sábado, 23 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 20 - Um bela tempestade

A chuva estava muito forte. A cada clarão, eu fechava os olhos e apertava meus joelhos contra meu corpo no sofá. Segundo Tom, Bill tinha saído para terminar uns assuntos sobre o tal CD. Depois do enterro do pai de Marcos, eu e Tom voltamos e eu joguei-me no sofá, os trovões iam acabar me matando de um infarto.

- O que houve?

- AAAAH! – Gritei assustada, virei-me e vi Tom me encarando com deboche. – Não me dá um susto desses, seu débil!

- Porque você ta com tanto medo?

- Eu não to com medo! Quem disse que eu to com medo? – Me atrapalhei com as palavras e estremeci quando um fraco trovão soou.

- Espera, espera... – Ele jogou-se ao meu lado no sofá. – Você, por um acaso, está com medo?

- Não! – Virei o rosto quando ele se aproximou e eu me levantei, indo para a escada. – Medo não faz parte do meu vocabulário!

- Espera, porque você ta subindo? – Ele pulou do sofá e foi me seguindo.

- Eu... Eu to com sono! – Falei entrando no quarto de Bill e fechando a porta. Eu tinha de me afastar de Tom, não podia continuar gostando dele.

- Você não está com sono! São apenas quatro da tarde. – Ele ficou empurrando a porta enquanto eu segurava. Droga, porque ele tinha que ser tão insistente? – Biara, abre a porta!

- Para de me chamar de Biar... – Um trovão cortou minha fala nesse momento, um trovão tão forte, que eu corri para o banheiro de Bill e me enfiei na banheira.

Agarrei meus joelhos e enfiei a cabeça entre eles, começando a cantar uma música para acalmar. Eu sempre fazia isso por conta de trovões.

- Biara? – A voz grave dele ecoou no banheiro. – Você tem medo de... Trovões?

- Não. Eu estou só me sentindo mal. – Murmurei estremecendo com outro trovão.

- Sim, você tem medo. – Ele entrou na banheira e se espremeu na minha frente. – Porque não confia em mim?

- Tom, eu não... – Comecei e depois percebi que ele estava se aproximando. – Não podemos! Isso... não!

- Isso o que? – Ele perguntou quando pulei da banheira, em seguida, também saiu.

- Para de me seguir! – Falei enquanto entrava no quarto dele e ele vinha atrás.

- O quarto é meu, você é a intrometida aqui! – Defendeu-se parando a porta, me deixando sem saída.

Um trovão forte soou e, num ímpeto de medo, pulei para dentro do guarda-roupa dele. Fechei a porta com toda a força e agarrei meus joelhos.

- O que você está fazendo? – Ouvi a voz abafada dele do outro lado.

- Tenho um compromisso, preciso me retirar. – Disse timidamente.

- Ninguém tem um compromisso no guarda-roupa! – Ele socou a porta algumas vezes. – Espera, você tem mesmo medo de trovão.

- E daí? Até parece que você não tem medo de nada! – Gritei chorosa.

- Abre isso, Biara! – Ele disse tentando puxar a porta.

- Não! – Segurei a porta mas, com raiva, acabei chutando-a e, quando ela se abriu por completo, Tom estava estatelado no chão com a mão no rosto.

- Sua imbecil, você quebrou meu nariz! – Ele sentou-se no chão e deixou a mão sobre o nariz.

- Não é culpa minha que você estava no cominho!

- Idiota!

- Olha aqui, eu... – Outro trovão estridente soou e a chuva engrossou. Eu pulei para fora e comecei a chorar.

Vi, de relance, Tom levantar-se e ficar parado na minha frente. Eu estava agachada no chão, agarrada aos meus joelhos e de olhos bem fechados.

- Ei, você ta legal? – Disse abaixando-se.

- Não! Não! – Balancei a cabeça rapidamente.

- Acho que você vai ter menos medo assim... – Murmurou.

- Assim como? – Questionei.

No momento seguinte, Tom me abraçou e, de costas, escorregou até encostar na porta do guarda-roupa. Minha cabeça encaixou em seu ombro e seu cheiro impregnou todo o meu corpo, sem falar que estava me deixando louca.

- Está melhor? – Acariciou meus cabelos.

- Você vai tirar sarro se eu disse que sim? – Murmurei fazendo-o deixar um leve riso escapar.

Não sei quando, nem como, mas acabei dormindo ali. No colo de Tom. O cheiro dele me trazia uma grande paz, parecia que nada mais importava além daquele segundo. Não! Eu tenho que me afastar dele! Não posso continuar com isso. Mas não sei o que fazer. Não posso me aproximar de Bill por conta do beijo, nem de Tom por conta dessa paixão. Marcos! Marcos é a única pessoa a quem eu tenho.

No dia seguinte, assim que acordei, vi que Tom havia me colocado na cama e tinha dormido ao lado. Sem acordá-lo, me troquei e saí em direção à casa de Marcos. Atravessei a rua decidida e com passos firmes, até ver a estranha garota loira.

Ela era mais alta que eu, claro. Tinha os olhos azuis como os de Marcos, mas os cabelos muito loiros, quase brancos, levemente ondulados nas pontas. A pele era muito branca e ela era consideravelmente magra. O que quero dizer é: Ela não era um palito, era “gostosinha”, segundo os termos de Tom Kaulitz.

A irmã dele.

- O...Oi. – Gaguejei timidamente me aproximando. Ela estava jogada numa cadeira funda, com muitas almofadas e um livro cobrindo seu rosto parcialmente. Por um minuto pensei que ela havia me ignorado por não me responder, mas depois percebi que ela estava muito concentrada. – Oi.

- Ahn? – Ela parecia ter saído de outro mundo, pois seus olhos buscaram, atordoados, alguma imagem nítida. – Ah, oi!

- Você é a irmã de Marcos? – Murmurei aproximando-me mais.

- Sim. – Saltou da cadeira largando o livro. – Sou Alice!

- Oi, Alice. Sou Biara. – Apertei a mão que ela havia me esticado.

- Oh, Marcos falou muito de você. Pena que agora ele só fica trancado no quarto chorando. – Murmurou feliz, mas depois mudou a expressão para um tristeza momentânea.

- O pai dele devia ser muito importante para ele. – Eu falei tímida.

- E que pai não é? – Ele segurou minha mão e puxou-me para a cadeira que estava ao lado dela e então, jogou-se onde estava antes. – Seria bem melhor se essa nossa mãe fosse no lugar dele.

- Que? – Eu me assustei com o que ela falou. Como assim deveria morrer no lugar dele?

- Não é apenas eu quem pensa isso. Pantufa acha a mesma coisa. – Sorriu e, não sei de onde, puxou uma caixinha com bombons. – Quer?

- Não... Obrigada. – Recusei educadamente, mas ainda assustada. – Posso falar com ele?

- Falar com ele? Acho que vai ser difícil. – Enfiou dois bombons na boca.

- Porque? – Ajustei-me na cadeira fitando-a.

- Sabe... Ele já se foi. – Fez uma expressão triste por alguns segundos e depois enfiou mais um bombom na boca.

- Não estou falando do pai dele! – Grunhi. Que garota é essa? – Estou falando de Marcos!

- Ah... – Pareceu atordoada e situada ao mesmo tempo. – Acho que é melhor não...

- Porque?

- Ele está chorando muito. – Enfiou a caixa de bombons em baixo da cadeira e começou a folhear o livro.

- Então! Seria ainda mais importante.

- Pense bem... – Ela ajustou-se na cadeira e aproximou o rosto do meu. – Ele está muito triste. Vai que ele corta os pulsos? Você quer mesmo ser a última pessoa a ter falado com ele? A polícia pode te prender como suspeita. Eu não iria lá se fosse você.

- Cortar os pulsos? – Saltei da cadeira e ela riu de deboche.

- Calma, calma... – Pareceu achar engraçado, então mudou a expressão para uma seriedade. – Papai era muito importante para ele. Foi o único que aceitou toda essa história de homossexualismo além de mim. Nossa família sempre excluiu ele, nunca vieram comemorar o aniversário dele ou coisa do tipo.

Ela parou um momento, olhando para rua, antes de voltar seu olhar para mim e continuar.

- Quando Marcos fazia aniversário, papai levava ele para passar o dia pescando. E depois que fui para a França, tudo piorou. Mamãe começou a acusar Marcos, dizendo que ele era coisas horríveis, então ele entrou em uma profunda depressão por algum tempo, até que eu chamei ele para ir à Academia de Londres e ele amou o balé! Desde então ele não parava de dançar, e tudo isso foi apoiado por nosso pai.

Ela falou de um modo cativante. Marcos era um cara bem misterioso mesmo! Nunca imaginei que... Espera! Ela disse ACADEMIA EM LONDRES? Quer dizer... Dança Acadêmica de Londres?

- Você... Você é bailarina? – Gaguejei ignorando toda a história.

- Sim, sou profissional. Como eu vinha para cá, a diretora me pediu para fazer um teste com uma garota. Tenho que descobrir quem é. – Puxou um papel do bolso e levantou até a altura dos olhos. – Biara Schmidt.

Biara Schmidt! Biara Schmidt! Não acreditei quando ela disse aquele nome! Isso é impossível. Minha avaliadora é a irmã louca de Marcos? Como pode? E ele nem mencionou o fato de ter uma irmã na Academia de Londres? Sabe, não seria ruim ele ter citado esse fato.

- Biara Schmidt. – Repeti fechando os olhos. – Esse é meu nome. Você irá me avaliar.

Pisquei mais uma vez, vendo-a abrir um sorriso medonho, de assustar.

- Não pense que sou boba nas minhas avaliações, Biara Schmidt. – Murmurou deixando a alegria transparecer a face.

Postado por: Grasiele

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