sábado, 21 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 9 - Ainda bem que a Laura existe

(Contado pela Kate)

           - Cara, é melhor cobrir isso com alguma coisa. – disse Tom, apontando.

      Bill pegou o travesseiro que estava ao seu lado e o colocou sobre suas partes intimas. Depois olhou pra mim, que estava caída no chão, enrolada num lençol branco, e com cara de quem não acreditava que aquilo era mesmo verdade. Não sabia onde enfiar minha cara, que eu aposto que estava mais vermelha do que um pimentão. Mas minha vontade era de cavar um buraco e me enfiar inteirinha dentro dele, e nunca mais sair. Como é que isso foi acontecer?! Não me lembrava de quase nada que havia acontecido na noite anterior. Nunca mais beberei tantos coquetéis. E acho que aquele barman estava colocando alguma droga dentro deles.

           - Dá pra sair do quarto e fechar a porta?! – Bill quase gritou.
           - Já tô indo. – responde Tom dando um meio sorriso e fechando a porta atrás de si.

      Continuei ali no chão. Bill se levantou, colocou sua cueca, em seguida sua calça. Deu a volta na cama, e se sentou na ponta da mesma.

           - Você está bem? – pergunta ele, calmo.

      Demorei um pouco para responder. Minha ficha ainda não havia caído.

           - Então... nós dois... – as palavras pareciam não querer sair.
           - Estávamos completamente pelados, você acha que não rolou nada?
           - Meu Deus! – coloquei as mãos no rosto, como numa forma de me esconder. – Isso não poderia ter acontecido! – olhei pra ele.
           - Mas aconteceu.
           - E você fala nessa calma toda? – peguei um dos travesseiros que estavam caídos no chão, e arremessei contra o Bill.
           - E como queria que eu falasse?
           - Isso é culpa sua! – me levantei.
           - O quê? – ele se levantou.
           - Eu estava bêbada e você se aproveitou da situação!
           - Claro que não! E você nem estava tão bêbada assim.
           - Seu aproveitador! Deveria te denunciar por isso!
           - Você é maluca? As coisas simplesmente aconteceram. Não dá pra voltar no tempo!
           - “Simplesmente aconteceram”? Seu animal!
           - Garota, você é doida!
           - Após ter dormido com você, com certeza sou louca mesmo! – mais uma vez coloquei uma das mãos no rosto. – Não dá pra acreditar nisso! É... é loucura demais.

      Ficamos calados por algum tempo.

           - Poderia... se virar para que eu possa me vestir? – perguntei.
           - Está com vergonha do quê, se eu já vi tudo?
           - Pervertido! – ia lhe dar um tapa no rosto, mas ele segurou minha mão, e me puxou para perto. – Dá pra me soltar e se afastar de mim?
           - Claro! – mas continuou perto.
           - Ô garoto, se afasta! – lhe empurrei de leve. – E fique de costas agora!

      Ele se virou. Aproveitei aquele momento, e coloquei minha roupa o mais rápido possivel. Me lembrei que havia prometido ao Brian que chegaria naquela noite, e quebrei a promessa. Depois de já estar vestida, ajeitei o cabelo rapidinho, e sai do quarto dele. Passei pela sala, e seu irmão estava esparramado no sofá, assistindo televisão. Fui direto pra saída, e ao invés de ir pra casa, resolvi ir encontrar a Laura. Eu tinha que contar pra ela o que havia acontecido.

–--
(Contado pelo Bill)

      A Kate se vestiu rapidamente e foi embora sem nem ao menos se despedir. Poderia até ter dito que gostou da noite anterior. Não me aproveitei dela, e nem sabia que estava bêbada - mentira. Ela conversava tão normalmente, que era praticamente impossível distinguir se havia bebido doses a mais de alguma coisa. Se não fosse por seu hálito, eu nem teria desconfiado. Mas não foi culpa minha. Sou inocente nessa história.

      Caminhei até o guarda-roupas, e peguei a primeira blusa que encontrei. Me vesti, e olhei em volta. O quarto não estava tão bagunçado. Mas as coisas que estavam em cima da escrivaninha, agora se encontravam no chão. A cama estava completamente desarrumada. Me bateu uma preguiça só de pensar em arrumar tudo aquilo. Não tive outra solução a não ser arrumar tudo.

      Abaixei-me para pegar alguns dos livros, e debaixo de um deles lá estava ela; a calcinha da Kate. A peguei.

           - Como é que alguém se esquece de por a própria calcinha? – perguntei a mim mesmo.

      Nesse instante o Tom entra no quarto.

           - O que é isso? – pergunta Tom, se aproximando.
           - Uma calcinha. – me virei para ele. - Ou vai me dizer que já não sabe mais o que é?
           - Bem que desconfiei.
           - Desconfiou de quê?
           - Eu sabia que você gostava de usar esse tipo de coisa.

      Ah, fala sério? Ele achou mesmo que aquele fio dental era meu?

           - Como você é idiota! – lhe fuzilei com o olhar.
           - Então essa é a calcinha da Kate? – ele se senta na cama.
           - E de quem mais poderia ser? – me sentei na escrivaninha, e coloquei a calcinha do lado.
           - Sei lá. Vai que ela é sua.

      Para azar do Tom, um livro tinha ficado na escrivaninha. O peguei e arremessei contra ele, que conseguiu desviar e começou a rir.

           - Calma. – disse ele. – Era brincadeira.
           - Abre a boca pra falar essas idiotices de novo, e garanto que da próxima vez não errarei na mira.
           - Foi mal. – diz ele, sorrindo. – Mas me diz uma coisa. Ela é cheirosa?
           - Sim. O perfume dela é bem agradável. Sem falar na pele macia e delicada.
           - Eu tô falando da calcinha.

      Fiz cara de nojo.

           - Seu nojento! – disse. – Você fica cheirando as calcinhas das garotas com quem transa?
           - E porque não? – ele falou na maior naturalidade, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
           - Que nojo! – fiz aquela cara novamente.
           - Nojo por quê? Você enfia sua língua no lugar que fica escondido pela calcinha!
           - Quem disse?
           - Vai dizer que nunca brincou com alguém desse jeito?

      Vamos mudar de assunto, e continuar arrumando o quarto? Me levantei da escrivaninha, peguei a calcinha e guardei na gaveta.

           - Preciso terminar de arrumar o quarto. Se não vai ajudar, então pode cair fora!

      Tom começou a rir. Se levantou e saiu do quarto.

–--
(Contado pela Kate)

      Eu tocava desesperadamente a campainha do apartamento da Laura. A porta foi aberta, e ela estava com uma camisola de seda rosa. Entrei rapidamente, e me sentei no sofá.

           - O que foi? – pergunta ela, se sentado na poltrona.
           - Preciso daquele travesseiro macio, e um copo gigantesco de água bem gelada!

      Ela ficou me olhando sem entender nada.

           - Agora! – quase gritei.

      A Laura se levantou e foi correndo até o quarto. Voltou segundos depois, e me entregou o travesseiro. Foi até a cozinha e me trouxe um copo enorme com água gelada. Abracei o travesseiro, e comecei a tomar a água. Ela se sentou novamente na poltrona.

           - Pelo visto a coisa foi séria, não é? – disse ela.
           - Muito séria! – respondi.
           - Pode me contar o que aconteceu? – ela me encarava. Parei de beber a água.
           - Onde você se meteu a noite inteira?! – perguntei com um pouco de raiva.
           - Estava me divertindo com uma pessoa. – responde sorrindo.
           - Por sua culpa eu fiz uma burrice!
           - Ai meu Deus! O que você fez? – ela parecia preocupada. – Não matou alguém, não é?
           - Claro que não!
           - Então...?
           - Transei com meu visinho.

      Ela ficou completamente muda. Voltei a beber um pouco da água, que estava tão gelada que fazia meus dentes doerem. Laura depois soltou uma gargalhada.

           - E onde eu entro nessa história? – ela se levanta e se senta ao meu lado.
           - Se não tivesse me deixado sozinha, eu não teria bebido tanto, e não teria saído do clube com aquele pervertido! – ela riu ainda mais. – Tá rindo do quê? Isso é sério!
           - Não venha me culpar pelos seus atos.
           - E o pior é que não me lembro de como fui parar na casa dele.
           - Sei.
           - Na verdade... Só me lembro de estarmos transando em cima da escrivaninha dele.
           - Na escrivaninha?! – pergunta incrédula.
           - Porque o espanto? Você já transou em cima da pia da cozinha. – rimos.

      Eu estava me sentindo mal por ter dormido com uma pessoa, que até onde eu sabia, me odiava e estava me ameaçando. Coloquei o copo em cima da mesinha de centro, me deitei no colo dela, e continuei abraçada ao travesseiro. Laura começou a acariciar meus cabelos de uma maneira que só ela sabia.

           - O quê eu faço? – pergunto.
           - Precisa tomar um banho antes de ir pra casa, se não quiser chegar com essa cara de quem acabou de chegar de uma balada. – diz ela. – Vá pro banheiro, que escolherei uma roupa pra você.
           - Obrigada. – me levantei e fui pro banheiro.  

      Deixei a porta do banheiro meio aberta. Tirei meu vestido, e foi ai que notei que estava sem calcinha. Gritei, e a Laura veio correndo.

           - O que foi? – pergunta ela, abrindo a porta.
           - Estou sem calcinha!
           - Amiga, é normal as pessoas tirarem a calcinha pra tomar banho.

      Ela deve ter pensado que eu estava ficando doida.

           - Quero dizer que esqueci minha calcinha na casa dele!
           - Como alguém sai sem calcinha e não percebe?
           - Saí tão rápido, que devo ter esquecido. – ela começou a rir descontroladamente.

      A Laura saiu do banheiro, e pude tomar meu banho. Uns vinte minutos depois sai enrolada numa toalha rosa. Ela estava sentada em sua cama, e havia algumas roupas em cima da mesma.

           - Comprei essa lingerie há dois dias, e ainda não usei. – disse ela, mostrando as peças.
           - Ainda bem, porque eu não usaria uma calcinha sua mesmo sabendo que você é super higiênica. Mas é por questão de... Ah, você sabe, não é? É por questão de... sei lá, intimidade.
           - sei sim. – ela sorriu. – E isso é bom. Porque eu também não usaria uma calcinha sua.
           - Mas enfim, muito obrigada.
           - É pra isso que servem as amigas.

      Fui novamente pro banheiro, e coloquei a lingerie.

           - Essa é a primeira vez que compra uma lingerie tão romântica, não é? Porque suas roupas intimas são praticamente todas de oncinha, e sexy demais. – sai do banheiro.
           - Nossa! – disse ela, um pouco “surpresa”. – Não imaginava que ficaria tão sexy com isso. – sorriu maliciosamente.
           - Sou sexy de qualquer maneira, gata! – fiz uma pose, e rimos.
           - Mas devo confessar que prefiro você sem ela.
           - Já vai começar? Você sabe muito bem como sou!
           - Ah, qual é? – se levantou e se aproximou. – Vai dizer que não sente saudades dos velhos tempos?
           - Ainda bem que você sabe que aquilo é “velhos tempos”. – me afastei. – O que rolou, foi por pura diversão.
           - Mas eu gostei. – se aproximou de novo.
           - Foram só uns amassos, e nada demais.
           - Amassos que poderiam ter ido muito mais além, se você não tivesse interrompido.
           - Eu tinha namorado!
           - E agora está livre e desimpedida pra fazer qualquer coisa! – com uma das mãos, acariciou meu braço, me fazendo arrepiar.
           - Laura...

      Antes que pudesse dizer qualquer coisa, fui surpreendida por um beijo. Sim, a Laura é lésbica, e eu sempre soube disso e nunca me importei. E acho que nem deveria me importar, já que somos amigas. Já ficamos uma vez, mas nada que pudesse se tornar sério. Como disse, era apenas diversão, e curiosidade da minha parte. Eu queria saber como era beijar uma garota, e descobri que não fazia tanta diferença de estar beijando um garoto.

      Mas pelo visto a Laura levou bem mais a sério do que eu. Os lábios dela eram macios, e ela tinha um piercing na língua. Sua cara de tarada não enganava ninguém, e muito menos a mim, que a conheço há tanto tempo. De inicio o beijo era delicado e um tanto vagaroso. A intensidade foi aumentando, e seus braços enlaçaram minha cintura, colando meu corpo no seu. Uma de suas mãos começou a passear pelo meu corpo, com carinho. E cada toque, eu me arrepiava. Devo confessar que a Laura mexia comigo. Mas até onde eu sabia, gosto de garotos. Pelo menos acho que gosto deles.

           - Pára! – a afastei. – Não podemos fazer isso.
           - Porque não?
           - Porque somos amigas!
           - E desde quando isso impede alguma coisa?
           - Preciso ir pra casa. O Brian deve estar me esperando.
           - Tudo bem. Mas fique sabendo que não desistirei tão fácil.

      Pra minha sorte, a Laura usa o mesmo tamanho de roupa e sapatos que eu. Então me vesti com o que ela havia separado pra mim, e quando já estava saindo, ela me segurou pelo braço, me fazendo virar. Deu-me um selinho. Fiquei um pouco sem graça e fui embora. Na rua, peguei um táxi. Passei o percurso inteiro só pensando nas últimas coisas que eu havia feito.

(Roupa da Kate: http://www.polyvore.com/kate/set?id=23320766)


Postado por: Grasiele

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