quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 21 - Surgery day - part. I

(Contado pela Savannah)

Após o Bill ter saído do meu quarto, fiquei com meus pensamentos. Mesmo sabendo que era tarde, resolvi ir até o quarto do Tom. Ele costuma dormir tarde, e se eu tivesse sorte, ainda estaria acordado. A porta estava meio aberta, então não haveria problema algum se eu entrasse. De cara, não vi ninguém. Ele só pode estar na cozinha. Pensei. Mas por via das dúvidas, chamei pelo seu nome.

– Tom?! – e continuava o silêncio. – Tom?! – foi um pouco mais alto.

Der repente aparece aquele garoto, usando apenas uma cueca boxer preta. E o que era aquele corpo meio molhado, deixando claro que acabara de sair do banho? Só sei que as minhas pernas começaram a tremelicar, as mãos suaram, fiquei sem ar, e a fala desapareceu.

– Desculpa! – fiquei de costas, tampei os olhos com as mãos, e as próximas palavras saíram gaguejadas. – A porta estava aberta, e eu pensei que...
– Vou colocar uma roupa. – parecia estar meio nervoso com a situação.
– Acho melhor mesmo. – continuei com os olhos fechados.
– Pronto. – disse ele.

Me virei, e ele havia colocado apenas uma calça de moletom. Eu poderia até dizer que adiantou alguma coisa, mas ele tinha que ter um tanquinho pra atrapalhar tudo, não é?

– A blusa?! – me virei novamente. – Cadê a blusa, garoto?!
– E precisa?
– Claro que sim! – ele riu.
– Só um segundo. – fiquei esperando. – Já pode se virar.

Tom agora estava usando uma blusa de malha branca, que até ficou um pouco molhada. Sério, depois dessa, me deu vontade de sair correndo dali. Estava roxa de tanta vergonha. Mas isso é bom, pra eu aprender a bater na porta antes, e gritar várias vezes, antes de sair entrando no quarto dos outros.

– Satisfeita? – perguntou-me.
– Sim. – respondi.
– Pensei que já estivesse dormindo.
– Eu precisava falar com você.
– Ah, então quer dizer que agora quer falar comigo?
– Se você não quiser ouvir, por mim tudo bem. – ia me retirar, mas ele me puxou pelo braço.
– Não, não. Pode falar.

A vergonha era tanta, que eu nem sabia como começaria a dizer. Só sei que não sairia daquele lugar, até que tudo voltasse a ser como antes. Ele ficou me olhando, com os braços cruzados. Seu perfume estava tomando conta do quarto, e também das minhas narinas.

– A primeira coisa que eu queria lhe dizer, é que da próxima vez que for tomar banho, tranque a porta. – ele riu. – E... Me desculpa por ter sido tão idiota.
– Você não foi idiota.
– Fui sim, pode confessar.
– Tá legal, foi.
– Poxa, não precisava concordar tão rápido, né? – nós rimos.
– Eu só te desculpo com uma condição. – se aproximou.
– Qual?
– Se você prometer que isso nunca mais vai acontecer. – suspirei.
– Eu prometo.

Com a mão direita, enlaçou minha cintura e me puxou para perto. Neste momento o meu coração já estava a mil por segundo. Ele me olhava nos olhos, e me deu um selinho.

– Tom...Não faz isso. – outro selinho. – Não podemos... – e lá se vai mais outro. – Isso tá errado. – eu não sabia se queria ou não, só sei que passei meus braços em torno do seu pescoço, ele sorriu e me deu o quarto selinho. – Se o meu pai ver uma coisa dessas... – olha só, mais um! – Eu... Eu acho que acabaram as minhas desculpas.
– Ainda bem. – deu um meio sorriso.

Desta vez, me deu um beijo. A minha cabeça já estava meio confusa, mas depois dessa, acho que não dava pra confundir ainda mais.

MANHÃ SEGUINTE, ÀS 05h46 DA MANHÃ...

Sabe quando você está dormindo, e não quer acordar tão cedo, porque sabe que terá inúmeras coisas pra fazer durante o dia? Era assim que eu estava me sentindo. Sabia que era o dia mais importante, e era exatamente por esse motivo, que eu não queria me levantar. O dia mal havia amanhecido, pouquíssimos passarinhos cantavam, e lá estava o meu pai, batendo a minha porta e avisando que já estava pronto pra sair.

Olhei pro relógio que estava na mesinha de cabeceira; 05h46 da manhã. A cirurgia seria às 08h30. O quê que ele tinha de estar acordado há essa hora? Não deveria estar descansando? Me levantei com sono, e abri a porta.

– Pai, volta a dormir, porque só sairemos mais tarde. – disse.
– Não consigo dormir. Estou ansioso.
– Paizinho, você tem que ficar tranqüilo. Vai dar tudo bem.
– Filha, eu não consigo!
– Tudo bem. Olha, vou tomar um banho, e daqui a pouco te encontro lá na sala.

Fui pro banheiro. Foi quando liguei o chuveiro, e a água quentinha começou a escorrer pelo meu corpo, que eu percebi que em poucas horas a vida do meu pai mudaria. Não só a dele, mas a minha também. E se algo der errado? E se a cirurgia não for tão bem sucedida? Sai do banho, e retornei ao quarto. Coloquei uma calça jeans skinny, uma t-shirt rosa com detalhes brancos, e nos pés, escolhi um all star branco. Deixei o cabelo solto.

Na sala, pensei que iria encontrar apenas o meu pai. Me enganei. A maioria do pessoal tava acordado.

– O que fazem acordados há essa hora? – perguntei.
– Queríamos desejar boa sorte ao seu pai. – responde Georg.
– Nós adoraríamos muito te acompanhar até o hospital – disse Bill. -, mas temos uma entrevista agora de manhã.
– Tudo bem. – disse.
– A Bella e eu iremos com você, Savannah. – diz Beca.
– Obrigada, meninas.

Segundos depois, todos estavam abraçando a mim e ao meu pai. Foi o melhor abraço coletivo que eu já havia recebido. Em seguida, nos dirigimos até a cozinha e tomamos o café da manhã. Na saída para o hospital, fomos no carro da Beca, e não demoramos muito a chegar.

Meu pai ficou numa sala preparatória, e o nervosismo estava estampado em seu rosto. Fiquei ao seu lado, segurando sua mão, e tentando amenizar um pouco as coisas, mesmo sabendo que não adiantaria tanto assim. A Bella entrou na sala, e disse que alguém queria falar comigo. Pensei que era um dos médicos, mas era o Tom.

– O que está fazendo aqui? – fiquei surpresa. – Não deveria estar na entrevista.
– Deveria, mas preferi vir ficar ao seu lado. – respondeu. – Queria te dar uma força.
– Tom, isso é loucura! Os meninos precisam de você.
– Eles vão saber se virar. E além do mais, não farei tanta falta.
– Claro que fará!
– Poxa, deixei de ir pra entrevista pra ter dar um apoio, e você não vai aceitar?
– O que seria de mim sem as suas loucuras, hein? – ele sorriu.

Novamente entrei na sala, e logo apareceu uma moça muito simpática, nos avisando que seria a médica substituta, já que o médico precisou fazer uma viajem e não poderia realizar aquela cirurgia.

– Olá, meu nome é Ellen, e sou a médica que fará a cirurgia. – disse ela, com um sorriso nos lábios.
– Muito prazer. – estendi minha mão, e a cumprimentei. – Não era um médico?
– Ele teve que fazer uma viajem de urgência para a França. Mas não precisa se preocupar, porque o seu pai estará em boas mãos.
– Que bom. – disse.
– Bem, vocês sabem que essa cirurgia é um pouco complicada e delicada demais – olhou pro meu pai. -, pois o tumor se encontra numa área muito sensível do seu cérebro. Por este motivo, a minha equipe e eu, decidimos lhe aplicar uma anestesia local, para termos a segurança de que nada interferirá nos movimentos dos seus membros, e a certeza de que tudo ocorrerá bem. – me olhou. – O procedimento durará cerca de cinco a seis horas.
– Isso tudo? – pergunta meu pai.
– Como eu disse, é algo delicado, e não queremos que nada dê errado, não é mesmo? – ela continuava sorrindo.
– Estou com medo. – uma lágrima escorreu pelo rosto dele, e a enxuguei.
– Mais era só o que me faltava. – a médica brincou. – Um homem maduro como o senhor, com medo? Medo de quê? – nós rimos. – Se fosse uma criança, eu até entenderia. – ela segurou na mão dele. – Pode ficar bem relaxado, porque se Deus quiser, o senhor sairá dessa muito bem.

Já gostei dessa médica. Ela é tão carinhosa. E depois de ter nos confortado com suas palavras e brincadeiras, Ellen perguntou se eu queria assistir a cirurgia. E como sou uma pessoa que não gosta de ver sangue em excesso, achei que não seria uma boa idéia. O meu pai deu entrada no centro cirúrgico às 8h15, e a partir daí, o meu coração foi parar na mão.

–--
(Contado pelo Tom)
As horas iam passando, e desde que chegamos, a Savannah não parava de andar pelo corredor, e aquilo deixava todo mundo ainda mais nervoso. Já havia se passado duas horas, e ela também não tinha comido nada. A Bella se aproximou de e pediu que eu levasse a Savannah para comer algo, o difícil seria convencê-la a sair dali.

– Já disse que não estou com fome. – disse Savannah.
– Mas você tem que comer alguma coisa. Pelo menos tome um suco.
– Tom, eu não vou sair daqui!
– Se ficar sem comer, é bem capaz que desmaie, e ai quem precisará de cuidados é você.
– Ele está certo. – disse Beca.
– Como vocês são chatos, hein?

Finalmente consegui convencê-la a ir até a lanchonete do hospital. Nos sentamos numa das mesas. Um garçom se aproximou.

– O que vai querer? – perguntei a ela.
– Nada, porque não estou com fome. – respondeu.
– Por favor, traga dois sucos de laranja. – disse ao garçom. – Você deve dar o maior trabalho quando fica doente, não é? – disse a Savannah.
– O negócio é que meu pai está numa sala de cirurgia, e eu não tenho a certeza de que ele sairá de lá vivo ou não! Enquanto estou aqui lanchando, ele pode estar morrendo!
– Que pessimismo é esse? Seu pai vai ficar bem.
– Ele estava com medo, Tom.
– Acho que todos nós estamos com medo. Mas ficar com esses pensamentos negativos, não vai adiantar nada.
– Não posso perder o meu pai.
– E não vai! – estiquei o braço, e segurei sua mão. – A equipe médica que está com ele neste momento, é ótima, e fará o impossível para ajudá-lo.
– Você vai ficar comigo até o fim, não vai?
– Eu nunca te abandonaria numa situação dessas. – acariciei sua mão.
– Como é que eu vou fazer pra te agradecer por tudo isso que está fazendo por mim? Acho que um “obrigado” não é o suficiente.
– Estou pedindo alguma coisa em troca?
– Não, mas...
– Nada. – a interrompi. – Estou fazendo isso porque eu... – demorei um pouco a responder. – Porque eu te acho uma pessoa legal.

Terminamos de lanchar, e voltamos ao corredor onde as meninas estavam. Esperamos por mais algumas horas, até que a Ellen aparecesse. Ela estava com uma expressão estranha, o que deixou a Savannah ainda mais “maluca”.

– Nós fizemos o possivel. – disse Ellen.

CONTINUA...

Postado por: Grasiele

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