quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 22 - Surgery Day - part. II

(Contado pela Savannah)

– Nós fizemos o possivel. – disse Ellen.

Essas não são as típicas palavras que os médicos dizem antes de anunciarem que alguém morreu? Porque ela não fala logo, e me tira dessa agonia? O medo de escutar algo ruim era tanto, que me encostei ao Tom. Estava prestes a descarregar um rio de lágrimas se alguma coisa tivesse dado errada.

– Nós fizemos o possivel, Savannah. – ela repetiu. – Conseguimos retirar todo o tumor do cérebro do seu pai, mas...
– Mas o quê? – perguntei, ansiosa.
– Mas você só poderá vê-lo daqui dez minutos – aquele sorriso malandro surgiu em seus lábios. -, porque ele está sendo levado para o quarto.
– Oh, meu Deus! – soltei um suspiro de alivio, quando na verdade queria gritar o mais alto possivel.
– Pode comemorar, pois a cirurgia foi um sucesso. – ela completou. – Com licença. – se retirou.

No calor do momento, abracei o Tom.

– Viu só? Deu tudo certo! – disse ele, após nos desvencilharmos.
– Eu nem acredito nisso. – disse. – Minha ficha ainda não caiu.
– Os meninos ainda devem estar ocupados, mas ligarei para avisá-los. – disse Bella.
– Amiga, eu to tão feliz por você. – diz Beca, vindo me abraçar.

Acho que o pior já passou, mas aquela ansiedade de vê-lo ainda era enorme, e não me deixaria em paz até que eu o visse. Tive que esperar pelos dez minutos, e só então que vieram me chamar. Me avisaram que ele provavelmente estaria dormindo, mas quem disse que eu me importava? Só queria olhar para aquele rosto, que me proporcionou felicidade durante anos.

Entrei no quarto, e meu pai realmente estava dormindo. Me aproximei da cama, segurei sua mão, e não consegui me controlar. As lágrimas caíram involuntariamente. A sensação de que tudo ficaria bem, começava a tomar conta de mim.

– Sei que o senhor nem deve estar me escutando agora, mas... Eu consegui. Eu consegui cumprir a minha promessa, e tudo ficará bem novamente. O senhor vai voltar a ser como era antes, eu prometo.

A ser como era antes? Exatamente. Provavelmente ninguém deve estar entendendo nada, mas toda história começou graças a minha mãe.

(Flashback)
A relação dos meus pais nunca foi a melhor de todas. Praticamente tudo era motivo de discussão ou uma briga mais séria, que obrigava um dos dois a dormir no sofá; geralmente o meu pai. Eu era a garotinha de sete anos, que se sentava no décimo degrau da escada, e assistia todas as brigas. Por vezes, eu tentava me “esconder” daquilo, e me trancava no quarto. Ficava no cantinho da parede, abraçada com aquele velho ursinho.

As coisas se complicaram quando meu pai descobriu uma traição da minha mãe. Ela nem ao menos se explicou, apenas arrumou suas coisas e foi embora. Oito anos e meio depois, descubro que meu pai tem um tumor no cérebro.

– Há quanto tempo está escondendo isso de mim? – perguntei.
– Não muito.
– Quanto tempo?
– Sete anos.

Ah, imagina se isso não é muito tempo?

– Ou seja, praticamente a minha vida inteira!
– Não exagere, Savannah. Fiz isso pro seu bem.
– Não pensou que você poderia morrer a qualquer instante, e deixar uma filha de sei lá quantos anos, sem saber o motivo dessa morte?
– Me desculpa.
– Não, eu não desculpo! Sou sua filha e tinha todo o direito de saber o que se passava com você!
– Já fiz alguns exames, e o tumor é pequeno.
– E daí? Mesmo assim você deveria ter me contado!

Ele falava na maior tranqüilidade, como se um tumor no cérebro fosse a coisa mais simples do mundo. Cadê a minha mãe aqui, pra ajudar?

(/Flashback)

Deixei o meu pai dormindo, e sai do quarto. Cheguei a sala de espera, e imediatamente o Tom se levantou e veio falar comigo.

– Como ele está? – perguntou-me.
– Dormindo. – respondi. – Mas deve estar bem.
– Então vamos pra casa, e voltamos amanhã. – disse Bella.
– Não. – disse. – Eu prefiro ficar aqui. Vai ser melhor.
– Tem certeza? – diz Tom.
– Absoluta. – sorri.
– Se quiser, posso ficar também.
– Não precisa, Tom. Mas, muito obrigada.

–--
(Contado pelo Tom)
Quando a Savannah disse que passaria a noite ali no hospital, fiquei meio preocupado, mas ela garantiu que ficaria bem. As meninas se despediram com um abraço, e foram para o carro. Dei um beijo no rosto da Savannah, que deu um sorriso.

– Então quer dizer que você está mesmo apaixonado? – pergunta Bella.
– Quem disse que estou apaixonado? – coloquei o cinto de segurança.
– Ninguém precisa dizer, porque está escrito na sua testa. – disse Beca.
– Mas só pode estar gostando da Savannah mesmo, porque você não deixaria de ir a uma entrevista, se fosse apenas amizade. – disse Bella.
– Podemos mudar de assunto?

Dei partida no carro, e fomos pra casa. Quando chegamos, os meninos estavam na sala. As meninas se adiantaram, e começaram a contar tudo que ocorreu no hospital. Eu estava um pouco cansado, e fui pro quarto. De lá, fui até o banheiro e tomei um banho morno. Devo ter demorado uns vinte minutos, pois eu precisava relaxar. Retornei ao quarto, e o Bill estava sentado na cama. Até me assustei ao vê-lo ali.

– Tá fazendo o quê aqui?
– Todos perguntaram por você. – disse ele.
– E você foi inteligente o suficiente pra inventar algo, não é? – me encostei na cômoda.
– Sorte sua, que somos irmãos. Eu contei uma mentira esfarrapada, e acho que eles acreditaram. Mas por favor – ele se levantou. -, não faça mais isso.
– Tá legal.
– O pai da Savannah está bem?
– Quando sai do hospital, ele estava dormindo. – cruzei os braços.
– E porque ela não veio com vocês?
– Preferiu ficar ao lado do pai, e eu até acho que é uma boa idéia.
– E qual foi o milagre que te fez vir para casa?
– Ela... Ela disse que ficaria bem. Mas amanhã bem cedo, irei pra lá.
– Pelo visto essa garota está mesmo conseguindo mudar você.
– Ninguém está me mudando, Bill. Eu só quero ajudar.
– Aham, sei.

Ele se retirou do quarto, e pude me trocar. Estava com fome, então desci até a cozinha. A Rute estava de costas, praticamente deitada em cima do balcão, lendo uma revista. Como não gosto de pirraçá-la, me aproximei, e lhe acochei. Ela se assustou, e virou-se pronta pra levar sua mão ao meu rosto.

– Garoto, eu já disse que tenho idade pra ser sua mãe. É melhor me respeitar! – falou com raiva, e eu ria.
– Pode preparar um lanche pra mim, gatona?
– Só porque você paga meu salário.

A Rute sabe preparar sanduíches como ninguém, e sou completamente apaixonado por eles. Acho que nem a minha mãe prepara algo tão bom, quanto ela. Mas enfim... Fiquei ali na mesa sozinho, enquanto os outros jogavam videogame. Aproveitei pra ficar pensando um pouco.

Na manhã seguinte, bem cedo, fui ao o hospital. Encontrei a Savannah num dos corredores. Ela estava com um copo de água na mão, e parecia um tanto distraida.

– Bom dia. – disse.
– Tom? – ela olhou pro relógio de pulso. – Não deveria estar dormindo?
– Deveria, mas ficar em casa não tem graça nenhuma. E eu queria te ver.

Nesse instante, a Dr. Ellen apareceu.

– O seu pai está chamando por você. – disse à Savannah.
– Obrigada. – Savannah agradeceu e sorriu. – Vem comigo? – perguntou-me.

Eu estava um pouco envergonhado, mas queria ver o pai dela. Queria saber se estava se sentindo bem, e se os médicos estavam fazendo o trabalho direitinho. Quando entramos no quarto, ele estava tomando seu café da manhã.

– Pai, o Tom veio te ver.
– Olá. – disse.
– Oi. Foi você quem pagou tudo, não foi?
– Sim. – respondi.
– Eu... Eu não sei como farei isso, mas um dia te pagarei.
– N-Não. O senhor não está me devendo nada. – fiquei mais sem graça ainda. – Não fiz isso, com intenções em receber algo em troca. Pode ficar tranqüilo.
– Muito obrigado.

Conversei bastante com o pai dela, e em pouco tempo já parecíamos velhos conhecidos. Nunca vi pessoa mais bem humorada, mesmo na situação em que se encontrava. Só sei que a hora passou tão rapidamente, e eu precisava ir embora. A Savannah disse que iria pra casa comigo, pois precisava de um bom banho, mas depois voltaria.

–--
(Contado pela Savannah)

Enquanto eu me despedia do meu pai, o Tom conversava no corredor, com a Dr. Ellen.

– Gostei desse garoto. – disse meu pai.
– Ele é bem legal, não é?
– Você deveria ter se casado com ele, e não com aquela garota.
– É um garoto, pai!
– Mas aposto que ele já pensou em ser uma menina. Ele usa mais maquiagem que você!
– Pai!
– Filha, só estou falando a verdade. Mas quer saber, não se envolva com nenhum dos dois.
– Por quê?
– Não quero que sofra, como da última vez. Aquilo não foi bom nem pra mim, e muito menos pra você.
– Eu sei.
– Prometa que não terá nada com esses rapazes que só querem enganar?
– Mas...
– Promete?
– Prometo. É melhor eu ir, antes que fique tarde. – lhe dei um beijo estalado no rosto, e fui embora.

Postado por: Grasiele

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