sexta-feira, 28 de outubro de 2011

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 13 - Gostou, não é?

(Contado pelo Bill)

      Levei Kate de volta pra casa, e o caminho inteiro ela não disse uma palavra se quer. Estacionei, e ela saiu dizendo apenas “até logo”. Logo imaginei que estivesse com raiva de mim pelo ocorrido. Não tentei ir atrás para me justificar ou pedir desculpas, talvez isso piorasse ainda mais a minha situação. Quando ela achar que estiver pronta pra falar comigo, estarei esperando. Só não sei se agüentarei.

      Na manhã seguinte, cheguei ao colégio e Kate estava sentada numa mesa no pátio, ao lado do Tom. Os dois estavam sorrindo, e pareciam felizes. Como você é ingênuo Bill. Já deveria saber que não tem chances contra ele. Pensei. O primeiro horário era vago, e pra não receber advertência, fui para a biblioteca. Peguei alguns livros e comecei a ler. Instantes depois, a Kate entra.

           - Oi, posso me sentar aqui com você? – pergunta Kate.
           - É claro. – disse tirando minha mochila que estava na cadeira. E pelo visto ela não estava com raiva.

      Não sabia o que dizer a ela. Se dissesse que não queria aquele beijo, estaria mentindo para mim mesmo. O máximo que posso dizer é que não deveria.

           - Está tudo bem. Foi só um beijo. – disse ela.

      Foi só um beijo? Quer dizer que pra você não significou nada? Eu sabia. Foi burrice pensar que iria gostar.

           - Então não está com raiva de mim? – perguntei.
           - Você é meu melhor amigo, e se eu ficasse com raiva, não teria mais ninguém ao meu lado.
           - Teria o Tom.
           - Não é a mesma coisa. Você é único.
           - Sou?
           - E beija bem. – disse ela se sussurrando, corada e de cabeça baixa.

      Como assim? Ela só pode estar brincando comigo, não é?

           - Pensei que não tivesse gostado. – disse.
           - Ta legal, eu confesso.
           - Gostei. – ela sussurrou. E meu coração acelerou.
           - O quê? – fingi não ter escutado só para escutar mais uma vez.
           - Gostei do beijo. – ela repetiu.

      Não dá pra acreditar. Ela gostou! Minha vontade era de gritar para que todos pudessem ouvir.

           - Mas isso não significa que poderá repetir. – ela cortou o meu barato.
           - Prometo que não farei mais. – mentira!
         
      O sinal toca.

           - Tenho que ir pra aula. Me espera na saída?
           - Sim. – respondi.

      Meu coração já estava mais calmo, mas minha ficha ainda não havia caído.

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(Contado pela Kate)

      As horas passaram, e a manhã acabou depressa. O sinal toca mais uma vez avisando que já era hora de irmos embora. Recolhi minhas coisas, e fui me encontrar com o Bill.

           - Vai fazer o quê essa noite? – pergunta Bill.
           - Algumas atividades, estudar para um teste de amanhã, e... acho que só isso. – respondi. – Por quê?
           - Queria sair com você.
           - Nem vai dar. Podemos ir amanhã, o que acha?
           - Combinado.

      Quando íamos atravessar a rua, a Ferrari do Tom pára, impedindo que passemos.

           - Entra ai. – disse Tom.
        
      Bill e eu nos entreolhamos.

           - Não precisa, irei pra casa com ele. – disse.
           - Se for andando, não chegará tão cedo. – disse Tom.
           - Tudo bem Kate. Eu ia ter que resolver algumas coisas antes de ir pra casa mesmo. – disse Bill.
           - Tem certeza? – perguntei.
           - Absoluta. – respondeu Bill.

      Como ele disse que não haveria problema, entrei no carro e Tom me levou pra casa. Cheguei em dez minutos.

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(Contado pelo Bill)

      Eu disse que não teria problema se Kate fosse com o Tom, mas não era isso que eu realmente queria dizer. Mas tinha outra solução? Óbvio que não, e também não ficarei interferindo na vida dos dois. Quero mais é que a Kate seja feliz, e espero que o Tom consiga fazer pelo menos isso por ela.

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(Contado pela Kate)

      Estou completamente confusa! Depois daquele beijo que o Bill me deu, não sei mais o que pensar. Está certo que estamos namorando fake. Mas será que ele pensa isso? Quero dizer... não estou me interessando por ele, só acho que isso não dará certo e logo a Amanda irá descobrir.

      Estava em minha cama escrevendo algumas coisas em meu diário.

           “... minha mãe disse para ser fiel a mim mesma e manter o espírito livre, e que o amor iria me encontrar de uma maneira ou de outra. Será que o meu amor virá numa taça de fogo? Será que vai ser preenchido com esperança e desejo? Será que virá pela chuva? Estou pronta pra dor? Estou pronta pro jogo? Estou pronta pro beijo? Estou pronta pra ele? Estou pronta pra felicidade? Estou pronta pro amor? Parece uma corrida ao redor do mundo e está movendo muito rápido. Embora eu queira encontrar um amor, quero que seja tão forte que possa resistir a qualquer coisa. Talvez o peso do mundo...”

      Tom estava parado na porta me observando. Me assustei ao vê-lo ali.

           - Poderia ter dado um sinal de vida. – disse, e ele sorriu.
           - É que você estava tão concentrada escrevendo ai, que eu não quis atrapalhar. – disse ele. Me levantei e guardei o diário na gaveta da escrivaninha, e ele se aproximou.
           - Não veio aqui só pra me ver, não é?
           - Claro que não. – ele se pôs em frente a mim.
           - Então? – cruzei os braços.
           - Sei lá... talvez a gente acabe transando.
           - O quê? – não estava acreditando. E ele começou a rir.
           - Brincadeira.
           - Mais que safado!
           - Deixa eu te informar de uma coisa: os namorados de hoje em dia transam.
           - Mas não somos namorados.
           - E quem precisa saber?
           - Já estou fazendo o favor de namorar você pra fazer ciúmes a Amanda, mas de jeito nenhum irei transar contigo.
           - Tem medo de não resistir?
           - Não.
           - Fale a verdade, você gosta da minha presença.
           - Você é muito convencido!
           - Só estou dizendo a verdade!
           - Quer uma verdade? É você que não consegue ficar longe de mim.      
           - Por mim eu ficaria a quilômetros de distancia de você.
           - Se não fosse por mim, não teria ninguém pra te ajudar.
           - Posso ter as garotas que eu quiser.
           - Já que não precisa de mim... é melhor acabarmos com isso.
           - Não! Não pode fazer isso comigo?
           - Ta vendo! Você não consegue ficar longe de mim.
           - Acho que tem razão.

      Logo após ter dito isso, Tom segurou em minha cintura e me puxou para ele. Nossos corpos ficaram colados, e ele transformou aquele momento em um longo e prolongado beijo, que me fez sentir um calor interno, e muito mais, exterior. E com absoluta certeza, ele sentia o mesmo.

           - Uau. – disse ofegante. – O que foi isso?
           - Gostou, não é? – perguntou ele com um meio sorriso malicioso.
           - Estou surpresa, só isso.
           - Não quer repetir a dose?
           - Deixa de ser aproveitador garoto! – me afastei dele.
           - Não tem ninguém olhando.
           - Exatamente por isso! O combinado era só na frente das pessoas, e não escondidos.
           - Não combinamos nada!
           - Tanto faz. Mas não ficarei me agarrando com você aqui.
           - Então vamos pro motel.
           - Estou boba com as coisas que você fala.
           - Não disse nada de mais.
           - Você é muito pervertido. Deveria contratar uma prostituta pra suprir suas necessidades sexuais.
         
      Ele começou a rir e se sentou na cama. Pensando bem, não sei por que o Bill tem tanta raiva dele. O Tom é tão legal, e até agora não consegui encontrar um defeito, a não ser a sua descontrolada sede por sexo.

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(Contado pelo Bill)

      Já que a Kate não pôde ir embora comigo, resolvi dar uma passadinha na casa dela pra saber com estava, e se precisava de ajuda com algum dever. Ta legal, eu confesso que estava ansioso para vê-la.

      Toquei a campainha, e sua mãe atendeu. Ela me disse para subir as escadas, e que Kate estava no quarto fazendo suas atividades. Subi normalmente, e a escutei conversando com alguém. Para não atrapalhar, olhei pela fresta da porta. Era o Tom. Os dois estavam sentados lado a lado, na maior intimidade. Vê se pode uma coisa dessas. Desisti de entrar e fui embora.

      Cheguei a casa e procurei meu caderno. Me lembrei que havia jogado-o pela janela. Peguei outro e comecei a escrever.

           “Eu não deveria amá-la, mas eu quero. Simplesmente não consigo me livrar. Eu poderia ficar de pé e cantar uma música pra você, mas eu não quero ter que ir tão longe. Eu deveria dizer que te conheço pelo coração, mas quem disse que você me ouviria? Seus pensamentos estariam tão longe pensando nele, que nem me daria ouvidos. Eu gostava do jeito que você precisava de mim toda vez que as coisas ficavam difíceis. Meu coração costumava ser frio, até que você veio me mostrando um caminho melhor. Uma parte do meu coração tem o controle da situação, outra parte tem a mente clara pra dizer a você que eu não posso continuar te amando. Está ficando difícil ficar perto de você. Existe tanto que não posso dizer.”

Postado Por: Grasiele

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