sábado, 23 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 19 - Sim, está chovendo hoje...

Eu estava confusa. Eu realmente estava confusa. Primeiro Marcos diz que é gay e agora eu o vejo com outra garota? Ou eu estou alucinada ou estão me fazendo de idiota. No segundo seguinte em que vi os dois juntos, subi correndo para o quarto. Esbarrei na porta, Bill havia subido e estava trancado. Virei-me rápido e pulei para o quarto de Tom, jogando-me na cama.

- Ei, você está chorando? – Tom entrou no quarto meio receoso.

- Não! - Gritei com a cabeça enfiada no travesseiro.

- Calma, não precisa de tanto. É só um cara. – Ele sentou-se ao meu lado com cautela.

- Você diz isso porque talvez nunca tenha se apaixonado na vida! – Deixei que lágrimas escapassem sem querer. Talvez fosse bom chorar de vez enquanto. Mesmo que isso seja um sinal de fraqueza e que seja na frente de Tom.

- Isso não é verdade... – Ele disse meio baixo. Levantei o rosto e o encarei. – Já me apaixonei sim.

- Mas você é você. – Choraminguei fazendo uma cara triste e voltando a afundar a cabeça no travesseiro.

- Como assim?

- Você sabe conquistar e as pessoas simplesmente gostam de você, mesmo com esse seu jeito irritante! – Falei com a voz falha. – Mas eu? Ninguém se apaixonaria por mim nem em mil anos!

- Não é verdade. Tem muita gente que gosta de você...

- Tipo quem? – Minha voz ficou esganiçada.

- Tipo... O... Bill! – Ele sorriu nervoso.

- Não! – Choraminguei

- Ei, – Ele estava olhando para mim então baixou o olhar. – Tem pessoas que são apaixonadas por você. Você tem esse seu jeito repugnante, mas é tão charmoso.

- Charmoso? – Minha voz falhou e eu tentei olhar em seus olhos baixos, até que ele os levantou.

- Não sei... – Sorriu sutil – Você é estranha... de um jeito bom.

- De um jeito bom? – Sorri.

- De um jeito bom. – Aproximou-se.

Os olhos estavam neutros. Quero dizer, sem nada de malicia ou coisa igual, estava no estado normal dele. Novamente, não hesitei em continuar parada esperando que finalmente acontecesse. Apesar de ele me encher o saco, talvez aquilo fosse o certo.

- Hey pessoal, o que estão faz... – Gustav entrou no quarto junto com Bill. – Estamos atrapalhando?

- Claro que não. – Tom sacudiu a cabeça e levantou-se num salto. – Eu estava apenas consolando-a!

- Eu sei... – Georg entrou no quarto rindo.

- E porque você tá chorando, Bi? – Bill correu até mim me abraçando. – Foi o Tom? Tom, seu imbecil!

- Mas eu não... – Tom tentou se defender.

- Tom, como você pode fazer isso com ela? – Gustav veio até mim sentando na ponta da cama e pegando minha mão.

- Mas eu não fiz nada, droga! Eu tava ajudando ela! – Ele saiu enfurecido – Porque a culpa é sempre minha, merda!

Por um lado eu me senti culpada, mas preferi ficar calada. Alguma coisa entre mim e Tom não ia dar certo, o melhor seria eu me afastar dele. Evitá-lo, talvez. Claro que, morando na mesma casa, isso vai ser difícil. É melhor eu não sentir algo por ele, afinal vou embora logo. Vou fazer de tudo para ser aceita na academia e construirei minha carreira. Mesmo que seja sozinha, talvez mais no futuro eu encontre a pessoa certa. Mas não vai ser ele. Eu prefiro que não seja.

Os garotos ficaram conversando por um longo tempo. Georg ficou fazendo piadas com o Tom, que estranhamente não voltou. Acabei adormecendo no colo do Bill, que me fazia carinhos no cabelo. Não me importei muito com os sonhos estranhos que tive, com Tom.

Abri os olhos lentamente, pois os raios de sol se lançavam contra o meu rosto. Sentei por um minuto, antes de perceber onde estava. Eu havia dormido na cama do Tom, mas ele não estava lá. Deitei mais uma vez a cabeça no travesseiro, deixando que o cheiro dele invadisse minhas narinas. Levantei-me rápido descendo em direção à sala.

É, ele estava lá. Jogado no sofá, com a mesma roupa só com a calça do pijama. O braço se fazia de travesseiro, as tranças espalhadas pelo rosto e uma expressão calma.

Sorri por um minuto e, quando percebi, ele estava me olhando sério. Desfiz meu sorriso e Tom gargalhou.

- Que foi? – Sorriu. – Se apaixonou?

Virei o rosto bruscamente, fui em direção da escada e subi para o banheiro. Vesti uma roupa qualquer e desci logo. Encontrei Tom na janela, meio atônito.

- O que aconteceu, viu um fantasma?

- Quase isso... – Ele olhou pra mim e puxou minha mão. – Você não vai gostar de nada disso.

Olhei pela janela e vi várias pessoas lotando a casa de Marcos. O que estava acontecendo?

- O que está acontecendo? – Repeti meus pensamentos em voz alta.

- Não sei, mas o negócio parece sério. Será que ele se matou? – Ele disse sério.

- Que? Porque acha isso? – Olhei incrédula para ele.

- Sei lá, crise existencial? – Tom disse dando um meio sorriso. – Além disso, está todo mundo de preto.

- O que será qu... Olha, é aquela lá! – Virei o rosto rápido e acabei batendo no vidro. – Au!

- Ao menos aquela lá não é retardada feito você! – Tom gargalhou.

- Cala a boca, idiota! Vai descobrir o que tá havendo! – Apontei para a casa enfiando o dedo no vidro.

- Eu não sou seu empregado, vai você. – Me deu a língua e saiu correndo.

- Volta aqui! – Levantei a mão, mas ele já havia saído. Corri em sua direção e acabei esbarrando em Bill, que quase me arremessa no chão. – O que foi, fofa?

- O Marcos se matou! – Quase gritei. – Eu o matei! Ah, Deus! Eu devia saber que gays tem temperamento instável!

- Espera, ele é o qu...? – Bill tentou falar.

- Ai meu Deus, eu matei um cara!

- Você não matou ninguém, Biara! – Bill me levantou do chão e me sacudiu.

- Então eu fiz um cara se matar! – Choraminguei. – Tanta beleza jogada pelo ralo...

- Que? – Bill me olhou incrédulo – Espera, você só se importa porque ele era bonito?

- Bonito? Ele era lindo! – Me larguei dos braços de Bill e subi correndo as escadas para o quarto de Tom. – Imbecil, abre a porta! Abre! ABRE!

- Que foi? Se apossou do meu quarto agora, foi? – Tom abriu a porta quando eu estava quase esmurrando ela. – Eu não vou ser seu espião!

- Então ao menos vai comigo! – Puxei seu braço.

- Pede ao Bill! – Ele tentou largar.

- Não, o Bill chama atenção! - Puxei-o para fora do quarto.

- Então ao menos veste uma roupa preta, afinal, o cara era seu amigo.

- Eu não tenho nenhuma roupa preta.

- Então veste uma do Bill!

Desci as escadas à procura do Bill, mas ele já havia saído. Subi novamente e procurei em seu quarto, ele também não estava lá. Voltei ao outro quarto e Tom estava arrumando o cabelo.

- Eu não vou mexer nas coisas do Bill sem a permissão dele! – Gritei.

- Pelo amor de Deus, é só uma roupa! – Ele gritou de volta.

- NÃO, NÃO e NÃO! – Gritei mais uma vez.

- Biara, vai logo! – Gritou mais alto.

- Eu já disse que não!

- Que merda! – Ele tirou a blusa e jogou na minha cabeça. – Veste essa então.

Ele se enfiou no guarda-roupa e começou a procurar outra camiseta. Puxei a camisa que estava na minha cabeça e lentamente coloquei perante meu rosto, deixando apenas os olhos. Fiquei observando-o.

- VOCÊ AINDA TÁ AÍ, SUA IDIOTA? – Gritou e apontou para o banheiro.

- Seu grosso. – Murmurei, empinando o nariz e indo para o banheiro.

Me vesti, ficando com a camiseta gigante sobre meu short. Saí do banheiro e Tom já estava esperando na cama. Segurou minha mão e, por um momento, eu fiquei nervosa. Saímos da casa e caminhamos até a de Marcos. Antes de chegarmos, ouvi trovões, olhei para o céu e vi nuvens negras se aproximando. Meu corpo congelou ao ouvir um segundo trovão e segurei mais forte a mão de Tom.

Havia muita gente lá. Todos vestidos de preto, ou seja, alguém realmente havia morrido. Vi a garota loira de antes, mas a ignorei e segui para dentro da casa. Havia um caixão no meio da sala. Ai meu Deus, eu matei ele!

- Er, Biara... Eu não conheço muito bem seu amigo, mas tenho certeza que ele não é um velho.

Me aproximei e vi aquele velho senhor feliz. O fantasma do seu último riso parecia estar pregado na sua face, que estava estática e serena. Algumas lágrimas postaram-se na ponta dos meus olhos, virei o rosto, vasculhando a casa, a procura de Marcos.

Entrei no quarto dele e vi a porta da varanda aberta. Estava lá. Os cabelos azuis sendo levados pelo vento, as lágrimas misturando-se com pequenas gotas de chuva que caíam penosamente. Estava apenas com uma calça de malha preta e o tronco nu de fora. Ele era realmente lindo. Os olhos azuis percorriam o nada. A boca estava perfeitamente vermelha, tremendo por alguns segundos, procurando alguma palavra.

- Oi. – Murmurei fazendo-o olhar assustado para mim. Senti as gotas de chuva me atingirem. Ele não respondeu, apenas voltou a olhar para o nada.

Caminhei até ele e parei a sua frente. Antes que eu abrisse a boca para falar alguma coisa senti uma forte dor no lado esquerdo do meu rosto. Uma queimação subiu por todo meu rosto antes que eu percebesse o que havia acontecido. Ele me deu um tapa.

- Nunca... – Ele apontou choroso para mim. Seus olhos estavam inchados e vermelhos. – Nunca mais me deixe. Você ouviu?

Balancei a cabeça e deixei que as lágrimas caíssem. Ele segurou meu rosto nas duas mãos e me puxou, beijando-me. Por um momento meus olhos se arregalaram, mas depois de alguns segundo me acostumei e correspondi. Ele realmente havia me beijado. Ele estava me beijando!

- Marcos, eu... – Tentei falar.

- Olha, eu gosto muito de você, mas você é praticamente minha melhor amiga. – Ele falou voltando a chorar, a chuva havia engrossado e estávamos ensopados. – Eu não queria e nem quero te iludir.

- Então por que... Você... – Tentei falar.

- Além do mais, eu sou gay. Você sabe da minha situação, sabe o que sinto. Já é difícil para mim, não torne isso pior. Ninguém sabe apenas você e minha família. – Voltou a olhar para o céu totalmente escuro. – Tá na cara que você gosta do Tom, para de rejeitá-lo.

- Eu não...! – Novamente comecei a falar.

- Biara para de ser estúpida! – Ele me olhou com raiva. – A pessoa que eu mais amava acabou de morrer, não deixe a sua ir embora! Pelo amor de Deus, sabe como é difícil encontrar um amor na vida?

- Mas você mentiu para mim. Você disse que era gay, mas estava com aquela garota! – Choraminguei balançando a cabeça para não olhar para ele.

- Quem?

- Aquela loira...

- Ela é minha irmã! – Falou arrogante.

- Sua...

- Ei, Biara. – Outra voz chamou. – Está chovendo muito, vamos?

- Não o deixe ir. – Marcos falou próximo ao meu ouvido, voltando a olhar o céu.

- Eu te amo. – Murmurei antes de sair e pegar a mão de Tom.

Quando saímos da casa, outro trovão estalou e eu me encolhi, apertando a mão de Tom, fazendo-o rir. Merda, eu não ia conseguir evitar! Eu tinha de me desapaixonar por ele! Não apenas de Marcos, mas agora de Tom. E muito pior que isso, agora ele sabia que eu tinha pavor de trovões. Ótimo, agora eu tenho que saber como não me apaixonar por Tom Kaulitz.

Postado por: Grasiele

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