sexta-feira, 28 de outubro de 2011

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 20 - Tudo bem de novo.

(Contado pela 3º pessoa)

      Semanas se passaram, e o Bill continuava sem falar com a Kate. Tom tentava contar a verdade, mas sempre era impedido por alguém, ou às vezes lhe faltava coragem. Era noite de sábado, e estava fazendo um pouco de frio na cidade. Kate estava dentro do quarto, deitada em sua cama e abraçada ao travesseiro. Ela querendo ou não, as lágrimas insistiam em cair. Da porta, sua mãe anuncia que o jantar já estava pronto.

           - Kate, o jantar já está pronto. Você não vem?
           - Estou comendo demais. Acho que farei um regime. – disse ela sem se mover.
           - Que história é essa? – ela se sentou numa poltrona. – Mal está saindo do quarto nos últimos dias. Ligue para o Bill, o chame para sair como faziam antes.
           - Ele não viria nem se eu implorasse.
           - Duvido.

      Kate se senta na cama.

           - Mãe, acha que estou diferente? – pergunta ela.
           - Está se vestindo melhor, é claro.
           - Não, é sério. O Bill deve estar certo. Sou uma idiota de sapatos novos.
           - Ele disse isso?
           - Não exatamente.
           - Os sapatos podem até ser novos, mas eu acho que você continua a mesma.
           - Eu tô muito entretida nessa história de popularidade, e... o Bill... ele nem fala mais comigo. – mais uma lágrima desceu.
           - Essa “carreira” de popularidade só dará certo se fizer sentido pra você.
           - Eu nem sei mais quem sou. Esse é o problema.

      Sua mãe se levantou, e abraçou Kate que chorava sem parar. Agora sim ela estava arrependida, e queria ter a amizade do Bill de volta. Ela tomou um banho quente, se vestiu e saiu, sem avisar pra onde.

      Após caminhar sem rumo, e finalmente chegar a rua da casa do Bill, Kate se põe em frente à casa e cria coragem para tocar a campainha.

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(Contado pelo Bill)

           - Kate? – disse ao abrir a porta.
           - A gente... poderia conversar?
           - Um-hum. – abri mais a porta, lhe dando passagem.

      Sentamos-nos no sofá. Ficamos olhando um para o outro, e Kate por várias vezes tentou iniciar uma conversa, mas parecia não saber o que falar.

           - Não veio aqui só para se sentar no meu sofá ou ficar olhando pra mim, não é? – tentei descontrair.

      Ela ficou séria, e pude notar que seus olhos se encheram de lágrimas.

           - Me desculpa. – essas foram as únicas palavras que saíram de sua boca, antes de um “mar” de lágrimas descer pelo seu rosto.

      Não tem jeito, eu não sei ficar com raiva dela. E confesso que já estava quase me matando de tanta saudade. Me levantei e sentei-me ao seu lado, e ela logo me deu um abraço apertado, ficando assim por alguns minutos.

           - Sei que fui uma idiota com você, mas... estou arrependida. Por favor, me perdoa. – disse ela, me soltando e abaixando um pouco a cabeça, ainda chorava.
           - Ei. – ergui seu queixo com minha mão direita. Com a mesma, enxuguei suas lágrimas. – Está tudo bem. – disse e ela me abraçou de novo.

      A forma como estávamos abraçados, dava pra sentir as batidas do seu coração, que estavam um pouco aceleradas. Como eu desejei que aquele momento não acabasse. Mesmo tento brigado com ela, não conseguia tirá-la de minha mente. E se disse que já havia esquecido-a, era mentira, ou se disse que iria desistir, também era mentira. De alguma forma eu sabia que não deveria desistir.

           - Eu queria te contar uma coisa. – disse.
           - E o que é? – pergunta ela.
           - É sobre o Tom.
           - Por favor, não estrague esse momento pra falar do Tom.
           - O quê?
           - Estamos afastados há tanto tempo que já estava até me esquecendo o quanto é bom ficar ao seu lado.

      Suas palavras me encheram de alegria. Passamos quatro horas conversando, e nenhum assunto foi sobre o Tom. Depois ela se despediu de mim, me dando mais um abraço e beijo no rosto. Acho que agora sim a Kate está de volta.

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(Contado pela Kate)

           “Você tem um milhão de maneiras de me fazer rir. Você me protege, e quando estou quieta, atravessa meu silêncio. Não sinto a necessidade de dar um grito, porque você mantém meus pés no chão. Você sim é meu verdadeiro amigo, está ao meu lado até o fim, me ajuda quando alguma coisa não está certa. De alguma forma, as suas segundas chances nunca acabam.”

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 19 - Não parecem coisas novas, só uma nova Kate

(Contado pela Kate)

      Graças ao taxista consegui chegar ao restaurante. O Bill estava lindo em cima daquele palco. Mas foi uma pena que eu não tenha conseguido pegar do inicio. A apresentação acabou, e logo Bill desceu do palco e desapareceu. Deduzi que estivesse no camarim, e resolvi procurá-lo.

           - Olá, pode me dizer onde encontro o Bill? – perguntei.
           - Você é a...?
           - Kate.
           - Ah sim. Siga por este corredor, a última porta. Ele deve estar lá, se já não foi embora.
           - Obrigada.

      O rapaz me tratou educadamente, mas eu estava me sentindo um lixo por tê-lo feito esperar. A porta estava meio aberta, e deu para notar que Bill arrumava seu violão dentro da capa.

           - Oi. – disse.
           - Oi. – respondeu ele, um pouco frio.
           - Bill... me desculpa. Eu tentei chegar a tempo, mas...
           - Não tem problema.
           - É claro que tem problema! Eu prometi a você que viria e não cumpri!
           - Já estou acostumado com suas promessas que nunca são cumpridas.
           - É que... está tudo uma loucura, sabe?
           - Dá pra ver. Sapatos de grife, roupas novas, popularidade lá em cima. Deve ser duro controlar tudo isso.
           - Aonde quer chegar?
           - É que não parecem coisas novas, só uma nova Kate.
           - O que está dizendo?!
           - Que você não era assim! – ele alterou seu tom de voz. - Cadê aquela garota sorridente e desastrada do inicio do ano? Ela desapareceu, não foi? Você não sabe o quanto eu queria que ela estivesse aqui comigo.

      Bill pegou seu violão e saiu da sala. Meus olhos lacrimejaram e algumas lágrimas desceram. O que está acontecendo? Pensei. Eu não tinha mais nada para fazer ali. Passei pelo restaurante, ainda derramando lágrimas. As pessoas me olhavam tentando entender o motivo, mas nem eu sabia, ou talvez soubesse e não quisesse enxergar.

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(Contado pela 3º pessoa)

      Dias se passaram, e desde a apresentação no restaurante, Bill e Kate não se falavam. Ela já estava começando a sentir um enorme peso na consciência. No colégio, se encontrava sentada, “brincando” com seu lanche.

           - Ei, o que foi? – pergunta Tom, se sentando ao seu lado.
           - Não é nada. – responde ela.
           - Será que a gente pode conversar um minutinho?
           - Claro.
           - Eu preciso te contar uma coisa.

      Amanda e Victoria estavam na mesa ao lado...

           - Acho que o Tom irá contar a verdade pra ela. – disse Victoria.
           - Nem pensar! Vou ter que impedir! – disse Amanda.
           - Mas não era isso que queria?
           - A Kate acabou com a minha popularidade! Se alguém irá contar a verdade, esse alguém serei eu! Farei isso com grande estilo. Quero humilhá-la na frente de todos!
           - Como assim?
           - A Kate irá desejar nunca ter nascido!

      Enquanto isso Tom tentava dizer...

           - Eu e o John... – ele respirou fundo. – nós fizemos, ou melhor, eu fiz uma coisa terrível.
           - Está me deixando assustada. – disse Kate.
           - Eu...
           - Tom! – chamou Amanda. E ele se virou para olhá-la
           - O que é? – pergunta ele.
           - O John está te chamando.
           - Avise que irei daqui a pouco. Preciso conversar com a Kate.
           - Ele disse que é urgente.
           - Tudo bem. Depois você me diz o que é. – disse Kate.

      Ele deu um selinho em Kate, se levantou e saiu. Amanda permaneceu ali, e deu um sorriso falso à Kate, que retribuiu.

      Seria bom se pudéssemos prever o futuro, assim impediríamos que algo ruim acontecesse. Mas infelizmente não temos esse poder. A Kate estava feliz de estar ao lado do Tom, mas triste por ter “perdido” um grande amigo. Ela ainda tem esperanças de reconquistar aquela amizade, mas ainda não sabe como.

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 18 - Bill, deixa de ser bobo!

(Contado pela Kate)

      Vai haver uma festa de comemoração dos vinte e cinco anos do colégio, e eu fui escolhida para organizar tudo. Dei um jeito de alugar uma fazenda para que o tema fosse um luau. Nada se compara a fazer isso à beira do mar, mas como aqui não tem, vai fazenda mesmo.

      O dia chegou e minha cabeça estava a mil com os preparativos. Muitas pessoas ajudaram o que facilitou bastante pra mim. Todos estavam animados e ansiosos para que a festa começasse logo.

      19h00. Este foi o horário em que todos começaram a chegar. A ornamentação havia ficado linda. Uma fogueira enorme foi feita no centro da fazenda, luzes foram espalhadas por todos os lados, e uma gigantesca mesa foi posta com comes e bebes a vontade para quem quisesse se servir.

      Tom passou em minha casa, e chegamos ao local juntos.

           - Está tudo muito lindo. – disse uma garota que passou por mim.
           - Parabéns Kate, a festa está linda. – disse outra.

      Em menos de um minuto, recebi inúmeros elogios sobre a festa. Isso prova que realmente gostaram.

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(Contado pelo Bill)

      Cheguei à fazenda, e avistei Kate perto da fogueira. Fui até ela para cumprimentá-la.

           - Bill! Que bom que veio. – disse ela.
           - Estava um pouco na dúvida, mas acabei vindo. – disse.
           - Estamos um pouco afastados, mas está tudo bem com você, não é?

      Estamos afastados sim, mas por sua culpa, ou melhor, por culpa do Tom.

           - Estou bem. E pelo visto você também está.
           - É...
           - Kate... Se você descobrisse um segredo, e soubesse que aquilo poderia machucar alguém, contaria mesmo assim?
           - Se essa pessoa fosse um amigo, contaria sim.
           - Hum.
           - Por quê? Quer me contar algum segredo?

      Estava disposto a contar toda a verdade mesmo sabendo que ela não me escutaria. Mas antes que eu pudesse abrir a boca, o Tom aparece.

           - Ô Kate, tem umas meninas te chamando ali. – disse ele apontando.
           - Vou lá ver o que é, e depois volto pra gente conversar mais. – disse ela a mim.

      Bastou ela virar as costas pro Tom começar a falar.

           - O quê que é? Você ficou maluco? – disse ele.
           - Me desculpa, mas não estou entendendo.
           - Sei que descobriu a verdade sobre a aposta.
           - Então também deve saber que irei contar tudo pra Kate.
           - Se contar, ela ficará muito magoada.
           - Eu sei.
           - E você não quer ver sua amiguinha triste, quer?
           - Óbvio que não!
           - Então é melhor ficar de bico calado! Ela vai saber a verdade porque eu irei contar tudo, mas na hora certa.
           - Como posso ter tanta certeza?
           - Irei contar. Isso que importa!

      Como ele soube que eu descobri toda a verdade, não faço nem idéia. Mas espero mesmo que ele conte a verdade a Kate. Apesar de estarmos afastados, não quero que ela sofra. Ela não merece isso.

      De uns dias pra cá, a Kate e eu temos combinado de fazer várias coisas juntos, para tentar descontar o tempo em que ficamos separados. Ela sempre prometia, e nunca cumpria. Cheguei até compará-la com políticos. Kate estava mudada, e muito. Eu só não sabia quando a antiga voltaria. Ela passou a ser um pouco arrogante, metida... Não era a Kate que eu conhecia, e estava sentindo falta dela.

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(Contado pela Kate)

      Estava no meu quarto terminando de me arrumar. O Tom iria me levar para assistir ao seu treino de basquete. Estava um pouco ansiosa. O Bill bate a porta, e entra.

           - Nossa. Olha só pra você. – disse ele.
           - Gostou?
           - Está linda!
        
      Olhei no relógio.

           - Precisarei sair daqui a pouco, mas volto em uma hora pro nosso passeio. Eu prometo.
           - Prometer é uma palavra muito forte, Kate.
           - Sim, eu sei. – me virei pra ele.
           - E tem o show. Lembra que você “prometeu” que iria?
           - Claro, claro. Vou com certeza.
           - Você esqueceu, não foi?
           - Não. – sim. - Só confundi os dias. E desculpa não ter ido ao cinema.

      Ta legal, confesso que ando um pouco esquecida e muito atarefada, ia respondê-lo, mas minha mãe entra no quarto avisando que o Tom já estava lá embaixo me esperando.

           - Eu tenho que ir agora. – disse.
           - Tudo bem. Posso esperar por você no show?
           - Claro. Estarei lá Bill, você vai ver.

      Saímos juntos do quarto. Ele ficou conversando com a minha mãe, e eu fui pro treino com o Tom. Tentei ligar pro Bill, mas sempre caia na caixa postal.

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(Contado pelo Bill)

      O relógio já marcava 20h18, e eu estava na entrada do restaurante com o violão em mãos. Olhava para todos os lados, caminhava de um lado a outro. Nada da Kate. Já estava começando a achar que ela não iria aparecer.

           - Bill, o que está fazendo ai? Deveria estar lá dentro se preparando. – disse Carlos.
           - Estou esperando a Kate. – respondi.
           - Vê se não demore.

      Fiquei aguardando mais alguns minutos. De longe avistei Amanda.

           - Está esperando pela Kate, não é? – pergunta ela.
           - Sim.
           - Ela não virá. O Time do Tom saiu pra comemorar, e ela está junto.
           - Vou esperar mais um pouco.
           - Bill, deixa de ser bobo! A Kate não está nem ai pra você!

      Pela primeira vez tive que concordar com a Amanda. A Kate agora só tem olhos pro Tom e pra sua popularidade. Quem estou querendo enganar? Eu mesmo?

           - Você quer... assistir ao meu show? – perguntei.
           - Vai ser o maior prazer. - respondeu ela, sorrindo.

      Entramos no restaurante e eu fui arrumar os últimos detalhes antes da apresentação começar.

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(Contado pela Kate)

           - Tom, eu preciso ir agora. O Bill fará um show e eu prometi que veria.
           - Deixa o Bill pra lá. Se divirta com a gente. – disse ele.
           - Olha, eu já estou indo.
           - Não vai me deixar aqui sozinho, vai?
           - Não está sozinho.
         
      Fiquei com um pouco de raiva do Tom por ele não querer me levar, mas entendi. Ele estava se divertindo com os amigos, e eu não tinha direito de impedir isso, ou tinha? Sai do estádio, e fui até um ponto de táxi.

           - Moço, me leve ao restaurante Tour D’agente. – disse ao motorista.
           - É pra já!

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(Contado pelo Bill)

      Subi no palco e dei uma última olhava tentando encontrar a Kate no meio da platéia. Ela não estava lá. A Amanda ao me ver entrar, se levantou e começou a aplaudir, fazendo com que os outros também aplaudissem.

      Comecei a cantar...

Estou tentando te dizer
Estou tentando te conhecer
Estou morrendo para te mostrar
Lutando para ter você

xxx

Não é o que você disse
É como você diz
Não é o que você fez
É como você faz

xxx

Eu estou parado na dor
Que está me sufocando
Cada vez mais é o meu próprio sangue
Por que você não consegue ver?
Que estou faminto por seu amor
E preciso de atenção
Ou vou morrer

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 17 - Confiar ou não na Amanda?

(Contado pelo Bill)

      Estava debaixo da árvore terminando de compor uma música, quando a Kate se aproximou.

           - Oi Bill.
           - Oi.
           - Compondo de novo?
           - É. Ah, fiz um vídeo e coloquei na internet. Um produtor viu e quer que eu toque na inauguração do restaurante da filha dele.
           - Sério? Que legal.
           - Você... irá me ver, não é?
           - Claro! É só me dizer quando, onde e o horário.
           - Será daqui três dias, no restaurante Tour D’agent, às 20h30.
           - Ótimo. Com certeza estarei lá, eu prometo.

      Tomara que ela vá mesmo. Já contei que Kate e eu havíamos combinado de ir ao cinema e ela me deu um bolo? Não? Então irei contar agora. Nós marcamos de ir para assistir a um filme que acabara de lançar. Combinamos de nos encontrar em frente ao cinema. Resolvi chegar mais cedo. Primeiro achei que ela simplesmente estava atrasada, depois que o carro do Tom poderia estar com problema, e por último, ela havia esquecido. O filme começou, acabou, as pessoas já estavam indo embora, e eu estava lá, ainda com um fio de esperança que ela pudesse aparecer. Como não havia mais nada a fazer ali, fui embora. No meio do caminho, encontrei Kate sentada numa praça conversando com o Tom. Agora sei por que você não foi. Pensei.

      Na manhã seguinte, lá estava eu na biblioteca. Amanda que agora estava mais próxima a mim, se sentou ao meu lado para conversarmos.

           - É bom em guardar segredos? – perguntou ela.
           - Acho que sim. Por quê?
           - Queria te contar uma coisa, mas não sei se devo.
           - Bom, se não me contar, nunca saberá.
           - Eu descobri que... que o Tom está enganando a Kate.
           - Enganando como?
           - Ele fez uma aposta com o John. E só está com a Kate por causa disso.
           - Esperai. Conte-me isso direito.
           - Os dois apostaram. E o Tom ganhou a aposta, e agora não sabe como dar um fora na Kate sem que ela desconfie de nada.
           - Eu sabia que tinha algo errado nisso. Mas porque está me contando isso agora?
           - Porque sei o quanto gosta dela.
           - Me desculpa, mas não sei se acredito em você.
           - Sei que já fiz muitas coisas erradas, mas você precisa acreditar em mim.
           - Não sei não...
           - Eu não tenho provas. Então basta você decidir se acredita ou não.

      Ela se levantou e saiu. Fiquei pensando. Mas será que é mesmo verdade ou ela só está inventando mais uma mentira?

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(Contado pelo Tom)

           - Tudo bem Tom, você ganhou a aposta, agora já pode terminar com a Kate. – disse John.
           - Não posso terminar com ela assim, der repente. Ela vai desconfiar.
           - Sabe de uma coisa, eu acho que gosta dela.
           - Pirou?
           - Poderia muito bem arrumar uma desculpa e terminar, mas não, continua com ela. Isso prova que está mesmo gostando da Kate.
           - Pra sua informação, eu nem me importo com ela, tá legal?
           - Não é o que parece.
           - Vai pra porra John! A vida é minha e continuarei “namorando” com ela até eu achar que já passou do tempo de terminar, ok?
           - Você quem sabe. Mas quanto mais você demorar, mais fácil é pra ela descobrir.

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(Contado pela Kate)

      Não queria ter me afastado tanto do Bill, mas parece que ele não está sentindo tanto a minha falta. Agora vive colado com a Amanda. Estou sentindo falta dele, dos dias em que conversávamos e riamos dos outros que se achavam legais, dos micos que eu sempre pagava na frente de todos. Mas algo que me lembro perfeitamente e claramente, foi do dia em que o conheci. Não esquecerei aquele dia jamais, e espero que ele também não esqueça.

      O namoro com o Tom está indo bem. Ele sempre está aqui em casa, e não mudou nadinha. Continua o tarado de sempre tentando algo a mais comigo.

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(Contado pelo Bill)

      Cheguei ao colégio e os comentários não paravam de surgir. Vieram até me perguntar se era verdade, mas não soube o que responder. Achei melhor ir conferir com a pessoa certa.

      Kate estava entrando no colégio, quando a abordei.

           - É verdade o que estão dizendo por ai? – perguntei.
           - Eu não se você reparou, mas não sou nenhum tipo de bruxa pra adivinhar coisas. Me diz o que estão falando por ai, e depois eu respondo se é verdade ou não.
           - É verdade que você transou com o Tom?

      Kate não respondeu nada. Logo deduzi que aquilo era um sim.

           - Poxa Kate! Logo com ele?!
           - Esperai! Porque ficou irritado? Ele é meu namorado. Se não fosse com ele, seria com quem?
    
      Comigo, é claro! Não imagino aquele idiota tocando nela.

           - Tem razão. Me desculpa.

      Se as minhas esperanças de ficar com ela antes já estavam chegando ao fim, após saber disso, elas desapareceram completamente. Mas ainda não consigo imaginar os dois juntos, numa cama, e ele tocando-a.

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 16 - Ela já começou a mudar?

(Contado pelo Tom)

      Não foi necessário dizer absolutamente nada. Me aproximei mais um pouco, e tomei a iniciativa. Comecei a sentir as famosas borboletas no estômago, e os segundos pareciam ter se transformado em horas. Até que finalmente meus lábios encontraram os seus.

      A beijei com cuidado e carinho. Entreguei meus lábios, mas parecia que estava entregando meu coração. Ao mesmo tempo em que nos beijávamos, a guiava até a cama, mas não fiz como fazia com as outras, arrancar as roupas e partia para o ato. Fiz exatamente diferente.

      Acariciei seu rosto, e fui tirar sua blusa...

           - Tom pára!
           - Eu só...
           - Você nada! Nem adianta que comigo isso não dá certo.

      Ela se afastou de mim e ajeitou-se.

           - Desculpa. Eu vou... vou colocar uma blusa e já te levo pra casa.

      Ela realmente não é como as outras garotas. Agora mais que nunca estava me sentindo culpado. Queria voltar atrás com a história da aposta, mas já é tarde demais. De alguma forma, me sinto ligado a Kate. Não quero machucá-la, e farei o impossível para que isso não aconteça. Se depender de mim, ela não descobrirá nunca sobre a aposta.

      Me vesti e a levei em casa.

           - Pronto. Já está entregue. – disse.
           - Obrigada.
           - Me desculpe por ter... ter tentado algo a mais com você.
           - Tudo bem.
           - Posso pedir uma coisa?
           - Claro.
           - Um beijo.
           - Como você é...

      Antes que ela pudesse terminar, a beijei.

           - Eu queria dizer que... estarei sempre com você, mesmo que me odeie.

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(Contado pela Kate)

      Como assim? Não entendi absolutamente nada! Mas sinceramente, gostei do beijo, ou melhor, dos beijos. Será que estou me apaixonando pelo Tom? Não! Isso é bobagem de minha cabeça. O nosso namoro não passa de uma grande mentira, e não posso me apaixonar por ele.

      Na manhã seguinte... Cheguei ao colégio, e logo avistei Bill sentado numa mesa, lanchando. Me aproximei.

           - Somos amigos de verdade, então me conte essa história de estar namorando a Amanda. – disse.
           - Desculpe, mas não lhe devo satisfações da minha vida.

      Um minutinho só pra eu cair da cadeira. Com essa resposta, me deu vontade de voar no pescoço do Bill.

           - Desde quando se tornou ignorante? – perguntei.
           - Desde que você começou a namorar o Tom e também não me contou.
           - O lance com o Tom não é sério.
           - Com a Amanda também não. Pra falar a verdade eu nem sei se há alguma coisa.
           - Tá, mas não precisava ser grosso.
           - Foi mal. Não acordei de bom humor.
           - Então não saia descontando nos outros.

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(Contado pelo Tom)

      A noite passada foi a pior de todas. Não consegui pregar o olho um minuto se quer. Cheguei ao colégio com uma tremenda dor de cabeça, e pra completar o John vêm pra me falar merdas.

           - Ei Tom! Já conseguiu alguma coisa?
           - Agora não John. Não estou muito bem.
           - Aconteceu alguma coisa?
           - Nada.
           - Nem conseguiu ficar com a Kate?
           - Não. – já estava começando a me irritar.
           - Já estou até me vendo chegando ao colégio com sua Ferrari.
           - Cale a boca!
           - Só estou dizendo a verdade.
           - Quer saber? Vou acabar com essa palhaçada agora!

      Subi numa mesa, e pedi a atenção de todos.

           - Pessoal! Pessoal! Será que podem me dar um minutinho da atenção de vocês?

      Todos ficaram em silêncio, e olhando pra mim, inclusive a Kate.

           - Eu passei a noite inteira gravando algo pra falar, - mentira. – mas não deu muito certo. Então irei direto ao ponto. – me virei na direção da Kate. – Kate, quer namorar comigo?

      Ela ficou paralisada e não respondeu nada. Parecia surpresa. Desci da mesa e fui até ela. Segurei sua mão, e a fiz levantar.

           - Acho que as pessoas estão esperando uma resposta. – sussurrei em seu ouvido.
           - Está mesmo falando sério? – ela sussurrou de volta.
           - Pessoal, a Kate acha que estou brincando! – disse bem alto. – Você quer ou não ser minha namorada?
           - Fale baixo Tom!
           - Só falarei baixo quando disser que sim.
           - Tudo bem. Eu aceito.
           - Ela aceitou! – gritei.

      Alguns começaram a aplaudir, outros riam, e o Bill me fuzilava com o olhar. John me chamou num canto...

           - Parabéns. Mas ainda quero ver o beijo. – disse ele.

      Puxei a Kate e lhe dei um beijo na frente de todos.

     Mais tarde na casa da Kate...

           - Se já estávamos fingindo um namoro, porque fez aquele pedido? – pergunta ela.
           - E quem disse que esse namoro é falso?
           - Quer dizer então que...
           - Que estamos oficialmente namorando. Nada de mentiras! Pura realidade.
           - Mas e a Amanda?
           - Não to nem ai pra ela! E além do mais você já aceitou não vale voltar atrás.
           - Poderia ter me avisado. Devo ter ficado com cara de idiota na frente de todo mundo.
           - A sua cara foi a mais linda de todas. – me aproximei e a beijei.

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(Contado pela Kate)

      A partir do momento em que aceitei namorar o Tom, minha vida mudou completamente.

      Nos intervalos eu já não me sentava sozinha, sempre chegavam algumas garotas e se sentavam ao meu lado. Eu não fazia idéia de quem eram, mas conversávamos como se já nos conhecêssemos há muito tempo. Num dia desses acordei atrasada e perdi o ônibus, não foi problema. Logo apareceu um e me ofereceu carona. Outro dia tropecei e cai no chão. Meus livros foram parar longe, e não demorou um minuto para que um aglomerado de pessoas aparecesse para me ajudar. Realmente a minha vida mudou, e a minha popularidade então... Foi parar lá no topo.

      Quem não estava gostando nada disso era a Amanda. Ela perdeu o cargo de líder de torcida, que foi oferecido a mim, assim que ela deixou o grupo. Há coisa melhor do que isso? As pessoas se jogando literalmente aos seus pés, fazendo tudo que você quer? Agora entendo porque Amanda era tão metida.

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(Contado pelo Bill)

      Depois que os dois assumiram o namoro em público, a Kate se afastou mais de mim. O motivo? O Tom, é claro. Ela passou a aparecer mais bem vestida no colégio, e sempre estava rodeada por pessoas. Ela havia se tornado a mais nova popular, ou melhor, a única mais popular. As garotas a veneravam queriam ser como ela, se possivel, até ser ela. E a minha chance de ficar com ela, definitivamente acabou. Desisti disso quando soube que o Tom havia sido apresentado a sua mãe como namorado.

      Quem era anônima agora, é a Amanda. As pessoas passavam por ela e não davam a mínima. A única pessoa que continuava ao seu lado era a Victoria. Por um lado achei legal, pois ela se tornou uma garota mais legal e sensível. Como a Kate me “abandonou”, Amanda passou a formar dupla comigo em todas as aulas de química. Eu preferia quando a Kate era a anônima. Ela chegou a dizer que nunca seria como a Amanda, mas já está ficando igualzinha a ela.

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 15 - Será que estou me apaixonando?

(Contado pelo Tom)

      Eu deveria ter agarrado a Amanda e ter feito tudo que ela queria, mas não. Eu não fiz! Logo eu que vivo pegando “qualquer” garota. O que está acontecendo comigo? Sei que não estou gostando da Kate. Ela é só mais uma garota, e o meu propósito não é gostar dela, e sim pegá-la e depois ficar com o carro do John.

           - Vamos Kate? – disse chamando-a.
           - Vamos. – disse ela, se levantando. – Tchau Bill.
           - Tchau. – disse ele.

      Entramos no carro, e partimos. Ficamos rodando por alguns minutos, até que paramos numa lanchonete. Pedimos batata-frita, mas não ficamos muito tempo ali, achamos melhor comer pelas ruas enquanto caminhávamos. Fomos andando, e me lembrei da tarde, quando a beijei. Comecei a rir.

           - Do que está rindo? – pergunta Kate.
           - De você me chamando de pervertido.
           - E não é?
           - Posso até ser. Mas você bem que gosta.
           - Já vai começar a se achar.
           - Quer saber um segredo? – perguntei, enquanto parava de caminhar.
           - Quero. – ela parou em frente a mim.
           - Você é a garota mais legal que eu já conheci.
           - Sei.
           - É verdade. Você não é como as outras que só querem ficar comigo porque sou o capitão do time de basquete, ou porque sou o mais popular. Você é diferente.
           - Diferente como?
           - Hoje a tarde, quando disse que talvez poderíamos transar, se fosse outra garota teria topado na hora mesmo sabendo que nosso namoro é fake. Mas você não. Resistiu até o último momento.
           - É bom saber que pensa assim de mim.
           - Nem sei como irão reagir quando descobrirem que estou saindo com a garota mais desastrada. – nós dois rimos.
           - Está preocupado?
           - É que as pessoas dizem “o Tom é um excelente jogador de basquete, um astro entre as mulheres. Devemos nos orgulhar muito”. Ás vezes eu não queria ser o melhor jogador ou o astro, como todos dizem. Queria ser... apenas eu.
           - Você é um cara legal, mas não pelo que dizem.
           - Sabe que... quando estou ao seu lado... me sinto assim. Apenas eu.

      A Kate é tão... Acho que não há palavra que possa defini-la. Estávamos parados em frente a um parque infantil, e o silêncio tomava conta. Eu não sabia o que dizer, então disse a primeira coisa que me veio na mente.

           - Aposto que te venço no salto.
           - O quê? Quer mesmo saltar dos balanços?
           - Por quê? Está com medo?

      A cara que ela fez foi a melhor. Logo aceitou o meu desafio. Nos sentamos e começamos a balançar.

           - Quem for mais longe ganha um drink do outro. – disse ela.
           - E um beijo bem longo.
           - Nem pensar!
           - Só um beijo não irá matar ninguém!
           - Ta legal.
           - Um...
           - Não! Um...
           - Dois... Três! – gritamos em uníssono e pulamos.

      Isso poderia parecer suicídio, mas foi muito engraçado. Nós tentamos pular o mais longe possivel, mas acho que não deu muito certo. Por sorte caímos na areia, e não nos machucamos. Caímos um ao lado do outro, e começamos a rir do nosso “momento infância”.

           - Você está bem? – pergunta Kate.
           - Eu deveria ter caído e rolado.

      E os risos continuavam.

           - Acho que estou ficando velho. – disse.
           - Não está nada! Se você está, eu também estou.

      Me sentei, e Kate continuou deitada. Estava usando um vestido cor de rosa, um pouco curto, o que deixava suas pernas bem amostra. Ela também se sentou, e entrelaçou seu braço ao meu. Com um pouco de timidez, começou a alisá-lo, e cada movimento que fazia, eu me arrepiava. Fixei meus olhos nela, que ficou corada.

           - Está me deixando com vergonha. – disse ela.
           - Me desculpa. Topa saltar de novo?
           - Mais uma dessas e eu vou direto pro hospital.

      Ficamos olhando a lua que estava enorme, e muito linda.

           - Seu braço está tão gelado. – disse ela.
           - Sabia que ele nunca ficou tão arrepiado assim?
           - Está ficando tarde. – disse ela após minutos em silêncio. - É melhor irmos embora.

      Nos levantamos e partimos. Mas antes de levá-la embora, dei uma passadinha rápida em casa.

---
(Contado pela Kate)

      Tom segurou em minha mão, subindo as escadas até a porta de entrada de sua luxuosa casa. Ele abriu a porta e pediu pra eu entrar.

           - Tem alguém aqui sem ser nós? – disse, olhando em volta.
           - Se contar com os criados, há pessoas aqui sim, mas se não contar com eles... – disse Tom, fechando a porta.

      Ele se virou para mim, e me fitou com um olhar que me fuzilava por dentro, eu me senti refém dos seus olhos. Me senti fraca perante seu magnífico rosto que me observava, e sabia que não seria forte o bastante para resistir. Ele me olhava não como se eu fosse uma qualquer, não me olhava somente com desejo do meu corpo, eu podia sentir por fora, o que ele me transmitia com seu sorriso, por dentro. Eu não me senti uma qualquer, e ele sabia que eu não era.

           -... Estamos a sós.

      Tom disse que iria tomar um banho e se trocar antes de me levar para casa, então subimos até o quarto onde fiquei vendo algumas de suas fotos. E ele seguiu em direção ao banheiro.

           - Kate, só irei colocar uma blusa e já partiremos. – disse ele. Levantei minha cabeça para poder olhá-lo, e estava vestido apenas com uma calça, deixando amostra seus braços fortes e musculosos. Viajei completamente naquilo, mas não demonstrei nenhum tipo de reação.

           - Vou te deixar sozinho enquanto termina de ser arrumar. – disse.
           - Não precisa!

      Ele me puxou pelo braço e me fez entrar na mesma sintonia do olhar com ele novamente. Me senti vulnerável, e minhas pernas começaram a tremer. Com certeza cairia se ele não estivesse me segurando. Meu coração? Tive quase certeza que ele estava saindo pela boca.

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 14 - Cadê o restante dos convidados?

(Contado pelo Tom)

      Ia ter uma festa na casa da Amanda, e essa seria uma ótima oportunidade para fazer ciúmes nela. Chamei a Kate para ir junto, mas ela chegou com uma história de que teria que estudar.

           - Por favor, sabe que é importante. – insisti.
           - Tenho prova de geografia amanhã. Não dá! – disse ela.
           - Por favor. – fiz biquinho.
           - Além do mais, o Bill já havia me chamado pra sair e eu não aceitei justamente pra poder ficar estudando!
           - E daí? O Bill é seu amigo, e eu sou seu namorado!
           - Você é surdo ou o quê? Quantas vezes terei de repetir que não somos namorado?
           - Ta legal. Mas por favor, vamos.

      Ela suspirou.

           - Ok. – disse ela.
           - Eu sabia que iria aceitar. – a abracei.

      Quer prova maior que essa de que a Kate está ficando caidinha por mim? Tudo está sendo mais fácil do que eu pensei.

      Enquanto ela estava no banheiro tomando banho, liguei o som e comecei a ouvir música. Provavelmente Kate deve ter demorado uns dez minutos. Vejo a porta abrir, e rapidamente olho para a mesma. Ela estava enrolada em uma toalha branca, e seus cabelos estavam molhados. Algumas mechas caiam sobre seu rosto. Foi a primeira vez que senti meu coração acelerar tanto. Kate estava indescritivelmente linda. Dava para ver claramente suas curvas. E que belas cochas ela tem. Não conseguia parar de olhar.

           - Ta olhando o quê? – pergunta Kate.
           - Você é tão...
           - Nem termine de dizer. Sei que virá bobagem.
           - Só ia dizer que é gostosa!
           - Sai daqui Tom!
           - Por quê?
           - Porque não irei me trocar em sua frente. Ficou maluco?
           - Na melhor parte você me tira? Aí não tem graça!
           - Não é pra ter graça. Agora sai!

      Tentei olhar pela fechadura, mas não consegui ver nada. Me sentei em frente a porta. Minutos depois Kate aparece.

           - Você está linda. – disse.
           - Obrigada.

      Ela se despediu da mãe, entramos no carro e fomos para a casa da Amanda.

---
(Contado pelo Bill)

      Enquanto terminava de me arrumar, me lembrei do beijo que dei em Kate. Um sorriso brotou em meus lábios, passei uma das mãos pelo mesmo. Era como se pudesse sentir seu gosto ainda. Como eu queria que aquilo se repetisse. Bem que ela poderia ir nessa festa da Amanda comigo, mas entendo que tenha que ficar estudando.

      Peguei a chave do carro, e parti. Minutos mais tarde cheguei, e fui recebido pela própria Amanda que estava sorridente.

           - Pensei que não iria vir. – disse ela.
           - Desculpe pelo atraso. – disse.
           - Tudo bem. Gostei da roupa.

      Eu ouvi direito? É impressão minha, ou ela está tramando alguma coisa? Olhei para todos os lados, e não vi mais ninguém.

           - Cadê o restante dos convidados? – perguntei.
           - Já devem estar chegando. Mas não vamos ficar aqui parados. Venha, vamos beber alguma coisa.

      Estou achando isso cada vez mais estranho. Os minutos passavam, e nada de alguém chegar. Até que a campainha toca, e o mordomo vai abrir. Pensei mesmo que eram várias pessoas, mas me enganei.

           - Kate? – fiquei surpreso em vê-la ali. Ela deveria estar estudando.
           - Oi Bill. O que faz aqui?
           - Eu quem pergunto. Não deveria estar estudando?
           - Deveria. Mas o Tom insistiu tanto que...
           - Que não conseguiu dizer não.

      Ela ficou sem graça. O Tom passou seu braço sobre o ombro dela, como se quisesse dizer “ela é minha, tira o olho!”. Fomos para o jardim, e ficamos sentados numas cadeiras acolchoadas, conversando.

           - Então quer dizer mesmo que está namorando a Kate? – pergunta Amanda.
           - Sim. – responde Tom.

      Vontade de dar um soco nele. Mas infelizmente não posso fazer isso.

           - O Bill e eu também estamos namorando.

      Estamos o quê? Pirou de vez foi garota? Quer fazer ciúmes no ex-namorado e me coloca no bolo! Agora eu vi novela!

           - O quê? – Kate e eu perguntamos em uníssono.
           - Porque o espanto? Se você pode namorar o Tom, porque não posso namorar o Bill? – disse Amanda.
           - É que... eu não esperava. – disse Kate.
           - Tom, eu posso falar com você rapidinho? – pergunta Amanda.
           - Claro.

      Os dois entram na casa e somem pra lá. Kate e eu ficamos sozinhos no jardim.

           - Está mesmo namorando a Amanda? – pergunta ela.
           - Um-hum.
           - Porque não me contou?
           - Também não me contou que estava namorando o Tom!
           - Eu... eu nem sei o que dizer. Talvez... parabéns?
           - Obrigado. Pra você também.

---
(Contado pela 3º pessoa)

      Amanda subiu pro quarto com o Tom.

           - Porque estamos aqui? – pergunta Tom.
           - Estava morrendo de saudades. – disse ela, terminando de fechar a porta.
           - Do que está falando?
           - Vai me dizer que também não sentiu minha falta?
           - Senti, mas...
           - Então porque não aproveitamos?
           - O quê?
           - Os dois estarão tão entretidos na conversa que nem sentirão a nossa falta.
         
      Ela o empurrou para a cama, e se pôs em cima dele.

           - É melhor não. – disse ele.
           - Nem adianta resistir. – disse ela, em seguida o beijou.

      O clima estava ficando quente. Amanda tirou sua blusa, e Tom parecia estar gostando. Mais uma vez ela o beijou vorazmente, mas foi interrompida.

           - Pára. – disse Tom, a afastando um pouco.
           - O que foi?
           - Não posso fazer isso.
           - Porque não?
           - Por que... porque estou namorando a Kate. – ele se levanta.
           - Acha mesmo que vou cair nessa conversa?
           - Pense o que quiser.
           - Tom, - ela se levanta e se aproxima dele. – sei que quer isso tanto quanto eu.
           - Está enganada! A única coisa que quero, neste momento, é ficar com a minha namorada!

      Ele se retira do quarto, deixando Amanda morrendo de raiva.

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 13 - Gostou, não é?

(Contado pelo Bill)

      Levei Kate de volta pra casa, e o caminho inteiro ela não disse uma palavra se quer. Estacionei, e ela saiu dizendo apenas “até logo”. Logo imaginei que estivesse com raiva de mim pelo ocorrido. Não tentei ir atrás para me justificar ou pedir desculpas, talvez isso piorasse ainda mais a minha situação. Quando ela achar que estiver pronta pra falar comigo, estarei esperando. Só não sei se agüentarei.

      Na manhã seguinte, cheguei ao colégio e Kate estava sentada numa mesa no pátio, ao lado do Tom. Os dois estavam sorrindo, e pareciam felizes. Como você é ingênuo Bill. Já deveria saber que não tem chances contra ele. Pensei. O primeiro horário era vago, e pra não receber advertência, fui para a biblioteca. Peguei alguns livros e comecei a ler. Instantes depois, a Kate entra.

           - Oi, posso me sentar aqui com você? – pergunta Kate.
           - É claro. – disse tirando minha mochila que estava na cadeira. E pelo visto ela não estava com raiva.

      Não sabia o que dizer a ela. Se dissesse que não queria aquele beijo, estaria mentindo para mim mesmo. O máximo que posso dizer é que não deveria.

           - Está tudo bem. Foi só um beijo. – disse ela.

      Foi só um beijo? Quer dizer que pra você não significou nada? Eu sabia. Foi burrice pensar que iria gostar.

           - Então não está com raiva de mim? – perguntei.
           - Você é meu melhor amigo, e se eu ficasse com raiva, não teria mais ninguém ao meu lado.
           - Teria o Tom.
           - Não é a mesma coisa. Você é único.
           - Sou?
           - E beija bem. – disse ela se sussurrando, corada e de cabeça baixa.

      Como assim? Ela só pode estar brincando comigo, não é?

           - Pensei que não tivesse gostado. – disse.
           - Ta legal, eu confesso.
           - Gostei. – ela sussurrou. E meu coração acelerou.
           - O quê? – fingi não ter escutado só para escutar mais uma vez.
           - Gostei do beijo. – ela repetiu.

      Não dá pra acreditar. Ela gostou! Minha vontade era de gritar para que todos pudessem ouvir.

           - Mas isso não significa que poderá repetir. – ela cortou o meu barato.
           - Prometo que não farei mais. – mentira!
         
      O sinal toca.

           - Tenho que ir pra aula. Me espera na saída?
           - Sim. – respondi.

      Meu coração já estava mais calmo, mas minha ficha ainda não havia caído.

---
(Contado pela Kate)

      As horas passaram, e a manhã acabou depressa. O sinal toca mais uma vez avisando que já era hora de irmos embora. Recolhi minhas coisas, e fui me encontrar com o Bill.

           - Vai fazer o quê essa noite? – pergunta Bill.
           - Algumas atividades, estudar para um teste de amanhã, e... acho que só isso. – respondi. – Por quê?
           - Queria sair com você.
           - Nem vai dar. Podemos ir amanhã, o que acha?
           - Combinado.

      Quando íamos atravessar a rua, a Ferrari do Tom pára, impedindo que passemos.

           - Entra ai. – disse Tom.
        
      Bill e eu nos entreolhamos.

           - Não precisa, irei pra casa com ele. – disse.
           - Se for andando, não chegará tão cedo. – disse Tom.
           - Tudo bem Kate. Eu ia ter que resolver algumas coisas antes de ir pra casa mesmo. – disse Bill.
           - Tem certeza? – perguntei.
           - Absoluta. – respondeu Bill.

      Como ele disse que não haveria problema, entrei no carro e Tom me levou pra casa. Cheguei em dez minutos.

---
(Contado pelo Bill)

      Eu disse que não teria problema se Kate fosse com o Tom, mas não era isso que eu realmente queria dizer. Mas tinha outra solução? Óbvio que não, e também não ficarei interferindo na vida dos dois. Quero mais é que a Kate seja feliz, e espero que o Tom consiga fazer pelo menos isso por ela.

---
(Contado pela Kate)

      Estou completamente confusa! Depois daquele beijo que o Bill me deu, não sei mais o que pensar. Está certo que estamos namorando fake. Mas será que ele pensa isso? Quero dizer... não estou me interessando por ele, só acho que isso não dará certo e logo a Amanda irá descobrir.

      Estava em minha cama escrevendo algumas coisas em meu diário.

           “... minha mãe disse para ser fiel a mim mesma e manter o espírito livre, e que o amor iria me encontrar de uma maneira ou de outra. Será que o meu amor virá numa taça de fogo? Será que vai ser preenchido com esperança e desejo? Será que virá pela chuva? Estou pronta pra dor? Estou pronta pro jogo? Estou pronta pro beijo? Estou pronta pra ele? Estou pronta pra felicidade? Estou pronta pro amor? Parece uma corrida ao redor do mundo e está movendo muito rápido. Embora eu queira encontrar um amor, quero que seja tão forte que possa resistir a qualquer coisa. Talvez o peso do mundo...”

      Tom estava parado na porta me observando. Me assustei ao vê-lo ali.

           - Poderia ter dado um sinal de vida. – disse, e ele sorriu.
           - É que você estava tão concentrada escrevendo ai, que eu não quis atrapalhar. – disse ele. Me levantei e guardei o diário na gaveta da escrivaninha, e ele se aproximou.
           - Não veio aqui só pra me ver, não é?
           - Claro que não. – ele se pôs em frente a mim.
           - Então? – cruzei os braços.
           - Sei lá... talvez a gente acabe transando.
           - O quê? – não estava acreditando. E ele começou a rir.
           - Brincadeira.
           - Mais que safado!
           - Deixa eu te informar de uma coisa: os namorados de hoje em dia transam.
           - Mas não somos namorados.
           - E quem precisa saber?
           - Já estou fazendo o favor de namorar você pra fazer ciúmes a Amanda, mas de jeito nenhum irei transar contigo.
           - Tem medo de não resistir?
           - Não.
           - Fale a verdade, você gosta da minha presença.
           - Você é muito convencido!
           - Só estou dizendo a verdade!
           - Quer uma verdade? É você que não consegue ficar longe de mim.      
           - Por mim eu ficaria a quilômetros de distancia de você.
           - Se não fosse por mim, não teria ninguém pra te ajudar.
           - Posso ter as garotas que eu quiser.
           - Já que não precisa de mim... é melhor acabarmos com isso.
           - Não! Não pode fazer isso comigo?
           - Ta vendo! Você não consegue ficar longe de mim.
           - Acho que tem razão.

      Logo após ter dito isso, Tom segurou em minha cintura e me puxou para ele. Nossos corpos ficaram colados, e ele transformou aquele momento em um longo e prolongado beijo, que me fez sentir um calor interno, e muito mais, exterior. E com absoluta certeza, ele sentia o mesmo.

           - Uau. – disse ofegante. – O que foi isso?
           - Gostou, não é? – perguntou ele com um meio sorriso malicioso.
           - Estou surpresa, só isso.
           - Não quer repetir a dose?
           - Deixa de ser aproveitador garoto! – me afastei dele.
           - Não tem ninguém olhando.
           - Exatamente por isso! O combinado era só na frente das pessoas, e não escondidos.
           - Não combinamos nada!
           - Tanto faz. Mas não ficarei me agarrando com você aqui.
           - Então vamos pro motel.
           - Estou boba com as coisas que você fala.
           - Não disse nada de mais.
           - Você é muito pervertido. Deveria contratar uma prostituta pra suprir suas necessidades sexuais.
         
      Ele começou a rir e se sentou na cama. Pensando bem, não sei por que o Bill tem tanta raiva dele. O Tom é tão legal, e até agora não consegui encontrar um defeito, a não ser a sua descontrolada sede por sexo.

---
(Contado pelo Bill)

      Já que a Kate não pôde ir embora comigo, resolvi dar uma passadinha na casa dela pra saber com estava, e se precisava de ajuda com algum dever. Ta legal, eu confesso que estava ansioso para vê-la.

      Toquei a campainha, e sua mãe atendeu. Ela me disse para subir as escadas, e que Kate estava no quarto fazendo suas atividades. Subi normalmente, e a escutei conversando com alguém. Para não atrapalhar, olhei pela fresta da porta. Era o Tom. Os dois estavam sentados lado a lado, na maior intimidade. Vê se pode uma coisa dessas. Desisti de entrar e fui embora.

      Cheguei a casa e procurei meu caderno. Me lembrei que havia jogado-o pela janela. Peguei outro e comecei a escrever.

           “Eu não deveria amá-la, mas eu quero. Simplesmente não consigo me livrar. Eu poderia ficar de pé e cantar uma música pra você, mas eu não quero ter que ir tão longe. Eu deveria dizer que te conheço pelo coração, mas quem disse que você me ouviria? Seus pensamentos estariam tão longe pensando nele, que nem me daria ouvidos. Eu gostava do jeito que você precisava de mim toda vez que as coisas ficavam difíceis. Meu coração costumava ser frio, até que você veio me mostrando um caminho melhor. Uma parte do meu coração tem o controle da situação, outra parte tem a mente clara pra dizer a você que eu não posso continuar te amando. Está ficando difícil ficar perto de você. Existe tanto que não posso dizer.”

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 12 - Seu idiota! Você estragou tudo!

(Contado pela Kate)
                                                      
      Ele se levantou e foi até sua escrivaninha. Abriu uma das gavetas, e pegou algo que parecia ser um papel. Olhei no relógio, e vi que a hora do almoço já se aproximava. Minha mãe poderia ficar preocupada comigo.

           - É melhor eu ir. – disse me levantando.
           - Espera.

      Bill se virou e caminhou em minha direção. Ao dar mais alguns passos, tropeçou na alça da mochila e caiu sobre mim. Ficamos caídos no chão do quarto.

---
(Contado pelo Bill)

      Aquela seria uma boa oportunidade para tentar beijá-la. E foi o que fiz. Aproximei meu rosto do dela, e quando nossos lábios estavam praticamente colados...

           - Com licença Sr Bill. – disse a faxineira entrando no quarto. – Ah, me desculpem. Não queria atrapalhar.

      Kate se levanta no mesmo instante.

           - Eu já estava de saída. – disse ela.
           - Não! Quero dizer... – me levantei. – fica mais um pouco.
           - Está um pouco tarde. Minha mãe pode se preocupar.
           - Quer que eu te leve em casa?
           - Não precisa.

      Enquanto conversávamos, Bianca permaneceu lá em frente à porta, parada esperando.

           - A gente se vê amanhã. – disse Kate.
           - Ta legal.

      A acompanhei até a porta da rua, e retornei para ver o que a Bianca queria.

           - Só queria avisar que já terminei meu serviço.
           - Sabe que quando terminar pode ir embora, não é?
           - Me desculpe. Eu não queria ter atrapalhado.
           - Tudo bem. Eu nunca conseguirei beijá-la mesmo.
           - O senhor gosta muito dela, não é mesmo?
           - Você não sabe o quanto. – suspirei. - Mas ela nem sonha com isso. Bom, já pode ir se quiser.
           - Tchau. Boa sorte com a garota.
       
---
(Contado pela Kate)

      Cheguei em casa e bati a porta, fui direto pro quarto. Minha mãe me chamou, mas nem dei ouvidos. Entrei no quarto e tranquei a porta. Me deitei na cama e abracei o travesseiro. Passei a tarde inteira pensando em algo que nem chegou a acontecer.

      Horas mais tarde, quando o sol já tinha se posto. Me levantei e fui fazer um lanche antes de começar as atividades. Retornei ao quarto, abri o caderno para fazer as tarefas, mas não conseguia me concentrar em absolutamente nada. Fui dormir de novo.

      Estava sonhando com algo que era aparentemente bom, foi quando senti alguém me chacoalhar. E isso estava ficando cada vez mais forte. Ouvi uma voz bem longe chamar pelo meu nome, até que foi ficando mais alto.

           - Kate acorda! – gritou minha mãe, e eu quase pulei da cama de tanto susto.
           - O que foi mãe? – perguntei sonolenta.
           - O Bill está lá na sala. Ele quer falar com você.
           - Vou lavar o rosto e já desço pra falar com ele.

      Me levantei morrendo de preguiça. Espero que o que ele tenha pra falar seja importante. Me fez acordar de um sonho tão bom. Desci as escadas ainda tentando abrir os olhos, e por causa disso quase cai, por sorte o corrimão me ajudou.

           - Aconteceu alguma coisa? – perguntei ao Bill.
           - Desculpa se te acordei. Preciso te mostrar uma coisa.
           - E o que é?
           - Na verdade é um lugar.
           - Espera só um minuto pra eu me trocar?
           - Não precisa. Está linda assim.

      Eu estava vestida com uma calça de moletom rosa, e uma blusa de frio branca, com uma pantufa de porquinhos nos pés.

           - Vou tirar as pantufas. – disse.
           - Ok. Só não demore. – disse ele.

      Minutos depois... Saímos com o carro do Bill, e rodamos por quinze minutos até chegarmos ao local que ele queria me mostrar. Por todos os lados que eu olhava, só via matos, árvores, barulhos de grilos, e nenhum sinal de vida humana.

           - Onde está me levando? – perguntei.
           - Fica tranqüila. Não irei te seqüestrar.

      Andamos a pé por mais cinco minutos até chegarmos numa casa na árvore. Bill subiu, em seguida fui atrás. Confesso que estava desconfiada. Não acredito que me acordou para me mostrar uma casa na árvore. Pensei. Ficamos em pé na varanda. A vista lá de cima era incrivelmente linda! Apesar de ter só mato em volta. Mas o que mais me deixou encantada foram as estrelas. Que lindas elas estavam.

           - Olha! – apontou Bill. – Uma estrela cadente! Dizem que se deve colocar as mãos nos bolsos, fechar os olhos e fazer um desejo.
           - Não tenho bolsos.

      Solução? Colocar as mãos nos bolsos do Bill! Ele só tinha bolsos na parte de trás da calça, mas eu não estava nem ai, nem pensei e fui logo colocando minhas mãos e fechando os olhos.

---
(Contado pelo Bill)

      Vê-la com os olhos fechados e praticamente abraçada a mim, era a melhor coisa. Estava irresistivel, e eu poderia tentar – de novo -, mas seria arriscado. Ela poderia simplesmente me ignorar pra sempre. Mas eu precisava seguir em frente e ver no que daria. Um sorriso surgiu em seus lábios. Toquei seu rosto, delicadamente, para não assustá-la, e ela abriu os olhos. Notei que sua respiração havia começado a se alterar. Aproximei um pouco meu rosto, e ela não ter recuado fora uma grande vitória. Corri todo seu rosto com os olhos observando cada detalhe, até que os mesmos pararam em seus lábios.
   
      Meus lábios tocaram os seus, em sintonia. Pode parecer besteira, mas eu me senti vivo, senti a necessidade de aprofundar. Toquei sua nuca, e ela entreabriu os lábios. Era a minha deixa. Explorei sua boca, enquanto ela tremia de nervosismo. Nos separamos, e ela não fugiu do meu olhar.

      Acho que tudo estava bom demais para ser verdade. Der repente Kate parece acordar de um transe, se afasta de mim.

           - Pode... pode me levar pra casa? – pergunta ela.
        
      Seu idiota! Você estragou tudo. Tinha que beijá-la logo agora?

Postado Por: Grasiele

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 11 - Meu deus, como era enorme!

 (Contado pelo Bill)

           - Pronto! Já terminei. – disse Kate.
           - Obrigado.

      Enquanto eu vestia minha blusa, Kate guardava os remédios de volta no armário. Depois se virou para mim, cruzou os braços e me encarou.

           - O que foi? – perguntei.
           - Porque bateu no Tom?
           - Vai defendê-lo agora?
           - Não! É que... foi só um beijo.
        
      Abaixei um pouco a cabeça. Ela se aproximou, e com uma das mãos ergueu meu queixo.

           - Pode me contar o motivo de tanta raiva? – pergunta ela.
           - Só não gosto dele.
           - Isso não é motivo pra sair batendo nas pessoas.
           - Kate... – respirei. – eu conheço o Tom há muito tempo, e sei do que ele é capaz de fazer. – meus olhos lacrimejaram. – Não quero que ele te machuque.

      Ela deu um sorriso meigo.

           - Ele não vai me machucar. – disse ela passando sua mão pelo meu rosto.
           - Você não o conhece como eu. Ele não liga pros sentimentos de nenhuma garota. Porque acha que ele terminou com a Amanda?
           - Talvez por não gostar dela. – voltou a cruzar os braços.
           - É isso ai! Ele não gosta de ninguém. Porque com você seria diferente?
         
      Kate não respondeu nada. Simplesmente se retirou da enfermaria. Em seguida a enfermeira chega.

           - O que está fazendo aqui? – pergunta ela.
           - Já estou de saída. – respondi.

      Me levantei e sai. Fui até a sala, peguei minhas coisas e voltei pra casa. Larguei minha mochila no chão, peguei o caderno, uma caneta e fui até a escrivaninha.

           “Você não consegue ver o jeito que seus olhos se iluminam quando sorri. E nunca vai perceber como eu paro e observo sempre que passa. Você não consegue me ver te querendo como você o quer. Eu só queria te mostrar que ele nem te conhece. Que ele nunca vai te amar como eu quero. E tudo que eu penso é em como fazer você pensar em mim, e em tudo que poderíamos ser. Se ao menos pudesse perceber, mas sou invisível. Eu só quero abrir seus olhos e fazer você perceber tudo que sinto.”

      Algumas lágrimas caíram, e eu peguei o caderno e o joguei pela janela.

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(Contado pela Kate)

      Senti falta do Bill no colégio, e queria saber como ele estava. Sai mais cedo, e resolvi passar em sua casa. Enquanto passava pela rua, surgiu der repente um caderno que parecia ter vindo do céu, e veio diretamente em minha testa. Cai no chão e bati a cabeça. Já não sou certa, e ainda bato com a cabeça. Fiquei um pouco tonta, mais consegui me levantar. Me abaixei para pegar o caderno, que estava aberto e com algo escrito. Acho que é um aviso dos deuses, eles querem que eu leia o caderno. Pensei. Comecei a ler ali mesmo.

      Ao terminar, estava emocionada. Só alguém realmente apaixonado pra escrever esse tipo de coisa. Guardei o caderno em minha mochila e toquei a campainha da casa do Bill. Uma mulher atendeu.

           - Pois não.
           - O Bill... está? – perguntei.
           - No quarto. – ela abriu o restante da porta, me dando passagem. – Suba a escada, segunda porta a direita.

      Segui suas instruções, e subi a escada. A porta estava um pouco aberta, então não vi problema em entrar. Fiquei imóvel sem saber o que fazer. Me deparei com a seguinte cena: Bill completamente nu, e estava molhado. Provavelmente acabara de sair do banho. Comecei a suar frio, senti minhas pernas tremerem ao ver... ao ver aquilo. Meu Deus, como era enorme!

      Ao sentir minha presença ali, Bill imediatamente pega a toalha que estava em cima da cama, e cobre suas partes. Sem graça, e completamente vermelha de vergonha, coloquei as mãos no rosto, tentando não ver mais nada – apesar de já ter visto tudo -

           - Me desculpa! Eu não... não sabia que estava... desse jeito. – disse desesperada.
           - Poderia ter batido na porta. – disse ele.
           - Você poderia ter fechado ela. Como alguém se troca com a porta aberta?
           - Não sei se você percebeu, mas moro sozinho.
           - E quem era aquela moça?
           - Faxineira.

      Ele demorou alguns segundos – eu suponho – para se vestir, depois colocou uma de suas mãos sobre meu ombro avisando que já estava pronto. Me virei, e a vergonha ainda estava estampada em meu rosto.

      Bill estava vestido com uma calça de moletom preta, e uma blusa de cor verde escuro. Ainda tinha algumas gotas de água, parecia não ter se secado direito. Mas também, quem iria pensar em se secar quando uma maluca invade seu quarto e te aborda pelado?

           - Desculpa. – disse mais uma vez. Ele começou a rir. – Do que está rindo?
           - Você é a única garota que me viu... pelado.
           - E isso é bom?
           - Não sei. Talvez.
           - Está me deixando sem graça.
           - E sabe que você fica linda quando está com vergonha?
           - Ta legal, já pode parar.
           - Mas não fiz nada.
           - Conseguiu me deixar mais vermelha.

      Ele sorriu. Depois passou por mim e fechou a porta. E com certeza eu pensei besteira. Ao passar por mim de novo, pude sentir seu perfume. Bill se sentou na cama e ficou olhando pra mim. Senti vontade de rir, mas me controlei.

           - O que veio fazer aqui mesmo? – pergunta ele.
           - Você voltou pra casa mais cedo, - coloquei minha mochila no chão e me sentei próximo a ele. – e eu queria saber como estava o seu braço. – ele olha pro curativo.
           - Graças a você ele não dói mais.
           - E você ainda estava com medo.
           - Não estava com medo!
           - Estava sim!
           - Não estava não!
           - Confessa!

      Ele se levantou e foi até sua escrivaninha...

Postado Por: Grasiele

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