(Contado pela Savannah)
Pra completar, a música ambiente era completamente diferente da que estava tocando lá fora, na outra sala, onde todos os convidados estavam. Outra coisa que me deixou sem graça, é que a maioria dos assuntos sobre qual elas falavam, não me interessava ou eu não sabia nem o que era. Mas pra ser educada, fiquei ali ouvindo e concordando com algumas coisas. E devo confessar que certar horas senti um pouquinho de sono.
– Savannah, conte-nos um pouco sobre você. – disse Simone.
– Bom... – olhei para todas, sem graça. – Eu...
Pra minha salvação, a Beca aparece. Cheguei até a soltar um suspiro de alivio, discretamente.
– Desculpe, senhora Kaulitz, mas eu poderia levar a Savannah comigo? É que preciso falar uma coisinha com ela. – disse Beca.
– Fique a vontade. – disse Simone.
Pedi licença, me levantei, e sai da sala com a Beca. Fomos dar uma volta, e aproveitamos para comer algo. Pelo tempo que eu estava dentro daquela sala, a fome estava quase me consumindo. E o medo do estômago começar a fazer barulho? Isso seria horrível, e deselegante demais para as amigas da Dona Simone, e para a própria.
– Como conseguiu ficar ali dentro, com aquela música? – diz Beca.
– Não sei, mas eu estava quase dormindo. – respondi, e nós rimos.
– A mãe dos meninos é uma fofa, não é? – um garçom passou, e a Beca pegou duas taças.
– Muito. – me entregou uma das taças.
– Ela realmente sabe organizar festas. – deu o primeiro gole. - Como eu queria que a minha mãe fosse assim. Mas me conta, está mesmo namorando o Tom? – quase engasguei.
– Não.
– Mas a danadinha tá doida querendo, que eu sei. – me cutucou com a mão.
– Meu tempo aqui é um pouco curto pra isso. – disse, e entreguei a taça para outro garçom que passava.
– Falando assim, até parece que vai morrer. - Beca parou outro garçom, e desta vez pegou um salgadinho.
Antes fosse. Mas este não é lugar, nem hora pra ficar pensando nisso. Após conversar bastante com a Beca, o Georg apareceu e a “roubou”. Fiquei de longe observando os dois dançarem, e como dançavam engraçado. Pouco depois, fui pra varanda da casa, que tinha uma vista incrível para um “interminável” tapete de grama bem verdinha. Era tão lindo, e o ar era tão puro, que nem parecia que eu estava na cidade. Mas apenas o meu corpo estava ali, pois minha mente estava no exato momento em que a Megan dizia que eu tinha apenas duas semanas pra ir embora.
(Flashback)
– Assim que o tratamento do meu pai terminar, com certeza voltarei.
– Dane-se o tratamento do seu pai! – quase gritou. – Vou te dar duas semanas pra ir embora.
xxx
– Se vire! Isso não é da minha conta. Invente qualquer coisa idiota, você deve ser muito boa nisso.
(/Flashback)
– Duas semanas. – disse a mim mesma.
– Duas semanas, pra quê? – disse Tom, e me virei rapidamente.
– Pra nada. – respondi.
– O que faz aqui? – me abraçou. – Está perdendo a festa.
– A festa está ótima sem mim. – disse, assim que me desvencilhei.
– Aconteceu alguma coisa?
Era eu abrir minha boca, e estragar tudo, então é melhor ficar calada. Apenas me virei novamente, ficando de costas pra ele.
– Que foi? – ele insistiu.
– Estou preocupada com meu pai, só isso.
Por mais que eu quisesse falar toda a verdade pra ele, eu não podia. A Megan parecia mesmo segura do que estava falando, e não hesitaria em fazer qualquer coisa pra me prejudicar, e isso acabaria prejudicando também os meninos. Não tenho direito algum de estragar a carreira deles, e mesmo que tivesse, não teria coragem.
– O seu pai está ficando ótimo, e isso com certeza não é preocupação com ele. – se pôs ao meu lado. – Me conta. O quê está se passando em sua mente?
– É que... – olhei pra ele. – Você conversou com a Megan e não deu certo.
– Eu sei. – segurou minha mão. - Mas não vamos desistir.
– E se... E se eu falasse com ela?
– O quê?
– Talvez eu conseguisse convencê-la.
– Não. – soltou minha mão.
– Poderíamos tentar.
– Não! – foi mais alto, e me calei. – Não, Savannah! A Megan é maluca, e eu seria ainda mais, se concordasse com isso. Não quero você perto dela.
Essa foi a reação dele, sem saber que eu já tinha ido até a casa dela. Já imaginou como ele reagiria se descobrisse? É, eu não imaginei, e por esse motivo me arrisquei.
– E se eu disser que já fui até lá. – disse, olhando nos olhos dele.
– Você... – ele não estava acreditando. – C-Como?
– Consegui o endereço dela, e...
– Quando? – me interrompeu. – Quando foi isso, e onde eu estava, que não te impedi?
– Lembra aquele dia que eu disse que iria dar uma volta?
– Foi naquele dia? – ficou surpreso.
– Um-hum.
– Não acredito que você foi falar com aquela... Com aquela doida! Porque fez isso? Poderia ter sido perigoso.
– Agradeço muito pela preocupação, mas... Apesar de às vezes não parecer, sou uma mulher, e não um cristal que se quebra com a primeira queda.
Nossa! Até eu me surpreendi após essa.
– Conversei com meu pai, e... Nós achamos melhor... – criei coragem. – Ele acha que devemos voltar pro Brasil o mais rápido possivel.
– N-Não. Vocês não podem voltar agora. E como fica o tratamento? E... Nós? – dei um sorriso meio apagado.
– Ele pode terminar o tratamento no Brasil, e... – suspirei. – Nós teremos uma vida inteira para resolvermos nosso futuro.
– Será que há alguma coisa que eu possa fazer, pra vocês mudarem de idéia? – com a mão direita, passei em seu rosto.
– Não. – com os olhos cheios de lágrimas, o abracei forte.
xxx
– Volte mais vezes. – disse Simone.
– Com certeza voltarei. – respondi.
Durante o percurso de volta pra casa, dentro do carro estava todo mundo em silêncio. Aquele silêncio que ninguém gosta, e incomoda rapidamente. Pra descontrair, Georg colocou o cd da banda pra tocar, e nem demorou muito pro Bill começar a dublar ele mesmo. Beca também resolveu mostrar seu talento, e começou a cantar. Tinha como segurar o riso? Só havia maluco naquele carro. Tom era o único que não esboçava nenhuma atitude, apenas ficou com a cabeça encostada no vidro, e permaneceu calado.
Assim que o carro foi estacionado, imediatamente Tom abriu a porta e saiu, caminhando em direção a entrada da casa. Me senti culpada e super mal por ele estar daquele jeito, mas se eu quisesse que nada acontecesse com a banda, deveria continuar com idéia de voltar pro Brasil.
– Como foi a festa? – pergunta meu pai.
– Foi muito boa. – mal respondi, e subi pro quarto.
Como todo pai conhece bem o filho que tem, ele veio atrás de mim. Entrou no quarto, e fechou a porta. Eu estava sentada na cama, e ele se sentou ao meu lado.
– Que carinha é essa? – perguntou-me.
– Já contei pro Tom que nós vamos embora.
– Ah, então ele é o motivo pra essa tristeza?
– O Tom foi a pessoa mais legal comigo, desde que cheguei aqui. Não queria ter que me despedir, sabe?
– Sabemos que nenhuma despedida é boa, mas às vezes precisamos fazer.
– Eu sei. E além do mais, vai ser melhor assim, não é?
– Um-hum. – me abraçou.
A quem eu estava tentando enganar? Seria melhor pra quem? Meu pai saiu do quarto, e fui tomar um banho. Quando sai do banheiro, encontrei a Beca sentada na cama, folheando algumas páginas do livro que eu estava lendo.
– Tá fazendo o quê aqui? – me aproximei dela, e peguei o livro. – Você nem gosta desse livro!
– É verdade que irá voltar pro Brasil.
– Como soube? – joguei o livro na cama.
– Um passarinho me contou.
– Que fofoqueiro!
– Mas é verdade ou não? – ela cruzou os braços e as pernas.
– Sim, é verdade.
– Pensei que fossemos amigas, e que você fosse me contar primeiro.
– O quê? Vai dar ataque de ciúmes, é? – caminhei até o closet, e comecei a escolher algumas peças de roupa.
– Não é isso, é que eu pensei que fossemos amigas.
– E somos, mas eu precisava contar pro passarinho primeiro. – ela riu.
– Quando partirá?
– Ainda não sei. – me vesti. – Talvez daqui alguns dias.
– Vou sentir sua falta. – ela apareceu, e me surpreendeu com um abraço.
– Também sentirei muito a sua falta.
Além do Tom, a Beca seria outra que faria a maior falta. Como eu queria poder contar tudo pra ela, mas aposto que não se agüentaria e falaria tudo pro Tom. Será que ainda dá tempo de matar a Megan?
Postado por: Grasiele
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