sábado, 21 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 4 - Maldita boca.

(Contado pelo Bill)

      Estava dando uma volta pelo centro da cidade, e até comprei algumas coisas que eu precisava. Cheguei em casa por volta das 18h00. Passava pelo corredor, quando ouvi alguém gritar do apartamento em frente:

           - Volta aqui, Brian!

      Era uma voz feminina, e deduzi que fosse uma nova babá. Coloquei a chave na fechadura, e entrei em casa. O Tom estava esparramado no sofá, assistindo televisão, comendo pipoca e tomando refrigerante. Joguei a chave em cima da mesinha de centro, as sacolas foram colocadas no chão, e fui até a cozinha para preparar um lanche.

           - Acho que os O’Connell estão de babá nova. – disse um pouco alto, para que o Tom pudesse escutar.
           - Como sabe? – pergunta ele.
           - Ouvi alguém gritando pelo Brian. – preparei um sanduíche, e voltei a sala, me sentei num outro sofá.
          - Pode ser a Brenda.
          - Ela não tem paciência com crianças, e não era a voz dela.
          - Se for mesmo uma nova babá, será que é gostosona igual a anterior?
          - Não faço idéia. E mesmo sem conhecê-la, já estou sentindo pena. Cuidar de um garoto agitado como o Brian não é nada fácil.
           - Irei me oferecer para ajudá-la. – rimos.

      Conversamos por alguns minutos, até que fui pro banheiro pra tomar um banho. Depois de já estar arrumado, peguei um caderno, uma grafite, e desci até o parque do condomínio. Me sentei num banco, e comecei a compor uma música. Eu sempre fazia isso, e a maioria das vezes era sob as estrelas, que me inspiravam muito.

–--
(Contado pela Kate)

      Já era noite, e nada dos O’Connell chegarem. Comecei a ficar preocupada, porque eu havia passado o dia inteirinho com o Brian, e ele chegou a perguntar pelos pais e não eu não soube responder a respeito. A Brenda estava em seu quarto descansando, e o horário do garoto dormir ainda estava longe para chegar. Resolvi lhe colocar um casaco, e o levei até o parque para se distrair um pouco. Na verdade, eu queria que ele brincasse e se cansasse muito, para quando subirmos, eu lhe dar um banho e colocá-lo para dormir, sem esforço algum.

      Bastou a porta do elevador ser aberta, para ele sair correndo diretamente para um dos brinquedos. Fiquei menos preocupada, já que ele não teria como sumir ali dentro. Me sentei num banco, e vi que havia um rapaz, que parecia concentrado demais no que fazia. Como eu queria estar nessa tranqüilidade também. Tudo parecia correr perfeitamente bem, mas num determinado momento o Brian decide subir num dos brinquedos que parecia ser perigoso para sua idade, e ainda carregava consigo uma pedra de tamanho médio. Não sei explicar direito como era o brinquedo, e não fazia idéia do motivo dele ter levado aquela pedra, eu só queria que ele descesse dali para não se machucar. E se ele caísse e quebrasse o pescoço? Ah vá! Não seria tão má idéia assim, não é?

           - Brian, desce daí! – disse, me levantando e me aproximando do local.
           - Não! – disse ele.
           - Isso é perigoso. Desce logo!
           - Você não é a minha mãe!
           - Ainda bem, porque se fosse... – me controlei pra não falar nada. – Mas você pode se machucar. – tentei pegá-lo, mas ele desviou e se afastou. – E pra quê essa pedra? Joga isso fora!

      Pra quê eu fui abri minha boca? Deveria ter deixado ele lá em cima, e se caísse, eu fingiria que nem o conhecia. Brian jogou a pedra, que veio diretamente em minha testa, me fazendo cair no chão. O lugar ficou dolorido, mas não cheguei a desmaiar. O que eu mais queria naquele momento era esganar aquele monstrinho! Aquele rapaz que estava concentrado, largou o que estava fazendo e veio me ajudar.

           - Você está bem? – pergunta ele, com sua voz meiga.
           - Eu vou matar esse moleque! – tentei ir atrás do menino para matá-lo, mas fui impedida. Porque ele não me deixou ir?
           - Calma! – o rapaz me segurou. – Você precisa ter calma!
           - Experimenta ter calma enquanto cuida dele! – estava furiosa. E o Brian ria, de cima do brinquedo.
           - Ficar com essa raiva toda não resolverá nada. – foi ai que me acalmei um pouco mais. – Deve ser a nova babá dele, não é?
           - Infelizmente. – respondi.
           - Sou Bill kaulitz.
           - Kate Braddock. – o cumprimentei.
           - Você é bem corajosa. – caminhamos até o banco mais próximo e nos sentamos.
           - Você acha? – nós rimos.
           - Sei que deve ser bem difícil cuidar de uma criança agitada como ele. Mas aos poucos você acostuma.
           - Acho difícil. Como eu queria que esse menino tivesse um botão para desligá-lo. Ou melhor, um botão de destruição!
           - Opa! Vá com calma. Ele é apenas uma criança.
           - Eu sei. Mas é que é difícil a convivência com ele.
           - O Brian não tem culpa de nada. Seus pais são os verdadeiros culpados por isso. – diz ele, olhando pro Brian. – Os dois passam a maior parte do tempo no trabalho – volta a olhar pra mim. -, e quase não tem tempo para ficar com ele.
           - Isso eu já percebi.
           - Pois é. Tente ter um pouco mais de paciência com ele. Uma hora ou outra as coisas irão melhorar.

      Aquela dor que eu senti em minha cabeça, havia passado. Acho que a conversa me fez bem. Olhei pro relógio, e já estava quase na hora do Brian dormir. Me despedi do Bill, chamei o Brian, e voltamos pro apartamento. Mais uma vez tive que “lutar” para lhe dar um banho antes de dormir. Só que fui mais prevenida; usei uma capa de chuva, e uma touca de banho. O sequei direitinho, vesti seu pijama com desenhos de carrinho, e o coloquei na cama. Já estava saindo do quarto, quando ele me chama.

           - Me conta uma historinha? – pergunta ele.

      Toma vergonha nessa cara! Um garoto desse tamanho pedindo pra eu ler historinhas. Pensei, mas acabei ficando com dó, e disse que sim. Ele se levantou, correu até a estante, pegou um livro, e novamente se deitou. Me sentei ao seu lado e comecei a contar a história.

           - Então o príncipe apareceu e salvou a donzela em perigo. Os dois se casaram e viveram felizes para sempre.

      Que final é esse? Até parece histórias para garotinhas. Nem eu gostava de finais assim.

           - Não gostei desse final. – disse, e olhei pra ele.
           - Também não.
           - Vamos criar um novo final?
           - Vamos. – ele se animou.
           - Deixe-me pensar em algo. – fechei o livro. – Ah, já sei! O príncipe era gay e fugiu de medo, deixando que a donzela fosse morta pelo monstro. – ele riu.
           - O que é “gay”?

      Ai meu Deus. O que eu falo pra ele? Acho que devo pensar antes de falar as coisas.

           - Gay é... São pessoas inteligentes, e mais alegres que o normal. – foi a primeira coisa que me veio na mente. Na idade dele, eu não acreditaria nessa justificativa de forma alguma. – Bom, agora está na hora de dormir. – me levantei, lhe dei um beijo na testa, ajeitei o cobertor, guardei o livro, e sai do quarto.

      Me sentei no sofá da sala. Estava exausta, e a essa hora a Brenda já deve estar dormindo também. A porta do apartamento se abre, e o casal O’Connell entra da pior forma possivel.

           - Seu cretino! – dizia a senhora C.
           - Você não sabe de nada, então cale a boca! – gritou o senhor C.

      Dizem que a primeira impressão é a que fica, e não tive uma boa impressão do senhor C. Aquela era a primeira vez que eu estava vendo-o. Os dois estavam brigando no meio da sala, e eu não sabia o que fazer. Permaneci imóvel no sofá, e eles pareciam nem ter notado a minha presença. O tom de voz dos dois ia aumentando a cada segundo. Foi ai que tive que tomar uma decisão.

           - Ei! – gritei, e eles pararam na hora e me olharam. – Me desculpem por isso. Mas é que o Brian já está dormindo, e se continuarem, irão acordá-lo.
           - Quem é você? – pergunta o senhor C.
           - Essa é a nova babá. – responde a senhora C, sorrindo pra mim.

      Não sei por que, mas acho que esse sorriso dela a cada dia fica ainda mais falso.

           - E uma simples babá acha que pode alterar seu tom de voz e gritar comigo? – pergunta o senhor C, me encarando.
           - N-Não. – gaguejei. Minhas mãos começaram a suar, e imaginei que ele fosse me despedir. – Mas é meu dever fazer com que o Brian tenha uma boa noite. E mesmo sendo pais, não tem o direito de atrapalhar seu sono com uma briga de casal.

      Os dois ficaram quietos. Ele me encarava e parecia estar com raiva. Ela tinha um sorriso falso nos lábios, tentando esconder tudo que estava sentindo. E eu tremia por dentro, com medo de perder esse emprego. Logo depois os dois se retiraram e foram para o quarto, e a discussão recomeçou. Fui até o banheiro do meu quarto e tomei um banho quente para relaxar. Coloquei uma camisola comprida, fiz uma trança lateral no cabelo, e me deitei na cama. A noite estava um pouco fria, então me levantei e vesti meias. Apaguei as luzes e fui dormir pensando no inocente – que não é tão inocente assim – do Brian, que não tinha culpa alguma de ser do jeito que é. Acho que ele só apronta essas coisas, pra tentar chamar a atenção dos pais, que nem ao menos notam que tem um filho para educar.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog