sábado, 21 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 5 - Eu não disse nada!

(Contado pela Kate)

      O dia amanheceu. A primeira coisa que pensei, quando abri os olhos foi “Deus, me dê paciência para não esganar o Brian hoje”. Me levantei da cama, e fui diretamente pro banheiro. Fiz minha higiene matinal, e retornei ao quarto para me arrumar. Coloquei uma calça jeans skinny, uma blusa rosa com alguns detalhes em preto, e nós pés, optei por uma sapatilha preta. Desde que comecei a cuidar do Brian, tive que abandonar meus sapatos de salto, já que eu teria que estar sempre preparada para alguma surpresa. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo, um pouco baixo. Fiz uma leve maquiagem, passei meu perfume favorito, e sai do quarto.

      Era uma manhã de sábado, e como não haveria aula, o Brian dormiria até mais tarde. Achei isso ótimo, pois assim eu descansaria antes de começar a cuidar dele. Cheguei a cozinha, e encontrei a Brenda.

           - Bom dia, Brenda. – lhe dei um beijo no rosto.
           - Bom dia. – diz ela, sorrindo.
           - Os O’Connell já saíram? – sentei-me à mesa.
           - O patrão está no escritório com alguns sócios, e a patroa saiu com as amigas. – responde ela, enquanto preparava o café do pequeno.
           - O Brian continua dormindo, não é?
           - Sim. Mas é melhor acordá-lo.
           - Pra quê? O clima fica tão bom, quando ele está dormindo.
           - Se ele acordar tarde, irá dormir mais tarde ainda.

      Me levantei no ato, e fui até o quarto dele. Abri a porta, e o local estava escuro. A única iluminação vinha do abajur. Me aproximei da cama, e olhei para aquele rostinho. Como eu queria que ele fosse um anjinho mesmo. Comecei a chacoalhá-lo devagar. E ele resmungou alguma coisa que não consegui ouvir.

           - Brian, acorde. – disse um pouco baixo.

      Ele acordou, esfregou as mãos nos olhos, e me olhou. Deu um sorriso, se sentou na cama, e me surpreendeu com um abraço. Fiquei sem saber o que falar ou fazer. Quando é que eu iria imaginar que ele fosse fazer algo assim? O levei até o banheiro, ajudei com a higiene bucal, dei seu banho – que desta vez foi um pouco mais tranqüilo que os anteriores -, coloquei sua roupa, penteei seu cabelo, e o levei até a sala de jantar para tomar seu café.

           - Bom dia, Brenda. – diz Brian.
           - Bom dia, meu amor. – ela lhe dá um beijo estalado na bochecha.

      Coloquei o Brian sentado à mesa, em seguida a Brenda veio lhe servir o café.

           - Porque torturam o garoto, lhe dando essas coisas pra comer? – pergunto, olhando com aquele nojo pra comida dele.
           - Sinceramente, não faço idéia. – responde Brenda, também com nojo.
           - Coitadinho. – disse.

      Mais tarde, estávamos assistindo televisão, quando o Brian escuta a voz do pai.

           - O papai está em casa! – diz ele, todo feliz.

      Imediatamente ele se levanta, e corre em direção a porta do escritório. Tive que ir atrás para tentar impedi-lo de entrar. Mas foi em vão. Assim que ele conseguiu abrir a porta, correu em direção ao pai, que estava sentado num sofá, conversando com algumas pessoas. Cheguei logo em seguida, para trazê-lo de volta a sala.

           - Ô garota – diz o Senhor C. Parecia estar com raiva. -, tira ele daqui. Não vê que estou ocupado?! – disse, com um pouco de ignorância.
           - Desculpe, senhor. – peguei o Brian no colo.
           - Me solta! – disse Brian. – Eu quero ficar com o papai! – começou a espernear.
           - Leva logo ele daqui, e faça com que fique quieto! – disse o Senhor C.

      Saímos do escritório, e fechei a porta. Depois ouvi um barulhinho, como se tivessem trancado a mesma. Me sentei no sofá, e coloquei o Brian do meu lado. Ele tinha uma expressão de raiva, e havia cruzado os braços. Seus olhos pareciam estar cheios de lágrimas, e também parecia estar se segurando para não chorar.

      Alguns minutos depois, o Senhor C sai do escritório, acompanhado por mais três homens. Eles passam pela sala, e fingem que não tem ninguém ali, e vão embora. A Brenda aparece, e diz que precisa sair para resolver algumas coisinhas. Até ai achei tudo bem. Deixei o Brian assistindo televisão, e fui até o banheiro. Quando volto, o encontro colocando o telefone no lugar.

           - Pra quem estava ligando? – pergunto, me aproximando.
           - Ninguém. – responde ele.
           - Brian, você não está aprontando nada, não é?
           - Eu? O que eu poderia estar aprontando?

      Que sínico.

           - Hum. – disse.

      Obviamente não acreditei em uma palavra se quer. Eu tinha certeza de que ele estava aprontando. Só não sabia o que era. Continuamos vendo desenho, quando dez minutos depois, a campainha toca. Me levantei e fui ver quem era. Bombeiros entram “desesperados” dentro do apartamento. Fiquei sem reação alguma.

           - Onde é o incêndio?! – pergunta um deles.
           - Que incêndio? – pergunto, aflita.
           - Moça, responda rápido, antes que o fogo se alastre! – disse outro.
           - Mas não tem incêndio nenhum! – disse, ficando ainda mais desesperada.

      Foi ai que a minha ficha caiu.

           - A senhorita acha bonito ficar passando trote? – pergunta um bombeiro alto e moreno. – Que coisa feia, hein? Deveria tomar vergonha nessa cara. Uma mulher dessa idade, aprontado essas coisas...

      “Uma mulher dessa idade”? Ele me chamou de velha, ou foi impressão minha?!

           - Mas eu não fiz nada! – o desespero aumentava ainda mais, e começava a dar lugar à preocupação e medo.
           - Da próxima vez que fizer isso, a senhorita irá presa.

      Ai meu Deus! Sou tão nova pra ir para a cadeia. Mas hoje com certeza alguém irá ganhar umas boas palmadas no bumbum. Pedi desculpas aos bombeiros, que foram embora achando que eu era a autora de tudo aquilo, quando na verdade era um monstrinho chamado Brian. Antes de fechar a porta, aquele rapaz bonitão que me ajudou lá no parque, apareceu.

           - O que houve? – pergunta ele, preocupado.
           - Não foi nada. – respondi.
           - Como assim “não foi nada”? Bombeiros acabaram de sair daqui!
           - Houve um mal entendido. Mas já resolvi tudo. E se me der licença, irei tratar de uma criança que está merecendo boas palmadas.
           - Brian. – disse ele, balançando a cabeça, negativamente numa expressão decepcionada.
           - É isso ai.

      Fechei a porta, e me virei para trás. O Brian estava parado do outro lado da sala, com um enorme sorriso nos lábios.

           - Você tem duas escolhas. – disse a ele. – Vir até aqui, para poupar o meu esforço de correr atrás de você. Ou correr muito, mas muito mesmo. – disse, séria.
           - O que você irá fazer se eu for até ai? – pergunta ele, sorrindo.
           - Adivinha?

      Num instante ele começou a correr, e se trancou dentro do quarto.

           - Abre essa porta, moleque! – gritei, batendo na porta.
           - Não! – ele gritou de volta.
           - Moleque, com a raiva que eu to aqui, sou capaz de colocar essa porta no chão. Mas como não to a fim de destruir o patrimônio dos outros, acho bom que abra logo! – continuei batendo.

      Ouço a porta ser destrancada, e aberta logo em seguida. Ele me olhava com aqueles olhos de alguém que não tinha culpa de absolutamente nada.

           - Você está com raiva de mim? – pergunta ele, com a voz um pouco baixa.

      Claro que estou! Mas quem disse que tive coragem de dizer isso, após vê-lo com aquela carinha de cachorro que acabara de cair do caminhão de mudança?

           - Vem aqui. – segurei em sua mão, me sentei na cama, e o coloquei em meu colo. – Não estou chateada contigo. – disse olhando pra ele. – Mas você sabia que alguém pode ter morrido por conta dessa sua brincadeirinha?
           - É sério? – pergunta ele, surpreso.
           - Sim. O que você fez não é nada legal. Em algum lugar por ai, um incêndio deve estar acabando com casas, e você impediu que os bombeiros chegassem a tempo para controlar tudo.

      Ele escutava com atenção, e sua cabeça agora estava um pouco baixa.

           - Desculpa, Kate. – disse ele, olhando pra mim.
           - Promete que não fará mais isso?
           - Prometo.
           - E se fizer, não te pouparei de algumas palmadas, ouviu? – disse, e ele começou a rir. - Agora me dê um abraço, e vá brincar.

      Brian sorriu, e me abraçou.

–--

      Estávamos na sala. Brian se encontrava deitado no chão, e fazendo alguns desenhos em seu caderno. Eu assistia televisão.

           - Kate, olha só o que eu fiz. – diz Brian, se levantando e se aproximando de mim, para me mostrar seu desenho.
           - Que lindo! – elogiei, e sorri.
           - Essa daqui é você, e esse sou eu. – apontou no papel.

      Não queiram saber como eu era no desenho. A única coisa que direi, é que estava... horrível. Sinceramente, nem parecia eu! O desenho tinha os braços maiores que as pernas, e também era cabeçuda! Não sou assim.

           - Como você é inteligente. – elogiei de novo. - E desenha muito bem.

      A porta do apartamento é aberta, e a Senhora C entra com algumas sacolas de compras nas mãos. Brian corre até ela para lhe mostrar o desenho que havia feito.

           - Que coisa linda. – diz ela, sorrindo. – Essa daqui é a mamãe? – aponta para o desenho.
           - Não. – diz ele. – Essa é a Kate.
           - Ah. – ela pareceu extasiada.
           - E a Kate disse que eu sou gay.
           - O quê? – pergunta a Senhora C, incrédula.

      Eu não disse nada! Esse garoto é doido!

           - Não, eu não disse isso! – tentei me livrar.
           - Disse sim. – Brian insistiu. – E isso não faz nem cinco minutos.

      O quê que eu faço agora? A senhora C estava me fuzilando com os olhos, pedindo uma justificativa para aquilo. Que vontade de sair correndo só pra não responder nada.

Postado por: Grasiele

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