Biara Schmidt! Não acreditei quando ela disse aquele nome! Isso é impossível. Minha avaliadora é a irmã louca de Marcos? Como pode? E ele nem mencionou o fato de ter uma irmã na Academia de Londres? Sabe, não seria ruim ele ter citado esse fato.

- Biara Schmidt. – Repeti fechando os olhos. – Esse é meu nome. Você irá me avaliar.

Pisquei mais uma vez, vendo-a abrir um sorriso medonho, de assustar.

- Não pense que sou boba nas minhas avaliações, Biara Schmidt. – Murmurou deixando a alegria transparecer a face.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 19 - Sim, está chovendo hoje...

Eu estava confusa. Eu realmente estava confusa. Primeiro Marcos diz que é gay e agora eu o vejo com outra garota? Ou eu estou alucinada ou estão me fazendo de idiota. No segundo seguinte em que vi os dois juntos, subi correndo para o quarto. Esbarrei na porta, Bill havia subido e estava trancado. Virei-me rápido e pulei para o quarto de Tom, jogando-me na cama.

- Ei, você está chorando? – Tom entrou no quarto meio receoso.

- Não! - Gritei com a cabeça enfiada no travesseiro.

- Calma, não precisa de tanto. É só um cara. – Ele sentou-se ao meu lado com cautela.

- Você diz isso porque talvez nunca tenha se apaixonado na vida! – Deixei que lágrimas escapassem sem querer. Talvez fosse bom chorar de vez enquanto. Mesmo que isso seja um sinal de fraqueza e que seja na frente de Tom.

- Isso não é verdade... – Ele disse meio baixo. Levantei o rosto e o encarei. – Já me apaixonei sim.

- Mas você é você. – Choraminguei fazendo uma cara triste e voltando a afundar a cabeça no travesseiro.

- Como assim?

- Você sabe conquistar e as pessoas simplesmente gostam de você, mesmo com esse seu jeito irritante! – Falei com a voz falha. – Mas eu? Ninguém se apaixonaria por mim nem em mil anos!

- Não é verdade. Tem muita gente que gosta de você...

- Tipo quem? – Minha voz ficou esganiçada.

- Tipo... O... Bill! – Ele sorriu nervoso.

- Não! – Choraminguei

- Ei, – Ele estava olhando para mim então baixou o olhar. – Tem pessoas que são apaixonadas por você. Você tem esse seu jeito repugnante, mas é tão charmoso.

- Charmoso? – Minha voz falhou e eu tentei olhar em seus olhos baixos, até que ele os levantou.

- Não sei... – Sorriu sutil – Você é estranha... de um jeito bom.

- De um jeito bom? – Sorri.

- De um jeito bom. – Aproximou-se.

Os olhos estavam neutros. Quero dizer, sem nada de malicia ou coisa igual, estava no estado normal dele. Novamente, não hesitei em continuar parada esperando que finalmente acontecesse. Apesar de ele me encher o saco, talvez aquilo fosse o certo.

- Hey pessoal, o que estão faz... – Gustav entrou no quarto junto com Bill. – Estamos atrapalhando?

- Claro que não. – Tom sacudiu a cabeça e levantou-se num salto. – Eu estava apenas consolando-a!

- Eu sei... – Georg entrou no quarto rindo.

- E porque você tá chorando, Bi? – Bill correu até mim me abraçando. – Foi o Tom? Tom, seu imbecil!

- Mas eu não... – Tom tentou se defender.

- Tom, como você pode fazer isso com ela? – Gustav veio até mim sentando na ponta da cama e pegando minha mão.

- Mas eu não fiz nada, droga! Eu tava ajudando ela! – Ele saiu enfurecido – Porque a culpa é sempre minha, merda!

Por um lado eu me senti culpada, mas preferi ficar calada. Alguma coisa entre mim e Tom não ia dar certo, o melhor seria eu me afastar dele. Evitá-lo, talvez. Claro que, morando na mesma casa, isso vai ser difícil. É melhor eu não sentir algo por ele, afinal vou embora logo. Vou fazer de tudo para ser aceita na academia e construirei minha carreira. Mesmo que seja sozinha, talvez mais no futuro eu encontre a pessoa certa. Mas não vai ser ele. Eu prefiro que não seja.

Os garotos ficaram conversando por um longo tempo. Georg ficou fazendo piadas com o Tom, que estranhamente não voltou. Acabei adormecendo no colo do Bill, que me fazia carinhos no cabelo. Não me importei muito com os sonhos estranhos que tive, com Tom.

Abri os olhos lentamente, pois os raios de sol se lançavam contra o meu rosto. Sentei por um minuto, antes de perceber onde estava. Eu havia dormido na cama do Tom, mas ele não estava lá. Deitei mais uma vez a cabeça no travesseiro, deixando que o cheiro dele invadisse minhas narinas. Levantei-me rápido descendo em direção à sala.

É, ele estava lá. Jogado no sofá, com a mesma roupa só com a calça do pijama. O braço se fazia de travesseiro, as tranças espalhadas pelo rosto e uma expressão calma.

Sorri por um minuto e, quando percebi, ele estava me olhando sério. Desfiz meu sorriso e Tom gargalhou.

- Que foi? – Sorriu. – Se apaixonou?

Virei o rosto bruscamente, fui em direção da escada e subi para o banheiro. Vesti uma roupa qualquer e desci logo. Encontrei Tom na janela, meio atônito.

- O que aconteceu, viu um fantasma?

- Quase isso... – Ele olhou pra mim e puxou minha mão. – Você não vai gostar de nada disso.

Olhei pela janela e vi várias pessoas lotando a casa de Marcos. O que estava acontecendo?

- O que está acontecendo? – Repeti meus pensamentos em voz alta.

- Não sei, mas o negócio parece sério. Será que ele se matou? – Ele disse sério.

- Que? Porque acha isso? – Olhei incrédula para ele.

- Sei lá, crise existencial? – Tom disse dando um meio sorriso. – Além disso, está todo mundo de preto.

- O que será qu... Olha, é aquela lá! – Virei o rosto rápido e acabei batendo no vidro. – Au!

- Ao menos aquela lá não é retardada feito você! – Tom gargalhou.

- Cala a boca, idiota! Vai descobrir o que tá havendo! – Apontei para a casa enfiando o dedo no vidro.

- Eu não sou seu empregado, vai você. – Me deu a língua e saiu correndo.

- Volta aqui! – Levantei a mão, mas ele já havia saído. Corri em sua direção e acabei esbarrando em Bill, que quase me arremessa no chão. – O que foi, fofa?

- O Marcos se matou! – Quase gritei. – Eu o matei! Ah, Deus! Eu devia saber que gays tem temperamento instável!

- Espera, ele é o qu...? – Bill tentou falar.

- Ai meu Deus, eu matei um cara!

- Você não matou ninguém, Biara! – Bill me levantou do chão e me sacudiu.

- Então eu fiz um cara se matar! – Choraminguei. – Tanta beleza jogada pelo ralo...

- Que? – Bill me olhou incrédulo – Espera, você só se importa porque ele era bonito?

- Bonito? Ele era lindo! – Me larguei dos braços de Bill e subi correndo as escadas para o quarto de Tom. – Imbecil, abre a porta! Abre! ABRE!

- Que foi? Se apossou do meu quarto agora, foi? – Tom abriu a porta quando eu estava quase esmurrando ela. – Eu não vou ser seu espião!

- Então ao menos vai comigo! – Puxei seu braço.

- Pede ao Bill! – Ele tentou largar.

- Não, o Bill chama atenção! - Puxei-o para fora do quarto.

- Então ao menos veste uma roupa preta, afinal, o cara era seu amigo.

- Eu não tenho nenhuma roupa preta.

- Então veste uma do Bill!

Desci as escadas à procura do Bill, mas ele já havia saído. Subi novamente e procurei em seu quarto, ele também não estava lá. Voltei ao outro quarto e Tom estava arrumando o cabelo.

- Eu não vou mexer nas coisas do Bill sem a permissão dele! – Gritei.

- Pelo amor de Deus, é só uma roupa! – Ele gritou de volta.

- NÃO, NÃO e NÃO! – Gritei mais uma vez.

- Biara, vai logo! – Gritou mais alto.

- Eu já disse que não!

- Que merda! – Ele tirou a blusa e jogou na minha cabeça. – Veste essa então.

Ele se enfiou no guarda-roupa e começou a procurar outra camiseta. Puxei a camisa que estava na minha cabeça e lentamente coloquei perante meu rosto, deixando apenas os olhos. Fiquei observando-o.

- VOCÊ AINDA TÁ AÍ, SUA IDIOTA? – Gritou e apontou para o banheiro.

- Seu grosso. – Murmurei, empinando o nariz e indo para o banheiro.

Me vesti, ficando com a camiseta gigante sobre meu short. Saí do banheiro e Tom já estava esperando na cama. Segurou minha mão e, por um momento, eu fiquei nervosa. Saímos da casa e caminhamos até a de Marcos. Antes de chegarmos, ouvi trovões, olhei para o céu e vi nuvens negras se aproximando. Meu corpo congelou ao ouvir um segundo trovão e segurei mais forte a mão de Tom.

Havia muita gente lá. Todos vestidos de preto, ou seja, alguém realmente havia morrido. Vi a garota loira de antes, mas a ignorei e segui para dentro da casa. Havia um caixão no meio da sala. Ai meu Deus, eu matei ele!

- Er, Biara... Eu não conheço muito bem seu amigo, mas tenho certeza que ele não é um velho.

Me aproximei e vi aquele velho senhor feliz. O fantasma do seu último riso parecia estar pregado na sua face, que estava estática e serena. Algumas lágrimas postaram-se na ponta dos meus olhos, virei o rosto, vasculhando a casa, a procura de Marcos.

Entrei no quarto dele e vi a porta da varanda aberta. Estava lá. Os cabelos azuis sendo levados pelo vento, as lágrimas misturando-se com pequenas gotas de chuva que caíam penosamente. Estava apenas com uma calça de malha preta e o tronco nu de fora. Ele era realmente lindo. Os olhos azuis percorriam o nada. A boca estava perfeitamente vermelha, tremendo por alguns segundos, procurando alguma palavra.

- Oi. – Murmurei fazendo-o olhar assustado para mim. Senti as gotas de chuva me atingirem. Ele não respondeu, apenas voltou a olhar para o nada.

Caminhei até ele e parei a sua frente. Antes que eu abrisse a boca para falar alguma coisa senti uma forte dor no lado esquerdo do meu rosto. Uma queimação subiu por todo meu rosto antes que eu percebesse o que havia acontecido. Ele me deu um tapa.

- Nunca... – Ele apontou choroso para mim. Seus olhos estavam inchados e vermelhos. – Nunca mais me deixe. Você ouviu?

Balancei a cabeça e deixei que as lágrimas caíssem. Ele segurou meu rosto nas duas mãos e me puxou, beijando-me. Por um momento meus olhos se arregalaram, mas depois de alguns segundo me acostumei e correspondi. Ele realmente havia me beijado. Ele estava me beijando!

- Marcos, eu... – Tentei falar.

- Olha, eu gosto muito de você, mas você é praticamente minha melhor amiga. – Ele falou voltando a chorar, a chuva havia engrossado e estávamos ensopados. – Eu não queria e nem quero te iludir.

- Então por que... Você... – Tentei falar.

- Além do mais, eu sou gay. Você sabe da minha situação, sabe o que sinto. Já é difícil para mim, não torne isso pior. Ninguém sabe apenas você e minha família. – Voltou a olhar para o céu totalmente escuro. – Tá na cara que você gosta do Tom, para de rejeitá-lo.

- Eu não...! – Novamente comecei a falar.

- Biara para de ser estúpida! – Ele me olhou com raiva. – A pessoa que eu mais amava acabou de morrer, não deixe a sua ir embora! Pelo amor de Deus, sabe como é difícil encontrar um amor na vida?

- Mas você mentiu para mim. Você disse que era gay, mas estava com aquela garota! – Choraminguei balançando a cabeça para não olhar para ele.

- Quem?

- Aquela loira...

- Ela é minha irmã! – Falou arrogante.

- Sua...

- Ei, Biara. – Outra voz chamou. – Está chovendo muito, vamos?

- Não o deixe ir. – Marcos falou próximo ao meu ouvido, voltando a olhar o céu.

- Eu te amo. – Murmurei antes de sair e pegar a mão de Tom.

Quando saímos da casa, outro trovão estalou e eu me encolhi, apertando a mão de Tom, fazendo-o rir. Merda, eu não ia conseguir evitar! Eu tinha de me desapaixonar por ele! Não apenas de Marcos, mas agora de Tom. E muito pior que isso, agora ele sabia que eu tinha pavor de trovões. Ótimo, agora eu tenho que saber como não me apaixonar por Tom Kaulitz.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 18 - Dúvidas

- Ei, acorda. – Cutuquei Tom – Ei, mané! Acorda!

Ele estava com a cabeça enfiada nas cobertas e travesseiros, levantou um pouco o rosto e estreitou os olhos até chegarem a mim. Soltou um leve pigarro e voltou a afundar a cabeça no travesseiro. Soltei um suspiro de impaciência que o fez levantar a cabeça novamente e formar um leve sorriso.

- Não quer deitar comigo? – Murmurou rouco.

- Não. – Falei ignorando a brincadeira idiota – Quero que você levante e tome banho, para irmos comprar meu novo celular.

- Eu já disse que não vou comprar nenhum celular para você. – Voltou a afundar a cabeça e balançar a mão, num sinal para me expulsar do quarto.

- Levaaaanta! – Subi em cima da cama e comecei a cutucar ele.

- Sai de cima de mim, gnomo! – Ele segurou meus braços e virou-se, ficando por cima de mim.

Ele estava rindo por alguns segundos, então parou e me fitou. Aproximou o rosto do meu, e eu vi clara a sua intenção, então pisquei freneticamente antes de falar alguma coisa.

- Err, Tom... – Murmurei.

- Que? – Ele continuou me olhando.

- Vai escovar os dentes, faz favor. – Murmurei e ele riu, saindo de cima de mim e jogando-se na cama, ao meu lado.

- Você é muito irritante. – Ele suspirou e levantou-se, caminhando até o banheiro apenas com uma calça de malha.

Acabei ficando ali. Fechei os olhos e relaxei sentindo o cheiro dele, o que era bem estranho. Perdi a noção do tempo e quando abri os olhos percebi que Tom estava me olhando da porta do banheiro, apenas de toalha.

- Por que você está me olhando assim?

- Dá pra sair? – Ele, sutilmente, apontou para a porta.

- Por quê?

- Porque eu quero que você saia.

- Por quê?

- Porque o quarto é meu e eu quero me trocar. – Ele segurou meu braço e puxou-me para fora da cama, me empurrando para fora do quarto. – A não ser que você queira me ajudar... – Fiz uma careta e ele continuou com o sorrisinho irônico que eu tanto odeio. – Ah, tinha esquecido... Isso é proibido para menores... Se é que você me entende, baixinha.

- Pra sua informação eu estou em fase de crescimento! – Falei com raiva, mas ele já havia fechado a porta. – Idiota.

- Brigando com a porta? – Bill riu atrás de mim.

- Não! É culpa do Tom! – Resmunguei.

- Ah, então ele te faz brigar com as portas...

- Não me faça brigar com você! – Enfiei o dedo na cara dele e saí marchando.

Desci as escadas, indo para a sala. Sentei no sofá e fiquei olhando o relógio. Acabei acompanhando o relógio e contando os segundos e depois os minutos. Como um homem demora tanto para se arrumar?

- Nossa, isso tudo é a saudade? – Tom sorria triunfante do topo da escada.

- Finalmente, moça! – Pulei do sofá e já fui caminhando até a porta.

- Aonde você pensa que vai? – Foi descendo os degraus lentamente.

- Comprar um celular, porque ALGUÉM quebrou o meu? – Deu pra perceber a ênfase no “alguém”?

- Antes eu tenho que comer. – Sorriu, caminhando até a cozinha.

- Pega um presunto aí e vamos embora! – Corri até ele e puxei seu braço.

- Eu não gosto de presunto, pirralha. – Puxou seu braço e entrou na cozinha.

- Então pega um pão, mas vamos logo!

- A loja não vai sair do lugar. – Falou sorrindo, enquanto fazia um sanduíche natural.

- Ótimo, você não come presunto, mas come mato! – Resmunguei me encostando no balcão.

- Para sua informação, bactéria, isso é muito saudável... – Mordeu um pedaço, puxou um suco da geladeira e bebeu direto na caixa.

- O que você tem de saudável, tem de nojento. – Murmurei fechando os olhos e suspirando, jogando a cabeça para trás.

Abri os olhos e passei um tempo fitando o teto. Sabe aquela sensação de que alguém está te observando? Pois bem, baixei a cabeça lentamente. Esse foi o tempo necessário para que Tom desviasse o olhar para caixa de suco.

- O que é?

- Sabia que tem zero por cento de gordura trans? – Falou sério, tentando disfarçar.

- Aham, sei... – Debochei.

Fui até a sala e fiquei no sofá até Tom voltar, o que não demorou muito. Ele pegou as chaves do carro, puxou um óculos de sol e saiu, eu o segui. Eu nunca havia visto o carro dele, apenas o de Bill. Não sou muito boa com essa história de marcas de carros, mas o dele era realmente fantástico. Era uma versão do carro de Bill, só que cinza.

Entramos sem mais cerimônias e seguimos caminho. Tom parecia dirigir o mais devagar possível de propósito, o que me irritou bastante.

- Dá para você acelerar? – Resmunguei.

- Dá para você calar a boca? – Ele respondeu sem me olhar.

- Esse óculos deve ficar muito bem em mim! – Puxei os óculos dele, mas ele não fez nenhum movimento de reação. – Caramba, como eu sou gata! – Falei me olhando no espelho e fazendo cara de surpresa.

Tom soltou uma gargalhada e eu mostrei a língua pra ele.

- Fazer o que se é a mais pura verdade? – Fiz uma pose engraçada e ele riu.

- Iiih, você é mais convencida que o Bill. – Falou desviando o olhar da estrada e me fitando por alguns segundos.

- Achei que você era o mais convencido.

- Que nada, eu apenas sei reconhecer pessoas bonitas.

- Ah, sei... Diga uma.

- Hum, deixe-me pensar... – Passou uns minutos em silêncio, como se estivesse pensando. – Meu irmão. – Fiquei um tempo atônita, eu não acredito que ele disse isso.

- Vocês não são gê... – Quando me dei conta da pergunta idiota que eu ia fazer ele já ria descontroladamente da minha cara de retardada. - A-há, muito engraçado. – Resmunguei, fazendo-o rir ainda mais.

- Não achei que esse passeio ia ser tão engraçado. – Falou cessando o riso.

- Posso ficar para mim? – Perguntei olhando pela janela e ignorando seu comentário.

- Nem pensar. Você já vai me fazer gastar com um celular novo, ainda quer me roubar um óculos?

- Não estou roubando nada. – Tirei os óculos e joguei em seu colo brutalmente.

- Não me diga que você ficou com raiva... – Ele sorriu me olhando de relance. – Ah, qual é Biara.

- É Bi! BI! – Gritei.

- Qual o problema de te chamar de Biara?

- Cala a boca. – Resmunguei voltando para a janela.

Chegamos a uma lojinha, onde tinha um pequeno caminhão descarregando umas caixas. Deviam ser novos celulares. Saí do carro sem nem falar com Tom e adentrei a loja.

De relance, vi um carinha levando várias caixas de celular e uma delas era igual a do meu ex-celular, então eu já sabia qual queria. A atendente tinha aquela cara de mal amada, então fui muito rápida e clara.

- Oi, quero um celular desse tipo. – Puxei meu celular destruído de dentro da bolsa e mostrei a ela.

- Não temos. – Resmungou e virou-se para o computador.

- Mas eu vi uma caixa com essa marca. – Cutuquei ela.

- Não, não viu. – Me lançou um olhar irritado.

- Sim, eu vi. Eu quero esse. – Voltei a falar. Percebi que Tom tinha acabado de entrar e estava atrás de mim. – Eu vi uma caixa dessa marca enquanto estava entrando, eu quero um desse. Sei que tem.

- Olha, só temos registrado um celular dessa marca, e sinto te dizer, mas no final do expediente ele vai ser meu. – Sorriu sarcástica e saiu, indo conversar com outra atendente.

Eu suspirei furiosa e segurei a mão de Tom. Antes que ele falasse alguma coisa, puxei-o na direção de uma porta onde estava escrito “apenas para funcionários”. A sala é restrita para funcionário, mas quem liga? Eu vi aquele carinha entrando ali, então devia estar ali.

O local estava lotado de caixas de celulares, então comecei a procurar. Tom não disse uma palavra, mas também não ajudou. Quando estava quase desistindo, senti um cutucão nas minhas costas, estava pronta para enfrentar a atendente mal amada, quando me deparo com Tom segurando uma caixa. Uma caixa bem familiar.

- Onde você achou? – Sorri tentando pegar a caixa, mas ele levantou a mão.

- Não interessa, está me devendo uma. – Me olhou desafiador.

- O que? Nem pensar! – Olhei para os lados, e vi um funcionário no fim do corredor de caixas. – Me dá isso, temos que sair daqui!

- Está me devendo uma... – Me olhou mais afundo.

- Não! Nunca! – Pulei tentando alcançar a caixa e ao mesmo tempo, com medo de ser vista pelo funcionário.

- Está ou não? – Ele me lançou um último olhar.

- Tá! Tá! – Resmunguei puxando a caixa. Mas já era tarde demais.

O funcionário estava muito perto, então empurrei Tom para dentro de um armário e fechei a porta. O armário era simplesmente minúsculo, um cubículo, então nossos corpos ficaram extremamente colados, exceto por meu rosto, o dele havia ficado mais por cima, pelo fato dele ser alto.

- Nossa, não achei que você me pagaria tão rápido. – Sorriu malicioso.

- Cala a boca! O cara pode ouvir. – Tapei a boca dele e fechei os olhos. Respirei por um segundo e tirei a mão, voltando a abrir os olhos.

- E aí, quer fazer uma rapidinha aqui no armário? – Sorriu e eu o olhei furiosa.

- Dá para você parar de pensar em pornografia numa hora dessas, seu tarado? – Cutuquei a bochecha dele, era o único lugar que eu alcançava sem fazer muito esforço.

- Com você assim perto, fica difícil. – Falou, mas no minuto seguinte se arrependeu.

- O que quis dizer com isso? – Voltei a sussurrar encarando-o.

- Nada. – Ele desviou o olhar.

- Como assim nada? Me explique! – Exigi, mas já era tarde.

- Vem, acho que ele já passou. – Tom abriu o armário e, sem mais conversas, me puxou para a frente da loja, seguindo para uma outra atendente diferente da primeira.

Compramos o celular, que, diferente do que Tom pensava, foi bem barato. Voltamos para o carro e Tom não ligou o carro. Ficou olhando para a frente sem mover um músculo. Parecia que estava pensando no que falar.

- O que está esperando? Liga o carro. – Murmurei apontando para as chaves.

- Porque não gosta que te chamem de Biara? – Me olhou sério.

- O que? Mas que pergunta idiota é essa? Liga a droga do carro, Tom! – Me enfezei virando o rosto, ele não precisava saber nada da minha vida.

- Está me devendo uma lembra? – Segurou meu braço, fazendo-me olhar para ele.

Mirei-o por alguns minutos.

- Não é o que você diz, é como você diz. – Puxei meu braço, fazendo-o soltar.

- Que?

- É que... Todos podem me chamar de Biara, apesar de eu preferir Bi. Mas quando você me chama... – Murmurei sentindo minhas bochechas corarem, então virei bruscamente para a janela. Sem lançar nenhum olhar a ele, mas eu tinha certeza que ele me olhava.

- Qual o problema de quando te chamo? – Segurou meu queixo e me fez olhar para ele mais uma vez.

- Eu não sei. – Fechei os olhos.

- Como não sabe?

- Você sempre me chama de Bi. Quando você me chama de Biara, está no seu estado normal. – Abri os olhos e o encarei de perto.

- Estado normal?

- É, tá surdo? – Grunhi empurrando a mão dele. – Você se finge de tarado e sarcástico, daí quando me chama de Biara, você é só... você.

Tom olhou para o banco, talvez ter dito aquilo tenha sido um pouco embaraçoso. Ele deixou um leve sorriso transparecer e voltou a levantar o rosto. Dessa vez, nossos rostos estavam muito próximos. Eu não hesitei e continuei encarando-o. Ele se aproximou e tocou de leve meu rosto, para assegurar de que eu não ia movê-lo, foi quando menos esperei que...

- Ei! Ei! – Ouvi gritos atrás de mim e batidas no vidro. Virei-me bruscamente e a atendente mal amada estava me encarando raivosamente. – Sua vadia! Como pode comprar o celular que seria meu? Me devolva!

- Acelera nesse negócio, Tom! – Gritei e Tom, no mesmo segundo, ligou o carro e pisou no acelerador.

O caminho foi bem constrangedor. Tom não deu um pio e muito menos eu. Um silêncio que parecia ser ensurdecedor foi instalado, nada além do fraco barulho que o carro fazia quando Tom acelerava.

Entramos em casa e Bill estava no sofá, junto com Gustav, Georg e David. Pareciam sérios, então Tom juntou-se a eles e eu subi para o quarto. Abri a caixa, retirei o celular e coloquei para carregar as tais 24 horas.

Desci e, quando entrei na sala, todos me olharam. Eu fiquei meio tensa, mas acabei sendo chamada para sentar por um aceno do Georg, então sentei-me ao lado dele.

- O CD vai ser lançado e vamos tirar umas curtas férias antes da turnê. – David disse suspirando. – Então amanhã, vocês irão à gravadora.

- Sim senhor. – Tom falou jogando-se para trás no sofá, deixando o corpo escorregar.

- Quer ir também, Bi? – Bill perguntou sorrindo.

- Ahm, não, valeu. – Dei um meio sorriso. – Não sou do tipo que sai muito.

- Você não é do tipo que cresce rápido. – Tom murmurou.

- Idiota. – Falei chateada e me levantei raivosamente indo até a janela. Para um cara que há dez minutos ia me beijar, ele estava muito irritante.

Fiquei olhando para a casa de Marcos, pensando nele. Ele podia ser gay, mas era meu amigo. Eu devia, no mínimo me explicar com ele. Foi num minuto, entre esses dois pensamentos, que uma mão tocou meu ombro, virei-me e me deparei com Tom.

- O que você quer?

- Me desculpe, Biar... – Ele começou.

- Não me chame assim, idiota. – Grunhi voltando a olhar pela janela.

Tom pareceu suspirar pesadamente antes de lançar um olhar para o outro lado da rua.

- Não falou mais com ele? – Tom murmurou após alguns minutos de silêncio.

- O que eu devo falar? - Fitei a porta da casa dele.

- Que não tem problema à preferência sexual dele, que você gosta dele mesmo assim? Perguntar se ainda podem ser amigos e que não importa as escolhas dele, você sempre vai estar lá quando ele precisar. – Tom disse do jeito “normal” dele.

- De que livro você tirou isso? – Olhei para ele sarcástica.

- Eu também tenho um coração, sabia? – Ele sorriu e depois olhou para a janela. – Hey, tem certeza que ele é gay?

- Sim, foi o que ele me disse. Por quê? – Perguntei fitando Tom, que parecia muito atento à janela.

- Olha lá. – Ele apontou para a casa de Marcos do outro lado da rua.

Me virei rápido, a tempo de ver um cara de cabelos azuis com uma garota jogada em seus braços. Ela era loira, um loiro quase branco. Cabelos longos e ondulados. Era alguns centímetros mais baixa que Marcos e, no minuto seguinte, beijou seu rosto, passando a mão por entre seus cabelos.

- Quem é ela? – Murmurei sem querer.

- Não sei, mas é muito gata. – Tom sorriu e eu lhe lancei um olhar fumegante. – Quer dizer... Ela é muito má. Garota malvada! – Cerrou os olhos e fez um bico, enquanto eu voltava a mirar os dois entrando na casa.

Ele mentiu para mim? Marcos não é gay?

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 17 - Bill, parque, celular... Oops!

Subi as escadas e me postei frente à porta de Bill. Encostei a cabeça na porta, pensando no que poderia dizer para me desculpar. Toquei na maçaneta, mas antes de abrir a porta ouvi soluços.

- Bill? – Murmurei abrindo a porta.

Um perfume forte invadiu minhas narinas. O quarto parecia bagunçado, a janela estava com as cortinas arrancadas e jogadas num canto do quarto, ao qual eu ignorei. Ele estava deitado de bruços na cama e havia alguns frascos de perfume jogados no chão. Me assustei um pouco, mas arrisquei alguns passos para dentro do quarto.

- Bill? – Chamei novamente e dessa vez ele levantou a cabeça para me encarar.

Seus olhos estavam inchados. Ele estava chorando. Não estava usando a maquiagem que eu sempre via. Estava apenas com uma calça de malha, mostrando um troco nu e branco.

- Bill, o que aconteceu? Por que você está chorando? – Perguntei aflita.

Ele não respondeu. Virou de costas e se deitou novamente, com o queixo apoiado no travesseiro e olhando pela janela. Senti algumas pontadas no coração e, novamente, vacilei alguns passos para chegar mais perto dele. Ele não Fez nenhum movimento, continuou estático.

- Bill, você está me preocupando. – Me sentei na beirada da cama e fitei suas costas. - O que está acontecendo? Por que você está assim?

- É complicado. – Respondeu com a voz abafada, pressionando o rosto no travesseiro.

- Eu tenho tempo. – Deitei ao seu lado.

Ele não falou nada. Demorou alguns minutos antes de eu pousar uma mão sobre suas costas e, demoradamente, descer, acariciando-as. Ele estremeceu, então eu retirei a mão e o fitei. Torci para que ele não me odiasse.

- Bom, é que eu estou bem confuso. – Falou se sentando e eu me sentei ao seu lado.

- Se for pelo que aconteceu mais cedo, não aconteceu nada. Quer dizer, aconteceu. Mas não o que você pensou. – Me enrolei com as palavras e ele deu um riso abafado.

- Não, não é por isso. Quer dizer, é mais ou menos. – Fiz uma careta e ele riu. Ótimo, pelo menos estou fazendo ele rir. – É que eu senti algo estranho quando vi você na cama do Tom.

- Bill, eu...

- Não, não é isso que você está pensando. – Me interrompeu. – É que quando eu vi vocês lá eu me lembrei do dia em que a gente se beijou e percebi que aquilo foi coisa do momento... – Fez uma pausa - A gente estava bem perto daí aconteceu, mas depois eu percebi que não senti o que achei que fosse sentir. Percebi que eu gosto muito de você, mas não é esse tipo de amor. Desculpa. – Falou e nesse momento uma lágrima, atrasada, tracejava sua bochecha.

- Não tem problema, - Abracei-o involuntariamente, como num pedido de desculpas, e ele retribuiu o gesto. - eu vim aqui justamente pra te pedir desculpas e explicar o mal entendido. – Terminei fitando seus olhos castanhos.

- Eu me afastei pra pensar, precisava ficar sozinho.

- Nós ficamos preocupados com você. – Tentei sorri de um modo afetuoso.

- Ah, obrigado. – Sorriu acanhado – Bom, nesse tempo que eu passei sozinho eu meio que consegui me encontrar.

- Que bom. Então, por que você tava chorando? – Perguntei curiosa.

- É que as pessoas tem um certo preconceito com pessoas como eu. – Arregalei os olhos. - Tenho medo que meus amigos pensem algo errado de mim por conta das minhas atitudes. – Arregalei ainda mais os olhos.

- Bill, você também é gay? – Não me contive e ele adquiriu uma expressão de surpresa. Ótimo, agora todo cara lindo resolveu ser gay?

- Gay? Não, não. – Respondeu voltando a olhar pela janela e, sem que ele percebesse, suspirei aliviada. – É que eu não consigo ficar com uma garota sem sentir nada, isso é anormal.

- Não, isso não é anormal. Isso é lindo. Já pensou quantos caras iludem garotas fingindo sentimentos só pra terem prazer? - Virei seu rosto, obrigando-o a me olhar nos olhos. – Você não é anormal. É um cara maravilhoso, romântico e sensível. – Sorri.

- Nossa, você falando assim parece até ser uma coisa boa.

- Não parece. É. – Afirmei.

- Não quero que pensem que eu sou gay. – Ok, esse comentário soou preconceituoso.

- Cara, você já viu suas roupas? Se você se preocupasse com isso não as vestiria.

- É, você tem razão. – Concordou e eu ri.

- Cadê o Bill que eu conheci? Aquele cara engraçado que usa maquiagem, porque gosta, e anda de salto melhor que eu. – Saltei da cama e puxei sua mão. – Bom, eu acho que ele está se preocupando com bobagens e se importando demais com os outros. – Fiz cara de pensativa e ele riu.

- Biara, você tem toda razão. – Sorriu. – Não vou deixar de ser eu mesmo por medo da reação das pessoas.

- Isso! – Dei pulinhos e o abracei. – E aí? Vamos jantar? Depois a gente arruma essa bagunça. – Falei soltando o abraço e puxando-o para fora do quarto. Agora ele tinha que se resolver com Tom.

Entramos na cozinha e Tom já tinha arrumado tudo. Estava sentado num banco, comendo uvas. Ele levantou o olhar e engoliu uma uva. Bill o fitou da porta. Tom se levantou e caminhou até o irmão, depois o abraçou. Deve ser coisa de irmão.

- Sabe que eu não queria dizer aquilo, não é? – Tom murmurou olhando para Bill.

- Cala a boca. – Bill riu e sentamos todos no balcão, comendo as uvas de Tom e conversando sobre qualquer besteira.

No fim, acabei indo dormir no quarto de Bill, novamente. Apesar do insuportável cheiro de perfumes por todo o quarto, que quase me mata asfixiada, consegui dormir.

No dia seguinte, acordei após a hora do almoço. Me levantei e Bill já tinha saído da cama e deixado-a totalmente arrumada. Tomei banho e fui ao quarto de Tom, vazio também. Desci e não tinha ninguém em casa, exceto os empregados, que por sinal, eu também nunca via. Lembrei-me do jardineiro, que eu nunca prestei muita atenção, que vinha cuidar das plantas todos os dias. Fui até ele e parei próximo aos dentes-de-leão.

- Algum problema, senhorita? – Ele sorriu carinhosamente.

- Er, com licença. – Sorri – Onde estão os Kaulitz?

- Eles saíram. – Levantou-se e percebi o macacão sujo de terra. Os cabelos grisalhos pulando do pequeno chapéu e os olhos cansados, de quem acordara cedo. – Segundo me notificaram, foram ao estúdio. Depois irão pegar os cachorros.

- Ah, ok. – Me virei, mas antes de dar o próximo passo, parei estática. Virei-me mais uma vez encarando o velho. – Espera, como assim “foram buscar os cachorros”?

- Eles tem dois cachorros. – Sorriu e voltou-se às flores.

- Ótimo! – Murmurei baixinho indo para a cozinha. – Tenho trauma de cachorros e eles tem dois!

Passei toda a tarde assistindo TV e comendo biscoitos. Quase no final da tarde, a porta se abriu e um Tom cansado atravessou a porta e jogou-se ao meu lado no sofá, tirando a camisa em seguida. Bill saltou pela porta e jogou-se ao meu outro lado.

- Onde estão os cachorros? – Murmurei trazendo os joelhos para cima do sofá e os abraçando.

- Como sabe deles? – Tom murmurou de olhos fechados, com a cabeça jogada para trás.

- O jardineiro falou. – Sorri – Dá para você ir tomar um banho?

- Porque? – Ele finalmente abriu os olhos e me encarou.

- Porque você está podre. Além de estar todo suado. – Apontei com nojo para ele e Bill soltou uma leve risada.

- Biara, - Ele sorriu, sentando-se direito – eu já disse que gostou muito de você?

Então ele pulou em cima de mim, me abraçando. Eu gritei o mais alto possível, batendo nele com toda minha força. Bill pulou para fora do sofá e começou a ter uma crise de riso, enquanto Tom se esfregava em mim.

- Para seu nojento! – Esmurrava os braços dele.

- Você vai me deixar com hematomas. – Ele, finalmente, levantou-se.

- Agora vou ter que tomar outro banho, seu imbecil! – Choraminguei olhando para ele com muita raiva.

- É bom mesmo, - Bill riu – porque vamos ao parque de diversões.

- Isso aí. – Tom levantou-se.

- Que? – Alguém sabe que também tenho trauma de parque de diversões?

- É, vai ser muito divertido! – Bill saltitou – Claro, que vamos nos disfarçar o máximo possível.

- Tipo os homens de preto? – Murmurei.

- É, mais ou menos isso. – Bill sorriu e saiu.

- Será que eles vendem meia entrada só pelo tamanho? – Tom riu enquanto acompanhava Bill para o quarto.

Eu bufei e subi. Peguei alguma roupa qualquer e fui para o banheiro. Após me arrumar, desci e encontrei Georg e Gustav sentados no sofá.

- Bi! – Georg saudou, me abraçando. – Onde estão as meninas?

- Não sei. – Ri do comentário dele e sentamos no sofá.

Alguns minutos depois, Tom e Bill desciam da escada. Bill não usava maquiagem e, estranhamente, usava roupas comuns, assim como Tom, que não precisou mudar muito. Após algumas piadas idiotas, fomos para o carro e, antes do que eu pensei, chegamos ao parque.

- Hey moça, me dá quatro inteiras e uma meia. – Tom disse para a mulher da bilheteria.

- Tom! – Gritei do outro lado.

- Tá, - Ele resmungou. – Cinco inteiras.

Entramos no parque, que estava consideravelmente vazio e, sem mais delongas, Bill puxou Gustav e Georg para a montanha russa.

- Quer ir, Bi? – Perguntou antes de sumir.

- Não, estou bem, aqui. – Sorri sem vontade, na verdade, estava me matando de medo.

- Está com medo, é? – Tom debochou.

- Porque você não foi junto? – Encarei-o.

- Porque sou responsável por você, pivete. – Esfregou meus cabelos. – Vamos na roda gigante!

Puxou minha mão de supetão e me levou em direção ao brinquedo.

- Que? – Tentei me soltar – Nem pensar! Não! Tenho medo!

- Eu vou estar lá, sua estúpida. – Ele riu e, antes que eu percebesse, estávamos dentro do vagão.

O tal brinquedo começou a rodar e eu enfiei as mãos no rosto. Tom, estranhamente, ficou em silêncio, e eu agarrei meus joelhos, sem abrir os olhos.

- Você é um idiota. – Murmurei com a voz abafada. Levantei o rosto e Tom me olhava. Curioso.

Ele virou o rosto no momento em que encarei ele, então agarrou o ferro que tinha no meio do vagão, que era uma bolinha, e começou a girar. Ele girava rápido e o vagão ia junto. Eu comecei a gritar e ele ria.

- Eu vou ligar para o Bill, seu maníaco! – Gritei puxando meu celular.

- Não! – Ele largou o ferro e atirou-se contra minha mão, quando fui perceber, meu celular havia sumido.

- TOM! – Gritei olhando lá para baixo. Meu celular tinha caído no chão. – O que você fez seu idiota?

- Quem mandou não segurar direito? – Ele virou o rosto.

- Você está me devendo um celular novo! – Eu gritei. – Não acredito nisso! Você é um idiota!

- Não é culpa minha se você não sabe segurar um celular sem deixar seu lado desastrado subia à cabeça. – Murmurou sem me encarar.

- SEU IMBECIL! – Gritei o mais alto que pude.

- Com licença. – Uma outra voz soou. Percebi que já estávamos na base da roda gigante e um homem, funcionário, nos olhava com arrogância. – Tenho que pedir que saiam. Estão incomodando as outras pessoas.

- ÓTIMO! – Gritamos eu e Tom, uníssonos.

Após perder meu celular, ou melhor, após meu celular ter sido assassinado, procuramos Bill e fomos para casa. Isso o deixou bastante triste, até porque tínhamos acabado de chegar no parque, mas a raiva era tamanha, que eu não conseguia nem olhar para Tom.

- Você vai comprar um celular novo para mim amanhã! – Eu gritava do topo da escada, após chegarmos em casa.

- Não vou não! – Ele gritava lá de baixo – Não vou gastar meu dinheiro com você!

- Você derrubou meu celular e ele se despedaçou, seu imbecil! – Gritei mais alto.

- DÁ PARA VOCÊS PARAREM? – A voz de Bill me surpreendeu. – Biara, vai dormir. E Tom, amanhã bem cedo você vai à loja com ela!

- Mas Bill, eu...! – Começou.

- Tom! Sem discussões! – Bill brigou, depois apontou para mim ameaçadoramente. – Suba e vá dormir. Agora.

- Tá bom, pai! – Resmunguei e bati a porta do quarto.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 16 - Confissões

Ansiosa. Talvez isso defina meu estado de espírito agora. Já eram cinco e meia e Marcos não tinha aparecido. Será que ele tinha fugido? Será que Tom contou a ele? Se ele tiver contado, eu juro que vai ter um Kaulitz a menos nessa casa. Estava quase sufocada por tantos pensamentos, até que ouvi a campainha tocar. Dei um salto do sofá, o que fez Tom me olhar risonho, e corri até a porta.

– Oi. – Ele disse como se não tivesse acontecendo nada. – Desculpa o atraso.

Qué isso, ela nem percebeu. – Tom debochou do sofá, eu lancei um olhar raivoso para ele, que o fez aumentar o sorriso e voltar a ver TV.

– Ignore esse idiota! – Sorri para Marcos, fazendo-o retribuir. Fechei a porta num forte baque e senti a luz do sol bater no meu rosto.

Descemos a rua e entramos, novamente, na salinha acomodada. O velhinho não estava mais lá, mas a senhora rabugenta reinava numa cadeira verde-musgo e, ao nos ver entrar, me lançou um olhar de reprovação. Marcos percebeu e puxou a minha mão, levando-nos para dentro de seu gigante quarto. A porta da varanda estava aberta, permitindo um forte e frio vento invadir o quarto.

- Bom, por onde começamos hoje? – Ele sorriu caminhando até o estéreo.

- Ahm, na verdade... – Tentei chamar a atenção dele. Queria contar-lhe logo de uma vez. Claro que isso poderia acabar com nossa amizade de três dias, mas e daí? Era o que eu sentia que estava em jogo. Fitei o chão esbranquiçado e encerado, levantei o olhar para o grande espelho na parede oposta.

- O que foi, Bi? – Ele esboçou um leve sorriso e caminhou até mim, parando na minha frente.

- É que... Bom, tenho que dizer uma coisa. – Eu não olhei para ele. Senti minhas bochechas corarem e apenas olhava para sua calça jeans desbotada.

- Pode falar. – Ele tocou meu queixo, levantando minha cabeça. Ele sorria calorosamente, o que fez minhas bochechas corarem ainda mais. – O que foi?

- É que... Sabe quando alguém conhece alguém e sente que esse alguém é tipo um alguém especial que esse outro alguém procurava, porque esse alguém nunca achou alguém tão especial quanto o outro alguém que ele achou.

- Que?

- Bom, acho que enrolei um pouco... – Ri, envergonhada e nervosa.

- Pode falar. Somos amigos, não? – Ele sorriu, sentando-se rente ao espelho e eu me sentei ao seu lado. Comecei a tamborilar os dedos nas pernas para espantar o nervosismo.

- Er, sobre isso que eu quero falar. – Enfiei a cabeça entre os joelhos para não ver sua reação. - Acho que tô apaixonada!

- Por quem? – Perguntou duvidoso. – Aaah, pelo Tom?

- Quem? NÃO! – Olhei para ele incrédula e ele me lançou um olhar confuso. – Por você!

- Hein? – Ele fez uma careta engraçada.

- Marcos, eu estou apaixonada por você. – Falei sem pensar.

- Por mim?

- É! – Será que a tinta do cabelo afetou o raciocínio? – Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo...

- Biara, eu preciso te falar algo. – Ele me olhou com aflição. – Uma coisa bem importante.

- O que? – Me atrapalhei com as palavras, sem entender o que ele falou. Ainda estava em choque com a minha confissão.

- É que... Bom, não sou o que você pensa... – Ele tentou esboçar um sorriso afetuoso, mas pareceu que ele estava admitindo um crime. – Eu sou gay. – Falou instantaneamente antes que eu pudesse processar as palavras.

- An? Como assim gay? – Perguntei como se não fizesse ideia do que significava. – Gay de felicidade?

- Não! Gay de preferência sexual. – Ele me olhou descrente.

- An?

- Do tipo que eu sou um cara que gosta de outros caras. Entendeu?

- Aaah, é. Entendi. – Falei descrente olhando para a parede, senti as lágrimas postarem na ponta dos meus olhos. Levantei-me num salto. – Eu preciso ir.

- Que? – Ele espantou-se.

Saí do quarto apressada, sem me despedir da mulher, que ainda estava sentada na velha cadeira. Atravessei a rua num passo e, rápido, abri a porta, mas colidi com algo e, instantaneamente, minha cabeça começou a latejar.

- Ai, seu idiota! – Gritei olhando para Tom. Ele tinha batido o queixo na minha testa. – Olha por onde anda!

- Você sai correndo e eu tenho que olhar por onde ando? – Ele riu fechando a porta.

- Vai pro inferno. – Esfreguei a testa, que estava doendo pra caramba. – Tá doendo!

- Vem cá. – Ele sorriu e, quando percebi, me carregava nos braços em direção à cozinha.

- Ei, - Resmunguei me debatendo. – Eu machuquei minha testa, não minhas pernas!

- É, percebi que você bateu no meu queixo, baixinha. – Me posicionou na bancada como uma criança, depois foi até a geladeira pegando uma compressa de gelo.

- Não precisa disso. – Falei, mas ele já estava colocando a compressa na minha testa.

- E aí, está melhorando? – Ele perguntou após um tempo.

- Estaria... – Olhei para ele – se estivesse colocando no lugar certo.

Toquei a mão dele mudando o lugar onde ele pressionava o gelo. Ele sorriu, não de um jeito safado e debochado como sempre, mas de um jeito carinhoso. Eu, involuntariamente, sorri. Então ele riu.

- Que foi? Se apaixonou por mim? – Debochou.

- Claro que não! – Desviei o olhar do seu – É que... Marcos...

- Te deu um fora? – Riu.

- Não, não é isso! – Eu baixei o olhar, meu coração deu uma pequena pontada. – Ele... é gay.

- Sério? – Tom gargalhou por um bom tempo, mas então olhou para minha expressão triste. – Mas, pensa pelo lado positivo... – Sorriu numa tentativa fracassada de me fazer sentir bem. Era mesmo Tom que estava falando comigo?

- Não tem! – Ignorei as palavras dele e pulei da bancada sentando-me num banco ao lado. Ele me seguiu e sentou-se ao meu lado.

- Bom, pelo menos ele não disse que não gostava de você. Isso seria bem pior... – Falou como se já tivesse acontecido com ele.

- Ele não disse que gostava! – Choraminguei cabisbaixa.

- Então vai ver, ele não é gay...

- An? – Levantei a cabeça me enchendo de esperança.

- Vai ver ele só finge para te ver trocar de roupa...

- Se não quer ajudar, não atrapalha! – Bufei indo em direção à porta da cozinha, mas antes de sair me virei para ele com raiva. – E ele não me viu trocar de roupa, seu pervertido!

- Calma, calma! – Ele correu me parando no meio da sala. – Ou então ele só não queria te dar um fora.

- Tom, você é muito estúpido! – Grunhi andando, mas ele me puxou pelo braço e senti algo me envolvendo. Um abraço? – Ahm, o que você está fazendo?

- Te consolando.

- Sério? – Perguntei incrédula.

- Já posso parar? – Ele perguntou rindo.

- Pode.

Ele me soltou, nos olhamos por um segundo e começamos a rir. Ele segurou minha mão e me levou até a cozinha. Sentei-me num banco enquanto ele trazia pratos e copos, com macarrão e refrigerante. Pôs um prato na minha frente e sentou-se ao meu lado.

- Come. – Sorriu voltando-se para o prato e começando a comer.

- Cadê o Bill? – Perguntei antes de tocar no garfo.

- Ele está trancado desde cedo. Acho que não vem. – Falou enquanto comia, brincando com a comida.

- Acho que a culpa é minha por ele não sair.

- É, a culpa é sua sim. – Ele disse ainda brincando com as almôndegas e rindo.

- Para de brincar com a comida! – Cutuquei ele. – O assunto é sério!

- Olha o que eu sei fazer! – Ele falou com a boca cheia, não se importando com o que eu tinha falado. Pegou um fio de macarrão e fez um bigode, sorrindo para mim.

- Tom! Você tá ouvindo o que eu tô dizendo?

- Ah, você tava falando? – Falou tirando o macarrão e limpando o rosto com um guardanapo.

- Como você é idiota! – Resmunguei me levantando. – Vou chamar o Bill para jantar.

- Duvido que consiga. – Riu voltando a comer.

Subi as escadas e me postei frente à porta de Bill. Encostei a cabeça na porta, pensando no que poderia dizer para me desculpar. Toquei na maçaneta, mas antes de abrir a porta ouvi soluços.

- Bill? – Murmurei abrindo a porta.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 15 - Biscoitos!

– Tom, acorda! A Biara sum... – A voz de Bill invadiu o quarto, mas no segundo em que me viu na cama com a camisa de Tom, estagnou na garganta dele.

O susto que, não apenas eu, mas também Tom, tivemos, foi tão grande, que ele me chutou e eu cai. Na verdade, só percebi que estava no chão quando senti o frio do assoalho no meu rosto. Eu dei um curto e grosso grito de dor antes de me sentar e olhar fumegante para Tom.

- Tem alguma coisa que eu deveria saber? – Bill retomou a postura nos lançando um olhar de raiva e intriga.

- Bill, - Comecei passando a mão no rosto – não é o que você está pensando.

- Não? – Ele riu de desdém. – Está parecendo que vocês dormiram juntos.

- Não! – Gritamos eu e Tom ao mesmo tempo.

- Quer dizer, sim, dormimos juntos, mas não tecnicamente. Quer dizer... – Eu tentei explicar.

- Bill, você sabe que ela não faz meu tipo. – Tom tentou se safar apontando para mim.

- Qualquer coisa que respire e se mova faz seu tipo! – Bill olhou para Tom furioso.

Sim, realmente me senti culpada. Porque? Não podia simplesmente dizer: Seu irmão me chamou para dormir com ele e eu aceitei. Não, isso nunca. Isso estragaria o restinho de amizade que tenho com Bill. Isso se depois dessa eu ainda tiver algo para chamar de “restinho de amizade”.

- Bill, escuta – Tom disse pulando da cama e andando até o irmão – ela estava dormindo no sofá e eu pedi para que dormisse no meu quarto. Apenas isso.

- Porque ela estava dormindo no sofá? – Interrogou meio segundo após Tom se pronunciar.

- Porque ela não queria te acordar. Você fica uma fera quando é acordado. – Tom voltou a explicar enquanto Bill me olhava ainda sentada no chão.

- E porque ela está com sua camisa? Vai dizer que ela não tinha roupa? – Bill voltou o olhar para Tom.

- Porque, sem querer, eu derrubei água nela e acabou molhando a blusa que ela estava. Para não entrar no seu quarto, eu dei uma minha. – Tom estava com as mãos levantadas, numa posição de rendição. Por um segundo eu ri, mas olhei para Bill que parecia, parcialmente, decepcionado.

- Não vai me dizer que beijou ele também, vai? – Bill falou, mais para mim do que para Tom, antes de sair do quarto e me deixar numa situação realmente constrangedora.

- Também? – Tom virou-se para mim. – Como assim?

- É que... Houve um incidente. – Murmurei mirando o chão.

- Assediou meu irmão? – Ele riu com desprezo – Eu sabia que você era uma pervertida.

- Eu não assed... Ei! Quando você pensou isso? – Me levantei num salto pondo as mãos na cintura.

- O que aconteceu? – Ele caminhou até mim mais sério do que eu pensei que ficaria quando soubesse.

- Bom, naquele dia do hambúrguer, que Gustav e Georg estavam aqui... – Eu comecei sem olhar para ele. – Na sala de música...

- O que houve? – Ele disse com a voz alterada enfiando a cara na minha.

- Nos beijamos. – Me joguei na cama enfiando a cara no travesseiro antes de ouvir os passos fortes de Tom saindo do quarto e batendo na porta do quarto de Bill.

Eu estava com o rosto totalmente submerso na cama, mas levantei um pouco, livrando os ouvidos, escutando uma conversa bem alta que eles estavam tendo. Acho que estavam gritando. Tá, admito que eles realmente estavam se esgoelando.

- ...SOU SEU IRMÃO! – Tom gritou. Deve ter falado muita coisa, mas só comecei a ouvir daí. – Como pode não me contar isso? Você me contava tudo e agora decidiu parar?

- Isso não era importante! Além do mais, você se aproveitou dela, fazendo-a dormir na sua cama! – Bill gritou de volta.

- Melhor que dormir no sofá, já que você tem o egoísmo de não arrumar a cama dela antes de se deitar! Sabe que você é intocável e se te acordarem é o fim do universo! Porque não fez essa boa ação, uma vez na vida?

- Tinha um colchão na droga do seu armário, qual era o problema de ela dormir lá?

- Eu esqueci, porra! Você sabe que quando eu fico com sono nunca lembro de coisas importantes!

- Sim, sei! Sei que você é um retardado! – Bill gritou mais alto que o normal.

- Falou o cara que procura um amor verdadeiro! – Tom não falou muito alto, então tive que me esforçar para entender. Mas um silêncio se fez, dominou a casa por completo. – Bill...eu não quis...

- Quer saber Tom... – Ele falou e eu voltei a enfiar a cabeça de volta no travesseiro.

Eu realmente tinha feito eles brigarem. Ótimo! Já não bastava fazer meus pais morrerem, ainda faço irmãos gêmeos brigarem? Eu devo ser um fardo. Se sou assim, nunca que Marcos vai gostar de mim. Droga.

- Olha só, peguei um roupa para você vestir. – Tom disse sorrindo entrando no quarto. – Vai tomar banho, não quero seu fedor na minha cama.

- D...des... – Comecei a murmurar contrariando todos os meus princípios. – Me desculpe.

- Por?

- Por fazer você e Bill brigarem. Eu realmente não queria isso. Me desculpe. Amanhã volto a dormir no sofá, e não há nada que você diga que me tirará de lá.

- Vai tomar banho. – Ele esticou a roupa, cabisbaixo.

Desistindo, me levantei e peguei a roupa que ele me estendeu. Entrei no banheiro, tomei banho e penteei os cabelos. Vesti a roupa e, quando saí do quarto, Tom estava deitado na cama encarando o teto.

- Tom? – Murmurei.

- Terminou? Ótimo. – Levantou-se e passou por mim voando e, sem me dar tempo de fazer nenhuma pergunta, bateu a porta do banheiro.

- Parabéns, Biara. Mais uma vida destruída. – Falei para mim mesma.

Desci e encontrei toda a casa vazia. Entrei na cozinha e fiquei mirando o fogão. Já sei, vou fazer biscoitos! Não seria grande coisa, mas demonstraria meu pedido de desculpas. Ao menos para Tom. Eu acho.

- O que está fazendo? – A voz e o cheiro dele invadiram a cozinha. Virei-me a tempo de ver a cabeça cheia de tranças desaparecer pela porta da geladeira.

- Biscoitos. – Murmurei feliz passando manteiga na forma.

- Odeio estrelas. – Tom murmurou criticando a forma dos biscoitos.

Eu me virei rindo, até que vi Tom esticando uma das estrelinhas e olhando como se fosse a coisa mais nojenta que já viu. Eu corri até ele o mais depressa possível, largando tudo que eu tinha nas mãos.

- Isso estica bastante. – Ele disse.

- Não fique esticando os biscoitos que acabei de alinhar! – Gritei puxando a massa. – Você está atrapalhando Tom!

- Idiota, estou te ajudando! – Ele disse tentando me empurrar – Além disso, estou dando um ar artístico para esses biscoitos sem graça!

- Você está estragando a surpresa que eu ia fazer para você! – Disse empurrando-o e tentando transformar a massa deformada novamente numa estrelinha.

- Para mim é? – Ele sorriu passando a língua no canto da boca.

- É. Em forma de pagamento ao que você fez. – Murmurei me arrependendo.

- Pode pagar com seu corpo.

- Tem razão. – Falei virando-me para ele, com uma expressão bem safada.

- Sério? – Ele sorriu.

- Claro. – Caminhei até ele e, antes que ele pudesse levantar-se, enfiei a massa do biscoito bem no meio da sua testa. – Paguei com meu corpo. Mais precisamente com minha mão.

- Já falei que você me irrita bastante? – Ele disse puxando um pano e começando a limpar.

- Não, mas é ótimo saber disso. – Sorri pegando a forma com os biscoitos e enfiando no forno. Após fechar o forno, encostei-me no balcão e um silêncio se instalou nos minutos seguintes.

As únicas coisas que faziam barulho eram o som das folhas sendo varridas no quintal e os grunhidos de Tom tentando tirar a massa da testa. Eu acho que grudou mesmo.

- Vem, me deixa te ajudar. – Andei até ele esticando a mão.

- Saia daqui, anã! – Ele mudou de banco no mesmo segundo. – Vai que você apronta mais uma comigo...!

- Não vou fazer nada, idiota! – Puxei o pano das mãos dele e molhei um pouco na pia. – Você que é retardado e não me deixa cuidar disso.

- Você não tem que ir se encontrar com seu namorado hoje? – Ele sorriu de puro deboche.

- Quem?

- Seu namorado, aquele vaga-lume.

- Se está falando do Marcos, ele não é meu namorado. – Terminei de tirar a massa do rosto dele e joguei o pano na pia, caminhando até o forno.

- Tá, ele não é seu namorado. Mas você está louquinha por ele. – Tom levantou-se vitorioso e caminhou até a saída.

- Como você sabe disso? – Olhei rápido para ele, temendo o pior.

- Você é muito ingênua. – Ele deu uma alta gargalhada – Eu não sabia, mas você acabou de confirmar.

- Seu idiota! – Virei-me para os biscoitos ignorando-o.

Ele realmente era um idiota, mas pior que ele, era eu. Estava mesmo apaixonada por Marcos, e a única saída é falar isso para ele. Vai que ele me corresponde também. Então estava certo! Eu ia contar a Marcos esta tarde, quando formos ensaiar para o balé. Era o único momento que tínhamos a sós.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 14 - Não é o que você está pensando

Despertei com um ruído. Tentei me apoiar nas costas do sofá para espiar, mas senti um braço e não me contive.
– AAAAAAAAAAAH! – Gritamos juntos e o cara caiu pra trás, bem em cima de mim.

Senti algo gelado, enquanto rolamos e caímos no chão. Permaneci de olhos bem fechados e soltei um suspiro. Quando consegui abrir os olhos pude ver que era Tom e ele me olhava atônito.
– O que você tá fazendo aqui, idiota? – Quebrei o silêncio.
– Dá pra sair de cima de mim? – Falou me empurrando para o lado. Com toda certeza aquela posição não era nada confortável pra ele, já que eu havia ficado por cima. - Eu é que pergunto. Por que você tá dormindo no sofá? – Levantou e sentou no sofá.
– Não int... – Recebi um olhar de reprovação. - Ahm, ok. É que o Bill já tava dormindo e eu não quis incomodar. – Menti.
– É, realmente o Bill fica bem irritado quando tem o sono interrompido. – Refletiu.
– E você? Tava planejando sair? – Sentei ao seu lado.
– Com essa roupa? – Debochou, já que usava somente uma calça de moletom. – Não, não. Eu vim só beber um copo de água, mas acho que derrubei em você. – Sorriu, apontando minha blusa encharcada.

Abracei o travesseiro de forma que cobrisse a blusa, que havia ficado meio transparente. Isso o fez rir e me fez corar violentamente.
– Sabia que você poderia ter me matado com esse susto? – Tentei mudar de assunto.
– Acontece que eu não sabia que você tava aqui, Polegarzinha. – Sorriu. – Só queria ver TV.
– Hum, sei. – Resmunguei.
– Mas e ae? Tá com fome? – Perguntou levantando. - Vou fazer algo pra comer, me acompanha?
– Ahm, ok. – Caminhei atrás dele até a cozinha.

Tom fez alguns sanduiches e eu fiquei apenas o observando. Fomos para a sala e sentamos novamente no sofá.
– E ae? Como foi na casa do seu amiguinho? – Perguntou enquanto ligava a TV.
– Foi ótimo. – Respondi, mordendo o sanduiche em seguida.
– Huum, ensaiaram muito?
– Você vai me interrogar ou vai comer? – Levantei a sobrancelha e ele riu.
– Calma, só tava tentando puxar papo. – Concluiu, ainda rindo.

Ficamos ali, naquele silencio, assistindo um programa qualquer por um bom tempo.
– Quer alguma coisa? – Levantei , recolhendo os pratos.
– Pra falar a verdade uma massagem cairia bem. – Sorriu sacana.
– Idiota. – Murmurei.

Segui até a cozinha e coloquei os pratos na pia. Quando voltei para a sala Tom ainda estava lá, esparramado no sofá vendo um jogo de basquete.
– Bom, agora eu gostaria de dormir.
– Hum, é mesmo? –Ah, como eu odeio quando ele faz isso! Respira Bi, respira.
– Dá pra você sair? – Soei o mais amável possível.
– Não, quero ver o final do jogo. - Sorriu. – Deita aqui comigo, vai. – Levantei a sobrancelha e ele riu da minha cara.
– Eu não vou me deitar aí com você. Sai logo, vai. – Tentei puxar o lençol debaixo dele, mas não tenho muita força. Então não deu muito certo.

Quando viu que eu havia desistido deixou um espaço para que eu sentasse no sofá, mas de orgulhosa que sou acabei sentando no chão e em poucos minutos já estava dormindo. Acordei com alguns cutucões.
– Bi, acorda. – Ouvi uma voz meio rouca.
– Pai, não vou pra escola. – Choraminguei.
– Acorda, sua tonta. Não sou seu pai. – Senti um leve tapinha na cabeça. Era ele, claro. O Tom.
– O que você quer, idiota? – Perguntei já irritada.
– Você tá dormindo no chão. – Falou, como se não fosse obvio.
– Aah, claro. Culpa de quem? Hum, deixa eu ver... Acho que sua, né? - Falei, pulando para o sofá.
– Ei, ei. Por que você não vai para o quarto? Amanhã os empregados chegam cedo e vão te acordar.
– Não pretendo acordar seu irmão. – Deitei e me encolhi. Aquela roupa molhada estava me dando calafrios.
– Vem pro meu quarto. – Falou, mas dessa vez sem nenhum tom de malícia na voz.
– Não, acho melhor ficar aqui. – Puxei o cobertor.
– Olha, é bem melhor do que dormir no meio da sala, num sofá e ainda mais com a roupa toda molhada. – Cara, ele sabe como convencer alguém. - E como eu já disse, você não faz o meu tipo. – Já tava estranhando ele não ter feito piada.

Abri a boca para responder e ele riu da minha cara. Mostrei a língua e recolhi minhas coisas. Subimos as escadas e ele abriu a porta do quarto pra mim. Entrei e fiquei parada feito uma tonta observando aquele lugar. Não posso negar, Tom tem muita personalidade.
– Pega. – Falou jogando uma camiseta em mim, o que me fez sair do transe, e voltando ao closet.
– Ah, valeu. – Agradeci e esperei que ele saísse.

Coloquei minhas coisas em cima da cama e me sentei ali, aguardando. Logo ele saiu do closet e se deitou na cama.
– Você não vai sair? – Perguntei.
– Não, eu não. Por que eu sairia? – Sorriu sacana.
– Por acaso você não percebeu que eu quero trocar essa roupa molhada? – Respondi o óbvio.
– Aaah, era isso? Eu percebi sim. – Se ajeitou na cama e me encarou, ainda com o mesmo sorriso. – Pode se trocar. – Completou.
– Ahg, esquece. – Desisti daquilo e fui em direção ao banheiro.

Me troquei e quando voltei para o quarto Tom já dormia. Espera um pouco ele dormiu e nem me disse onde eu vou dormir. Me aproximei para acordá-lo e pude ver melhor seu rosto, nunca tinha conseguido fitar seu rosto por tanto tempo sem desviar o olhar. Tom parece uma criança inocente enquanto dorme e não aquele cara malicioso que ele é. Ao vê-lo dormindo pude notar a grande semelhança entre ele e Bill, semelhança que se torna diferença por conta da forma como eles se expressam. Me aproximei mais um pouco e antes que eu pudesse acordá-lo ele despertou. Nos encaramos por um momento, até que eu me afastei.
– Com medo de mim? – Perguntou abrindo um sorriso em seguida.
– Claro que não! – Respondi, ficando de pé.
– Então, o que você tava fazendo? – Por que esse garoto faz tantas perguntas?
– Eu ia te acordar.
– Aaah, tava parecendo que você ia me beijar. – Sorriu sarcástico.
– Claro que não! Só quero saber onde eu vou dormir.
– Aqui. – Arregalei os olhos e ele riu.
– Eu acho que não ouvi direito.
– Deixa de frescura e deita logo aqui, sua estúpida.
– Desde quando você manda em mim? – Me opus.
– Vem logo, eu não mordo... – Fez uma pausa e sorriu malicioso. – Só se você quiser.
– Seu... seu... tarado!
– Eu não vou implorar, – Ficou de costas pra mim e continuou. – Por mim, tanto faz se você dormir aqui ou no chão. Boa noite, Biara.
– Tá bom, mas que fique claro que só vou fazer isso porque não quero dormir no chão. – Bufei, me sentando na cama e empurrando Tom.

Não demorei muito para adormecer. A noite seria tranquila se Tom não se mexesse tanto, acho que ele estava sonhando que dançava em algum lugar. Fora “a dança do Tom”, dormi muito bem.
–x-
Senti alguém me empurrando e quando estava despertando a porta se abre.
– Tom, acorda! A Biara sum... – Uma voz rouca soou e me fez despertar tão rápido, que acabei caindo da cama fazendo Tom acordar com o barulho.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 13 - Ensaio

- Estou indo ensaiar na casa do Marcos! – Gritei antes de abrir a porta.
- Eu sei o que vocês vão fazer... – Tom apareceu com uma tigela de bolinhas de chocolate, falando com um tom de provocação.
- Cala a boca. – Resmunguei abrindo a porta – Onde Bill está?
- Não sei, - Jogou-se no sofá – Desde ontem ele está muito estranho. O que você fez com ele, hein?
- Nada, seu estúpido.
- Anã.
- Troglodita.
- Alpinista de rodapé.
- Idiota.
- Mestre dos magos.
- Ahm, - A voz de Marcos na porta cortou os xingamentos – vamos, Bi?
- Claro, já não era sem tempo. – Bati a porta com força e olhei para Marcos – Desculpe, não queria que você ouvisse aquilo.
- Tudo bem, - Riu – Vamos?
Novamente, não quero parecer nenhuma garota desesperada, mas meu coração saltou outra vez quando ele segurou minha mão e seguiu atravessando a rua. Eu corei e deixei alguns fios do meu rabo-de-cavalo caírem no meu rosto para cobri-lo. A casa de Marcos não era grande como a dos Kaulitz, claro, eles eram “meio que famosos”, a casa dele era bem humilde. Lembrava a minha.
Entramos e eu vi um homem sentado numa cadeira. Ele era meio velho, cabelos meio longos e grisalhos, magro e, quando virou-se para nos cumprimentar, percebi que era bonito como Marcos. Eu sorri com o abraço que o velhinho me deu, e percebi que Marcos me puxava rápido para uma outra porta, mas antes de alcançar a maçaneta, ele deu um suspiro de derrota e desespero ao ouvir uma mulher falar.
- Quem é ela? – A voz esganiçada cortou a pequena sala.
- Uma amiga. – Ele disse sem virar-se.
- Olá, eu sou B... – Comecei esticando a mão para cumprimenta-la.
- Não me interessa! – Interrompeu-me. Olhou novamente para Marcos com certo rancor – Foi ela que te influenciou a isso? Foi?
- Vamos, Bi. – Marcos disse rápido abrindo a porta, me empurrando para dentro e trancando-a. – Me desculpe.
- O que eu falei sobre desculpas? – Nós rimos.
- Bem, - Ele passou a mão pelos cabelos azuis sem me olhar. – Vamos começar?
A tarde foi bem cansativa. Criamos uma grande coreografia e ficou muito boa. Ensaiamos muito toda a tarde e, quando fomos perceber, já era tarde da noite. Mas Marcos pareceu não se importar, trouxe um lanche e sentamos na varanda.
- Então, - Marcos falou enquanto comíamos sanduíches que preparamos na cozinha – o que você é dos caras?
- Algum tipo de prima distante. – Eu disse comendo.
- Deve ser bem legal morar numa casa daquele porte.
- Até que é... – Ele riu – Mas aguentá-los é o que me deixa com o juízo no ralo.
- Sei... – Ele riu. – Aquele mais moreno parece ser bem afim de você.
- QUE? – Me engasguei – Tom? Não! Jamais! Nunca!
- Ok, ok. – Ele riu – Não achei que você fosse surtar. – Nós rimos.
- Mas... – Eu mudei de assunto – porque mesmo você estava trabalhando de barman lá?
- Ahm, preciso do dinheiro para uma coisa. – Ele puxou a latinha de refrigerante e bebeu o restante.
- Entendo que você não possa me contar, - Falei olhando-o – até porque somos semi-desconhecidos.
- Semi-desconhecidos?
- Sim, - Eu ri – é um termo que uso para quando não conheço muito bem a pessoa.
- Preciso dizer que não deve me conhecer. – Ele juntou as coisas e levantou-se.
- Por...Porque? – Levantei-me num salto e o acompanhei até a porta. – Por acaso você matou alguém? – Nós rimos.
- Não sei... – Ele parou e ficou olhando para o tempo. – Sou alguém muito cheio de segredos, e isso me faz... como se diz? – Ele levou o dedo à boca, um sinal de que estava procurando uma palavra – Ah! Isso me faz alguém nada simpático.
- Sério? – Eu ri fazendo-o me olhar – Pois eu penso ao contrário. Acho você muito simpático.
Nós rimos e ele abriu a porta para que fossemos deixar as coisas na cozinha. Lavamos a louça e tudo, então peguei minha mochila e fui para a porta da frente.
- Obrigada por tudo, Marcos. – Eu disse na porta.
- Ah, eu que agradeço. – Ele sorriu e meu coração saltou outra vez. – Então, te vejo amanhã?
- Claro! – Antes que eu me virasse para ir embora, fui surpreendida com um abraço.
Bom, prefiro não comentar que meu coração quase explodiu com isso. Eu sorri de vergonha e caminhei até a casa dos Kaulitz. Abri a porta devagar analisando a sala e entrando, fechando silenciosamente a porta.
- Acabou de chegar, foi? – Tom murmurou de uma poltrona.
- Não, - Sorri sarcástica – ainda estou lá.
Ele me olhou com desprezo e eu subi. Abri a porta do quarto de Bill e peguei algumas roupas, seguindo para o banheiro. Após tomas banho e trocar o curativo, desci para a sala, onde Tom estava antes. Estava vazia. Novamente fui à sala de música e encontrei Bill lá. Ele estava na frente do piano outra vez, com as luzes apagadas.
- Oi. – Murmurei da porta fazendo-o me olhar – Posso entrar?
- Pode. – deu um meio sorriso triste e voltou a olhar o piano.
- E a música? – Sentei-me ao lado dele.

You see my soul,
(Você minha alma)
I’m a nightmare,
(Eu sou um pesadelo)
Out of control , I’m crashing
(Fora de controle, estou colidindo)
Into the dark,
(Na escuridão)
Back to the blue,
(De volta a tristeza)
Into the world of our cocoon
(No mundo do nosso casulo)
You’re the sun and I’m the moon.
(Você é o Sol e eu sou a Lua)

- Bill, eu só acho que devíamos ser apenas parentes. – Murmurei após ele cantar. – Não sou o tipo de garota que você imagina. Eu sou mais um desastre ambulante.
- Ótimo. – Ele levantou-se batendo nas teclas e produzindo um som estridente por toda a sala e depois saindo, me deixando sozinha.
– É, não melhorou em nada. – Falei para mim mesma olhando o piano.
Admirei as teclas uma segunda vez antes de, involuntariamente, começar a tocar. Toquei a música que eu mais lembrava no momento e, baixinho, comecei a cantar.

Open up, your heart to me
(Abra seu coração para mim)
And say what’s on your mind
(E diga o que pensa)
I know that we have been through so much pain
(Sei que nós sofremos muito)
But I still need you, in my life, this time.
(Mas ainda preciso de você em minha vida)

- Não sabia que você cantava. – A voz de Tom ecoou me fazendo estremecer – Tem mais alguma coisa sobre você que eu não sei?
- Te muita coisa que você não sabe sobre mim. – Sorri de leve sem olhá-lo. Vi que, pela sobra escura, ele sentou-se ao meu lado. A sala estava escura, porque, ao que parecia, Bill apenas tocava no escuro.
- Nossa, isso me deixa animado. – Ele esticou a mão sobre as teclas e me olhou rápido – Canta para mim?
- Nunca. – Murmurei baixando a cabeça e encarando o banco.
- Ótimo.
Então ele começou a tocar a mesma música que eu estava tocando antes e, como esperado, comecei a cantar. Cantei o mais baixo possível, primeiro porque eu era uma bailarina e não a Beyonce. Depois porque eu morria de vergonha dos deboches de Tom, mas o pedido dele foi mais como um estimulante.

I figured out what to say to you
(Pensei no que dizer a você)
Sometimes the words, they come out so wrong
(Mas algumas vezes as palavras, elas saem tão erradas)
And I know in time that you will understand
(Mas eu tenho certeza que você vai entender)
That what we have, It’s so right,
(Que aquilo que temos está tão certo)
This time.
(Agora)

- Isso foi engraçado. – Ele disse e eu olhei-o incrédula. – De um modo bom, eu acho...
- Você... – Murmurei fitando-o e dando um meio sorriso – Sempre imprevisível.
- Faz parte do meu charme. – Ele levantou-se e saiu.
Como já era tarde, eu entrei no quarto sorrateiramente quando Bill já estava dormindo e peguei meu lençol e travesseiro, então desci para a sala e me deitei no sofá. Não ia dormir no mesmo quarto depois do desprezo que Bill havia me dado mais cedo. Me arrumei o mais confortável que pude e fechei os olhos, caindo no sono pesado.

Postado por: Grasiele

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 12 - Marcos

Não sei se era o fato de minha cabeça estar a ponto de explodir, e ser pior que a bomba de Hiroshima, ou de eu estar dormindo na cama de Tom que me deixou no mínimo assustada. No mínimo. Eu levantei e percebi que estava com a camiseta dele, com mais um fato, eu estava sem sutiã e calcinha.

Levantei assustada, mas uma dor de cabeça me atingiu em cheio. Me desequilibrei e, por um ato de idiotice, caí no chão. Apenas senti uma mão arrebatar meu braço e me puxar para cima, dei de cara com um Tom de olheiras e risonho.

- Se divertiu muito, hein. – Ele sorriu.

- Me diz uma coisa – Falei assustando-me com minha voz extremamente rouca. Passei a mão pelos cabelos e fechei os olhos para ver se a dor passava. – A gente, por acaso...

- Não. – Ele interrompeu rindo. – Você não faz meu tipo, baixinha.

- Nem você, estúpido. – Larguei-me de seus braços e saí.

Entrei no quarto de Bill, e corri para o banheiro. Me olhei no espelho e constatei que minha cara está péssima. Tomei um banho e me vesti. Quando entrei no quarto, Bill estava apenas de calça em cima da cama escrevendo alguma coisa. Tentei sorrir antes de ele me olhar assustado e levantar-se num pulo, vindo em minha direção.

- Você está bem? – Perguntou me levanto até a cama.

- Hum, - Resmunguei antes de olhá-lo – acho que sim. Me lembre de nunca mais encostar um copo de bebida na boca.

- Uma bailarina bêbada. Essa é nova. – Ele murmurou – Desse jeito, a Dança Acadêmica de Londres não vai te aceitar.

Foi aquela frase. Aquela curta frase que me trouxe uma dor de cabeça intensa e me fez dar um grito tão alto, que Bill se assustou. Tom apareceu de supetão na porta igualmente assustado e, antes de falar qualquer coisa, eu corri escada abaixo em direção ao escritório.

- O que foi Bi? – Bill entrou no escritório assustado enquanto eu ligava o computador às pressas.

- Eu esqueci de dar a resposta ao pedido da diretora do coiso! – Disse apressada enquanto o computador iniciava.

- Coiso? – Tom riu enquanto mastigava algo.

- É, o bicho! – Eu rugi novamente entrando na caixa de e-mail.

- Ah, e isso explica tudo. – Tom riu novamente – Não é por menos que você é idiota.

- Dá um tempo, Don. – Disse ainda mais estressada.

- Don? – Tom caiu na gargalhada.

- Eu quis dizer Tom... Ah, você entendeu, seu estúpido. – Suspirei aliviada quando comecei a digitar alguma resposta.

- Esqueceu de responder à diretora da Academia de Dança? – Bill puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado.

- Sim. – Disse aliviada enviando a resposta.

- Nossa, - Tom riu. – para quem estava numa sala escura com Bill ontem, você está muito...

Não ouvi o restante da frase antes de me congelar por completo. A voz de Tom se ocultou quando ele saiu da sala e, provavelmente, foi para a cozinha. Eu lembrei de tudo e olhei para Bill, que mirava o chão.

- Você... – Eu comecei – cont...

- Não. – Ele falou arrogante, levantando-se e saindo da sala.

Por um segundo senti-me mal, mas seria melhor assim. Eu preferia não ter Bill como nada além de amigo e parente. Claro que o primeiro beijo ninguém esquece. Levantei-me e fui para a cozinha comer alguma coisa, qual não foi minha surpresa ao encontrar Tom jogado num banco bebendo o suco direto na caixa.

- Sabia que tem pessoas que bebem esse suco? – Disse fazendo-o rir e colocar a caixa de lado.

- Se quiser pode beber direto da minha boca. – Ficou me observando enquanto eu abria a geladeira e pegava a geleia.

- Eu realmente prefiro comer um sapo vivo. – Sorri passando a tal geleia no pão.

- Duvido. – Sorriu – Ah, é melhor tomar cuidado com o que fala.

- Ah é? – Mordi um pedaço do pão.

- É, principalmente depois de ontem. – Ele mordeu de leve o lábio inferior.

- Tom, você... Você disse que... – Eu engasguei com a geleia e olhei-o assustada.

- Você não lembra de nada?

- Não.

- Não?

- Não!

- Que pena, - Ele sorriu levantando-se – Foi muito divertido.

Eu lancei um olhar de desprezo e, quando voltei a por o pão na boca, ouvi a voz de Tom soar na porta.

- Principalmente quando tomamos banho juntos.

Fiquei estática. Como assim, a gente tomou banho juntos? Coloquei o pão em cima da bancada e sai da cozinha. Pra variar, Tom estava jogado no sofá vendo TV e quando me viu abriu um sorriso sacana.

- O que você disse? A gente tomou banho juntos? – Perguntei sentando ao seu lado.

- Cala a boca! Eu quero ver o jogo. – Respondeu sem ao menos me olhar.

Peguei o controle da sua mão e desliguei a televisão.

- Quem você pensa que é? – Perguntou, tomando o controle e ligando a TV de novo.

- Não é quem eu sou, é o que eu quero. E eu quero que você me explique o que você quis dizer com “principalmente quando tomamos banho juntos”? – Me levantei e parei frente a televisão.

- Hum, não quero responder. Então, sai da frente.

- Eu não vou sair até você me explicar. – Falei colocando as mãos na cintura.

- Sai da frente! – Ele disse rindo e tentando olhar a TV.

- Não! – Cruzei os braços. – Até você me esclarecer essa história!

- Se você não sair, eu vou te tirar daí. – Ele me olhou sério.

- Se atreva. – Murmurei e, no segundo seguinte Tom segurava meus braços, tentando me empurrar.

Eu também segurei nos dele para me equilibrar, mas me distrair um pouco porque os braços dele eram bem fortes e isso me deixou sem graça ao pegar nele. Tentei me equilibrar novamente e acabei tropeçando no tapete e, quando percebi, estava no chão com Tom em cima de mim. O rosto dele estava, propositalmente, bem próximo e as tranças dele tocavam de leve meu rosto. Vi que ele ia se aproximando mais e mais.

- Tô... – uma voz ecoou, olhei para a escada e Bill estava parado no topo. – ... atrapalhando alguma coisa.

Olhei de soslaio para Tom, e vi que ele sorria maliciosamente, e quando foi abrir a boca para falar algo, eu o empurrei com toda a força e sai correndo para a porta da frente. No momento em que abri a porta e pulei para fora, esbarrei em alguém e senti o impacto da minha cabeça no chão e a dor disso.

- Ai! – Foi o que consegui murmurar.

- Nossa, - Uma voz sedutoramente linda soou. – Me desc... Bi?

- Marcos! – Falei ao olhar a cabeça azul sorridente a minha frente. Como ele era lindo! – Me desculpa, derrubei todas as coisas da sua mochila!

Eu olhei ao redor e comecei a juntar as coisas, até que uma em especial chamou minha atenção. Sapatilhas de balé. Sim, sapatilhas masculinas de balé, então não podia ser de uma possível irmã dele, e pelo jeito que ele olhou pra mim quando as peguei, significava que não podia ser de um possível irmão dele.

- O que é isso? – Perguntei olhando-o e levantando as sapatilhas.

- Nada. – Ele disse rápido, se denunciando com o olhar.

- Como nada? – Levantei-me quando ele arrebatou as sapatilhas da minha mão. – Claro que isso é alguma coisa.

- Eu já ia jogar fora. – Ele levantou-se e limpou as calças. Enfiou o resto das coisas na mochila e pegou o skate.

- Jogar fora? Por quê?

- É que eu desisti da dança. – Disse fitando o chão de pedra.

- Hum, por quê?

- Bom, eu sou um garoto. – Olhei-o incrédula. Sério? Nem tinha percebido. Abri a boca para perguntar o porquê, mas fui interrompida por Marcos, que ria da minha cara. – Desculpa, me expressei mal. – Falou cessando o riso. – É que existe muito preconceito com garotos que dançam, principalmente quando eles dançam balé.

- E daí?

- E daí que eu não aguento mais.

- Não acho que você deva desistir por conta disso, não acho que você deva dar valor ao que essas pessoas falam. Afinal, o preconceito vem da ignorância. – Nossa, fui eu quem falou isso?

- É, você tem razão, desculpa...

- Se você gosta de dançar não desista. – Falei lembrando das palavras de Bill. – Eu quase desisti do meu sonho, mas um amigo me alertou. – Sorri e ele retribuiu o gesto.

- Garota, você tem toda razão. Obrigada. – Agradeceu abrindo um sorriso. Como ele era lindo!

Obrigada? Hum, acho que alguém precisa de umas aulinhas de gramática.

- Me desculpa. – Disse enfiando as coisas na mochila.

- Sem problemas. – Aquilo já estava me deixando sem graça. – Só uma coisa, não precisa se desculpar o tempo todo, ok?

- Desc... É... Ok. – Respondeu sem graça, me fazendo rir. – Posso fazer uma pergunta? – Assenti. – Por que você saiu de casa correndo?

Por um momento eu havia me esquecido do que tinha acontecido. Por um momento minha raiva havia sumido.

- Não sei. – Me olhou como se eu fosse louca. – É sério, poxa! Quer dizer... Eu estava morrendo de raiva do Tom, mas você me fez esquecer. – Corei ao perceber o que eu falei e Marcos apenas riu.

- Então você tá morando mesmo com eles? – Pergunto apontando a casa com a cabeça.

- Sim, mas não por muito tempo.

- Por quê? – Ele caminhou até uma árvore e sentou se sob ela, eu o acompanhei.

- Porque logo eu vou fazer dezoito e vou ter...

- Liberdade? – Me interrompeu sorrindo.

- Eu ia dizer a herança dos meus pais, mas isso também.

- Então... – Ele riu. – Como você sabia que eram sapatilhas de balé?

- Não foi muito difícil adivinhar. – Ele riu – Porque eu... Bom, também danço balé.

- Sério? – Surpreendeu-se.

- Ahm, sim. – Nós rimos. – Fui até chamada para a Academia de Londres.

- Tá brincando, né?

- Não. – Eu ri. – Por quê?

- Talvez porque essa é uma das melhores academias de dança? – Seus olhos brilhavam ao professar aquelas palavras. – É, só por isso.

- Bom, vou fazer um teste, então... – Eu parei e ri dele, pois seus olhos ainda brilhavam. – Não quer fazer par comigo? Seria estranho eu dançar sozinha.

- Claro! – Ele disse de imediato. – Quer dizer... Sim, eu adoraria.

Nós rimos e começamos a conversar sobre balé.

- Mas você não acha que tem muito peito para ser bailarina quase profissional? – Ele comentou. Espera, ele me chamou de peituda? Isso foi um elogio ou uma crítica?

- Bom, eu acho que... – Comecei a falar.

- Biara! – Alguém me chamou e eu já fazia ideia de quem era. – Venha já aqui!

Eu olhei para trás e Tom estava parado a porta encarando Marcos e depois lançando um olhar irritado para mim.

- Iiiiiih, - Eu murmurei olhando para Marcos. – a dona da casa tá chamando. – Marcos riu. – Nós vemos amanhã? Na sua casa, por favor.

- Tá, eu venho te buscar. – Ele riu, pegou as coisas e me abraçou. – Até amanha, então.

- Até. – Sorri e fui para casa. Eu não quero parecer aquelas adolescentes no seu jovial desespero, mas admito que meu coração quase salta para fora quando ele me abraçou.

Passei direto por Tom e entrei na casa. Ele irritou-se e bateu forte a porta ao passar, me fuzilando com o olhar.

- Quem era aquele? – Perguntou metendo-se na minha frente quando fui subir a escada.

- Tá com ciúmes, diva?

- Ciúmes? – Falou num tom debochado. – Isso não faz parte do meu vocabulário.

- Não foi o que pareceu. – Sorri de canto e tentei continuar subindo a escada. É, tentei, já que Tom me segurou pelo braço. – Dá pra me soltar? Não quero falar com você. – Tentei me desvencilhar, mas o fato que ele é bem mais forte que eu.

- Para de ser infantil, eu só quero esclarecer uma coisa. – Falou dessa vez me olhando nos olhos. – Eu fui procurar você porque o Bill pediu e quando vi você com aquele cara... – Fez uma pausa. Aquela situação estava ficando muito estranha.

Eu soltei um suspiro de irritação.

– Eu achei que você estava comprando drogas. – Não aguentei e comecei a rir, soltando uma gargalhada imensa. Abri a boca para protestar, mas ele continuou. – Eu não vou admitir que você use essas coisas enquanto estiver aqui e só mais uma coisa, cuidado para não exagerar na bebida, você perde totalmente o controle. – Sorriu sacana, me soltou e seguiu para o quarto.

E eu? Bom, eu fiquei lá. Parada no meio da escada com cara de idiota, pensando no que ele quis dizer com aquilo e tentando lembrar o que aconteceu naquela noite.

Postado por: Grasiele

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