sábado, 21 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 2 - Só pode ser um sonho!

(Contado pela Kate)

      Com aquele despejo inesperado, não sabia o que fazer. Mas como o senhor Phillips não quis me dar mais uma semana, o jeito mesmo foi arrumar minhas tralhas e procurar um lugar pra ficar. O problema é que eu só tinha 600 dólares no banco, e uma mudança “gigantesca”. Chamei um táxi, e coloquei algumas coisas dentro do mesmo. Pedi ao motorista que me levasse até o apartamento da Laura. Ela seria a minha única salvação.

      O porteiro de seu prédio já me conhecia, então me deixou entrar. Tive que subir pelo elevador de serviço, pra poder carregar as minhas coisas. Assim que cheguei em frente a porta sua porta, abri minha bolsa, tirei de dentro da mesma o meu celular. Disquei os números e fiquei aguardando a ligação ser completada.

           - Alô?
           - Amiga, você não imagina quanta saudade estou sentindo de você! – disse, um tanto nervosa.
           - O que você quer que eu faça? Pode ir falando, porque eu conheço muito bem esse tom de voz.
           - Bem, eu queria mesmo te pedir um favor.
           - Qual?
           - Posso passar alguns dias em sua casa? É que o senhor Phillips acabou de me despejar. – disse com aquela mínima esperança de que ela aceitaria.
           - Não acredito nisso! – pergunta ela, incrédula. – Primeiro foi o emprego, e agora o apartamento?!
           - Por favor, é só por alguns dias.

      Ela ficou calada por algum tempo, e só notei que ainda estava na linha, por ouvir a sua respiração.

           - Tudo bem. – diz ela, finalmente. – Mas só se prometer que irá procurar um emprego?
           - Prometido! – disse com alegria.
           - E que horas você virá?
           - Já estou aqui na porta. Só falta você abrir.

      Ainda bem que eu tenho a Laura pra me apoiar. Já pensou se eu tivesse que ir pra debaixo da ponte? Não, eu não quero nem pensar nessa possibilidade. Mas tenho que arranjar um emprego o mais rápido possivel, se não ela começará a falar coisas, e isso não dará muito certo. Além de que, eu não quero incomodar.

ALGUNS DIAS DEPOIS

      Na manhã seguinte a que eu havia passado a minha primeira noite na casa da Laura, resolvi sair pra procurar um emprego. Passei por vários lugares, e nada. Isso se repetiu por quatro dias. A minha esperança de encontrar algo, já estava quase se acabando.

      Estava caminhando pelo centro da cidade, colocando alguns currículos em lojas, quando um anuncio me chamou muito a atenção. Parei em frente ao poste, e um papel cor de rosa estava colado no mesmo. Minha curiosidade falou bem mais alto, e logo comecei a ler.

           “...Precisa-se de babá...”

      Desanimei só de ver o “babá”. Primeiro por eu não gostar muito de crianças, e segundo, por não ter nenhum tipo de experiência no ramo. Mas mesmo assim anotei o número do telefone, e o endereço do local. Sai dali, e fui diretamente pra casa. A Laura ainda estava no trabalho, então eu só poderia contar quando ela chegasse. Enquanto eu ficava ali sem fazer nada, peguei meu celular e liguei...

           - Casa dos O’Connell, boa tarde. – disse uma voz meiga e suave.

      A primeira coisa que fiz foi conferir o número no papel, pra ter certeza de que eu não havia ligado pra alguma empresa.

           - Boa tarde. – disse. – Meu nome é Kate Braddock. Vi um anuncio de que estão procurando uma babá, e...
           - Exatamente. – me interrompeu. – Gostaria de marcar uma hora para entrevista?
           - Sim.

      Me senti um pouco estranha por estar falando tão formalmente. Mas marquei a hora. E quando a Laura chegou, lhe contei tudo. Quero dizer... quase tudo. Apenas disse que eu havia conseguido uma entrevista, mas nada de que eu provavelmente trabalharia com crianças.

      Na manhã seguinte, fui ao local da entrevista. Era um condomínio tão luxuoso, que até parecia ser uma maquete. Conversei com o porteiro, e ele me liberou para entrar. Um rapaz simpático me acompanhou até o bloco, em seguida ao apartamento. Toquei a campainha, e não demorou muito para que aquela imensa porta de madeira com detalhes em branco fosse aberta.

           - Olá, eu sou...
           - Senhorita Braddock. – a moça me interrompeu. E eu logo sabia que ela foi a mesma que me atendeu no telefone. – Entre, por favor. – havia um sorriso simpático em seus lábios. Então abriu um pouco mais a porta, me dando passagem.

      A sala do apartamento era incrivelmente linda. As paredes tinham tom claro, que combinavam perfeitamente com os móveis que pareciam ser meio antigos, mas muito bem conservados. O nome da moça era Brenda, e ela disse pra eu me sentar e aguardar alguns minutinhos, que eu logo seria atendida. E por acaso havia outra saída a não ser esperar? Me sentei no sofá confortável, e devo ter esperado uns vinte minutos, até que uma mulher alta, muito elegante apareceu para falar comigo. Me levantei para cumprimentá-la.

           - Então você é a babá? – pergunta ela, me cumprimentando com um aperto de mão, em seguida me pedindo para sentar.
           - Na verdade...
           - Está contratada!

      Como assim? Mal abri minha boca pra falar algo, e eu já estava contratada?! Essa mulher por acaso é doida? Bebeu? Fumou? Fiquei muito surpresa.

           - Mas não irá fazer nenhuma pergunta? – disse.
           - Não acho que seja necessário. Você tem cara de babá.

      Isso foi um elogio? Dei um sorriso falso.

           - Você é babá mesmo, não é?
           - Sim, claro! Já trabalhei com muitas crianças. Fui até babá da filha do Tom Cruise.
           - Sério? – ela pareceu entusiasmada. – Então ficarei mais tranqüila em deixar meu anjinho com você.
           - Com certeza. Pode ficar despreocupada mesmo. Mas... É apenas uma criança?
           - Sim. Um garoto lindo, amável, e super quieto.
           - Que bom. E ele está aqui?
           - No momento se encontra no colégio. Mas se quiser esperar um pouco mais para vê-lo...

      A conversa estava fluindo tão bem, que acabei aceitando ficar ali para conhecer o menino.

           - Vamos acertar o seu salário? – pergunta ela, ainda com aquele sorriso.
           - Tudo bem.
           - O pagamento será a cada quinze dias, e você receberá dois mil e quinhentos. Pode ser?

      Quanto?! Vou ganhar tudo isso só pra cuidar de um pirralho? Isso vai ser moleza! Já to até me vendo cuidando do monstrinho. Sabe que estou até começando a gostar de criança? Mentira.

           - Está ótimo. – respondi, satisfeita.
           - Depois você passa o endereço da sua casa, pra eu mandar nosso motorista ir buscar as suas coisas.
           - Que coisas?
           - Você morará aqui conosco, a partir do dia em que começar a trabalhar.
           - O quê? – perguntei, surpresa.
           - É isso mesmo. – disse ela, sorrindo simpaticamente. – Assim o seu dinheiro fica livre pra você fazer o que quiser com ele. Sem contar que não perderá tempo com condução para chegar até aqui.

      Sonho! Eu só posso estar sonhando! Alguém pode dar uma paradinha no que está fazendo e vir aqui me beliscar?

           - Se a senhora prefere assim.

      Estava me controlando para não pular no colo dela, lhe dar um monte de beijos, e agradecer. Porque esse emprego demorou tanto pra aparecer, hein?

      Fiquei mais algum tempo ali conversando com a mulher, cujo nome era completamente desconhecido, já que ela não disse nada. E eu também nem estava interessada em saber. Pelo dinheiro que ela me pagaria, eu faria praticamente qualquer coisa. O garoto demorou tanto pra aparecer, que acabei indo para casa, pra dar a noticia a Laura.

           - Fico feliz por ter conseguido um emprego. – disse Laura, enquanto lanchava. – Só espero que não o perca.
           - Pode ficar tranqüila. Desta vez não perderei esse emprego por absolutamente NADA. – me sentei ao seu lado, no sofá.
           - Quando começará?
           - Amanhã.

      E eu ainda não havia lhe contado que começaria a trabalhar como babá.           

MANHÃ SEGUINTE

      Cheguei a minha mais nova casa, e fui recebida pela Brenda. Ela me mostrou o quarto onde eu dormiria, e mais uma vez achei que estava sonhando. Parecia mais um hotel cinco estrelas. Depois ela me entregou uma lista enorme, com algumas explicações sobre o que o menino pode e não pode fazer ou comer.

           - Qual é o nome dele mesmo? – pergunto, enquanto seguro a lista.
           - Brian. – responde Brenda. – Você vai adorá-lo. Ele é uma gracinha.
           - Aposto que sim. – disse com um sorriso.

      Quando deu o horário, o motorista me levou até o colégio, em seguida desapareceu. Entrei, e falei com uma das professoras. Ela me tratou educadamente, e me mostrou qual era a sala do garoto. Olhei pelo vidro, e vi que o local estava cheio de crianças fazendo bagunça. Apenas um estava sentado, quietinho. “Tenho certeza que é aquele ali”, pensei. Voltei ao pátio para esperar até o momento em que o sinal tocasse. Devo ter ficado plantada ali por mais de meia hora, até que finalmente tocou. As crianças começaram a sair, e foi a maior barulheira. Outras babás começaram a correr atrás de suas respectivas crianças, enquanto eu continuava parada. O local foi ficando vazio, e só restaram um casal de crianças. Mas o garoto não era o mesmo que eu havia visto sentado na sala. “Pronto, seqüestraram o menino! Meu Deus, a mãe dele vai me matar! Mal comecei a trabalhar, e já serei mandada embora!”. Fiz brotar um sorriso forçado em meu rosto, e me aproximei do garotinho. Me abaixei um pouco, para não ficar tão alta assim, e falei com ele.

           - Você deve ser Brian O’Connell, acertei? – perguntei.

Postado por: Grasiele

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