terça-feira, 22 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 22 - O começo do conto de fadas

 Narrado por Bill

A cada passo que a Maia dava na minha direção, uma lembrança de tudo o que vivemos até ali, aparecia na minha mente: O momento que ela abriu a porta, que bateu em mim, me dando aquele banho de café quente. A Maia me puxando para o banheiro da cafeteria que ela trabalhava, lá em Hamburgo. A falação que ela ficou, por causa do nervosismo dela porque derrubou café em mim. A expressão do rosto dela quando viu quem eu era. O que eu senti assim que nossos olhares se cruzaram. O primeiro sorriso que ela me deu. A cara dela quando me viu na boate que ela trabalhava. O jeito que ela ficou quando eu me ajoelhei, implorando para que ela aceitasse fazer as fotos comigo. A timidez dela por causa da foto que eu "mordia" o pescoço dela. O jeito que ela ficou quando eu tentei beijá-la, quando eu a deixei em casa, depois da sessão de fotos. A vergonha que ela sentiu quando eu a vi usando uma camiseta do Bowie e um short jeans curto, quando eu fui na casa dela. O nosso primeiro beijo (Tudo bem que era um selinho, mas era beijo mesmo assim.). A cara que ela fez quando eu subornei o gerente do hotel, para que ele não contasse à ninguém que estávamos ali. A cara que ela fez quando entramos na suíte. A toalha dela caindo, me dando a chance de ver, ainda que por poucos segundos, o corpo perfeito que ela tinha. O jeito que ela ficou olhando a foto da "mordida". A cara que ela fez, quando ficou olhando a minha tatuagem de estrela, em Milão. O quanto ela estava linda, quando saímos para ir apresentar a minha coleção de roupas. O nosso primeiro beijo, de verdade, sob a chuva, ainda em Milão. A certeza que eu tive de que iríamos ficar juntos para sempre, no instante que nos beijamos. O jeito que ela riu quando eu brinquei, falando que deveríamos pular pelados na Fontana di Trevi, no meio da manhã. O medo que eu fiquei depois de terem batizado a bebida dela na boate. O jeito que ela cantou a música do Kiss, na maior empolgação e ficou sem-graça por causa da estampa da calcinha dela. A cara que ela fez quando eu troquei de camiseta, dentro do carro, depois de ser agarrado por um gorducho babão, que veio de Milão com a gente. De quando eu a pedi para namorar comigo. A primeira vez. Da emoção que ela sentiu quando fez o primeiro show. Do jeito que ela disfarçou quando eu a vi dançando, toda animada no backstage. A recepção dela quando me viu no aeroporto. O clipe delas e o método que a Maia usou para me convencer a participar das filmagens. Do meu pedido de desculpas por causa da minha crise de ciúmes. Da nossa viagem e principalmente: Do momento que ela aceitou o meu pedido e me contou que estava grávida. Tinham muitas outras coisas que nós dois vivemos juntos, mas... O tempo inteiro, me lembrava destas, que, para mim, eram as principais: O primeiro olhar que trocamos, os dois primeiros beijos, a nossa primeira vez, o pedido de casamento e a notícia que ela ia ter gêmeos.
Eu simplesmente não conseguia olhar para mais ninguém ali a não ser a Maia. Ela usava um vestido tomara-que-caia, de cetim, lilás, quase branco, os cabelos estavam presos em um coque e tinham várias rosas, do mesmo tom do vestido, espalhadas pelo cabelo dela, que tinha sido ondulado. Ela estava usando uma corrente e a pulseira que eu tinha dado à ela, como presente de aniversário, há poucos dias. Assim que ela parou na minha frente, eu beijei a testa dela e sussurrei:
- Você é a noiva mais linda do universo!
Ela sorriu e eu pude ver seus olhos brilhando.

Narrado por Tom

A Charlie estava sentada do meu lado, tentando se controlar e não abrir o berreiro. Aproveitei que ninguém estava olhando, peguei a mão dela e coloquei um anel no dedo anelar da sua mão direita. Ela me olhou, surpresa e eu perguntei:
- Charlotte... Quer se casar comigo?
Ela me olhou, surpresa e, percebendo que o padre ia ser o único a continuar falando, pedi, desesperado:
- Fala alguma coisa! Até um "não" está valendo!
Para a sorte dela, a minha mãe mandou que prestássemos atenção à cerimônia. Porém, a Charlie não soltou a minha mão. Será que isso era um bom sinal?
Para sacanear a Maia e o Bill, a Dafne combinou com todos os amigos e parentes dos dois (Basicamente, todo mundo que tinha mais ou menos a mesma idade deles) de jogarmos arroz sobre os dois. Era tradição no Brasil fazer esse tipo de coisa, para dar boa sorte aos noivos. Além de, a Dafne me garantir que seria divertido para os dois, ficarem catando os grãos que caíssem dentro das roupas. Logo que saíram da igreja, foi aquela chuva de arroz sobre eles.
Logo que a Maia e o Bill chegaram no buffet, passaram um vídeo em um telão, como se fosse um filme de contos de fadas, contando a história deles, mesmo. Colocaram algumas cenas de filmes no meio, que ficaram engraçadas. Inclusive, eu, o Georg e o Gustav zoamos o Bill quando passou aquela cena de "Casamento Grego", que o pai da grega conversa com a esposa e fica se perguntando várias coisas, inclusive se o Bill era um bom rapaz. Todo mundo riu. Um tempo depois, a Roxy e a Charlie arrastaram o Georg e o Gustav para uma espécie de palco e os quatro tocaram algumas músicas. No final, a Charlie começou a cantar "I Was Born To Love You", do Queen, olhando para mim. Me lembrei do mico que eu paguei, quando fui pedi-la em namoro. Por fim, ela falou, assim que a música acabou:
– Eu quero, Tom.

Olhei para ela, atordoado e, quando percebi, ela tinha descido do palco e estava me beijando.

Narrado por Maia

– O que foi aquilo? - Perguntei à Charlie, que tinha acabado de se soltar do Tom.
Os dois se entreolharam e a Charlie respondeu, sorrindo:
- Vai separando o seu vestido, porque faço questão que você seja a nossa madrinha de casamento.
Olhei para a Charlie, surpresa e perguntei:
– Espera aí... Eu entendi direito? Vocês dois vão se casar?
– Vamos. - O Tom respondeu.
Tudo o que eu consegui fazer foi começar a gritar, histérica, tamanha era minha felicidade. Por volta de uma da manhã, comecei a sentir um negócio que parecia uma cólica, quando consegui ir ao banheiro, com a Charlie e a Roxy. Chamei as duas, que vieram ver o que estava acontecendo. Perguntei para a Roxy:
– Rox... Quando a Estela nasceu... O que você sentiu, exatamente?
Ela me explicou, me perguntou o porquê de eu estar querendo saber aquilo e falei:
– Acho que a gente vai ter de ir para o hospital...
– Já está na hora? - A Charlie perguntou, afobada.
– Já. - Respondi.
Então, a Roxy saiu correndo do banheiro, para ir avisar o Bill e os nossos pais do que estava acontecendo. Fiquei sentada num sofá, perto da entrada do buffet, esperando o Bill aparecer. Ele estava preocupado comigo e, quando perguntou se estava tudo bem comigo, eu respondi:
– Tem dois meninos querendo ver como é aqui fora...
O Tom apareceu bem na hora e o Bill pediu à ele que fosse buscar o carro.
Cerca de dez horas se passaram desde que eu comecei a sentir as contrações ficando cada vez mais intensas. Assim que o Bill conseguiu falar com a médica, ela nos disse para irmos até o hospital, que ela estava dando plantão naquela noite. Eu já tinha tomado a anestesia e, agora, estava na sala de parto, fazendo força e quase quebrando a mão do Bill, de tanto que eu a apertava. Vez ou outra, ele espiava, para ver se tinha um sinal de algum dos meninos. A médica me mandou fazer um pouco mais de força e eu fiz o que ela pediu, mesmo achando que eu poderia explodir, tamanho esforço que eu estava fazendo. Eu decidi que os dois nasceriam de parto normal. Cesariana só se tivesse uma complicação. Porém, o Bill deu uma última espiada e, se inclinando na minha direção, falou:
- Tem um vindo aí...
Não demorou e eu vi o primeiro dos dois. Tinha o cabelo preto e arrepiado e eu brinquei com o Bill:
- O cabelo dele é igual ao seu...
O Bill riu do meu comentário. Dez minutos depois, veio o outro. Os dois, pelo o que eu pude ver, tinham os cabelos iguais. Enquanto as enfermeiras me ajudavam a me arrumar, o Bill foi até a sala de espera, contar para todo mundo dos "mini-Bill" que tinham acabado de nascer.
No dia seguinte, a enfermeira trouxe os dois até o quarto e, o Bill segurava um enquanto eu amamentava o outro. Ele olhava para aquele que estava nos seus braços e falou:
- Este daqui parece mais com você...
- É? - Perguntei, passando a mão sobre a bochecha do que estava comigo. O barulhinho que ele fazia enquanto mamava era a coisa mais linda do mundo. Porém, quando o Bill se aproximou da cama, o que eu estava segurando, bocejou e eu não resisti e falei: - Ai que fofo!
O Bill sorriu, todo bobo. Ele me perguntou, depois de beijar a bochecha do que estava nos braços dele:
- Que nomes podemos colocar neles?
Olhei para o que estava no meu colo, se deliciando tanto com o leite que até revirava os olhinhos castanhos. Eu disse primeiro nome que me veio à cabeça:
– Alexander.
Ele veio até a beirada da cama e olhou para a carinha do que eu segurava. Depois de pensar um pouco, falou:
– É... Gostei do nome. E este daqui?
Ele me mostrou o outro e eu arrisquei:
– Theo? Na hora que precisarmos chamar a atenção dele, vai ser mais fácil... Que nem a sua mãe fez com você e o Tom...
O Bill sorriu e falou, pegando na mãozinha do que eu estava segurando:
– Então, é melhor colocar o nome dele de Alex.
– É... Pode ser. - Respondi.
Todo mundo que via aquelas duas fofuras de cabelo preto e arrepiado, logo dizia:
– Mas são iguais ao Bill!
Tudo bem que o Theo parecia mais com o Bill, fisicamente e, pelo o que conseguíamos perceber, a personalidade dele também ia ser igual à dele. E o Alex... Parecia mais comigo. Porém, os dois eram iguais ao Bill. Curiosamente, o cabelo deles ficou escuro, porém, tinha um reflexo levemente dourado. Assim que pudemos voltar para a Alemanha, tivemos uma surpresa ao encontrar o apartamento abarrotado de presentes das fãs do mundo inteiro. Para todos os cantos, tinham bichinhos de pelúcia, algumas mandaram até mesmo carrinhos... Isso sem falar na montanha de cartas que encontramos, todas elas dando os parabéns pelos meninos, em várias línguas diferentes.
Depois de colocar os dois para dormir, me sentei na cadeira da varanda do nosso apartamento e fiquei olhando para o pôr-do-sol, abraçada com o Bill. Perguntei à ele:
– E agora? Como vai ser nossa vida daqui para frente?
– Se arrependeu?
– Não. - Respondi. - Só estava... Pensando no futuro. No que a gente vai fazer, agora que temos dois bebezinhos lindos para cuidarmos...
– Você vai parar com a banda? - Ele quis saber. - Se você quiser, eu posso conversar com os caras e...
– Você não ouse terminar essa frase e muito menos acabar com o Tokio Hotel, senão junto as minhas coisas, pego os meninos e vou embora!
Ele se encolheu do meu lado e eu continuei:
– Acho que vamos continuar com os planos de contratarmos uma babá para cada uma...
– No seu caso, vão ser preciso duas babás... - Ele disse.
– É... Mas... Não vou abandonar as meninas agora. Ainda mais que a Jade ainda está se recuperando...
– Pois é... Acho que a Klara, quando crescer, vai ser atrasada... Demorou uma semana a mais para nascer! - O Bill disse. O parto da Jade foi realmente complicado. Além do atraso para a Klara nascer, a bebezinha estava virada e, para conseguir tirar a bebê de dentro da Jade foi um custo. Inclusive, a Jade até correu o risco de morrer. Mas, tudo correu bem e, agora, só faltava mesmo o Tom para completar o time de pais babões que os meninos tinham formado. A Roxy e o Georg já estavam "grávidos" de novo e a Estela estava eufórica porque ia ganhar mais um irmãozinho, além da companhia para brincar. Desta vez, a Roxy não precisou se preocupar tanto assim com a gravidez, já que era a segunda, e, pouco tempo depois, descobrimos que era outra menina.
O Gustav e a Jade continuavam naquela paixão toda, e, agora, era difícil ver os dois separados e sem a Klara.
A turnê das duas bandas tinha começado e a Roxy, mesmo com um barrigão de todo tamanho, continuou fazendo os shows normalmente, até duas semanas antes da filha nascer. Inclusive, ela arranjou briga com todo mundo, porque queria continuar. Só parou mesmo quando o Georg a obrigou a ficar em casa, do lado dele. Desta vez, ela quem escolheu o nome: Grace.
E, por fim... Eu estava feliz com o Bill. Os meninos estavam crescendo, ficando cada vez mais lindos e mais parecidos com o Bill. Apesar dos temperamentos serem diferentes... A minha vida estava perfeita e... Como tinham duas meninas vindo por aí... Não poderia ficar melhor...

Fim

Postado por: Grasiele | Fonte: x

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 21 - Estress

 Narrado por Maia

Sinceramente? Nunca pensei que a minha vida fosse mudar tanto nesses dois últimos anos, desde que eu vim para a Alemanha até hoje. Quer dizer... Logo que eu mudei, a única expectativa que eu tinha era a de juntar um bom dinheiro e viajar pela Europa. Porém, eu consegui muito mais do que isso. Além de três amigas ótimas, montei uma banda (Que inclusive, estava dando um tempo, óbvio, já que a Jade estava quase tendo a filha, que ia se chamar Klara, mas decidimos que, mesmo com os filhos, não íamos acabar. Na pior das hipóteses, eles iam com a gente nas turnês e a gente teria babás à nossa disposição.), eu morava sozinha e principalmente: Eu ia me casar com o cara mais... Perfeito da Terra. Tudo bem que ele tinha os seus defeitos, é verdade, mas, como ele sempre estava do meu lado, então, isso o fazia perfeito para mim. Além do jeito que ele me tratava; Parecia que ele estava lidando com uma rainha e não com uma pessoa comum.

Porém, agora, eu tinha um casamento para organizar e, por isso, estava toda enrolada com convites, vestidos das damas de honra (Dafne, Marina, Jade e Roxy), da madrinha de casamento (Charlie - A Dafne quem me sugeriu que eu chamasse a Charlie, já que eu estava em dúvida sobre quem chamar), escolhendo a igreja (O Bill insistiu que a gente se casasse no civil na Alemanha e a cerimônia religiosa fosse no Brasil.), a decoração da igreja, as lembranças para os convidados, o buffet, as comidas que seriam servidas no buffet, o DJ, quantos convidados iriam... Enfim, minha vida estava uma loucura! Isso sem falar que, a cada vez que eu ia experimentar o vestido, a costureira tinha que alargá-lo ainda mais, por causa da minha barriga, que estava crescendo. Aliás... Meus pais, quando eu contei que eles iam ter o primeiro neto, assim que eu e o Bill chegamos no Brasil (Já estávamos casados perante a lei), ficaram em estado de choque. A Dafne ficou de queixo caído e o Marco Antônio ficou atordoado por alguns instantes. Mas, passado o susto inicial, foi aquela farra. E, minha mãe, apesar de estar hesitando um pouco, resolveu fazer um chá de panela junto com o chá de bebê. A minha tia Giselle, quando descobriu, fez a maior farra e quase me deixou surda, por causa dos gritos que ela dava no telefone. A minha avó paterna ficou com o pé atrás. Ela achava que eu era nova demais para casar. E encomendar um bisneto para ela, nem se fala! Já a materna ficou feliz e só faltou se juntar à tia Giselle e as duas começarem um foguetório. Por sorte, as minhas tias, além da minha mãe, da minha avó materna e da Dafne, estavam me ajudando com a organização de tudo. A minha tia Joana foi, de igreja em igreja, ver se tinha jeito de realizar a cerimônia lá. Enquanto isso, uma outra tia minha, Carolina, olhava o orçamento do bufê. Estava todo mundo envolvido. Meu pai, o Marco e o Bill, sem falar no meu avô paterno e três tios, estavam olhando algumas coisas, como um lugar para a família do Bill vir e ficar, além de um lugar para o povo (Charlie, Roxy, Georg, Jade e Gustav) se hospedar. O ritmo que a nossa casa estava era uma coisa absurda. O tempo inteiro, tinha gente entrando e saindo, o telefone não parava de tocar, minha mãe rodava a baiana quando era algum repórter tentando descobrir alguma coisa ou ainda, tinha a cara de pau de perguntar se podia fotografar a cerimônia...

Quando as meninas finalmente chegaram, o tamanho da barriga da Jade tinha dobrado desde a última vez que a gente se viu. E, como tinham uns dois meses desde então, assim que elas apareceram no portão do aeroporto, todo mundo que estava ali, parou o que estava fazendo para olhar o ataque histérico de quatro garotas, duas delas barrigudas e uma, com uma garotinha de quase um ano, nos braços. No final das contas, minha mãe exigiu que o Tom e a Charlie fossem lá para a casa, a Roxy, o Georg e a Estela iam ficar na casa da minha avó materna e a Jade e o Gustav iam para a casa da tia Joana. Quando a Dafne viu o Tom entrando no apartamento, o queixo dela caiu e uma tremedeira daquelas tomou conta da minha irmã. Ele sorriu e a Charlie foi super simpática com a Dafne. As duas já tinham ficado amigas, de tanto conversarem por telefone ou então, skype. Tanto que, uma vez passado o susto por ver o Tom entrando no apartamento, a Dafne e a Charlie foram correndo se abraçar.

Na manhã seguinte à chegada do povo, quando fomos tomar o café, a Charlie e a Dafne conversavam feito duas matracas e a minha mãe até comentou com o meu pai:

– Não sei onde é que elas arranjam tanto assunto...

Eu sorri e, de repente, senti que o bebê estava se mexendo. Sem que ninguém percebesse, me levantei da cadeira e, ao passar pelo Bill, pedi que ele viesse comigo. Eu sabia que, se falasse com ele ali na mesa que o nosso filho estava dando sinais que tinha acordado, todo mundo ia fazer a maior confusão. Então, depois de colocar as xícaras dentro da pia, peguei a mão dele e a coloquei sobre a minha barriga. No mesmo instante que senti que o bebê estava chutando, eu vi o olhar do Bill ficando iluminado e ele sorriu.

– Ele vai ser jogador de futebol... Olha o tanto que está chutando sua barriga!

Eu sorri e falei com ele:

– Eu... Quero que você vá comigo à consulta hoje.

– Claro. - Ele respondeu. Com essa confusão de preparar as coisas do casamento, quem estava indo comigo era a Dafne. Mas, como hoje ia ser especial, pedi que fôssemos juntos.

Narrado por Bill

A médica que estava cuidando da Maia a examinou e, quando menos esperei, ela perguntou:

– Vamos ver como ele está?

A Maia sorriu e se levantou. E ainda me puxou pela mão. Eu não entendi nada e, só fui perceber o que estava acontecendo quando vi aquele aparelho de ultrassom. Fiquei babando ao ver as mãozinhas do meu filho ou filha. Perguntei para a médica:

– Vocês já sabem se é menino ou menina?

– Não. Ainda não. - A médica respondeu, sorrindo. - Vamos ver se temos dois meninos, duas meninas ou um casal...

Espera aí...

– Gêmeos? - Perguntei para a Maia, em um sussurro. Ela sorriu e confirmou com a cabeça. Agora eu entendia por que veio tudo em dobro, no chá de bebê...

De repente, eu vi mais duas mãozinhas e, foi impossível tentar controlar o meu sorriso ou então, a primeira de muitas lágrimas. A médica olhava atentamente para a tela do monitor e, de repente, ela falou:

– Um deles é um menininho... O outro está fazendo um pouco de manha para nos deixar descobrir se é um menininho ou uma menininha...

Eu e a Maia rimos e, ouvi a Maia dizendo, baixinho:

– Vamos lá, pequerrucho... Separa as perninhas por um minuto...

Como se obedecesse ao pedido da Maia, o outro se mexeu e deu para ver que era outro menininho. Eu beijei a testa da Maia, que já estava chorando mais do que eu.

Assim que saímos do hospital, estávamos no meio do caminho para a casa da Maia e, aproveitando que estávamos com o carro parado no sinal, peguei a mão dela e a beijei. Ela disse:

– Você me desculpa por não ter te contado antes que eram gêmeos?

– Maia, você está brincando, não é? Acabei de ver meus filhos pelo ultrassom e você está preocupada se eu vou brigar com você por não ter me dito que eram gêmeos?

Ela esboçou um sorriso e admitiu:

– Eu queria que você viesse quando fôssemos descobrir os sexos, porque os dois estariam grandinhos e daria para ver com quem eles se parecem...

– Os dois são a sua cara...

Ela sorriu.

– E puxaram a sua boca. - Eu disse, dando um selinho rápido nela, porque o sinal abriu.

– Pois é... Acho que eles vão fazer tanto sucesso com as meninas quanto o pai e o tio...

– É... Vamos só esperar que um deles não seja tão... Safado quanto o Tom é... - Falei. A Maia sorriu e esticou a mão para acariciar o meu rosto.

O último mês que tivemos antes do casamento foi ainda mais estressante para todo mundo, principalmente para a Maia. Ela estava cada vez maior e o vestido tinha que ser alargado. Por fim, ela decidiu trocar o vestido, assim de última hora, mas, a sorte é que a tia dela conseguiu fazer um outro para ela.

No grande dia, eu estava nervoso. Não parava de andar de um lado para o outro, estava mais agitado do que de costume e todo mundo estava meio sem saber se deveria tentar me tranqüilizar ou tentar deixar a Maia calma. Por fim, a avó materna da Maia, D. Ester, se sentou do meu lado no sofá, quando estávamos quase saindo de casa e, colocando a mão dela sobre as minhas, disse:

– Vai dar tudo certo, meu querido. Você e a Maia vão ser muito felizes juntos. Assim como eu sou com o avô dela.

– Obrigada. - Respondi, em português. É... Casar com uma brasileira que é uma matraca tem lá suas vantagens...

O Antônio (Era estranho chamá-lo pelo primeiro nome. Mas, parecia que, aqui no Brasil, não tinha tanto problema chamar as pessoas pelo primeiro nome. Admito que ainda era estranho chamar os pais da Maia de Antônio e Helena do que de Sr. e Sra. Queiroz.) veio nos chamar, avisando de que tínhamos de sair. A minha mãe tinha ido para a casa dos pais da Maia e, quando ela percebeu meu nervosismo, me deu um beijo no rosto e um abraço apertado e disse:

– Relaxa. Ouvi dizer que a Maia está mais calma que você. E olha que tinha que ser o contrário!

Não consegui evitar de dar um sorriso nervoso. Mas, mesmo assim, fomos para a igreja. Tinha um monte de gente ali e, admito que nunca me senti tão nervoso. Nem mesmo antes de fazer um show. Eu tentava me acalmar, andando de um lado para o outro, mas, não conseguia. Minha mãe quase me bateu, para que eu ficasse quieto, mas, eu não conseguia ficar quieto num lugar. No final das contas, a conversa parou e eu sabia que era agora que a cerimônia ia começar. Consegui ficar parado, mas, não quieto. Fiquei batendo o pé no chão, enquanto observava os priminhos da Maia entrando. O priminho dela, usando terno, trazia as alianças. E a priminha, usando um vestido que a fazia parecer uma fadinha, trazia uma cestinha de flores e fazia um caminho de pétalas de rosas, de várias cores. Respirei fundo ao ver que, quando os priminhos da Maia se posicionaram e as meninas tomaram o lugar deles. A Jade, mesmo com a barriga tão grande quanto a da Maia, foi andando pelo corredor central, toda sorridente. Eu vi o Gustav babando por ela. Os dois decidiram adiar o casamento por um tempo. Não era por causa da filha deles, que estava quase nascendo, mas, porque eles queriam esperar um pouco. Depois da Jade, veio a Marina, que também estava linda. Em seguida, veio a Roxy. O cabelo dela estava vermelho, que nem na época que nos conhecemos, e a diferença era que a franja dela estava jogada de lado e os cabelos estavam com cachos na ponta. Me lembrei da Nicole Kidman em Moulin Rouge assim que olhei para a Roxy. Logo depois, começaram a vir os padrinhos. Alguns dos nossos amigos de braços dados. A Dafne vinha sorridente, com o Andreas, que parecia competir com ela, para ver quem tinha o sorriso mais largo. Eu não consegui não rir dos dois. Estava realmente engraçado. Depois, o Tom apareceu com a Charlie. Nunca vou esquecer da briga que foi para conseguir convencer o Tom a usar terno. Ele só concordou porque a Maia, minha mãe e a Charlie fizeram chantagem com ele. A Charlie estava deslumbrante. Parecia uma boneca mesmo. Eu ouvi a mãe de uma das amigas da Maia comentando, perto de mim:

– Olha a cara de orgulhoso dele!
– Também... Olha o quanto a namorada dele está linda! É para ter orgulho mesmo! - A mãe de outra amiga da Maia respondeu. Porém, a minha calma acabou quando eu vi o Antônio entrando de braços dados com a Maia. Todo mundo ficou de queixo caído ao vê-la. Inclusive eu.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 20 - "Eu... preciso te contar uma coisa."

Narrado por Maia

Dois meses tinham se passado e eu estava me saindo uma excelente dona-de-casa. Bom, pelo menos era o que todo mundo dizia. E, por mais que reclamasse, o Bill me ajudava. Porque eu o obrigava, senão... A casa estaria uma bagunça. Na hora que eu percebia, ele estava ou sentado no sofá, ou então, fazendo bagunça, tipo... Pegando alguma coisa e não colocando no lugar...

E, num dia de faxina, das bravas, que eu tinha colocado o Bill para lavar a louça (Que ele estava reclamando mais que lavadeira), e eu fui ver se ele estava fazendo o serviço direito. Num tom falsamente irritado, ele me falou:

– Se era para me fazer de escravo, devia ter arrumado uma chibata. Ô sinhá... Judia d'eu não...
– Ele falou, em português e engrossando a voz. Eu comecei a rir. Eu tinha contado, mais ou menos, como era a vida dos escravos no Brasil.

– Se eu usasse uma chibata nesse seu lombinho... Você ia estar perdido! Ainda mais que aí quase não tem carne... O seu osso ia dar uns estalos bons quando a chibata encostasse aí...

Ele se encolheu. Enquanto lavava um dos copos, ele me perguntou:

– Quer que eu faça o almoço hoje?

– Ah... Pode ser. O que você estava pensando em fazer?

– Eu estava pensando naquele prato que sua avó fez... Foi na primeira vez que a gente foi lá.

– Feijão tropeiro?

– É. - Ele respondeu. - Sua avó me deu a receita e eu acho que não deve ser tão complicado.

Não consegui conter o sorriso.

– O que foi?

– Feijão tropeiro não é fácil de fazer... É meio complicado demais. Até a minha avó reclama um pouco toda vez que inventa de fazê-lo...

– Bom... Se não ficar bom... A gente pede uma pizza. - Ele falou, dando de ombros.

– Tudo bem. - Respondi. Terminei de arrumar algumas coisas e, quando ele foi se meter a cozinhar, eu avisei que ia tomar banho. Depois de fechar a porta do banheiro, comecei a tirar a minha roupa e, de repente, vi o meu reflexo no espelho. Eu não tinha percebido, mas, meu corpo estava diferente. As minhas curvas estavam ficando mais definidas, além dos meus seios, que pareciam maiores. Me virei de lado e percebi que a minha barriga estava ligeiramente maior. De repente, me ocorreu uma coisa. Percebendo que eu estava me olhando no espelho por tempo demais, me enfiei debaixo do chuveiro e tomei um banho rápido. Quando saí, usando um vestido de algodão, de alças, com estampas cor-de-rosa, fui até a cozinha, onde eu tinha colocado um calendário e, tirando a folhinha da parede, a virei e vi a data da minha última menstruação. O Bill me olhou, desconfiado e perguntou:

– O que foi?

– Nada... Estava só... Olhando uma coisa. - Respondi.

– Que coisa?

Exatamente na hora que eu ia responder, ouvi o telefone tocando. Suspirei, aliviada e o Bill, que estava perto do telefone, estendeu o braço e tirou o fone do gancho. Ele atendeu e disse:

– Oi! Tudo bem?

Houve a resposta e eu o ajudei, cortando a lingüiça em rodelas. Ele respondeu:

– Ah... Foi tranqüilo.

Pausa.

– Está aqui sim. Quer falar com ela?

Mais uma pausa, só que o Bill me entregou o telefone, sem me dizer quem era. Assim que eu disse "alô", ouvi a voz da Charlie, animada do outro lado da linha. Fui até o meu quarto e, fechando a porta depois que eu passei, falei com a Charlie:

– Eu preciso de um favor seu, Char...

Narrado por Bill

Fazia um mês, mais ou menos, que a Maia andava meio estranha. Pontualmente às onze da noite, ela sentia um sono daquele tipo que você tem que ir dormir imediatamente, senão acaba desmaiando mesmo. Além disso, ela estava com o olfato dez vezes mais aguçado que o normal. Teve um dia que o Tom veio aqui e, como ela estava no banho, não sabia que era ele. O elevador nem tinha chegado no nosso andar e, antes mesmo da Maia chegar na porta, percebeu quem era pelo cheiro dele. Ah! Outra coisa que estava estranha na Maia: As oscilações de humor. Numa hora, ela estava super feliz. No instante seguinte, estava triste ou então, irritada. Eu estava desconfiado de que ela estava grávida, mas, ela teimava em não querer ir no médico e nem me contar o que estava acontecendo. Eu sabia que ela anotava o dia que ela ficava menstruada atrás do calendário. E, assim que ela foi falar com a Charlie, esperei até que ela fechasse a porta do quarto, para ir ver uma coisa. Tinha dois meses desde a última vez que ela tinha ficado "naqueles dias", como ela mesma dizia. Percebendo que ela estava vindo, recoloquei o calendário no lugar e voltei para a frente do fogão. Eu perguntei, como quem não quer nada:

– E aí? O que a Charlie queria?

– Ah... Saber como a gente estava, se a viagem foi tranqüila...

– Você vai sair com ela hoje?

– Vou. Tem um bom tempo que eu não a vejo... - Ela respondeu, colocando os braços ao redor da minha cintura e beijando o meu ombro. Perguntei para ela:

– Será que está bom assim?

Ela espichou o pescoço na direção da panela e falou:

– Está.

Ela pegou uma colher em uma das gavetas e pegou um pouco do feijão tropeiro da panela. Depois de engolir, disse:

– Falta só um pouquinho mais de sal.

Ela pegou uma pitada no saleiro e mexeu os dedos num movimento circular, despejando o sal sobre o feijão. Depois, ela experimentou de novo, como da outra vez, colocando o feijão sobre a palma da mão. Respondeu, pegando outro bocado de feijão e colocando na minha mão:

– Experimenta e me diz o que você acha.

Depois de mastigar e engolir o feijão, eu falei:

– Está muito bom. Igual ao da sua avó...

Ela sorriu e avisou que ia pôr a mesa. Almoçamos e, logo depois, a Maia foi se arrumar para ir encontrar com a Charlie. Aproveitei que ia levá-la até a casa da amiga e, como o Tom ia estar lá, queria conversar com ele.

No final da tarde, quando eu fui buscar a Maia na casa da Charlie, depois de vir da casa da minha mãe, ela contou um pouco do que tinha feito e, logo depois que eu tranquei a porta, ela me falou:

– Eu... Preciso te contar uma coisa.

Enquanto eu tirava o meu casaco e o colocava sobre o sofá, olhei para ela. Bastou que ela colocasse as mãos sobre a barriga para que eu entendesse tudo. Fui correndo até ela e eu não sabia direito o que fazer: Se a abraçava, se a beijava, se ria, se chorava...

– Eu... Estava planejando te levar para jantar fora na quinta-feira, mas... Acho que agora é uma boa oportunidade... - Eu disse.

Ela me olhou, sem entender e eu me ajoelhei na frente dela. Peguei uma caixinha que estava guardando há algumas semanas, desde que eu me decidi arriscar, e perguntei, segurando a mão dela, e a caixinha aberta com a outra:

– Maia... Quer se casar comigo?

A Maia começou a chorar e me fazendo ficar de pé, disse:

– Desculpa... Essas alterações de humor acabam comigo.

Eu sorri, passando a mão sobre o rosto dela e secando as lágrimas, e ela, sorrindo, pôs os braços ao redor do meu pescoço e, antes de me beijar, respondeu:

– Eu aceito, Bill.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 19 - Fênix

 Narrado por Maia

Eu mal conseguia acreditar que finalmente tinha voltado ao que eu era. Parecia que eu tinha voltado no tempo e era aquela Maia que, ao abrir a porta da cafeteria em que eu trabalhava, lá em Hamburgo, acabou esbarrando-a no Bill e dando um banho de café nele. E, falando em Bill... Finalmente eu tinha conseguido fazer com que ele parasse de fumar também. Esses dois meses de folga que nós tivemos nos fizeram bem. Não só para nós dois, mas, para o nosso relacionamento também. Agora, estávamos mais firmes do que nunca e, num dia que ele foi comigo no aniversário da minha prima Marina, minha avó me chamou num canto e garantiu que, em breve, estaríamos casados. E minha avó era danada para ter premonições. Quando estávamos no aeroporto de Confins, prestes a embarcar, minha mãe me abraçou forte e disse: - Eu te amo, não se esqueça disso, minha filha. - Eu também te amo, mãe. - Eu respondi, retribuindo o abraço dela. O ruim de despedidas era exatamente isso: Todo mundo com cara inchada por causa do choro e já sentindo saudade antes mesmo de um dos dois lados ir embora. Meu pai prometeu que eles iriam nos visitar em breve. Nos chamaram para o embarque e eu abracei a Dafne, ainda mais forte do que abracei minha mãe. Ela me disse: - Se cuida, tá? - Pode deixar. - Respondi, dando um beijo no rosto da minha irmã. Dormi a viagem inteira, tanto que só tive consciência que tínhamos chegado quando senti o Bill me dando um beijo na bochecha e me chamando, baixinho. O Tom estava lá, nos esperando, junto com a Charlie, que parecia ainda mais bonita que a última vez que nos víamos. Ela disse, me abraçando e não conseguindo conter o choro: - Senti sua falta... - Também, Char... - Respondi, retribuindo o abraço dela. Pouco tempo depois, percebi uma coisa. Não estávamos indo para a minha casa, mas, sim para outro lugar. Olhei para o Bill, que dirigia o carro dele (O Tom que veio dirigindo - Ele voltou com a Charlie, no dela), em silêncio e perguntei: - Para onde estamos indo? - Você vai ver... Depois de parar em um dos sinais, ele me pediu, sem desviar o olhar para mim: - Se eu te pedir uma coisa... Você faz? Hesitante, eu respondi: - O que você quer que eu faça? - Fecha os olhos, não espia e só abre quando eu mandar, tudo bem? - Por que está me pedindo isso? - Eu tenho uma surpresa para você... - Ele sorriu, finalmente olhando para mim. Respirei fundo e fechei os olhos. Cerca de quinze minutos depois, ouvi um barulho de um portão e, como eu tinha dito que não ia espiar... Mantive minha palavra. O carro fez uma curva suave e parou. O Bill desligou o motor e saiu, deu a volta e, logo em seguida, abriu a porta do meu lado. Ele me guiou até chegarmos em um elevador, pelo o que eu pude perceber. E, para garantir que eu não espiasse, senti a mão dele sobre os meus olhos. O elevador subiu por alguns instantes e, de repente, ouvi a voz do Bill me perguntando: - Está pronta? - Estou. - Respondi. O elevador parou e o Bill continuou me guiando, porém, só por mais alguns instantes e, de repente, tirou a mão de sobre meus olhos. Estávamos em um apartamento que não era aquele que eu dividia com a Charlie. Perguntei para ele, olhando a enorme sala de estar: - Aonde estamos? - No nosso apartamento. Falei com a Charlie e o Tom para visitarem alguns, me mandarem as fotos e... Estamos aqui. Na nossa casa. - Espera aí... E a sua mãe? - Me apoiou. Sabe como é... As mães só querem o melhor para os filhos... - Ele respondeu, dando um sorriso fofo. Eu ainda não tinha conseguido entender que estava ali, no apartamento que eu ia morar com o Bill. Só nós dois. Ele me abraçou pela cintura e, aproveitando que meu cabelo estava preso num coque, ele começou a beijar a minha nuca. Uma das mãos apertava a minha cintura e a outra, puxava o meu casaco para baixo, deixando o meu ombro direito à mostra. Ele começou a mordê-lo, me causando arrepios tão intensos que eu tremia.

– Está gostando? - Ele perguntou, sussurrando de maneira sensual, com a boca bem perto da minha orelha. Fechei meus olhos e, tentei reunir um pouco de forças para me manter em pé. Porém, percebi que ele estava me guiando para algum lugar e, abrindo os olhos, perguntei:

– Sou a dona da casa e não vou poder nem conhecer o resto da minha casa?

– Você vai ter muito tempo para conhecer o resto do apartamento... - Ele respondeu. - Agora... Só me interessa te apresentar ao nosso quarto...

Nem tive tanto tempo assim para poder ver como era o nosso quarto. Quando me dei conta, ele já tinha me agarrado pela cintura, me beijando e eu apertava a nuca dele, bem de leve.

Estávamos naquele amasso quando o telefone começou a tocar. O Bill falou um palavrão, baixinho e eu, percebendo que ele não ia atender, falei:

– Bill... Se o telefone ficar tocando, insistente desse jeito, a gente não vai conseguir fazer nada. Vai ser pior.

Mordendo o lábio inferior, ele me disse:

– Não sai daqui que eu já volto, OK?

– OK. - Respondi. Ele se levantou, hesitante, e foi atender o telefone. Rapidamente, eu me livrei do meu vestido e soltei o cabelo. Eu tinha acabado de vaporizar um perfume que eu tinha e sabia que ele adorava, quando ergui o meu olhar e, vendo o reflexo dele no espelho, coloquei o vidro de perfume sobre a escrivaninha e me virei de frente para ele, que me olhava de um jeito tão... Desejoso como eu nunca havia visto antes. Resolvendo provocá-lo, ergui minha mão na direção do meu cabelo, porém, no meio do caminho, a coloquei sobre a alça do sutiã e a puxei para baixo. Ele entrou no quarto, caminhando lentamente e eu fiz o mesmo. Íamos um na direção do outro e, quando eu parei na frente dele, meus dedos alcançaram a beirada da camiseta dele e, comecei a puxá-la para cima. Logo depois de jogar a camiseta sobre a mesma cadeira que eu tinha colocado meu vestido, deslizei as minhas mãos sobre a barriga dele, parando somente quando cheguei na fivela do cinto dele. Abri a calça dele, que, nesse instante, me envolveu com seus braços e, me puxando para mais perto dele, começou a me beijar de um jeito calmo. Logo, ele me fez deitar sobre a cama e ficou sobre mim. Ele ainda estava beijando a minha boca, porém, o beijo começava a ficar mais intenso. Sempre que eu sentia os dedos dele sobre a minha pele, eu me arrepiava, cada vez mais. Quando eu toquei a tatuagem da lateral do corpo dele, ouvi o Bill gemendo, baixo. Decidi continuar com a provocação, descendo minha mão ainda mais, até chegar no elástico da boxer dele. Empurrei para baixo, a última peça de roupa dele que ainda restava. De repente, ele parou de me beijar e, olhando para mim, ele pôs a mão sobre a outra alça do meu sutiã e a baixou, lentamente. Rapidamente, ele o tirou e, uma vez livre da minha calcinha, senti os dedos dele me estimulando. Eu não conseguia refrear os gemidos que subiam pela minha garganta e muito menos, não enroscar as minhas pernas ao redor da cintura dele. E, me surpreendendo, quando eu não estava mais agüentando, ele parou e, logo, as investidas começaram. Quando o ritmo começou a ficar mais rápido, eu, por instinto, arranhei o ombro dele, que entendeu isso como um sinal e ele começou a impulsionar o corpo na minha direção de um jeito ainda mais intenso. A cada vez que eu sentia as investidas dele, era como se uma... Onda elétrica percorresse cada célula do meu corpo. Eu cheguei ao orgasmo primeiro e, poucos segundos depois, ele também conseguiu. Se largando do meu lado, porém, sem me soltar, ele beijou o meu pescoço, perto da minha orelha e disse:

– Eu te amo, Maia...

– Eu também te amo, Bill. - Respondi.

Narrado por Bill

Finalmente eu tinha a Maia de volta, só para mim. Já não sabia por quanto tempo mais eu agüentaria ter de manter o auto-controle com ela. Enquanto ela dormia, fiquei observando a sua expressão tranqüila e me perguntando se ela ia gostar da surpresa que eu tinha preparado...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 18 - Finalmente em casa...

Narrado por Bill

Tínhamos chegado à casa dos pais da Maia e, como ela estava exausta, acabou dormindo no instante que se deitou sobre a sua cama. A Helena estava sentada de um lado dela, sobre a cama, e eu, do outro. Enquanto passava a mão sobre os cabelos da filha, a Helena me perguntou:

– Imagino o namoro de vocês dois não esteja tão bem, não é mesmo?

– É... As coisas estão bem... Complicadas. A Maia se afastou, desde que começou a fumar e a beber, e, por isso, demorei a perceber o que estava acontecendo. Nos primeiros dias, ela sempre me dizia que estava enrolada com a composição das músicas e a gravação do CD. Só que, aos poucos, percebi que a freqüência que o Tom se encontrava com a namorada dele era maior do que a nossa e fiquei desconfiado de que tinha alguma coisa errada acontecendo. Tanto que pedi ajuda para as meninas e elas vigiavam a Maia, sempre que tinha alguma coisa errada, me ligavam e eu ia ajudá-la. As brigas entre nós ficaram mais freqüentes e nem sei quantas vezes ela terminou comigo. Só que eu amo a Maia, Helena. Não consigo vê-la se destruindo dessa maneira e ficar longe e sem fazer nada por ela. Você sabe disso...

– Eu sei. - A mãe dela falou. - A Maia tem muita sorte de ter te conhecido e vocês estarem namorando. Só que ela nunca aprendeu a valorizar as coisas que tem. Só depois que as perde é que ela realmente valoriza e se arrepende por ter tido aquela postura. Eu sei que a sua paciência está acabando, por causa do que ela está fazendo, mas... Te peço... Te imploro para dar uma última chance para a Maia. Eu conheço a minha filha e sei que, se ela está fazendo todas essas besteiras, é porque ela é humana e não está agüentando a pressão que todo mundo está fazendo. Ainda mais que ela não tem muita consciência do que está acontecendo na vida dela, direito. Eu imagino que você mesmo já deve ter tido vontade de jogar as coisas para o alto, por várias vezes, e ainda deve tê-los. Se eu estou te implorando isso é porque eu nunca vi a minha filha tão feliz. A Maia me mandou as fotos da viagem que vocês fizeram e eu juro que aquela viagem fez muito bem para ela. Aliás... Para você também.

Eu sorri. Olhando a expressão tranqüila que ela tinha, falei:

– A Maia é uma garota muito especial, Helena... Não quero perdê-la.

– Eu sei. - Ela disse, pondo uma das mãos sobre as minhas. - Obrigada por ter trazido a Maia e o Marco para cá. E por ter vindo também. Eu estava com saudades de vocês.

Eu concordei com a cabeça e ela perguntou:

– Você está com fome? Se quiser, posso preparar alguma coisa.

– Não precisa se preocupar, Helena. De verdade. - Eu falei. Mas, a Helena era tão teimosa quanto a Maia, e, por fim, ela acabou preparando um lanche quando a Maia acordou. A Dafne, que estava na casa de uma amiga e não sabia que dia íamos chegar, apareceu em casa exatamente quando todo mundo (A Maia já tinha acordado) estava sentado, comendo as coisas que a Helena pôs sobre a mesa. Na hora que viu os irmãos e eu, ela deu um grito. Veio correndo na nossa direção, a Maia foi a primeira a se levantar e a Dafne a abraçou e ergueu a irmã do chão.

– Maia! Que bom que você está aqui!

– Oi, Dadá! - A Maia respondeu. Passada a emoção de ver a Maia, a Dafne passou para o irmão, que a levantou do chão, enquanto a abraçava e, por fim, a Dafne me cumprimentou, com um abraço apertado e um beijo na bochecha. Ela perguntou, dando um beijo na mãe:
– Quando vocês chegaram?

– Hoje de manhã. - A Helena respondeu.

– Ai, que bom que está todo mundo aqui... - A Dafne disse, sorrindo. De repente, ela percebeu uma coisa e perguntou: - Espera aí... O Bill e a Maia estão em Belo Horizonte e o Marco saiu de Nova Iorque... Alguém vai casar?

– Não... - O pai da Maia disse, sorrindo. - Pelo menos que a gente saiba, não...

– Ah, que pena! Ia ser o máximo se um dos dois - Ela apontou para os irmãos. - Desencalhássem...

– Dafne! -  A Helena xingou.

– E eu estou falando mentira? - A irmã da Maia falou. Ela se sentou à mesa e comeu algumas coisas. Enquanto a Maia tomava banho, a Dafne bateu na porta do quarto dela (Já que eu estava lá, procurando o carregador da bateria do meu celular) e, quando virei a cabeça na direção da porta, perguntei:

– Quer conversar comigo a respeito da sua irmã, não é?

– É. - Ela respondeu, entrando no quarto e se sentando em um pufe perto da janela. Bom, na realidade, esse pufe parecia um saco de couro e era rosa-choque. A Maia sempre ficava jogada lá.

– O que está acontecendo com a minha irmã? De verdade.

Respirei fundo e contei tudo para ela. No final, a Dafne disse:

– Se precisarem... Contem comigo.

Eu sorri e, quando menos esperei, a Maia entrou no quarto, usando só uma toalha. A Dafne disse, nos deixando à sós:

– Eu... Vou ficar um pouco com o Marco, com licença.

Ao passar pela porta, a Dafne puxou a maçaneta, para nos deixar mais à vontade. Observei a Maia escolhendo uma roupa e, sem pudor nenhum, pela primeira vez, se vestiu na minha frente. Normalmente, ela se enfiava no banheiro e só saía de lá quando estava completamente vestida. Enquanto eu a observava se vestindo, senti a minha calça ficando apertada de um jeito desconfortável. Me ajeitei na cama de um jeito que ela não percebesse, enquanto a Maia distorcia uma das alças da camisola que ela usava. Ela me olhou e se sentou do meu lado.

Narrado por Maia

– Eu quero conversar com você. - Pedi. Ele concordou e eu comecei a dizer: - Eu ouvi a sua conversa com a minha mãe. Me desculpa por... Ter feito essas besteiras todas.

Ele apenas pôs a mão sobre o meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar. Sentir o toque dele sobre a minha pele de um jeito delicado, pela primeira vez em muito tempo, foi algo... Inexplicável. Foi muito bom. Tanto que eu relaxei e acabei fechando os olhos. Não demorou e eu senti que ele me beijava. De um jeito apaixonado, como na época que começamos a namorar. No momento que ele se separou de mim, ele disse, colando a testa dele à minha:

– Eu te amo, Maia.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 17 - Fraquezas e perdas

 Narrado por Maia

Desde que a divulgação do CD novo da nossa banda começou, eu não tinha mais vida. O Bill tinha brincado, há um tempo atrás, que, uma vez dentro desse meio, não tem mais volta. E a pressão sobre nós, tanto da parte da gravadora, dos empresários, quanto da imprensa e de alguns fãs, é absurda. Eu achei que ele estava só tentando brincar comigo, mas, vi que ele estava falando sério. E, sempre que eu tinha a oportunidade, dava uma escapada e sempre descarregava um pouco da tensão que eu estava sentindo nas minhas duas principais válvulas de escape: Uma mistura que eu fazia, com energético e alguma bebida alcoólica, tipo... Vodca, e cigarro. Eu sei que estava me destruindo, mas, não estava agüentando mais. Ninguém sabia dessa mistura perigosa e eu tomava o máximo de cuidado para não ser descoberta. Para disfarçar o meu hálito, eu sempre comia uma barra de chocolate. E para o cheiro de cigarro, eu usava um spray que era próprio para isso. Além dessas duas coisas, eu ainda estava tomando café o tempo inteiro. Tinha pegado essa mania do Bill, então, o dia que eu dormia cedo (Tipo... Onze horas da noite, por exemplo) era muito raro. E o dia que eu conseguia dormir direito, era ainda mais raro. Além disso, por causa da minha rotina puxada, eu não estava conseguindo me alimentar direito. E, por causa da minha perda de peso e minha aparência cansada, a imprensa, óbvio, tinha um prato cheio. Praticamente todo santo dia, tinha alguma revista falando coisas do tipo "Parece que Maia, da The Sour Ladies, está sob a influência do namorado, Bill, do Tokio Hotel, por causa da magreza". Eu evitava de me encontrar com o Bill, porque sempre que nos falávamos, mesmo que fosse por telefone, acabávamos discutindo e brigando mesmo. Quando ele aparecia, de surpresa, lá em casa, eu mandava a Charlie distrai-lo enquanto eu saía e esperava até ele ir embora. A Charlie, por mais que eu tentasse esconder tudo dela, sabia o que eu estava fazendo, contava para o Bill, que tentava me ajudar e, como eu andava irritada demais, acabava perdendo a paciência e, por isso, discutíamos.

Durante a festa de lançamento do nosso CD, eu não conseguia manter um copo cheio. Tanto que, quando eu percebi, o efeito do álcool já estava começando a ficar crítico. As meninas tentaram me impedir, mas, eu não quis saber. Quando eu estava indo na direção do garçom que servia a vodca, fiz um sinal para que ele viesse na minha direção e, quando eu estendi minha mão para pegar um dos copos sobre a bandeja, uma mão se fechou sobre o meu pulso e, logo, ouvi a voz do Bill dispensando o garçom. Eu perdi a paciência e disse à ele, irritada:

– O que foi? Vai ficar me controlando agora?

Ele não me disse nada, apenas me arrastou pelo braço para fora dali. Me forçou a entrar no carro dele e, logo, percebi que ele estava me levando para a casa. Durante o caminho inteiro, ele não disse uma única palavra sequer. Quando ele destrancou a porta (Ele tinha a chave do apartamento), me deu passagem e, quando eu me joguei sobre o sofá, ele me censurou com o olhar. Perguntei:

– Não vai me passar o sermão?

– Me responde uma coisa, Maia. Você está vendo que está se destruindo, agindo desse jeito? Perdi a conta de quantas vezes a Charlie me ligou, pedindo para ajudá-la a cuidar de você.

– Eu não preciso de ajuda. Estou muito bem.

– Ah, estou vendo isso! - Ele disse, num tom irônico. - Agora mesmo, por exemplo, você mal consegue ficar de pé. Você acha que eu não sei que você anda fumando escondida... Fica bebendo o tempo inteiro, mesmo que disfarce com sucos, não dorme mais... Eu estou preocupado com você. Aliás, não só eu, mas, todo mundo, inclusive a sua família, lá no Brasil e seu irmão, que mora nos Estados Unidos.

– Eu não pedi para ninguém se preocupar comigo.

– Você não é mais aquela Maia que eu conheci e me apaixonei.

– Sinto muito. - Respondi, num tom frio.

– Não está dando mais para agüentar esse seu comportamento. Agindo desse jeito, você está me fazendo mal também, porque eu fico preocupado com você, morrendo de medo que te aconteça alguma coisa e eu não consiga te ajudar...

– Quer terminar comigo? Tudo bem. Seja feliz com alguém que realmente te mereça. Me desculpe se eu não era quem você pensava... - Eu disse, me levantando do sofá. - Acho melhor mesmo a gente terminar. Não quero mais te magoar e muito menos, te fazer ficar mal por minha causa.

Antes de ir para o meu quarto, eu o vi baixando a cabeça, pelo canto do olho.

Narrado por Bill

Eu amava a Maia. Sabia que ela estava fazendo aquilo tudo porque não estava agüentando mais a pressão sobre ela. Além de estar estressada por causa do trabalho e da imprensa, ainda tinham as minhas fãs que não aceitavam o nosso namoro, mesmo depois desse tempo todo em que estávamos juntos. Eu estava sofrendo por vê-la acabando com a própria vida daquele jeito. Eu morria de medo de que, numa dessas vezes que ela exagerasse na bebida, acabasse entrando em coma ou então, que alguma coisa ainda pior acontecesse. Mesmo que ela e eu não tivéssemos mais nada, eu ia tentar ajudá-la de alguma maneira. Assim que cheguei na minha casa, fui direto para o meu quarto, tomei um banho, deixando a água quente me ajudar a relaxar e, quando saí do banheiro, o Tom estava sentado na minha cama, me encarando. Ele sabia que tinha alguma coisa errada acontecendo e, talvez por isso, só me estendeu o telefone e disse:

– Tem cinco horas de diferença da Alemanha para o Brasil. Agora, lá são... Nove da noite. - Ele consultou. - Acho que você deveria ligar para os pais dela e conversar com eles. Os dois precisam saber o que está acontecendo com a Maia.

Peguei o aparelho e disquei o número de telefone da casa dela, no Brasil. Depois de três toques, ouvi a voz da irmã da Maia, Dafne, e eu disse:

– Dafne? É o Bill, tudo bem?

– Tudo. E você? - Ela perguntou, animada, do outro lado da linha. O Tom se levantou da minha cama e, quando passou por mim, para me deixar sozinho, pôs a mão no meu ombro, num sinal de apoio.

– Tudo. Seus pais estão em casa? - Perguntei.

– Só meu pai. Minha mãe está na casa da minha tia. - Ela respondeu. - Quer falar com ele?

– Por favor. - Respondi.

– OK. Vou passar o telefone para ele. - A Dafne falou. Houve uns breves instantes de silêncio, e, de repente, ouvi a voz dela, distante, falando "É o Bill. E ele quer falar com você.". Logo, ouvi um barulho e a voz do pai da Maia me disse, em alemão (Eu tinha descoberto, através da Maia, que os pais dela estavam tendo aulas, justamente para poderem conversar comigo):

– Bill? O que foi? Aconteceu alguma coisa com a Maia?

– Está acontecendo, Sr. Queiroz. - Eu respondi, suspirando e me sentando sobre a cama. Contei tudo para ele, que ouviu e, por fim, me fez um único pedido:

– Por favor, venha com a Maia para Belo Horizonte. Eu sei que vai ser difícil, ainda mais que vocês dois estão enrolados com os discos e tudo mais, mas... Eu preciso ter a minha filha do meu lado. E eu tenho certeza que a Helena também vai querer isso.

– Eu vou conversar com os empresários, explicar o que está acontecendo e, provavelmente, no final da semana, estaremos aí. - Prometi.

– Tudo bem. - O ouvi dizendo, do outro lado da linha.

Na manhã seguinte mesmo, fui até o escritório do David e do John, que era o empresário das meninas e conversamos por um longo tempo. Eu expliquei o que estava acontecendo com a Maia e que iríamos para o Brasil. Tanto o David quanto o John entenderam e nos apoiaram nessa decisão. O segundo passo era ligar para o Marco Antonio, irmão da Maia, e pedir para que ele me ajudasse a convencer a irmã a ir para o Brasil. Dois dias depois, o Marco Antonio chegou à Hamburgo e ele foi comigo até o apartamento que as meninas dividiam. Nós três conversamos por, uma hora, pelo menos, e a Maia, mesmo resistente até o final, concordou em ir para o Brasil. Quando o Marco nos deixou a sós, a Maia me perguntou, quase num sussurro:

– Por que você fez isso?

– Eu te amo. Mesmo depois do que aconteceu outro dia, ainda me importo e preocupo com você. Só quero o seu bem, pode ter certeza disso. E... Se você ainda não percebeu isso... Você é a minha vida. Eu simplesmente não consigo ficar longe de você. Se alguma coisa te acontecer... Não sei o que eu faço. Maia... Eu estou te implorando. Me deixa te ajudar. Eu sei que não vai ser fácil, mas... Me deixa tentar, pelo menos.

Ela me encarou e eu não ousei desviar o olhar daqueles olhos castanhos que eu amava tanto. Pelo menos, não até conseguir uma resposta:

– Eu aceito sua ajuda com uma condição.

– Que condição?

– Que você também pare de fumar. - Ela exigiu.

– Maia, não é questão de...

– É questão de chantagem sim. Você realmente acha que eu não me preocupo com você também? O piercing da sua língua e o cigarro são uma combinação perigosa, sabia? Aumentam ainda mais as chances de você ter um problema sério de saúde.

Suspirei e falei:

– Vamos fazer um trato, então. Nós dois vamos fazer o mesmo tratamento. Se quiser que eu largue o cigarro... Tudo bem. Eu largo. Contanto que você faça o mesmo.

Ela concordou com a cabeça e perguntei:

– Temos um trato?

– Temos. - Ela respondeu.

Eu sabia que ia ser difícil para ela, assim como seria comigo, mas... Eu estava ao lado dela. E isso seria um incentivo e tanto para ela. E para mim também.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 16 - Você realmente me ama? Prove, então!

 Narrado por Charlie

Sexta-feira à noite. Depois da gravação do nosso CD, o Georg e a Roxy foram para a casa, que nem a Jade e o Gustav. O Bill levou a Maia para a casa e, como eu tinha recebido um aviso de umas amigas minhas da Inglaterra que viriam me visitar, eu tinha combinado com elas que iríamos à uma boate. O Tom, como sempre, não gostou e a gente acabou discutindo. Resultado? Bati pé e decidi ir, mesmo se ele tivesse de cara feia para mim. Senti o celular vibrando dentro do bolso traseiro da minha calça e saí da sala, já que os engenheiros de som, o nosso empresário e o produtor do disco estavam ali dentro estavam conversando muito e eu não ia conseguir ouvir uma palavra sequer. Ouvi a confusão do outro lado da linha, tudo ao mesmo tempo:

– Charlotte Marie Spencer! Onde você está? - Ouvi a voz da Caroline, uma delas, me perguntando.

– A gente não vai mais? - Jean, outra amiga, reclamou.

– É bom você ter uma excelente razão para não estar aqui ainda! - Sophia, mais uma das amigas, exigiu.

– Para seu próprio bem, é melhor que você esteja dentro de um táxi, vindo para cá! - A última do grupo, Katharine (Keke, como costumávamos chamá-la), me ameaçou.

– Que isso? - Eu respondi, rindo. - Povo... Me desculpem. Eu me distraí e estou aí em quinze minutos, prometo!

– É bom mesmo! - Ouvi as quatro reclamando.

Voltei para a sala, peguei minha bolsa e me despedi de todo mundo que estava lá, dando um tchau "geral". O Tom estava sentado num canto da recepção e, mesmo que eu o tivesse visto, fiz questão de ignorá-lo.

Narrado por Tom

A Charlie era a única garota que realmente conseguia me fazer "sossegar o facho", como ela mesma dizia, além de conseguir me deixar irritado e, ainda sim, eu ficava na mão dela. Me cansando de ficar ali, fui até o estacionamento da gravadora e, quando encontrei o meu carro, dei a partida e, estava no meio do caminho para o centro da cidade para, aí sim, ir para minha casa, quando, de repente, me lembrei de uma coisa. A Charlie ia me matar, mas, eu não ia deixá-la sozinha, numa boate (Apesar de estar com as amigas).

Quando cheguei lá, dei a descrição da Charlie para o segurança, que me respondeu onde ela tinha ido. Fui andando, pelo meio da multidão até que a vi. A Charlie realmente adorava me tirar do sério. Ela tinha colocado o vestido que sempre me deixava louco; Era azul-escuro, de um tecido fosco, tomara-que-caia, porém, cheio de amarrações nas costas, além de um decote enorme, que revelava cada pedacinho de pele dela. A saia era toda armada, graças à um tecido que parecia renda, porém, era mais duro. E, para piorar minha situação, ela estava usando os cabelos soltos. Uma das amigas dela, Keke, senão me engano, me viu e comentou com a Charlie, que se virou e me viu. Eu estava estático, só observando-a. Ela pegou uma bebida sobre o balcão do bar e tomou tudo de uma vez. Logo em seguida, ela passou, fazendo questão de esbarrar em mim e foi para a pista de dança...

Narrado por Charlie

O safado do Tom veio atrás de mim e, como eu estava fula com ele, sempre me utilizava do mesmo artifício para amansar a fera: Sedução, claro. E foi por isso que eu tomei um copo enorme de vodca pura de uma vez e fui para a pista de dança. De repente, começou a tocar uma música bem... Propícia...

Tonight I'll be your naughty girl
Esta noite eu serei sua safadinha

I'm calling all my girls
Estou chamando todas minhas garotas

We're gonna turn this party out
Nós vamos terminar esta festa

I know you want my body
Eu sei que você quer meu corpo

Tonight I'll be your naughty girl
Esta noite eu serei sua safadinha

I'm calling all my girls
Estou chamando todas minhas garotas

I see you look me up and down
Te vejo me olhando de cima a baixo

And I came to party
E eu vim para festejar

Nessa hora, o refrão começou e, aí que eu comecei a dançar para provocá-lo mesmo, me movendo do jeito mais sensual possível.

You're so sexy tonight I am all yours boy
Você é tão sexy, esta noite eu sou toda sua, garoto

The way your body moves across the floor
O jeito que seu corpo se move no chão

You got me feeling n-a-s-t-y
Você me deixa sentindo "suja"

I might just take you home with me
Eu posso te levar para casa comigo

O Tom me encarava, babando mesmo, e eu sabia que ele estava louco de desejo. Só para torturá-lo um pouco mais, mexi no meu cabelo de um jeito que eu sabia que ele ia ficar para morrer, já que ele adorava. Funcionou e, um cara veio falar comigo. O Tom ficou todo reto, com a expressão fria e nada amigável. O rapaz sussurrava algumas coisas que eu nem sabia direito o que eram, e, quando percebi, o cara estava com os braços em torno da minha cintura e estava beijando o meu pescoço. De repente, eu senti uma mão, que não era a do cara que estava me agarrando, se fechando ao redor do meu braço e me puxando para fora dali. Eu sabia que era o Tom e não protestei. Ele me arrastou até o carro dele e, depois que ele bateu a porta do lado dele, deu a partida no motor e eu só pedi:

– Me leva para aquele parque. Você sabe onde é.

Ele me ignorou completamente, porém, atendeu ao meu pedido. Quando ele desligou o motor, ele me disse:

– Era isso o que você queria? Me testar até ver a que ponto eu ia conseguir me controlar? Parabéns. Você conseguiu.

– Ah, agora então, você sabe como eu me sinto quando você vai ciscar para cima de alguma garota, não é? Eu te amo. Só você que não vê isso. Só você que não percebeu ainda o quanto me magoa, agindo desse jeito!

– Eu também te amo, Charlie.

– Você realmente me ama? Prove, então! Seja fiel. Demonstre que gosta e se importa comigo. Não me trata como se eu fosse só mais uma garota com quem você passa a noite!

Ele suspirou, impaciente e, entendendo o silêncio dele como uma espécie de confissão que só estava comigo por causa da atração física, como sempre era com as outras garotas.

– Eu sabia. - Respondi, baixo. - Me leva para a casa, por favor.

– Não. - Ele respondeu.

– Tom, por favor! - Eu pedi, já sentindo as lágrimas caindo.

– Posso me explicar?

– Para quê? Vai tentar me prometer coisas que nós dois sabemos que você não vai conseguir cumprir...

Mesmo com minha reclamação, ele me disse:

– Tudo isso é novo para mim e você sabe disso. Eu nunca me envolvi tanto assim com uma garota. Tenta entender...

– Eu estou tentando. Só que vai chegar num ponto que eu não vou conseguir mais suportar isso. - Eu falei.

– Me dá uma última chance, por favor. - Ele pediu. - Se eu não aproveitar, eu me afasto de você para sempre.

– Você sabe que não vai ser possível...

– Eu sei. Por favor, Charlie... Me deixa tentar uma última vez.

Suspirei e senti os dedos dele encostando no meu rosto. Ele se inclinou na minha direção e beijou o meu rosto.

Pouco tempo depois, nossas bocas se encontraram, o beijo que estava acontecendo era calmo, porém, sensual, e, vendo que eu não iria agüentar por mais tempo, interrompi o beijo e olhei para o banco de trás. O Tom perguntou:

– O que foi?

Mordi o lábio e sorri. Logo em seguida, passei para o banco de trás, sem sair do carro e, logo, ele veio também. O espaço era pequeno, mas, ainda sim, era melhor do que ficar no banco da frente, toda reta e incômoda. Ele passou os lábios sobre a minha bochecha, bem de leve, e, quando chegou perto da minha orelha, sussurrou, me deixando arrepiada:

– Você me deixa louco...

E, logo, mordeu o lóbulo da minha orelha. Eu puxei a camiseta dele para cima e, no instante em que o eu vi, meus dedos percorreram cada milímetro do abdômen dele, que estremeceu com o meu toque. Não consegui refrear um sorriso e ele, percebendo, me falou:

– É assim, né? Vou te ensinar uma lição...

A mão dele foi passeando pela minha perna até chegar no elástico da minha calcinha. Senti que ela deslizava para baixo e, quando eu estava só de vestido (Meus sapatos estavam na frente - Salto alto realmente me mata!) senti os dedos dele escorregando para a parte interna das minhas coxas e, logo em seguida, tocando o centro da minha intimidade de um jeito tão... Provocante que eu não conseguia controlar os gemidos. Com a outra mão, ele dava um jeito de se livrar do vestido, e, para ajudá-lo, peguei a mão dele e mostrei o zíper que tinha ali do lado e ele o baixou. Num minuto que eu já não estava usando mais nada, a mão livre dele alcançou um dos meus seios e a outra foi substituída pela língua. Quando eu não estava mais agüentando, e, arfando e a voz já falhando, implorei para que me fizesse dele. Em pouquíssimo tempo, ele se posicionou e as investidas começaram. Sem perceber, eu enterrava as minhas unhas no braço dele, que parecia não se importar. Chegamos ao orgasmo juntos e, por fim, o senti me beijando, carinhosamente.

Naquela noite, fomos para a casa dele e eu acabei dormindo lá. Na manhã seguinte, acordei com um anel sobre a palma da minha mão e, como ele estava me observando perguntei:

– O... Que significa esse anel?

– O meu compromisso de fidelidade com você. Eu acho que ainda é meio cedo para pensarmos em casamento.

– Eu concordo. - Respondi, entregando o anel para ele, que perguntou:

– Por que você está me entregando o anel?

– Porque eu quero que você o coloque no meu dedo. - Respondi. Ele o fez e, depois, beijou o anel e as costas da minha mão. Ficamos ali durante um bom tempo e, entre um beijo e outro, conversávamos um pouco, fazíamos planos... Eu começava a acreditar que o Tom estava realmente mudando. E esperava que ele não disperdiçasse a última chance que eu tinha dado para ele...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 15 - Decisões e mudanças

 Narrado por Charlie

Eu e a Maia ficamos mais próximas por várias razões. Mas, a principal delas era que seríamos cunhadas, caso ela se casasse com o Bill e/ou eu me casasse com o Tom. Os meninos entraram em estúdio e as gravações do CD novo do Tokio Hotel começaram. Eu e a Maia passávamos os dias trancafiadas no estúdio, às vezes, compondo algumas músicas, de diversão mesmo. E, em um dia que estávamos em uma outra sala, eu estava tocando a guitarra enquanto a Maia estava sentada ao piano que tinha lá, fazendo alguns experimentos. Ela estava escrevendo a letra de uma música, de brincadeira, e, quando ela terminou um trecho, eu pedi:

– Canta esse trecho, por favor.

– OK.

Eu comecei a contar até quatro, para marcar o tempo e a Maia começou:

"Eu quero sair daqui agora
Quero que me leve embora
Não agüento mais essas garotas idiotas
Hoje, só tem uma coisa que me importa
E somos nós dois...
"

A Maia, para deixar a coisa mais... Zuada, imitou a voz da Britney Spears, que ela não suportava e, quando ela terminou de cantar a palavra "dois", ainda fez um "yeah" parecido com aquele do começo de uma música do Backstreet Boys (Não sei como chama. Só lembro que o clipe é aquele do aeroporto. Acho que é "I want it that way".). Eu ri ainda mais quando a porta da sala se abriu, a Maia se virou para ver quem tinha entrado e, aos poucos, ficou da cor de uma beterraba. O Bill comentou:

– Eu não conhecia esse seu lado... Britney.

– Pois é... - Ela respondeu, na maior cara-de-pau. - À noite, quando você acha que eu estou lá em casa, sozinha... Me visto como uma drag-queen e faço shows com o nome artístico de "Maiane Star".

Eu tentei imaginar a cena da Maia cantando sobre um palco, usando uma peruca enorme, tipo aquelas que o povo usava na época de Maria Antonieta, só que rosa-choque, vestido todo brilhante e maquiagem bastante carregada, tipo a da Christina Aguilera no clipe de "Lady Marmalade". E, por isso, comecei a rir. A Maia me olhou, com expressão de medo e, só não se arrastou sobre o banquinho do piano, se afastando de mim, porque senão, ela caía de bunda no chão.

– Desculpa. Só que eu te imaginei como "Maiane Star". - Esclareci.

– Por favor, me fala que eu fiquei bonita, pelo menos. - Ela pediu.

– Ficou estranha. - Respondi.

– Vocês duas são doidas... - O Bill respondeu. Nós duas olhamos para ele e a Maia disse:

– Estamos namorando há quase um ano. Já era para você saber que eu não sou 100% normal, como você imagina. Ainda mais quando eu estou com as minhas amigas... Lembra da viagem...

– É, pois é. - Ele respondeu, coçando a cabeça. Olhei para a Maia e me lembrei da loucura que cometemos em Amsterdã: Eu, a Maia, a Roxy e a Jade, do nada, conseguimos um som e, ainda, um CD com a trilha de Moulin Rouge. Como estávamos "caindo de bêbadas", óbvio que começamos a fazer um cover de Lady Marmalade, com a coreografia fiel à do clipe e, como estávamos no meio da rua, começou a juntar aquele bando de gente ao nosso redor. Pior é que a idéia foi das três malucas que são minhas amigas. Eu entrei de gaiato nessa história. O que ninguém sabia era que estávamos sóbrias. Estávamos fingindo estar bêbadas, justamente para ninguém nos encher o saco. Engano nosso... Chegamos no hotel e cada um dos meninos teve uma reação diferente. O Georg estava fulo com a Roxy. O Gustav não falou nada com a Jade. Só a ignorou. O Bill passou uma senhora descompostura na Maia e o Tom... É safado até você dizer chega e, para piorar ainda mais a minha situação, ainda fez o seguinte comentário infeliz:

– Você devia ter feito um strip-tease... Eu, pelo menos, ia adorar.

Preciso mesmo dizer que, depois disso, ele apanhou e, como desgraça pouca é bobagem, o filho da mãe ainda teve a cara-de-pau de dizer:

– Bate mais que eu acabei de virar masoquista!

E só de raiva, dei um beliscão nele. O braço ficou roxo e foi bom, porque ele se comportou um pouco nos dias que se seguiram.

– O que vocês estão fazendo, afinal de contas? - O Bill quis saber.

– Escrevendo algumas músicas, só de zueira. - A Maia respondeu, quando ele pôs um banquinho ao lado dela. Ele deu uma olhada nas folhas e, à medida que ia lendo, um sorriso ia aparecendo no rosto dele. A Maia perguntou:

– Sabia que você está me assustando?

– Por quê? - Ele perguntou, sem desviar o olhar para ela.

– Seu sorriso está ficando meio... Insano. - Ela respondeu.

– Desculpa. - Ele falou, dando um sorriso mais normal. - Adorei essa daqui.

Era a música que a gente estava tocando quando ele entrou ali.

– Só que eu acho que ela ficaria melhor se você cantasse no seu tom de voz normal. - Ele disse para a Maia.

– Você entendeu que a gente está escrevendo essa música de zueira?

– Entendi. Só que eu acho que vocês podiam gravá-la. A letra é ótima. Já têm o arranjo?

Nos entreolhamos e concordei com a cabeça. A Maia me fuzilava com o olhar. Eu falei:

– Maia... Vamos tentar, por favor?

Suspirando, ela acabou concordando e, depois da minha contagem, ela começou a cantar e, logo em seguida, eu a acompanhei. Ela só parou de cantar naquele trecho que a gente parou. O Bill nos olhava e ele perguntou:

– E se o ritmo fosse um pouco mais rápido?

Tentamos e, realmente ficou mais legal. Ele nos ajudou a terminar a música e, naquela noite mesmo, aproveitamos que a Maia tinha comprado um teclado e estava tendo aulas, e continuamos a fazer o arranjo. Improvisado, mas, ainda sim, o fizemos. A Jade quis nos ajudar, com a bateria e, fizemos uma proposta, tanto para ela quanto para a Roxy. As duas nos ajudaram com as músicas, os arranjos e tudo mais, e, não demorou para nós gravarmos nosso CD também. A Roxy e a Jade iam voltar para a banda, mesmo com as pimpolhas, e até elas terem, pelo menos três anos, iam ficar com as avós. Porém, a Roxy não ia agüentar ficar longe da Estela e, a Jade dava indícios que não ia conseguir ficar longe da Julia, que, nem bem tinha nascido e já estava causando aquela comoção. Sinceramente? Essas crianças (E a que estavam por vir ainda.) iam ser as mais mimadas da face da Terra! Sério. Com um bando de "tios" e "tias" babando em cima delas... Era o mínimo que podia acontecer. Mas a Jade prometeu que ia ficar na banda até, pelo menos duas semanas antes da Julia nascer e, depois que ela estivesse recuperada, voltaria para a banda.

Em um dia que eu estava conversando com a Maia na varanda do nosso apartamento e olhando o sol se pôr, ela me perguntou:

– Eu estava pensando em uma coisa...

– No quê? - Perguntei, pegando uma quantidade boa de pipocas da bacia na mesinha à nossa frente.

– Como será a nossa vida daqui a uns... Dez anos?

– Por que você está pensando nisso?

– Sei lá. Só... Estava tentando imaginar... Será que a gente ainda vai estar com a banda, se eu ainda vou estar morando aqui na Alemanha... Se eu ainda vou estar namorando o Bill...

– Ou casada com ele, com uma penca de filhos... E, conhecendo o Bill... Vai ser um filho por ano.

– Nossa senhora! - Ela falou e eu comecei a rir.

– Estou falando sério. - Respondi. - Se eu parar para pensar como as nossas vidas vão estar em uma década... Acho que a Roxy vai ter mais dois filhos, a Jade vai ter só a Julia. No máximo, um menininho também. Você e o Bill vão estar casados, com uns cinco filhos e eu e o Tom... Vamos estar noivos, eu correndo atrás dele para poder marcar a data do casamento e ele, só se esquivando.

Ela sorriu e me disse:

– Se eu fosse você... Mudaria essa linha de pensamento. Você que não percebeu, mas, durante a viagem, o Tom não parou de te olhar um minuto sequer. O único problema dele é que...

– Ele é um safado, cachorro, mulherengo que não consegue sossegar "aquilo"? É. É triste, porém, é a verdade.

– Eu diria só que ele é safado e mulherengo, mas... O que você disse, serve também...

Fiquei chateada, de repente. A Maia percebeu e perguntou:

– O que foi, Char?

– Eu amo o Tom. - Respondi, não conseguindo impedir as lágrimas que escorriam pela minha bochecha. - Só que... Sempre que eu o vejo ciscando para cima de alguma garota... Ele não percebe que isso me magoa. Mesmo que a gente esteja namorando, eu sei que ele não está sendo fiel.

A Maia me abraçou, numa tentativa desesperada de me consolar e, de repente, ouvi o meu celular tocando, no meu quarto. Me levantei e fui atender. Enxugando as lágrimas e tentando deixar a minha voz mais estável, ouvi o Tom perguntando do outro lado da linha:

– Eu já te disse que odeio te ver chorando?

– Como... ? - Eu disse, indo até a janela do meu quarto e tentando enxergá-lo em algum lugar. Mas, ele não apareceu.

– Esqueceu que dá para te ver da rua?

Olhei para o outro lado da rua e o vi, acenando para mim, com a mão que segurava o celular. A outra estava nas costas e parecia esconder alguma coisa. Quando ele encostou o telefone na orelha de novo, eu falei:

– Vou abrir para você...

Da sala, ouvi a Maia dizendo que ia na padaria. Eu estava terminando de me arrumar um pouco (Passando lápis de olho e um pouco de blush, para tentar disfarçar minha cara de choro.) quando senti que estava sendo observada e, quando me virei para a porta do banheiro, o Tom estava me olhando, encostado no batente, com uma das mãos ainda nas costas.

– Por que você estava chorando? - Ele quis saber.

– Saudade de casa. - Respondi. - A última vez que eu vi minha mãe e meu irmão foi na época do Natal. Todos os dias, falo com eles, mas não é a mesma coisa.

– Alguma coisa me diz que você não está falando a verdade...

– Então essa coisa está mentindo para você. - Eu disse, tentando disfarçar. Ele me olhou, enquanto eu terminava de passar o blush e minhas bochechas ficavam levemente coradas. Eu perguntei:

– O que foi?

– Você está linda. - Ele me respondeu. Pela primeira vez, não tinha qualquer sinal de malícia na voz dele. Pelo contrário. Consegui perceber que ele estava sendo sincero. Eu sorri, tímida pelo elogio que ele me fez e, depois de tampar o lápis e guardá-lo dentro do mini-gaveteiro que eu tinha, soltei meu cabelo (Que eu sabia que ele preferia assim) e, fui caminhando na direção dele. Quando parei de frente para ele, fiquei na ponta dos pés e dei um selinho demorado nele. Quando nos separamos, perguntei, colocando meus braços ao redor do pescoço dele:

– O que você está escondendo aí atrás?

– E quem te disse que eu estou escondendo alguma coisa?

Tentei pegar o que quer que fosse, só que ele curvou-se para trás e os nossos corpos ficaram ainda mais colados. Então, resolvi provocá-lo:

– Ah, é assim? Então tá... Enquanto você não me contar o que é... Não te beijo.

Eu ia na direção da minha cama, mas, ele segurou a minha mão, me impedindo de continuar andando. Me virei para olhá-lo e, surpresa, percebi que ele estava escondendo uma única rosa vermelha. Peguei a flor e ele me disse:

– Eu sei que você fica brava comigo quando eu dou mole para outras garotas, mas... Eu te amo.

Senti o ar sumindo dos meus pulmões. Ele sabia que eu queria que ele só me dissesse aquelas três palavras quando tivesse certeza absoluta do que realmente sentia por mim e que não estivesse sendo precipitado ou leviano. Fui até ele e o abracei. Senti os dedos dele deslizando pelos meus cabelos e, enquanto ouvia as batidas do coração dele, respondi:

– Eu também te amo, Tom.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 14 - Novos rumos

 Narrado por Maia

Eu e a Charlie ainda morávamos juntas (Tanto que éramos as únicas que restaram) e, com mais um bebê a caminho, o destino de The Sour Ladies era incerto. E era por isso que nós duas estávamos conversando a respeito do que iríamos fazer com a banda.  A Roxy nos proibiu de acabar e ainda disse que, se fosse preciso, ela e a Jade poderiam ser substituídas. Eu estava sentada em um dos bancos que tínhamos colocado na varanda, tipo aqueles de jardim, enquanto comíamos aquele panelão de brigadeiro. A Charlie disse, depois de um suspiro:

– E aí? Tem alguma idéia?

– Na realidade... Eu estava pensando em uma coisa sim. Desde que aquele fã maluco deu para a Roxy um cd do Epica, que isso não sai da minha cabeça.

– Espera aí. Quer dizer que...

– Eu estou querendo me aventurar nesse gênero? Claro. Com a Roxy e a Jade impossibilitadas de continuar... Por que não podemos nos arriscar, afinal... O que temos a perder?

– Me deixa pensar... Os fãs?

– E, se ao contrário de perder os fãs, a gente ganhar mais? Não parece, mas, se a gente procurar direito... Olha quantas pessoas são fãs de Iron Maiden!

– É, mas Iron Maiden é bem diferente de Epica. A começar pelo fato de que é um homem cantando. E não uma ruiva.

– E o Bruce Dickinson é mais velho e mais feio que a Simone Simons.

– É... Mas, consegue ter a voz tão aguda quanto ela... Imagina quando ele está com uma mulher... Ouvir o Bruce gemendo deve ser hilário...

– Charlie!

– O quê?

– Eu vou ter uma conversa séria com o Tom... Ele é uma péssima influência para você. Olha só no que você está falando... Em como o Bruce Dickinson, um senhor metaleiro de respeito, deve gemer na hora que está com uma mulher!

A Charlie caiu na risada e eu falei:

– Estou falando sério. Você está mais tarada desde que começou a namorar o Tom.

– Ah, e a culpa é minha que ele é gostoso e...

– OK, Charlie! Não quero saber detalhe da vida íntima de vocês dois, por favor! Não quero imaginar vocês dois juntos... Se lá no Egito foi aquele escândalo a ponto de quase chamarem a polícia para vocês dois, imagina aqui na Alemanha, que o povo não é tão conservador quanto lá?

Ela riu e perguntou:

– Posso... Só fazer um último comentário?

Respirei fundo e falei:

– Pode.

– A falta de recheio atrás, compensa o excesso de recheio na frente. Portanto... Nós duas estamos muito bem servidas, já que eles são gêmeos...

Joguei uma almofada na Charlie e ela ainda teve a cara-de-pau de falar:

– E estou falando mentira? Ou vai dizer que aquelas fotos que eu vi do Bill eram montagens?

– Chega desse assunto! - Falei corando tanto que até devia estar parecendo uma beterraba.

– Maia... Admite... - Ela disse, partindo para cima de mim e me torturando, fazendo cócegas. De repente, ouvimos o barulho de chaves e, no instante seguinte, o Tom apareceu e ficou olhando aquela cena. Ele, óbvio, tinha que fazer um comentário:

– Posso me juntar à vocês nessa esfregação?

– Tom, vai tomar banho! - Eu mandei. - E aproveita e carrega a Charlie com você!

– Olha que eu repito a dose do Egito, hein? - Ele falou, dando aquela senhora olhada tarada de sempre, enquanto brincava com o piercing dele.

– Tom! - Eu gritei. Estava começando a passar mal mesmo. Ele, facilmente, pegou a Charlie pela cintura e a tirou de cima de mim. Enquanto a abraçava, ele disse:

– O Bill me pediu para avisar que daqui a uma hora está passando aqui para te buscar e te levar para jantar fora.

– A que se deve o milagre? - Perguntei, estranhando. Normalmente, o "jantar fora" do Bill era sinônimo de vir jantar aqui em casa ou na casa dele.

– Eu que vou saber?

– E não são vocês dois que sempre ficam falando que um consegue saber o que o outro está pensando, só de se olharem?

– É. Mas, diz ele que queria variar um pouco.

– Sair da rota "minha casa - sua casa".

Ele sorriu e eu decidi ir me arrumar.

Narrado por Charlie

Perguntei para o Tom, com a cabeça encostada no peito dele e sumindo entre os braços dele (É... Apesar dos pesares, praticamente trinta centímetros de diferença fazem diferença sim!):

– O que o Bill está aprontando?

– Você sabe guardar segredo? - Ele me perguntou.

– Sei.

– Pois é. Eu também.

– Chato! - Respondi, rindo e batendo no peito dele.

– E aí? Quer ir ver a nossa afilhada? Liguei para o Georg antes de vir para cá e ele falou que era para a gente ir ver a Estela.

– Ah... Tudo bem. - Respondi. - Vou... Só trocar de roupa e já venho, pode ser?

– Quer ajuda? - Ele perguntou, com aquela cara de tarado que eu amava.

– Quero sim, mas... Depois, para tirar a roupa. - Respondi, sussurrando no ouvido dele e, depois, dando uma mordida de leve no lóbulo da orelha. No mesmo instante, senti a "animação" dele por causa desse meu pedido.

Pouco tempo depois, eu estava na casa da Roxy e do Georg, segurando a Estela, que já estava enorme e a cada dia mais linda, e a Roxy nos observava. Ela perguntou:

– E aí? O que você e a Maia decidiram sobre a banda?

– O que a gente não decidiu, você quer dizer, não é?

– Vocês sabem qual é a minha opinião a respeito disso, não é? Por mim, vocês só não podem acabar com o The Sour Ladies.

– Eu sei. Mas... Não vai ser a mesma coisa sem você e a Jade... A Maia também está triste porque vocês duas vão sair.

– Do jeito que vocês duas estão, até parece que a gente vai para um campo de concentração e nunca mais vai voltar...

– E não é? Tirando a parte do campo de concentração.

– É mas, mesmo assim... A banda vai acabar só porque duas das integrantes tiveram filho? Que idéia mais idiota! Se fosse assim, não teria mais banda nenhuma!

– É, eu sei... Ah... Eu queria te perguntar uma coisa, falando em banda. E como você vai fazer quando o Georg tiver de sair em turnê?

– Estávamos discutindo isso ontem. Eu vou ter de ficar em casa, cuidando da Estela. - A Roxy respondeu. - É o único jeito...

– Pior é que nem dava para me oferecer para te fazer companhia, porque, provavelmente, eu e a Maia devemos continuar com a banda e sair em turnê. O jeito é você e a Jade darem as mãos e cuidarem dessa fofura e do bebê dela.

A Estela riu para mim, quando eu a chamei de fofura. Ela tinha os olhos exatamente da cor dos olhos do Georg. Porém, fisicamente, estava parecida com a Roxy. Os cabelos estavam numa cor de acaju e estavam crescendo lisos. O Georg dava graças a Deus por isso. A Estela, de um modo geral, era a coisa mais... Gostosa que eu já vi: Era gorduchinha, cheia de dobras para todos os lados (Pulsos e tornozelos estão incluídos nessa lista) e, quando ela sorria, era o mesmo sorriso torto do Georg. Em resumo: Era uma princesinha mesmo. E isso sem falar que ela estava sendo mimada de um tanto... Também, com os pais e três avós babões, além de seis "tios" e "tias" que paparicavam a Estela praticamente o dia inteiro...

Quando o Tom e o Georg entraram no quarto da Estela, esta ficou inquieta e se inclinou na direção do pai. Ele esticou os braços na direção dela e a pegou no colo. O Tom se sentou do meu lado e, quando viu o Georg brincando com a filha, comentou:

– Quem diria... Georg todo babão por uma garota que é careca, gorducha e com dois dentes...

– Vem não que você também fica babando pela Estela que eu já vi. - Respondi. A Roxy ficava olhando para o Georg e a Estela com um brilho no olhar... Era tão bom ver minha amiga feliz daquele jeito...

Quando o Tom pegou a Estela no colo, enquanto o Georg foi atender ao telefone e a Roxy foi pegar a mamadeira dela, ele ficou brincando com a bebezinha. Ele tampava os próprios olhos, com as mãos, e, quando os destampava, a Estela ficava eufórica. O Tom, ao ver a alegria dela, encheu a bochechinha dela de beijos e, eu escutei ele dizendo:

– Sabia que você é a minha gostosa preferida?

– E eu? - Perguntei, fingindo estar enciumada.

– Pode uma coisa dessa? Tia Charlie com ciúmes de você! - Ele falou, olhando para a Estela, que ria com as brincadeiras dele. - E outra coisa. - Ele se virou para mim. - Você só vai ter uma concorrente se a gente tiver uma filha... Sim, porque com um pai gostoso que nem eu e uma mãe linda que nem você... Vai ser a criança mais linda do mundo!

– Tom... Menos egocentrismo, sim? - Pedi. Ele riu e, quando foi fazer cócegas na Estela, perguntou:

– Que cheiro é esse?

Eu pedi à ele que me desse a Estela e, depois que eu fui olhar a fralda dela, falei:

– Adivinha?

– Ê Estela, caprichou dessa vez, hein? - O Tom falou, apertando a bochecha dela, de leve. A Roxy entrou no quarto e perguntou:

– Vai ter que trocar a fralda dela?

– Vai. - Eu respondi. - Posso...?

A Roxy me olhou, curiosa, mas, mesmo assim, deixou. Ela me ajudou, falando o que eu tinha que fazer e, percebi que o Tom estava me olhando. De repente, o celular dele tocou e, depois de nos deixar sozinhas por uns instantes, a Roxy comentou:

– Sabia que você leva jeito?

– É... Mas, filhos só daqui a alguns anos. - Respondi.

– É... Ainda mais que é o Tom, não é? - Ela perguntou e eu sorri fraco. A Roxy percebeu que tinha alguma coisa de errado e logo quis saber: - Tem alguma coisa acontecendo entre vocês?

–  Não... - Respondi. Era mentira. Desde a hora que ele falou da nossa suposta filha, que fiquei remoendo aquilo. Conhecendo bem o Tom, eu sabia que aquilo seria meio impossível de acontecer. Me lembrei de tudo o que tinha acontecido entre nós dois, desde o momento que nos conhecemos até a hora que ele falou de ter uma filha comigo. Nesse tempo todo, nosso relacionamento era feito um ioiô. Na semana, eram dois dias de paz e cinco dias de guerra, discutindo por alguma coisa. Logo que ele via que eu estava fula da vida, vinha me pedir desculpas e, como sempre, me dava um beijo extremamente irresistível e, como eu estava toda molenga e amava ele de verdade... Não conseguia ficar brava por muito tempo. E pior é que eu estava pressentindo que, na próxima briga que tivéssemos, não ia ter volta, como nas outras vezes...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 13 - O parto

Narrado por Roxy

Fui levada para uma sala, para me preparar, e o Georg ficou comigo o tempo inteiro. Só nos separamos quando eu troquei de roupa e ele foi se preparar, colocando aquela roupa verde, tipo avental e touca. Ele não demorou para aparecer (A sorte é que eu já estava pronta, com camisola e touca também) e quis ficar do meu lado quando fossem me dar a anestesia; Ele sabia do meu pavor de agulhas e, enquanto eu sentia a agulha, ele falou comigo, tentando me tranqüilizar:

– Calma que a dor já vai passar...

– É... O bebê saindo vai ser ainda mais dolorido... - Respondi, rindo e, imediatamente, se transformou numa careta, porque senti uma dor muito aguda e quase insuportável.

Quando entramos na sala, a médica me explicou como é que eu deveria fazer para que o bebê nascesse. Comecei a respirar do jeito que ela me instruiu e, junto, fiz força. Eu senti o Georg vacilando do meu lado.

Narrado por Georg

No início, achei que não ia agüentar ver meu filho ou filha nascendo. Eu vi, rapidamente, a cabeça dele saindo de dentro da Roxy e quase desmaiei, admito. Era a coisa mais estranha. Mas, uma vez que o corpinho estava todo de fora e ouvi o choro, não agüentei. A Roxy também tinha começado a chorar e a obstetra falou:

– Parabéns, papai... Temos uma princesinha aqui...

Eu tinha me debruçado na direção da Roxy e, quando ela ouviu a voz da médica, perguntou:

– O que a Dra. Braun falou?

– É uma menina. - Respondi. De repente, a enfermeira colocou aquele embrulhinho chorão nos braços da Roxy e admito que fiquei babando por aquela menininha linda. A Roxy falou, observando a nossa filha:
– Ela é a sua cara!

– E ela é linda que nem você. - Respondi, dando um beijo na testa da Roxy.

Uns minutos depois, quando a minha filha foi levada para o berçário, aproveitei para ver quem tinha vindo ao hospital, além da minha mãe e da família da Roxy. Quando finalmente os encontrei, vi que estavam a Maia e o Bill, a Jade e o Gustav. Perguntei:

– E o padrinho?

– Não estava agüentando de ansiedade e a Charlie foi dar uma volta com ele. - A minha mãe falou.

– E aí? É um menino ou uma menina? - A Jade quis saber. Nesse exato instante, o Tom apareceu com a Charlie e eu falei:

– Pois é, Tom... Vamos ter de ficar de olhos abertos, porque é a menina mais linda que eu já vi.

– Sério? É uma menina? - O Tom perguntou, atordoado.

– É. - Respondi. - Cinqüenta e um centímetros e três quilos e cem gramas.

Quase fui jogado no chão pelo Tom, que me abraçou tão de repente, que me pegou desprevenido. Depois de ser cumprimentado por cada um ali, o Bill perguntou:
– E a Roxy?

– Deve estar indo para o quarto agora. - Respondi. A obstetra passou por nós e falou:

– Eu só queria avisar que a bebê foi para a enfermaria. Podem ir vê-la.

– E a Roxy?

– Ela já foi para o quarto. - A médica respondeu. Eu concordei com a cabeça e avisei ao pessoal que ia ver a Roxy. A Maia e o Bill quiseram vir comigo e, quando perguntei o porquê, a Maia disse:

– Vamos esperar a confusão lá em baixo melhorar um pouco. E não pense que eu não estou curiosa para ver como ela é.

Eu sorri. Quando abri a porta do quarto, a Roxy estava conversando com a enfermeira, que estava aplicando o soro na veia dela. A Roxy perguntou, assim que viu o Bill e a Maia comigo:

– Vocês não foram vê-la ainda?

– Decidimos esperar um pouco... Pelo menos até o Tom se acalmar. - O Bill falou.

– Como você está? - A Maia perguntou.

– Cansada. Mas, estou bem. - A Roxy falou. - Ai... Não vejo a hora de trazerem a nossa filha aqui.

– Com quem ela se parece? - O Bill perguntou.

– Adivinha? - A Roxy falou, me dando uma olhada.

– O importante é que ela tenha saúde e altura, né? - O Bill me provocou. Bem feito. Tomou um tapa da Maia. Os dois ficaram um pouco até que a Roxy dormiu e fomos finalmente ver a minha filha. A Maia me perguntou:

– Decidiram qual vai ser o nome dela?

– Estela. - Respondi. Tínhamos decidido o nome há dois dias atrás. Se fosse menino... Ia se chamar Alexandre. - A Roxy que sugeriu e, acabamos escolhendo o nome pelo significado mesmo.

– Estrela.- A Maia comentou, olhando para a Estela e babando.

– É. - Respondi.

– Ela é linda mesmo... - O Bill respondeu. - Você e o Tom vão ter um trabalho para manter os meninos longe dela...

– E quem disse que você e o Gustav não vão nos ajudar?

Os dois se entreolharam e eu comecei a ficar desconfiado. Ainda mais que um sorriu para o outro.

– Na realidade... Vamos te ajudar sim. Mas... O problema é que vamos estar ocupados cuidando de outra menina... - O Bill respondeu, sorrindo. Na mesma hora entendi.

– E você está com quanto tempo de gravidez? - Perguntei para a Maia.

– Nenhum dia. - Ela respondeu. - A grávida é outra. Só que, ao contrário de você e da Roxy, que realmente quiseram a Estela... A menininha que está vindo por aí, foi feita por "acidente".

– Espera aí... A Jade... Está grávida do Gustav? - Perguntei, tentando assimilar aquilo tudo.

– Pois é, Georg... Pior é que eu estou vendo tudo... O próximo da fila a se tornar pai, é o Tom... - O Bill suspirou.

– E pelo andar da carruagem, não vai demorar muito para isso acontecer. - A Maia falou.

– Tem quanto tempo que a Jade está... Esperando o filho?

– Amanhã completa cinco meses. - A Maia respondeu. OK. Aquela noite, era de longe, a mais... Desnorteante de todas. Primeiro, vi a minha filha nascendo. E agora, descubro que a Jade e o Gustav estão seguindo o meu exemplo e o da Roxy. O que mais falta? O Tom se casar, finalmente? Tudo bem que eu realmente tinha esperanças que a Charlie acabasse com a vida de libertinagem dele, mas... Ia ser um choque, se isso realmente acontecesse. Ainda mais que eu estava acostumado a ver o Tom se gabando de ter transado com várias meninas...

Entretanto, uma coisa que eu não vou me esquecer nunca é de quando a enfermeira trouxe a Estela, para mamar, e, pouco depois, segurei a minha filha, pela primeira vez. Era engraçado o jeito que ela me olhava, como se tivesse se perguntando "Quem é esse cara que está me olhando desse jeito babão?". Peguei a mãozinha dela e, quando o meu dedo encaixou na palma dela, os dedinhos se fecharam e ela continuou a me olhar, curiosa.

Uns dias depois, eu estava acabado, assim como a Roxy, porque a Stela, pontualmente, começava a chorar às três e quarenta e cinco da manhã, reclamando de fome ou de fralda suja. Em uma dessas noites, fui até o berço dela e a peguei no colo e fui até a cozinha. Esquentei a mamadeira para ela, que não tinha parado de chorar e, perguntei, com a voz rouca, graças ao sono:

– De onde você está tirando esse fôlego para gritar tanto, hein?

De repente, ela parou de chorar por uns instantes e ficou me olhando, como se tivesse entendido. Eu fui checar a temperatura da mamadeira e prestei atenção no barulhinho que ela fazia enquanto sugava o leite. Nunca imaginei que pudesse achar aquele barulhinho tão... Engraçadinho. Logo depois que ela terminou de mamar, conforme me disseram, coloquei ela para arrotar. É. Ser pai não era tarefa fácil. A Roxy estava se saindo melhor que eu. Quando eu entrei no quarto, com ela, o choro recomeçou. Suspirei, tentando descobrir o que tinha de errado e, mesmo depois de checar a fralda dela, não entendi o que estava acontecendo. Só vi que ela estava ficando vermelha e a carinha dela estava se contorcendo. De repente, ouvi um barulho e falei com ela:

– Caprichou, hein?

Numa tentativa desesperada, coloquei a Estela apoiada no meu peito e comecei a tentar niná-la. Não demorou e ela adormeceu. Mas, não sem antes dar aquele bocejo. A recoloquei no berço e fui para a minha cama. A Roxy perguntou, ao sentir que eu estava deitando do lado dela:

– O que foi?

– Ela estava com cólica, por causa de gases.

– Ah... - Ela respondeu. - Ela dormiu?

– Dormiu. - Respondi. - Será que ela vai ser sempre assim?

– Não sei... - A Roxy respondeu. - Só sei que eu estou com sono.

– Eu também. - Respondi, bocejando. - Boa noite, Rox.

Me inclinei na sua direção e beijei a boca dela. Finalmente, eu consegui dormir. Pela primeira vez desde que viemos para a casa...

Postado por: Grasiele

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