quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 30 - I miss you, love.

(Contado pela Savannah)

Por menos que eu quisesse acreditar, eu já estava parada em frente à minha casa, aguardando somente meu retirar a chave do seu bolso e abrir a porta. Ele passou por mim, a abriu e entrou. Respirei fundo, e fiz o mesmo. Era estranho. Mesmo sabendo que aquele era o meu lugar, era estranho. Talvez por ter a certeza de que não encontraria mais àquelas pessoas.

– Eu estava com tantas saudades desse lugar! – disse meu pai, se sentando no sofá.

Eu estava tão acostumada a “morar” na casa dos meninos, que era como se eu estivesse vendo a minha casa pela primeira vez. Olhei para todos os lados, e aos poucos fui me acostumando com a idéia de que daqui pra frente tudo voltará ao normal.

– Não é? – meu pai estalou os dedos. – Savannah?
– Desculpa, estava distraída. – disse.
– Notei. – ele se levantou e veio até mim.
– Vou desfazer as malas.

Peguei minhas coisas, e segui pelo corredor. Entrei no quarto, e as coisas estavam exatamente como eu havia deixado. A cortina meio aberta; a almofada em forma de estrela continuava no chão, próxima à escrivaninha; a caneta azul em cima do diário; meu casaco favorito pendurado na cadeira.

Caminhei em direção ao espelho, e a única coisa que consegui enxergar no reflexo, foi o Tom, com suas mãos nos bolsos e aquele meio sorriso nos lábios. Por um instante ache que ele estava mesmo ali na minha frente, e sorri. Me assustei ao escutar meu pai batendo na porta do quarto, e entrando.

– Está tudo como antes. – disse.
– Não mexi em nada, porque você não gosta. – disse ele.
– Obrigada. – dei um sorriso sem graça.
– Vou descansar um pouco, e mais tarde iremos visitar os Kennedy.
– Ok.

Ele se retirou, e me voltei novamente para o espelho. Olhei pro pingente de skate em meu pescoço, e o toquei.

– Seja bem-vinda à realidade, Savannah. – disse a mim mesma.

Caminhei até a cama, abri a mala e comecei a desarrumar tudo. Se era pra me desligar de LA, que fosse o mais rápido possivel.

LOS ANGELES...
–--
(Contado pela Beca)

DOIS DIAS DEPOIS...
A casa inteira ainda sofria pela inda da Savannah. Ninguém queria que ela fosse, principalmente o Tom. E se ele soubesse do real motivo dessa partida, com certeza teria dado um jeito.

Era uma tarde de segunda-feira. Estava sentada no sofá, abraçadinha ao Georg, “assistindo” um filme – na verdade estávamos nos beijando -, meu celular começou a tocar. Mesmo com raiva, atendi, e era o Lucas. Pra ninguém desconfiar de nada, me levantei e fui até a área da piscina. Mesmo sabendo que ali era mais difícil de escutarem, falei quase sussurrando.

– O que você quer? – perguntei.
Não dá pra pegar a garota no apartamento dela. – respondeu.
– E porque não?
Porque gosto de fazer os meus serviços bem feitos, e alguém pode ver os meus amigos entrando lá.
– Meus amigos? – fiquei surpresa. – Quantas pessoas farão o serviço? – ele riu.
Acha mesmo que sou otário, pra ficar fazendo as coisas, sozinho?
– Lucas, é só uma surra! Só você já basta!
Eu posso ser ignorante, mas não sou covarde pra bater em mulher. Tá querendo que eu dê uma bela lição na vadia, não é? Então fique fora dessa, branquela, porque você cuida do dinheiro, e eu cuido do serviço.

Sempre soube que ele não prestava, mas também não imaginava que poderia ser desse jeito.

– Tá legal. – disse.
Já que não tem saída, vou ter que dar o meu jeito.
– Que jeito? – me sentei numa das espreguiçadeiras.
A pegarei em casa.
– Olha lá o que você vai fazer, hein?

Ele riu, e desligou na minha cara. Sério, comecei a sentir um pouco de medo após ele ter falado daquele jeito. Se essa garota morre, vou me sentir culpada pelo resto da vida! Me levantei, e quando me virei, dei de cara com o Georg.

– Quem é Lucas? – perguntou-me.
– Um amigo. – respondi.
– Sei.
– Não confia em mim? – me aproximei, e lhe dei um selinho. – Venha, vamos terminar de assistir o filme.

–--
(Contado pelo Lucas)

Olhei pro relógio, e marcava 21h15. Pra fazer esse serviço, tive que roubar um carro. Na verdade, eu estava precisando de um, e me aproveitei da situação. Estacionei a máquina luxuosa, do lado oposto ao condomínio onde Megan mora. Como eu não faria nada sozinho, levei o Diego e o Vinicius para me ajudarem. Estávamos esperando o momento em que a garota fosse entrar ou sair do local, mas já estávamos ali parados há mais de duas horas, e nada.

– Mano, essa garota não vai aparecer. – disse Diego.
– Vamos esperar por mais uma hora, se ela não der as caras, a gente parte pro plano B. – disse.
– Nós temos um plano B? – pergunta Vinicius.
– Cale a boca, e fique de olho!

Os minutos iam passando, e começamos a ficar cansados de tanto esperar por alguém que parecia saber da nossa presença. Vinicius não resistiu, e começou a cochilar no banco traseiro. Diego ligou o som do carro, e deixou num volume baixo. Eu não parava de olhar na direção da entrada do condomínio. Apareça logo, vadia.

Quando menos esperávamos, o nosso trabalho surge no inicio da rua, trazendo consigo várias sacolas de compras em mãos. Ela tentava pegar algo na bolsa, mas as mãos estavam tão ocupadas, que ficava meio complicado.

– A nossa encomenda chegou. – disse, e Vinicius despertou.
– Tem certeza que é ela? – pergunta Diego.
– Absoluta. – respondi. – Que os jogos comecem. – dei um sorriso malicioso. – Fiquem atentos, pois ligarei a qualquer hora. – sai do carro.

Esperei um veiculo passar, e atravessei a rua, indo ao encontro dela, como quem não queria nada. Alguém que estava simplesmente passando e a viu “em apuros”.

– Precisa de ajuda? – perguntei, educadamente, e ela se virou.
– Obrigada, preciso sim. – respondeu, sorrindo. – Poderia pegar a minha chave aqui na bolsa?
– Claro. – abri sua bolsa, peguei a chave e abri o portão. – Já que estou aqui, não quer que eu ajude com as sacolas? Podem estar um pouco pesadas.
– Não quero incomodar.
– Imagina, não é incomodo algum. – peguei algumas sacolas. – E além do mais, uma bela moça como você, não incomodaria nunca.

Aposto que os meninos estão festejando o cumprimento da primeira parte do plano. Pra facilitar ainda mais as coisas, deixei o portão encostado. Megan e eu pegamos o elevador, e cerca de dois minutos depois, chegamos ao apartamento. Coloquei as sacolas em cima do sofá.

– Prontinho. – disse, e aproveitei pra olhar em volta. – Belo apartamento.
– Obrigada. – ela se sentou ao lado das compras. – Aceita alguma coisa?
– O que tem a me oferecer? – dei aquele sorriso malicioso novamente.
– O que você quiser.
– Tá falando sério? Porque eu posso pedir algo meio difícil
– Talvez não seja tão difícil assim.

Esse serviço vai ser mais fácil do que imaginei. A garota tá pedindo pra ter uma lição. Me aproximei, enlaçando-a pela cintura e lhe dando um beijo quente, logo em seguida. Em pouquíssimos minutos, estávamos em sua cama. Ela trajando apenas roupas intimas, enquanto eu havia tirado somente a camiseta.

– Preciso fazer uma ligação. – disse, e me levantei. – Sou novo na cidade, e estou morando com um amigo. Ligarei pra avisar que não voltarei hoje.
– Ok. – disse ela. – Só não demore.

Fui até a sala, tirei o celular do bolso e liguei para os meninos.

– O esquema está armado. – sussurrei. – Chamem as meninas, e subam o mais rápido possivel.

Não demorou tanto tempo pra Vinicius e Diogo já estarem ali na porta do apartamento, acompanhados por três garotas. Pra não correr o risco da Megan querer fugir, tranquei a porta e escondi a chave. Naquele instante, ela aparece ali na sala.

– Porque você está... – ela parou. – Quem são eles?
– Está preparada pra festa, vadia? – a encarei.
– Você vai adorar os nossos joguinhos. – disse uma das meninas.

BRASIL...
–--
(contado pela Savannah)

Fazia dois dias que eu havia chegado, e desde então, passei a conferir a caixa de correio pra ver se tinha alguma carta do Tom. Mas nas duas vezes, não encontrei nada. Ele vai me escrever, eu sei disso. No terceiro dia, acordei um pouco tarde. Sabe aqueles dias que a gente só quer ficar na cama e esquecer o resto do mundo? Era assim que eu me sentia.

Meu pai bateu na porta e entrou. Ele caminhou até a janela e abriu a cortina, o Sol imediatamente penetrou o lugar, sem hesitar.

– Vai ficar ai deitada? – perguntou-me.
– Estou cansada. – respondi.
– Não quer nem ler a carta que chegou de Los Angeles?

Eu ouvi direito? Ele disse que chegou uma carta de Los Angeles pra mim? Me levantei rapidamente, ou melhor, pulei da cama.

– Cadê? – perguntei, ansiosa.
– Calma, é só uma carta. – me entregou.
– Não é só uma carta! – estava feliz. – Pode me deixar um pouco sozinha?
– Claro.

Meu coração estava batendo a mil por hora. Me sentei na cama, abri o envelope, e comecei a ler.

Querida Savannah,
Hoje fui até o seu lugar preferido, o jardim. Foi estranho, perturbador. Aquilo me lembra muito você, me faz lembrar absolutamente tudo. Desde o dia em que nos conhecemos, até o instante em que você entrou no carro e partiu. Sinceramente, eu tive medo. Medo de que pudesse doer mais do que eu pudesse agüentar. Posso parecer suficientemente forte por fora, mas por dentro, sou como qualquer outra pessoa, que sente a dor de uma despedida. Foi tão estranho estar ali, sem você, e saber que não iria chegar. Por alguns instantes, fechei os olhos e me lembrei dos nossos abraços, dos beijos que dávamos às escondidas, daquele dia em que ficamos “presos” no estúdio por conta da chuva, e até mesmo pude sentir sua mão delicada escorrendo pelo meu rosto. Foi um pouco difícil, mas consegui me manter ali por algumas horas. Você não faz idéia de como está sendo difícil, e eu também não imaginava que seria assim. Pra falar a verdade, esta é a primeira vez que sinto algo tão sério por alguém.
Estou tentando me controlar, tentando não decepcionar os meus amigos, pois a turnê está praticamente batendo na porta. E por falar nisso, a grande viajem começará no dia 01. Então, não sei se terei tanto tempo livre pra lhe escrever, mas farei o possivel. Também pode ser que as cartas demorem a chegar até você, pois sempre estarei num lugar diferente. Mas não se preocupe, e não pense que me esqueci da promessa. Daqui um ano, estaremos juntos novamente.

Com carinho e saudades, Tom.”

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 29 - Love that's let's go.

Porque eu adoro o seu aperto de mão
Conhecendo meu pai
Eu amo como você anda com as mãos nos bolsos
Como você me beijou quando eu estava dizendo algo
Não há um dia em que eu não perca as interrupções rude
 
(Contado pelo Tom)

Era noite, e a casa inteira já dormia. Eu também deveria estar fazendo a mesma coisa, mas quem disse que eu conseguia? Só de pensar que a Savannah iria embora à tarde seguinte, me dava um frio na barriga. Pior ainda, era saber que eu não consegui fazer nada pra impedir.

Ficar ali dentro do quarto, só me deixaria mais ansioso, então desci até a sala e me sentei numa das poltronas. As luzes estavam todas apagadas, a cortina estava aberta, e a única luz que não poderia ser impedida de penetrar ali, era a da Lua, que estava cheia.

Com todo aquele silêncio, eu conseguiria ouvir qualquer coisa, e não demorou muito até eu começar a ouvir passos. Continuei do jeito que estava, e aguardei. Instantes depois, aparece a Rute, usando uma camisola enorme de seda branca, e vários bobs no cabelo. Sem contar a máscara verde no rosto. Sério, se eu não soubesse que era ela, acharia que estava começando ver gente morta.

– Ai que susto! – disse ela, dando um pulinho e colocando a mão no coração. – Tá fazendo o quê ai, garoto?
– Pensando na vida. – respondi.
– Tá parecendo mais uma alma penada. – acendeu a luz. – E pra quê essas luzes apagadas?
– Fiquei com preguiça de acendê-las, e a claridade da Lua está linda.
– Sabe que horas são? – colocou as mãos na cintura.
– Não faço idéia. – me ajeitei no acento.
– É hora de garotos como você, estarem na cama!
– Perdi o sono.
– E desde quando você tem insônia?
– Desde que fiquei sabendo que só poderei a ver a pessoa que gosto, daqui doze meses.
– Está falando daquela garota, a Savannah?
– Um-hum. Ela vai embora, Rute. – fui até o sofá onde ela estava sentada, me ajoelhei no chão, e coloquei a cabeça em seu colo. – E eu não sei o que fazer pra impedi-la.
– Ô criança – começou a acariciar meu rosto. -, talvez não tenha nada que você possa fazer. A minha mãe sempre me dizia que nada é por acaso, e que pra tudo há uma explicação ou solução.
– Eu sei. – olhei pra ela. – Mas nesse caso, não há uma solução e muito menos uma explicação.
– Tem certeza?
– Acho que sim.
– Vai dormir Tom. – ela se levantou. – Ficar acordado não vai fazê-la desistir da viajem.

Pensando bem, a Rute tinha toda razão. Ficar acordado só me faria sentir muito sono na manhã seguinte. Me levantei do chão, e fui pro quarto. Fechei a porta, e me deitei na cama, de barriga pra cima. Fiquei olhando pro teto, até que o sono veio...

MANHÃ SEGUINTE...

Quando acordei, todo mundo já estava de pé, reunidos em volta mesa, tomando o café da manhã. Como eu não conseguiria convencer a Savannah a desistir da viajem, resolvi sair para comprar algo de que ela pudesse se lembrar de mim quando estivesse lá no Brasil.

– Mas você não vai nem tomar café? – pergunta Bill.
– Como qualquer coisa no caminho. – respondi, peguei a chave do carro e fui diretamente pra garagem.

Rodei pelas ruas de LA, e tudo era luxuoso demais pra uma garota simples e que não se importava tanto com dinheiro. Enquanto caminhava, encontrei um amigo que eu não via há muitos anos. Paramos e começamos a conversar sobre algumas coisas. Olhei de relance para o lado esquerdo. Olhei mais uma vez pra ter certeza, e me dei conta que estávamos parados em frente a uma joalheria. A primeira coisa que os meus olhos avistaram, foi uma corrente de ouro. Pedi desculpas ao meu amigo, e entrei no local.

– Posso ajudar? – pergunta uma moça, sorridente.
– Por favor, quero aquela corrente ali. – apontei.

Só a corrente já seria um bom presente, mas pra mim ainda estava faltando algo. Pedi a moça, que me mostrasse alguns pingentes. A maioria eram corações. Mas um me chamou bastante atenção, um pingente de skate. Mas havia um pequeno problema...

– Senhor, este pingente não está à venda. – disse a moça.
– Porque não?
– Porque ele é meu!

Pois é, o tal pingente estava na corrente da moça.

– Quanto você quer por ele? – insisti.
– Mas já disse que não está à venda!
– Escuta - olhei pro seu crachá. -, Aline, eu conheci uma pessoa que adora andar de skate. Essa pessoa vai embora hoje, e só poderei vê-la daqui doze meses. E eu queria comprar algo que, quando ela olhasse, pudesse se lembrar de mim. Por favor, me venda esse pingente.

Aline ficou calada por algum tempinho.

– Não posso vendê-lo ao senhor. – fiquei desanimado. – Mas já que é pra uma pessoa especial, posso lhe dar.
– Sério? – sorri.
– Só porque o senhor parece ser uma pessoa legal.

Agradeci tanto aquela garota. E após sair da joalheria, fui direto pra casa.

–--
(Contado pela Savannah)

Já passava das 12h00, e o vôo para o Brasil sairia às 15h35. Eu estava na sala, com a Bella e a Beca. Os meninos sumiram, e não disseram para onde iriam. Enquanto as meninas e eu, conversávamos, o telefone toca. A Rute vem atender, e diz que é pra mim. Achei super estranho, porque quem estaria me ligando? Me levantei e fui atender.

– Alô? – disse.
– Suas malas já estão prontas? – pergunta Megan.
– Sim. – respondi.
– Não sabe o quanto me deixa feliz com essa noticia!
– Que bom, não é? – me sentei no braço do sofá.
– Agora falando sério. Vou sentir saudades de você.

Naquele mesmo instante, coloquei o telefone no gancho. Se eu continuasse ouvindo, acabaria falando umas boas verdades pra ela, e Bella descobriria tudo, contaria pro Tom... Seria a maior confusão!

– Quem era? – pergunta Bella.
– Ninguém. – respondi.

Pouco tempo depois, Bill e Georg aparecem, e trazem consigo uma pessoa que eu não via há muito tempo, mas que havia me ajudado muito quando cheguei aqui.

– Nicolle! – corri para abraçá-la. – Você sumiu.
– Sempre estive na pensão, você que ficou toda metida depois que se casou com o Bill. – disse ela, assim que nos desvencilhamos.
– Porque não veio me visitar?
– Falta de tempo. – respondeu. – E eu também não sabia onde os meninos moravam.

Aproveitamos para conversar, e ela acabou contando que iria passar algumas semanas lá no Brasil, pois seu esposo está precisando viajar e se divertir um pouco. A Nicolle não demorou muito tempo, pois tinha que voltar ao trabalho. Quando ela saiu, olhei pro relógio, e já era 14h15. Subi pro quarto, pra dar aquela conferida na bagagem. Alguém bateu na porta, e entrou; era o Tom.

– Está terminando de arrumar as coisas? – perguntou.
– Só estou conferindo, pra ter certeza de que não esquecerei nada.
– Eu... Sai hoje cedo, e comprei uma coisinha pra você. – me entregou uma caixinha de veludo vermelha.
– A-Ah, não precisava, Tom.
– É só... – colocou as mãos nos bolsos. – Algo pra você se lembrar de mim.
– Obrigada.

Abri a caixinha, e adorei o presente.

– Venha, coloque em mim. – lhe entreguei a corrente, me virei de costas, e afastei o cabelo. – Deve ter sido muito caro.
– Isso não importa agora. – me virei para ele. – Você gostou?
– Amei. – respondi, sorrindo.
– Doze meses. – disse ele. – Prometo que não passará disso, e quando menos esperarmos, estaremos juntos.
– Vou sentir muito a sua falta. – o abracei. – Bom... Eu não comprei nada pra você, mas... Te escrevi uma coisa.

Peguei um envelope que estava em cima da mesinha de cabeceira, e o entreguei.

– Por favor, só leia quando eu for embora. – disse.
– Tá legal.
– É melhor eu ir. – coloquei uma mecha do meu cabelo, atrás da orelha. – O meu pai foi fazer a última consulta e já deve estar me esperando no aeroporto.
– Vou pegar a chave do carro.
– Não!
– O quê?
– Não quero que me leve até lá.
– Porque não?
– Já está sendo difícil ter que me despedir de você aqui, e eu não conseguiria fazer isso lá.

Saímos do quarto juntos, e quem me levaria ao aeroporto, seria o motorista deles. Dei um abraço em cada um dos meninos, e não me esqueci da Rute. A Bella estava um tanto estranha, mas também me abraçou. Não é nem preciso dizer que a Beca não queria me largar. Deixei o Tom por último, só para poder ter a sensação de que não acabaria tão rápido.

– Espere por mim. – sussurrou em meu ouvido.

Entrei no carro, e quando fechei a porta, um flashback começou a passar pela minha mente. Era como se eu estivesse vivendo tudo novamente. O motorista deu partida, eu olhava pela janela, até que num certo momento, não pude vê-lo mais. Os olhos estavam marejados em lágrimas, prontas para serem descarregadas. Tentei me controlar, mas elas começaram a escorrer pelo meu rosto, involuntariamente.

–--
(Contado pelo Tom)

O carro desapareceu no horizonte, e a minha ficha só foi cair, quando entrei no quarto, tranquei a porta, me sentei na cama, e comecei a ler o que ela havia escrito.

“Querido Tom,

Algumas semanas juntos bastaram, pra eu me apaixonar por você. Quem diria que eu fosse gostar de alguém que eu não conhecia, mas que me ajudou tanto nos últimos tempos? Agora ficaremos um ano, separados. Mas o que é isso, após essas semanas juntos? Eu sei que algumas coisas não ficaram exatamente claras, e talvez nem cheguem a ficar. Acho que a pior coisa que eu já fiz nesta vida, foi me despedir de alguém tão especial. Sentirei tantas saudades de você, de cada momento que passamos juntos. E dor maior que a da saudade, é a da certeza. Certeza de que amanhecerá o dia, e não poderei ver o seu sorriso. Certeza de que ficarei aqui sozinha, esperando ansiosamente até que você chegue. Certeza de que a vida mudará. São tantas certezas, e cada uma consegue me atingir da pior forma possivel. Você me fez uma promessa, que sei que irá cumprir. Só peço que me prometa mais uma coisa, enquanto estivermos separados. Conte-me tudo! Escreva tudo, Tom, e me envie uma carta, sempre que puder. E quando menos esperarmos, eu o verei em breve.

Com carinho, Savannah.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 28 - Is not easy to say goodbye.

Então não preocupe, sua mentezinha bonita,
As pessoas jogam pedras em coisas que brilham
Mas eles não podem tomar o que é nosso
Eles não podem tomar o que é nosso
As apostas são altas, a água é áspera
Mas esse amor é nosso
 
(Contado pela Beca)

Como a Savannah iria embora, ela achou que o casamento não seria mais necessário, então conversou com o Bill, e os dois foram até o cartório mais próximo e anularam o matrimônio, que mesmo sendo falso, trouxe algumas alegrias.

Eu ainda não estava acreditando muito naquela história de que o pai dela não consegue ficar longe de casa por tanto tempo, e que voltar seria a melhor coisa a fazer. Pra mim, há algo mais sério por trás disso tudo. Está sendo meio difícil descobrir, mas tenho certeza que irei conseguir.

A minha insistência era tanta, que num certo momento a Savannah me levou até seu quarto, e trancou a porta. Pude sentir que me contaria qualquer coisa, e acabei me sentando em sua cama. Ela ficou em pé, cruzou os braços, e me olhava nos olhos.

– Quer saber a verdade? – perguntou-me.
– Claro! – respondi, sem hesitar.
– Promete que guarda segredo? – se aproximou. – Que não contará isso pra ninguém? – sentou-se ao meu lado. – Que nem sob tortura você falará algo?
– Conta logo!

Demorou certo tempo para iniciar o assunto, e antes disso, respirou fundo por duas vezes.

– Estou indo embora, por que... A Megan ameaçou dizendo que se eu não fosse, contaria pro Juiz. E se a imprensa ficasse sabendo, a carreira do Tokio Hotel estaria praticamente acabada.
– Que vaca! – quase gritei. – Não acredito que aquela vadia teve coragem de ameaçar você! – me levantei. – Eu sabia que tinha dedo da Megan nisso!

Eu já desconfiava, só não sabia que a Megan seria mesmo capaz de fazer algo assim.

– Se o Tom ficar sabendo...
– Não! – ela gritou, e se levantou. – O Tom não pode ficar sabendo!
– Vai deixar que a Megan te ameace desse jeito?
– Ela falava sério, e não to nenhum pouco a fim de me sentir culpada pelo fim da carreira dos meninos. – fiquei calada. – Por favor, não conte nada.
– Sabe qual é a minha vontade? Ir até a casa daquela cachorra, e dar uma surra nela! – estava com muita raiva.
– Também to com vontade de fazer isso, mas não adiantaria muita coisa.
– E se matarmos ela?
– Credo, que horror. – nós rimos.

Eu não estava falando sério, mas no momento da raiva, passou tantas coisas por minha mente, que se eu visse a Megan ali na minha frente, não perderia tempo e a mataria. E pensando bem, eu não poderia me sujar com aquela vadia, mas poderia... Sei lá, pagar uns amigos meus, assim, sem interesse algum... Talvez eles pudessem dar um jeito nela.

TRÊS DIAS DEPOIS...

Não, eu não estava conformada com aquela história da Savannah. Achei injusto, e resolvi tomar as suas dores. Peguei minha bolsa, pedi o carro do Georg emprestado, e fui até a casa de um velho amigo. Estudamos juntos por dois anos, e foram o suficiente para nos tornarmos grandes companheiros; Lucas. Um rapaz alto, de corpo atlético, olhos azuis e cabelos castanhos. Aquele típico homem que consegue praticamente tudo que quer, sem fazer o mínimo esforço. Apesar de ser legal, também pode ser traiçoeiro e interesseiro demais. Não faz nada que não lhe traga qualquer tipo de beneficio.

Toquei a campainha daquela antiga casa, e fiquei aguardando. Lucas abre a porta, usando apenas uma calça jeans, que parecia ser muito velha.

– Olha só. – disse ele. – Quem é vivo sempre aparece!
– Olá, Lucas. – dei um sorriso. – Tenho um serviço pra você. Posso entrar?
– Já deveria estar aqui dentro. – abriu um pouco mais a porta, me dando passagem.

Sinceramente, eu estava com um pouco de nojo de estar ali. O cheiro do local, não era um dos mais agradáveis, e parecia que havia passado um furacão e destruído tudo.

– Nossa. – disse. – Que dia o furacão passou por aqui?
– Engraçadinha como sempre.
– Bom, como eu disse, tenho um serviço pra você.
– E... – ele se esparramou no sofá. – Quanto pagará por ele?
– Quanto você quer?
– Sei lá. – acendeu um cigarro. – Talvez... Dois ou três mil.

Eu tive que rir. Ele estava me pedindo três mil dólares pra dar uma surra na Megan?

– Mais nem morta! – disse. – Não vou pagar isso tudo, pra você dar um corretivo numa vadia!
– Qual é branquela? – ele se levantou. – Seu namorado é montado na grana, e você não quer pagar?
– O Georg não tem nada a ver com isso! A grana vai ser minha.
– Melhor ainda. – se aproximou. – Faço dois mil, e o restante você me paga de outro jeito.
– Não vou dormir com você.
– Então não tem desconto.

Eu estava com muita pena de dar todo o dinheiro pro Lucas, mas seria por uma boa causa.

– Ok. – disse, e ele deu um meio sorriso. – Mas é pra fazer direito!
– E desde quando eu faço algo ruim? – fez uma pausa. – Quem é a garota?

Abri minha bolsa, e peguei uma foto dela.

– O nome dela é Megan. – disse.
– É uma pena ter que dar um jeito nela, mas se a patroa está pedindo...
– Não é pra matar. – deixei bem claro. – Mas quero que fique roxa!
– Quanta maldade. – foi irônico. – Acho que dar uma surra, é maldade demais. Seria mais fácil matar.
– Já disse que não! Só quero que ela aprenda a não ameaçar mais as pessoas.
– Tudo bem. E quando é que você vai me dar a grana?
– Te darei metade agora. O restante... Quando o serviço acabar.

Passei toda a ficha da Megan, e ele prometeu que não a mataria. Mas se fizesse, também não seria tão ruim assim. Como foi combinado, lhe dei a metade do dinheiro, e fui embora. A outra metade seria entregue na casa da mãe dele, pra ninguém desconfiar de nada.

– Onde você estava? – pergunta Georg, assim que cheguei. – Te procurei pela casa inteira, e você não atendia o celular!
– Estava no shopping com uma amiga. – lhe dei um selinho. – Devo ter ficado sem bateria, e como estava fazendo compras, nem percebi.
– E cadê as sacolas com as compras?
– Passei na casa da minha mãe, e deixei lá. Vou tomar um banho, porque estou um pouquinho cansada. Não quer vir comigo?

–--
(Contado pela Savannah)

UM DIA DEPOIS...

Estava sentada à beira da piscina, com os pés dentro da água. Os dias passaram rápido, e a volta para o Brasil, seria na tarde seguinte. Resolvi adiantar a viajem, antes que a Megan desse uma de doida, e estragasse tudo. Meu pai estava mais feliz que nunca, ele não via a hora de dormir em sua cama.

Enquanto eu pensava em como seria, ter que me despedir de todos, o Tom aparece e se senta ao meu lado.

– Os meninos vão começar a jogar vídeo-game, apostado. – disse ele. – Não quer participar?
– Não sei jogar muito bem. – respondi. – E... Vou sentir sua falta. – olhei pra ele. – Está quase acabando.
– Não, não está!
– Está sim. Vou embora amanhã, e volto pra minha vida na lanchonete.
– Não significa que está acabando. Assim que der, irei te visitar.
– Você...
– Nada! – segurou minha mão – Vou fazer a turnê de 12 meses com a banda... E ai, vou pro Brasil pra ficar com você.
– Acontece muita coisa em 12 meses, Tom. – meus olhos estavam cheios de lágrimas. – E se...
– Não, não pense nada negativo. – me abraçou. – Vai terminar antes do que pensa. E eu vou ficar com você pra sempre.
– Promete?
– Prometo.

Pra sempre é uma palavra muito forte. E sei que nada é pra sempre, mas só de ouvi-lo falar daquele jeito, eu acreditei. Eu me sinto tão bem ao lado do Tom, que não saberei como me despedir dele. Dizer adeus nem sempre é fácil. Às vezes é a coisa mais difícil e dolorosa. E nesse caso, ter que me despedir dele, vai doer tanto. Mas não se pode ter tudo nessa vida, e o melhor que eu posso fazer, é tentar me conformar, e esperar pacientemente até que os 12 meses passem, e eu o veja novamente.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 27 - Something happened?

(Contado pela Savannah)
Como o próprio Tom havia dito, a Dona Simone é mesmo uma pessoa bem legal e engraçada. Ela me levou até uma sala sofisticada, onde estavam suas amigas mais intimas, no total eram quatro. Fui apresentada como sua nora, e isso quase me fez morrer de vergonha. Não seria uma má idéia, mas o Tom e eu não estamos namorando, ainda.

Pra completar, a música ambiente era completamente diferente da que estava tocando lá fora, na outra sala, onde todos os convidados estavam. Outra coisa que me deixou sem graça, é que a maioria dos assuntos sobre qual elas falavam, não me interessava ou eu não sabia nem o que era. Mas pra ser educada, fiquei ali ouvindo e concordando com algumas coisas. E devo confessar que certar horas senti um pouquinho de sono.

– Savannah, conte-nos um pouco sobre você. – disse Simone.
– Bom... – olhei para todas, sem graça. – Eu...

Pra minha salvação, a Beca aparece. Cheguei até a soltar um suspiro de alivio, discretamente.

– Desculpe, senhora Kaulitz, mas eu poderia levar a Savannah comigo? É que preciso falar uma coisinha com ela. – disse Beca.
– Fique a vontade. – disse Simone.

Pedi licença, me levantei, e sai da sala com a Beca. Fomos dar uma volta, e aproveitamos para comer algo. Pelo tempo que eu estava dentro daquela sala, a fome estava quase me consumindo. E o medo do estômago começar a fazer barulho? Isso seria horrível, e deselegante demais para as amigas da Dona Simone, e para a própria.

– Como conseguiu ficar ali dentro, com aquela música? – diz Beca.
– Não sei, mas eu estava quase dormindo. – respondi, e nós rimos.
– A mãe dos meninos é uma fofa, não é? – um garçom passou, e a Beca pegou duas taças.
– Muito. – me entregou uma das taças.
– Ela realmente sabe organizar festas. – deu o primeiro gole. - Como eu queria que a minha mãe fosse assim. Mas me conta, está mesmo namorando o Tom? – quase engasguei.
– Não.
– Mas a danadinha tá doida querendo, que eu sei. – me cutucou com a mão.
– Meu tempo aqui é um pouco curto pra isso. – disse, e entreguei a taça para outro garçom que passava.
– Falando assim, até parece que vai morrer. - Beca parou outro garçom, e desta vez pegou um salgadinho.

Antes fosse. Mas este não é lugar, nem hora pra ficar pensando nisso. Após conversar bastante com a Beca, o Georg apareceu e a “roubou”. Fiquei de longe observando os dois dançarem, e como dançavam engraçado. Pouco depois, fui pra varanda da casa, que tinha uma vista incrível para um “interminável” tapete de grama bem verdinha. Era tão lindo, e o ar era tão puro, que nem parecia que eu estava na cidade. Mas apenas o meu corpo estava ali, pois minha mente estava no exato momento em que a Megan dizia que eu tinha apenas duas semanas pra ir embora.

(Flashback)

– Assim que o tratamento do meu pai terminar, com certeza voltarei.
– Dane-se o tratamento do seu pai! – quase gritou. – Vou te dar duas semanas pra ir embora.

xxx
– O Tom vai querer saber o motivo d’eu estar indo embora, o quê eu digo?
– Se vire! Isso não é da minha conta. Invente qualquer coisa idiota, você deve ser muito boa nisso.

(/Flashback)

– Duas semanas. – disse a mim mesma.
– Duas semanas, pra quê? – disse Tom, e me virei rapidamente.
– Pra nada. – respondi.
– O que faz aqui? – me abraçou. – Está perdendo a festa.
– A festa está ótima sem mim. – disse, assim que me desvencilhei.
– Aconteceu alguma coisa?

Era eu abrir minha boca, e estragar tudo, então é melhor ficar calada. Apenas me virei novamente, ficando de costas pra ele.

– Que foi? – ele insistiu.
– Estou preocupada com meu pai, só isso.

Por mais que eu quisesse falar toda a verdade pra ele, eu não podia. A Megan parecia mesmo segura do que estava falando, e não hesitaria em fazer qualquer coisa pra me prejudicar, e isso acabaria prejudicando também os meninos. Não tenho direito algum de estragar a carreira deles, e mesmo que tivesse, não teria coragem.

– O seu pai está ficando ótimo, e isso com certeza não é preocupação com ele. – se pôs ao meu lado. – Me conta. O quê está se passando em sua mente?
– É que... – olhei pra ele. – Você conversou com a Megan e não deu certo.
– Eu sei. – segurou minha mão. - Mas não vamos desistir.
– E se... E se eu falasse com ela?
– O quê?
– Talvez eu conseguisse convencê-la.
– Não. – soltou minha mão.
– Poderíamos tentar.
– Não! – foi mais alto, e me calei. – Não, Savannah! A Megan é maluca, e eu seria ainda mais, se concordasse com isso. Não quero você perto dela.

Essa foi a reação dele, sem saber que eu já tinha ido até a casa dela. Já imaginou como ele reagiria se descobrisse? É, eu não imaginei, e por esse motivo me arrisquei.

– E se eu disser que já fui até lá. – disse, olhando nos olhos dele.
– Você... – ele não estava acreditando. – C-Como?
– Consegui o endereço dela, e...
– Quando? – me interrompeu. – Quando foi isso, e onde eu estava, que não te impedi?
– Lembra aquele dia que eu disse que iria dar uma volta?
– Foi naquele dia? – ficou surpreso.
– Um-hum.
– Não acredito que você foi falar com aquela... Com aquela doida! Porque fez isso? Poderia ter sido perigoso.
– Agradeço muito pela preocupação, mas... Apesar de às vezes não parecer, sou uma mulher, e não um cristal que se quebra com a primeira queda.

Nossa! Até eu me surpreendi após essa.

– Conversei com meu pai, e... Nós achamos melhor... – criei coragem. – Ele acha que devemos voltar pro Brasil o mais rápido possivel.
– N-Não. Vocês não podem voltar agora. E como fica o tratamento? E... Nós? – dei um sorriso meio apagado.
– Ele pode terminar o tratamento no Brasil, e... – suspirei. – Nós teremos uma vida inteira para resolvermos nosso futuro.
– Será que há alguma coisa que eu possa fazer, pra vocês mudarem de idéia? – com a mão direita, passei em seu rosto.
– Não. – com os olhos cheios de lágrimas, o abracei forte.

xxx
Me despedi da mãe do Tom, com um abraço e um beijo no rosto. Nunca vi pessoa mais educada que ela, só tava faltando me pegar no colo.

– Volte mais vezes. – disse Simone.
– Com certeza voltarei. – respondi.

Durante o percurso de volta pra casa, dentro do carro estava todo mundo em silêncio. Aquele silêncio que ninguém gosta, e incomoda rapidamente. Pra descontrair, Georg colocou o cd da banda pra tocar, e nem demorou muito pro Bill começar a dublar ele mesmo. Beca também resolveu mostrar seu talento, e começou a cantar. Tinha como segurar o riso? Só havia maluco naquele carro. Tom era o único que não esboçava nenhuma atitude, apenas ficou com a cabeça encostada no vidro, e permaneceu calado.

Assim que o carro foi estacionado, imediatamente Tom abriu a porta e saiu, caminhando em direção a entrada da casa. Me senti culpada e super mal por ele estar daquele jeito, mas se eu quisesse que nada acontecesse com a banda, deveria continuar com idéia de voltar pro Brasil.

– Como foi a festa? – pergunta meu pai.
– Foi muito boa. – mal respondi, e subi pro quarto.

Como todo pai conhece bem o filho que tem, ele veio atrás de mim. Entrou no quarto, e fechou a porta. Eu estava sentada na cama, e ele se sentou ao meu lado.

– Que carinha é essa? – perguntou-me.
– Já contei pro Tom que nós vamos embora.
– Ah, então ele é o motivo pra essa tristeza?
– O Tom foi a pessoa mais legal comigo, desde que cheguei aqui. Não queria ter que me despedir, sabe?
– Sabemos que nenhuma despedida é boa, mas às vezes precisamos fazer.
– Eu sei. E além do mais, vai ser melhor assim, não é?
– Um-hum. – me abraçou.

A quem eu estava tentando enganar? Seria melhor pra quem? Meu pai saiu do quarto, e fui tomar um banho. Quando sai do banheiro, encontrei a Beca sentada na cama, folheando algumas páginas do livro que eu estava lendo.

– Tá fazendo o quê aqui? – me aproximei dela, e peguei o livro. – Você nem gosta desse livro!
– É verdade que irá voltar pro Brasil.
– Como soube? – joguei o livro na cama.
– Um passarinho me contou.
– Que fofoqueiro!
– Mas é verdade ou não? – ela cruzou os braços e as pernas.
– Sim, é verdade.
– Pensei que fossemos amigas, e que você fosse me contar primeiro.
– O quê? Vai dar ataque de ciúmes, é? – caminhei até o closet, e comecei a escolher algumas peças de roupa.
– Não é isso, é que eu pensei que fossemos amigas.
– E somos, mas eu precisava contar pro passarinho primeiro. – ela riu.
– Quando partirá?
– Ainda não sei. – me vesti. – Talvez daqui alguns dias.
– Vou sentir sua falta. – ela apareceu, e me surpreendeu com um abraço.
– Também sentirei muito a sua falta.

Além do Tom, a Beca seria outra que faria a maior falta. Como eu queria poder contar tudo pra ela, mas aposto que não se agüentaria e falaria tudo pro Tom. Será que ainda dá tempo de matar a Megan?

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 26 - Merry Christmas.

(Contado pela Savannah)

Poderia parecer mais uma das tantas loucuras que já fui capaz de cometer, apenas para ajudar meu pai, e provavelmente eu continuaria fazendo o que fosse preciso, o impossível, para vê-lo sorrir como antes. Ainda com aquela desconfiança de que eu estaria aprontando alguma, a Rute me deu o endereço da Megan. Lhe agradeci, depois fui até a sala, e peguei o telefone. Chamei um táxi, que não demorou muito a chegar.

– Está saindo? – pergunta Tom.
– Vou dar uma volta. – respondi, com medo que ele pudesse descobrir.
– Se esperar um minuto, te acompanharei.
– NÃO! – quase gritei, e ele achou estranho. – Quero dizer... Não que eu não queria que você vá comigo, mas é que... Eu queria pensar um pouco.
– Tá legal.

Pra ele não desconfiar de nada, lhe dei um beijo no rosto, e entrei no táxi. Entreguei ao motorista o endereço, e ele me levou rapidamente até lá. O porteiro do prédio dela, não queria me deixar subir, e até entendi isso. Depois de ter comunicado-a, foi que me liberou. Após sair do elevador, e ficar de frente para a porta dela, respirei fundo. Pensei mais uma vez, no que estava fazendo, e toquei a campainha.

– Savannah, que surpresa agradável. – disse Megan, com aquele mesmo sorriso falso. – Por favor, entre.
– Com licença. – disse, e entrei.
– Fique a vontade, querida.

Me mata, mas não me chame de querida, se não tivermos qualquer intimidade para isso. Me sentei no sofá, e a Megan se sentou ao meu lado, cruzou as pernas e olhou pra mim.

– Aceita alguma coisa? – perguntou-me. – Acabei de fazer um chazinho.
– Obrigada, mas não vim até aqui pra tomar chá. – respondi.
– Sobre o quê iremos conversar?

Respirei fundo novamente, e iniciei o assunto. Enquanto eu falava, ela ia me escutando, calada. Às vezes falava tão calmamente, que dava até a entender que não iria mesmo abrir a boca pra nada. Por alguns instantes, notei a garota simpática que há dentro dela, bem lá no fundo, mas bem lá no fundo mesmo! Dei todas as minhas justificativas, expliquei o motivo daquele casamento ter acontecido.

– Já terminou? – disse ela, se levantando.
– Sim.
– Então já posso falar, não é?
– Um-hum.
– Por mim, o seu pai teria morrido naquela sala de cirurgia. – fiquei pasma com o que ela falou. – A sua vida e a dele, não me interessam! – ela me olhava nos olhos. – Você só inventou essa historinha infantil, pra conquistar o Tom, que caiu perfeitamente no seu golpe. Pode até enganar todo mundo daquela casa, mas a mim, você não engana!

Tá legal, ela pode falar qualquer coisa de mim, mas não do meu pai! Quem ela tá pensando que é? Só sei que se eu piscasse, escorreria lágrimas pelo meu rosto.

– E quer saber de uma coisa? – disse ela. – Você vai voltar pro Brasil.
– Assim que o tratamento do meu pai terminar, com certeza voltarei.
– Dane-se o tratamento do seu pai! – quase gritou. – Vou te dar duas semanas pra ir embora.
– O quê?! – me levantei.
– Ou volta pro lugar de onde nunca deveria ter saído, ou te entrego pro Juiz, e ai você e o seu papaizinho vão juntos pra cadeia.

Se eu tivesse uma arma, ou qualquer coisa que pudesse matá-la, eu não hesitaria em fazer. Que garota fria! E ainda tem a cara de pau de dizer que ama o Tom! Não deve amar nem a si mesma, ou melhor, não deve nem saber o quê é isso.

– Mas Megan, eu não...
– Duas semanas! – me interrompeu. – Aproveita, que hoje estou de bom humor. Não sou tão boazinha assim com as pessoas.

É sério? Cara, se você não tivesse contado, eu nunca iria descobrir essa sua bondade!

– Nem adianta fazer cara de choro, que isso não me convence. E se você se atrever e contar qualquer coisa pro Tom, imediatamente falarei tudo que sei.
– E se... Se eu anular o casamento?
– E daí? Você vai continuar na casa dos Kaulitz, o Tom vai continuar gostando de você, e eu vou continuar aqui, sozinha.

Perfeito, então estava descontando sua falta de amor, em cima de mim. Que culpa tenho, se ela não sabe segurar homem? Até o momento eu estava sendo boazinha demais, mas a minha paciência estava chegando ao limite. Tá pensando que tenho sangue de barata por acaso?

– O Tom vai querer saber o motivo d’eu estar indo embora, o quê eu digo?
– Se vire! Isso não é da minha conta. Invente qualquer coisa idiota, você deve ser muito boa nisso. Só não me deixe contar tudo, porque a imprensa pode ficar sabendo,e a carreira dos meninos ficará prejudicada. Você não quer que o sonho do Tom acabe por sua culpa, quer? – sínica.
– Tudo bem, eu... Eu vou dar um jeito. – ela sorriu, e seus olhos chegaram a brilhar.
– Sabia que você iria concordar comigo. – se aproximou, e me deu um abraço apertado.

Vê se pode? A pessoa realmente não tem vergonha nenhuma! Porque eu não trouxe uma arma? Nos desvencilhamos, então peguei minha bolsa e abri a porta, mas antes de sair, lhe disse:

– Continue desse jeito Megan, e conseguirá afastar as pessoas de você, rapidamente.

Fechei a porta, e fui pro elevador.

–--
(Contado pelo Tom)

UMA SEMANA DEPOIS...

De algum tempo pra cá, a Savannah ficou um pouco estranha. Ela dizia que estava tudo bem, mas eu sabia que deveria haver alguma coisa em sua mente, que lhe preocupava. Talvez fosse o tratamento do pai. Fora isso, estávamos bem um com o outro. Praticamente namorando, escondido, mas é melhor que ficar longe dela. Ela me explicou a implicância do pai dela, contra mim, e entendi.

O Natal estava “batendo na porta”, e comemoraríamos essa data, na casa da minha mãe, que sempre dá um jeitinho de fazer uma pequena festa para a família, e às vezes alguns amigos bem íntimos.

Já era noite, e a maioria do pessoal já estava arrumado. Gustav desta vez não viria com a gente, pois decidiu visitar sua mãe. Bella resolveu seguir os passos dele, e ao invés da mãe, ela foi ver o irmãozinho de três anos que mora com seus tios, desde que seus pais sofreram um terrível acidente de carro e faleceram. A Rute nos pediu dois dias de folga, mas a liberamos por uma semana. O pai da Savannah não estava muito a fim de ir, então tivemos que contratar uma enfermeira pra poder ficar com ele.

– Acho melhor irmos todos no meu carro, que é mais espaçoso e mais bonito. – disse Georg.
– Tá legal, vou fingir que não ouvi essa última palavra. – disse Bill, rindo em seguida.
– Tá todo mundo pronto? – pergunta Georg.
– Sim. – responde Beca.
– Cadê a Savannah? – perguntei.
– Ele pode se esquecer de tudo, menos da Savannah. – disse Bill, e os outros riram.

Bastou ele terminar de falar, pra ela aparecer, mais linda do que nunca. Usando um vestido curto, com detalhes em flores, que deixava tudo bem delicado, completamente a cara dela. O cabelo preso, e um perfume que impregnou a sala, de tão bom que era. Era quase impossível não ficar olhando pra ela, e percebendo isso, o pessoal saiu de fininho.

– Tô bonita? – pergunta ela, sorrindo.
– Linda. – seu sorriso pareceu ter aumentado ainda mais. – Não vejo a hora de apresentar você a minha mãe.
– Apresentar a sua mãe? – o sorriso se desfez. – N-Não. – gaguejou.
– Relaxa, a dona Simone é a mulher mais legal desse mundo. Além de você, é claro.

Depois fomos pro carro, e finalmente fomos pra casa da minha mãe. Acho que demoramos uns vinte minutos pra chegar até lá, e nesse tempo, a conversa rolou solta. Quando chegamos a casa, já havia varias pessoas, e a festa estava bem animada. Enquanto Bill e os outros cumprimentavam algumas pessoas, fui direto ao ponto e levei a Savannah pra conhecer minha mãe, que estava conversando com algumas amigas.

– Mãe? – disse, e ela se virou.
– Tom. – me abraçou. – Você cresceu ou é impressão minha?
– Devo ter crescido um pouquinho. – nós rimos.
– Cadê o Bill?
– Por ai.
– Como estão as coisas lá na nova casa? Vocês estão se alimentando direito? Estão dormindo no horário certo?
– Mãe, já somos bem crescidinhos, e não precisa se preocupar tanto.
– Como não? Vocês são minha vida!

Mãe parece ser tudo igual mesmo, não é?

– E quem é essa bela moça? – pergunta Simone.
– Esta é a Savannah. – respondi, e Savannah sorriu.
– Ah, então quer dizer que finalmente estou conhecendo a garota de que tanto ouvi falar. – minha mãe se aproximou dela, e lhe cumprimentou com beijinhos no rosto. – Ela é mais bonita do que você comentou.
– É sim. – disse.
– O Tom não parava de falar em você.
– É mesmo? – diz Savannah.
– Venha, quero apresentar a minha mais nova nora às minhas amigas.
– O quê? – Savannah e eu, dissemos em uníssono.

Minha mãe levou a Savannah para apresentar as amigas, e eu fiquei lá parado, ainda tentando absorver o que aconteceu nos últimos segundos. Pelo visto, a noite de Natal será inesquecível, e eu espero que seja mesmo.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 25 - She is a snake!

(Contado pelo Tom)

Estava no quarto, quando ouvi uma “gritaria”, vindo da sala. Imaginei que fossem os meninos jogando vídeo-game, e nem me importei muito. Continuei tocando violão. Pouco depois a Rute aparece ali no quarto, dizendo que o Bill estava brigando com a Beth.

– É briga de casal. – disse. – Deixe os dois resolverem os problemas em paz.
– Se fosse uma simples briguinha de casal, a Savannah não estaria no meio.
– A Savannah? – coloquei o violão em cima da cama. – O que ela tem a ver com isso?
– Não sei. Mas é melhor você descer, antes que aconteça alguma coisa.

Conheço muito bem a Rute, e sei que ela exagera às vezes. Mas ainda assim, fui ver o que estava acontecendo. A briga já havia parado, quando cheguei ao topo da escada. Só que o clima estava meio estranho.

– O que tava acontecendo aqui? – perguntei, enquanto descia os últimos degraus.
– A Beth descobriu tudo! – disse Savannah, nervosa. – Ela descobriu sobre meu casamento com o Bill.
– Como? – dei a volta no sofá.
– A maluca da sua ex namorada fez esse favor pra gente. – disse Bill. – E ainda ameaçou falar toda a verdade pro juiz.
– Ela não pode fazer isso!
– Não só pode, como vai. – Savannah se sentou no sofá.
– Tom, se a Megan abrir a boca, nós estaremos bem encrencados.
– E tudo por minha culpa! – os olhos dela começaram a se encherem de lágrimas. – Eu não deveria ter aceitado essa idéia maluca, e muito menos meter vocês nessa. Sabia que não daria certo!
– Calma! – me aproximei, e me sentei ao seu lado. – Desde o inicio, sabíamos dos riscos e das conseqüências, e também sabíamos que tudo isso valeria a pena. Se ficarmos nervosos e com medo, as coisas darão errado. Precisamos pensar e encontrar a melhor solução.
– Tá, mas qual? – Bill se sentou na poltrona. – Não temos muito tempo pra pensar.

Que a Megan não vale nada, todo mundo sabe, mas não imaginei que ela pudesse ser tão baixa assim. E o pior, é que fiquei com ela durante muito tempo, e não percebi o seu péssimo caráter. Se a conheço bem, sei que não descansará até conseguir o que quer.

– Tive uma idéia. – me levantei.
– Aonde vai? – pergunta Bill.
– Tentar impedir a Megan de falar qualquer coisa.

Fui correndo até o quarto, e peguei as chaves do carro, que estavam na mesinha de cabeceira, e depois fui em direção a garagem. Aproveitei que a Bella estava com um tempinho livre, e a chamei pra ir comigo. Não sei, mas talvez a única maneira de convencer a Megan a não falar nada, seria indo pedi-la pessoalmente. Obviamente terei de deixar o meu orgulho de lado, e fazer qualquer coisa pra ajudar a Savannah.

Não demorei muito a chegar ao condomínio onde ela mora. O porteiro já me conhece, e nem precisamos esperar nada. Pegamos o elevador, e subimos até o vigésimo segundo andar. Toquei a campainha, e aguardamos. A Megan abriu a porta, com um sorriso nos lábios, e um vestido rosa, que era ridiculamente pequeno e muito provocante.

– Que surpresa vê-los aqui.
– Ah, corta essa! – disse Bella. – Podemos entrar, ou não?
– Claro. – abriu um pouco mais a porta, e nos deu espaço. – Sentiu saudades de mim, Tom?
– Só sinto saudades das pessoas que gosto, e você... Não faz parte desse grupo de pessoas. – seu sorriso desapareceu, e ela bateu a porta. Bella soltou uma leve risada.
– O que querem aqui? – cruzou os braços.
– Eu... Vim lhe pedir pra não... Pra não falar nada sobre o casamento do Bill com a Savannah.

Megan ficou quieta, e por um momento pensei que fosse aceitar. Mas logo soltou uma gargalhada, que fez eu me corroer de raiva por dentro. Sério, minha vontade era de matá-la.

– Tá rindo do quê, vadia? – disse Bella.
– É desse jeito “carinhoso” – riscou as aspas no ar. -, que vocês querem que eu fique quieta?
– Bella, por favor... - olhei pra Bella.
– Tudo bem, já estou calada. – sei que ela estava morrendo de vontade de soltar umas boas verdades pra Megan.
– Megan, a Savannah não pode ser deportada, por uma infantilidade sua!
– Você mal conhece aquela garota, mas parece ser capaz de defendê-la com a própria vida, não é? – fez uma pausa. – Ela tirou você de mim!
– Deixa de ser idiota, garota! – diz Bella, com raiva. – O Tom nunca foi seu!
– Se depender de mim, a Savannah já teria sido deportada.

Eu estava respirando fundo, me controlando o máximo que podia, pra não cometer nenhuma besteira. Mas só de olhar pra cara da Megan, me fazia ter ainda mais raiva. Não só raiva dela, também de mim, por não estar conseguindo absolutamente nada até agora.

– Sinceramente, se eu não fosse homem, faria questão de dar uns bons tapas nessa sua cara sínica. – disse.
– Isso – falou com uma voz e olhar sexy, depois levantou um pouco o vestido. -, vamos relembrar os velhos tempos. Me faça gemer, como só você sabe fazer. – disse Megan.
– Mais que vadia! – disse Bella, perdendo a cabeça e metendo a mão na cara da Megan.

Por mim, deixaria as duas se pegando ali no meio da sala. Mas isso só faria uma das duas sair com algum hematoma. Tentei apartar a briga, e acabei levando um tapa na cara também. Não sei quem foi, mas doeu.

– Já chega! – gritei, enquanto ficava entre as duas.
– Sai da frente, Tom! – Bella dizia.
– Me espera no carro, Isabella! – com muita raiva, e por um milagre, ela me obedeceu.
– É melhor você ir embora também, Tom. – disse Megan, ajeitando o vestido. – Não vou mudar de idéia. A sua namoradinha vai embora, nem que seja a última coisa que faça na vida!

Sim, era melhor mesmo eu ir pra casa, porque daqui a pouco eu que acabaria grudando nos cabelos dela, e lhe metendo a mão. Quando entrei no carro, a Bella se olhava no espelho.

– Olha só o que aquela filha da mãe fez comigo. – havia um pequeno corte em sua sobrancelha. – Mas ela saiu mais machucada do que eu, não saiu?
– Não reparei. – respondi.
– Estraguei tudo, não é? – olhei pra ela. – Desculpa.
– A culpa não é sua. – coloquei o cinto de segurança. – Se você não tivesse batido nela, eu teria feito. – ela riu.
– Violência contra mulher é crime, sabia?
– A Megan merece.

–--
(Contado pela Savannah)

Ele vai conseguir, sei que o Tom vai conseguir convencer a Megan. Esse era meu único pensamento naquele momento. Enquanto eu andava de um lado a outro, na sala, o Bill ficava sentado. O nervoso dele talvez pudesse ser comparado ao meu, mas pelo menos tentava não transparecer isso. Às vezes ele ia até a cozinha e pegava um copo de água pra mim, mas meu nervoso e ansiedade eram tantos, que nem conseguia beber nada.

– Vai pedir pra Rute fazer um curativo nisso daí. – disse Tom à Bella, que passou direto e foi pra cozinha.
– E ai, você conversou com a Megan? – perguntei.
– Conversei, mas não deu muito certo. – responde Tom. – Ela e a Bella até se atacaram.
– O que vamos fazer agora? – diz Bill.
– Desculpa, mas... Eu não sei.
– Obrigada, por tentar. – disse. Tom se aproximou e segurou minhas mãos.
– Eu prometo que... Que vou fazer de tudo pra você ficar.

HORAS MAIS TARDE...

Eu estava tão preocupada com essa história, que acabei esquecendo até de comer, dá pra acreditar? Fui até a cozinha pra beber um pouco de água, e a Rute estava lendo uma revista. Me sentei na mesa, de frente pra ela. Der repente me veio uma idéia maluca na cabeça, que talvez pudesse dar certo.

– Rute... Será que eu poderia te pedir um favor? – perguntei, e me ajeitei no assento.
– Desde que não seja pra matar alguém...
– Ah, não. – nós rimos. – Será que... Que você conseguiria o endereço da ex-namorada do Tom, pra mim?
– Qual delas?
– Megan.
– E pra quê você quer saber o endereço daquela maluca?
– Assunto nosso.
– Um-hum. – ela pareceu um tanto desconfiada. – Acho que dá pra conseguir.
– Obrigada. – sorri, me levantei, e coloquei o copo na pia. – E... Por favor, não conta nada pro Tom.
– Tudo bem.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 24 - Things seem to be heating up.

(Contado pela Savannah)

Por mais que eu quisesse me afastar, interromper aquele beijo, dar um belo soco na cara do Tom, xingá-lo... Eu não conseguia. Era mais forte do que eu, e algo me dizia pra não fazer nada, simplesmente deixar rolar. Foi só quando precisei recuperar o fôlego, que me afastei um pouco. Mas suas mãos continuaram em minha cintura, e seus olhos fixados nos meus. Ele deu um meio sorriso, e meu coração voltou a acelerar.

(Flashback)

– Prometa que não terá nada com esses rapazes que só querem enganar?
– Mas...
– Promete?
– Prometo.

(/Flashback)

Meu Deus, o que foi que eu fiz? Há poucos dias atrás meu pai me fez prometer, e agora estou aqui, agarrada com o Tom. Isso tá errado, muito errado. Me desvencilhei dos seus braços, e dei alguns passos.

– O que foi? – pergunta Tom. – Você não gostou do beijo?
– Não é isso, é que...

Como eu falaria pro Tom, que fiz uma promessa pro meu pai, e que essa promessa era de ficar bem longe dele ou do Bill? Porque não podemos mandar em nossos corações? Porque as coisas não são mais simples? Porque eu me sinto assim, toda vez que ele está perto de mim? Há alguma receita pra fazer isso parar?

– Não deveria ter feito isso. – disse.
– Porque não? – ele se aproximou, e me afastei.
– Porque... Porque eu não... Eu não consigo... Não consigo ficar longe de você, Tom.
– Então não fique. – novamente se aproximou de mim, e segurou minha mão esquerda. – Me deixa ficar ao seu lado, Savannah?

A Beca cansava de me avisar, vivia dizendo coisas, e eu nunca prestava tanta atenção. Talvez pelo fato de não querer enxergar o que estava na minha frente, ou por simplesmente ter medo de estar sentindo algo semelhante, e que não pudesse estar acontecendo.

Aos poucos fui parando para notar pequenas coisas do dia-a-dia, que ele fazia propositalmente, ou não. Coisas que antes poderiam ser consideradas atos de bondade, agora fazem todo o sentido e o entregam para a verdade. Obviamente algumas dúvidas ainda me “atormentavam”, e só havia um jeito de descobrir.

– Tá apaixonado por mim? – perguntei.

Sua primeira reação foi soltar a minha mão, em seguida colocou as suas mãos dentro do bolso, e abaixou levemente a cabeça. Poderia ser muito atrevimento meu, mas era a única maneira d’eu saber. E além do mais, se as pessoas falam, eu queria ter a certeza e ouvir de sua própria boca.

– Se eu disser que sim – ele me olhou. -, vai mudar alguma coisa?
– Talvez. – suspirei.
– Olha... Eu tentei. Sério, eu tentei controlar, fingir que não estava acontecendo, menti pra mim mesmo, mas... Mas não deu. – fez uma pausa. – Não dá pra ficar fingindo, principalmente quando... Quando você está por perto.

A chuva continuava caindo lá fora, e fazia um barulhinho agradável, enquanto aqui dentro o silêncio tomava conta. Eu não sabia o que dizer, e sabia menos ainda se deveria dizer algo. Mas confesso que gostei de ouvir aquilo.

Não consegui controlar aquele sorriso, que apareceria de qualquer maneira em meus lábios. Foi a deixa que o Tom precisava pra se aproximar de mim, passar uma de suas mãos em volta da minha cintura. Com a outra, acariciou meu rosto e ajeitou meu cabelo atrás da orelha. Meus olhos se fecharam, e pude sentir seus lábios - um tanto gelados - encostarem-se aos meus. Era um beijo delicado, e que a cada movimento, me fazia sentir arrepios. Naquele momento, nem me lembrei da promessa, que a essa altura já estava quebrada.

– Não imagina quanto tempo esperei pra fazer isso, sem medo. – disse ele, em seguida encostou sua testa na minha.
– Por sua culpa, quebrei uma promessa. – ele riu.
– Que promessa?
– Nada não, esquece.

A chuva ia parando aos poucos, e até parecia nos avisar que era hora de pararmos também, e acordarmos para a realidade.

– Acho que a chuva já parou. – fui até a janela, para verificar. – Sim, ela parou. Temos que voltar.
– Ah não. – me abraçou. – Vamos fingir que ela continua caindo, e bem forte.
– Tom, o meu pai precisa de mim agora. – me desvencilhei.

Caminhei em direção a porta, e a abri.

– Depois do que aconteceu... Vai mudar alguma coisa entre nós?
– Talvez seja melhor deixarmos as coisas acontecerem naturalmente.

–--
(Contado pelo Bill)

Depois que a chuva parou, o pessoal e eu continuamos ali na sala, assistindo filme. Mas aos poucos o lugar foi ficando mais vazio. Georg e Beca deram um jeitinho de fugir, e avisaram que só voltariam na manhã seguinte. O Gustav estava mais misterioso que de costume, e também saiu. Só restou a Bella, que não era a melhor companhia, mas dava pro gasto.

Enquanto conversávamos, a Savannah passa pela sala e sobe as escadas. Não demorou nem um minuto, e aparece o Tom, com um sorriso no rosto. Ele se sentou numa das poltronas e ficou lá, parado, olhando pro nada.

– Tom? – chamei, e ele nem se moveu. – Tom?!
– Tom! – grita Bella, e ele se assusta.
– O que foi? – pergunta ele. – Tá ficando doida?
– Doido é você, que aparece com esse sorriso de psicopata na cara, e fica ai paradão, como se estivesse bolando um plano. – diz ela.
– Estou feliz. – se levantou. – Não posso ficar feliz? – se retirou, e provavelmente foi pro quarto.

Abduziram o meu irmão! Essa é a única explicação pra ele não ter dado uma boa resposta a Bella. Desde quando ele é tão “educado” assim com ela?

– O que deu nele? – pergunta Bella.
– Não faço idéia. – respondi. – Mas vou descobrir agora.

Fui até seu quarto, bati na porta e entrei. O Tom estava deitado em sua cama, e aquele sorriso continuava em seu rosto. Puxei a cadeira da escrivaninha, me sentei, e fiquei olhando pra ele.

– Você está bem? – perguntei.
– Perfeitamente bem. – respondeu, e se sentou.
– Então me responda uma coisa: Quem foi que te deu uma paulada na cabeça?
– Ninguém.
– Tem certeza? Vai ver te bateram tão forte, que você nem se lembra.
– Bill, ninguém me bateu.
– Deve haver algum motivo pra você ficar com essa cara.
– Já disse que estou feliz.
– Eu sabia! – quase gritei. – Você está bêbado, não é? Olha, é melhor você parar com esse vicio. Não quero nenhum guitarrista alcoólatra na banda, tá ouvindo?
– Quem disse que estou bêbado?
– Não é por isso que você está com essa cara de idiota?
– Vai pro inferno! – me jogou uma almofada.
– Anda, me conta logo o motivo dessa alegria. É por causa da Savannah, não é?
– Apenas falei que estou gostando dela.
– Quer dizer que se declarou?
– Praticamente. A gente se beijou novamente, e acho que desta vez as coisas vão melhorar.
– Deixa só o Georg e o Gustav descobrirem que você está apaixonado.
– Você não vai contar pra eles, vai?
– Claro que vou! – me levantei. – Ou acha que perderei a oportunidade de vê-los zoando com a sua cara?

Nunca! Eu nunca perderia uma oportunidade como esta. Me lembro, como se fosse ontem, a primeira vez que apresentei a Beth como minha namorada. O Tom foi o primeiro a fazer brincadeirinhas.

– Bill, por favor, não conte nada a ninguém. – ele se levantou e veio atrás de mim. – Não tenho certeza de que tudo dará certo, e não quero estragar antes que possa acontecer.

Era a primeira vez que ele me pedia algo assim. Antes, o próprio anunciava que estava saindo com uma garota, agora está pedindo pra guardar segredo? O que as mulheres não fazem com nossas cabeças, hein?

– Tá legal, não contarei nada pra ninguém, até você se ajeitar com ela. Mas não pense que ficarei calado por muito tempo.

–--
(Contado pela Savannah)
Eu não tinha muita coisa pra fazer, meu pai estava dormindo – pra variar -, e a maioria do povo da casa, saiu. Desci até a sala, e o Bill assistia televisão. Me sentei ao seu lado, e a conversa foi fluindo. A campainha toca e a Rute vai atender, pouco depois aparece a Beth, falando tão alto, que parecia estar brigando com alguém.

– O que é isso? – diz Bill, se levantando. – Tá pensando que essa daqui é a sua casa, pra entrar fazendo essa bagunça?
– Seu filho da mãe! – ela lhe deu um tapa no rosto. – Como você pôde fazer isso comigo?

A Beth estava descontrolada, e começou a dar tapas no Bill, que tentava se defender. Num certo momento ele segurou as mãos dela, e gritou:

– Pára! – e tudo ficou em silêncio. – Tá ficando maluca? Esqueceu de tomar o remédio hoje?
– Você vai se arrepender de ter se casado com essa vadia! – disse Beth, olhando pra mim.
– Como soube disso? – diz Bill.
– A Megan me disse. – ela se desvencilha. – E ela contará pro Juiz que esse casamento é falso.
– Ela não teria coragem de fazer isso.
– Ah não? Então espere para ver a sua “prima” ser deportada.

Se a Megan contar pro Juiz, com certeza o meu pai e eu seremos deportados de volta pro Brasil, e ainda corremos o risco de sermos presos, por estarmos “clandestinamente” no país. E se isso acontecer, como meu pai continuará o tratamento?

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 23 - Little House.

Eu preciso ser corajoso
Preciso pular na água fria
Preciso envelhecer com uma garota como você
Finalmente vi que você é naturalmente,
A única que torna isso tão fácil
Quando me mostra a verdade
É, eu preferiria estar com você
Diga que você também quer a mesma coisa
Diga que você se sente do jeito que me sinto

(Contado pela Savannah)
Meu pai tomou alguns remédios, e quando os mesmo começaram a fazer efeito, ele pegou no sono. A televisão do quarto estava ligada, e eu a desliguei. Me sentei no sofá branco, próximo à janela. Se continuasse ali, acabaria dormindo também, com aquele silêncio. Como sei que meu pai está em ótimas mãos, não teria problema algum se eu fosse em casa pra tomar um banho, conversar com o pessoal, comer os famosos sanduíches da Rute, e descansar um pouco.

Liguei pro Tom, e não demorou muito até ele chegar ao hospital. Entrei em seu carro, coloquei o cinto de segurança, e ele deu partida.

– Como seu pai está? – perguntou-me.
– Se recuperando. – respondi. – A Dr. Ellen é muito carinhosa com ele, e sempre vem vê-lo.

A conversa ia fluindo naturalmente, e ao invés do Tom entrar pela rua que costumávamos ir, ele passou direto.

– Onde estamos indo? – perguntei. – Não é mais um dos seus atalhos?
– Não. – ele riu. – Tenho que passar em lugar antes de ir pra casa.
– Ah tá.

O carro foi estacionado em frente a algo que parecia ser uma casa muito, mas muito antiga mesmo. Mas na verdade, era uma floricultura, de nome Little House. A fachada tinha as cores rosa e branca. Eu não iria entrar, mas como ele insistiu tanto, que acabei acompanhando-o. Entramos por uma enorme porta de madeira rústica, e dentro do local, a cor predominante era o branco. Nunca tinha visto tanta flor acumulada num só lugar. Cada uma mais linda e cheirosa do que a outra. Uma velhinha veio nos atender com um enorme sorriso nos lábios, que cheguei a pensar que poderia ser o sorriso mais falso do mundo.

– Olá, posso ajudá-los?
– A Suzana está? – pergunta Tom.
– No jardim. – responde a moça, que aponta para uma direção.

Fomos até os fundos do local, que era um gigantesco jardim, onde a maioria daquelas flores eram cultivadas. A tal da Suzana era uma moça jovem, de cabelos longos e negros, pele um pouco morena, e olhos castanhos.

– Tom, que surpresa vê-lo aqui. – disse a Suzanaa, com um sorriso simpático, e verdadeiro.
– Eu disse que viria, não disse? – eles se abraçaram. – Esta é a Savannah.
– Muito prazer. – estendi a mão, e a cumprimentei.
– Ela é a garota de quem me falou?
– Sim.

Eu estava boiando na conversa.

– Então venham comigo – disse ela, e a acompanhamos. -, irei mostrar-lhes como tudo acontece.

Mesmo não entendendo nada, eu estava prestando atenção em tudo que a Suzana falava. Ela explicava como era o processo de cultivo das plantas, até que elas fossem colocas cuidadosamente nos vasos corretos. Havia um enorme sistema de irrigação, que derramava a quantidade correta de água em cada grupo de plantas.

Por alguns instantes, a Suzana nos deixou sozinhos, pois precisou ir atender outras pessoas.

– Sabe por que lhe trouxe até aqui? – disse Tom, colocando as mãos nos bolsos.
– Porque eu gosto de flores?
– Também. – sorriu. – Mas principalmente, porque as flores lá do jardim só sobreviveram graças as suas mãozinhas milagrosas. – fiquei sem graça. – E sabe que... Você até se parece com uma dessas flores.
– Me pareço?
– Um-hum. – me olhava nos olhos. – A mais bela de todas. Foi plantada, colhida, regada, e colocada no vaso correto. – meu coração acelerava aos poucos.

Tom arrancou uma daquelas rosas vermelhas que estava por perto, sentiu seu perfume, e me entregou.

xxx
Saímos da floricultura, e fomos até um restaurante mais próximo. Eu estava pra cair de fome, e precisava repor minhas energias. Fora que eu ainda tinha que ir em casa pra tomar aquele banho. Tom e eu nos sentamos numa mesa e fizemos o pedido.

– Esqueci de te falar, mas a sua carta de permanência já chegou. – disse ele.
– Sério? – fique bem feliz. – Nossa, que ótimo!
– Agora poderá ficar sem problema algum.
– Ainda bem.
– Isso significa que você passará o natal comigo. Quero dizer... – ele gaguejou. – Com a gente.

Terminamos de comer, e agora sim fomos pra casa. Como de costume, a Beca veio me dar um abraço apertado. Falei rapidamente com os meninos que estavam jogando vídeo-game, e subi pro banho. Fiquei meia hora de molho na banheira, com os olhos fechados, tentando tirar tudo da minha mente – o que não deu muito certo.

–--
(Contado pelo Tom)

Ia passando pelo corredor, e notei que a porta do quarto da Savannah estava meio aberta. Olhei pela fresta, e ela estava sentada na cama, com uma toalha branca enrolada em seu corpo. Pra completar, segurava a rosa que eu havia lhe dado, e tinha um leve sorriso nos lábios. Saí dali, antes que me visse e achasse ruim. Cheguei ao meu quarto, e a Bella estava sentada em minha cama, com uma cara estranha.

– O que foi? – perguntei.
– Você demorou, e a Megan ligou três vezes.
– Disse a ela que morri? – me sentei ao seu lado.
– Infelizmente não. E a sua ex não ficou nada feliz em saber que você está enrabichado com a Savannah.
– Ela não tem que ficar feliz. Aliás, a Megan já não faz mais parte da minha vida.
– Então... Você está mesmo gostando da Savannah?
– Você é boa em guardar segredo?
– Nem precisa responder, só de ver os seus olhos brilhando toda vez que escuta o nome dela, já da pra saber. – ela se levantou.
– Por favor, não conte pra ninguém. Desta vez, quero que tudo dê certo.
– Tudo bem, e se precisar de mim, é só chamar.

–--
(Contado pela Savannah)

Terminei de me arrumar, coloquei algumas coisas dentro da bolsa, e ia sair do quarto, quando fui surpreendida pela Bella. Ela fechou a porta, e me fez sentar na cama.

– Desculpa estar fazendo isso, mas o que tenho pra falar é importante.
– Bella, eu preciso voltar pro hospital.
– É rapidinho.
– Tá legal.
– Tenho um pedido a lhe fazer.
– Qual?
– Por favor, não magoe o Tom.
– E porque eu faria isso?
– Porque ele está apaixonado por você. E mesmo a gente brigando muito, nos odiando muito, eu gosto daquele garoto. Ele é praticamente como um irmão pra mim. E se você magoá-lo, serei obrigada a lhe dar uma boa surra.

Sério, fiquei com muito medo dela. Após dizer isso, a Bella se retirou. Minha intenção nunca foi magoar ninguém, principalmente o Tom, que sempre esteve ao meu lado e me ajudou quando mais precisei. Mas também não tenho culpa dele estar apaixonado por mim.

4 DIAS DEPOIS

Meu pai finalmente recebeu alta, e já estava na mansão dos meninos, deitado numa confortável cama, sendo paparicado por todos. Fiquei ainda mais despreocupada, pois o Bill insistiu em contratar uma enfermeira, para cuidar do meu pai 24 horas. E mesmo assim, eu gostava de ficar algum tempo ao lado dele, conversando.

Era fim de tarde, e o céu dava sinais de que iria chover. O dia foi meio abafado, e provavelmente a chuva seria um tanto forte. Aproveitei para ir ao jardim, e fiquei um pouquinho com as flores. Me assustei com o Tom, e o Scotty.

– O céu está ficando escuro. – disse Tom. – Será que vai chover muito forte?
– Espero que não.

Bastou terminar de falar, pra começar a chover.

– Vamos pro estúdio! – Tom segurou minha mão, e me arrastou com ele.

Estúdio? Tô dizendo que essa casa é tão grande, que eles têm até um estúdio onde costumam ensaiar, e eu não sabia. A chuva aumentava a cada minuto que passava, e aquilo sim me deixou preocupada. É meio perigoso ficar num lugar sozinha com o Tom. Ele se sentou num sofá de cor marrom, e eu fiquei encostada na janela, esperando ansiosamente que a chuva parasse. Pro meu desespero, começou a trovejar, e meu coração quase saia pela boca.

– Está com medo? – pergunta ele, em seguida se levanta e se aproxima.
– Não, eu só... Não gosto de trovões.

–--
(Contado pelo Tom)

O próximo trovão foi tão forte, que eu tive a leve sensação de que o estúdio tremeu um pouco. Foi o suficiente pra Savannah gritar, e me abraçar. Isso porque ela não tem medo de trovões, imagine se tivesse. Ela estava tão colada a mim, que provavelmente sentia as batidas do meu coração. Savannah se desvencilhou devagar, e pela sua expressão, estava sem graça pelo ocorrido. Mordi o lábio inferior.

– Desculpa. – disse ela. – Eu não...

Como ainda estávamos próximos um do outro, só fiz chegar ainda mais perto, e lhe dei um beijo, antes que pudesse terminar a frase. De inicio, ela bem que tentou resistir, mas enlacei sua cintura, e não deixei que se afastasse. Acho que os nossos beijos estão ficando cada vez melhores.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 22 - Surgery Day - part. II

(Contado pela Savannah)

– Nós fizemos o possivel. – disse Ellen.

Essas não são as típicas palavras que os médicos dizem antes de anunciarem que alguém morreu? Porque ela não fala logo, e me tira dessa agonia? O medo de escutar algo ruim era tanto, que me encostei ao Tom. Estava prestes a descarregar um rio de lágrimas se alguma coisa tivesse dado errada.

– Nós fizemos o possivel, Savannah. – ela repetiu. – Conseguimos retirar todo o tumor do cérebro do seu pai, mas...
– Mas o quê? – perguntei, ansiosa.
– Mas você só poderá vê-lo daqui dez minutos – aquele sorriso malandro surgiu em seus lábios. -, porque ele está sendo levado para o quarto.
– Oh, meu Deus! – soltei um suspiro de alivio, quando na verdade queria gritar o mais alto possivel.
– Pode comemorar, pois a cirurgia foi um sucesso. – ela completou. – Com licença. – se retirou.

No calor do momento, abracei o Tom.

– Viu só? Deu tudo certo! – disse ele, após nos desvencilharmos.
– Eu nem acredito nisso. – disse. – Minha ficha ainda não caiu.
– Os meninos ainda devem estar ocupados, mas ligarei para avisá-los. – disse Bella.
– Amiga, eu to tão feliz por você. – diz Beca, vindo me abraçar.

Acho que o pior já passou, mas aquela ansiedade de vê-lo ainda era enorme, e não me deixaria em paz até que eu o visse. Tive que esperar pelos dez minutos, e só então que vieram me chamar. Me avisaram que ele provavelmente estaria dormindo, mas quem disse que eu me importava? Só queria olhar para aquele rosto, que me proporcionou felicidade durante anos.

Entrei no quarto, e meu pai realmente estava dormindo. Me aproximei da cama, segurei sua mão, e não consegui me controlar. As lágrimas caíram involuntariamente. A sensação de que tudo ficaria bem, começava a tomar conta de mim.

– Sei que o senhor nem deve estar me escutando agora, mas... Eu consegui. Eu consegui cumprir a minha promessa, e tudo ficará bem novamente. O senhor vai voltar a ser como era antes, eu prometo.

A ser como era antes? Exatamente. Provavelmente ninguém deve estar entendendo nada, mas toda história começou graças a minha mãe.

(Flashback)
A relação dos meus pais nunca foi a melhor de todas. Praticamente tudo era motivo de discussão ou uma briga mais séria, que obrigava um dos dois a dormir no sofá; geralmente o meu pai. Eu era a garotinha de sete anos, que se sentava no décimo degrau da escada, e assistia todas as brigas. Por vezes, eu tentava me “esconder” daquilo, e me trancava no quarto. Ficava no cantinho da parede, abraçada com aquele velho ursinho.

As coisas se complicaram quando meu pai descobriu uma traição da minha mãe. Ela nem ao menos se explicou, apenas arrumou suas coisas e foi embora. Oito anos e meio depois, descubro que meu pai tem um tumor no cérebro.

– Há quanto tempo está escondendo isso de mim? – perguntei.
– Não muito.
– Quanto tempo?
– Sete anos.

Ah, imagina se isso não é muito tempo?

– Ou seja, praticamente a minha vida inteira!
– Não exagere, Savannah. Fiz isso pro seu bem.
– Não pensou que você poderia morrer a qualquer instante, e deixar uma filha de sei lá quantos anos, sem saber o motivo dessa morte?
– Me desculpa.
– Não, eu não desculpo! Sou sua filha e tinha todo o direito de saber o que se passava com você!
– Já fiz alguns exames, e o tumor é pequeno.
– E daí? Mesmo assim você deveria ter me contado!

Ele falava na maior tranqüilidade, como se um tumor no cérebro fosse a coisa mais simples do mundo. Cadê a minha mãe aqui, pra ajudar?

(/Flashback)

Deixei o meu pai dormindo, e sai do quarto. Cheguei a sala de espera, e imediatamente o Tom se levantou e veio falar comigo.

– Como ele está? – perguntou-me.
– Dormindo. – respondi. – Mas deve estar bem.
– Então vamos pra casa, e voltamos amanhã. – disse Bella.
– Não. – disse. – Eu prefiro ficar aqui. Vai ser melhor.
– Tem certeza? – diz Tom.
– Absoluta. – sorri.
– Se quiser, posso ficar também.
– Não precisa, Tom. Mas, muito obrigada.

–--
(Contado pelo Tom)
Quando a Savannah disse que passaria a noite ali no hospital, fiquei meio preocupado, mas ela garantiu que ficaria bem. As meninas se despediram com um abraço, e foram para o carro. Dei um beijo no rosto da Savannah, que deu um sorriso.

– Então quer dizer que você está mesmo apaixonado? – pergunta Bella.
– Quem disse que estou apaixonado? – coloquei o cinto de segurança.
– Ninguém precisa dizer, porque está escrito na sua testa. – disse Beca.
– Mas só pode estar gostando da Savannah mesmo, porque você não deixaria de ir a uma entrevista, se fosse apenas amizade. – disse Bella.
– Podemos mudar de assunto?

Dei partida no carro, e fomos pra casa. Quando chegamos, os meninos estavam na sala. As meninas se adiantaram, e começaram a contar tudo que ocorreu no hospital. Eu estava um pouco cansado, e fui pro quarto. De lá, fui até o banheiro e tomei um banho morno. Devo ter demorado uns vinte minutos, pois eu precisava relaxar. Retornei ao quarto, e o Bill estava sentado na cama. Até me assustei ao vê-lo ali.

– Tá fazendo o quê aqui?
– Todos perguntaram por você. – disse ele.
– E você foi inteligente o suficiente pra inventar algo, não é? – me encostei na cômoda.
– Sorte sua, que somos irmãos. Eu contei uma mentira esfarrapada, e acho que eles acreditaram. Mas por favor – ele se levantou. -, não faça mais isso.
– Tá legal.
– O pai da Savannah está bem?
– Quando sai do hospital, ele estava dormindo. – cruzei os braços.
– E porque ela não veio com vocês?
– Preferiu ficar ao lado do pai, e eu até acho que é uma boa idéia.
– E qual foi o milagre que te fez vir para casa?
– Ela... Ela disse que ficaria bem. Mas amanhã bem cedo, irei pra lá.
– Pelo visto essa garota está mesmo conseguindo mudar você.
– Ninguém está me mudando, Bill. Eu só quero ajudar.
– Aham, sei.

Ele se retirou do quarto, e pude me trocar. Estava com fome, então desci até a cozinha. A Rute estava de costas, praticamente deitada em cima do balcão, lendo uma revista. Como não gosto de pirraçá-la, me aproximei, e lhe acochei. Ela se assustou, e virou-se pronta pra levar sua mão ao meu rosto.

– Garoto, eu já disse que tenho idade pra ser sua mãe. É melhor me respeitar! – falou com raiva, e eu ria.
– Pode preparar um lanche pra mim, gatona?
– Só porque você paga meu salário.

A Rute sabe preparar sanduíches como ninguém, e sou completamente apaixonado por eles. Acho que nem a minha mãe prepara algo tão bom, quanto ela. Mas enfim... Fiquei ali na mesa sozinho, enquanto os outros jogavam videogame. Aproveitei pra ficar pensando um pouco.

Na manhã seguinte, bem cedo, fui ao o hospital. Encontrei a Savannah num dos corredores. Ela estava com um copo de água na mão, e parecia um tanto distraida.

– Bom dia. – disse.
– Tom? – ela olhou pro relógio de pulso. – Não deveria estar dormindo?
– Deveria, mas ficar em casa não tem graça nenhuma. E eu queria te ver.

Nesse instante, a Dr. Ellen apareceu.

– O seu pai está chamando por você. – disse à Savannah.
– Obrigada. – Savannah agradeceu e sorriu. – Vem comigo? – perguntou-me.

Eu estava um pouco envergonhado, mas queria ver o pai dela. Queria saber se estava se sentindo bem, e se os médicos estavam fazendo o trabalho direitinho. Quando entramos no quarto, ele estava tomando seu café da manhã.

– Pai, o Tom veio te ver.
– Olá. – disse.
– Oi. Foi você quem pagou tudo, não foi?
– Sim. – respondi.
– Eu... Eu não sei como farei isso, mas um dia te pagarei.
– N-Não. O senhor não está me devendo nada. – fiquei mais sem graça ainda. – Não fiz isso, com intenções em receber algo em troca. Pode ficar tranqüilo.
– Muito obrigado.

Conversei bastante com o pai dela, e em pouco tempo já parecíamos velhos conhecidos. Nunca vi pessoa mais bem humorada, mesmo na situação em que se encontrava. Só sei que a hora passou tão rapidamente, e eu precisava ir embora. A Savannah disse que iria pra casa comigo, pois precisava de um bom banho, mas depois voltaria.

–--
(Contado pela Savannah)

Enquanto eu me despedia do meu pai, o Tom conversava no corredor, com a Dr. Ellen.

– Gostei desse garoto. – disse meu pai.
– Ele é bem legal, não é?
– Você deveria ter se casado com ele, e não com aquela garota.
– É um garoto, pai!
– Mas aposto que ele já pensou em ser uma menina. Ele usa mais maquiagem que você!
– Pai!
– Filha, só estou falando a verdade. Mas quer saber, não se envolva com nenhum dos dois.
– Por quê?
– Não quero que sofra, como da última vez. Aquilo não foi bom nem pra mim, e muito menos pra você.
– Eu sei.
– Prometa que não terá nada com esses rapazes que só querem enganar?
– Mas...
– Promete?
– Prometo. É melhor eu ir, antes que fique tarde. – lhe dei um beijo estalado no rosto, e fui embora.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 21 - Surgery day - part. I

(Contado pela Savannah)

Após o Bill ter saído do meu quarto, fiquei com meus pensamentos. Mesmo sabendo que era tarde, resolvi ir até o quarto do Tom. Ele costuma dormir tarde, e se eu tivesse sorte, ainda estaria acordado. A porta estava meio aberta, então não haveria problema algum se eu entrasse. De cara, não vi ninguém. Ele só pode estar na cozinha. Pensei. Mas por via das dúvidas, chamei pelo seu nome.

– Tom?! – e continuava o silêncio. – Tom?! – foi um pouco mais alto.

Der repente aparece aquele garoto, usando apenas uma cueca boxer preta. E o que era aquele corpo meio molhado, deixando claro que acabara de sair do banho? Só sei que as minhas pernas começaram a tremelicar, as mãos suaram, fiquei sem ar, e a fala desapareceu.

– Desculpa! – fiquei de costas, tampei os olhos com as mãos, e as próximas palavras saíram gaguejadas. – A porta estava aberta, e eu pensei que...
– Vou colocar uma roupa. – parecia estar meio nervoso com a situação.
– Acho melhor mesmo. – continuei com os olhos fechados.
– Pronto. – disse ele.

Me virei, e ele havia colocado apenas uma calça de moletom. Eu poderia até dizer que adiantou alguma coisa, mas ele tinha que ter um tanquinho pra atrapalhar tudo, não é?

– A blusa?! – me virei novamente. – Cadê a blusa, garoto?!
– E precisa?
– Claro que sim! – ele riu.
– Só um segundo. – fiquei esperando. – Já pode se virar.

Tom agora estava usando uma blusa de malha branca, que até ficou um pouco molhada. Sério, depois dessa, me deu vontade de sair correndo dali. Estava roxa de tanta vergonha. Mas isso é bom, pra eu aprender a bater na porta antes, e gritar várias vezes, antes de sair entrando no quarto dos outros.

– Satisfeita? – perguntou-me.
– Sim. – respondi.
– Pensei que já estivesse dormindo.
– Eu precisava falar com você.
– Ah, então quer dizer que agora quer falar comigo?
– Se você não quiser ouvir, por mim tudo bem. – ia me retirar, mas ele me puxou pelo braço.
– Não, não. Pode falar.

A vergonha era tanta, que eu nem sabia como começaria a dizer. Só sei que não sairia daquele lugar, até que tudo voltasse a ser como antes. Ele ficou me olhando, com os braços cruzados. Seu perfume estava tomando conta do quarto, e também das minhas narinas.

– A primeira coisa que eu queria lhe dizer, é que da próxima vez que for tomar banho, tranque a porta. – ele riu. – E... Me desculpa por ter sido tão idiota.
– Você não foi idiota.
– Fui sim, pode confessar.
– Tá legal, foi.
– Poxa, não precisava concordar tão rápido, né? – nós rimos.
– Eu só te desculpo com uma condição. – se aproximou.
– Qual?
– Se você prometer que isso nunca mais vai acontecer. – suspirei.
– Eu prometo.

Com a mão direita, enlaçou minha cintura e me puxou para perto. Neste momento o meu coração já estava a mil por segundo. Ele me olhava nos olhos, e me deu um selinho.

– Tom...Não faz isso. – outro selinho. – Não podemos... – e lá se vai mais outro. – Isso tá errado. – eu não sabia se queria ou não, só sei que passei meus braços em torno do seu pescoço, ele sorriu e me deu o quarto selinho. – Se o meu pai ver uma coisa dessas... – olha só, mais um! – Eu... Eu acho que acabaram as minhas desculpas.
– Ainda bem. – deu um meio sorriso.

Desta vez, me deu um beijo. A minha cabeça já estava meio confusa, mas depois dessa, acho que não dava pra confundir ainda mais.

MANHÃ SEGUINTE, ÀS 05h46 DA MANHÃ...

Sabe quando você está dormindo, e não quer acordar tão cedo, porque sabe que terá inúmeras coisas pra fazer durante o dia? Era assim que eu estava me sentindo. Sabia que era o dia mais importante, e era exatamente por esse motivo, que eu não queria me levantar. O dia mal havia amanhecido, pouquíssimos passarinhos cantavam, e lá estava o meu pai, batendo a minha porta e avisando que já estava pronto pra sair.

Olhei pro relógio que estava na mesinha de cabeceira; 05h46 da manhã. A cirurgia seria às 08h30. O quê que ele tinha de estar acordado há essa hora? Não deveria estar descansando? Me levantei com sono, e abri a porta.

– Pai, volta a dormir, porque só sairemos mais tarde. – disse.
– Não consigo dormir. Estou ansioso.
– Paizinho, você tem que ficar tranqüilo. Vai dar tudo bem.
– Filha, eu não consigo!
– Tudo bem. Olha, vou tomar um banho, e daqui a pouco te encontro lá na sala.

Fui pro banheiro. Foi quando liguei o chuveiro, e a água quentinha começou a escorrer pelo meu corpo, que eu percebi que em poucas horas a vida do meu pai mudaria. Não só a dele, mas a minha também. E se algo der errado? E se a cirurgia não for tão bem sucedida? Sai do banho, e retornei ao quarto. Coloquei uma calça jeans skinny, uma t-shirt rosa com detalhes brancos, e nos pés, escolhi um all star branco. Deixei o cabelo solto.

Na sala, pensei que iria encontrar apenas o meu pai. Me enganei. A maioria do pessoal tava acordado.

– O que fazem acordados há essa hora? – perguntei.
– Queríamos desejar boa sorte ao seu pai. – responde Georg.
– Nós adoraríamos muito te acompanhar até o hospital – disse Bill. -, mas temos uma entrevista agora de manhã.
– Tudo bem. – disse.
– A Bella e eu iremos com você, Savannah. – diz Beca.
– Obrigada, meninas.

Segundos depois, todos estavam abraçando a mim e ao meu pai. Foi o melhor abraço coletivo que eu já havia recebido. Em seguida, nos dirigimos até a cozinha e tomamos o café da manhã. Na saída para o hospital, fomos no carro da Beca, e não demoramos muito a chegar.

Meu pai ficou numa sala preparatória, e o nervosismo estava estampado em seu rosto. Fiquei ao seu lado, segurando sua mão, e tentando amenizar um pouco as coisas, mesmo sabendo que não adiantaria tanto assim. A Bella entrou na sala, e disse que alguém queria falar comigo. Pensei que era um dos médicos, mas era o Tom.

– O que está fazendo aqui? – fiquei surpresa. – Não deveria estar na entrevista.
– Deveria, mas preferi vir ficar ao seu lado. – respondeu. – Queria te dar uma força.
– Tom, isso é loucura! Os meninos precisam de você.
– Eles vão saber se virar. E além do mais, não farei tanta falta.
– Claro que fará!
– Poxa, deixei de ir pra entrevista pra ter dar um apoio, e você não vai aceitar?
– O que seria de mim sem as suas loucuras, hein? – ele sorriu.

Novamente entrei na sala, e logo apareceu uma moça muito simpática, nos avisando que seria a médica substituta, já que o médico precisou fazer uma viajem e não poderia realizar aquela cirurgia.

– Olá, meu nome é Ellen, e sou a médica que fará a cirurgia. – disse ela, com um sorriso nos lábios.
– Muito prazer. – estendi minha mão, e a cumprimentei. – Não era um médico?
– Ele teve que fazer uma viajem de urgência para a França. Mas não precisa se preocupar, porque o seu pai estará em boas mãos.
– Que bom. – disse.
– Bem, vocês sabem que essa cirurgia é um pouco complicada e delicada demais – olhou pro meu pai. -, pois o tumor se encontra numa área muito sensível do seu cérebro. Por este motivo, a minha equipe e eu, decidimos lhe aplicar uma anestesia local, para termos a segurança de que nada interferirá nos movimentos dos seus membros, e a certeza de que tudo ocorrerá bem. – me olhou. – O procedimento durará cerca de cinco a seis horas.
– Isso tudo? – pergunta meu pai.
– Como eu disse, é algo delicado, e não queremos que nada dê errado, não é mesmo? – ela continuava sorrindo.
– Estou com medo. – uma lágrima escorreu pelo rosto dele, e a enxuguei.
– Mais era só o que me faltava. – a médica brincou. – Um homem maduro como o senhor, com medo? Medo de quê? – nós rimos. – Se fosse uma criança, eu até entenderia. – ela segurou na mão dele. – Pode ficar bem relaxado, porque se Deus quiser, o senhor sairá dessa muito bem.

Já gostei dessa médica. Ela é tão carinhosa. E depois de ter nos confortado com suas palavras e brincadeiras, Ellen perguntou se eu queria assistir a cirurgia. E como sou uma pessoa que não gosta de ver sangue em excesso, achei que não seria uma boa idéia. O meu pai deu entrada no centro cirúrgico às 8h15, e a partir daí, o meu coração foi parar na mão.

–--
(Contado pelo Tom)
As horas iam passando, e desde que chegamos, a Savannah não parava de andar pelo corredor, e aquilo deixava todo mundo ainda mais nervoso. Já havia se passado duas horas, e ela também não tinha comido nada. A Bella se aproximou de e pediu que eu levasse a Savannah para comer algo, o difícil seria convencê-la a sair dali.

– Já disse que não estou com fome. – disse Savannah.
– Mas você tem que comer alguma coisa. Pelo menos tome um suco.
– Tom, eu não vou sair daqui!
– Se ficar sem comer, é bem capaz que desmaie, e ai quem precisará de cuidados é você.
– Ele está certo. – disse Beca.
– Como vocês são chatos, hein?

Finalmente consegui convencê-la a ir até a lanchonete do hospital. Nos sentamos numa das mesas. Um garçom se aproximou.

– O que vai querer? – perguntei a ela.
– Nada, porque não estou com fome. – respondeu.
– Por favor, traga dois sucos de laranja. – disse ao garçom. – Você deve dar o maior trabalho quando fica doente, não é? – disse a Savannah.
– O negócio é que meu pai está numa sala de cirurgia, e eu não tenho a certeza de que ele sairá de lá vivo ou não! Enquanto estou aqui lanchando, ele pode estar morrendo!
– Que pessimismo é esse? Seu pai vai ficar bem.
– Ele estava com medo, Tom.
– Acho que todos nós estamos com medo. Mas ficar com esses pensamentos negativos, não vai adiantar nada.
– Não posso perder o meu pai.
– E não vai! – estiquei o braço, e segurei sua mão. – A equipe médica que está com ele neste momento, é ótima, e fará o impossível para ajudá-lo.
– Você vai ficar comigo até o fim, não vai?
– Eu nunca te abandonaria numa situação dessas. – acariciei sua mão.
– Como é que eu vou fazer pra te agradecer por tudo isso que está fazendo por mim? Acho que um “obrigado” não é o suficiente.
– Estou pedindo alguma coisa em troca?
– Não, mas...
– Nada. – a interrompi. – Estou fazendo isso porque eu... – demorei um pouco a responder. – Porque eu te acho uma pessoa legal.

Terminamos de lanchar, e voltamos ao corredor onde as meninas estavam. Esperamos por mais algumas horas, até que a Ellen aparecesse. Ela estava com uma expressão estranha, o que deixou a Savannah ainda mais “maluca”.

– Nós fizemos o possivel. – disse Ellen.

CONTINUA...

Postado por: Grasiele

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