sábado, 21 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 10 - Esclarecimento

(Contado pela Kate)

      Como eu havia dormido fora, acabei ficando sem a chave do apartamento. Tive que tocar a campainha, e quem abriu foi a Brenda. Assim que entrei na sala, o Brian veio correndo pra me abraçar. Me abaixei para poder ficar mais ou menos da sua altura, e o abracei.

           - Você disse que voltaria ontem. – disse ele, após me soltar.
           - Desculpa. – respondei, e me levantei. – Mas estou aqui, não é?
           - Dormiu fora? – pergunta a senhora C.
           - A festa acabou um pouco tarde ontem, e não seria legal eu chegar tocando a campainha daqui naquele horário, e acordando as pessoas. – respondi.
           - O Brian demorou pra dormir. – diz Brenda.
           - Por quê? – perguntei.
           - Ele queria esperar acordado até que você chegasse. – diz a senhora C. – Mas como você demorou tanto, ele acabou pegando no sono.

      Tá, eu confesso que fiquei surpresa ao ouvir aquilo. A cada dia que passa me surpreendo ainda mais com as coisas que o Brian faz.

           - É melhor você levá-lo para tomar banho, porque ele precisa ir pro colégio em uma hora. – diz a senhora C.

      Segurei na mão do pequeno, e o levei pro banheiro. Lhe dei seu banho, coloquei sua roupa. Penteei o cabelo dele, e depois fomos pra cozinha. Pela primeira vez, vi o senhor C ali sentado almoçando com a esposa e o filho. Brian comeu direitinho, escovou os dentes, me entregou sua mochila e saímos de casa.

      Assim que fechei a porta atrás de mim, me deparei com a porta em frente. Sabia que uma hora ou outra, eu teria de bater ali para pedir minha calcinha de volta. Nem morta que eu deixaria a coitadinha nas mãos daquele pervertido. Vai que ele inventa de fazer algum tipo de macumba com ela?!

      Para não correr o risco de o Brian chegar atrasado ao colégio, e a senhora C vir encher o meu saco sobre o assunto, resolvi levá-lo primeiro e depois passaria na casa do Bill.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Bill estava deitado no sofá da sala, assistindo televisão e comendo sanduíche, quando seu irmão aparece e se senta num outro sofá.

           - Que dia irá entregar a calcinha pra sua amiga? – pergunta Tom.
           - Não sei. – responde Bill, após dar mais uma mordida no lanche.
           - Se quiser, posso fazer isso por você.
           - Não, obrigado. Mas isso quem tem que resolver sou eu.
           - Tudo bem.

      A campainha tocou. Com preguiça de se levantar para ir atender, pediu ao irmão que fosse em seu lugar. Tom ficou com um pouco de raiva, mas ainda assim foi.

           - Ô Bill, é pra você. – diz Tom, em seguida vai pro quarto.

      Bill se levantou e foi até a porta.

           - Veio aqui pra me chamar mais uma vez de pervertido? – pergunta ele.
           - Não. Vim pra pegar a minha calcinha. – responde ela, séria.
           - Entre. – ele lhe dá espaço para entrar.
           - É melhor não. – ela dá um passo para trás. – Não quero correr o risco de ser atacada por você.
           - E porque eu faria isso?
           - Sei lá. Você é maluco!
           - Tem certeza que quer receber uma calcinha, parada ai na porta? Alguém pode ver.

      Ela pensa um pouco, e finalmente entra.

           - Fique a vontade, que irei buscar sua...
           - Já entendi. Agora vá logo!

      Ele foi até o quarto, abriu a segunda gaveta de sua escrivaninha e pega a calcinha. Retorna a sala, e encontra a Kate sentada no sofá. Bill se aproxima.

           - Aqui está. – ele estica o braço para entregá-la, e Kate arranca a calcinha da mão dele.
           - Obrigada. – ela se levanta e caminha em direção a porta. Antes de abrir a mesma, pára e vira-se para ele. – Poderia... Poderia me contar como tudo aconteceu?
           - Tudo?
           - Menos a parte que eu já sei.
           - Ok. Mas é melhor se sentar.

      Os dois se sentam em lugares diferentes, e logo Bill começa a contar como as coisas aconteceram.

(Flashback)

           - Vem, vamos dançar! – ela o puxa pela mão, e os dois entram no salão.
           - Mas eu não sei dançar. – diz Bill, tentando se livrar.
           - Eu te ensino. – coloca os braços em volta do pescoço dele.

      Começaram a dançar, e permaneceram assim por alguns poucos minutos. Um garçom passou por ali, carregando uma bandeja com vários tipos de bebidas, e entre eles estavam os famosos champanhe e uísque. Imediatamente Kate parou o garçom, pegou uma das taças, e bebeu tudo em apenas um gole. Isso se repetiu inúmeras vezes, até que ela largou o Bill no meio da pista e foi até o bar. Se “deitou” em cima do balcão, e chamou aquele barman bonitão.

           - Manda uma vodka ai pra mim, gatinho. – sorriu, piscou pra ele e se sentou.
           - É pra já, princesa. – ele sorri.

      Bill se aproxima do local, e se senta ao lado dela. O barman coloca o copo de vodka em cima do balcão, e ela bebe tudo de uma vez.

           - Manda mais uma! – diz Kate.
           - Não! – Bill se intromete. – Acho que já passou da hora de você parar de beber.
           - Você tá falando igual a minha mãe! – se levantou, e começou a caminhar novamente em direção ao jardim do clube.
           - Em menos de dez minutos você bebeu mais de dez taças. – ele a acompanhava. – Fora os coquetéis que você deve ter tomado. – ela parou de vez, e se virou para ele.
           - Eu... Eu... – ela nem conseguia falar. – Eu não tomei nada! – se virou e continuou andando.

      Assim que chegaram ao jardim, a Kate tropeçou, e se não fosse pelo Bill ali ao seu lado, ela teria caído.

           - Você nem consegue se sustentar em pé! – disse ele, segurando-a. – Vem, vamos sentar ali.

      Ele se sentou no banco, e tentou de todas as maneiras convencê-la a se sentar também. Mas ela preferiu ficar sentada na grama.

           - Você está bêbada, e precisa de ajuda. – disse Bill.
           - Quem disse? – soluçou. – Ih, eu acho que estou começando a ficar mesmo.
           - Começando? – ele ri.
           - É impressão minha, ou você está com duas cabeças?
           - Viu só?! Já está até vendo tudo em dobro!

      Ela fecha os olhos, e os abre em seguida.

           - Bruno, eu não to bêbada. – diz ela.
           - É Bill! – ele a corrige.
           - Bia? – pergunta incrédula, e começa a rir feito louca.
           - Você não pode ter vindo sozinha. Quem está te acompanhando?
           - Laura. – ela deita a cabeça no colo de Bill.
           - E pelo menos sabe onde ela está?
           - Transando com alguma vadia! – ela fez uma pausa. – De que fruta você gosta?
           - Como assim?
           - Adoro banana. E você?
           - Não acredito que estamos falando sobre frutas.
           - E sobre o quê quer falar? Ah, já sei! – olha pra ele. – Você quer ficar comigo, não quer?
           - Já começou a delirar.

      Kate se levanta. Com medo de que ela pudesse cair, Bill também se levanta e fica próximo a ela, esperando qualquer tipo de coisa.

           - Posso te contar uma coisa? – diz ela.
           - Pode.
           - Então chegue mais perto.

      Bill se aproximou.

           - Mais perto! – ela quase gritou, e ele se aproximou mais. – Mais perto.
           - Mais perto que isso, só se fossemos apenas um.
           - Essa é a intenção. – ela passou seus braços em volta do pescoço dele, e lhe deu um beijo.

      Após o beijo, os dois ficaram calados por alguns instantes. Bill disse que a levaria pra casa em segurança, e foi isso que fez. Eles pegaram um táxi, já que Tom resolveu ficar com o carro. Chegaram ao condomínio, e ele fora surpreendido mais uma vez por um beijo dela. As coisas foram se aquecendo, até que foram parar dentro do apartamento dele. E o resto da história, vocês já sabem.

(/Flashback)

      Bill terminou de contar como tudo aconteceu, e a Kate estava chocada consigo mesma.

           - Meu Deus – disse ela. -, sou praticamente uma pririguete!
           - Ah, também não precisa exagerar. – disse Bill.
           - Como é que tive coragem de fazer isso? Acho que nem a Laura teria cara de pau suficiente pra agir assim.

      O silêncio tomou conta.

           - Podemos fingir que isso nunca aconteceu. – diz Bill, finalmente.
           - Tá falando sério?
           - Se você preferir...
           - Acho que seria o melhor a fazer. – ela olha pro seu relógio de pulso. – Bem, já está na minha hora. – se levanta. – E me desculpe por qualquer coisa.
           - Sem problemas.

      Ele a acompanha até a porta.

           - Desculpa. – diz ela.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 9 - Ainda bem que a Laura existe

(Contado pela Kate)

           - Cara, é melhor cobrir isso com alguma coisa. – disse Tom, apontando.

      Bill pegou o travesseiro que estava ao seu lado e o colocou sobre suas partes intimas. Depois olhou pra mim, que estava caída no chão, enrolada num lençol branco, e com cara de quem não acreditava que aquilo era mesmo verdade. Não sabia onde enfiar minha cara, que eu aposto que estava mais vermelha do que um pimentão. Mas minha vontade era de cavar um buraco e me enfiar inteirinha dentro dele, e nunca mais sair. Como é que isso foi acontecer?! Não me lembrava de quase nada que havia acontecido na noite anterior. Nunca mais beberei tantos coquetéis. E acho que aquele barman estava colocando alguma droga dentro deles.

           - Dá pra sair do quarto e fechar a porta?! – Bill quase gritou.
           - Já tô indo. – responde Tom dando um meio sorriso e fechando a porta atrás de si.

      Continuei ali no chão. Bill se levantou, colocou sua cueca, em seguida sua calça. Deu a volta na cama, e se sentou na ponta da mesma.

           - Você está bem? – pergunta ele, calmo.

      Demorei um pouco para responder. Minha ficha ainda não havia caído.

           - Então... nós dois... – as palavras pareciam não querer sair.
           - Estávamos completamente pelados, você acha que não rolou nada?
           - Meu Deus! – coloquei as mãos no rosto, como numa forma de me esconder. – Isso não poderia ter acontecido! – olhei pra ele.
           - Mas aconteceu.
           - E você fala nessa calma toda? – peguei um dos travesseiros que estavam caídos no chão, e arremessei contra o Bill.
           - E como queria que eu falasse?
           - Isso é culpa sua! – me levantei.
           - O quê? – ele se levantou.
           - Eu estava bêbada e você se aproveitou da situação!
           - Claro que não! E você nem estava tão bêbada assim.
           - Seu aproveitador! Deveria te denunciar por isso!
           - Você é maluca? As coisas simplesmente aconteceram. Não dá pra voltar no tempo!
           - “Simplesmente aconteceram”? Seu animal!
           - Garota, você é doida!
           - Após ter dormido com você, com certeza sou louca mesmo! – mais uma vez coloquei uma das mãos no rosto. – Não dá pra acreditar nisso! É... é loucura demais.

      Ficamos calados por algum tempo.

           - Poderia... se virar para que eu possa me vestir? – perguntei.
           - Está com vergonha do quê, se eu já vi tudo?
           - Pervertido! – ia lhe dar um tapa no rosto, mas ele segurou minha mão, e me puxou para perto. – Dá pra me soltar e se afastar de mim?
           - Claro! – mas continuou perto.
           - Ô garoto, se afasta! – lhe empurrei de leve. – E fique de costas agora!

      Ele se virou. Aproveitei aquele momento, e coloquei minha roupa o mais rápido possivel. Me lembrei que havia prometido ao Brian que chegaria naquela noite, e quebrei a promessa. Depois de já estar vestida, ajeitei o cabelo rapidinho, e sai do quarto dele. Passei pela sala, e seu irmão estava esparramado no sofá, assistindo televisão. Fui direto pra saída, e ao invés de ir pra casa, resolvi ir encontrar a Laura. Eu tinha que contar pra ela o que havia acontecido.

–--
(Contado pelo Bill)

      A Kate se vestiu rapidamente e foi embora sem nem ao menos se despedir. Poderia até ter dito que gostou da noite anterior. Não me aproveitei dela, e nem sabia que estava bêbada - mentira. Ela conversava tão normalmente, que era praticamente impossível distinguir se havia bebido doses a mais de alguma coisa. Se não fosse por seu hálito, eu nem teria desconfiado. Mas não foi culpa minha. Sou inocente nessa história.

      Caminhei até o guarda-roupas, e peguei a primeira blusa que encontrei. Me vesti, e olhei em volta. O quarto não estava tão bagunçado. Mas as coisas que estavam em cima da escrivaninha, agora se encontravam no chão. A cama estava completamente desarrumada. Me bateu uma preguiça só de pensar em arrumar tudo aquilo. Não tive outra solução a não ser arrumar tudo.

      Abaixei-me para pegar alguns dos livros, e debaixo de um deles lá estava ela; a calcinha da Kate. A peguei.

           - Como é que alguém se esquece de por a própria calcinha? – perguntei a mim mesmo.

      Nesse instante o Tom entra no quarto.

           - O que é isso? – pergunta Tom, se aproximando.
           - Uma calcinha. – me virei para ele. - Ou vai me dizer que já não sabe mais o que é?
           - Bem que desconfiei.
           - Desconfiou de quê?
           - Eu sabia que você gostava de usar esse tipo de coisa.

      Ah, fala sério? Ele achou mesmo que aquele fio dental era meu?

           - Como você é idiota! – lhe fuzilei com o olhar.
           - Então essa é a calcinha da Kate? – ele se senta na cama.
           - E de quem mais poderia ser? – me sentei na escrivaninha, e coloquei a calcinha do lado.
           - Sei lá. Vai que ela é sua.

      Para azar do Tom, um livro tinha ficado na escrivaninha. O peguei e arremessei contra ele, que conseguiu desviar e começou a rir.

           - Calma. – disse ele. – Era brincadeira.
           - Abre a boca pra falar essas idiotices de novo, e garanto que da próxima vez não errarei na mira.
           - Foi mal. – diz ele, sorrindo. – Mas me diz uma coisa. Ela é cheirosa?
           - Sim. O perfume dela é bem agradável. Sem falar na pele macia e delicada.
           - Eu tô falando da calcinha.

      Fiz cara de nojo.

           - Seu nojento! – disse. – Você fica cheirando as calcinhas das garotas com quem transa?
           - E porque não? – ele falou na maior naturalidade, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
           - Que nojo! – fiz aquela cara novamente.
           - Nojo por quê? Você enfia sua língua no lugar que fica escondido pela calcinha!
           - Quem disse?
           - Vai dizer que nunca brincou com alguém desse jeito?

      Vamos mudar de assunto, e continuar arrumando o quarto? Me levantei da escrivaninha, peguei a calcinha e guardei na gaveta.

           - Preciso terminar de arrumar o quarto. Se não vai ajudar, então pode cair fora!

      Tom começou a rir. Se levantou e saiu do quarto.

–--
(Contado pela Kate)

      Eu tocava desesperadamente a campainha do apartamento da Laura. A porta foi aberta, e ela estava com uma camisola de seda rosa. Entrei rapidamente, e me sentei no sofá.

           - O que foi? – pergunta ela, se sentado na poltrona.
           - Preciso daquele travesseiro macio, e um copo gigantesco de água bem gelada!

      Ela ficou me olhando sem entender nada.

           - Agora! – quase gritei.

      A Laura se levantou e foi correndo até o quarto. Voltou segundos depois, e me entregou o travesseiro. Foi até a cozinha e me trouxe um copo enorme com água gelada. Abracei o travesseiro, e comecei a tomar a água. Ela se sentou novamente na poltrona.

           - Pelo visto a coisa foi séria, não é? – disse ela.
           - Muito séria! – respondi.
           - Pode me contar o que aconteceu? – ela me encarava. Parei de beber a água.
           - Onde você se meteu a noite inteira?! – perguntei com um pouco de raiva.
           - Estava me divertindo com uma pessoa. – responde sorrindo.
           - Por sua culpa eu fiz uma burrice!
           - Ai meu Deus! O que você fez? – ela parecia preocupada. – Não matou alguém, não é?
           - Claro que não!
           - Então...?
           - Transei com meu visinho.

      Ela ficou completamente muda. Voltei a beber um pouco da água, que estava tão gelada que fazia meus dentes doerem. Laura depois soltou uma gargalhada.

           - E onde eu entro nessa história? – ela se levanta e se senta ao meu lado.
           - Se não tivesse me deixado sozinha, eu não teria bebido tanto, e não teria saído do clube com aquele pervertido! – ela riu ainda mais. – Tá rindo do quê? Isso é sério!
           - Não venha me culpar pelos seus atos.
           - E o pior é que não me lembro de como fui parar na casa dele.
           - Sei.
           - Na verdade... Só me lembro de estarmos transando em cima da escrivaninha dele.
           - Na escrivaninha?! – pergunta incrédula.
           - Porque o espanto? Você já transou em cima da pia da cozinha. – rimos.

      Eu estava me sentindo mal por ter dormido com uma pessoa, que até onde eu sabia, me odiava e estava me ameaçando. Coloquei o copo em cima da mesinha de centro, me deitei no colo dela, e continuei abraçada ao travesseiro. Laura começou a acariciar meus cabelos de uma maneira que só ela sabia.

           - O quê eu faço? – pergunto.
           - Precisa tomar um banho antes de ir pra casa, se não quiser chegar com essa cara de quem acabou de chegar de uma balada. – diz ela. – Vá pro banheiro, que escolherei uma roupa pra você.
           - Obrigada. – me levantei e fui pro banheiro.  

      Deixei a porta do banheiro meio aberta. Tirei meu vestido, e foi ai que notei que estava sem calcinha. Gritei, e a Laura veio correndo.

           - O que foi? – pergunta ela, abrindo a porta.
           - Estou sem calcinha!
           - Amiga, é normal as pessoas tirarem a calcinha pra tomar banho.

      Ela deve ter pensado que eu estava ficando doida.

           - Quero dizer que esqueci minha calcinha na casa dele!
           - Como alguém sai sem calcinha e não percebe?
           - Saí tão rápido, que devo ter esquecido. – ela começou a rir descontroladamente.

      A Laura saiu do banheiro, e pude tomar meu banho. Uns vinte minutos depois sai enrolada numa toalha rosa. Ela estava sentada em sua cama, e havia algumas roupas em cima da mesma.

           - Comprei essa lingerie há dois dias, e ainda não usei. – disse ela, mostrando as peças.
           - Ainda bem, porque eu não usaria uma calcinha sua mesmo sabendo que você é super higiênica. Mas é por questão de... Ah, você sabe, não é? É por questão de... sei lá, intimidade.
           - sei sim. – ela sorriu. – E isso é bom. Porque eu também não usaria uma calcinha sua.
           - Mas enfim, muito obrigada.
           - É pra isso que servem as amigas.

      Fui novamente pro banheiro, e coloquei a lingerie.

           - Essa é a primeira vez que compra uma lingerie tão romântica, não é? Porque suas roupas intimas são praticamente todas de oncinha, e sexy demais. – sai do banheiro.
           - Nossa! – disse ela, um pouco “surpresa”. – Não imaginava que ficaria tão sexy com isso. – sorriu maliciosamente.
           - Sou sexy de qualquer maneira, gata! – fiz uma pose, e rimos.
           - Mas devo confessar que prefiro você sem ela.
           - Já vai começar? Você sabe muito bem como sou!
           - Ah, qual é? – se levantou e se aproximou. – Vai dizer que não sente saudades dos velhos tempos?
           - Ainda bem que você sabe que aquilo é “velhos tempos”. – me afastei. – O que rolou, foi por pura diversão.
           - Mas eu gostei. – se aproximou de novo.
           - Foram só uns amassos, e nada demais.
           - Amassos que poderiam ter ido muito mais além, se você não tivesse interrompido.
           - Eu tinha namorado!
           - E agora está livre e desimpedida pra fazer qualquer coisa! – com uma das mãos, acariciou meu braço, me fazendo arrepiar.
           - Laura...

      Antes que pudesse dizer qualquer coisa, fui surpreendida por um beijo. Sim, a Laura é lésbica, e eu sempre soube disso e nunca me importei. E acho que nem deveria me importar, já que somos amigas. Já ficamos uma vez, mas nada que pudesse se tornar sério. Como disse, era apenas diversão, e curiosidade da minha parte. Eu queria saber como era beijar uma garota, e descobri que não fazia tanta diferença de estar beijando um garoto.

      Mas pelo visto a Laura levou bem mais a sério do que eu. Os lábios dela eram macios, e ela tinha um piercing na língua. Sua cara de tarada não enganava ninguém, e muito menos a mim, que a conheço há tanto tempo. De inicio o beijo era delicado e um tanto vagaroso. A intensidade foi aumentando, e seus braços enlaçaram minha cintura, colando meu corpo no seu. Uma de suas mãos começou a passear pelo meu corpo, com carinho. E cada toque, eu me arrepiava. Devo confessar que a Laura mexia comigo. Mas até onde eu sabia, gosto de garotos. Pelo menos acho que gosto deles.

           - Pára! – a afastei. – Não podemos fazer isso.
           - Porque não?
           - Porque somos amigas!
           - E desde quando isso impede alguma coisa?
           - Preciso ir pra casa. O Brian deve estar me esperando.
           - Tudo bem. Mas fique sabendo que não desistirei tão fácil.

      Pra minha sorte, a Laura usa o mesmo tamanho de roupa e sapatos que eu. Então me vesti com o que ela havia separado pra mim, e quando já estava saindo, ela me segurou pelo braço, me fazendo virar. Deu-me um selinho. Fiquei um pouco sem graça e fui embora. Na rua, peguei um táxi. Passei o percurso inteiro só pensando nas últimas coisas que eu havia feito.

(Roupa da Kate: http://www.polyvore.com/kate/set?id=23320766)


Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 8 - Festa - Parte II

(Contado pela Kate)

      Já estava ficando cansada, quando avistei algumas pessoas de longe... Como eu havia bebido tantos coquetéis, comecei a pensar que estava tendo algum tipo de alucinação, e vendo as coisas tudo em dobro. Confesso que pensei em gritar de medo, mas me controlei, pois estava numa festa sofisticada demais para pagar um mico. E pra não deixar qualquer dúvida em minha mente, me deitei um pouco sobre o balcão do barzinho, chamei o barman, e quase sussurrei:

           - Por favor, seja o mais discreto possivel e me responda uma coisa. – disse.

      O descarado sorriu maliciosamente. Deve ter pensado que eu queria alguma coisa com ele. O que não seria uma má idéia, já que o rapaz é bonito e tinha um corpo escultural. Mas cortei seu barato.

           - Ali são duas pessoas, ou estou bêbada? – perguntei, e apontei discretamente.
           - A senhorita não está bêbada. – ele sorriu. - São mesmo duas pessoas.

      Suspirei aliviada, e me sentei novamente no banco. Ajeitei meu vestido, e continuei bebendo, como se nada tivesse acontecido, e como se eu não tivesse nem reparado aquela presença.

–--
(Contado pelo Bill)

      Foi só o tempo de atravessarmos a porta para eu conseguir avistar aquela pessoa “inconveniente”. Fiquei paralisado, vendo-a de costas. Quando ela se inclinou no balcão do bar, o Tom quase teve um ataque cardíaco.

           - Uau! – disse ele, sem desviar seu olhar do bumbum dela. – Essa garota sabe ser gostosa.
           - Ela é a babá do Brian. – respondi.
           - Está brincando?! – olhou pra mim, incrédulo. – Porque não disse que ela era desse jeito?
           - Pensei que já tivesse visto. E ela nem é tão gostosa assim.
           - Está doente? – colocou as costas de sua mão em minha testa. A mesma foi retirada com um tapa que lhe dei.

      Comecei a caminhar e acabei encontrando o tão famoso e homenageado da noite; James. Conversamos um pouco sobre seu mais novo projeto. Num momento de distração, notei que o Tom já estava lá no barzinho, ao lado da Kate, e lhe jogando seu charme. Tive que rir daquilo. Ele realmente não perde tempo.

–--
(Contado pela Kate)

           - Posso me sentar aqui? – pergunta a cópia “perfeita” do Bill, com um sorriso nos lábios.

      Não respondi nada, e mesmo assim ele se sentou. Pediu uma bebida, e pagou mais um coquetel pra mim. Já tô até vendo que sairei desse lugar sendo carregada por alguém.

           - Desculpa... Mas que horas são? – pergunta ele.
           - Não faço idéia. – respondi. – Mas não faz nem cinco minutos que chegou.
           - É que meu mundo parou quando te vi.

      Isso foi uma cantada? Não teve a menor graça.

           - Sou Tom Kaulitz. – diz ele.
           - Desculpa, mas perguntei o seu nome?
           - Opa! – ele riu. – Vejo que a gatinha deve estar estressada.
           - E ainda aparece um imbecil pra piorar ainda mais as coisas.
           - Você é afiada, hein?
           - Continue sentado ai, e verá muito mais.
           - É exatamente isso que quero. – sorriu maliciosamente. – Ver muito mais.
           - Não tem vergonha não? Vir aqui na maior cara de pau, e passar essas cantadas baratas?
           - Infelizmente não tenho vergonha.
           - Aposto que deve ter o tamanho de um grão de arroz.
           - Aposto que é bem maior. MUITO maior.

      Sim, ele fez questão de por ênfase no “muito”.

           - Quer experimentar? – pergunta ele.

      Aquilo foi o cúmulo. Peguei o copo com o coquetel, e derramei nele. Algumas pessoas que estavam ali por perto, riram.

           - Agora ele não deve mais nem existir. – disse, e me retirei.

–--
(Contado pelo Bill)

      Vi algumas pessoas dando gargalhadas, e me aproximei para ver. O Tom estava com sua roupa toda suja de coquetel de frutas. Não me segurei, e também ri. Ele me fuzilou com os olhos, e o riso desapareceu no mesmo instante.

           - O que houve? – perguntei, me segurando para não ri.
           - Aquela babá do Brian é muito grossa! – disse ele, tentando limpar sua roupa com um guardanapo. – Eu não fiz nada, e ela fez isso comigo.
           - Um-hum. Acredito.

      A Kate pode até ser grossa. Mas não acho que ela faria algo sem ter um bom motivo. Deixei o Tom terminando de se limpar, e fui dar uma volta. O lugar estava começando a ficar abafado. Não me senti muito bem, e fui até o jardim do clube. Fiquei lá por algum tempo, respirando o ar puro.

           - Seu irmão é bem diferente de você. – me virei para olhá-la.
           - Acha mesmo?
           - Pelo menos você não diz cantadas horríveis, e muito menos dá em cima de mim.
           - Nisso você tem razão. – rimos. – Então esses foram os motivos pra você jogar bebida nele?
           - Sim.

      Ficamos calados por algum tempo. Ela parecia estar sem graça, e eu não sabia o que dizer.

           - Desculpa por ter dito aquelas coisas. – coloquei as mãos no bolso da calça. – É que fiquei preocupado com o Brian.
           - Está tudo bem. – disse ela, cruzando os braços. – Mas apesar dele aprontar todas pra cima de mim, também me preocupo.
           - Eu sei. Mas me desculpe.

      Novamente o silêncio tomou conta. O que as pessoas deveriam fazer numa situação dessas? Como eu não sabia, falei a primeira coisa que me veio na mente.

           - Você está linda.

      E isso não foi apenas um elogio. A Kate estava mesmo linda com aquele vestido. Ainda não havia reparado nas suas curvas, já que vivia usando calça jeans e blusas folgadas. Mas essa roupa realmente lhe favoreceu. E mesmo estando meio escuro, notei que suas bochechas coraram. Ela desviou seu olhar, com timidez. Seus braços foram descruzados, e ela passou uma das mãos em seu pescoço.

           - Obrigada por me deixar sem graça. – disse ela, dando um sorriso tímido.

      Aquela foi a primeira vez que notei seu sorriso.

xxx

      A porta do quarto foi aberta bruscamente, entramos abraçados e nos beijando vorazmente. Fechei a mesma com o pé. Com um pouco de dificuldade, tirei meus sapatos. Kate arrancou minha blusa, em seguida a minha calça. Com delicadeza, desci o zíper de seu vestido, que ficou caído ali mesmo no chão. A direcionava para a cama, quando...

           - Na cama não! – disse ela.
           - Por quê?
           - Ela está tão arrumadinha. Não vamos bagunçá-la. – olhei pra cama.
           - Então onde faremos? – ela olhou em volta.
           - Ali na escrivaninha.

      Mudamos o percurso, e fomos até lá. Com cuidado, a peguei pela cintura, e coloquei sentada na escrivaninha. Desabotoei seu sutiã, e contemplei seus seios fartos. Continuamos nos beijando, enquanto isso, ela tentava tirar minha cueca. Mas como estava sentada, as coisas ficaram um pouco mais difíceis. Interrompi o beijo, e eu mesmo tratei de tirar a cueca e jogar em algum lugar. Ela olhou diretamente para meu membro.

           - Pelo menos não é um grão de arroz. – disse ela, me puxou para perto, e me beijou.

      Não entendi o que ela quis dizer com aquilo, e também não estava interessado em entender. Nossos beijos ficavam cada vez mais quentes. Tirei sua calcinha com cuidado. E acho que ela nem percebeu direito quando fiz isso. Eu estava pronto para penetrá-la, e já não estava conseguindo mais me segurar. Suas pernas entrelaçaram minha cintura, e achei que aquele seria um bom momento. Mas antes, abri a gaveta e peguei um preservativo. O coloquei cuidadosamente, e voltei a beijá-la. Direcionei meu membro até sua intimidade, e no mesmo instante em que a penetrei, pude ouvir:

           - Ai, meu Deus! – ela quase gritou.
           - O que foi? – perguntei, preocupado. – Te machuquei?
           - Não. – responde. – É que eu não acredito que estou fazendo isso justamente com você.
           - Nem eu.
           - Então vamos esquecer tudo, e continue fazendo isso!

      Fui acelerando o ritmo, e à medida que isso ia acontecendo, ela gemia baixinho, tentando se controlar. Estava me levando a loucura. Beijei seu pescoço, em seguida seus lábios. Aquilo estava tão bom, que minha respiração foi ficando ofegante, comecei a suar. Chegamos ao ápice no mesmo instante, e ela colou em mim num abraço apertado. Sua respiração, agora ofegante, em meu ouvido, ainda me deixava excitado.

      Kate se afastou um pouco, me olhou, e sorriu delicadamente. Não consegui resistir, e lhe dei um selinho demorado. Continuamos abraçados por algum tempo.

      Na manhã seguinte...

      A Kate estava com sua cabeça apoiada no braço, e virada para mim. Eu havia acabado de acordar. Olhei no relógio; 8h15. Instantes depois a porta foi aberta quase que bruscamente, pelo Tom. Com o susto, a Kate gritou, caiu da cama, e carregou consigo o lençol que nos cobria.

           - Cara, é melhor cobrir isso com alguma coisa. – disse Tom, apontando.

      Peguei o travesseiro e coloquei em cima. Minha segunda reação foi olhar para a Kate que continuava caída no chão.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 7 - Festa - Parte I

Jeans apertados, peitos enormes me fazem (assovio)
Todas as pessoas na rua sabem (assovio)
Cheia de jóias, brilho as crianças fazem (assovio)
Todas as pessoas na rua sabem (assovio)

Capitulo VII
(Contado pela Kate)

      Cheguei em casa furiosa, mas tentando não demonstrar isso a absolutamente ninguém. Nem mesmo o pequeno Brian, que me fez passar por tanta coisa. Assim que chegamos, o levei diretamente até o banheiro para que pudesse tomar um banho antes de comer algo. Ele estava com tanto sono, que acabou dormindo, e nem ao menos se alimentou. Fiquei um pouco preocupada, e quando fui acordá-lo, levei comigo uma bandeja com alguns lanchinhos.

      Abri a porta do quarto, coloquei a bandeja em cima da escrivaninha, desliguei o abajur, abri as cortinas, e me aproximei da cama. O chacoalhei devagar, para não assustá-lo, ele acordou numa boa, e se sentou. Peguei a bandeja, e coloquei sobre a cama, e disse que ele só sairia dali após comer tudo.

           - Mas não estou com fome! – disse ele, cruzando os braços e fazendo biquinho.
           - Não pode ficar sem comer. – disse, pegando o copo de suco. – Se a sua mãe descobre que não está se alimentando, é bem capaz de chamar um médico. E você não quer ficar no hospital, não é?
           - Não.
           - Então beba o suco, e coma alguma coisa. – lhe entreguei o copo.

      Permaneci ali no quarto para ter certeza de que ele comeria. Depois que ele terminou, o ajudei a se vestir, e fomos pra sala. Sua mãe estava lendo uma revista, e quase não lhe deu muita atenção. Liguei a televisão, e coloquei num canal que só passava desenhos. Por mais incrível que pareça, o Brian havia ficado quieto, concentrado na programação. Me sentei ao seu lado.

      A campainha toca, e a Brenda aparece para atender.

           - Olá, Brenda. – diz Bill. – A senhorita O’Connell está?

      Ao ouvir aquela voz, e ele perguntando pela senhora C, imaginei que ele fosse me entregar. Pronto, é hoje que perco meu emprego! Pensei. Minhas mãos começaram a suar, meu coração acelerou, minhas pernas tremiam feito vara verde, e eu não sabia o que fazer. Na verdade, não havia nada que pudesse ser feito naquele momento. Só me restava esperar para ser posta para fora.

      Bill se aproximou, e a senhora C logo colocou sua revista em cima da mesinha de centro, e se levantou para ir cumprimentá-lo. A me ver sentada ali, ele desfez o sorriso que estava estampado em seus lábios, e uma expressão de “Eu disse que viria aqui, não disse?”, surgiu em seu rosto. Foi ai que o medo tomou conta de mim. O Brian se levantou e correu para abraçá-lo.

           - Sente-se. – disse senhora C, apontando para o sofá.
           - Obrigado. – diz ele, se sentando.
           - A quê devo a honra de sua visita? – pergunta ela.
           - Vim aqui pra... – ele olhou pra mim, e desviei o olhar. – Vim para visitar o Brian.

      O quê? Mas pensei que tivesse aparecido só pra me entregar! Não consegui me segurar, e olhei pra ele. Brian estava sentado em seu colo, e parecia estar brincando com as mãos dele. A senhora C conversou com o Bill por algum tempo, e depois se retirou.

           - Preciso resolver algumas coisas. – disse ela, se levantando e pegando sua bolsa. – Mas pode ficar a vontade. Pedirei para a Brenda servir um lanche.
           - Não, muito obrigado. – diz ele. – Não precisa se preocupar comigo.

      A senhora C saiu de casa, deixando apenas nós três na sala. O silêncio havia tomado conta, e fiquei sem graça. Não sabia o que dizer. Me levantei do sofá, e quando estava a caminho do meu quarto, senti alguém me segurar pelo braço, me fazendo virar.

           - Só não te entreguei, porque fiquei com pena do Brian. – disse Bill, me encarando. – Mas se vacilar de novo, não hesitarei em dizer alguma coisa.
           - Isso é uma ameaça?
           - Entenda como quiser.
           - Se tivesse tanta pena dele, teria contado tudo! – me desvencilhei.
           - Se quiser, posso passar aqui depois e dizer a ela.

      Que garoto mais idiota!

           - O que você quer, hein? – perguntei.
           - Quero apenas que cuide do Brian!
           - E quem é você pra ficar exigindo que eu faça as coisas? Por acaso é algum parente próximo dele? – cruzei os braços.
           - Não. Mas já vi esse garoto sofrer, e não quero que ele passe por mais decepções. Ele é apenas uma criança.
           - Se você quer saber, aquele dia no parque, eu quase me matei de tanta preocupação sem saber onde ele estava. – descruzei os braços, e olhei para os lados. - E não foi culpa minha ele ter desaparecido!
           - Da próxima vez, tenha mais cuidado.
           - Você fala como se eu fosse a mãe dele. Mas eu não sou! Eu... eu sou apenas uma babá!
           - Estão te pagando para cuidar dele, então é sua obrigação fazer com que ele fique bem.
           - Quer saber, eu nem sou babá de verdade! – confessei, e ele me olhou incrédulo. – Também não tomei conta da filha do Tom Cruise, e não fazia idéia do quanto cuidar de crianças era difícil!
           - Esperai, está querendo dizer que mentiu para conseguir o emprego?
           - É isso ai! Eu havia sido despedida do meu emprego, e despejada da minha casa. Não tinha onde cair morta, e essa foi a única solução que encontrei pra não ter que morar de favor na casa da minha melhor amiga!

      Ficamos calados por algum tempo, até que o Brian surge.

           - Kate, eu quero ir ao banheiro. – diz ele, se aproximando de mim.
           - Vem. – segurei em sua mão e o levei até o banheiro.

      Provavelmente o Bill deve ter ficado parado tentando entender tudo aquilo que eu acabara de dizer. Só sei que quando sai do banheiro, ele já não estava mais no apartamento.

      Mais tarde, quando a senhora C chegou, recebi a ótima noticia de que eu teria aquela noite de folga. Fiquei tão feliz, que lhe dei um abraço. Ela se assustou com a minha reação, e pedi desculpas. Corri pro quarto, fechei a porta, peguei meu celular que estava em cima da mesinha de cabeceira, me sentei na cama, e liguei para a Laura.

           - Está livre essa noite? – pergunto.
           - Sim.
           - Então é melhor colocar uma boa roupa, pois iremos sair para nos divertir muito! – me deitei na cama.
           - Tá falando sério? – ela parecia estar feliz.
           - Um-hum.
           - Ainda bem que você está de folga. Vai haver uma festa em homenagem a um produtor musical, naquele clube chique que tanto queríamos ir. Ganhei um convite, e posso levar mais uma pessoa. Topa?
           - Claro! – e como poderia recusar?
           - Ok. Passa aqui às 20h30?
           - Fechado.
           - Não precisa ir com roupas tão formais não, tá?
           - Melhor ainda.
           - Então nos encontraremos aqui em casa no horário marcado. Beijos.

      Quando o relógio marcou 18h40, decidi tomar meu banho. Pra não correr o risco de algum intruso entrar e me pegar como vim ao mundo, tranquei a porta. Vinte minutos depois, sai enrolada numa toalha branca, e com os cabelos presos num coque desarrumado. Abri o guarda-roupas para escolher alguma coisa, e aquela dúvida de sempre, bateu. Fiquei parada observando as peças por alguns minutos até que finalmente escolhi. Passei creme hidratante em meu corpo, e desodorante. Como meu cabelo é liso, achei melhor fazer algo que ficasse diferente. Fiz alguns cachos nas pontas do cabelo, deixando a raiz lisa. Caprichei um pouco mais na maquiagem, mas nada que pudesse ficar tão chamativo ou vulgar. Coloquei meu vestido, em seguida os sapatos. Finalmente eu poderia usar sapatos de salto, após passar tanto tempo afastada deles. Me coloquei em frente ao espelho para me olhar. Estava praticamente pronta, faltava apenas passar o perfume. Peguei o frasco, e me pus mais uma vez em frente ao espelho. Passei o perfume, o guardei, e sai do quarto.

(Roupa da Katehttp://www.polyvore.com/cgi/set?id=23246326)

      Cheguei a sala, e a Senhora C estava sentada no sofá, assistindo televisão ao lado do Brian. Foi a primeira vez que a vi daquele jeito. Quando ela me viu, pareceu estar surpreendida. Elogiou minha roupa, e disse que eu poderia voltar até na manhã seguinte, se eu quisesse. Mas lhe disse que eu estaria de volta naquela mesma noite. Chamei um táxi, e em poucos minutos o mesmo chegou. Me despedi do Brian, que me deu um abraço forte, e segui em direção a saída do apartamento.

      Entrei no táxi, e pedi ao taxista que me levasse ao endereço da casa da Laura. Devo ter chegado lá em pouco mais de dez minutos. E vou confessar que fiquei de boca aberta ao ver aquela garota toda arrumada. Ela estava linda com aquele vestido curto, que deixava suas curvas ainda mais acentuadas. Estava sexy e cheirosa. Só poderia ser mesmo a minha melhor amiga. Nos cumprimentamos com um abraço, e um beijo no rosto. Esperei até que ela terminasse de se arrumar, o que demorou uns quinze minutos. Após tudo estar pronto, fomos para o clube, no carro dela.

      Conversamos durante todo o percurso, e por fim chegamos. Aquele lugar era tão bonito, que nem parecia ser real. O guardador apareceu e desapareceu com o carro dela. Entramos, e a primeira pessoa que veio nos cumprimentar foi o homenageado da festa; um senhor alto, de aparência elegante, olhos azuis como o céu, cabelos um pouco grisalhos, usando smoking, e com um sorriso de arrancar suspiros. Além de estar muito cheiroso também. Ele nos tratou com tanta educação, que cheguei a pensar que já o conhecia há muito tempo.

      Em pouco tempo a Laura havia sumido por entre as pessoas. Acabei ficando sozinha, e vagando pelo clube. Caminhei um pouco por ali, e me sentei num dos bancos do barzinho do clube. O barman muito simpático veio me atender.

           - A senhorita deseja algo para beber? – pergunta ele, sorrindo.
           - Um coquetel de frutas, por favor. – disse, e retribui o sorriso.

      O coquetel foi preparado rapidamente. Enquanto eu bebia, ficava observando o pessoal dançar. Confesso que estava meio desanimada, mas é bem melhor estar aqui do que cuidando do Brian, que nessa hora já deve estar dormindo.

      As horas iam passando, e nada de divertido ou interessante acontecia. Acho até que estava começando a ficar com sono. Perdi as contas de quantos coquetéis tomeis. E a Laura ainda não apareceu. Onde será que ela se meteu hein? E porque me deixou aqui sozinha? Já estava ficando cansada, quando avistei algumas pessoas de longe...

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 6 - Ela nem é tão legal assim.

(Contado pela Kate)

           - Não, eu não disse isso. – tentei me livrar.
           - Disse sim. – Brian insistiu. – E isso não faz nem cinco minutos.

      O quê que eu faço agora? A senhora C estava me fuzilando com os olhos, pedindo uma justificativa para aquilo. Que vontade de sair correndo só pra não responder nada.

           - Pode me explicar essa história? – pergunta a senhora C, com os braços cruzados.
           - Claro. – respondi. – Bem, o Brian havia me perguntado o significado de “gay”, e lhe respondi que era uma pessoa inteligente, e mais alegre que o normal. E quando ele fez esse desenho, lhe disse que era inteligente.
           - E quando foi isso? – ela descruzou os braços.
           - Não me lembro muito bem. Mas não faz muito tempo.
           - Se ele perguntou o significado, é porque ouviu em algum lugar.
           - Ah, isso eu não faço idéia. – mentira.

      Só estava torcendo para que ele não abrisse a boca de novo, e contasse que eu chamei o príncipe da história de gay.

           - Me desculpa. – disse. – Tomarei mais cuidado ao falar sobre certas coisas na frente dele.
           - Acho bom mesmo. – disse ela, pegando as sacolas e indo pro quarto.

      Me sentei no sofá, e soltei um suspiro de alivio. Brian se deitou novamente no chão, e continuou a desenhar. Meu celular começa a tocar; era Laura.

           - Liguei pra saber se ainda está viva. – disse ela.
           - Graças a Deus, e ao meu esforço, continuo viva. – respondi.
           - E como vão as coisas ai?
           - Acho que piores a cada dia.
           - Sério?
           - Acredita que o garoto ligou pros bombeiros, que vieram bater aqui no apartamento achando que tinha um incêndio?
           - Oh meu Deus! – disse ela, incrédula. – Eu preciso conhecer esse garoto.
           - Acredite em mim, você irá se arrepender se conhecê-lo.
           - E o que aconteceu depois?
           - Levei algumas broncas dos bombeiros, e conversei com o Brian sobre o assunto. Mas minha vontade era de bater nele. – ela riu.
           - Estou com saudades de você.
           - Também morro de saudades de ti. – estava quase chorando.
           - Precisamos marcar para sairmos juntas.
           - Concordo. Mas agora que estou cuidando dele, as coisas ficam um pouco mais difíceis.
           - Tem razão. Alguma novidade?
           - Ah, tenho sim. – me animei. – Conheci um garoto.
           - E ai? Ele é gatinho?
           - Gatinho é só apelido! – rimos. – O cara é muito lindo. Além de ser simpático também.
           - Já está de olho nele, não é?
           - Só um pouquinho. – rimos de novo.
           - Sei. Olhe lá o que irá fazer, hein? Você não pode perder esse emprego.
           - Pode deixar. Não irei perder esse emprego por nada!
           - Amiga, eu tenho que desligar agora. Quando tiver folga, me liga, para sairmos.
           - Ok, ligo sim.
           - Te amo, e se cuida.
           - Também amo você.

      Desligue. O Brian olhou pra mim e sorriu. A porta do apartamento é aberta novamente, e desta vez era a Brenda. Ela me cumprimentou, e foi diretamente para a cozinha.

–--
(Contado pelo Bill)

      Estava sentado no sofá, assistindo televisão, comendo sanduíche com refrigerante, quando o Tom chega em casa cantarolando.

           - Que felicidade é essa? – pergunto.
           - Adivinha com quem eu tava? – diz ele, colocando a chave na mesinha de centro, e se esparramando no sofá.
           - Já disse uma vez, e irei repetir; não sou vidente, não tenho bola de cristal, e também não sou nenhum tipo de bruxo ou macumbeiro.
           - Engraçadinho. – eu ri. – Eu estava com a Brenda.
           - A empregada dos O’Connell? – fiquei surpreso.
           - Exatamente.
           - O que fazia com ela?
           - Notei que nossa casa está muito suja, e pedi que viesse limpar. – disse ele.
           - Fez isso mesmo?
           - Como você é lento, hein? Óbvio que não fiz isso! Estávamos...
           - Ah, não precisa responder. – coloquei o prato em cima da mesinha de centro. – Prefiro continuar acreditando que pediu a ela para vir limpar a casa.
           - Por mim, tudo bem. – ele se levantou. – Vou tomar um banho.
           - Esperai! – lhe chamei. – Senta ai, que tenho que te contar uma coisa. – ele se sentou.
           - O que foi?
           - Ontem, no parque no prédio, conheci a babá do Brian.
           - E ela é bonita, gostosa?
           - Sim. – respondi, e ele sorriu maliciosamente. – E também é muito simpática. Mas é igualzinha as outras.
           - Como assim?
           - Não tem muita paciência com o Brian. Aposto que não durará mais uma semana.
           - Acha mesmo?
           - Pelo que percebi, sim.

      Após o Tom dizer que faria o possivel para conhecer e se aproximar da nova babá, ele se retirou e foi tomar seu banho. Como eu não tinha mais nada pra fazer, resolvi dar uma volta. Peguei minha chave, e sai de casa. Encontrei no corredor, a babá e o Brian. A cumprimentei, mas nem deu tempo de conversarmos alguma coisa, pois o pequeno começou a correr, e ela teve de ir atrás.

      Alguns tempo depois, cheguei ao parque nacional. Era um belo lugar para se distrair, e muitas pessoas gostavam de ir até lá para passear com seus animais, filhos, e até mesmo para tirar uma soneca na grama verdinha. Me sentei num dos bancos, em frente ao lago, e comecei a ler uma revista que eu havia comprado a poucos minutos atrás.

           - Bill! – ouvi alguém me chamar. Desviei meus olhos da revista, e olhei para os lados.

      Como não sabia quem era, voltei minha atenção a leitura. Pouco depois o Brian se aproxima, um pouco ofegante.

           - O que faz aqui, sozinho? – pergunto, preocupado.
           - Não estou sozinho. – responde ele, ainda ofegante. – A Kate veio comigo.
           - E onde ela está? – olhei em volta para ver se conseguia enxergá-la.
           - Deve ter se perdido por ai. – ele se senta ao meu lado.
           - Como assim?
           - É que estávamos brincado de esconde-esconde, e ela deve estar me procurando.
           - Que irresponsável!
           - Eu sei. – disse ele.
           - Quer que eu te leve pra casa?
           - Quero.

      Nos levantamos e começamos a caminhar. Logo mais na frente, encontramos a Kate.

           - Aonde pensa que vai com o Brian? – pergunta ela.
           - Vou levá-lo para casa.
           - Eu não sei se você percebeu, mas eu sou a babá dele.
           - Uma babá muito irresponsável, por deixar um garoto de apenas seis anos vagando por ai.
           - O-O quê? – ela gaguejou um pouco. – Não deixei ninguém vagando por lugar nenhum. Ele é que fugiu de mim.
           - E deve ter um motivo pra isso.
           - Escuta aqui, não se intrometa em assuntos que não lhe diz respeito, ok?
           - Os O’Connell ficarão sabendo disso. Eles não podem deixar uma garota como você, cuidando dele.
           - Uma garota como eu? – ela cruzou os braços.
           - Exatamente! Você não sabe cuidar de crianças.
           - E você deve ser o melhor especialista nessa área, não é? – ela segurou na mão do Brian, fazendo com que o mesmo soltasse a minha mão.
           - Não tenho experiência, mas devo cuidar bem melhor do que você.
           - Já que se diz ser melhor, porque não pede o meu lugar aos O’Connell e cuida do Brian?

      Discutimos por pouco tempo. O Brian permaneceu calado durante toda discussão. A babá falou mais algumas coisas, e foi embora. Fiquei parado ali por pouco tempo, e depois segui meu caminho de volta para casa.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 5 - Eu não disse nada!

(Contado pela Kate)

      O dia amanheceu. A primeira coisa que pensei, quando abri os olhos foi “Deus, me dê paciência para não esganar o Brian hoje”. Me levantei da cama, e fui diretamente pro banheiro. Fiz minha higiene matinal, e retornei ao quarto para me arrumar. Coloquei uma calça jeans skinny, uma blusa rosa com alguns detalhes em preto, e nós pés, optei por uma sapatilha preta. Desde que comecei a cuidar do Brian, tive que abandonar meus sapatos de salto, já que eu teria que estar sempre preparada para alguma surpresa. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo, um pouco baixo. Fiz uma leve maquiagem, passei meu perfume favorito, e sai do quarto.

      Era uma manhã de sábado, e como não haveria aula, o Brian dormiria até mais tarde. Achei isso ótimo, pois assim eu descansaria antes de começar a cuidar dele. Cheguei a cozinha, e encontrei a Brenda.

           - Bom dia, Brenda. – lhe dei um beijo no rosto.
           - Bom dia. – diz ela, sorrindo.
           - Os O’Connell já saíram? – sentei-me à mesa.
           - O patrão está no escritório com alguns sócios, e a patroa saiu com as amigas. – responde ela, enquanto preparava o café do pequeno.
           - O Brian continua dormindo, não é?
           - Sim. Mas é melhor acordá-lo.
           - Pra quê? O clima fica tão bom, quando ele está dormindo.
           - Se ele acordar tarde, irá dormir mais tarde ainda.

      Me levantei no ato, e fui até o quarto dele. Abri a porta, e o local estava escuro. A única iluminação vinha do abajur. Me aproximei da cama, e olhei para aquele rostinho. Como eu queria que ele fosse um anjinho mesmo. Comecei a chacoalhá-lo devagar. E ele resmungou alguma coisa que não consegui ouvir.

           - Brian, acorde. – disse um pouco baixo.

      Ele acordou, esfregou as mãos nos olhos, e me olhou. Deu um sorriso, se sentou na cama, e me surpreendeu com um abraço. Fiquei sem saber o que falar ou fazer. Quando é que eu iria imaginar que ele fosse fazer algo assim? O levei até o banheiro, ajudei com a higiene bucal, dei seu banho – que desta vez foi um pouco mais tranqüilo que os anteriores -, coloquei sua roupa, penteei seu cabelo, e o levei até a sala de jantar para tomar seu café.

           - Bom dia, Brenda. – diz Brian.
           - Bom dia, meu amor. – ela lhe dá um beijo estalado na bochecha.

      Coloquei o Brian sentado à mesa, em seguida a Brenda veio lhe servir o café.

           - Porque torturam o garoto, lhe dando essas coisas pra comer? – pergunto, olhando com aquele nojo pra comida dele.
           - Sinceramente, não faço idéia. – responde Brenda, também com nojo.
           - Coitadinho. – disse.

      Mais tarde, estávamos assistindo televisão, quando o Brian escuta a voz do pai.

           - O papai está em casa! – diz ele, todo feliz.

      Imediatamente ele se levanta, e corre em direção a porta do escritório. Tive que ir atrás para tentar impedi-lo de entrar. Mas foi em vão. Assim que ele conseguiu abrir a porta, correu em direção ao pai, que estava sentado num sofá, conversando com algumas pessoas. Cheguei logo em seguida, para trazê-lo de volta a sala.

           - Ô garota – diz o Senhor C. Parecia estar com raiva. -, tira ele daqui. Não vê que estou ocupado?! – disse, com um pouco de ignorância.
           - Desculpe, senhor. – peguei o Brian no colo.
           - Me solta! – disse Brian. – Eu quero ficar com o papai! – começou a espernear.
           - Leva logo ele daqui, e faça com que fique quieto! – disse o Senhor C.

      Saímos do escritório, e fechei a porta. Depois ouvi um barulhinho, como se tivessem trancado a mesma. Me sentei no sofá, e coloquei o Brian do meu lado. Ele tinha uma expressão de raiva, e havia cruzado os braços. Seus olhos pareciam estar cheios de lágrimas, e também parecia estar se segurando para não chorar.

      Alguns minutos depois, o Senhor C sai do escritório, acompanhado por mais três homens. Eles passam pela sala, e fingem que não tem ninguém ali, e vão embora. A Brenda aparece, e diz que precisa sair para resolver algumas coisinhas. Até ai achei tudo bem. Deixei o Brian assistindo televisão, e fui até o banheiro. Quando volto, o encontro colocando o telefone no lugar.

           - Pra quem estava ligando? – pergunto, me aproximando.
           - Ninguém. – responde ele.
           - Brian, você não está aprontando nada, não é?
           - Eu? O que eu poderia estar aprontando?

      Que sínico.

           - Hum. – disse.

      Obviamente não acreditei em uma palavra se quer. Eu tinha certeza de que ele estava aprontando. Só não sabia o que era. Continuamos vendo desenho, quando dez minutos depois, a campainha toca. Me levantei e fui ver quem era. Bombeiros entram “desesperados” dentro do apartamento. Fiquei sem reação alguma.

           - Onde é o incêndio?! – pergunta um deles.
           - Que incêndio? – pergunto, aflita.
           - Moça, responda rápido, antes que o fogo se alastre! – disse outro.
           - Mas não tem incêndio nenhum! – disse, ficando ainda mais desesperada.

      Foi ai que a minha ficha caiu.

           - A senhorita acha bonito ficar passando trote? – pergunta um bombeiro alto e moreno. – Que coisa feia, hein? Deveria tomar vergonha nessa cara. Uma mulher dessa idade, aprontado essas coisas...

      “Uma mulher dessa idade”? Ele me chamou de velha, ou foi impressão minha?!

           - Mas eu não fiz nada! – o desespero aumentava ainda mais, e começava a dar lugar à preocupação e medo.
           - Da próxima vez que fizer isso, a senhorita irá presa.

      Ai meu Deus! Sou tão nova pra ir para a cadeia. Mas hoje com certeza alguém irá ganhar umas boas palmadas no bumbum. Pedi desculpas aos bombeiros, que foram embora achando que eu era a autora de tudo aquilo, quando na verdade era um monstrinho chamado Brian. Antes de fechar a porta, aquele rapaz bonitão que me ajudou lá no parque, apareceu.

           - O que houve? – pergunta ele, preocupado.
           - Não foi nada. – respondi.
           - Como assim “não foi nada”? Bombeiros acabaram de sair daqui!
           - Houve um mal entendido. Mas já resolvi tudo. E se me der licença, irei tratar de uma criança que está merecendo boas palmadas.
           - Brian. – disse ele, balançando a cabeça, negativamente numa expressão decepcionada.
           - É isso ai.

      Fechei a porta, e me virei para trás. O Brian estava parado do outro lado da sala, com um enorme sorriso nos lábios.

           - Você tem duas escolhas. – disse a ele. – Vir até aqui, para poupar o meu esforço de correr atrás de você. Ou correr muito, mas muito mesmo. – disse, séria.
           - O que você irá fazer se eu for até ai? – pergunta ele, sorrindo.
           - Adivinha?

      Num instante ele começou a correr, e se trancou dentro do quarto.

           - Abre essa porta, moleque! – gritei, batendo na porta.
           - Não! – ele gritou de volta.
           - Moleque, com a raiva que eu to aqui, sou capaz de colocar essa porta no chão. Mas como não to a fim de destruir o patrimônio dos outros, acho bom que abra logo! – continuei batendo.

      Ouço a porta ser destrancada, e aberta logo em seguida. Ele me olhava com aqueles olhos de alguém que não tinha culpa de absolutamente nada.

           - Você está com raiva de mim? – pergunta ele, com a voz um pouco baixa.

      Claro que estou! Mas quem disse que tive coragem de dizer isso, após vê-lo com aquela carinha de cachorro que acabara de cair do caminhão de mudança?

           - Vem aqui. – segurei em sua mão, me sentei na cama, e o coloquei em meu colo. – Não estou chateada contigo. – disse olhando pra ele. – Mas você sabia que alguém pode ter morrido por conta dessa sua brincadeirinha?
           - É sério? – pergunta ele, surpreso.
           - Sim. O que você fez não é nada legal. Em algum lugar por ai, um incêndio deve estar acabando com casas, e você impediu que os bombeiros chegassem a tempo para controlar tudo.

      Ele escutava com atenção, e sua cabeça agora estava um pouco baixa.

           - Desculpa, Kate. – disse ele, olhando pra mim.
           - Promete que não fará mais isso?
           - Prometo.
           - E se fizer, não te pouparei de algumas palmadas, ouviu? – disse, e ele começou a rir. - Agora me dê um abraço, e vá brincar.

      Brian sorriu, e me abraçou.

–--

      Estávamos na sala. Brian se encontrava deitado no chão, e fazendo alguns desenhos em seu caderno. Eu assistia televisão.

           - Kate, olha só o que eu fiz. – diz Brian, se levantando e se aproximando de mim, para me mostrar seu desenho.
           - Que lindo! – elogiei, e sorri.
           - Essa daqui é você, e esse sou eu. – apontou no papel.

      Não queiram saber como eu era no desenho. A única coisa que direi, é que estava... horrível. Sinceramente, nem parecia eu! O desenho tinha os braços maiores que as pernas, e também era cabeçuda! Não sou assim.

           - Como você é inteligente. – elogiei de novo. - E desenha muito bem.

      A porta do apartamento é aberta, e a Senhora C entra com algumas sacolas de compras nas mãos. Brian corre até ela para lhe mostrar o desenho que havia feito.

           - Que coisa linda. – diz ela, sorrindo. – Essa daqui é a mamãe? – aponta para o desenho.
           - Não. – diz ele. – Essa é a Kate.
           - Ah. – ela pareceu extasiada.
           - E a Kate disse que eu sou gay.
           - O quê? – pergunta a Senhora C, incrédula.

      Eu não disse nada! Esse garoto é doido!

           - Não, eu não disse isso! – tentei me livrar.
           - Disse sim. – Brian insistiu. – E isso não faz nem cinco minutos.

      O quê que eu faço agora? A senhora C estava me fuzilando com os olhos, pedindo uma justificativa para aquilo. Que vontade de sair correndo só pra não responder nada.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 4 - Maldita boca.

(Contado pelo Bill)

      Estava dando uma volta pelo centro da cidade, e até comprei algumas coisas que eu precisava. Cheguei em casa por volta das 18h00. Passava pelo corredor, quando ouvi alguém gritar do apartamento em frente:

           - Volta aqui, Brian!

      Era uma voz feminina, e deduzi que fosse uma nova babá. Coloquei a chave na fechadura, e entrei em casa. O Tom estava esparramado no sofá, assistindo televisão, comendo pipoca e tomando refrigerante. Joguei a chave em cima da mesinha de centro, as sacolas foram colocadas no chão, e fui até a cozinha para preparar um lanche.

           - Acho que os O’Connell estão de babá nova. – disse um pouco alto, para que o Tom pudesse escutar.
           - Como sabe? – pergunta ele.
           - Ouvi alguém gritando pelo Brian. – preparei um sanduíche, e voltei a sala, me sentei num outro sofá.
          - Pode ser a Brenda.
          - Ela não tem paciência com crianças, e não era a voz dela.
          - Se for mesmo uma nova babá, será que é gostosona igual a anterior?
          - Não faço idéia. E mesmo sem conhecê-la, já estou sentindo pena. Cuidar de um garoto agitado como o Brian não é nada fácil.
           - Irei me oferecer para ajudá-la. – rimos.

      Conversamos por alguns minutos, até que fui pro banheiro pra tomar um banho. Depois de já estar arrumado, peguei um caderno, uma grafite, e desci até o parque do condomínio. Me sentei num banco, e comecei a compor uma música. Eu sempre fazia isso, e a maioria das vezes era sob as estrelas, que me inspiravam muito.

–--
(Contado pela Kate)

      Já era noite, e nada dos O’Connell chegarem. Comecei a ficar preocupada, porque eu havia passado o dia inteirinho com o Brian, e ele chegou a perguntar pelos pais e não eu não soube responder a respeito. A Brenda estava em seu quarto descansando, e o horário do garoto dormir ainda estava longe para chegar. Resolvi lhe colocar um casaco, e o levei até o parque para se distrair um pouco. Na verdade, eu queria que ele brincasse e se cansasse muito, para quando subirmos, eu lhe dar um banho e colocá-lo para dormir, sem esforço algum.

      Bastou a porta do elevador ser aberta, para ele sair correndo diretamente para um dos brinquedos. Fiquei menos preocupada, já que ele não teria como sumir ali dentro. Me sentei num banco, e vi que havia um rapaz, que parecia concentrado demais no que fazia. Como eu queria estar nessa tranqüilidade também. Tudo parecia correr perfeitamente bem, mas num determinado momento o Brian decide subir num dos brinquedos que parecia ser perigoso para sua idade, e ainda carregava consigo uma pedra de tamanho médio. Não sei explicar direito como era o brinquedo, e não fazia idéia do motivo dele ter levado aquela pedra, eu só queria que ele descesse dali para não se machucar. E se ele caísse e quebrasse o pescoço? Ah vá! Não seria tão má idéia assim, não é?

           - Brian, desce daí! – disse, me levantando e me aproximando do local.
           - Não! – disse ele.
           - Isso é perigoso. Desce logo!
           - Você não é a minha mãe!
           - Ainda bem, porque se fosse... – me controlei pra não falar nada. – Mas você pode se machucar. – tentei pegá-lo, mas ele desviou e se afastou. – E pra quê essa pedra? Joga isso fora!

      Pra quê eu fui abri minha boca? Deveria ter deixado ele lá em cima, e se caísse, eu fingiria que nem o conhecia. Brian jogou a pedra, que veio diretamente em minha testa, me fazendo cair no chão. O lugar ficou dolorido, mas não cheguei a desmaiar. O que eu mais queria naquele momento era esganar aquele monstrinho! Aquele rapaz que estava concentrado, largou o que estava fazendo e veio me ajudar.

           - Você está bem? – pergunta ele, com sua voz meiga.
           - Eu vou matar esse moleque! – tentei ir atrás do menino para matá-lo, mas fui impedida. Porque ele não me deixou ir?
           - Calma! – o rapaz me segurou. – Você precisa ter calma!
           - Experimenta ter calma enquanto cuida dele! – estava furiosa. E o Brian ria, de cima do brinquedo.
           - Ficar com essa raiva toda não resolverá nada. – foi ai que me acalmei um pouco mais. – Deve ser a nova babá dele, não é?
           - Infelizmente. – respondi.
           - Sou Bill kaulitz.
           - Kate Braddock. – o cumprimentei.
           - Você é bem corajosa. – caminhamos até o banco mais próximo e nos sentamos.
           - Você acha? – nós rimos.
           - Sei que deve ser bem difícil cuidar de uma criança agitada como ele. Mas aos poucos você acostuma.
           - Acho difícil. Como eu queria que esse menino tivesse um botão para desligá-lo. Ou melhor, um botão de destruição!
           - Opa! Vá com calma. Ele é apenas uma criança.
           - Eu sei. Mas é que é difícil a convivência com ele.
           - O Brian não tem culpa de nada. Seus pais são os verdadeiros culpados por isso. – diz ele, olhando pro Brian. – Os dois passam a maior parte do tempo no trabalho – volta a olhar pra mim. -, e quase não tem tempo para ficar com ele.
           - Isso eu já percebi.
           - Pois é. Tente ter um pouco mais de paciência com ele. Uma hora ou outra as coisas irão melhorar.

      Aquela dor que eu senti em minha cabeça, havia passado. Acho que a conversa me fez bem. Olhei pro relógio, e já estava quase na hora do Brian dormir. Me despedi do Bill, chamei o Brian, e voltamos pro apartamento. Mais uma vez tive que “lutar” para lhe dar um banho antes de dormir. Só que fui mais prevenida; usei uma capa de chuva, e uma touca de banho. O sequei direitinho, vesti seu pijama com desenhos de carrinho, e o coloquei na cama. Já estava saindo do quarto, quando ele me chama.

           - Me conta uma historinha? – pergunta ele.

      Toma vergonha nessa cara! Um garoto desse tamanho pedindo pra eu ler historinhas. Pensei, mas acabei ficando com dó, e disse que sim. Ele se levantou, correu até a estante, pegou um livro, e novamente se deitou. Me sentei ao seu lado e comecei a contar a história.

           - Então o príncipe apareceu e salvou a donzela em perigo. Os dois se casaram e viveram felizes para sempre.

      Que final é esse? Até parece histórias para garotinhas. Nem eu gostava de finais assim.

           - Não gostei desse final. – disse, e olhei pra ele.
           - Também não.
           - Vamos criar um novo final?
           - Vamos. – ele se animou.
           - Deixe-me pensar em algo. – fechei o livro. – Ah, já sei! O príncipe era gay e fugiu de medo, deixando que a donzela fosse morta pelo monstro. – ele riu.
           - O que é “gay”?

      Ai meu Deus. O que eu falo pra ele? Acho que devo pensar antes de falar as coisas.

           - Gay é... São pessoas inteligentes, e mais alegres que o normal. – foi a primeira coisa que me veio na mente. Na idade dele, eu não acreditaria nessa justificativa de forma alguma. – Bom, agora está na hora de dormir. – me levantei, lhe dei um beijo na testa, ajeitei o cobertor, guardei o livro, e sai do quarto.

      Me sentei no sofá da sala. Estava exausta, e a essa hora a Brenda já deve estar dormindo também. A porta do apartamento se abre, e o casal O’Connell entra da pior forma possivel.

           - Seu cretino! – dizia a senhora C.
           - Você não sabe de nada, então cale a boca! – gritou o senhor C.

      Dizem que a primeira impressão é a que fica, e não tive uma boa impressão do senhor C. Aquela era a primeira vez que eu estava vendo-o. Os dois estavam brigando no meio da sala, e eu não sabia o que fazer. Permaneci imóvel no sofá, e eles pareciam nem ter notado a minha presença. O tom de voz dos dois ia aumentando a cada segundo. Foi ai que tive que tomar uma decisão.

           - Ei! – gritei, e eles pararam na hora e me olharam. – Me desculpem por isso. Mas é que o Brian já está dormindo, e se continuarem, irão acordá-lo.
           - Quem é você? – pergunta o senhor C.
           - Essa é a nova babá. – responde a senhora C, sorrindo pra mim.

      Não sei por que, mas acho que esse sorriso dela a cada dia fica ainda mais falso.

           - E uma simples babá acha que pode alterar seu tom de voz e gritar comigo? – pergunta o senhor C, me encarando.
           - N-Não. – gaguejei. Minhas mãos começaram a suar, e imaginei que ele fosse me despedir. – Mas é meu dever fazer com que o Brian tenha uma boa noite. E mesmo sendo pais, não tem o direito de atrapalhar seu sono com uma briga de casal.

      Os dois ficaram quietos. Ele me encarava e parecia estar com raiva. Ela tinha um sorriso falso nos lábios, tentando esconder tudo que estava sentindo. E eu tremia por dentro, com medo de perder esse emprego. Logo depois os dois se retiraram e foram para o quarto, e a discussão recomeçou. Fui até o banheiro do meu quarto e tomei um banho quente para relaxar. Coloquei uma camisola comprida, fiz uma trança lateral no cabelo, e me deitei na cama. A noite estava um pouco fria, então me levantei e vesti meias. Apaguei as luzes e fui dormir pensando no inocente – que não é tão inocente assim – do Brian, que não tinha culpa alguma de ser do jeito que é. Acho que ele só apronta essas coisas, pra tentar chamar a atenção dos pais, que nem ao menos notam que tem um filho para educar.

Postado por: Grasiele

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