sábado, 23 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 18 - Dúvidas

- Ei, acorda. – Cutuquei Tom – Ei, mané! Acorda!

Ele estava com a cabeça enfiada nas cobertas e travesseiros, levantou um pouco o rosto e estreitou os olhos até chegarem a mim. Soltou um leve pigarro e voltou a afundar a cabeça no travesseiro. Soltei um suspiro de impaciência que o fez levantar a cabeça novamente e formar um leve sorriso.

- Não quer deitar comigo? – Murmurou rouco.

- Não. – Falei ignorando a brincadeira idiota – Quero que você levante e tome banho, para irmos comprar meu novo celular.

- Eu já disse que não vou comprar nenhum celular para você. – Voltou a afundar a cabeça e balançar a mão, num sinal para me expulsar do quarto.

- Levaaaanta! – Subi em cima da cama e comecei a cutucar ele.

- Sai de cima de mim, gnomo! – Ele segurou meus braços e virou-se, ficando por cima de mim.

Ele estava rindo por alguns segundos, então parou e me fitou. Aproximou o rosto do meu, e eu vi clara a sua intenção, então pisquei freneticamente antes de falar alguma coisa.

- Err, Tom... – Murmurei.

- Que? – Ele continuou me olhando.

- Vai escovar os dentes, faz favor. – Murmurei e ele riu, saindo de cima de mim e jogando-se na cama, ao meu lado.

- Você é muito irritante. – Ele suspirou e levantou-se, caminhando até o banheiro apenas com uma calça de malha.

Acabei ficando ali. Fechei os olhos e relaxei sentindo o cheiro dele, o que era bem estranho. Perdi a noção do tempo e quando abri os olhos percebi que Tom estava me olhando da porta do banheiro, apenas de toalha.

- Por que você está me olhando assim?

- Dá pra sair? – Ele, sutilmente, apontou para a porta.

- Por quê?

- Porque eu quero que você saia.

- Por quê?

- Porque o quarto é meu e eu quero me trocar. – Ele segurou meu braço e puxou-me para fora da cama, me empurrando para fora do quarto. – A não ser que você queira me ajudar... – Fiz uma careta e ele continuou com o sorrisinho irônico que eu tanto odeio. – Ah, tinha esquecido... Isso é proibido para menores... Se é que você me entende, baixinha.

- Pra sua informação eu estou em fase de crescimento! – Falei com raiva, mas ele já havia fechado a porta. – Idiota.

- Brigando com a porta? – Bill riu atrás de mim.

- Não! É culpa do Tom! – Resmunguei.

- Ah, então ele te faz brigar com as portas...

- Não me faça brigar com você! – Enfiei o dedo na cara dele e saí marchando.

Desci as escadas, indo para a sala. Sentei no sofá e fiquei olhando o relógio. Acabei acompanhando o relógio e contando os segundos e depois os minutos. Como um homem demora tanto para se arrumar?

- Nossa, isso tudo é a saudade? – Tom sorria triunfante do topo da escada.

- Finalmente, moça! – Pulei do sofá e já fui caminhando até a porta.

- Aonde você pensa que vai? – Foi descendo os degraus lentamente.

- Comprar um celular, porque ALGUÉM quebrou o meu? – Deu pra perceber a ênfase no “alguém”?

- Antes eu tenho que comer. – Sorriu, caminhando até a cozinha.

- Pega um presunto aí e vamos embora! – Corri até ele e puxei seu braço.

- Eu não gosto de presunto, pirralha. – Puxou seu braço e entrou na cozinha.

- Então pega um pão, mas vamos logo!

- A loja não vai sair do lugar. – Falou sorrindo, enquanto fazia um sanduíche natural.

- Ótimo, você não come presunto, mas come mato! – Resmunguei me encostando no balcão.

- Para sua informação, bactéria, isso é muito saudável... – Mordeu um pedaço, puxou um suco da geladeira e bebeu direto na caixa.

- O que você tem de saudável, tem de nojento. – Murmurei fechando os olhos e suspirando, jogando a cabeça para trás.

Abri os olhos e passei um tempo fitando o teto. Sabe aquela sensação de que alguém está te observando? Pois bem, baixei a cabeça lentamente. Esse foi o tempo necessário para que Tom desviasse o olhar para caixa de suco.

- O que é?

- Sabia que tem zero por cento de gordura trans? – Falou sério, tentando disfarçar.

- Aham, sei... – Debochei.

Fui até a sala e fiquei no sofá até Tom voltar, o que não demorou muito. Ele pegou as chaves do carro, puxou um óculos de sol e saiu, eu o segui. Eu nunca havia visto o carro dele, apenas o de Bill. Não sou muito boa com essa história de marcas de carros, mas o dele era realmente fantástico. Era uma versão do carro de Bill, só que cinza.

Entramos sem mais cerimônias e seguimos caminho. Tom parecia dirigir o mais devagar possível de propósito, o que me irritou bastante.

- Dá para você acelerar? – Resmunguei.

- Dá para você calar a boca? – Ele respondeu sem me olhar.

- Esse óculos deve ficar muito bem em mim! – Puxei os óculos dele, mas ele não fez nenhum movimento de reação. – Caramba, como eu sou gata! – Falei me olhando no espelho e fazendo cara de surpresa.

Tom soltou uma gargalhada e eu mostrei a língua pra ele.

- Fazer o que se é a mais pura verdade? – Fiz uma pose engraçada e ele riu.

- Iiih, você é mais convencida que o Bill. – Falou desviando o olhar da estrada e me fitando por alguns segundos.

- Achei que você era o mais convencido.

- Que nada, eu apenas sei reconhecer pessoas bonitas.

- Ah, sei... Diga uma.

- Hum, deixe-me pensar... – Passou uns minutos em silêncio, como se estivesse pensando. – Meu irmão. – Fiquei um tempo atônita, eu não acredito que ele disse isso.

- Vocês não são gê... – Quando me dei conta da pergunta idiota que eu ia fazer ele já ria descontroladamente da minha cara de retardada. - A-há, muito engraçado. – Resmunguei, fazendo-o rir ainda mais.

- Não achei que esse passeio ia ser tão engraçado. – Falou cessando o riso.

- Posso ficar para mim? – Perguntei olhando pela janela e ignorando seu comentário.

- Nem pensar. Você já vai me fazer gastar com um celular novo, ainda quer me roubar um óculos?

- Não estou roubando nada. – Tirei os óculos e joguei em seu colo brutalmente.

- Não me diga que você ficou com raiva... – Ele sorriu me olhando de relance. – Ah, qual é Biara.

- É Bi! BI! – Gritei.

- Qual o problema de te chamar de Biara?

- Cala a boca. – Resmunguei voltando para a janela.

Chegamos a uma lojinha, onde tinha um pequeno caminhão descarregando umas caixas. Deviam ser novos celulares. Saí do carro sem nem falar com Tom e adentrei a loja.

De relance, vi um carinha levando várias caixas de celular e uma delas era igual a do meu ex-celular, então eu já sabia qual queria. A atendente tinha aquela cara de mal amada, então fui muito rápida e clara.

- Oi, quero um celular desse tipo. – Puxei meu celular destruído de dentro da bolsa e mostrei a ela.

- Não temos. – Resmungou e virou-se para o computador.

- Mas eu vi uma caixa com essa marca. – Cutuquei ela.

- Não, não viu. – Me lançou um olhar irritado.

- Sim, eu vi. Eu quero esse. – Voltei a falar. Percebi que Tom tinha acabado de entrar e estava atrás de mim. – Eu vi uma caixa dessa marca enquanto estava entrando, eu quero um desse. Sei que tem.

- Olha, só temos registrado um celular dessa marca, e sinto te dizer, mas no final do expediente ele vai ser meu. – Sorriu sarcástica e saiu, indo conversar com outra atendente.

Eu suspirei furiosa e segurei a mão de Tom. Antes que ele falasse alguma coisa, puxei-o na direção de uma porta onde estava escrito “apenas para funcionários”. A sala é restrita para funcionário, mas quem liga? Eu vi aquele carinha entrando ali, então devia estar ali.

O local estava lotado de caixas de celulares, então comecei a procurar. Tom não disse uma palavra, mas também não ajudou. Quando estava quase desistindo, senti um cutucão nas minhas costas, estava pronta para enfrentar a atendente mal amada, quando me deparo com Tom segurando uma caixa. Uma caixa bem familiar.

- Onde você achou? – Sorri tentando pegar a caixa, mas ele levantou a mão.

- Não interessa, está me devendo uma. – Me olhou desafiador.

- O que? Nem pensar! – Olhei para os lados, e vi um funcionário no fim do corredor de caixas. – Me dá isso, temos que sair daqui!

- Está me devendo uma... – Me olhou mais afundo.

- Não! Nunca! – Pulei tentando alcançar a caixa e ao mesmo tempo, com medo de ser vista pelo funcionário.

- Está ou não? – Ele me lançou um último olhar.

- Tá! Tá! – Resmunguei puxando a caixa. Mas já era tarde demais.

O funcionário estava muito perto, então empurrei Tom para dentro de um armário e fechei a porta. O armário era simplesmente minúsculo, um cubículo, então nossos corpos ficaram extremamente colados, exceto por meu rosto, o dele havia ficado mais por cima, pelo fato dele ser alto.

- Nossa, não achei que você me pagaria tão rápido. – Sorriu malicioso.

- Cala a boca! O cara pode ouvir. – Tapei a boca dele e fechei os olhos. Respirei por um segundo e tirei a mão, voltando a abrir os olhos.

- E aí, quer fazer uma rapidinha aqui no armário? – Sorriu e eu o olhei furiosa.

- Dá para você parar de pensar em pornografia numa hora dessas, seu tarado? – Cutuquei a bochecha dele, era o único lugar que eu alcançava sem fazer muito esforço.

- Com você assim perto, fica difícil. – Falou, mas no minuto seguinte se arrependeu.

- O que quis dizer com isso? – Voltei a sussurrar encarando-o.

- Nada. – Ele desviou o olhar.

- Como assim nada? Me explique! – Exigi, mas já era tarde.

- Vem, acho que ele já passou. – Tom abriu o armário e, sem mais conversas, me puxou para a frente da loja, seguindo para uma outra atendente diferente da primeira.

Compramos o celular, que, diferente do que Tom pensava, foi bem barato. Voltamos para o carro e Tom não ligou o carro. Ficou olhando para a frente sem mover um músculo. Parecia que estava pensando no que falar.

- O que está esperando? Liga o carro. – Murmurei apontando para as chaves.

- Porque não gosta que te chamem de Biara? – Me olhou sério.

- O que? Mas que pergunta idiota é essa? Liga a droga do carro, Tom! – Me enfezei virando o rosto, ele não precisava saber nada da minha vida.

- Está me devendo uma lembra? – Segurou meu braço, fazendo-me olhar para ele.

Mirei-o por alguns minutos.

- Não é o que você diz, é como você diz. – Puxei meu braço, fazendo-o soltar.

- Que?

- É que... Todos podem me chamar de Biara, apesar de eu preferir Bi. Mas quando você me chama... – Murmurei sentindo minhas bochechas corarem, então virei bruscamente para a janela. Sem lançar nenhum olhar a ele, mas eu tinha certeza que ele me olhava.

- Qual o problema de quando te chamo? – Segurou meu queixo e me fez olhar para ele mais uma vez.

- Eu não sei. – Fechei os olhos.

- Como não sabe?

- Você sempre me chama de Bi. Quando você me chama de Biara, está no seu estado normal. – Abri os olhos e o encarei de perto.

- Estado normal?

- É, tá surdo? – Grunhi empurrando a mão dele. – Você se finge de tarado e sarcástico, daí quando me chama de Biara, você é só... você.

Tom olhou para o banco, talvez ter dito aquilo tenha sido um pouco embaraçoso. Ele deixou um leve sorriso transparecer e voltou a levantar o rosto. Dessa vez, nossos rostos estavam muito próximos. Eu não hesitei e continuei encarando-o. Ele se aproximou e tocou de leve meu rosto, para assegurar de que eu não ia movê-lo, foi quando menos esperei que...

- Ei! Ei! – Ouvi gritos atrás de mim e batidas no vidro. Virei-me bruscamente e a atendente mal amada estava me encarando raivosamente. – Sua vadia! Como pode comprar o celular que seria meu? Me devolva!

- Acelera nesse negócio, Tom! – Gritei e Tom, no mesmo segundo, ligou o carro e pisou no acelerador.

O caminho foi bem constrangedor. Tom não deu um pio e muito menos eu. Um silêncio que parecia ser ensurdecedor foi instalado, nada além do fraco barulho que o carro fazia quando Tom acelerava.

Entramos em casa e Bill estava no sofá, junto com Gustav, Georg e David. Pareciam sérios, então Tom juntou-se a eles e eu subi para o quarto. Abri a caixa, retirei o celular e coloquei para carregar as tais 24 horas.

Desci e, quando entrei na sala, todos me olharam. Eu fiquei meio tensa, mas acabei sendo chamada para sentar por um aceno do Georg, então sentei-me ao lado dele.

- O CD vai ser lançado e vamos tirar umas curtas férias antes da turnê. – David disse suspirando. – Então amanhã, vocês irão à gravadora.

- Sim senhor. – Tom falou jogando-se para trás no sofá, deixando o corpo escorregar.

- Quer ir também, Bi? – Bill perguntou sorrindo.

- Ahm, não, valeu. – Dei um meio sorriso. – Não sou do tipo que sai muito.

- Você não é do tipo que cresce rápido. – Tom murmurou.

- Idiota. – Falei chateada e me levantei raivosamente indo até a janela. Para um cara que há dez minutos ia me beijar, ele estava muito irritante.

Fiquei olhando para a casa de Marcos, pensando nele. Ele podia ser gay, mas era meu amigo. Eu devia, no mínimo me explicar com ele. Foi num minuto, entre esses dois pensamentos, que uma mão tocou meu ombro, virei-me e me deparei com Tom.

- O que você quer?

- Me desculpe, Biar... – Ele começou.

- Não me chame assim, idiota. – Grunhi voltando a olhar pela janela.

Tom pareceu suspirar pesadamente antes de lançar um olhar para o outro lado da rua.

- Não falou mais com ele? – Tom murmurou após alguns minutos de silêncio.

- O que eu devo falar? - Fitei a porta da casa dele.

- Que não tem problema à preferência sexual dele, que você gosta dele mesmo assim? Perguntar se ainda podem ser amigos e que não importa as escolhas dele, você sempre vai estar lá quando ele precisar. – Tom disse do jeito “normal” dele.

- De que livro você tirou isso? – Olhei para ele sarcástica.

- Eu também tenho um coração, sabia? – Ele sorriu e depois olhou para a janela. – Hey, tem certeza que ele é gay?

- Sim, foi o que ele me disse. Por quê? – Perguntei fitando Tom, que parecia muito atento à janela.

- Olha lá. – Ele apontou para a casa de Marcos do outro lado da rua.

Me virei rápido, a tempo de ver um cara de cabelos azuis com uma garota jogada em seus braços. Ela era loira, um loiro quase branco. Cabelos longos e ondulados. Era alguns centímetros mais baixa que Marcos e, no minuto seguinte, beijou seu rosto, passando a mão por entre seus cabelos.

- Quem é ela? – Murmurei sem querer.

- Não sei, mas é muito gata. – Tom sorriu e eu lhe lancei um olhar fumegante. – Quer dizer... Ela é muito má. Garota malvada! – Cerrou os olhos e fez um bico, enquanto eu voltava a mirar os dois entrando na casa.

Ele mentiu para mim? Marcos não é gay?

Postado por: Grasiele

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