terça-feira, 15 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 10 - Histeria materna

Narrada por Maia

Ótimo. Não bastassem ter minha bebida batizada e, ainda por cima, ter desmaiado no meio da boate, minha mãe ainda estava vindo atrás de mim... Assim que consegui falar com ela, por sorte, ela ainda não tinha conseguido uma passagem para Milão.



– Mãe! - Eu disse, quase gritando, enquanto ela estava histérica, do outro lado da linha.


–... Eu sabia que não devia ter deixado você ir para a Alemanha! Fica do lado da Holanda, onde só tem prostitutas e drogados! - Minha mãe dizia rápido. Eu tinha puxado essa característica dela. Sempre que estava ansiosa, falava tão rápido que as palavras se tornavam quase ininteligíveis.

– Mãe, me escuta senão eu desligo o telefone! Primeiro: Eu estou bem. Segundo: Eu não estou na Alemanha. Estou em Milão. Terceiro: Que preconceito é esse com a Holanda? Lá não tem só prostitutas e drogados. Tem muitas outras coisas legais por lá. Não precisa ficar afobada, porque eu já estou no hotel, estou tão bem que poderia sair fazendo as macaquices que eu fazia quando era pequena, de subir em árvore, dar estrela e cambalhota, pular na piscina... Estou perfeitamente bem. E isso poderia ter acontecido no Brasil... - Expliquei.

– Ainda sim, não vou sossegar enquanto eu não te ver.

– Mãe... Eu vou voltar para a Alemanha amanhã... E pior é que eu não vou parar em casa, com essa história da linha de roupas do Bill e...

– Que história é essa, Maia? Quem é Bill?

Ai... Como sempre, falei sem pensar.

– Lembra daquele cara que a Letícia gosta? Aquele que a tia Margarida falou que era uma mulher?

– Aquele roqueiro?

– É.

– O que tem? Filha, você não virou uma groupie e está transando com o irmão dele, está? Se estiver, trata de usar camisinha, porque eu sou nova demais para ter um neto...



– Mãe, que é isso? - Perguntei, surpresa. - Está recebendo uma pomba-gira ou o quê?

– E vai dizer que não está fazendo isso?

– Nossa, belo juízo que você tem da sua filha... Mas, enfim... Num dia que eu estava saindo do trabalho na cafeteria, eu fui abrir a porta e esbarrei no Bill. Ele estava procurando uma modelo para a linha de roupas que ele criou e, por isto eu estou em Milão. É para ajudar na divulgação das roupas.

– Maia... Você está falando a verdade?  - Mãe... Me faz um favor? Você está em frente ao computador? - Sim. - Abre o navegador e digita o seguinte endereço...

Eu ditei o endereço e, quando ela viu as fotos, ouvi um palavrão do outro lado da linha. Estranhei porque ela não era de falar esse tipo de coisa.



– Mas... Essa das fotos... É você!

– É, mãe, eu sei... - Respondi, impaciente.

– Nossa... Essa foto dele mordendo seu pescoço é bem...

– É, mãe! - Respondi, interrompendo-a, só de lembrar daquela foto.

– Mas ele é bonito mesmo, hein? - Minha mãe perguntou. - Ele é cheiroso?

– Mãe! - Respondi, num tom de censura. De repente, o Bill bateu na porta do meu quarto, querendo saber de alguma coisa. Eu falei com a minha mãe, rápido: - Eu tenho que desligar. Estou bem e não precisa vir para cá. Te amo, beijo e tchau.

E desliguei o telefone, sem esperar a resposta da minha mãe. O Bill se jogou na minha cama, do meu lado e perguntou:

– E aí? Ela vem?

– Consegui convencê-la a ficar no Brasil. - Respondi. - Graças a Deus, senão eu não teria paz...

– Ah, que pena... Eu queria conhecer a sua mãe...

– Vai por mim... Você ia se arrepender disso. Minha mãe é a mãe mais... Superprotetora que existe. Tanto que eu brinco, dizendo que ela é uma mãe-espartilho.



– Mãe-espartilho?

– É. Aperta e sufoca. E se bobear, você desmaia.

Ele riu.

– Mas é espartilho que nem aqueles antigões, que as mulheres usavam até 1.920, mais ou menos.

– Ah... Mas mesmo assim, queria conhecê-la...

– Quem sabe vocês não se conhecem numa próxima oportunidade?

– Como assim?

– Ah... Nunca se sabe. Ainda mais se tratando da minha mãe, que é uma caixinha de surpresas...

Ele sorriu e me perguntou: - Você é mais parecida com o seu pai ou sua mãe?

– Sou uma mistura dos dois. Apesar de a minha mãe me dizer que eu sou a cara do meu pai... Só que sem bigode.

Ele riu e me perguntou:


– Está animada para voltar para Hamburgo?

– Falando sério? Não. Eu estou com medo é da reação das suas fãs depois de terem me visto com você por todos os cantos de Milão...
– A menos que alguma delas tenha se escondido em um lugar tipo... Uma moita ou o alto de uma árvore, eu não vi fã nenhuma...


– Fã não. Mas e os paparazzi?


– E daí? Nosso relacionamento é estritamente profissional...


– Um relacionamento profissional que o chefe beija a empregada? - Perguntei, erguendo uma sobrancelha. Eu sabia que ele estava brincando sobre aquela relação profissional. Desde que me conheceu, ele estava demonstrando que gostava de mim. E eu tinha que admitir que esse "gostar" dele estava se tornando um sentimento recíproco. Afinal de contas, era impossível não me apaixonar por alguém que me trata como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo para ele. Sempre era gentil, carinhoso, educado e fofo comigo. O tempo inteiro estava se preocupando se eu estava bem, se estava com fome, se queria alguma coisa...



Narrado por Bill



Eu estava apaixonado pela Maia. E isso não era novidade. Porém, eu sabia que teria problemas e dos grandes para poder namorar com ela. Eu sabia que ia ter de enfrentar a imprensa, as fãs, que não eram poucas e eram ciumentas... Mas, valia a pena correr o risco. Era só tomar cuidado e, quando não desse mais para esconder... Assumir o namoro. E, com a Maia do meu lado, a tão poucos centímetros de distância de mim, estava difícil para me segurar e não beijá-la.


– Um relacionamento profissional que o chefe beija a empregada? - Ela me perguntou, erguendo a sobrancelha.

– É. Ah, mas, por enquanto, ninguém precisa ficar sabendo, precisa? - Perguntei, olhando para ela. Meu olhar baixou para a boca dela, sem querer.

– Não... - Ela respondeu, dando um sorriso. Uma covinha se formou do lado direito do rosto dela. Eu não resisti e me inclinei na direção dela. Quando senti os lábios dela nos meus, foi tão bom quanto no dia que nos beijamos sob a chuva...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 9 - Ação e reação

 Narrado por Maia

Eu me sentia nas nuvens, confesso. Mesmo que eu estivesse encharcada da cabeça aos pés e meu penteado tivesse ido para o espaço, eu estava eufórica. Quando eu e o Bill chegamos ao hotel, senti que atraíamos vários olhares, pelo nosso estado. E o Bill, agindo como se não estivéssemos deixando um rastro de água por onde passávamos, sorria e cumprimentava todo mundo. Paramos em frente aos elevadores, do lado de uma senhora loira, usando um casaco de peles preto e segurava um cachorro maltês; tanto a senhora quanto o cachorro tinham um arzinho nojento de superioridade. Ela nos olhou de cima a baixo, com uma cara de nojo, e o Bill, para provocá-la, me disse, naquele tom de quem comenta sobre o tempo:

– Eu estava pensando... Acho que pular pelado na Fontana Di Trevi, no meio da manhã, deve ser ainda mais divertido... O que você acha?

– Quando a gente for a Roma... Podemos tentar isso... - Respondi, entrando na brincadeira.

– E eu posso pedir para o Tom filmar tudo e colocar no Youtube... Garanto que vai ter um bom número de acessos...

A mulher nos olhou, estarrecida. Percebi que ela deu dois passinhos para o lado e, quando o elevador finalmente chegou, ela não quis entrar conosco. Depois que entramos no quarto, meu pé estava doendo tanto que fui correndo até a poltroninha e ia começar a tirar a minha sandália quando o Bill se ajoelhou na minha frente e segurou as minhas mãos. Ele pediu:

– Posso?

Fiquei sem reação por uma fração de segundo. Acabei concordando e ele puxou a tira que fechava a sandália. Quando ele a tirou do meu pé, foi do jeito mais delicado possível, como se eu fosse feita da porcelana mais fina, que só de olhar, quebra. Depois que ele tirou a outra sandália, me perguntou:

– Quanto você calça, de curiosidade?

– 38. - Respondi. - Meu pé é enorme, eu sei... Parece pé de pato...

– Por quê?

– É largo. Ouvi dizer que andar descalço faz o pé ficar largo. E como eu não sei andar nem com meia dentro de casa... E meu pé é feio.

– Não é não. O pé dos hobbits do filme do "Senhor dos Anéis" é pior...

Eu dei um tapa de leve no ombro dele. Eu me levantei da poltrona, peguei as sandálias e estava indo para o meu quarto quando o Bill pegou o meu braço. Ele me puxou e, assim como na hora que estávamos dançando, parei de frente para ele, com meu corpo colado no dele. Só que, como eu estava desprevenida, acabei pisando no pé dele, sem querer. Porém, ele nem deve ter sentido, já que não esboçou qualquer reação. Ele pegou no meu rosto e, por um instante, ficamos olhando para o outro. De repente, ele me beijou. Foi um beijo calmo e carinhoso. A outra mão dele ficou quieta, sobre a minha cintura, apertando a minha pele bem de leve. Porém, eu abri a boca um pouco mais e ele explorou a minha boca um pouco mais, com a língua dele. E o beijo, óbvio, ficou mais intenso e não tão calmo assim. A mão dele que estava na cintura começou a passear. Quando percebi, ele estava com a mão na minha bunda. Eu tive de interromper o beijo e ele, morrendo de vergonha, me pediu desculpa, com a cabeça baixa.

Narrado por Bill

Eu me empolguei com o beijo, mesmo sabendo que não devia. A Maia era uma menina linda e diferente de todas aquelas que eu tinha conhecido e visto, admito. E, mesmo sendo magra, o corpo dela era cheio de curvas e, quando o beijo ficou mais... Intenso, não consegui resistir à tentação. Porém, ela interrompeu o beijo e eu percebi o que estava fazendo. Só me restou pedir desculpas e ela voltou para o quarto dela. Durante esse tempo em que nos conhecemos, a Maia me falou que teve um namorado, durou um bom tempo. O namoro acabou porque o cara, segundo ela me contou, era ciumento demais e a Maia custou para conseguir que o cara a deixasse em paz. Porém, ela não me falou se aconteceu alguma coisa ou não. Ela não contou e eu achei melhor não ficar intrometendo também. Acabei indo tomar banho e dormir.

Narrado por Maia

Eu sei que era idiotice, mas, achei que aquela noite foi a mais perfeita de todas. Mesmo com esse último detalhe... Mas, ele se empolgou e, por isso, perdôo. Porém, não nego que a minha vontade era ter continuado. Aliás... A minha vontade era cruzar o corredor que separava os nossos quartos e ir atrás dele. Mas, no mesmo instante que eu pensei isso, me xinguei, por ter deixado uma hipótese desse tipo ter sido considerada. Mas, que eu estava tentada... Ah, sem sombra de dúvida que eu estava. Ainda mais que, na manhã seguinte mesmo, ele me avisou, durante o café da manhã, que iríamos à uma festa naquela noite. E isso significava que eu tinha que colocar minha cabeça para trabalhar e escolher uma roupa entre aquele monte que eu comprei.

Quando terminei de tomar banho, fui escolher a roupa e, assim que cheguei na recepção do hotel, o Bill estava ao telefone, conversando com alguém, num tom animado. Quando me viu, desligou o telefone. Ele disse, assim que me aproximei:

– Uau...

– Você está bonito também. - Respondi.

– É... Hã... Vamos andando? - Ele perguntou, sem desviar o olhar de cima de mim um segundo sequer. Eu passei na frente de um espelho e dei uma olhada rápida em como eu estava: Tinha prendido o cabelo em um rabo-de-cavalo bagunçado, a franja estava caindo sobre os olhos, que estavam bem marcados com a sombra preta, e tanto a boca quanto as bochechas pareciam não ter maquiagem. Meu vestido era de um ombro só e era da cor azul cobalto. E nos pés... Uma Melissa preta que foi desenhada pela Vivienne Westwood (Three Straps Elevated). Ah! E por cima do vestido, um cinto grosso e preto de couro. Como a noite estava fria, coloquei uma jaqueta, tipo bolero, preta.

Chegamos na festa e eu juro que nunca tinha visto um lugar tão lotado quanto aquele. Com sorte, eu conseguia me mexer um milímetro. Porém, o Bill era conhecido na Itália, então, logo fomos para a parte V.I.P. da boate, onde estava mais vazia. E eu tenho que confessar que preferia estar num show de rock, tipo... Franz Ferdinand, com calça jeans, camiseta e all star, pulando no meio do povo, feliz da vida. Música eletrônica não era um tipo de música que eu gostava, para falar a verdade. Depois de uma hora ouvindo aquele tunch-tunch alto, meu ouvido começou a coçar, por causa do volume da música. O negócio estava tão feio que eu estava me segurando para não coçar o ouvido ali mesmo. Sério.

Porém, o tunch-tunch barulhento era a menor das minhas preocupações. Eu estava tomando uma batida, que levava licor de menta, e, num minuto que eu me distraí, batizaram a minha bebida. Eu estava sossegada no meu canto e, depois que eu esvaziei o copo, num gole só, comecei a dançar. O Bill ficou me olhando, estranhando o meu jeito. Ele veio falar comigo e eu disse, com a voz arrastada:

– Ah, não, gatinho... Vamos dançar! A noite é uma criança!

– Maia... O que tinha na batida? - Ele perguntou me segurando e tentando me olhar.

– Nem sei... Anda... Eu quero dançar! - Respondi.

Sem me soltar, ele pegou o meu copo e tentou sentir o cheiro, para ver se tinha alguma coisa de errada. De repente, ele chamou o Tom e pediu alguma coisa para ele. De repente, eu comecei a sentir uma tontura muito forte e, se o Tom não tivesse me segurado, eu teria desabado no chão.

Acordei um tempo depois e, a primeira coisa que eu vi, foi um teto todo branco, com uma luz diferente daquela da boate. Minha cabeça estava doendo muito e, quando eu me mexi um milímetro, gemi de dor. Numa fração de segundo, o Bill parou do meu lado. Perguntei para ele:

– O que... Aconteceu?

– Batizaram a sua batida. Na hora que eu fui até o bar, perguntar o que eles tinham usado, você apagou. Eu e o Tom tentamos te acordar, mas, quando a gente viu que não estava dando certo, te trouxemos para cá...

– E o que tinha na bebida?

– Algumas coisas em doses exageradas. É melhor nem tentar entender o que eram. Só sei que eu fiquei com tanto medo quando te vi desmaiando...

– Eu estou aqui, viva e conversando com você, não estou? Com dor de cabeça, mas, estou...

– É... Mas... Te ver caindo daquele jeito foi... Assustador.

– Ih, garoto... Vai se acostumando que eu não vou te deixar sozinho por um bom tempo... - Respondi, sorrindo. Ele se inclinou na minha direção e deu um beijo na minha testa. De repente, o Tom apareceu e disse:

– Eu... Odeio interromper essa cena mais... Melosa, mas, a sua mãe está vindo para cá...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 8 - Correr riscos é sempre bom...

 Narrado por Maia 

– E então? Vai me contar? - Perguntei para o Bill, continuando a andar do lado dele.

– Não sei se eu devo... - Essa foi a resposta que eu tive dele.

– Olha, a menos que você esteja pensando em alguma coisa bem... Nojenta, tipo... Minhocas, o que eu duvido muito, não vou brigar com você. - Respondi, tentando dar o sorriso mais fofo e convincente. Ele sorriu, tanto com o meu comentário, quanto com esse meu sorriso fofo e convincente.

– Não... Não era bem isso o que eu estava pensando. Apesar de você estar certa sobre a parte de brigar comigo. - Ele respondeu.

– Por que eu estou com a sensação que você está sob a influência do Tom? - Perguntei. Ele riu e negou, de novo. Começando a ficar irritada por causa daquele mistério todo, avisei: - Olha, se você não me contar, aí sim vou brigar com você.

– Eu estava só... Pensando se você quer se arriscar um pouco e aceitar um convite meu para irmos jantar numa daquelas cantinas perto do hotel...

– Me arriscar?

– É... Correr riscos é sempre bom... Ainda que de vez em quando... E então? O que você me diz? Vai aceitar o meu convite?

Hesitei por um instante. Mas, como sempre, meu lado impulsivo falou mais alto.

Narrado por Bill

Quando a Maia aceitou o meu convite, me senti eufórico. E, por isso, me arrumei de um jeito que não ia chamar tanta atenção assim; Eu até me achei normal demais: Camiseta branca, calça jeans e tênis. A Maia, por outro lado, que foi diferente: Decidiu usar um vestido de alça branco, de renda. E, mesmo que eu tentasse convencê-la do contrário, estava usando sandália de salto, porém, ela estava linda. Ela tinha prendido a franja com um grampo de flor e a maquiagem dela era tão discreta quanto a que ela usou quando saímos de manhã. Só que ela não usava batom vermelho; Era um cor de boca, normal.

Enquanto esperávamos o garçom trazer o pedido, reparei nas pulseiras que ela estava usando. Perguntei, indicando o braço dela:

– Você comprou na liquidação?

– Não... Na minha cidade tem sempre uma feira de artesanato aos domingos, na principal avenida. E, em um dia que a minha mãe me levou lá, com minha irmã, nós compramos essas pulseiras. Mas, elas já estão velhinhas... Tem tanto tempo...

– Como é essa feira?

– Olha... Só te falo que todo o país conhece a feira. O melhor horário para ir é bem cedo... No sábado, por volta de meia-noite, você consegue ver os artesãos chegando e montando as barraquinhas. O melhor horário para ir é por volta de sete da manhã.

– Por quê?

– Nesse horário dá para ir na feira tranqüilamente. O problema é quando chega perto de dez horas... Enche de pessoas, você mal consegue passar por entre as barracas... Mas a feira é organizada, por incrível que pareça...

– Sério?

Ela concordou com a cabeça, depois de tomar um gole do suco de laranja que ela pediu.

– E o que vende lá?

– Ah... Desde... Coisas para casa, como... Quadros, por exemplo, até... Bijuteria mesmo. E tem a parte de alimentação. Só que eu nunca fui lá. Mas, lembro de que, quando eu e a minha irmã éramos pequenas, minha mãe sofria, porque vendem roupas de bonecas na feira. Então, ela sempre juntava um dinheiro e dividia entre nós duas. E o pior é quando uma queria a roupa que a outra tinha acabado de pegar... Aí faltava só jogar água fria para separar...

Eu ri, tentando imaginar a cena.

– Você tem fotos suas da época que você era criança, não tem?

– É o que mais tem. Tem foto minha com a minha irmã em festas juninas, no colo de Papai Noel, no shopping... Das duas de fralda...

– Festa junina?

– É. Normalmente, durante o mês de junho, é costume nas escolas, terem essas festas. É uma espécie de homenagem à três santos: São Pedro, Santo Antônio e São João. E se quiser saber, é muito mais divertida que o Carnaval. Mas, enfim... O traje dessa festa é a roupa caipira. Então, as meninas usam vestido de chita, que é um pano florido, com cores fortes, e se maquiam, fazendo pintinhas na bochecha, fazendo maria-chiquinhas... E os meninos usam calça e camisa xadrez remendadas. Usam maquiagem também, mas, para fazer bigode falso. Tem alguns que se arriscam e pintam o dente, para parecer que estão banguelas.

Tentei imaginar tudo aquilo que ela estava falando. Se tudo realmente fosse como ela contava... Era uma festa esquisita.

– Mas, em resumo... É uma festa estranha, mas, é divertida.

– Eu estou tentando te imaginar como caipira...

– Ah, vai por mim... É melhor não imaginar... - Ela respondeu, sorrindo sem-graça.

– Por que não?

– Eu nunca fui uma caipira autêntica. Sempre fui uma caipira "bonitinha". - Ela respondeu. Decidi que era melhor não continuar com aquele assunto.

Quando estávamos voltando para o hotel, encontramos um grupo de músicos que estava se apresentando em uma praça. Tinham várias pessoas dançando e, quando percebi que a Maia queria dançar, puxei a mão dela, arrastando-a para dançar comigo, mesmo que eu não soubesse dançar. Ela perguntou, quando percebeu o que eu queria fazer:

– Tem certeza que quer dançar comigo?

– Tenho.

– Eu não sou tão boa dançarina assim...

– Eu também não danço bem...

Por fim, ela acabou cedendo. Tinha horas que eu percebia que, para me fazer rir, ela fazia algumas palhaçadas. E eu, para brincar com ela também, fiz algumas. Quando uma das músicas animadas estava acabando, fiz ela dar um rodopio e, logo depois, puxei ela para mais perto de mim. O que eu não contava era que fôssemos ficar tão próximos um do outro. De repente, começou a chover e, os músicos continuaram a tocar, só que desta vez foi uma música mais lenta. A Maia, brincando comigo, pegou em uma mecha do meu cabelo e disse:

– Era uma vez um moicano...

Eu sorri e, não agüentando mais me segurar, pus a mão sobre o queixo dela e puxei o rosto dela, bem de leve, para mais perto de mim. Quando senti os lábios dela encostando nos meus, senti que não deveria sair de longe dela nunca mais...

Narrado por Maia

Eu estava encharcada por causa da chuva, na ponta dos pés, que estavam doendo por causa da sandália apertada, com um pouco de frio, graças às gotas de água gelada que caíam sobre nós dois e, quando me dei conta, estava com o meu corpo colado ao corpo do Bill. E, de novo, quando menos esperei, ele estava me beijando. Era um beijo inocente e carinhoso, mas, foi o melhor beijo da minha vida, até agora. Quando vi que estávamos nos beijando, percebi que eu estava ainda mais apaixonada por ele...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 7 - 15 minutos de fama

 Narrado por Maia

No dia que eu ia ser apresentada, junto com a coleção do Bill, acordei e o céu ainda estava escuro. Tentei dormir de novo, mas, a ansiedade era tanta que não consegui. Além do mais, eu era do tipo que, se perdia o sono... Ele não dava as caras, mas nem se eu fizesse macumba das brabas! Então, comecei a me preocupar com a roupa que eu iria usar. Revirei as sacolas, parecia que tinha esvaziado o meu armário em cima da minha cama e, de repente, vi o Bill parado em frente à porta do meu quarto, encostado no batente e de braços cruzados na frente do peito, me observando no meio daquela zona. Ele perguntou, assim que nossos olhares se cruzaram:

– Sabia que, se você não estivesse se mexendo, toda agitada, eu não saberia onde você está?

– Pois é... - Respondi, sorrindo. - Desculpe pelos barulhos... Eu estava sem sono, a ansiedade tomou conta de mim e...

Minha voz morreu. Ele espreguiçou, levantando os braços e, a camiseta que ele estava usando, subiu um bom bocado. Eu consegui ver totalmente a tatuagem de estrela que ele tinha no quadril. Quando percebi que estava olhando aquela tatuagem por tempo demais, comecei a procurar por um vestido tomara-que-caia xadrez vermelho, e, só sosseguei quando consegui encontrá-lo, além de um casaco, com manga 3/4, preto. Estava mais ou menos frio em Milão, então, se eu sentisse calor, podia tirar o casaco. Ele continuou me observando e eu perguntei:

– Que horas nós vamos?

– Onze.

– E que horas você acha que são? - Perguntei, tirando o celular do bolso traseiro do meu short e vendo que horas eram.

– Nove e meia? - Ele arriscou. Fui tentar sair do lugar que eu estava, sem precisar pular, só que não tinha jeito. E o pulo, para completar, acabou sendo o mais ridículo possível. Faltou só eu tomar aquele tombo, mesmo. Mostrei o horário para ele, que saiu correndo, desesperado, para se arrumar. Acabei achando uma roupa que me apeteceu. Fui tomar banho (Desta vez tranquei a porta) e, logo depois, me arrumei.

Narrado pelo Bill

Eu estava terminando de vestir o meu casaco e, de repente, chamei:

– Maia? Você já está pronta?

– Só um minuto! - Ela respondeu, de lá do quarto dela. De repente, ouvi alguém batendo na porta e, quando menos esperei, o Tom entrou na suíte, que nem um furacão. Ele perguntou, se jogando numa poltrona:

– E aí? As noivas já estão prontas?

Ele mal disse isso e a Maia apareceu. Eu não tinha visto como ela estava até ver o Tom, olhando para ela, de queixo caído. Virei o meu rosto, para poder ver a roupa dela e meu queixo também caiu. A Maia estava toda vestida de preto, mas, estava linda; Usava um casaco de veludo sobre um vestido frente-única, meia-calça bem grossa, e um sapato que parecia ser boneca, com um salto enorme e fino. Ela tinha deixado os cabelos soltos, lisos, com a franja arrumada, de um jeito bem caprichado, sem um único fio de cabelo fora do lugar. Além disso, ela estava usando uma corrente de prata envelhecida com um crucifixo na mesma cor da corrente, com várias pedrinhas pretas. A princípio, achei que ela estivesse usando só o batom (Que era um vermelho levemente escuro), mas, depois percebi que ela estava maquiada, só que ela não queria que ficasse uma coisa exagerada.

– Os dois de queixo caído é bom sinal? - Ela perguntou.

– Ah, se já não tivesse alguém de olho em você... Eu te pegava. - O Tom respondeu, me olhando. A minha vontade era de bater nele, mas, daí, o meu interesse na Maia seria óbvio, mais do que já era.

– E você, Bill? O que achou? - Ela me perguntou. Eu já estava bastante nervoso porque, com certeza, todo mundo ia começar a falar que ela era minha namorada, ainda que só tivéssemos feito as fotos. E meu nervosismo aumentou quando vi como ela tinha se arrumado. A Maia era uma menina linda, mas, como eu não tinha visto ela toda arrumada desse jeito, percebi o quanto ela era ainda mais bonita do que eu achava.

– Você está... Ótima. - Respondi. Foi tudo o que eu consegui pensar.

– Obrigada. - Ela respondeu, seca. - Bom... Acho melhor irmos andando.

Eu abri a porta e, quando ela foi chamar o elevador, o Tom me deu um tapa na parte de trás da minha cabeça. Perguntei:

– O que foi?

– Sabia que tem hora que eu não acredito que você seja meu irmão? Podia ter feito um elogio melhor...

– O que você queria? Eu estou nervoso por causa dessa história toda da semana de moda... - Eu reclamei. O elevador chegou exatamente no mesmo instante que nós dois paramos, um de cada lado da Maia. Entramos e o silêncio reinou absoluto até a hora que nós chegamos no lugar onde aconteceriam os desfiles.

Narrado por Maia

Eu confesso que estava ansiosa. Sabia que várias fãs do Bill e do Tom estariam lá, dando plantão na porta do lugar onde tudo ia acontecer, e, quando as meninas viram os dois... Quase fiquei surda de tanto que elas gritavam. O Bill me pegou pela cintura e me fez entrar no salão onde o primeiro dos desfiles ia acontecer. Quando tive chance, perguntei:

– Como é que você agüenta esse escândalo todo durante esses anos todos?

– Já me acostumei. Mas, no início era estranho, não nego... - Ele respondeu, sorrindo. De repente, uma repórter veio falar com a gente. Eu entendia tudo o que ela dizia e, quando nós dois menos esperamos, lá veio a pergunta:

– Ultimamente tem saído bastante rumores de que vocês dois estão namorando...

Eu resolvi ficar quieta, senão sabia que iam acabar dando um jeito de distorcer o que eu disse. O Bill respondeu, calmamente:

– Não são verdade. A relação que eu tenho com a Maia é estritamente profissional.

– E você tem namorada? - A repórter quis saber.

– Não. Estou solteiro, mas, por pouco tempo. - Ele respondeu.

– Ah, então você finalmente achou a garota? - A repórter perguntou.

– Já. - Ele respondeu, sorrindo, todo bobo. Eu, que estava dando uma entrevista para um outro repórter, estava perto dele e senti o olhar dele para cima de mim.

– Pode nos dizer quem é? - A repórter quis saber. Eu não agüentei mais de curiosidade e, aproveitando que o repórter foi embora, virei para trás e fiquei olhando para o Bill.

– Não. Infelizmente não posso. Ela é anônima e, eu não acho que ela ia gostar de ter a vida dela devassada assim, tão de repente. - Ele respondeu, desviando o olhar na minha direção.

– Mas ela é da Alemanha?

– Não. - Ele respondeu. Para conseguir tirá-lo daquela situação, fui até ele e disse:

– Desculpa interromper a entrevista, mas o Tom está te procurando...

– Tudo bem. - A mulher respondeu, sorrindo. Eu saí puxando o Bill dali e, quando achei o Tom, este me disse:

– Já sei quem chamar quando eu tiver que fugir das entrevistas chatas...

– É, né? Só que eu vou cobrar uma taxa extra... - Eu respondi, brincando.

– Se você conseguir me tirar de entrevistas que nem essa... Deixo você fazer o que quiser comigo... - Ele respondeu.

– Você é safado mesmo, hein? - Perguntei, provocando e colocando as mãos sobre a minha cintura. Ele sorriu e, quando passou a língua, de modo distraído, sobre o piercing no lábio dele, falei: - Não adianta... Não funciona comigo.

Óbvio que, depois de ouvir isso,  o queixo dele caiu. De repente, o Bill me pegou pela cintura, me assustando, já que eu tinha visto que ele foi para outro lado, e me disse:

– O desfile vai começar... Você quer ver?

– Que marca? - Perguntei.

– Ah... É de uma estilista daqui... A mulher chama Flora Gianni... Dei uma espiada nas roupas dela...

– Vocês vão ver? - Perguntei para os dois. O Tom deu de ombros e o Bill estava com uma cara de que não estava com paciência. Eu falei, então:

– Não sei quanto à vocês, mas... Eu estou com fome... Não comi nada desde a hora que acordei.

– Como é que você ainda está em pé? - O Bill me perguntou.

– Taí uma excelente pergunta... - Respondi. Quando chegamos até o salão onde estavam servindo uma espécie de brunch, percebi que o Tom já não estava mais do nosso lado. O Bill também e, quando vimos o Tom... Ele estava jogando a maior conversa mole para cima de uma das modelos. Nos sentamos à uma mesa em um canto mais reservado do salão e, logo, duas senhoras vieram conversar conosco. As duas eram irmãs, muito simpáticas e, para azar do Bill, só sabiam falar italiano. Uma delas, que se chamava Maria, me perguntou, quando o Bill foi pegar mais comida para ele:

– Ele é o seu namorado?

– Não... Somos amigos. - Respondi. - Eu fiz algumas fotos para promover a linha de roupas que ele desenhou... Só isso.

– Olha, se você quiser saber a minha opinião - A outra senhora, que se chamava Giovanna, falou. - eu acho que ele não quer ser só seu amigo. O marido da Maria olhava assim para ela, um pouco antes de os dois começarem a namorar. Estão juntos até hoje, quase sessenta anos...

– Nossa! - Respondi. - Meus parabéns pelo casamento duradouro...

– Obrigada. - A Maria respondeu, sorrindo. - Mas, eu concordo com a Giovanna. Vocês dois ficam tão bonitinhos juntos... E ele é um belo rapaz. Se eu fosse você, aproveitava a primeira oportunidade que aparecesse...

– Mas como têm tanta certeza que ele realmente gosta de mim? - Perguntei, testando-as. Eu já tinha percebido que o Bill me dava umas olhadas, vez ou outra.

– Ele te olha daquele jeito apaixonado. E você é uma menina linda! - A Maria respondeu.

– Se ele não namorar com você, é um... Como é que vocês dizem? - A Giovanna disse, tentando lembrar-se de alguma coisa.

– O quê? - Eu e a Maria respondemos, juntas.

– Um... Não é traseirudo... - A Giovanna disse.

– Um bundão? - Me arrisquei.

– Exatamente! Se ele não namorar com você, é um bundão, apesar de quase não ter um traseiro. - A Giovanna reclamou. Eu caí na risada quando ouvi isso. Ela protestou: - Mas eu não estou falando a verdade? Olha ali! Nem dá para notar!

Eu tive que olhar. Pior é que, como sempre, ele se virou exatamente na hora que eu estava olhando para a bunda dele. Quando ele percebeu para onde eu estava olhando, ele deu um sorriso, daqueles mais marotos e eu me encolhi um pouco na cadeira. Xinguei a Giovanna:

– Está vendo o que aconteceu? Fui seguir seu conselho...

– Ah, mas, olhar não tira pedaço... - Ela respondeu. O Bill veio se sentar à mesa, tendo só a Maria entre eu e ele, e perguntou, sorrindo:

– O que vocês tanto fofocam?

– Coisas de mulher. - A Giovanna respondeu, em alemão. - E estávamos dando uns conselhos para a Maia.

– Vocês falam alemão? - Perguntei para a Maria.

– Não. Só a Giovanna. - A Maria respondeu. De repente, a Giovanna acenou para alguém e, quando percebi, dois senhores estavam entrando no salão. Logo, fomos apresentados aos maridos das duas e, quando elas saíram da mesa, eu fiquei encarando as migalhas do bolo que estavam no prato. O Bill me perguntou:

– O que elas te disseram?

– Ah... Acharam que nós dois éramos namorados... - Respondi, ainda encarando as migalhas; Eu estava dando uns cutucões nas migalhas com a ponta do garfo. Qualquer coisa para não olhar para ele. Eu estava com vergonha depois do flagra que ele me deu.

– Ah... - Ele respondeu, enfiando a última garfada de bolo na boca dele. - Quer dar uma volta? Eu não estou agüentando mais ficar aqui dentro...

– Tudo bem. - Respondi, me levantando da cadeira. Fomos andando até um parque que tinha ali perto e, como acontecia muito nos últimos dias, em silêncio absoluto. Como silêncio é uma palavra que não existe no meu vocabulário, então, tratei de acabar com aquela quietude dele, perguntei:

– No Brasil, a gente costuma dizer uma coisa, para quem está tão quieto quanto você...

Funcionou, porque ele me olhou. Porém, não disse nada. Suspirando impaciente, respondi:

– O gato comeu sua língua?

Ele sorriu e perguntei:

– OK... Você fez voto de silêncio ou alguma coisa do gênero?

– Por quê?

– Olha! Você ainda fala! - Eu disse, brincando. - Você reparou que sou só eu quem está falando? Desde que saímos lá do desfile, você não falou nada.

– Eu estava pensando... - Ele respondeu. Eu sentia que deveria ter medo desses pensamentos dele...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 6 - Benvenuti a Milano!

 Narrado por Bill

Eu tinha ido buscar as fotos que eu tinha feito com a Maia e, quando entrei no quarto, percebi que ela estava tomando banho e cantando. Eu tinha acabado de colocar o envelope sobre a mesa quando ouvi a Maia vindo até a sala. Não demorou e ela apareceu, só de toalha, com os cabelos molhados caindo sobre os ombros e ela estava descalça. Eu tive que me controlar para não agarrá-la ali mesmo. Por onde ela passava, deixava um rastro molhado pelo carpete. A Maia se abaixou, procurou alguma coisa em uma das malas e, quando, pegou uma calça jeans e uma camiseta vermelha, ela se levantou, virou-se de frente para mim e, quando me viu olhando para ela, tomou um susto. Tanto que a toalha dela caiu. Quando eu percebi que ela tinha se abaixado para tentar pegar a toalha, eu me virei de costas e disse a ela:

– Desculpa...

Quando eu me virei de novo, ela já tinha sumido. Mas, confesso que, depois, fiquei pensando quando vi os seios dela...

Narrado por Maia

Eu estava roxa de vergonha. Não bastasse ter me esbaldado na hidromassagem, me esgüelando, ainda saí do banheiro cantarolando, usando  a toalha e, como a minha sorte decidiu se voltar contra mim... O Bill estava parado e, quando o vi, me assustei e a toalha foi para o chão. Quando eu me abaixei para pegar a toalha, ele se virou de costas para mim e ficou muito sem-graça. Porém, eu percebi que, quando a toalha caiu, ele me olhou de cima a baixo. Foi rápido, mas, ele olhou, mesmo assim. Depois que eu saí do meu quarto, usando roupas, fui até a sala e, quando vi que ele estava olhando algumas fotos, comecei a pensar em uma maneira menos... Constrangedora de conseguir falar com ele. Porém, ele percebeu que eu estava ali e me disse:

 - As... Fotos chegaram.

Ele estava sentado em uma poltrona, do lado de uma mesinha redonda. Sem pensar, fui até lá e me sentei no braço dessa poltrona, ficando tão perto a ponto de sentir o calor que vinha do corpo dele. Não sabia por que, mas, sempre achei que ele tinha a pele mais fria. Ele ficou me observando, enquanto eu olhava as fotos e, quando percebi isso, estava olhando a foto que ele estava vestido como um vampiro. Era aquela mais... Perigosa de todas. Na foto, eu estava com o olhar perdido em algum ponto, meu cotovelo estava apoiado sobre o divã, a minha cabeça estava tombada para trás, levemente. O Bill erguia o meu corpo um pouco, encostava a boca dele no meu pescoço e olhava para a câmera, com um olhar tão ameaçador que, se ele realmente fosse um vampiro, eu teria medo. Muito medo mesmo. Ele percebeu que eu estava olhando aquela foto por tempo demais e, rapidamente, a recoloquei no monte e entreguei as fotos para ele. Eu disse:

– Ficaram ótimas. Ainda que eu não entenda muito disso...

– Eu achei que as fotos do divã foram as melhores... Principalmente porque não precisaram mexer na cor da sua pele...

– Pois é... Essa é uma das vantagens de não morar no litoral... Pele pálida sempre...

Ele sorriu e, quando percebi que ele estava me olhando, eu me levantei, fingindo que tinha acabado de me lembrar de uma coisa. Eu sei que estava agindo de modo idiota, mas, eu estava com vergonha e com medo do que pudesse acontecer quando chegássemos à Milão, o que não demorou...

Desembarcamos no aeroporto, lotado de fãs histéricas do Bill e, além de nós, o Tom tinha ido para lá também. Enquanto estávamos na recepção do hotel, o Tom ficou insistindo comigo, enquanto observava algumas moças passando:

– Você tem que me ensinar algumas coisas em italiano...

Por um instante pensei em sacaneá-lo, por causa das vezes que ele foi ensinar coisa errada em alemão para as pessoas. Mas, achei melhor responder:

– Eu não sei muitas coisas, mas, o que eu sei... Dá para te ensinar.

– Muito obrigada. - Ele respondeu, fazendo uma espécie de reverência à mim. Eu tive que rir. O Bill apareceu, com as "chaves" do quarto de cada um e, lá fui eu tentar me distrair um pouco. Só que eu não conseguia sossegar. Estava em Milão, com o meu ídolo. Quem é que ia ficar trancada num quarto de hotel nessas circunstâncias? Peguei minha bolsa e saí andando, meio sem rumo. Descobri um shopping que era o templo da perdição. Qualquer pessoa avarenta ia sair de lá consumista. Sairia pior que a personagem da Sarah Jessica Parker no Sex & the City e a Becky Bloom juntas. Assim que vi uma loja que estava em liquidação, respirei fundo e comecei a garimpar.

Narrado por Bill

Eu estava indo para o restaurante, com o Tom do meu lado, falando que nem pobre na chuva, quando vi a Maia, cheia de sacolas. Mas era cheia mesmo, a ponto de ela quase não passar pela porta. Eu e o Tom fomos ajudá-la e, o Tom perguntou:

– Você comprou o shopping inteiro, por um acaso?

– Quase. - Ela admitiu, envergonhada. - O problema é que tinha uma loja em liquidação e, nesses casos, sou garimpeira.

– Tom... Eu vou ajudá-la a levar as coisas lá para cima... Pede para mandarem o jantar para a suíte dela, tá? - Pedi, pegando as sacolas da mão do Tom. Ele me olhou e, na mesma hora, entendi o que ele estava pensando. Sem que a Maia reparasse, dei um chute na canela do Tom. Logo, ouvi um xingamento para mim.

Enquanto eu estava no elevador com a Maia, não dissemos uma única palavra sequer. Eu sabia que era por causa do ascensorista, que obviamente estava esperando que a gente começasse a conversar. Quando chegamos ao quarto dela, a Maia se jogou em uma cadeira e largou as sacolas do lado dela. Eu perguntei:

– O que aconteceu para você comprar esse tanto de coisas?

– Eu falei... É liquidação. E sendo assim, fico louca. E fora que eu acho liquidação muito melhor que o início da coleção, por exemplo. A gente acha várias coisas interessantes... Sem falar que com o preço de uma única peça que acabou de chegar, você compra umas... Dez da liquidação...

Olhei para ela, incrédulo. A Maia realmente estava me surpreendendo...

Durante o jantar, falei com ela:

– Ah! Já estava me esquecendo de te avisar...A coleção vai ser apresentada depois de amanhã.

– Sério? - Ela perguntou. Confirmei com a cabeça e ela falou: - OK... Acho que já sei o que vou vestir...

Olhei para ela, curioso. Mas, ela não me disse nada, por mais que eu insistisse. Por fim, acabei me conformando e terminei meu jantar. Só não sabia que ela iria me surpreender...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 5 - Ansiedade

 Narrado por Bill

Quando fui me despedir da Maia, eu juro que não tinha a intenção de beijá-la. É difícl de acreditar, mas, eu não estava com segundas intenções com ela, apesar de eu não conseguir parar de pensar nela um segundo sequer e querer ficar perto da Maia o tempo inteiro. Se esse beijo aconteceu, foi culpa dela. Eu estava me inclinando na direção dela para dar um beijo sim, mas, na bochecha dela. Só que a Maia deve ter achado que eu queria beijar a boca dela, virou o rosto e eu acabei calculando mal e aconteceu. Sem querer, mas, aconteceu. Quando ela entrou no prédio correndo, logo depois que percebeu que a boca dela estava colada na minha, a minha vontade foi de sair correndo atrás dela e roubar um beijo, só que não tão inocente quanto esse. Mas, consegui me controlar. Apesar de ainda estar sentindo o gosto dela. Era gosto de coca-cola, mas, ainda sim, era delicioso...

Narrado por Maia

Eu tive que sair correndo, de tamanha vergonha que eu estava sentindo por causa do beijo. Não ia conseguir mais olhar para o Bill, por mais que eu tentasse. Eu sei que estou agindo feito uma adolescente, mas... É impossível agir como uma mulher madura quando você acidentalmente beija o seu ídolo. E pior: Na boca! Foi um selinho inocente, mas, ainda sim, foi beijo e foi na boca. Quando cheguei no meu apartamento, me encostei na porta fechada e, só de lembrar da boca dele encostando na minha... Me senti nas nuvens. Por um instante, eu fiquei imaginando como seria se, no lugar do selinho, tivesse sido aquele beijo de língua que é capaz de desentupir qualquer pia...  Só de imaginar como seria, um tremor percorreu o meu corpo. Durante vários dias, fiquei pensando no beijo. Foi tão bom...

Duas semanas se passaram e, durante esse tempo todo, não tive uma única notícia do Bill, sequer. E admito que eu estava mais nervosa do que deveria, mas... Eu estava ansiosa para poder falar com ele e me desculpar a respeito do beijo. Só isso. Quer dizer... Tudo bem que ele era lindo mesmo, era super-fofo comigo, sempre dava um jeito de me fazer rir, mas, ele era famoso, me encontrou por uma feliz coincidência, já que ele estava precisando de uma modelo e, como minha mãe sempre me disse para ajudar quem estava precisando, então, me dispus a ajudar. Ainda mais que uma oportunidade dessas não aparece mais de uma vez na vida, não é? Fiquei encarando o meu celular, esperando que ele começasse a tremer sobre a mesa e tocar "Poker Face" da Lady Gaga, que era a minha música preferida. Eu já estava desistindo de esperar...

Narrado por Bill

Eu estava me segurando para não ligar para ela. Já tínhamos terminado de gravar o CD e eu estava num estúdio, tirando as fotos para o encarte e para promoção. Assim que consegui fugir daquela confusão, peguei meu celular e fui procurar uma sala que estivesse vazia. Quando finalmente achei a tal da sala, tranquei a porta, já que eu sabia que o Tom ia aparecer, fazendo aquela bagunça, e, percebendo que eu estava tremendo levemente, por causa da ansiedade, vasculhei a agenda até achar um número. Deu cinco toques e meio até eu conseguir ouvir a voz dela:

– Oi?

– Maia? É o Bill... Tudo bem?

– Tudo bem. - Ela respondeu, arfando. - E com você?

– Também. Você... Está ocupada?

– Não. A Dolores veio aqui me pedir uma coisa, mas, ela já foi embora.

– Ah... Desculpa não ter te ligado antes... Eu não tive vida nesses últimos dias...

– É... Dá para imaginar. Quer dizer... Eu vi algumas notícias... E aí? Você vai para Milão daqui a três dias, não é?

– Vou... Você não vai?

– E eu vou fazer o que lá, me responde? Não posso desfilar por causa da minha altura... E, graças ao pouco de italiano que eu sei, com sorte, vou conseguir dormir debaixo de uma ponte...

– Exagerada... - Respondi, provocando-a. - Mas eu quero que você venha comigo. Quer dizer, todo mundo vai querer saber quem é a garota que está comigo nas fotos...

– E as fãs? - Ela perguntou, em resposta. - Elas vão ter um ataque histérico quando me virem do seu lado... Isso se elas já não tiveram...

– Maia... Nós só tiramos umas fotos juntos. Nada além disso.

– Nós dois sabemos. E você, melhor do que eu, sabe o quanto a imprensa não é legal com as celebridades...

– Maia... Deixa de fazer doce e vem comigo. Não vou deixar ninguém mal-intencionado se aproximar de você... - Por que é que eu estava falando aquilo?

– Tem escapatória?

– Não. Se você não aparecer no aeroporto, depois de amanhã, eu mesmo vou te buscar. - Respondi.

– Você é realmente chato, sabia disso? Essa sua carinha de anjinho só serve para enganar as pobres coitadas das fãs... - Ela perguntou. Desta vez, ela quem me provocou. Eu tive que rir depois daquilo.

– Olha, você arruma sua mala, então, e, quando você estiver pronta, me liga.

– Por quê?

– Confia em mim?

– Confio. - Ela respondeu.

Ouvi alguém batendo na porta e, logo em seguida, a voz do Tom me chamando. Eu falei com a Maia:

– Olha... Eu vou ter de ir. Mas, faz o que eu te pedi, tá?

– Tá. - Ela respondeu. - A gente se vê...

– Tchau. - Eu disse. Quando desliguei o telefone, o Tom já estava quase jogando a porta abaixo.

– O que é que você estava fazendo trancado aí dentro?

– Tentando ficar em paz um pouco... Só que você é pior que carrapato com chiclete... Nunca vi...

– Ih... Pelo visto... Tinha gente pensando na Maia...- Ele respondeu, fazendo um gesto nada educado.

– Ai, Tom... Me esquece um pouco, vai... Vai procurar aquela garota que você conheceu ontem... Como é o nome dela mesmo? Lídia?

– Ah... Foi até bom você ter falado nela... - Ele disse, tateando os bolsos atrás do celular. Eu saí da sala e fui trocar de roupa e finalmente ir para a casa. Não estava mais agüentando ficar longe da Maia...


Narrado por Maia

Confesso que fiquei feliz que ele tenha me ligado. Claro que não foi nada comparado à exigência que ele fez sobre eu ir para Milão com ele. Apesar de tudo, ele tinha razão. Todo mundo ia querer saber quem é a garota misteriosa que foi "mordida" pelo Bill. Sendo assim, no dia seguinte, abri o meu armário e peguei roupas que eu ia usar durante a viagem. Fiquei pensando se duas malas bastariam. Mas, daí, acabei decidindo que, se precisasse, ia usar o cartão de crédito que eu tinha escondido num lugar bem seguro, para evitar qualquer tentação. Na manhã seguinte, por volta de dez horas, terminei de arrumar as minhas coisas e, como eu sabia que era um horário bom, peguei meu celular e liguei para o Bill. Ele foi mais rápido que eu, para atender o telefone:

 - Oi, Maia!

– Eu... Te acordei? - Perguntei, mesmo em dúvida por causa da animação da voz dele.

– Não... Eu acordei cedo hoje...

– Ah... - Respondi.

– Já arrumou as suas coisas?

– Já.

– OK... Espera uns... Quinze minutos e desce, tá? - Ele perguntou. Eu sabia que ele viria me buscar. Mas, mesmo assim, concordei. Quinze minutos depois, tranquei o meu apartamento e fui até a portaria. Quando fechei a portaria de fora (Tinham duas portarias, uma que era feita de grade de ferro e a outra, que era de madeira e vidro), ele já estava me esperando. E colocou as minhas coisas no porta-malas do carro dele. Logo em seguida, fomos para um hotel e perguntei para ele:

– Você não mora aqui?

– A casa está em reforma, então, eu e o Tom estamos aqui. Minha mãe e o meu padrasto estão em outro hotel, mas, é aqui perto.

– Ah... - Respondi. Durante todo o caminho até o hotel, fiquei quieta. E ele estranhou. Quando entramos na recepção, o gerente nos olhou com curiosidade e perguntou para o Bill:

– Sr. Kaulitz... A suíte já está pronta, conforme me pediu...

– Obrigada. - Ele respondeu. De repente, ele fez algo inesperado. Quando saímos do elevador, no 11º andar, perguntei para ele, surpresa:

– Eu vi direito? Você subornou o gerente para que ele não falasse que eu estou aqui, com você?

– Foi. - Ele respondeu, envergonhado. Ele destrancou a porta da suíte dele e, quando  eu vi como era lá dentro, meu queixo caiu. Parecia que eu estava em um apartamento dos mais luxuosos e não em um quarto de hotel. Ele viu a minha reação e, sorrindo, perguntou:

– O que foi?

– Desculpa, mas... Nunca estive em uma suíte como essa... Os quartos de hotel que eu tenho o costume de ficar são bem mais...

– Humildes?

– Na realidade, eu diria que são mais... Comuns.

– É... Essa é uma das vantagens de ser conhecido em praticamente todos os cantos...

– Dá para perceber... - Respondi. O celular dele começou a tocar e, logo depois de dizer um "Estou descendo", ele me disse:

– Eu vou precisar ir na recepção, mas é rápido. Quando eu voltar, quero conversar com você.

– OK.- Respondi. Ele me deixou sozinha e a primeira coisa que eu fiz? Óbvio que foi tomar um banho na hidromassagem enorme que tinha no banheiro! Porém, eu só não contava que estivesse tão emocionada a ponto de não trancar a porta do banheiro...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 4 - Surpresas e mais surpresas...

 Narrado por Bill 

Eu tinha acordado bem cedo na manhã seguinte. Não sei porque, mas, eu, que era acostumado a ir dormir lá pelas quatro da manhã, fui dormir às dez horas da noite. Minha mãe, que sempre era a primeira a acordar, assustou quando me viu entrando na cozinha e sentando em um dos banquinhos em frente à bancada. Ela até comentou, pondo a mão sobre a minha testa e checando a temperatura:

– Vem cá... Você está doente? São oito da manhã e você acordou!

– E...? O que tem demais? - Perguntei, sem entender nada.

– Você está de folga! Eu sei que você e o Tom vão dormir tarde e só acordam no começo da noite... - Ela respondeu, surpresa.

– Mãe... Também não é para tanto... - Eu respondi.

– Ah, é sim, Bill... Eu te conheço. Até bem demais... Anda, o que aconteceu? - Ela quis saber.

– Não aconteceu nada.

– Você está estranho... Ontem você foi dormir dez horas da noite... Desde quando você dorme nesse horário, menino?

– Mãe... Não tem nada demais... Fui dormir às dez porque eu estava cansado. Só isso...

Quando minha mãe cismava com alguma coisa, não tinha nada que conseguisse convencê-la do contrário.

Assim que eu terminei de comer alguma coisa, o Gordon apareceu na cozinha e, quando me viu ali, naquela hora, perguntou para a minha mãe, logo que eu saí:

– Aquele... Era o Bill?

– Era. - Ouvi minha mãe respondendo.

– O... Que será que houve?

– Também estou me perguntando isso...

Fui para o meu quarto, tomei um banho, me arrumei e, quando fui escolher uma roupa para usar, peguei uma camiseta preta, normal, sem estampa, uma calça jeans e um par de tênis. Logo em seguida, saí de casa.

Narrado por Maia

Eu acordei às seis da manhã naquele dia. Do nada, fiquei enjoada de dormir e me levantei. Foi tão... Inesperado que até assustei comigo mesma. Eu estava fazendo uma faxina no meu apartamento (Ou deveria dizer apertamento, já que era pequeno?) enquanto ouvia "Heart of Glass" do Blondie na maior felicidade. De repente, percebi que o interfone estava tocando e, quando fui atender, a minha vizinha do lado, que era uma espanhola, me disse:

– Maia... Desculpa estar tocando interfone à essa hora, mas, eu fui no mercado, acabei de ver que esqueci a chave em casa... Tem como você abrir a portaria para mim?

– Claro. - Respondi. Abri a portaria e, como eu era prestativa, fui ajudá-la com as compras. Eu sabia que não ia ter mais ninguém no prédio, então, fui com minha camiseta do Bowie (Aquela estilizada da boate) e um short jeans bem curto. Eu nem bem tinha chegado ao térreo quando ouvi que ela estava conversando com alguém. Parei no meio do caminho quando ouvi meu nome. Logo em seguida, ouvi a minha vizinha, Dolores, dizendo:

–... Sim... E o apartamento dela é o vinte e um.

– Ah, sim, obrigada, viu? - Ouvi a voz do Bill. Por sorte, o prédio tinha elevador e as escadas. Então, fui correndo para meu apartamento enquanto isso e, seria perfeito se a porta do elevador não tivesse se aberto exatamente quando eu cheguei. Para piorar a minha situação, a minha blusa não era comprida o bastante para cobrir o short. Então, assim que o Bill me viu, devo ter ficado de todas as cores possíveis, de tanta vergonha que eu estava. Mas, como nessas horas é melhor fingir que não aconteceu nada, perguntei para ele:

– O que você está fazendo aqui?

– Desculpe, eu sei que deveria ter te avisado, mas, não tenho seu celular, então...

– Ah... Você sabe onde eu trabalho, sabe onde eu moro, mas... Conseguir meu telefone que é bom, para me avisar que está vindo, nada, né? - Eu respondi, brincando, enquanto colocava minhas mãos na cintura.

– Eu sei... Desculpa. - Ele disse, envergonhado.

– Tudo bem. - Respondi. - Hã... Você quer entrar um pouco? Só... Não repara na bagunça, porque eu estou justamente dando um fim nela.

– Se quiser ajuda com alguma coisa... - Ele se ofereceu. Eu fechei a porta, depois que ele passou e respondi:

– Bom... Já que você se ofereceu... Me ajuda puxando o sofá.

Ele me ajudou em tudo o que eu pedia e, depois que tudo estava terminado, fomos almoçar fora. Enquanto caminhávamos de volta do restaurante, um tempo depois, ele me perguntou:

– Você sabe cozinhar?

– Sei. Minha avó me ensinou a fazer algumas massas, entre elas, macarrão, e...

– Espera aí... Você faz massa de macarrão?

– Faço.

– Na mão?

– É.

– E... O que você usa para fazer aqueles... Fios ou tiras... Sei lá...

– Tenho uma máquina para isso. Minha avó me deu e, para você ter uma idéia do quanto ela é antiga... É à manivela.

Ele me olhou e riu.

– É sério! Mas, não sei se você já experimentou, mas, a massa feita à mão, em casa, é muito melhor que a industrializada.

– Depois quero ver se é verdade tudo o que você está me dizendo...

– Fechado. Me avisa e aí eu, literalmente, ponho a mão na massa...

– OK. - Ele respondeu, sorrindo. Continuamos andando até o meu prédio e conversando no caminho. Quando paramos em frente à portaria, percebi que ele não ia entrar comigo. Perguntei:

– Você tem que ir?

– Tenho. Infelizmente... - Ele respondeu, num tom de "Não tem jeito, né?".

– Ah... Bom, então... A gente se vê por aí...

– É... Mas, antes... - Ele disse, mexendo nos bolsos. Quando ele achou o celular, mexeu um pouco e, logo em seguida, me estendeu o aparelho, dizendo: - Coloca os seus telefones aí. Tanto o de casa quanto o seu celular.

Fiz o que ele pediu e, logo depois, ele guardou o celular dele dentro de um dos bolsos da calça. Eu perguntei:

– E o seu telefone?

– Vou te deixar na curiosidade por um tempinho...

– Tudo bem. - Respondi. - Além do mais, quando você me ligar, vai aparecer o número mesmo...

– E se não aparecer? Tem jeito de colocar o número privado...

– Você que sabe... - Respondi. - Mas, arrisca a não conseguir falar comigo...Vai saber se é você mesmo ou não...

– Eu vou me arriscar... - Ele respondeu. - Se eu conseguir falar com você... Bem, senão... Eu venho aqui de novo.

– E se eu não estiver em casa?

– Volto em um horário que eu sei que você vai estar...

– Ah... - Isso foi tudo o que eu consegui dizer. Ele já estava inclinando na minha direção quando eu, achando que ele ia tentar me beijar, virei o rosto. Teria dado certo, se a anta aqui não tivesse virado o rosto na direção dele. Resultado? Ele finalmente conseguiu me beijar. Ainda que tivesse sido um selinho, mas, conseguiu.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 3 - A sessão de fotos

Narrado por Maia

Eu confesso. Estava morrendo de medo dessa sessão de fotos. Mas, quando vi que só o Bill estava ali, o medo se transformou num pavor daqueles, tipo daquelas atrizes e dos atores dos filmes de terror. Tudo bem que eu sabia que o Bill não era um assassino em série, tipo o Jason dos filmes "Sexta-feira 13" (Nem sei se é desse filme mesmo... Não gosto desse gênero e nunca vi um filme do Jason), mas, eu estava com medo porque era um menino e eu estava sozinha com ele. Eu já estava dando meia-volta e indo esperar as outras pessoas chegarem quando ele me viu e veio ao meu encontro. Depois de dar um beijinho em cada lado do meu rosto, ele pegou a minha mão e, me guiando para dentro do galpão, ele me disse, animadíssimo:

– Até agora, o maquiador e o cabeleireiro chegaram. O fotógrafo já me ligou, avisando que está atrasado e as roupas já devem estar quase chegando.

Mais uma vez... Eu tirei conclusões precipitadas, só para variar mesmo. Quando o cabeleireiro me sentou em uma cadeira, ele me perguntou:

– Fofinha... Me responde uma coisa... Você tem vontade de ter franja? Mas, é tipo a da Lily Allen naquele clipe, The Fear, cobrindo a sobrancelha mesmo...

– Ai... - Eu disse. - Sempre quis ter franja, mas, sempre ouvi dizer que dá o maior trabalho manter...

– Não dá não. Eu vou te passar umas dicas e daí, vai ser fácil deixar essa franja um luxo! - Ele respondeu. Só de sacanagem, ele me virou de costas para o espelho. Tirou dois dedos do comprimento e, logo em seguida, o maquiador veio. Enquanto isso, as roupas e o fotógrafo chegavam. Enquanto o maquiador passava blush na minha bochecha, vi o Bill andando de um lado para o outro, falando no celular. Ele estava tentando explicar alguma coisa, pelo que deu para perceber, e não estava conseguindo. Logo, a maquiagem estava pronta, a figurinista me puxou para uma arara e, logo depois de me dar um vestido vermelho-escuro e me enfiar atrás de uma cortina tipo aquelas de provador de lojas de roupas, e, quando eu terminei de colocar o vestido, a figurinista estava segurando um espartilho preto, que parecia um cinto, mesmo. Quando ela começou a fazer as amarrações, eu nem imaginava que ia descobrir como é que as mulheres vitorianas se sentiam. Aquele espartilho apertava tanto... E pior é que eu entendia agora porque as coitadas das mulheres de antigamente desmaiavam... Não era charme, mas, porque era muito difícil respirar com uma coisa daquelas amarrada na cintura.

Quando o Bill me viu, faltou muito pouco para o queixo dele cair. O fotógrafo me deu algumas instruções sobre as poses e, quando o Bill viu que as fotos não estavam saindo do jeito que ele queria, ele parou do meu lado e disse:

– Maia... Pensa em uma coisa triste. Mas é muito... Triste mesmo. Se precisar, se imagina num campo de concentração.

Eu me concentrei logo que ele saiu e, quando o fotógrafo recomeçou a bater as fotos, o Bill ficou surpreso com o resultado. No final, ele acabou participando também. Só que essa parte que ele participou tinha vampiros como tema. Enquanto eu me trocava e colocava outro espartilho, colocaram umas coisas, como um divã vermelho-escuro. Eu estava pronta (O cabeleireiro tinha conseguido fazer uns cachos nas pontas e o meu cabelo estava maravilhoso) e, quando me olhei no espelho, tive medo; O negócio estava tão apertado que meu peito estava quase pulando para fora do espartilho. Fiquei com medo, confesso. O Bill já estava à postos, me esperando. Quando ele viu a minha situação por causa do espartilho, percebi que as mãos dele, que estavam do lado do corpo dele, foram parar na frente, exatamente sobre um lugar bem específico. Eu tive que me segurar para não rir da reação do corpo dele. Eu não o culpo; Eu realmente devia estar... Impossível com aquela roupa bem... Sexy, para não falar outra coisa. O fotógrafo pediu que eu me deitasse sobre o divã e me deu algumas orientações sobre a posição que eu deveria ficar. Logo em seguida, o ouvi dizendo para o Bill:

– Senta atrás da Maia e põe a mão no rosto dela.

Eu tinha certeza que nós dois estávamos igualmente nervosos. Mas, mesmo assim, ele fez o que o fotógrafo pediu. O problema mesmo foi quando o fotógrafo pediu para que o Bill mordesse o meu pescoço (Detalhe que, para deixar tudo mais realista, ele estava usando dentes de vampiro e eu fiquei pensando se tinham encomendado os dentes com alguma empresa de efeitos especiais para filmes ou se foi num dentista mesmo.). O fotógrafo pediu:

– Bill... Faz o seguinte: Pega a Maia pela cintura, levanta ela um pouco e daí você encosta a boca no pescoço dela. Maia, na hora que o Bill te levantar, você tomba a cabeça para trás, um pouco, tá? OK... Já está tudo pronto...

Senti o Bill me levantando um pouco e, como combinado, tombei a cabeça para trás. Na hora que eu fiz isso, eu senti ele se inclinando sobre mim e, não demorou e senti a boca dele sobre a pele do meu pescoço. De repente, senti um arrepio violento percorrer meu corpo e, para tentar me controlar, fechei os olhos. Ouvi o fotógrafo dizendo:

– Maia... Deixa o seu braço direito caído sobre o sofá...

Fiz o que o fotógrafo pediu. Quando a sessão de fotos terminou, senti um alívio por ter tirado o espartilho e colocar minha camiseta e minha calça jeans com o meu all star. Quando eu estava saindo do galpão, ouvi o Bill me chamando e, parando na porta, ele veio correndo até mim. Ele perguntou:

– O que você vai fazer agora?

– Eu... Não sei. O meu chefe da cafeteria me deu folga hoje... E hoje a boate não abre... - Eu respondi. - Por quê?

– Aceita almoçar comigo?

– O quê?
– Eu estou te convidando para almoçar comigo. Aceita?

Eu hesitei por um instante, mas, como sou aquela pessoa que é guiada pelo coração e não pela mente, acabei aceitando, já que uma oportunidade daquelas não aparece duas vezes.

Fomos até um restaurante bem simples, mas que tinha a comida deliciosa. Me lembrou um pouco da comida brasileira. E enquanto estávamos almoçando, nós conversamos e nos conhecemos um pouco melhor.

– Então... Até agora, já sei que você é brasileira, seus pais são ligados com História e, por isso você se chama Maia... - Ele começou a dizer, tentando se lembrar de tudo o que ele tinha descoberto até ali. - Tem dois irmãos, sendo que ele mora em Nova Iorque. Você e sua irmã moram com seus pais. E você trancou a faculdade de jornalismo para vir para a Alemanha...

– E tenho duas cachorras.

– Ah, é... Quais as raças?

– Labradoras. Todas as duas. - Respondi. - São da mesma ninhada. Meu pai comprou uma para mim e outra para minha irmã, só que minha irmã nem olha para a cachorra, então, sou eu quem cuido. E ela acabou me elegendo a dona dela. Quando eu brinco só com essa, a outra tem um ataque de ciúmes e fica carente para cima de mim. Mas as duas se dão bem...

– Como é o nome delas?

– A da minha irmã se chama Ana Maria e a minha se chama Maria Ana. É complicado, principalmente que nós temos uma tia que se chama Ana Maria...

– E essa sua tia não ficou brava quando descobriu que vocês batizaram a cachorra com o nome dela?

– É... Gostar ela não gostou. Mas, já acostumou, então, quando a minha mãe quer falar alguma coisa, chama minha tia de Ana e a cachorra de Ana Maria. É... Se a minha família é doida, por que seria diferente com os bichos?

Ele sorriu e continuamos conversando. Quando nos demos conta, já eram três horas e, quando ele viu que eu queria ir embora, me pediu:

– Posso te levar até a sua casa?

– Ah... Não precisa. De verdade. - Respondi.

– Eu faço questão. Não vou te deixar andando sozinha por aí...

– São três horas da tarde... Se alguém fosse me atacar, ia ser de noite, não acha? Além do mais, eu passo longe de ruas desertas. E isso sem falar que eu tenho spray de pimenta...

– Não me convenceu. - Ele respondeu, pegando a minha bolsa das minhas mãos. - Anda... Vem, vou te levar para sua casa. E nem tenta me dizer que vai desviar do meu caminho demais, porque não vai.

Cruzei os braços e, olhando impaciente para ele, não me mexi um milímetro. Ele me puxou por um dos braços e me arrastou para o carro dele.

Fui mostrando o caminho e, quando ele parou o carro na frente do prédio onde eu morava, eu peguei a minha bolsa, sorrindo, agradeci pela carona e, pouco antes de eu sair do carro, ele me perguntou:

– Quando eu vou poder te ver de novo?

– Não sei... - Respondi. - Você sabe que depende de você e não de mim...

Ele entendeu o que eu quis dizer. Mas, quando eu puxei aquele negócio para abrir a porta, ele puxou o apoio do braço e fechou a porta de novo. Ainda inclinado na minha direção, ele disse:

– Eu quero te ver de novo...

– E não está vendo? - Perguntei, sorrindo. Ele pôs a mão no meu rosto e foi aí que eu vi a distância minúscula entre nós dois. Eu sentia a respiração calma dele vindo na minha direção. Percebendo que aquilo estava ficando realmente perigoso, eu peguei a mão dele e tirei ela do meu rosto. Eu falei:

– Eu... Acho melhor não. Me desculpa, mas, não... Acho uma boa idéia.

Ele ficou me encarando, admirado. Eu disse um "A gente se vê por aí" e saí do carro. Ele continuou me olhando.

Narrado pelo Bill

Desde o primeiro instante, eu estava desconfiado de que a Maia era diferente das outras garotas. E eu não estava falando isso por causa do jeito maluco dela, sempre falante, rindo das próprias palhaçadas, sempre fazendo graça... Todas as garotas que tinham a mesma chance que ela teve de ficar tão perto de mim, sempre aproveitavam. Muitas até tomavam a iniciativa. Isso me assustava um pouco. Mas, quando a Maia me impediu de roubar um beijo dela, eu tive certeza que ela não era como as outras meninas que sempre me cercavam. Pude ver isso quando ela, no lugar de deixar que eu a beijasse, não me deixou continuar. Óbvio que, como sempre, vez ou outra, fico com o pé atrás com ela, porque eu não sei se ela está sendo honesta comigo ou se está interessada em ficar famosa às minhas custas... Eu não sabia o que pensar dela.

Quando cheguei em casa, o Tom percebeu que tinha alguma coisa de errado comigo.

– O que foi? - Ele perguntou, quando eu me joguei em uma das poltronas da sala.

– Eu estou... - Comecei a pensar no melhor jeito de dizer aquilo. - Pensando em várias coisas.

– Em resumo: A Maia.

– É. - Respondi. Às vezes, eu achava ótimo que eu e o Tom conseguíssemos adivinhar os pensamentos um do outro, só pelo olhar. - Eu acho que... Estou gostando dela.

– Só que você não sabe se ela está interessada em você ou na sua fama...

– É.

– Joga verde com ela. Daí, se ela realmente estiver interessada na sua fama... Não deixa que o relacionamento de vocês seja algo além do profissional, por causa das roupas. Senão... Vai fundo! Você está precisando é de tirar o atraso...

– Credo! - Eu xinguei, jogando uma almofada nele. - Não sou que nem você!

– Já que você é tão "santo" assim... Se ela provar que gosta de você mesmo, fica com ela... Eu estou vendo como você está, desde que conheceu essa garota... Ela tem que valer a pena, para fazer meu irmãozinho ficar de quatro por ela...

– Eu espero que sim... - Respondi, ainda pensativo. Apesar de tudo que eu sempre disse, eu sentia que a Maia era diferente, mas, não sabia o quanto...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 2 - A garota perfeita

Narrado por Maia

Eu sou louca. E isso é um fato consumado e autenticado em cartório. Quando eu era pequena, minha mãe devia ter posto alguma coisa dentro da minha mamadeira que me fez ser desse jeito. Só pode! Não bastava ter aberto a porta e, com isso, derrubado café quente em uma pessoa, ainda arrasto o coitado para o banheiro do café que eu trabalhava, tento limpar a bagunça que eu fiz e, para completar, de tão nervosa que eu fiquei, comecei a falar que nem pobre na chuva. E, mesmo assim, a pessoa foi super-educada e mega-fofa comigo. O problema é que, se eu tivesse visto antes quem era, provavelmente não ia falar esse tanto. No máximo, eu ia ficar quieta e cair dura no chão. A pessoa era ninguém mais que o Bill Kaulitz, do Tokio Hotel.

Quando finalmente fiquei quieta, o Bill me perguntou, depois que eu me sentei à uma mesa, com ele e cada um tomava um copo com café:

– Quanto você mede?

– Tenho mesmo que responder?

– Quer que eu arrisque alguns palpites?

– Um metro e sessenta e quatro centímetros e meio. - Confessei.

– Você já pensou em trabalhar como modelo fotográfica? Acho que não tem um tamanho mínimo para seguir a carreira...

– É, pode até ser, mas, e se eu fosse tirar foto com short? Ia dar para ver o quanto minha perna é curta...

– A sua perna não é curta. Pelo o que deu para ver...

– É porque estou de calça. Mas, não acho que sirvo para trabalhar de modelo... Não sou fotogênica.

– Quem te disse?

– E quem te disse que eu posso seguir essa carreira?

– Você já arriscou, para saber se tem chances ou não?

– Já. Até me disseram que eu era... Normal demais!

– E você aceitou, assim, numa boa?

– E ia adiantar alguma coisa se eu desse chilique? O mínimo que eu ia conseguir era tomar um belo chute no traseiro e pronto!  Não... Não sirvo para modelo... Não sou tão bonita que nem as meninas que têm por aí.

– E quem foi que te disse que você não é bonita?

– Ah, tá... Vai dizer que meu nariz é bonito, por exemplo?

– E o que tem de errado com o seu nariz?

– Tudo!

De repente, eu vi que horas eram e, quando ele ia falar alguma coisa, me levantei e, pegando a minha bolsa, disse:

– Olha, me desculpa, mas, eu tenho que ir... Desculpa por ter... Jogado café quente em você e... Boa sorte com o CD novo e... Eu tenho que ir mesmo...

– Espera aí... Onde você vai?

– Desculpa, mas, eu estou realmente atrasada, já perdi um ônibus e, com muita sorte, a minha chefe não vai me matar... Tchau! - Eu disse, antes de sair correndo da cafeteria.
 
Narrado pelo Bill

Eu finalmente tinha encontrado a garota perfeita para fazer as fotos da linha de roupas que eu tinha criado. Era perfeita, por vários motivos, mas, o principal é que ela era espontânea. Eu precisava de alguém assim. E eu tinha certeza de que, se ela fosse arrumada como eu queria... O ensaio ia ficar perfeito...

De repente, uma das garçonetes veio pegar o meu copo vazio de café e perguntei para ela:

– O gerente está aí? Eu queria falar com ele, se possível.

– Está. - Ela respondeu, dando um sorriso. - Só um minuto que eu vou chamá-lo.

Quando o gerente veio falar comigo, eu perguntei algumas coisas que eu queria saber. Assim que eu voltei para o estúdio, perguntei para a recepcionista da gravadora:

– O pessoal ainda está aí?

– Só o seu irmão. Os outros já foram.

– Obrigada. - Eu respondi. Fui até o elevador e, enquanto esperava ele chegar, liguei para o Tom. Só que ele não atendia e, só consegui falar com ele quando saí do elevador:

– Onde é que você está?

– Desculpa. Eu estava vendo umas coisas aqui, com fone de ouvido e nem percebi o telefone tocando. E você? Onde está?

Abri a porta do estúdio e, quando ele me viu, nós dois desligamos os celulares. Ele me perguntou:

– E aí? Como é que foi?

– Achei a garota perfeita.

– Quê? Espera aí... Me conta essa história direito, Bill!

– Arruma as suas coisas que em quinze minutos, eu vou até o centro.

– Vai fazer o que no centro?

– Você vai ver... Faz o que eu estou te falando que eu não vou esperar por você. - Respondi, pegando as minhas coisas. Assim que saímos de lá, pegamos o primeiro táxi que passou.


Narrado por Maia


Eu estava enfiada no banheiro dos funcionários da boate que eu trabalhava, terminando de me arrumar. Uma das meninas que trabalhavam comigo como
bartenders, Sofia, entrou no banheiro e disse:

– A casa já está ficando cheia... Me empresta o gloss?

Procurei dentro de uma bolsinha que eu usava como necessaire, o gloss. Quando achei, entreguei o tubinho para ela. A gerente da boate bateu na porta do banheiro e disse para nos apressarmos. Quando estávamos prontas, guardamos nossas coisas no escaninho que tinha lá e saí, com a Sofia do meu lado. A dona do lugar, que era irmã da gerente, copiou
a idéia daquele filme, "Showbar" e, portanto, as bartenders tinham que subir no balcão e dançar, mais para animar o povo mesmo.

A boate estava apinhada de gente e, quando o DJ colocou "Poker Face" da Lady Gaga, a Sofia me olhou e nós duas e mais uma outra menina, Elena, subimos no balcão. Era divertido, não nego. Ainda mais que a gente sempre criava as coreografias das músicas. Muitas vezes, a gente tirava idéia das danças originais.

Quando a música acabou, descemos do balcão e voltamos a atender os clientes, como se nada tivesse acontecido. Eu estava fazendo o
drink de um dos clientes e, como sempre, fazia malabarismos com as garrafas. Assim que eu entreguei a bebida para o cliente, a Katrina, que era a gerente, veio falar comigo:

– Maia... Preciso que você vá até a área V.I.P., porque a Clara está sozinha lá e acabaram de chegar mais dois clientes.

– OK. - Respondi. Fui correndo para a área V.I.P. e, quando cheguei lá, logo de cara tive uma surpresa.

– Como... Descobriu que eu trabalhava aqui? - Perguntei para o Bill, quando o vi.

– Tenho as minhas fontes. - Ele respondeu, sorrindo.

Não demorou e o Tom veio ver quem era a garota misteriosa que estava falando com o irmão dele.

– É ela? - O Tom perguntou para o Bill, que confirmou com a cabeça. Logo, ele já veio se engraçando para o meu lado, óbvio: - Eu sou Tom, irmão do Bill... Como é o seu nome?

– Maia.

– E aí? - O Bill perguntou para o Tom. - O que você acha?

O duro foi agüentar a olhada de cima a baixo que o Tom me deu. Logo em seguida, veio o veredicto:

– É... Você tem razão... Ela é perfeita.

– Eu ainda estou ouvindo... - Reclamei.

– Eu posso conversar com você num lugar menos... Barulhento? - O Bill perguntou. Eu gelei, admito. Sabia da fama do Tom, mas, não desse lado do Kaulitz mais novo. Ele era sempre tão... Santinho em comparação com o irmão. Pelo menos, aparentava ser assim.

– Claro. Só... Um instante. - Pedi. Fui até a Clara e pedi para ela ficar alerta. Saímos da boate e, o Bill me disse:

– É o seguinte: Eu vou lançar uma linha de roupas agora, na semana de moda de Milão e preciso de uma garota para tirar fotos com as minhas roupas. E... Como você se veste assim... - Ele indicou a minha roupa (
Wet legging e camiseta com a estampa do Bowie, todo estilizado, e, nos pés, ankle boots com detalhes de tachas.) - Queria te chamar para fazer as fotos de promoção...

– Tá... E o tema da sua linha de roupa é rock?

– É. - Ele respondeu. - Não se preocupe, porque eu vou te pagar por esse trabalho...

– Não sei se você lembra, mas, eu te falei que eu não sou modelo...

– Eu não estou querendo uma modelo profissional... Por favor, aceita fazer esse  trabalho...

Hesitei e de repente, ele se ajoelhou na minha frente, no meio da rua. Falei com ele, puxando seus braços e tentando fazê-lo ficar de pé:

– Que é isso? Levanta daí, ô doido!

– Só levanto se você fizer as fotos.

Eu cruzei os braços e falei:

– Eu faço as fotos, mas, com a condição que você nunca mais faça isso e nem fique fazendo chantagem emocional comigo, senão eu estou fora.

– Tudo bem - Ele respondeu.
– Promete. - Eu exigi. – Eu prometo que não vou fazer chantagem emocional e nem me ajoelhar na sua frente. Nunca mais.  – Levanta. - Eu pedi. Ele se levantou e voltamos para a boate. Antes de ir embora, porém, ele anotou um endereço em um pedaço de papel e me disse: – Olha, amanhã, preciso que você esteja neste endereço às nove e meia da manhã, ok? – Tá. - Respondi, dando uma olhada no papel. Quando ele virou de costas, aproveitei que ele não estava olhando e guardei o papel dentro do sutiã, já que eu não tinha bolso. Quando ergui a cabeça, vi que o Tom estava me olhando e, antes de sair com o Bill, deu um sorriso malicioso. Me xinguei por ter guardado o pedaço de papel no sutiã e não ter checado se tinha alguém olhando. Mas, mesmo assim, na manhã seguinte, eu estava lá, pontualmente, no galpão onde eu ia tirar as fotos. O que não esperava era que a única pessoa ali, na hora que cheguei, era o próprio Bill...


Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo - Capítulo 1 - Encontros e desencontros

 Narrado pelo Bill 

Eu estava no estúdio, esperando os outros terminarem de gravar as bases das músicas para o novo CD do Tokio Hotel. Enquanto isso, eu estava fazendo alguns desenhos, para me distrair mesmo. De repente, meu celular começou a tocar e, quando vi o número, atendi:

– Alô?

– Bill... Sou eu, Eva... Eu estou te ligando porque eu queria saber se você já encontrou a modelo para apresentar a sua linha de roupas...

– Não, Eva. Ainda não... Sei que já estou abusando da sua paciência, mas, já cansei de olhar a foto de várias meninas, modelos profissionais ou não, e até agora nada... Acredite, estou tão desesperado quanto você...

– Eu sei, Bill... Mas o problema é que os organizadores da semana de moda de Milão já estão me pressionando para saber se você realmente vai lançar as suas roupas ou não...

– Olha... A semana de moda é daqui a vinte dias, não é?

– É.

– Me dá... Dez dias. Se eu não achar uma representante da marca, aí... Você pode ligar para os organizadores lá da semana de moda e dizer que não vai ser desta vez...

– Dez dias. Nem um dia a mais. - Ela respondeu. Eu concordei e nos despedimos. Quando desliguei o telefone, o Tom entrou na sala e, vendo que eu não estava de tão bom humor assim,  me perguntou:

– O que foi? Por que está com essa cara de bunda?

– Aquele problema da linha de roupas... Já estou ficando estressado com essa história toda...

De repente, percebi uma coisa e disse:

– E é você quem tem cara de bunda, tá?

Ele riu e me aconselhou:

– Faz o seguinte: Vai dar uma volta enquanto a gente termina aqui. Qualquer coisa eu te ligo...

– Ah, tá... E o que eu vou fazer?

– Andar... Se quiser, vai tomar um café... Sei lá. Tenta se distrair um pouco... - O Tom me disse, praticamente me puxando da cadeira e expulsando do estúdio. Comecei a andar pelas ruas perto do estúdio, sem rumo. De repente, entrei numa cafeteria, atrás de alguma coisa que pudesse me ajudar a relaxar um pouco.

Narrado por Maia

Eu tinha chegado do Brasil há pouco tempo e ainda estava me acostumando com a Alemanha. Sabia falar o alemão há um bom tempo, mas,  ainda não era perfeito. Ah sim... Tinha me esquecido. Meu nome é Maia (Por causa do povo que morava na região central do México - Sim, meus pais são historiadores) e eu poderia facilmente me passar por uma garota de qualquer lugar do mundo(Exceto do Oriente e África) menos o Brasil. Tudo bem que tem menina de tudo quanto é tipo por lá, mas, eu, definitivamente não seria o melhor exemplo, já que meu cabelo é castanho escuro, quase preto mesmo, liso e longo (Bate na cintura) e a pele é pálida. Tipo, cadavérica. É um exemplo terrível, mas, é a verdade. Os meus olhos são castanhos, pequenos e amendoados e, dependendo da iluminação, podem ficar cor de mel. O que mais chama a atenção no meu rosto é a minha boca. É parecida com a da Angelina Jolie, só que menos carnuda. Não sou muito alta (Na realidade, não tenho nem um metro e sessenta e cinco centímetros de altura) e magrela, mas, com curvas bem definidas. Se eu fosse falar sobe o meu estilo na hora de me vestir... Diria que é rock. Tanto que minhas musas inspiradoras são Debbie Harry do Blondie e a Joan Jett, do The Runaways. Às vezes, ter pais que foram novos na época que as duas estavam no auge da carreira, tem lá suas vantagens. Para mim, não tem nada melhor que camiseta, calça jeans rasgada e tênis all star. Ah! E os acessórios eram basicamente correntes, sempre tinha uma caveira em algum lugar, além das tachas.
Mas enfim, eu estava trabalhando numa cafeteria num bairro de classe média-alta de Hamburgo e, todo dia, via pessoas de todos os tipos. Mas, normalmente, a cafeteria recebia os intelectuais até umas... Cinco e quinze da tarde, mais ou menos, e desse horário até a meia-noite, vinha o povo mais "jovem", como meu chefe dizia. E, como meu trabalho era até o turno dos mais novos, então, logo que o expediente terminava, eu pegava um ônibus, ia para a região central da cidade e, chegando lá, entrava no outro trabalho: Uma boate. Eu não achava ruim de ter dois empregos que eram puxados, mas, pelo menos estava sendo paga e lidava com as pessoas. Naquela terça-feira cinzenta, eu já estava pegando as minhas coisas quando, na hora que ia saindo e estava com a mão sobre a barra de ferro e empurrando a porta, que se abria para fora, não vi que tinha outra pessoa entrando e acabei esbarrando no coitado que estava do outro lado. E, para piorar, ela (Ou ele) segurava um café. Que estava fumegando de tão quente. Assim que percebi o que tinha feito, pedi milhões de desculpas, estava morta de vergonha e, arrastando a pessoa para dentro da cafeteria, sem nem deixar nenhuma palavra ser pronunciada, puxei seu braço até chegarmos no banheiro, que tinha a pia separada do lugar onde ficava o vaso. Era tipo banheiro de escola mesmo. Comecei a pegar várias daquelas toalhas de papel para tentar limpar a bagunça que eu tinha feito e, quando a pessoa finalmente falou, fui olhar para cima (Só consegui ver que era alguém realmente comprido ou comprida) e quase caí para trás. Era o Bill Kaulitz que estava parado ali, na minha frente, sendo atacado por uma maluca frenética.

– Tudo bem... - Ele disse, segurando a minha mão. Quase morri quando senti a mão dele se fechando sobre a minha, me impedindo de continuar tentando secar a bagunça que eu fiz.

– Ah, não está não... - Respondi e a minha voz subiu algumas oitavas. - Eu derrubei café quente em você...

– E daí?

– Daí que, além de sujar sua blusa, posso ter te queimado não é?

– Não. - Ele respondeu, sorrindo. Ai... Aquele sorriso matava qualquer uma. - Eu estou bem, de verdade...

– Eu... Te pago outro café. - Respondi, rápido. Apesar de estar com uma maluca, ele até que estava reagindo bem...

– Não precisa. É sério. - Ele falou. De repente, os nossos olhares se cruzaram e senti uma coisa estranha. Parecia que a Terra tinha parado de girar.

– Tem... Tem certeza disso? - Perguntei. Agora, meia hora depois, que me dei conta que
estava falando mais que pobre na chuva e o coitado devia estar tonto.

– Tenho. - Ele respondeu, me olhando. - Como é o seu nome?

– Maia.

– Eu sou...

– Eu sei quem você é. E eu sei que eu sou muito sem-educação por ficar interrompendo as pessoas dessa maneira... Me desculpe. - Respondi. Ele sorriu e me perguntou:

– Você não é daqui da Alemanha, é?

– Não. Estou morando aqui tem pouco tempo...

– Ah... Deixa eu te perguntar uma coisa... Você trabalha como modelo?

– Não. Nem tenho altura para isso... Vai tentar ser pintor de rodapé para você ver o que é bom...

Ele me olhou, de um jeito estranho e eu perguntei:

– OK... Por que você está me olhando como se eu fosse... Um... Algodão-doce rosa-choque com bolinhas verdes?

– Eu tive uma idéia... - Ele respondeu. Eu fiquei com medo, mas, quando eu descobri o que ele queria... O medo que senti, fugiu que nem barata quando você acende a luz...  

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo

Bonequinha De Luxo
Sinopse: Ele estava procurando a modelo perfeita para representar a sua linha de roupas. Só não contava que iria encontrá-la do jeito mais inesperado de todos...

Classificação: +18
Categorias: Tokio Hotel
Gêneros: Romance
Avisos: Álcool, Drogas, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
Capítulos: 22
Autora: PinUp_Girl

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